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Bioeletrogênese Prof.: VICTOR DIOGENES AMARAL DA SILVA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA A História de Frankenstein Um romance de terror gótico com inspirações do movimento romântico, de autoria de Mary Shelley, escritora britânica nascida em Londres. O romance relata a história de Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais que constrói um monstro em seu laboratório. Mary Shelley escreveu a história quando tinha apenas 19 anos, entre 1816 e 1817. http://pt.wikipedia.org/wiki/Romance http://pt.wikipedia.org/wiki/Terror_(g%C3%AAnero) http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_g%C3%B3tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Mary_Shelley http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Unido http://pt.wikipedia.org/wiki/Londres http://pt.wikipedia.org/wiki/Monstro http://pt.wikipedia.org/wiki/1816 http://pt.wikipedia.org/wiki/1817 Bioeletrogênese: Capacidade da célula em gerar e alterar a diferença de potencial elétrico através da membrana plasmática. Propriedade exclusiva de algumas células - Células nervosas - Células cardíacas - Células glandulares Bioeletrogênese Aplicações nas ciências da saúde ECG de repouso ECG de esforço – Teste ergométrico Holter EEG Topografia cerebral de EEG O fluxo iônico através das membranas é a base da comunicação intercelular, de extrema importância nos processos fisiológicos. A modulação destes processos se dá pela regulação de canais iônicos, receptores e bombas através da regulação intrínseca ou uso de fármacos. Bioeletrogênese 1) DDP = 0mV - eletrodos estão do lado de fora da célula. 2) Eletrodo (vermelho) atravessa a membrana CITOPLASMA (-) Eletrodo preto – líquido nutritivo - MEIO EXTRACELULAR Voltímetro - DDP = - 60mV 3) Neurônio estimulado – injeção de com corrente elétrica Voltímetro - alteração transitória do potencial de membrana Ondas de despolarização de baixa amplitude Potencial limiar ► Potencial de ação ↓DDP diminui > amplitude do estimulo► > variação da DDP. Bioeletrogênese Intensidade do estimulo ◼ Permite a medida direta das correntes iônicas controlando simultaneamente o potencial de membrana da célula Sackman & Neher, 1978 Patch clamp technique Patch clamp technique ◼ Estudo de canais iônicos individualmente. ◼ Neher & Sackmann, 1970-80. Célula isolada Bertil Hille Ion Channels of Excitable Membranes 3rd edition Patch clamp technique -90 mV 0 mV + +++ ++ - --- -- + +++ ++ - --- -- TIPO CELULAR Em (mV) Neurônio -70 Músculo esquelético -80 Músculo cardíaco (atrial e ventricular) -80 Músculo liso -55 Células não-excitáveis -20 O potencial de membrana Nos nervos e músculos a DDP chega à -90mV O que é um potencial elétrico? ◼ É uma forma de energia potencial. ◼ É uma forma de armazenar energia para realizar trabalho. ◼ Trabalho elétrico: fluxo de cargas elétricas = corrente elétrica Funções biológicas Potencial de Membrana ◼ Diferença de voltagem (carga elétrica) entre o interior e o exterior da célula ◼ Potencial de repouso da membrana Interior mais negativo que o exterior Assimetria na distribuição dos íons positivos e negativos Permeabilidade diferente aos diversos íons Como explicar o potencial elétrico de membrana? Qual a sua origem? Bioquímica Lehninger. Modelos Estruturais da Membrana Plasmática Modelo atual da membrana (1984) Mosaico Fluido de Singer & Nicolson (1972) Principais classes de proteínas transportadoras de membrana Proteínas carreadoras: ligam a um soluto específico a ser transportado e sofrem mudanças conformacionais para transferir através da membrana. Transporte