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Débora Pimenta - Famed XIII Doença Renal Crônica (DRC) Estrutura RAA: regulação da pressão arterial e manutenção do volume de sangue circulante. Eritropoetina: estimula a produção de hemácias. Via metabolismo do cálcio por meio da ativação de vitamina D: ativação renal de vitamina D → vit D aumenta absorção de cálcio pelo sistema digestório e ajuda a regular a deposição de cálcio nos ossos. Rim: fora da cavidade peritoneal, nível da 12ª vértebra torácica. Rim direito mais baixo do que o esquerdo pela posição do fígado. Hilo: local em que os vasos sanguíneos e nervos se conectam ao rim. Rim → lóbulos → néfrons: unidade funcional do rim → glomérulo: filtra o sangue + sistema de estruturas tubulares que reabsorvem seletivamente o material filtrado de volta para a corrente sanguínea e secretam materiais do sangue para a urina. Corte longitudinal: córtex exterior (glomérulos e túbulos) e medula interna (pirâmides renais + área de córtex = lóbulo). Suprimento sanguíneo Aorta → artéria renal → 5 segmentares que entram pelo hilo → artérias lobulares → artérias interlobulares → artérias arqueadas → artérias intralobulares → arteríolas aferentes. Néfrons Néfrons não se regeneram, diminuem seu funcionamento ao envelhecer (perda a partir dos 40 anos de idade). Néfron: glomérulo (filtra sangue) + túbulo convoluto proximal + alça de Henle + túbulo convoluto distal + ducto coletor. Nas outras estruturas a água, os eletrólitos e outras substâncias são reabsorvidas para a corrente sanguínea ou secretadas para serem eliminadas. Os néfrons justamedulares são responsáveis pela concentração de urina. Glomérulo Sistema único de filtração capilar de alta pressão localizado entre as arteríolas aferente (diâmetro maior) e eferente com pressão arterial muito elevada. Os capilares peritubulares originados da arteríola eferente são de baixa pressão para reabsorção. Fonte: Grossman, 2019 Débora Pimenta - Famed XIII Cápsula de Bowman Glomérulo é um tufo compacto de capilares envolto em uma cápsula fina de parede dupla, chamado de cápsula de Bowman. A membrana capilar glomerular é composta por três camadas: ● Camada endotelial capilar com fenestrações; ● Membrana basal: determina a permeabilidade da membrana capilar glomerular, geralmente impedem a passagem de hemácias e proteínas para o filtrado glomerular. ● Camada epitelial capsular unicelular com poros para passagem do filtrado glomerular. Filtrado glomerular: composição química semelhante à do plasma, quase sem proteínas. 125ml/minuto ou 180l/dia. Pressão capilar em torno de 60mmHg. ❖ Ambas reguladas pela constrição e relaxamento das arteríolas aferentes e eferentes. Fonte: Grossman, 2019 Fonte: Grossman, 2019 Creatinina sérica: refletem a TFG. A creatinina é um produto do metabolismo da creatina nos músculos; sua formação e liberação são relativamente constantes e proporcionais à quantidade e massa muscular. Ela é filtrada livremente nos glomérulos e não é reabsorvida nos túbulos para o sangue e é apenas minimamente secretada para os túbulos a partir do sangue. Logo, seus valores sanguíneos dependem da TFG. Referências Bibliográficas: Grossman, Sheila C. Fisiopatologia/Sheila C. Grossman, Carol Mattson Porth; – 9. ed. – [Reimpr.]. – Capítulo 38. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. Débora Pimenta - Famed XIII Doença renal crônica Definição Lesão renal ou TFG <60ml/min/1,73m² há 3 meses ou mais, ou seja, redução progressiva da função renal em consequência da destruição irreversível dos néfrons. Redução contínua e irreversível da quantidade de néfrons. Etiologia Pode ser causada por alguns distúrbios que acarretam perda irreversível dos néfrons, inclusive diabetes, hipertensão, glomerulonefrite, lúpus eritematoso sistêmico e doença renal policística. Albuminúria e microalbuminúria Albuminúria é um parâmetro fundamental na avaliação do grau de lesão e reparação dos néfrons. A excreção de albumina é ummarcador de DRC resultante de hipertensão ou diabetes melito. O teste de microalbuminúria (sinal precoce de nefropatia diabética) refere-se à excreção de albumina acima da faixa normal, embora abaixo da variação normalmente detectada pelos testes de excreção proteica total da urina. Débora Pimenta - Famed XIII Fisiopatogenia Lesão inicial etiologia dependente → Redução massa renal (↓néfrons) → Hipertrofia néfrons remanescentes → Hiperfiltração - TFG temporariamente supranormal → Sobrecarga néfrons remanescentes → Esclerose glomerular e fibrose intersticial → Lesão inicial etiologia dependente → Redução massa renal → Hipertrofia néfrons