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Unidade 4 Livro Didático Digital Carolina Galvão Sarzedas Liderança e Gestão de Equipes Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autora CAROLINA GALVÃO SARZEDAS A AUTORA Carolina Galvão Sarzedas Olá. Meu nome é Profa Dra Carolina Galvão Sarzedas. Sou formada em ciências biológicas, com mestrado e doutorado em Ciências com experiência técnico-profissional na área ensino de mais de 18 anos. Minha formação acadêmica começou na UFRJ onde me apaixonei pela ciência e pela educação. Tenho experiência tanto na área de orientação acadêmica quanto na produção de material didático para grandes empresas de educação. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Liderança de equipes: o papel do líder..............................................12 Introdução ............................................................................................................................................. 12 O papel do líder ................................................................................................................................ 13 Tipos de liderança ..........................................................................................................................16 Equipes de alto desempenho .................................................................21 Introdução ............................................................................................................................................. 21 Características de equipes de alto desempenho ...................................................22 Coesão .................................................................................................................................22 Envolvimento psicológico .....................................................................................22 Afinidade e confiança ...................................................................................................................23 Compreensão das interdependências .........................................................24 Auto-regulação ..............................................................................................................24 Fatores críticos para o desempenho ................................................................................24 Administração rumo ao alto desempenho ...................................................................26 Equipes ou grupos executivos ...........................................................................27 Equipes ou grupos consultivos .........................................................................27 Desenvolvimento de equipes ................................................................................................28 Ouvir e falar ......................................................................................................................28 Conhecimento mútuo ...............................................................................................29 Criação de uma identidade para o grupo ..................................................29 Criação de clima de abertura intelectual .................................................. 30 Problemas em equipes de alto desempenho .......................................................... 30 Poder organizacional e “Empoderamento” ......................................33 Introdução .............................................................................................................................................33 Poder organizacional ....................................................................................................................33 Tipos de poder ...............................................................................................................34 Táticas de poder .......................................................................................................... 36 Empoderamento ou “empowerment” ..............................................................................37 Empoderamento e a alto desempenho organizacional .................................... 39 Inteligência emocional ..............................................................................43 Introdução .............................................................................................................................................43 Definindo inteligência emocional ........................................................................................45 Inteligência emocional aplicada nas empresas ....................................................... 49 Liderança e Gestão de Equipes 9 UNIDADE 04 Liderança e Gestão de Equipes10 INTRODUÇÃO Você sabia que a formação e o desenvolvimento de equipes é primordial para o sucesso de qualquer empreendimento. Uma equipe não nasce pronta, ela depende de um líder competente que esteja interessado em conhecer cada um dos seus membros e desenvolvê-lo pessoal e profissionalmente. Você já deve ter percebido que o velho conceito de separar as pessoas em cargos individuais vem sendo substituído por juntar as pessoas de diferentes especialidades em equipes de trabalho, resultando em aumento de produção e maior motivação. Os pontos fortes e fracos de cada equipe passam a ser observados e avaliados periodicamente, para que os rumos sejam corrigidos em busca das metas propostas. Para que tudo isso aconteça, é preciso canais de comunicação claros e abertos, onde todos compartilhem seus pensamentos para juntos vencer os desafios. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Liderança e Gestão de Equipes 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender o papel do líder em uma organização; 2. Definir as características de uma equipe de alto desempenho; 3. Determinar a importância do “empoderamento” dentro de uma organização; 4. Explicar inteligência emocional e suas aplicações. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Liderança e Gestão de Equipes12 Liderança de equipes: o papel do líder INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender o papel de um líder dentro de uma equipe. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Introdução Você já deve ter aprendido que liderança é o ato de influenciar uma pessoa ou uma equipe na conquista de metase objetivos, e está relacionada com a situação e o contexto. Na verdade, podemos dizer que liderar é um conjunto de comportamentos relacionados com três elementos principais: influência, grupos e metas. Em empresas modernas, o conceito vai além do comando e do controle porque é voltada para interesses coletivos, necessitando, portanto das capacidades de todas as pessoas envolvidas. Figura 1: Conceito de liderança. Fonte: Freepik Liderança e Gestão de Equipes 13 Para que haja um líder é preciso que a liderança seja legitimada e compartilhada pelos colaboradores, podendo até sugerir que ela é transitória e dependente de manutenção constantes. O que nos leva a acreditar que do ponto de vista das relações pessoas, não existe liderança se a equipe não a legitimar. Por que dizemos que a figura do líder deve ser compartilhada? Porque o sucesso das atividades e das decisões em prol do objetivo e das metas almejadas, depende da aceitação do papel do líder por parte dos liderados. O papel do líder O líder precisa ter muito claro em sua mente que seu papel é o de administrador de conflitos e que sua função precisa ser constantemente reavaliada para o aprimoramento da relação com os demais integrantes da equipe. Contudo, um grupo ou uma equipe é composto por pessoas com pensamentos e interesses diferentes, fazendo com sua dinâmica não possa ser totalmente controlada. Faz parte do papel do líder saber que os seus problemas pessoais, seus interesses, seus sentimentos, virtudes e defeitos influenciam nas decisões tomadas, cobrando dele uma autocrítica aguçada e uma grande sensibilidade no que diz respeito às críticas recebidas. Os líderes são seres humanos, por isso, passíveis de cometer erros] O bom líder não é um ser divino, dotado desde seu nascimento com capacidades de super-heróis, mas sim, um ser humano que