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1 COMUNICAÇÃO E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 4 2. CONCEITO COACHING 6 3. EQUIPES DE ALTA PERFORMANCE 9 3.1 Aplicação do Coaching em Equipes 11 4. A IMPORTÂNCIA DAS EMOÇÕES PARA O COMPROMETIMENTO E ENGAJAMENTO 16 4.1 Comunicação Para Geração de Comprometimento e Engajamento 17 5. PROBLEMAS OCASIONADOS PELO DESPREPARO EMOCIONAL 23 6. TREINANDO AS EMOÇÕES 24 6.1 Controle Emocional nas Soluções de Conflitos 24 6.2 Habilidades Emocionais Necessárias ao Futuro Líder 26 6.3 A Relação entre a Inteligência Emocional e os estilos de Liderança 28 6.4 Características das Diferentes Gerações 29 7. ESTRATÉGIAS NO DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇAS 33 8. FEEDBACK 37 9. INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 41 9.1 A Origem da Inteligência Emocional 41 9.2 O que é Emoção? 42 9.3 Definição de Inteligência Emocional 44 10. LÍDERES COM INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 47 10.1 Competências de um Líder com Inteligência Emocional 48 11. INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES 49 CONCLUSÃO 52 REFERÊNCIAS 54 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 1. INTRODUÇÃO No decorrer do último século, as mudanças no trabalho e no âmbito organizacional se tornaram constantes. O desempenho organizacional está intimamente relacionado ao desempenho individual e coletivo, assim como a sobrevivência e o sucesso das organizações dependem fortemente das competências dos indivíduos. Conforme McClelland (1973, apud FLEURY e FLEURY, 2001), as competências abrangem um conjunto de saberes necessários, ao longo do tempo, para o exercício de uma profissão e se baseiam em três dimensões: conhecimentos, habilidades e atitudes. Esse cenário favoreceu o surgimento de novas ferramentas, dentre as quais o coaching vem recebendo destaque. De acordo com Krausz (2007), o coaching auxilia a ajustar competências e a orientar quais devem ser cultivadas, aperfeiçoadas ou estimuladas. Também desenvolve pessoas e as prepara para as constantes modificações do ambiente coorporativo. Segundo a autora, essa metodologia consiste em um processo de desenvolvimento pessoal e profissional, com foco no presente e no futuro, que auxilia o indivíduo a atingir seus objetivos por meio da identificação, do entendimento e do aprimoramento de suas competências. O coach, profissional responsável por conduzir o processo, auxilia o cliente, o “couchee”, atingir o máximo 5 do seu potencial, incentivando-o na busca dos resultados e ensinando-o a aprender com seus próprios recursos e limites. No contexto empresarial, o coaching organizacional representa um meio de trabalhar com pessoas e torná-las mais competentes e mais realizadas. Dessa forma, segundo Flaherty (1999), os indivíduos se tornam capazes de contribuir de maneira mais intensa para suas organizações e de encontrar significado no que fazem. De modo bem similar, Chiavenato (2002) coloca que o coaching, dentro da organização, consiste em um relacionamento que gera novos conhecimentos, habilidades e atitudes e agrega valor à organização. De acordo com Ferreira (2008), as discussões acerca da contribuição do coaching para o desenvolvimento de executivos ainda apresentam informações imprecisas e incipientes. Da mesma forma, percebe-se que o coaching é um tema que recebe pouca atenção no que diz respeito a pesquisas científicas. Nota-se, portanto, a necessidade de iniciativas que busquem aprofundar as questões sobre o assunto. Esses conhecimentos podem auxiliar no processo de seleção de alternativas que contribuam de maneira mais consistente com o desenvolvimento de executivos. Os líderes que participaram de coaching trazem dados importantes para verificar as contribuições do processo para o indivíduo e para a organização. Isso significa que analisar executivos, gestores de organizações, que tenham participado de processos de coaching, permite identificar os principais benefícios para o seu desempenho e atuação. Assim, é possível identificar uma oportunidade de análise que parte do indivíduo e de suas ações, para os impactos causados sobre o ambiente. Destaca-se, como objetivo geral deste estudo, a necessidade de identificar e analisar a contribuição do coaching para o indivíduo e para a organização. Para que isso seja possível, é importante determinar as competências individuais desenvolvidas a partir do coaching, compreender como ocorreram a busca e o processo realizado, além de identificar e avaliar os resultados e as aprendizagens obtidas. 