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Julia Folly - Med 8º semestre Reanimação neonatal na sala de parto Pediatria RN no Brasil → Reanimação: sempre conversar com a família sobre a necessidade de tomar as atitudes ANTES DO PARTO, definindo até quais medidas podem ser tomadas, de acordo com os prognósticos da criança! ● A falha em atingir o retorno da circulação espontânea no RN após 10-20 minutos de procedimentos de reanimação avançada está associada a elevado risco de óbito e à presença de sequelas moderadas ou graves do desenvolvimento neurológico dos sobreviventes →mortalidade em < 1 ano ainda está muito elevada: por prematuridade, anomalias congênitas e asfixia; em causa de morte precoce: asfixia perinatal, hipoxia ao nascer e/ou à síndrome de aspiração meconial → 1-2/ 100 RN necessitam de intubação orotraqueal; 1/10 RN necessitam de ventilação em PP; 1-3/1000 necessitam de reanimação avançada -> quadros de asfixia, podendo ocorrer por complicações com o cordão umbilical, disfunções placentárias.. →Minuto de ouro: se não der suporte ao nascimento, quando o bebê não consegue respirar sozinho, pode ter sequelas pro resto da vida!; Avaliar fatores de risco: - RN > 34 semanas, mas principalmente > 40 semanas; oligoâmnio; RCIU; sofrimento fetal crônico ou agudo no parto - cuidado com risco de Síndrome da aspiração meconial -> Mecônio: produto da digestão do líquido amniótico, feito pelo bebê, geralmente eliminado alguns dias após o nascimento -> Em RN pós termo (maturidade do sistema digestório) ou em sofrimento fetal (contrações intestinais no feto, com relaxamento do esfíncter): liberação intra útero do mecônio, que pode ser aspirado pelo bebê -> Nesses casos: intubação, massagem cardíaca e adm de medicações se vitalidade ruim; manter junto à mãe se boa vitalidade → Sala de parto: RN deve estar a cerca de 36ºc; sala de parto: 23 - 26ªc para poder receber o RN, que vem de dentro do útero quente; o berço para reanimação deve estar preparado para qualquer intercorrência; é normal o RN nascer com 1 Julia Folly - Med 8º semestre cianose de mãos/ Acrocianose, pés e região oral (vasoconstrição ao entrar no ambiente mais frio) e postura de flexão de braços e pernas, indicando boa vitalidade → Deve ter pelo menos um pediatra, apto a conduzir em caso de asfixia; Gemelares: 2 equipes, uma pra cada criança → Pontos importantes de avaliação: 1. RN > 34 semanas 2. Respirando ou chorando 3. Tônus muscular adequado 4. Ausência de DPP, PP, prolapso ou nó verdadeiro do cordão 5. Clampeamento tardio do cordão umbilical: 1-3 minutos após o nascimento -> prevenção de anemia 6. Minuto de ouro: secar, posicionar e aspirar se necessário; promover calor, cabeça em leve extensão a. Avaliar respiração e FC simultaneamente b. ⚠ FC: é o principal determinante da decisão de indicar as diversas manobras de reanimação; Ideal: monitor cardíaco ou ausculta com estetoscópio; Outras opções: palpação do cordão (podem subestimar a FC) e sinal de pulso da oximetria (demorada) c. Ventilação: máscara e balão -> segura a máscara com a mão não dominante e ventila o balão com a mão dominante; ventilar por cerca de 30 segundos, e avaliar se o paciente teve melhora -> frequência de ventilação: contar 1 (ventila), 2, 3, 1 (ventila)... d. Vitamina K - 1mg IM: prevenção da doença hemorrágica do RN e. Nitrato de Prata 1% (1 gota em cada olho): prevenção da conjuntivite gonocócica f. Avaliação detalhada: peso, estatura, PC e APGAR g. Antisséptico em coto umbilical -> diminui mortalidade em 26% e onfalite em 56% h. Manter avaliação durante o período intra hospitalar: vômitos frequentes, 1ª urina apenas após 24h e evacuação apenas após 48h indicam MALFORMAÇÕES -> investigar!! i. Tomar cuidado com risco de hipoglicemia neonatal, hipotermia e hipertermia j. Avaliar se teve aspiração de líquido meconial → Avaliação de medidas: → 40 semanas: AIG é de 2600 - 3800g 2 Julia Folly - Med 8º semestre → OBS: RNPIG não é obrigatoriamente um feto com RCIU e a RCIU pode ocorrer mesmo com RNAIG, que vai precisar de todos os cuidados semelhantes aos RN PIG → Tipos de disfunção do crescimento pela restrição de crescimento intra uterina: 1. Tipo I ou simétrico/proporcionado – a lesão que provoca a RCIU ocorre durante a embriogênese na fase de multiplicação celular. Neste tipo de RCIU, os fatores mais frequentemente envolvidos são os genéticos e as infecções congênitas, e o neonato é inteiramente afetado. 