ativo ou passivo. Ex: Na+K+ATPase Proteínas-canal: Não necessitam se ligar ao soluto. Formam poros hidrofílicos que se estendem através da bicamada lipídica. Quando abertos, pemitem passagem de solutos específicos. Sempre tranporte passivo. Ex: Canais iônicos Proteínas- canal • Especificamente relacionadas ao transporte de íons: canais iônicos • Maior capacidade de transporte que porteínas carreadoras • São seletivos: Na+, K+, Ca2+ e Cl- (tamanho e carga). • Oscilam entre o estado aberto e fechado por estímulos: voltagem, tensão mecânica, ligação com neurotransmissor (extracelular), íons ou nucleotídeos (intracelular) Alberts et al., 2004. Tipos de canais iônicos ++ - - Canais iônicos Potencial de repouso e canais iônicos Canal de vazamento seletivo para o K+ ▼ Permeabilidade ao K+ Canal controlado ou gated Canais passivos ou nongated Permeabilidade relativa dos íons no repouso em neurônios Quilfeldt, 2005 O K+ é a principal causa do potencial fora de equilíbrio dos neurônios, uma vez que é o íon mais permeável. Comparação das concentrações de íons no interior e no exterior de uma célula típica de mamífero Íon Concentração extracelular (mM) Concentração intracelular (mM) K+ 5 150 Na+ 145 15 Cl- 110 5 Ca2+ 1 - 2 10-4 Mg2+ 1 - 2 H+ 7 x 10 -5 (pH 7,2) 4 x 10 -5 (pH 7,4) Fonte: Adaptado de Alberts, 1997 Transporte de Moléculas Carregadas Fonte: Alberts at al, 2004 membrana (interior positivo) Gradiente Eletroquímico na Membrana Químico Químico Químico Elétrico Elétrico Elétrico Gradiente elétrico - + A soma das energias potenciais elétrica e química existentes num determinado meio chama- se energia potencial eletroquímica (Ψ). A força que move um íon de um lado para outro da membrana surge da diferença de energia potencial eletroquímica (Ψ) entre os dois lados existentes. Potencial de Equilíbrio de um Íon ◼ Diferença potencial que existe entre as faces de uma membrana permeável ao íon, quando o fluxo deste íon é nulo, isto é, quando o gradiente eletroquímico do íon entre os lados da membrana é nulo. ◼ Equação que determina o valor potencial de equilibrio (Vs) de um íon “s” qualquer. Vs = RT ln zF [S]1 [S]2 Equação de NERNST R – constante universal dos gases perfeitos T – temperatura do sistema em graus Kelvin Z – valencia do íon [S]1 – concentração do íon do lado 1 [S]2 – concentração do íon do lado 2 íon [íon]0 (mM) [íon]I (mM) Ei(mV) Na+ 145 15 +60 Cl- 100 5 -80 K+ 4,5 150 -94 Ca++ 1,8 0,0001 +130 Potenciais de Nernst para os principais íons de importância fisiológica Ei = −RT zF ln Ci Co EK = −61mV 1 log 150 4,5 ENa = −61mV 1 log 15 145 ECl = −61mV −1 log 5 100 ECa = −61mV 2 log 0,0001 1,8 ◼ Como a membrana é permeável a mais de uma espécie iônica calcula-se o potencial de membrana pela equação de Goldman, Hodgkin e Katz (GHK). Potencial de membrana Citosol Fluido extracelular a Além da diferença de concentração de íons nos fluidos intracelular e extracelular, a célula contém moléculas negativamente carregadas como HCO3-1, PO4-3, proteínas, ácidos nucléicos, metabólitos portadores de grupos fosfato e carboxila. Assimetria da distribuição das cargas ao longa da membrana + + - - Efeito de um íon impermeante (proteínas) na distribuição dos íons através de uma membrana semipermeável → DDP existente em células excitáveis e não excitáveis em repouso. Equilíbrio de Gibbs-Donnan