consegue Liderança e Gestão de Equipes14 bons resultados, através do desempenho do seu grupo, incentiva o crescimento e preserva a harmonia e o bem-estar da sua equipe. Até bem pouco tempo, os termos bem-estar e desempenho eram considerados antagônicos, porém a humanização das empresas trouxe maior foco para o capital humano, mostrando que são as pessoas que movem as organizações com seu esforço e dedicação, elas não “pertencem” aos seus empregadores. O capital humano, simplesmente, está à disposição enquanto a empresa e seus líderes forem eficientes no seu gerenciamento. O líder possui papel fundamental no gerenciamento e direcionamento de sua equipe, por isso tem-se uma expectativa muito alta em relação ao seu desempenho. E com estudos que mostram que a liderança pode ser desenvolvida levaram ao desenvolvimento de ferramentas para auxiliar o líder a cumprir seu papel. Os treinamentos em liderança trabalham dois quesitos básicos: • O líder precisa enxergar que cada liderado é único, com ambições, expectativas, desejos, características e necessidades próprias; • Como consequência da individualidade de cada um, o líder precisa aplicar tipos diferentes de liderança; O líder moderno tem como função desenvolver algumas das características abaixo: Ter metas claras: Em um projeto ou empresa o líder precisar deixar claro para seus liderados quais são os objetivos e metas almejados, para que a equipe trabalhe junta. Equipes não seguem líderes que parecem “perdidos”. Motivar seus colaboradores: O líder precisa estimular o desenvolvimento profissional de sua equipe, fazendo com que eles enxerguem que a obtenção de resultados Liderança e Gestão de Equipes 15 faz com que todos ganhem. Ameaçar e dar ordens não são papéis de um líder moderno. Trabalhar em equipe: As tarefas e responsabilidades precisam ser divididas entre o líder e sua equipe. O trabalho é realizado em conjunto, com o líder fazendo parte das atividades do dia-a-dia, isto mostra engajamento e interesse pelos liderados. Assumir responsabilidades: Todas ou quase todas as ações de uma equipe podem ser previstas ou evitadas, entretanto, qualquer problema que aconteça é de responsabilidade do líder e precisa ser assumido por ele. • Líder não aponta culpados, a não ser ele próprio Feedbacks construtivos: O feedback, quando bem utilizado, é considerado uma das ferramentas mais poderosas para o desenvolvimento de equipes eficientes. O feedback é oferecido constantemente, de forma construtiva e para motivar a equipe a melhorar sempre. Atuar ativamente: Liderar significa atuar, participar ativamente dos projetos e acompanhar os resultados obtidos. Um líder atuante identifica desvios e corrige problemas de maneira rápida e eficiente. Cobrar resultados sem saber o contexto, acaba por frustrar a equipe e prejudica a imagem do líder. Delegar tarefas: Líderes modernos delegam tarefas e compartilham informações levando em consideração apenas a competência e não as afinidades Liderança e Gestão de Equipes16 pessoais. É preciso reconhecer o mérito de cada indivíduo e cobrar os resultados de forma justa. Saber se comunicar: Podemos dizer que a comunicação é um dos pilares da liderança. O líder precisa saber se comunicar de maneira clara e objetiva. Uma comunicação bem-feita, motiva a equipe, deixa claro os objetivos a serem alcançados e estimula que os liderados sigam o líder por respeito e não por imposição. Habilidade em lidar com pessoas: O líder não deve misturar relacionamento pessoal com profissional, mas tratar à todos com respeito e dignidade. Tipos de liderança Líderes são indivíduos diferentes e como tal, tem perfis diferentes, entretanto compartilham e podem desenvolver características de acordo com as circunstâncias do ambiente corporativo. De acordo com estudos sobre a Teoria das Relações Humanas e inteligência emocional, podemos sugerir sete tipos de perfis diferentes de líderes, como veremos logo abaixo: 1. Autocrático: Exerce liderança diretiva e determina o que os subordinados devem fazer. O foco não está nos liderados, nem nas relações pessoais, mas sim na execução das tarefas e no próprio líder. Liderança e Gestão de Equipes 17 Pontos positivos: funciona em tarefas que precisam ser executadas em curto prazo, em “situações de emergência” ou em equipes formadas por pessoas com pouca maturidade profissional. Pontos negativos: gera tensão e desgaste da equipe quando exercida de maneira rotineira. Pelo foco estar na execução das tarefas, passa por cima das necessidades pessoais dos liderados. 2. Liberal: Os liderados ficam livres para tomar decisões e realizar tarefas, sendo muitas vezes, permissiva, podendo deixar o grupo sem controle. Pontos positivos: Se a equipe for madura profissionalmente, pode funcionar perfeitamente. As tarefas são delegadas de acordo com a capacidade e o potencial de cada um. Pontos negativos: É preciso um alto grau de individualismo e agressividade, porque cada um tenta conquistar sua posição e seu espaço na ausência do líder. 3. Democrático: O poder do líder está na credibilidade. O papel do líder é orientar, conduzir e incentivar cada um a participar e fazer parte do grupo. As decisões são tomadas em conjunto. Pontos positivos: melhora as relações humanas e o engajamento da equipes, favorecendo o planejamento e a execução de tarefas. Pontos negativos: em caso de necessidade da entrega rápida de resultados, o modo democrático pode não ser o mais apropriado. Além disso, o grupo pode ficar magoado se for chamado a atenção de forma mais incisiva. 4. Modelo: Um modelo que determina o ritmo de trabalho é estabelecido e seguido pela equipe. Pelo fato do líder, na maior parte das vezes, ser Liderança e Gestão de Equipes18 melhor e mais rápido, acaba exigindo o mesmo desempenho dos seus liderados. Pontos positivos: funciona perfeitamente bem, em caso de equipe altamente qualificada e capaz de acompanhar o ritmo do líder. Pontos negativos: pode sobrecarregara equipe e travar o processo individual de criação, pois não há alternativas para a realização das atividades, portanto deve ser um estilo usado com pouca frequência. 5. Paternalista: É um tipo que valoriza mais as emoções dos indivíduos do que os objetivos a serem alcançados. Cria um forte vínculo emocional entre os membros, que são leais por se sentirem importantes para a equipe. Pontos positivos: em caso de moral baixa, grande estresse ou crise, funciona muito bem. Pontos negativos: pode passar a falsa impressão de que uma performance fraca será tolerada, pois faz uso frequente de elogios. Se for usada em excesso, esta postura pode prejudicar os processos e a obtenção de resultados. 6. Autoritário: Não tem relação com coerção, muito pelo contrário, o termo se refere àquele que possui conhecimento sobre determinado tema. É um líder que por sua competência, tem reputação sólida e inspiradora. É o tipo de líder que determina os objetivos, porém os membros da equipe decidem como alcançá-los, isto dá liberdade para a inovação e para que os indivíduos corram riscos calculados. Pontos positivos: funciona quando não existe um ritmo de trabalho definido ou em situações em que a equipe precise de uma nova visão. Pontos negativos: se o líder não for inspirador para a equipe, pode ser prejudicial, porque sua autoridade pode ser questionada por quem se julga mais competente. Liderança e Gestão de Equipes 19 7. Situacional: É o líder que aplica diferentes abordagens de acordo com as pessoas, tarefas, empresas e circunstâncias, partindo do princípio de que todos querem aprender e evoluir e usa os seguintes modelos para exercer sua liderança: Direção: é aplicada quando o liderado tem alto desempenho, porém baixa competência. O líder ensina como fazer e acompanha todo o processo, de modo que o colaborador não tem como questionar suas orientações. Coaching: é aplicado em pessoas desmotivadas, com baixo empenho e baixa competência. O papel do líder é direcionar e decidir sobre as tarefas, porém sempre dialogando, de modo a estimular e desenvolver o profissional. Apoio: é ideal para ser aplicado em indivíduos inseguros, porém capazes, onde o líder decide em conjunta, dá apoio na execução, mas oferece pouca supervisão. EXEMPLO:: É