6 2. CONCEITO COACHING Figura 1 Coaching é uma forma de desenvolvimento na qual alguém denominado coach (“treinador”, em inglês), ajuda um aprendiz ou cliente a adquirir um objetivo pessoal ou profissional específico através de treinamento e orientação. O aprendiz é por vezes denominado coachee. Ocasionalmente, coaching pode significar uma relação informal entre duas pessoas, uma das quais mais experiente que a outra, que a ajuda e orienta, enquanto a outra aprende; o coaching difere de mentoring por se focar em tarefas ou objetivos específicos, por oposição a objetivos mais gerais, ou o desenvolvimento como um todo. A palavra inglesa coach tem a sua origem entre os séculos XV e XVI, na cidade húngara de Kocs, onde foi desenvolvida uma carruagem coberta, conhecida como Koczi. O veículo foi idealizado para proteger seus habitantes das intempéries regionais ao serem transportados de um lugar para outro. Essa palavra, ao longo da história, foi se transformando à medida que era pronunciada em línguas diferentes. Foi na Inglaterra, conforme Chiavenato (2002), na década de 70, que o coaching passou a ser associado exclusivamente aos esportes. Nessa época, todo atleta ou equipe esportiva era guiada por um coach, um treinador responsável por desenvolver os esportistas. Para Krausz (2007), coaching é um processo de desenvolvimento pessoal e profissional, com foco no presente e no futuro, que auxilia uma pessoa ou um grupo de pessoas a atingirem seus objetivos por meio da identificação, do entendimento e do aprimoramento de suas competências. O coach, profissional responsável por 7 conduzir o processo, auxilia o cliente, o couchee, a atingir o máximo do seu potencial, incentivando-o na busca dos resultados e ensinando-o a aprender com seus próprios recursos e limites. A técnica visa a auxiliar no estabelecimento de metas de maneira organizada para o alcance de um determinado objetivo. O coach, inicialmente, realiza uma avaliação detalhada da situação atual do cliente e, então, orienta a elaboração de um plano de ação com objetivos e metas tangíveis, que possam ser monitoradas no processo. Coaching, dessa forma, representa foco, ação, resultado e melhoriacontínua de acordo com o Behavioral Coaching Institute (2011). Castellani (2007) afirma que o coaching tem como objetivo capacitar as pessoas na sua autorrealização a partir do alcance de suas metas, alinhando-as para uma vida equilibrada com seus valores, missão e propósito. Conforme o autor, as metas são trabalhadas levando-se em consideração aspectos pessoais e profissionais. O coach, assim, auxilia o coachee não apenas na definição das metas, mas na estratégia para atingir os resultados almejados e também na superação dos desafios. Além disso, o processo é realizado a partir do foco escolhido, na vida pessoal ou na profissional. O coaching, como um processo continuado e planejado de aperfeiçoamento e superação profissional, é baseado especialmente na aprendizagem-ação e na maiêutica - uma das formas pedagógicas do processo socrático, que consiste em multiplicar as perguntas a fim de obter, por indução dos casos particulares e concretos, um conceito geral do objeto em estudo – consoante Chiavenato (2002). No mesmo sentido, para Rego (2007), no âmbito de um relacionamento de parceria e de influência mútua, o coach apoia o coachee na definição e na concretização de objetivos profissionais. Assim, utiliza as atividades do cliente como situações de aprendizagem para melhorar a auto eficácia, o desempenho, o desenvolvimento, a autoconfiança e a realização pessoal, bem como seu valor para a organização e o mercado de trabalho. A essência do coaching consiste em ajudar o indivíduo a resolver problemas e a transformar o aprendizado em resultados positivos. Conforme O’Neill (2001), o aprendizado individual é ampliado para o grupo de trabalho e, então, para a coletividade organizacional. Um coach possui qualificação para auxiliar as pessoas a 8 expandirem suas competências, partindo de um posicionamento a outro, sustentado por princípios e valores. De acordo com Lages e O’Connor (2008), existem diversos tipos de coaching. No entanto, as técnicas utilizadas, assim como o processo, são os mesmos. O que ocorre é que, dependendo da necessidade de cada indivíduo, o trabalho recebe foco diferente. Um coach pode se especializar em uma ou várias áreas, e, em alguns casos, é necessário associar dois tipos de coaching. 