http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=BGZ2AqFdLLr-gM&tbnid=jm-8P6mqIum4EM:&ved=0CAUQjRw&url=http%3A%2F%2Fwww.google.com.br%2Furl%3Fsa%3Di%26rct%3Dj%26q%3D%26esrc%3Ds%26frm%3D1%26source%3Dimages%26cd%3D%26cad%3Drja%26docid%3DBGZ2AqFdLLr-gM%26tbnid%3Djm-8P6mqIum4EM%3A%26ved%3D%26url%3Dhttp%253A%252F%252Fwww.ufpr.br%252Fportalufpr%252Fnoticias%252F1%2525C2%2525BA-congresso-de-e-justica-da-ufpr-aborda-reformas-atuais-do-poder-judiciario-no-brasil%252F%26ei%3DKMk1UpryJoz49gTvjoDQBg%26bvm%3Dbv.52164340%2Cd.eWU%26psig%3DAFQjCNHTpugnxkXgrjVV6CJSCkYizXYcqw%26ust%3D1379343016919031&ei=XMk1Uu3zG4bU9QTYtYHQCw&bvm=bv.52164340,d.eWU&psig=AFQjCNHTpugnxkXgrjVV6CJSCkYizXYcqw&ust=1379343016919031 Muitos componentes intracelulares são impermeáveis à membrana, porém tem carga e portanto atraem contra-íons A presençade macromoléculas e metabólitos gera maior concentração de contra-íons dentro do que fora da célula, e provoca efeito osmótico. Equilíbrio de Gibbs-Donnan ◼ O Equilíbrio de Gibbs-Donnan segue as seguintes condições: a) distribuição assimétrica de íons; b) diferença de potencial transmembrana; c) polaridade da membrana é igual à carga da macromolécula impermeante (repouso); d)permeabilidade a todos os íons difusíveis não é a mesma Equilíbrio de Gibbs-Donnan • Na ausência de perturbações externas, os potenciais de membrana VM das células permanecem constantes • Denominados potenciais de repouso V0 • Estímulo externo às células nervosas e musculares produz uma variação V em seus potenciais de membrana (potencial de ação) VM = V0+ V Potencial de Repouso Parâmetros que auxiliam na matutenção do potencial de repouso • Rigidez dielétrica das membranas biológicas • A bomba de sódio e potássio Permeabilidade elétrica • Dean, 1941: membrana celular é permeável a íons como sódio e potássio • Foram utilizados íons radioativos • A explicação de Dean: “some sort of pump possibly located in the membrane which can pump out sodium or, what is equivalent, pump in the potassium”. • Mais tarde, a descoberta da bomba de sódio/potássio viria a confirmar a previsão de Dean. A bomba de sódio potássio – Previsões de DEAN Hodgkin e Keynes, 1955 • Axônio de Sépia mergulhado em água do mar artificial... • ... com DNP (bloqueia a cadeia respiratória) • 200 min.: solução do banho é trocada, água do mar natural • Ainda: - O transporte de Na+, para fora da células depende da presença extracelular de K+. - A eficiência do sistema varia com a temperatura. A descoberta da bomba de sódio/potássio • Caldwell et al., 1960: • injeção de cianeto (bloqueia a cadeia respiratória) • após, injeção de ATP ao axônio de sépia • injeção de ATP faz elevar o nível de sódio no meio extracelular. Axônio de lula gigante A descoberta da bomba de Na K ATPase A estrutura da Bomba de Na K ATP ase Possui estrutura em forma de “U”, formada por dois polipeptidios: α: 1.015 – 1.018 aminoácidos β: 302 aminoácidos Proteína carreadora transmembrana, que realiza transporte ativo de íons. O Funcionamento da Bomba de Sódio Potássio Fonte: Alberts at al, 2004 Afinidade 3x maior para Na+ Afinidade 100x maior para K+ Ciclo de bombeamento da Na K ATPase • Ligação de Na e fosforização subseqüente da face citoplasmática induz a proteína a sofrer modificações conformacionais que transporta Na através da membrana e o libera no exterior. • Ocorre então ligação do K na face externa e desfosforilação, fazendo que a proteína retorne à conformação original e entregue K para o citoplasma. Fatores que alteram o potencial de repouso • Redução de K extracelular • Diminuição da atividade Na+K+ ATPase • Diminuição da produção de ATP • Alteração na permeabilidade da membrana POTENCIAL DE AÇÃO Potencial de Ação ◼ Sinal elétrico que se propaga pela membrana celular para transmitir informações ou iniciar a contração. ◼ Despolarização da membrana celular ocasionada pela mudança temporária