2. Tipo II ou assimétrico/desproporcionado – a alteração do crescimento ocorre no 3º trimestre da gestação, na fase de hipertrofia celular. Dessa forma, o polo cefálico e os ossos são pouco comprometidos. Esse é o tipo mais frequente de RCIU e típico das insuficiências placentárias. 3. Tipo intermediário – o distúrbio que compromete o crescimento ocorre no 2º trimestre da gestação e atua sobre as fases de hiperplasia e hipertrofia celulares. Assim, todos os parâmetros antropométricos estão comprometidos, mas as alterações do perímetro cefálico e dos ossos longos são menores do que no tipo I. Os fatores envolvidos nesse caso incluem desnutrição materna, uso de medicamentos, tabagismo e álcool durante a gestação. →OBS: RNGIG: muita correlação com DMmaterno e estado nutricional materno; muita associação com o excesso de carboidrato ingerido pela gestante no último trimestre (recomendação: até 300g/dia) -> criança pode ter organomegalia, maior chance de hipoglicemia neonatal.. →muita chance de ter distócia de ombro, fratura de clavícula e úmero; principais complicações: lesão de plexo braquial (paralisia de Erb), cardiomiopatia, malformações congênitas, fraturas de clavícula e úmero, distocia de ombro, asfixia perinatal, distúrbios eletrolíticos (hipocalcemia), hipoglicemia, policitemia com risco de doença de hiperviscosidade, trombose de veia renal, hipertensão pulmonar persistente e hiperbilirrubinemia → Repercussões na vida adolescente e adulta: maior correlação com obesidade e DM2 Clampeamento do cordão umbilical em RN > 34 semanas → tardio: pelo menos > 1 min ● benefício: aumento da transmissão materno-fetal de hemoglobinas: facilita a transição cardiopulmonar do RN; aumento da [ferritina]: menor risco de anemia do lactente ● ⚠ cuidado: policitemia (muitos glóbulos vermelhos) -> pode causar icterícia → Em RN que não começa a respirar logo após o nascimento, o clampeamento tardio do cordão retarda o início dos procedimentos de reanimação -> No RN que não está com boa vitalidade ao nascer, sugere-se fazer o estímulo tátil no dorso, de modo delicado e no máximo duas vezes, para ajudar a iniciar a respiração antes do clampeamento imediato do cordão → Se boa vitalidade:manter avaliação continuada, manter vias aéreas pérvias, estimular aleitamento materno e manter temperatura do ambiente 23-25ºC; Só aspirar vias aéreas se excesso de secreção → Se vitalidade ruim: reanimação! Golden hour: → Liberação de ocitocina, contração uterina e antecipa a descida do leite. → Fortalece o vínculo. 3 Julia Folly - Med 8º semestre → Propicia melhor imunidade: Microbiota favorável para o RN → Avaliar se o RN tem intolerância alimentar: pode cursar com enterocolite necrosante!! -> principalmente em RCIU grave ou prematuros Estabilização/ reanimação neonatal → Em caso de ausência/ inadequação respiratória e/ou tônus muscular flácido 1. 30 segundos iniciais:manter normotermia (36,5 - 37,5º) e manter vias aéreas pérvias; - Avaliar respiração e FC; Monitor cardíaco é o mais confiável: outros métodos subestimam a FC - fazer estímulo tátil no dorso para gerar os movimentos respiratórios (até 2x) - Aquecer com panos, ligar aquecedores, impedir fluxo de pessoas pelas portas (perda de calor da sala); colocar RN na mesa de reanimação, com cobertores, secar o RN e colocar touca - Hipertermia (T > 37ºC) pode piorar a lesão cerebral por asfixia -> tomar cuidado!! - Cabeça em leve extensão para manter vias aéreas pérvias; pode colocar coxim; NÃO É INDICADO ASPIRAR, a não ser que tenha obstrução por excesso de secreção: aspirar boca e depois narinas, com sonda traqueal de pressão até 100 mmHg; NÃOASPIRAR