9 3. EQUIPES DE ALTA PERFORMANCE Figura 2 Inicialmente, é preciso definir o que é performance. A palavra performance vem do verbo em inglês “toperform” que significa realizar, completar, executar ou efetivar. Segundo o autor John Whitmore (2008), performance é a execução das funções exigidas de uma pessoa. A verdadeira performance é ir além do que é esperado, é superaras supostas expectativas, estabelecer os mais altos padrões pessoais. Dyer et al. (2011, p. 23) conceituam equipe de alta performance como sendo equipes “compostas de membros cujas habilidades, atitudes e competências lhes permitem atingir as metas da equipe”. Nestas equipes seus membros tomam decisões diante das metas definidas, comunicam-se com precisão, sabem administrar os conflitos e solucionar problemas em um ambiente de incentivo e confiança para atingir seus próprios objetivos. Dyer etal. (2011, p. 23) ainda ressaltam que “os membros desta equipe estão cientes de suas próprias forças e fraquezas e têm a capacidade de mudar quando necessário para melhorar o desempenho de todo o grupo” Equipes de alta performance ultrapassam fronteiras tradicionais através dos resultados alcançados. As expectativas dos membros destas equipes são elevadas, e promovem estímulos motivadores para o alcance da alta performance. Por exigir alto desempenho, seus integrantes procuram desenvolver e potencializar competências, habilidades e atitudes que se alinham aos objetivos da equipe. “As condições ambientais e a ausência de muitos recursos podem afetar o desempenho, 10 porém, uma equipe de alta performance supera todas as dificuldades ambientais” (TONET et al., p. 72, 2009). É preciso que cada pessoa tenha total domínio de si e manifeste as características que a leve a ser considerada um indivíduo de alta performance. Que consiga identificar suas potencialidades e limitações a ponto de desenvolvê-las quando necessário. A metodologia de coaching é, portanto, um estilo de gerenciamento essencial para a otimização do potencial e o desenvolvimento de pessoas para que se obtenha uma excelente performance. Para que um grupo se transforme em uma equipe de alta performance é necessário desenvolvê-los para evoluir e passara prestar atenção à sua própria forma de agir no processo diário com total consciência das interdependências das funções e para a resolução rápida e sensata dos problemas que abrangem todo um sistema. Uma equipe de alta performance é aquela que dispõe de uma riqueza de diversidade e multiplicidade, usando o melhor de cada um; que demonstra elevada competência e alto grau de comprometimento e responsabilidade. São pessoas alinhadas estrategicamente para cumprir a missão da organização em que estão inseridos os seus valores e a sua visão de futuro, o que os levará ao alcance dos objetivos comuns. Líderes devem estar preparados para desenvolver pessoas e transformar um grupo “comum” em uma Equipe de Alta Performance para que obtenham um melhor desempenho e por consequência, resultados extraordinários. Esta preparação fará com que o líder se alterne entre líder coach – aquele que potencializa pontos positivos de seus liderados e desenvolve os pontos negativos; e professor – que ensina e mostra aos outros know-how que representa o melhor que ele tem dentro dele. É imprescindível, por exemplo, que o líder reconheça quais são as características de pessoas de alta performance, para que possa se autodesenvolver, dedicar-se a evoluir naquilo que ainda não se manifesta em seu comportamento, desta maneira fica muito mais fácil identificar e desenvolver tais características em seus liderados. 11 3.1 Aplicação do Coaching em Equipes A ideia central da aplicação de coaching para o aumento da performance é que se desenvolva, como primeiro passo, a consciência das mudanças necessárias e se aplique, por meio das ações estipuladas, novos métodos para novos resultados. Através do Coaching, podem ser desenvolvidas competências emocionais e comportamentais direcionadas ao alcance de metas e objetivos, obtendo desta forma, resultados extraordinários em um curto espaço de tempo. Para isso o Coach deverá conhecer o ambiente, os conflitos e estar preparado para oferecer apoio aos liderados, ajudando-os a encontrar soluções eficazes com seus próprios recursos internos. Araújo (1999, p. 25) define coaching como “um processo que ativa as redes de cooperação, possibilitando que o capital humano (intelectual, emocional, energético) circule livremente dentro das organizações (escola, empresa) ”. Segundo a autora coaching é uma grande ferramenta para