remanescentes → Hiperfiltração - TFG temporariamente supranormal → Sobrecarga néfrons remanescentes → Esclerose glomerular e fibrose intersticial. *hipótese do néfron intacto: a soma da função de todos os néfrons remanescentes determina a TFG do rim, ou seja, estima a função renal. *Hipótese de Tradeoff: danos nos rins reduzem a excreção de sal, leva a retenção de sódio, à expansão do fluido extracelular e aumento da pressão arterial. Inicialmente, o aumento da pressão é benéfica, pois ajuda na filtração e excreção de sódio. Manifestações clínicas ● Acumulação de escórias nitrogenadas: acúmulo de ureia - VR: 20mg/dL. Acúmulo de creatinina. ○ Uremia: urina no sangue; ● Distúrbios hidreletrolíticos e acidobásicos: rim regula volume de líquidos extracelulares e limitando ou retendo sódio e água. ○ DRC: pode causar desidratação ou sobrecarga de volume. redução da capacidade renal de concentrar urina. ○ Redução da regulagem da excreção de sódio; reabsorção tubular de sódio reduzida. O aumento progressivo da ingestão de sódio pelos pacientes com DRC frequentemente aumenta a TFG e melhora qualquer função renal residual. Nos pacientes com hipertensão coexistente, a possibilidade de aumentar a PA ou desencadear insuficiência cardíaca congestiva geralmente exclui a possibilidade de suplementar sua ingestão. ○ Excreção aumentada de potássio, conforme o rim adapta-se a redução da TFG. A hiperpotassemia ocorre quando a função renal está gravemente comprometida. Nos pacientes com DRC, as causas comuns de hiperpotassemia: não seguir restrições dietéticas de potássio; constipação intestinal; acidose aguda causando liberação do potássio intracelular no líquido extracelular; traumatismo/infecção causando liberação de potássio Débora Pimenta - Famed XIII dos tecidos; ou exposição a fármacos com potássio, impede sua entrada nas células ou bloqueia sua secreção nos néfrons distais. ○ pH: a acidose metabólica acontece quando uma carga excessiva de ácidos ou perde quantidades excessivas de bases (p. ex., diarreia). ● Distúrbios minerais e ósseos: ○ deterioração da função renal → excreção de fosfato diminui → concentrações séricas aumentam → assim diminuem os níveis séricos de cálcio (regulados em relação inversa com as concentrações séricas do fosfato). A redução do cálcio sérico estimula a secreção de hormônio paratireóideo (PTH) → aumenta a reabsorção de cálcio dos ossos → níveis de cálcio sérico são mantidos, entretanto, essa adaptação é conseguida à custa do sistema esquelético e de outros órgãos do corpo. ○ Os rins regulam a atividade da vitamina D convertendo a forma inativa da vitamina em calcitriol, sua forma ativa. O calcitriol é conhecido por seu efeito supressor direto da síntese do PTH e, por esta razão, níveis mais baixos de calcitriol aumentam as concentrações de PTH (aumenta chance de hiperparatireoidismo secundário), níveis baixos de calcitriol diminuem a absorção de cálcio no sistema digestório. A vitamina D também regula a diferenciação dos osteoblastos e, deste modo, dificulta a reposição óssea. ● Anemia e distúrbios da coagulação ○ Anemia crônica: normocítica e normocrômica- causas: perdas sanguíneas crônicas, hemólise, supressão da medula óssea por compostos urêmicos retidos e redução da produção de hemácias em consequência da síntese reduzida de eritropoetina e da deficiência de ferro. Os rins são os órgãos principais responsáveis pela síntese do hormônio eritropoetina, que controla a produçãodas hemácias. A anemia da insuficiência renal diminui a viscosidade sanguínea e causa aumento compensatório da frequência cardíaca. A viscosidade sanguínea reduzida também acentua a vasodilatação periférica e contribui para a redução da resistência vascular. O débito cardíaco aumenta em razão de uma resposta compensatória para manter a irrigação sanguínea, principalmente nos pacientes com doença cardíaca coronariana, resultando em angina do peito e outros episódios isquêmicos. Fatores que ajudam: Menor meia-vida dos eritrócitos e as deficiências vitamínicas e de ferro. ○ Coagulopatias. Distúrbios hemorrágicos: epistaxe, menorragia, sangramento gastrintestinal e equimoses na pele e nos tecidos subcutâneos. Embora a formação de plaquetas geralmente esteja normal nos pacientes com DRC, a função plaquetária está deprimida. A função da coagulação melhora com diálise, mas não normaliza por completo, sugerindo que a uremia contribua para o problema. Os pacientes com DRC também são mais suscetíveis aos fenômenos trombóticos. ● Hipertensão e alterações da função cardiovascular ○ Hipertensão: aumento do volume vascular, elevação da resistência vascular