SE LÍQUIDOMECONIAL -> vai direto para intubação, massagem cardíaca e adm de medicações 2. VPP commáscara facial por 30 seg - O2 ar ambiente (21%) - se FC < 100 - avaliação de FC: ausculta com estetoscópio no precórdio por 10 seg e multiplicar por 6 - A ventilação pulmonar é o procedimento mais importante e efetivo na reanimação do RN ao nascimento -> substitui o líquido nos alvéolos pelo ar - Técnica:máscara facial cobrindo ponta do queixo, boca e nariz do RN; RN com a boca aberta -> segurar com os dedos polegar e indicador, em formato “de C”; ventilar por 30 seg e reavaliar; Se técnica incorreta: ventilar por mais 30 seg ● balão autoinflável de 240 mL -> fornece volume corrente de cerca de 5 mL/kg - Frequência da ventilação: contar 1 (ventila), 2, 3, 1 (ventila), 2… - se 30 segundos de vpp em técnica adequada com balão e máscara e o rn permanece em apnéia OU FC < 100: vpp está ineficaz→ indicada intubação Se a FC for <100 bpm ou o RN não apresentar movimentos respiratórios regulares, enquanto um profissional de saúde inicia a VPP, o outro fixa o sensor do oxímetro e os três eletrodos do monitor cardíaco -> SatO2 é importante para avaliar a necessidade de O2 suplementar (intubação) - SatO2 alvo: → tanto a FC < 100 quanto a SatO2 fora do alvo, após a VPP, indicam intubação → 9/10 RN que recebem VPP com máscara facial melhoram e não precisam de outros procedimentos de reanimação. 4 Julia Folly - Med 8º semestre → OBS: Se o paciente, após a correção da técnica da ventilação, não melhorar está indicado o uso de interface alternativa para a VPP: a máscara laríngea ou a cânula traqueal -> se não quiser ir direto para intubação, pode tentar melhorar a VPP com essas cânulas, que são inseridas no RN e se mantém o balão máscara laríngea 3. Intubação neonatal - o diâmetro da cânula depende do peso no RN - Outros casos de intubação: prematuridade extrema, bradicardia < 60 bpm ou hérnia diafragmática - intubação igual no adulto, com laringoscópio adequado, mas em vez de “empurrar antero-superiormente”, empurra mais no sentido anterior (O movimento para visualizar a glote deve ser o de elevação da lâmina, nunca o de alavanca.); cânula não tem balonete - ventilar novamente após a colocação do tubo endotraqueal 5 Julia Folly - Med 8º semestre **OBS: risco de pneumotórax -> sempre considerar como diagnóstico diferencial se não melhora após ventilação ou melhora seguida de piora 4. Massagem cardíaca -> A massagem cardíaca é indicada se, após 30 segundos de VPP com técnica adequada, a FC estiver <60 bpm - massagem na região inferior do esterno; nunca no precórdio, pelo risco de fratura de costelas - realizar quando a IOT não tiver melhora → 3 massagens -> 1 ventilação (2 pessoas fazendo a reanimação) -> Polegares sobrepostos (um em cima do outro), e não justapostos (um do lado do outro) -> justapostos têm maior chance de lesão pulmonar e hepática - quem vai fazer a massagem: fica atrás da cabeça do RN; quem vai ventilar: fica lateral ● riscos da massagem cardíaca: fratura de costelas, pneumotórax, hemotórax e laceração hepática (quando comprime o apêndice xifóide) ● frequência: 90 mov de massagem/min (30 ventilações/min) ● comprimir cerca de ⅓ do tórax ● oferecer O2 a 100% ● fazer massagem por 1 min e reavaliar a FC; manter se FC < 60; se FC > 60 mas < 100 manter a VPP e parar só a massagem ● extubação: individualizar de acordo com o caso ● falha do procedimento: se, após 60 segundos de VPP com cânula traqueal e O2 a 100% acompanhada de massagem cardíaca, o RN mantém FC <60 bpm. Nesse caso, verificar a posição da cânula, se as vias aéreas estão pérvias e a técnica da VPP e da massagem, corrigindo o que for necessário ● Se correções feitas e não melhora: cateterismo venoso umbilical e aplicação de adrenalina 5. Adrenalina diluída EV - se nenhum dos tratamentos anteriores tiverem efeito: FC < 60, mesmo após massagem e O2 a 100% por 1 min ● Veia umbilical → Diluir: 1 mL de adrenalina + 9 mL de SF 0,9% - Enquanto é colocado o cateter para adm, pode aplicar 1x na traquéia - dose