comum com profissionais experientes que assumem um novo desafio ou projeto. Delegação: muito funcional quando o colaborador é capaz e motivado. Dar autonomia para a execução de tarefas mantém o indivíduo motivado e com desafios constantes. O papel do líder é apenas de supervisão. Pontos negativos: se os colaboradores não estiverem interessados em mudar de comportamento ou de serem desenvolvidos, ou se o líder não possuir domínio da área em que serve de referência. Alguns autores defendem que a liderança é um círculo e não uma escada, e os modelos que se sustentam na “territorialidade Liderança e Gestão de Equipes20 institucionalizada”, de algum modo afastam a energia e o foco da liderança na capacidade de solucionar problemas. A nova proposta de liderança precisa alinhar as necessidades das organizações com as competências individuais e mostrar para líderes e liderados que a autoridade não desaparece em organizações horizontais ou em rede, muito pelo contrário, ela é interiorizada de maneira que permita a auto-organização e o autogerenciamento. Para outras informações sobre Práticas de liderança, acesse: https:// bit.ly/2ZOHXCC (Acesso em 10/01/2020). RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que liderança é o ato de influenciar uma pessoa ou uma equipe na conquista de metas e objetivos, e está relacionada com a situação e o contexto. O bom líder sabe lidar com os seus problemas pessoais, seus interesses, seus sentimentos, virtudes e defeitos que influenciam nas decisões tomadas, cobrando dele uma autocrítica aguçada e uma grande sensibilidade no que diz respeito às críticas recebidas. O líder moderno precisa desenvolver algumas das seguintes características: ter metas claras, motivar seus colaboradores, trabalhar em equipe, assumir responsabilidades, fazer feedbacks construtivos, atuar ativamente, delegar tarefas, saber se comunicar e habilidade em lidar com pessoas. Líderes são indivíduos diferentes com perfis diferentes, entretanto compartilham e podem ter as seguintes características: autocrático, liberal, democrático, modelo, paternalista, autoritário e situacional. Liderança e Gestão de Equipes 21 Equipes de alto desempenho INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender as características de uma equipe de alto desempenho e como desenvolvê-las. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Introdução Como podemos saber que uma é de alto desempenho ou performance? O que diferencia as equipes? O primeiro aspecto diz respeito à superação dos objetivos e metas propostas. E depois, podemos relacionar com algumas características como coesão, envolvimento psicológico, afinidade e confiança, compreensão das interdependências e auto regulação. Veremos estas características mais detalhadamente em breve. Figura 2: Equipe unida Fonte: Freepik O alto desempenho é encontrado em equipes cujos membros possuem atitudes, competências e habilidades não só atingir metas, mas também superá-las. Estas equipes definem suas próprias metas, Liderança e Gestão de Equipes22 do mesmo modo que tomam suas próprias decisões, administram seus conflitos e resolvem seus problemas de maneira harmônica e democrática. Os componentes conhecem seus pontos fortes e fracos e tem a capacidade de mudar para melhorar o desempenho da equipe. Características de equipes de alto desempenho Coesão Podemos dizer que uma equipe coesa é aquela em que os integrantes têm o desejo de continuar juntos e por este motivo, a existência da equipe é longa. Estudos dizem que coesão é uma consequência do reforço positivo associado ao bom desempenho. Pensem bem, o interesse em permanecer na equipe e de manter a existência dela só faz sentido quando os membros percebem que sua capacidade de alcançar melhores resultados depende de cada membro. Todos sabem da sua competência e quando se sentem ameaçados, agem em conjunto e tendem a permanecer agregados, como se compartilhassem de um sentimento de respeito mútuo entre os integrantes. Envolvimento psicológico Quando os integrantes da equipe estão psicologicamente envolvidos com a tarefa proposta, dizemos que a equipe é eficaz. Mas é claro, que a tarefa precisa ser coletivamente desafiadora. Liderança e Gestão de Equipes 23 No momento da formação das equipes para realização da tarefa é importante levar em consideração a motivação e a afinidade entre cada um dos potenciais membros. A teoria dos dois fatores lembra que são elementos decisivos para o desempenho: a afinidade pela tarefa, a responsabilidade e a oportunidade de crescimento. Afinidade e confiança A afinidade é considerada um fator de coesão e manutenção de uma equipe, porém não pode ser considerada essencial para sua formação. Pessoas podem ter afinidade entre si, mas não compartilhar das competências necessárias para realizar uma meta, e o inverso também pode ocorrer. A confiança é o grau de conforto entre os colegas de equipe e se manifesta no interesse e na capacidade em tratar de maneira aberta as diferenças de opinião, de valores e de atitudes. Podemos dizer que a afinidade depende da confiança. A confiança é a base da relação, sem ela fica difícil falar em coesão e afinidade entre os componentes de uma equipe e vai depender dos seguintes fatores: • De como os conflitos são administrados; • Se o conflito gera mais conflitos; • Se as diferenças de opinião sãoconsideradas deslealdade. As situações acima geralmente refletem a falta de habilidade do líder ao lidar com conflitos. Em uma equipe composta por indivíduos diferentes, conflitos e diferenças de opinião são inevitáveis, a eficácia do líder consiste em saber enfrentá-las de maneira produtiva e não evitá-las. Liderança e Gestão de Equipes24 Compreensão das interdependências Interdependência é o grau de atividade conjunta que os membros de uma equipe precisam para realizar uma tarefa. É uma característica de extrema importância em equipes multidisciplinares e sua eficácia está em conhecer e valorizar a interdependência de seus componentes. A pluralidade de percepções é proporcional à diversidade profissional dos integrantes da equipe e precisa ser compreendida e apreciada como a maneira que cada membro tem de contribuir com seus conhecimentos. Auto-regulação Quando falamos de equipes de alto desempenho, estamos falando da capacidade delas em cuidar de si própria, principalmente em casos em que o líder precisa se ausentar. Grupos eficazes possuem a capacidade de distribuir os papéis de liderança entre os integrantes, pois todos estão preparados para liderar. Fatores críticos para o desempenho Os resultados de uma equipe dependem de um processo, que depende de alguns fatores críticos, que são determinantes para o alto desempenho. Podemos citar como fator, por exemplo, a clareza dos objetivos. As características da equipe aliada aos fatores críticos vão produzir resultados realmente eficazes. Assim como vemos fatores positivos, há também os negativos, tornando-se barreiras que atrapalham no desempenho como um todo. Podemos continuar com o exemplo dado Liderança e Gestão de Equipes 25 acima dizendo que uma barreira para o bom desempenho pode ser a falta de objetivos claros. É preciso ter em mente que tanto os fatores críticos quanto as barreiras fazem parte da dinâmica e estão presentes no dia-a-dia da equipe. Vamos exemplificar agora alguns fatores críticos (geram efeitos positivos) e barreiras (que geram efeitos negativos) para conseguir alcançar os resultados que levam à equipe ao alto desempenho. Fatores críticos: • Objetivos claros • Tarefa desafiadora • Realização pessoal • Líder e colegas competentes • Recompensa coerente com expectativa Barreiras: • Objetivos mal definidos • Recursos insuficientes • Conflitos • Liderança incompetente • •Condições insatisfatórias de trabalho • Insegurança Os fatores críticos, associados às barreiras e às características de equipes de alto desempenho geram os seguintes resultados: • Realização de objetivos • Satisfação dos integrantes Liderança e Gestão de Equipes26 • Qualidade técnica dos resultados • Crescimento pessoal • Contribuição para a empresa Administração rumo ao alto desempenho As empresas sempre foram administradas por pessoas, é