periférica, redução dos níveis das prostaglandinas vasodilatadoras e aumento da atividade do sistema renina-angiotensina. O tratamento inclui restrições de sódio e água e uso de anti-hipertensivos para controlar a pressão arterial. Muitos pacientes com DRC precisam usar vários anti-hipertensivos para controlar os níveis de pressão. Débora Pimenta - Famed XIII ○ Hipertensão nos pacientes: expansão do volume extracelular pela dieta rica em sal, comprometimento da capacidade de excretar sal e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona. ○ Doença cardíaca: hipertrofia ventricular esquerda e cardiopatia isquêmica. ● Distúrbios gastrintestinais: Anorexia, náuseas e vômitos são comuns nos pacientes com uremia, além do paladar metálico que reduz ainda mais o apetite. ○ Uma causa possível das náuseas e dos vômitos é a decomposição da ureia pela flora intestinal, resultando em concentrações altas de amônia ● Complicações neurológicas ○ Neuropatia periférica é causada por atrofia e desmielinização das fibras neurais, possivelmente causada pelas toxinas urêmicas. A síndrome das pernas inquietas é manifestação clínica da neuropatia periférica e pode ser encontrada em até dois terços dos pacientes em diálise. ● Distúrbios dermatológicos ○ a pele é pálida em consequência da anemia e pode ter tonalidade amarelo-acastanhada ou amarelada. Em geral, a pele e as mucosas estão ressecadas e é comum encontrar equimoses subcutâneas. Presença de xerose, prurido. ● Distúrbios do sistema imune ○ Todos os componentes da inflamação e da função imune podem ser afetados negativamente pelos níveis altos de ureia e escórias metabólicas, inclusive com redução das contagens de granulócitos, depressão da imunidade humoral e celular e disfunção fagocitária. ● Nefropatia diabética: hipertrofia e hiperfiltração glomerular levam a alterações da MBG com ruptura da barreira de filtração, leva a proteinúria e a glomeruloesclerose. Acidose: Deficiência excreção ac. orgânicos do metabolismo protéico; Produção NH3 limitada (importância: gera um novo HCO3); ↓ filtração fosfato, sulfatos; ↓ reabsorção tubular proximal HCO3; ↓ secreção tubular de H+; Acidose metabólica hiperclorêmica (AG normal); pH: 7,33 – 7,37 e HCO3 : 20 - 23mEq/L Tratamento: HCO3 - NaHCO3 , Ca(HCO3 )2 - tto deve ser instituído para evitar o catabolismo protéico e retardar a progressão da DRC. ** atenção à sobrecarga de sódio → pode exigir diurético. Estadiamento ● Quantificação da Albuminúria: Ajuda a monitorar a lesão de néfrons e acompanhar a resposta ao tto em alguns tipos de DRC (ex: doenças glomerulares crônicas) ● Relação Proteína/Creatinina na urina: primeira amostra da manhã; boa correlação com a coleta de 24h (é a referência) ○ ** Proteinúria: perda “não seletiva” > albumina + mistura de proteínas séricas Débora Pimenta - Famed XIII ● Taxa normal de excreção de albumina em 24horas: 20mg ○ > 17mg albumina / grama de creatinina – homens ( > 0,17) ○ > 25 mg albumina / grama de creatinina – mulheres ( > 0,25) ○ ** Microalbuminúria: 30-300mg/24h Albuminúria x TFG - Google imagens Achados laboratoriais: ● ↑ Cr e Ur ● Anemia ● Acidose metabólica ● Hiperfosfatemia ● Hipocalcemia ● Hipercalemia Tratamento Débora Pimenta - Famed XIII ● Tratar etiologia da doença ● Infecções urinárias devem ser tratadas imediatamente ● fármacos potencialmente nefrotóxicos devem ser evitados. ● Controle pressórico ● Controle glicêmico ● Os inibidores de ECA e os BRA, que têm efeitos singulares na microcirculação glomerular (i. e., dilatação das arteríolas eferentes), têm sido usados com frequência crescente para tratar hipertensão e proteinúria, principalmente dos pacientes diabéticos. ● Cessar tabagismo ● A diálise (ou terapia renal substitutiva) está indicada quando o paciente tem uremia avançada ou distúrbios eletrolíticos graves. ● O sistema de hemodiálise (ou rim artificial) consiste em três componentes: um sistema de bombeamento do sangue, um dialisador e um sistema de devolução do sangue. ● Tratamento dietético Sintomas de expansão extravascular tto: restrição Na+ , diuréticos de alça e diálise Hiponatremia (quando ocorrer) tto restrição de água Referências Bibliográficas 1. Grossman, Sheila C. Fisiopatologia/Sheila C. Grossman, Carol Mattson Porth; – 9. ed. – [Reimpr.]. – Capítulo 42. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. 2. Cecil medicina / editado por Lee Goldman, Andrew I. Schafer ; tradução Angela Freitas , Cyro Festa Neto, Fábio Fernandes Morato Castro. Capítulo 132. - 24. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
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