de 0,05-0,10 mg/kg de adrenalina 6 Julia Folly - Med 8º semestre - Técnica: cateter de lúmen único 3,5 ou 5,0F e preenchê-lo com soro fisiológico (SF), deixando-o conectado a uma seringa de 10 mL por meio de uma torneira de três vias. Uma vez preenchido, mover a torneira para a posição fechada para o cateter a fim de prevenir a saída de líquido e a entrada de ar. Após limpar a região periumbilical e o coto com solução antisséptica, envolver a base do cordão com cadarço de algodão para evitar o extravasamento de sangue dos vasos umbilicais e, com o bisturi, cortar em ângulo reto cerca de 1-2 cm acima da base. Introduzir o cateter preenchido por SF na veia umbilical e progredir ao redor de 2-4 cm após o ânulo, mantendo-o periférico, de modo a evitar sua localização em nível hepático. A introdução do cateter umbilical deve ser suficiente para observar o refluxo de sangue, quando é feita sua aspiração com seringa. É preciso cuidado na manipulação do cateter para que não ocorra embolia gasosa → Se não melhora: adm mais adrenalina a cada 3-5 min via endovenosa; considerar uso de expansor de volume 6. Expansor de volume → O expansor de volume pode ser necessário para reanimar o RN com hipovolemia. A suspeita é feita se não houve aumento da FC em resposta às outras medidas de reanimação e/ou se há perda de sangue ou sinais de choque hipovolêmico, como palidez, má perfusão e pulsos débeis - Pensar principalmente em caso de DPP, laceração placentária, prolapso de cordão umbilical ● SF NaCl 0,9% - dose de 10 mL/kg lentamente, em 5-10 minutos - Se não melhora: reavaliar técnicas, doses e PNEUMOTÓRAX!! 7. RN estabilizado, com FC >100 após as manobras: colocar pele a pele com a parturiente e estimular AM 8. Encaminhar RN para UTI neonatal: grande risco de deterioração clínica, demandando monitorização intensa após a estabilização - transporte em incubadora: manter normotermia, vias aéreas pérvias: coxim, decúbito dorsal, fixar a cânula de intubação com fita adesiva, monitorizar e manter oxímetro - hipertermia tem maior risco de lesão neurológica 7 Julia Folly - Med 8º semestre O nascimento de um bebê representa a mais dramática transição fisiológica da vida humana. Em nenhum outro momento, o risco de morte ou lesão cerebral é tão elevado. Ao nascimento, dois RN em cada 10 não choram ou não respiram e um em cada 10 precisa de ventilação com pressão positiva. A ventilação pulmonar é o procedimento mais importante e efetivo na reanimação ao nascer e, quando necessária, deve ser iniciada nos primeiros 60 segundos de vida (“Minuto de Ouro”). O risco de morte ou morbidade aumenta em 16% a cada 30 segundos de demora para iniciar a VPP Boletim de Apgar: → não é usada a nota para indicar as manobras, mas é importante para avaliar a resposta do RN aos tratamentos introduzidos 8 Julia Folly - Med 8º semestre **O resultado do 1º minuto relaciona-se com o pH do sangue do cordão e traduz asfixia intraparto. **O Apgar de 5º minuto se relaciona com eventuais sequelas neurológicas → Apgar de 5º minuto: ● 0 a 2: depressão neonatal grave ● 3 a 4: moderada ● 5 a 6: leve ● 7 a 10: boa vitalidade →Método do Capurro: definição da IG em que a criança nasceu, quando a IG materna não é confiável (não lembrava a DUM, não fez USG obstétrico até 12 semanas, etc): → Avalia 5 caracteres físicos: Formação do mamilo, Textura da pele, Forma da orelha, Glândula mamária, Sulcos plantares 9 Julia Folly - Med 8º semestre Triagem neonatal → Exames para avaliação de possíveis patologias, feitos antes da alta hospitalar: 1. Teste do pezinho: hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, hemoglobinopatias, fibrose cística, deficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita 2. Teste da oximetria: cardiopatias congênitas 3. Teste da orelhinha: déficit auditivo 4. Reflexo do olho vermelho: leucocoria (excluir retinoblastoma) 5. Teste da linguinha: freio lingual curto Questões 10 Julia Folly - Med 8º semestre 11 Julia Folly- Med 8º semestre 12
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