meio óbvio dizer isso, mas quero dizer que o arbítrio sempre foi individual, onde um chefe tomava as decisões e todos acatavam. O trabalho sempre foi realizado isoladamente e de maneira dependente da gerência. Atualmente, vemos cada vez mais problemas organizacionais sendo solucionados por equipes permanentes, comissões, comitês, círculos de controle de qualidade, ou outros tipos de equipes temporárias. Onde o colaborador participa como membro de uma entidade coletiva e não individual. Decisões tomadas por equipes têm se tornado tendência nas empresas, que com isso, reconhecem a capacidade da contribuição e de cooperação entre as pessoas. Essa tendência começou a ser mais difundida a partir do século XXI. A administração que pretende inovar para desenvolver equipes de alto desempenho tem os seguintes focos: • Trabalhadores polivalentes organizados em equipes ou grupos • Poder de decisão distribuída na estrutura organizacional • Controle exercido pela própria equipe • Participação de todos Liderança e Gestão de Equipes 27 As equipes de trabalho ainda podem exercer papéis executivos ou consultivos, com diferentes atribuições, como veremos a seguir: Equipes ou grupos executivos Têm poder para decidir e implantar suas decisões. Podemos dar como exemplos de grupos executivos as equipes de projetos, grupos autogeridos e as forças-tarefas. Em estruturas organizacionais que seguem modelos de parlamento ou assembleia existe grupos executivos com poderes para aceitar ou não decisões da gerência, assim como podem indicá-la ou destituí-la. Podemos ainda exemplificar grupos executivos como: condomínios, clubes, associações, sociedades anônimas, entre outros. As equipes autogeridas de produção foram desenvolvidas nas empresas industriais japonesas e se tornaram ferramentas para muitas organizações. As tarefas operacionais e gerenciais de cada unidade de trabalha é autogerida por seus próprios integrantes, sem interferência de supervisores. Como resultado podemos afirmar que os grupos autogeridos têm melhor desempenho em todas as dimensões organizacionais. Equipes ou grupos consultivos São aqueles que operam como recurso de análise e auxiliam na tomada de decisão. As equipes consultivas têm o papel de estudar problemas e apresentar propostas de solução, competindo à um grupo ou indivíduo de cargo superior, a decisão final. O compromisso da equipe consultiva não é com a decisão do problema, mas sim com a análise e muitas vezes com o auxílio ao Liderança e Gestão de Equipes28 treinamento de seus próprios integrantes. Como exemplo de equipes consultivas podemos dar comissões, comitês e grupos de estudos. Desenvolvimento de equipes Desenvolver uma equipe é um processo de aprimoramento das competências individuais de uma equipe e tem o objetivo de desenvolver uma equipe de alto desempenho. Para alcançar o objetivo é preciso um processo contínuo, que pode ser enfatizado em alguns momentos. Uma intervenção para melhora de desempenho pode ser necessária por vários motivos, entre eles quando uma equipe é formada por integrantes que não se conhecem ou nunca trabalharam juntos, por exemplo. Dentre as principais técnicas usadas para desenvolver equipes estão: ouvir e falar, conhecimento mútuo, criação de identidade e clima de abertura intelectual. Ouvir e falar Um integrante eficaz dentro de uma equipe precisa desenvolver a habilidade de ouvir, resolver conflitos e solucionar problemas por meio de consenso, e ainda questionar a equipe de maneira moderada e dar opiniões. A dificuldade em ouvir faz surgir uma infinidade de conflitos, muitas vezes as pessoas estão dizendo a mesma coisa, mas uma não é capaz de ouvir a outra. Para integrar uma equipe de alto desempenho é preciso desenvolver a capacidade de exprimir-se. Muitas vezes a timidez, a falta de disposição Liderança e Gestão de Equipes 29 para um confronto ou o receio da reação dos outros membros, limita o compartilhamento de informações importantes ou soluções corretas. Se os futuros participantes da equipe pretendem oferecer contribuições significativas à equipe, precisam superar estas limitações. Falar (habilidade de exprimir) e ouvir são considerados um dos dois maiores problemas em trabalhos de equipe. Foi descoberto que muitos acidentes ocorriam, não por falha na operação de equipamentos, mas sim por falhas de coordenação e comunicação entre tripulantes. A NASA então desenvolveu um programa de treinamento chamado CRM (Crew Resource Management, ou em português: administração dos recursos da tripulação) que estimula no tripulante a confiança para emitir suas opiniões, ao mesmo tempo em que dá aos comandantes a percepção de como é importante valorizar as informações vindas da tripulação. A informação precisa fluir livremente, não importando de onde ela venha. Conhecimento mútuo Em uma equipe recém-formada, o líder tem como função ajudar os integrantes a se conhecerem, para só depois a equipe elaborar sua missão emconjunto. A equipe precisa compreender mutuamente seus objetivos, para detalhá-los em metas específicas e estratégicas. Estas atividades sendo definidas pela própria equipe aprimoram a capacidade de seus componentes de trabalhar em conjunto. Criação de uma identidade para o grupo É o tipo de atributo que muitos procuram, pois é muito recompensador fazer parte de uma equipe que tem uma identidade. Isto pode ser traduzido com sinais sutis como o logotipo da universidade Liderança e Gestão de Equipes30 mostrada em uma camiseta ou caderno, ou no uso de uniformes e distintivos. Criação de clima de abertura intelectual É uma maneira de esquecer a ditadura das regras rígidas e deixar a discussão fluir livremente. Abertura intelectual é aquela que questiona as premissas, evitando as hierarquias e o julgamento crítico. Sem abertura intelectual, mão há comunicação nem produtividade, sendo, portanto, uma maneira de promover a produção, a associação e a crítica de ideias. Problemas em equipes de alto desempenho Você pode achar que em equipes de alto desempenho é tudo perfeito, as pessoas são ótimas e se dão bem o tempo todo, os resultados são sempre acima da média, porém alguns efeitos têm suas desvantagens, dentre elas podemos citar: coesão excessiva, pensamento grupal e paradoxo de Abilene. Coesão excessiva: Dá ao grupo uma sensação de segurança, porém “impermeabiliza” a equipe, de modo a torná-la incapaz de pensar em outras ideias que não sejam suas. Se a coesão for demais a equipe pode se isolar e acabar degenerando. Podemos até dizer que coesão excessiva pode estar associada à consanguinidade social (endogenia), onde não há fertilização cruzada, ocorre exclusivamente dentro do próprio grupo. Liderança e Gestão de Equipes 31 EXEMPLO: algumas escolas e universidades que não renovam seu quadro de professores, sendo que os alunos de hoje serão os professores de amanhã, com a falta de renovação, os conhecimentos se deterioram e o grupo se torna improdutivo. Pensamento grupal: É o comportamento que só leva em consideração fatos e informações relevantes se vierem de dentro do grupo. Se o grupo tiver que tomar uma decisão ou resolver um problema urgente, eles podem até ignorar informações que forem contra suas escolhas. Os membros se sentem tão poderosos, que passam a pensar que nada os atinge, e que não há necessidade de considerar informações advindas de fora. Paradoxo de Abilene: É um comportamento fortemente influenciado pela falta de comunicação, onde uma decisão coletiva é tomada com base em suposições individuais, porém, quem tem opinião oposta não se manifesta por medo de contrariar os colegas. EXEMPLO uma equipe começou a desenvolver um projeto que em dado momento começou a comprometer a sobrevivência da própria equipe. Só neste momento todos se deram conta de que a opinião geral era interromper o projeto, pois ninguém acreditava nele. Antes ninguém havia dado sua opinião por “achar” que iam contrariar os outros membros. Quer saber mais sobre manutenção de equipes de alto desempenho, acesse https://bit.ly/3mBGhq0 (Acesso em 11/01/2020). Liderança e Gestão de Equipes32 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter percebido alto desempenho é encontrado em equipes cujos membros