lidar com diferenças entre os membros da equipe usando o máximo possível do melhor de cada um a favor da equipe. Coaching aplicado a equipes aumentará a produtividade e a performance iniciando pelo autoconhecimento, o que faz com que o Coach tenha mais recursos para avaliar atitudes de cada integrante da equipe sob a ótica de seus padrões mentais, suas crenças, valores e se necessário, conduzi-los a modificá-los para que a transformação proporcione sucesso organizacional. Muitas são as ferramentas de coaching que podem ser utilizadas, cabe a análise sistemática para escolher a que terá melhor desempenho no processo momentâneo. O Processo resume-se em conscientizar a equipe do que precisa ser desenvolvido, depois determinar melhores ações para novos resultados e, então, manter a equipe no foco das mudanças propostas com melhoria contínua para obtenção dos resultados desejados. Neste sentidoé pertinente que se destaque dois grandes aliados que podem ser utilizados para que ocorra o aumento da performance e se massifiquem resultados em um processo de coaching: a motivação e o aprendizado. 12 Vejamos cada um deles: a) Motivação Para Whitmore (2006, p. 109), “o segredo da motivação é o Santo Graal que todos os líderes amariam descobrir. Os motivadores externos estão se tornando cada vez menos eficazes. Alguns gerentes duvidam de que a livre automotivação seria mais eficiente, mas forçar alguém a se motivar seria uma contradição”. Desenvolver pessoas é um grande desafio. Conforme Gil (2001), a Gestão de Pessoas ganhou destaque e importância a partir da década de 1980, momento em que também passou a enfrentar desafios de ordem ambiental e organizacional. Segundo ele, isso se deve a alguns fatores relevantes, tais como: a globalização da economia, a evolução das comunicações, o desenvolvimento tecnológico e a competitividade. Desde então, os gestores de pessoas passaram a buscar constantemente ampliação de conhecimento e ferramentas que potencializem a motivação das equipes para o desenvolvimento de novos hábitos. E, na sequência treinar este grupo para adquirir novas habilidades e desta forma conseguir aumentar sua performance. Frequentemente as organizações discutem sobre motivação, muitas vezes trazendo debates controversos, devido ao fato de que algumas organizações ainda não estão convencidas de que o capital humano deve ter um tratamento específico e diferenciado dos processos metódicos e exatos. A motivação indiscutivelmente é algo que vem de dentro, é preciso adotar atitudes que busquem acioná-la diariamente. Como nem todas as pessoas têm consciência disso, o papel do líder é primordial nesta descoberta. Patterson et al. (2014, p. 19) informa que pesquisas recentes da psicologia e medicina, no laboratório “Mude tudo o que quiser”, em Wasatch de Utah nos Estados Unidos, comprovam que as mudanças não ocorrem somente pela motivação, é preciso fazer uma análise das fontes de influência que podem estar trabalhando contra ou a favor de um indivíduo, porém, a motivação tem um papel imprescindível em nossas escolhas. Sabe-se também que para treinar novas habilidades é preciso que de alguma forma este indivíduo esteja motivado. São fatores que se completam. 13 A relevância da inteligência emocional na comunicação de líderes para o desenvolvimento e engajamento dos empregados. A Inteligência Emocional (IE) vem sendo reconhecida nos últimos anos como importante aspecto para o sucesso tanto na vida pessoal como na vida profissional. As emoções têm grande poder sobre o entendimento, pensamentos, decisões e ações das pessoas. Quem é emocionalmente inteligente é capaz de entender e lidar com seus próprios sentimentos, além de identificar e interpretar os dos outros. Além disso, a IE possibilita a compreensão das emoções, nos ajudando a reconhecê-las e administrá-las. Dessa forma, somos capazes de controlar e verbalizar o que sentimos, utilizando uma forma racional para expressar o emocional. Quando trabalhada em conjunto com técnicas de comunicação, de forma a fazer com que a Inteligência Emocional seja revelada, abre-se espaço para o diálogo, discussão construtiva e não agressiva dos sentimentos e emoções. Com as habilidades que a IE promove, líderes emocionalmente inteligentes têm a capacidade de construir um senso de propósito que, comunicado de forma clara, permite engajar e desenvolver sua equipe, assim bem como ajudar cada membro a atingir os objetivos que consideram importantes. O presente artigo busca entender como a Inteligência Emocional