de permeabilidade aos íons Na+/K+ Ativação do potencial de ação Tipos de canais iônicos Ativados por ligante extracelular Ativados por ligante intracelular Mecanicamen te ativados Ativados por voltagem ++ - - • O potencial de ação é disparado pela abertura de canais de sódio quimiodependentes ou voltagem-dependentes O potencial de ação no neurônio • Nas células excitáveis, se o potencial VM numa região da membrana celular ultrapassar o potencial limiar VL, ocorrerá a transmissão de um pulso de potencial elétrico através dessa membrana. Potencial Limiar: menor estímulo necessário para desencadear um potencial de ação. Lei do tudo ou nada: • A propagação de um pulso de potencial elétrico característico ao longo de uma célula (TUDO 20 mV) • A rápida atenuação da perturbação, sem que ocorra a excitação da célula. (NADA 10 mV) Propagação do potencial de ação • Vencimento do limiar de excitação • Abertura de canais • Despolarização • “Overshoot” • Repolarização • Hiperpolarização • Polarização Etapas do potencial de ação neuronal Etapa 1 – despolarização • Abertura dos canais de sódio quimiodependentes • Despolarização parcial • Abertura dos canais de Na+ voltagem-dependentes • Grande influxo de Na+ • Despolarização total Potencial de ação Etapa 2 – repolarização • Fechamento (inativação) dos canais de Na+ • Abertura dos canais de K+ voltagem-dependentes • Abertura mais tardia • Fechamento dos canais de K+ Potencial de ação • Bomba Na+/K+ funcionando constantemente • Hiperpolarização por demora no fechamento dos canais de K+ • Transporte ativo regenera gradientes • 1,0 – 1,5 milissegundos!! Próximas etapas Potencial de Ação Resumo 1. Estímulo acima do potencial de repouso 2. Despolarização: abertura dos canais de Na+ 3. Polarização invertida: Na+ continua entrando na célula. 4. Repolarização: fechamento dos canais de Na+ e saída de K+. 5. Fechamento dos canais de K+. 6. A (Na+K+ATPase) expulsa o excesso de Na+. Hiperpolarização Sinapse e neurotransmissão colinérgica Sítios de ligação da acetilcolina Excitado, canal aberto. synapses.mcg.edu/anatomy/chemical Fonte: http://www.infoescola.com/biologia/tecido-nervoso/ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + Membrana em repouso Membrana despolarizada Propagação do potencial de ação no axônio Propagação do potencial de ação Fonte: http://www.passeiweb.com O potencial de ação do miocárdio O potencial de ação do miocárdio se distingue do potencial de ação do axônio por possuir um longo platô de despolarização que determina a sua duração (150 – 500ms). Fase 0: despolarização da célula Fase 1: rápida, precoce e incompleta repolarização Fase 2: célula despolarizada e potencial constante (Platô) Fase 3: repolarização propriamente dita Fase 4: correspondente à diástole Garcia, 2002 Células do marcapasso Promovem autoestimulação – determinam o rítmo cardíaco • Potencial gerado no nódulo sinoatrial • Propagação para o átrio • Transmissão para o nódulo atrioventricular • Transmissão ao feixe de His • Propagação para os ventrículos Formas de potencial de ação cardíaco Tipo A: possui componente rápido. Encontrado em miocárdio de trabalho e de condução ventricular. Tipo B: componente rápido pouco desenvolvido. Células de transição em torno dos nódulos AS e AV. Tipo C: não possui componente rápido. Células nodais. Garcia, 2002 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ◼ GARCIA, E.A.C. Biofísica. Sarvier. 2000. ◼ HENEINE, Ibrahim F., Biofísica Básica, Editora Atheneu, 1995. ◼ Loura, L.M.S. & Almeida, R. Tópicos de biofísica das membranas. 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