possuem atitudes, competências e habilidades não só atingir metas, mas também superá-las. Estas equipes definem suas próprias metas, do mesmo modo que tomam suas próprias decisões, administram seus conflitos e resolvem seus problemas de maneira harmônica e democrática. Equipes de alto desempenho possuem algumas características em comum como: coesão, envolvimento psicológico, afinidade e confiança, compreensão das interdependências e Auto- regulação. Os fatores críticos para se alcançar resultados são objetivos claros, tarefas desafiadoras, realização pessoal, líder e colegas competentes e recompensa coerente com a expectativa. Em contrapartida entre as barreiras para o sucesso estão objetivos mal definidos, recursos insuficientes, conflitos, liderança incompetente, condições insatisfatórias de trabalho e insegurança. Dentre as principais técnicas usadas para desenvolver equipes estão: ouvir e falar, conhecimento mútuo, criação de identidade e clima de abertura intelectual. Algumas desvantagens de equipes de alto desempenho são: coesão excessiva, pensamento grupal e paradoxo de Abilene. Liderança e Gestão de Equipes 33 Poder organizacional e “Empoderamento” INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender as definições de poder e empoderamento e sua aplicação dentro das organizações. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Introdução O poder vem dos primórdios da humanidade, onde as relações entre indivíduos ou grupos eram visando o monopólio. Ter poder significava deliberar, agir, mandar ou exercer a autoridade. Diante das muitas definições existentes podemos resumir que poder é a capacidade de uma ou mais pessoas exercerem influências ao seu redor. Dentro das organizações, o poder sempre foi usado como ferramenta para elevar a eficiência e a eficácia das atividades, sob perspectivas democráticas e autocráticas, pois dentro de uma filosofia política, o controle e a limitação da liberdade do indivíduo são necessários para que equipes possam alcançar seus objetivos de forma coesa e harmônica. A análise do poder dentro das organizações é um tema multifacetado e complexo que vamos descrever a partir de agora. Poder organizacional A Teoria do poder organizacional parte da premissa de que o comportamento organizacional é um jogo de poder cujos elementos Liderança e Gestão de Equipes34 básicos seriam os “influenciadores”, pois exercem o controle através de um sistema de influência. Figura 3: Poder Fonte: Freepik O poder, como dissemos anteriormente, é uma força mobilizadora com capacidade para afetar os resultados. O jogo tem por características reciprocidade, relações de dependência, controle de recursos, habilidade técnica, corpo de conhecimento crítico, prerrogativas legais e acesso àqueles de detém o poder. O exercício do poder demanda energia, vontade e habilidade política, pois se concretiza na elaboração e manutenção de estratégias objetivando atingir as metas tanto da organização quanto pessoais, fazendo uso um grande poder de convencimento. A teoria do poder organizacional tem como proposta uma tipologia das configurações de poder, que é consequência da inter-relação entre coalizões internas e externas, além de sistemas de influência e de metas. Tipos de poder Podemos descrever cinco tipos diferentes de poder: Poder coercitivo: baseado na coerção e no medo. O liderado sabe que o fracasso no atendimento das exigências pode levá-lo a sofrer punições ou penalidades. Liderança e Gestão de Equipes 35 Poder de recompensa: a lideradas se apoia na esperança de receber algum tipo de recompensa, incentivo, elogio ou reconhecimento. Poder legitimado: é decorrente do cargo ou da posição que o indivíduo ocupa na equipe ou na hierarquia da organização. Como se fosse uma escada de poder: operários, supervisor, gerente, diretor... A autoridade dentro da organização é estabelecida pela nivelação hierárquica. Poder de competência: também chamado de poder de perícia. Baseia-se na competência, na especialidade, no talento, no conhecimento técnico ou na experiência. O líder é visto como aquele que possui certas competências que excedem os conhecimentos dos liderados. Poder de referência: está baseado na atuação e no apelo. O líder é admirado por possuir certos traços de personalidade desejáveis (carisma), se tornando uma referência. Este tipo de poder se referência na admiração e no desejode se parecer com o líder. Poder de informação: é o acesso e controle sobre as informações. A dependência é gerada pela detenção de dados ou conhecimento necessários à realização das tarefas. Em termos de características pessoais podemos citar o poder como: Poder do talento: é aquele que exerce influência como resultado da sua perícia, da habilidade específica ou do conhecimento. Poder carismático: emana da personalidade e do estilo de cada pessoa. Podemos sugerir que as bases do poder pessoal nem sempre são usados de maneira formal, porém sua influência está intimamente ligada ao talento e ao carisma que algumas pessoas possuem, provocando nas pessoas os sentimentos de respeito, admiração e dependência. O poder se apresenta dentro das organizações através de táticas ou fontes, dependentes da maneira como os líderes influenciam seus liderados. Liderança e Gestão de Equipes36 A relação entre o poder exercido pelo líder e seus liderados reflete na cultura das organizações e pode ter consequências no comportamento das pessoas, entre elas: Obediência: ocorre de maneira voluntária, exigindo um sistema de valores comuns entre os membros da organização. Conformismo: pode der comportamental ou atitudinal. Comportamental quando o receptor do poder obedece sem uma Táticas de poder Como táticas de poder podemos citar: Razão: é a utilização de dados e fatos com o objetivo de elaborar uma apresentação lógica ou racional das ideias. Amabilidade: é fazer uso estratégico de elogios, criando um clima de boa vontade e de humildade antes de fazer um pedido. Coalizão: obter apoio e fazer uso de influências para persuadir o alvo. Afirmação: abordagem direta e vigorosa, como o pedido para aceitação sumária de alguma requisição, repetidos lembretes, ordens para o cumprimento de pedidos e citação das regras que exigem obediência. Autoridade superior: é o uso de alguma estratégia de apoio para aceitação de ideias, usando os níveis mais altos da organização. Sanções: uso de recompensas ou de punições como promessas ou ameaças em relação a salários, avaliações de desempenho ou promoções. • Robbins enfatiza que o fator dependência é o aspecto mais importante do poder. A relação de dependência ocorre quando um indivíduo possui e domina algo que outro deseja. Assim, quanto maior a dependência de uma pessoa em relação a outra, maior será o poder exercido. Liderança e Gestão de Equipes 37 internalização das normas envolvidas. Atitudinal ocorre obediência e internalização ao mesmo tempo. Poder e participação: a participação aumenta o poder daquele que o detém. Ocorre quando os detentores e os receptores do poder não são especializados no problema existente. Poder e comunicação: as disposições de poder afetam os sistemas de comunicações e vai depender da natureza dessas organizações. Percepções da autoridade: pode ser percebida de quatro maneiras diferentes: • Legítima, residindo nas regras das organizações; • Posição de um superior; • Competência pessoal; • Atributos pessoais daquele que detém o poder. Apesar do poder ter uma sensação cativante e ser motivo de disputas, também está associado a uma concepção negativa, como sendo o responsável por corromper as pessoas. Empoderamento ou “empowerment” O conceito de empresa democrática participativa fez crescer uma ferramenta de gestão chamada empoderamento, que passou a fazer parte da ideia de disseminar o poder entre os vários níveis da organização. Estes poderes estão relacionados à participação, autonomia e decisão nas atividades relativas ao funcionamento das organizações. O empoderamento ainda pode ser definido como uma maneira de dar autonomia ao pessoal para fazer mudanças no trabalho, e pode ser incorporado em diferentes graus de envolvimento. A aplicação do empoderamento torna democrático o poder e o controle, de modo a flexibilizar e agilizar os processos internos, deixando Liderança e Gestão de Equipes38 o poder concentrado nas mãos dos colaboradores, esperando como retorno maior comprometimento e motivação. Com colaboradores mais motivados, a organização pode aumentar sua amplitude administrativa e reduzir a hierarquia e o quadro de funcionários (enxugamento). E tendo como consequência positiva uma maior produtividade e redução de custos, gerando maior posicionamento estratégico. A redução da hierarquia e do quadro de funcionários também pode ser chamada de downsizing. O empoderamento parte do princípio que é positivo dar poder, liberdade e informação às pessoas para que tomem decisões e participem ativamente da organização, criando um clima de confiança. Segundo Chiavenato, o empowerment possui quatro bases: Poder: dar poder às pessoas, delegando autoridade e responsabilidade em todos os níveis da organização. Motivação: proporcionar motivação às pessoas para incentivá-las continuamente. Desenvolvimento: dar recursos às pessoas em termos de capacitação e desenvolvimento pessoal e profissional. Liderança: proporcionar liderança na organização. Quando as pessoas se sentem motivadas produzem mais, pois vêem que seu trabalho está sendo reconhecido e recompensado, este fator pode determinar o bom andamento das atividades. Dentro de uma organização, quando é dada às pessoas a autoridade para tomar decisões, está sendo ampliada sua capacidade avaliativa e Liderança e Gestão de Equipes 39 sua velocidade de raciocínio e análise, o que leva ao desenvolvimento do indivíduo tanto como profissional quanto como pessoa. É uma ferramenta de gestão de pessoas que tem como papel promover a vantagem competitiva, bem como otimizar a execução dos processos, promovendo um clima estável entre líderes e colaboradores. A maior participação dos colaboradores faz com que os mesmo se tornem mais comprometidos com as atividades e contribuam para as decisões estratégicas da empresa. Todo esse empenho tem como resultados melhorias no sistema organizacional, aumento da produtividade, redução de custos e aumento da qualidade e o mais importante de tudo, valoriza o capital intelectual (humano). Empoderamento e a alto desempenho organizacional A cultura e a estrutura de uma organização estão intimamente relacionadas e se caracterizam por um conjunto de normas e regras que direcionam a conduta de seus colaboradores. A cultura organizacional é única para cada empresa, funcionando como uma identidade empresarial e é o que vai unir as relações sociais. A proatividade é um item essencial para as empresas focadas no atual mercado competitivo, contudo, uma estrutura rígida ligada à princípios mecânicos, não permite que as equipes se antecipem à estas mudanças de mercado. Porém, a mudança no direcionamento do processo precisa acontecer de forma consciente, focando principalmente nas pessoas, pois são elas que promoverão as transformações e levarão à organização a patamares mais elevados. A aposta atual, como já dissemos anteriormente, é garantir a sustentabilidade das empresas treinando equipes para resolverem seus Liderança e Gestão de Equipes40 próprios problemas e se autogerirem, de forma a criar e recriar processos e maneiras de trabalho. • Equipes são constituídas por grupos de pessoas com habilidades complementares, que realizam trabalhos interdependentes, porém comprometidas com um objetivo comum e coletivamente responsáveis pelos resultados. Podemos dizer que as equipes mais eficazes são aquelas que têm confiança nelas mesmas e que acreditam que alcançarão o sucesso. Entretanto, para alcançar este patamar de confiança é preciso a implementação de uma cultura de delegação de poder e autoridade, que dá permissão às equipes se desenvolverem e agregarem valor real à organização. Afirmamos, então, que a tríplice formada por equipes de trabalhos, empoderamento e alto desempenho estão intimamente relacionados, e juntos possuem subsídios necessáriospara o desenvolvimento de uma cultura organizacional com base em altos padrões de excelência. A aposta no empoderamento pode transformar uma empresa média em uma organização de alto nível de qualidade. O empoderamento dentro de uma organização pode ser usado como ferramenta de inserção de valores como respeito, confiança e aceitação de erros, fundamentado em uma nova postura gerencial que atribui às equipes maior poder e autonomia. Aos componentes das equipes é dada a oportunidade de desenvolvimento de suas aptidões, e de colocar em prática novos processos e formas de trabalho, gerando um ambiente propício para o desenvolvimento de equipes de alto desempenho. A partir das colocações acima podemos afirmar que o alto desempenho organizacional está relacionado com empresas que Liderança e Gestão de Equipes 41 empoderam seu colaboradores estimulando liberdade, criatividade, inovação, respeito, colaboração, transparência e delegação de autoridade. Outro modo de aplicação do empoderamento dentro das organizações é através de um programa de intra-empreendedores ou empreendedores internos, desenvolvendo um ambiente criativo e inovador, com o intra-empreendedor sendo responsável pela criação de inovações dentro da organização. • “intrapreneur” em inglês ou intra-empreendedor é um inventor ou criador que sabe como transformar uma ideia em uma realidade lucrativa. Para entender um pouco mais sobre Liderança e poder, acesse: https://bit.ly/2EfHamF (Acesso em 11/01/2020). RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que dentro das organizações, o poder sempre foi usado como ferramenta para elevar a eficiência e a eficácia das atividades, sob perspectivas democráticas e autocráticas, pois dentro de uma filosofia política, o controle e a limitação da liberdade do indivíduo são necessários para que equipes possam alcançar seus objetivos de forma coesa e harmônica. Podemos descrever cinco tipos diferentes de poder: coercitivo, de recompensa, legitimado, de competência, de referência e de informação. Em termos de características pessoais podemos citar o poder como: poder do talento e do carisma. Como táticas de poder podemos citar: razão, amabilidade, coalizão, afirmação, autoridade superior e sanções. A relação entre o poder exercido pelo líder e seus liderados reflete na cultura das organizações e pode ter consequências no comportamento das pessoas, entre elas: obediência, conformismo, poder e participação, poder e comunicação. Liderança e Gestão de Equipes42 RESUMINDO (continuação): e percepções da autoridade. O empoderamento parte do princípio que é positivo dar poder, liberdade e informação às pessoas para que tomem decisões e participem ativamente da organização, criando um clima de confiança, e possui quatro bases: poder, motivação, desenvolvimento e liderança Liderança e Gestão de Equipes 43 Inteligência emocional INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que é inteligência emocional e como esta característica vem mudando a liderança nas empresas. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Introdução Muito já foi falado sobre inteligência emocional, mas você sabe o que significa e como aplicar em organizações? Bem, vamos começar pela definição, inteligência emocional é a capacidade de um indivíduo em identificar seus próprios sentimentos e os dos outros, se motivar e gerir suas emoções internas e seus relacionamentos. Por tudo o que falamos até o momento, podemos afirmar, então que reconhecer e gerenciar nossas próprias emoções são fatores essenciais para quem busca uma verdadeira realização na vida. Figura 4: Inteligência emocional Fonte: Freepik Liderança e Gestão de Equipes44 O avanço tecnológico levou pesquisadores a descobrir que tipos diferentes de emoções (felicidade, raiva, amor, medo, tristeza,...) liberam hormônios que levam ao aumento dos batimentos cardíacos e provocam mudanças fisiológicas, psicológicas e orgânicas, tendo como consequência diferentes tipos de respostas. O gerenciamento das emoções ocorre de maneira racional e emocional, sendo a racional, uma mente consciente, capaz de ponderar e refletir. O gerenciamento emocional é mais impulsivo, porém quanto mais forte for o sentimento, mais operante o emocional se tornará. Na maior parte do tempo existe um equilíbrio entre os dois, mas na ocorrência de estímulos emocionais, a mente emocional vai se sobrepor à racional. Goleman diz que ocorre um sequestro emocional, e ele ocorre antes que a mente racional perceba o que está acontecendo, de modo que ficamos incapazes de decidir se a melhor resposta foi dada naquele momento. Nossa emoção possui uma mente própria e age de maneira independente inundando a mente racional de emoções. Uma maneira de impedir que isto aconteça é: PENSAR ANTES DE AGIR. Nossas decisões são conduzidas pelas emoções podendo nos capacitar ou incapacitar, tendo o cérebro como administrador, com exceção dos momentos em que ocorre sequestro emocional. Portanto, o equilíbrio entre as duas mentes leva ao aumento da inteligência emocional e da capacidade intelectual. EXEMPLO: Podemos dizer que houve sequestro emocional em situações em que saímos do sério, explodimos, e quando voltamos à razão, paramos para pensar que a resposta dada foi imprópria. Este equilíbrio emoção-razão também se encaixa no universo do empreendedorismo, porque quando falamos no desenvolvimento de Liderança e Gestão de Equipes 45 uma empresa, somente conhecimentos técnicos não são suficientes. É preciso saber lidar com pessoas e emoções. Definindo inteligência emocional Historicamente, a inteligência de um indivíduo sempre foi medida através de medidas do Quociente de Inteligência (QI), e até bem pouco tempo o mesmo era usado para medir o índice de capacidade essencialmente intelectual das pessoas, definindo a competência cognitiva e a habilidade intelectual. Contudo, voltando mais no tempo podemos ver que Charles Darwin foi o primeiro a designar a inteligência emocional (ou seja, os aspectos não cognitivos) como sendo de suma importância para a sobrevivência e adaptação das espécies. Embora, saibamos que os aspectos cognitivos como resolução de problemas e memória sejam essenciais para o desenvolvimento dos indivíduos. Atualmente sabemos que QI e inteligência emocional não são capacidades oposta, mas sim distintas. A dificuldade em se medir a capacidade emocional das pessoas está na ausência de um teste com lápis e papel que produza uma “contagem emocional”, como existe para os testes de inteligência. Todos os testes desenvolvidos até hoje possuem avaliações subjetivas sobre o comportamento, não dando real medida sobre as emoções. Alguns pesquisadores têm se esforçado em caracterizar e comparar as pessoas pelo seu intelecto e aptidões emocionais. EXEMPLO: Jack Block (Universidade da Califórnia) fez uma comparação entre os dois tipos de indivíduos teóricos puros, pessoas de QI alto versus pessoas com altas aptidões emocionais: O Tipo I (QI alto puro, separado da inteligência emocional) é basicamente uma caricatura do ser intelectual, isto é, domina a mente, porém é emocionalmente Liderança e Gestão de Equipes46 incapaz. O homem tipo I é ambicioso, produtivo, previsível, obstinado, condescendente, pouco a vontade com a sexualidade, inexpressivo, desligado e, claro, emocionalmente frio. Do contrário, homens com alta inteligência emocional são socialmente equilibrados, comunicativos, animados, não inclinados a receios ou ruminações preocupadas, têm grande capacidade de engajamento com pessoas, visão ética, solidariedade e atenção em seus relacionamentos, enfim, têm uma emocional rica ecorreta, sentindo-se a vontade consigo mesmo, com os outros e com seu universo social. Homens e mulheres possuem perfis ligeiramente diferentes. Mulheres de QI alto puro têm confiança intelectual, são fluentes em expressar ideias, introspectivas, com tendência à ansiedade, ruminação e culpa, hesitando em expressar sua raiva abertamente e valorizando questões intelectuais e estéticas. Do contrário, as mulheres emocionalmente inteligentes têm tendência mais assertiva e expressam suas ideias de modo direto, sentem-se positivas em relação a si mesmas e veem sentido na própria vida. E ainda, são brincalhonas, espontâneas e abertas às experiências sexuais, raramente sentem ansiedade ou culpa, e não mergulham em ruminações. Podemos então sugerir que a inteligência emocional nos capacita a controlar nossos impulsos, nos permitindo aguardar pela satisfação de nossos desejos, impedindo que a ansiedade interfira na capacidade de raciocinar, nos dando empatia e autoconfiança ao lidar com frustrações e controlando nossas emoções. O desenvolvimento da aptidão emocional é vantajoso em qualquer setor da vida das pessoas, passando a ser um requisito básico para a aquisição de qualquer outra habilidade. Indivíduos desenvolvidos emocionalmente se sentem mais realizados e são mais eficientes, de Liderança e Gestão de Equipes 47 modo a favorecer sua produtividade, do contrário, os indivíduos sabotam suas próprias capacidades. O sucesso nas relações está em conhecer as próprias emoções e em reconhecer os sinais emocionais nos outros. Com esforço, estas as aptidões emocionais podem ser aprimoradas. Segundo Goleman, as aptidões emocionais podem ser categorizadas em cinco habilidades: 1. Autoconhecimento ou autoconsciência: a pedra fundamental da inteligência emocional é o reconhecimento de um sentimento assim que ele ocorre. Quanto ao conhecer-a-ti-mesmo as pessoas podem sem: Autoconscientes: tomam consciência do seu estado de espírito no momento em que os sentimentos ocorrem, mostrando uma certa “sofisticação” em relação a sua vida emocional. A clareza de suas emoções reforça traços como autonomia e segurança de seus limites, boa saúde psicológica e tendência a ter uma perspectiva positiva sobre a vida. Em momentos de estado de espírito negativo, não ruminam, nem ficam obcecadas, saindo deste estado mais rápido. Sua vigilância ajuda a controlar suas emoções. Mergulhadas: são pessoas que “mergulham” em suas próprias emoções e não conseguem escapar delas, como se o controle tivesse sido assumido pelo estado de espírito. São pessoas instáveis e sem muita consciência dos próprios sentimentos, ao invés de terem alguma perspectiva, se perdem dentro deles. Como consequência, não fazem muita coisa para escapar deste estado, chegando a pensar que não Liderança e Gestão de Equipes48 possuem controle sobre sua vida emocional. Tem o sentimento de descontrole e esmagamento emocional. Resignadas: São pessoas que veem com clareza o que estão fazendo, porém aceitam seu estado de espírito sem tentam mudá-lo. Podem ser divididas em dois ramos: aqueles que, geralmente, estão em bom estado de espírito e por isso, não se motivam a mudá-lo e aqueles que, apesar de verem em qual estado se encontram, são susceptíveis aos maus sentimentos e, apesar da aflição que sentem, não fazem nada para mudá-los. 2. Lidar com emoções: É uma aptidão que se desenvolve na autoconsciência. Por exemplo: em casos de ansiedade, pegar os episódios preocupantes o mais perto possível do início, quando o ciclo preocupação-ansiedade é disparado. Identificando as preocupações em um ponto cada vez mais perto do início da espiral da ansiedade é possível aplicar métodos de relaxamento, que podem ser praticados diariamente. 3. Motivar-se: Por as emoções a serviço de uma meta é essencial para a automotivação e para a criatividade. Nossas emoções podem aumentar nossa capacidade de pensar e fazer planos, assim como podem atrapalhar, na medida em que somos motivados por sentimentos de entusiasmo e prazer no que fazemos, os mesmos nos levam à conquista do objetivo. 4. Reconhecer emoções nos outros (empatia): A empatia é alimentada pela autoconsciência, portanto quanto mais abertos estamos para nossas emoções, mais hábeis seremos na leitura de sentimentos. A capacidade de sentir empatia entra em jogo numa vasta gama de áreas da vida, desde vendas e administração até namoro e paternidade, piedade e ação política. 5. 5Lidar com relacionamentos (capacidade interpessoal): São competências sociais que representam eficácia nas relações com os outros, os déficits nesta área conduzem à inépcia no mundo social, ou a repetidos desastres. Na verdade, é a falta dessas aptidões que fazem mesmo as pessoas de maior QI naufragar em seus relacionamentos, Liderança e Gestão de Equipes 49 parecendo arrogantes, nocivos ou insensíveis. Essas aptidões sociais nos permitem moldar um encontro, mobilizar e inspirar outros, vicejar em relações íntimas, convencer e influenciar, deixar os outros à vontade. Ao contrário do QI, podemos melhorar nossa inteligência emocional ao longo da vida. Depende da nossa vontade cultivar nossa inteligência emocional, necessitando apenas disponibilidade e aceitação para recompor nossos hábitos pessoais, os nossos sentimentos e nossa forma de pensar e de agir. Inteligência emocional aplicada nas empresas Assim como na vida pessoal, a vida profissional nos obriga a lidar com sentimentos e nos relacionar com outras pessoas. Ninguém é autossuficiente, em qualquer organização, as atividades nos obrigam a manter um relacionamento interpessoal, cobrando que valorizemos nossos colegas de trabalho e colaboradores. Do contrário, estamos destinados ao fracasso. Ao contrário do que se pensava antigamente, nosso sucesso profissional não depende apenas da forma como utilizamos nossa capacidade intelectual e conhecimento, mas sim como controlamos nossas emoções em benefício da organização e de nós mesmos. 90% do tempo de um executivo são usados em tarefas que obrigam o relacionamento interpessoal. Vimos anteriormente que os líderes podem ser discretos, analíticos, democráticos, autocráticos, e que diferentes situações necessitam de diferentes tipos de liderança. Contudo, podemos afirmar que os líderes Liderança e Gestão de Equipes50 mais eficazes são aqueles que possuem um alto grau de inteligência emocional. Não estamos dizendo que nossas atividades técnicas são irrelevantes, muito pelo contrário, elas importam, afinal são os requisitos básicos para o início de qualquer carreira executiva. Porém, Goleman sugere fortemente que a inteligência emocional é a condição sine qua non da liderança, pois sem ela o indivíduo pode ter a melhor formação do mundo, mas jamais será um bom líder. Grande parte das empresas, hoje em dia, contrata psicólogos experientes para desenvolverem “modelos de competência” para ajudá- los a identificar, treinar e promover os melhores líderes. • As capacidades emocionais de grandes líderes empresariais foram agrupadas em três categorias: • Habilidades puramente técnicas: contabilidade e planejamento dos negócios • Habilidades cognitivas: raciocínio analítico • Competências que demonstram inteligência emocional: capacidade de trabalhar com outras pessoas e eficácia ao liderar mudanças. Estudos mostram que a inteligência emocional passou a ter papel fundamental na medida em que as posições dentro da empresa se elevam, chegando em posições onde as habilidades técnicas passaram a ser menos relevantes do que as emocionais. Em outras palavras, quanto maior o cargo de um indivíduo dentro de uma organização, mais as capacidades de inteligência emocional estão diretamente relacionadas com sua eficácia na liderança. • A comparação entre o comportamento de pessoas em cargos de liderança de desempenho excelente e comummostrou que o desempenho excepcional era atribuído a fatores de inteligência Liderança e Gestão de Equipes 51 emocional, mais do que às habilidades puramente cognitivas. O que mostra que a inteligência emocional não apenas distingue os líderes excepcionais, mas também pode estar associada ao alto desempenho. Um líder precisa tem claro em sua mente que sua tarefa básica é conduzir a atenção de seus liderados. A boa condução requer uma percepção clara de onde, quando, por que e em direção precisamos direcionar nossa consciência. Quando um líder anuncia uma nova estratégia, sinaliza uma mudança na atenção organizacional, que as pessoas dentro de suas respectivas funções farão à sua própria maneira. Vimos que os componentes principais da inteligência emocional são autoconsciência (interna), autogestão (interna), empatia (outro), habilidades sociais (outro) e capacidade externa de analisar e interpretar o que se passa dentro de uma organização (externa). Com isso, podemos dizer que todo líder precisa desenvolver uma tríade de consciência (interna, outro e externa) de maneira abundante, porém em equilíbrio e flexibilidade. Foco interno: a autoconsciência mostra ao líder o momento em que deve ser auto-monitorar para verificar se seu modo de atenção é adequado à necessidade do momento. Foco no outro: três tipos de empatia podem ser reconhecidos em grandes líderes: A empatia cognitiva permite que um líder entenda a perspectiva da outra pessoa, permitindo ao líder expressar uma mensagem nos termos que farão mais sentido àquela pessoa, conseguindo ser mais persuasivo. A empatia emocional permite que um líder detecte imediatamente o sentimento da outra pessoa em determinado momento, permitindo que as interações tenham forte química, confiança e compreensão. A preocupação empática é quando um líder sente as Liderança e Gestão de Equipes52 necessidades daqueles que estão à sua volta, passando mais segurança para os liderados. Foco externo: quando o líder consegue olhar a empresa como um todo, é capaz de interpretar sistemas maiores de maneira a criar e resolver “nichos ecológicos” menores com melhores estratégias. Podemos então concluir que, pessoas com elevada inteligência emocional tendem a ter sucesso pessoal e profissional, e que dentro das empresas, o desenvolvimento emocional melhora o clima de confiança, eleva o autoconhecimento de cada colaborador e aumenta sua motivação no trabalho. No mundo globalizado em que vivemos, o grande desafio estratégico das empresas é obter sucesso transformando pessoas, através de novos comportamentos, da capacidade de trabalhar em equipe e de se relacionar com outros. Para saber mais sobre Inteligência Emocional aplicado à liderança, indico a leitura do livro Liderança: a inteligência emocional na formação do líder de sucesso, de Daniel Goleman. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido a inteligência de um indivíduo sempre foi medida através de medidas do Quociente de Inteligência (QI), e até bem pouco tempo o mesmo era usado para medir o índice de capacidade essencialmente intelectual das pessoas, definindo a competência cognitiva e a habilidade intelectual. Atualmente sabemos que QI e inteligência emocional não são capacidades oposta, mas sim distintas, porém todos os testes desenvolvidos até hoje possuem avaliações subjetivas sobre o comportamento, não dando real medida sobre as emoções, mas sabe-se que indivíduos desenvolvidos Liderança e Gestão de Equipes 53 RESUMINDO (continuação): emocionalmente se sentem mais realizados e são mais eficientes, de modo a favorecer sua produtividade, do contrário, os indivíduos sabotam suas próprias capacidades. Segundo Goleman, as aptidões emocionais podem ser categorizadas em cinco habilidades: autoconhecimento, lidar com emoções, motivar-se, empatia e lidar com relacionamentos. Ao contrário do que se pensava antigamente, nosso sucesso profissional não depende apenas da forma como utilizamos nossa capacidade intelectual e conhecimento, mas sim como controlamos nossas emoções em benefício da organização e de nós mesmos. Liderança e Gestão de Equipes54 REFERÊNCIAS Blog Qualidade Simples, 2016. 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ISBN 978-85-8271- 085-2 Carolina Galvão Sarzedas Liderança e Gestão de Equipes Liderança de equipes: o papel do líder Introdução O papel do líder Tipos de liderança Equipes de alto desempenho Introdução Características de equipes de alto desempenho Coesão Envolvimento psicológico Afinidade e confiança Compreensão das interdependências Auto-regulação Fatores críticos para o desempenho Administração rumo ao alto desempenho Equipes ou grupos executivos Equipes ou grupos consultivos Desenvolvimento de equipes Ouvir e falar Conhecimento mútuo Criação de uma identidade para o grupo Criação de clima de abertura intelectual Problemas em equipes de alto desempenho Poder organizacional e “Empoderamento” Introdução Poder organizacional Tipos de poder Táticas de poder Empoderamento ou “empowerment” Empoderamento ea alto desempenho organizacional Inteligência emocional Introdução Definindo inteligência emocional Inteligência emocional aplicada nas empresas