é essencial para que a haja comunicação clara e efetiva entre líderes e empregados, resultando em maior comprometimento, engajamento e desenvolvimento da equipe. Inteligência emocional como base para a comunicação O ponto de partida para desenvolvimento de IE é a autoconsciência, referente à personalidade, habilidades, qualidades, emoções e comportamentos. Para isso, é preciso estar consciente de si próprio e também compreender o impacto que essas características podem causar nas pessoas ao redor. A boa autoconsciência inclui conhecer seus pontos fortes e fracos – os comportamentos nos quais você tem talento e aqueles que precisa desenvolver para se tornar eficaz. Conhecer seus pontos fortes e fracos pode ser um grande passo rumo à confiança pessoal e a comunicação eficaz (WALTON, 2014, p. 52). O nível de autoconsciência é compatível com o nível de autoconfiança que o indivíduo possui e está relacionado à sua personalidade e emoções. A falta de 14 confiança retrata sentimentos frágeis e incertos, o que impactará na forma como a comunicação é desenvolvida, de forma inconsistente e insegura. O autocontrole e a autoconsciência abrem portas para que as pessoas possam analisar a si, suas atitudes e ações, dando espaço para a escuta ativa. GOLEMAN (2012, p.300) reforça a importância dessas aptidões quando afirma que “a capacidade de pôr de lado nosso foco e impulsos autocêntricos tem vantagens sociais: abre caminho para a empatia, para ouvir de fato, para adotar a perspectiva de outra pessoa”. No caso dos líderes, aqueles que possuem autoconsciência permitem que a comunicação flua, entendendo que seus liderados sentem a necessidade de serem ouvidos. Segundo pesquisa realizada com especialistas em comunicação, existe “uma sensibilidade para comunicação de caráter mais relacional com os empregados” (MANSI, 2014, p. 120). Uma vez que a liderança estabelece diálogo aberto com sua equipe e presta atenção em como os membros se sentem, desperta outro aspecto essencial da Inteligência Emocional para que haja comunicação efetiva entre líderes e empregados: empatia. Definida pela sensibilidade social de compreender os sentimentos alheios, a empatia é sustentada pelo autocontrole, pois não há como reconhecer sentimentos em outrem se não sabemos identificar os nossos próprios. A empatia depende de um esforço da atenção: entrar em sintonia com os sentimentos de alguém exige que assimilemos os sinais faciais, vocais e outros indícios de suas emoções (GOLEMAN, 2014, p. 104). Não basta apenas que o líder “ouça” frente ao computador, relatórios ou demais rotinas. Escuta ativa exige a atuação de, pelo menos, duas pessoas. “Nosso nível de presença nas relações constrói confiança. O oposto também é verdadeiro: nossa ausência diminui a capacidade de confiarem no que falamos e fazemos” (CHÉR, 2016, p. 48). A linguagem corporal exerce um papel crítico nas relações interpessoais, uma vez que representa 55%da forma como as pessoas se comunicam, ante a 38% do tom de voz e 7% das palavras especificamente (WALTON, 2014). Para GOLEMAN (2012, p. 118), “a chave para que possamos entender os sentimentos dos outros está 15 na nossa capacidade de interpretar canais não verbais: o tom de voz, expressão facial e outros sinais”. A empatia também proporciona a capacidade de resolver conflitos. Para isso, o líder deve usufruir da comunicação como ferramenta para que a ansiedade, desavenças e outras questões sejam postas às claras, não deixando que provoquem insatisfações na equipe e acumulações de sentimentos negativos. As habilidades interpessoais possibilitam a ligação com outras pessoas, facilitam na interpretação das emoções e permite acessar os sentimentos de terceiros utilizando comunicação compatível. A essência da liderança contempla a ação de direcionar a equipe para que todos possam caminhar juntos rumo a uma meta em comum. “Liderar não é dominar, mas sim, a arte de convencer as pessoas a trabalharem com vistas a um objetivo em comum” (GOLEMAN, 2012, p. 133). Para construir relacionamentos construtivos e positivos é necessário que o líder saiba se comunicar com eficácia, inspirando sua equipe. É importante que o lídertransmita confiança à sua equipe referente ao que diz. Dessa forma, os liderados estarão confiantes de que a meta a ser seguida trará benefícios a todos, tantos profissionais quanto pessoais. Deve ressaltar que o trabalho de cada um é importante para que os objetivos macros das organizações sejam atingidos. Com isso, é necessário que a liderança conheça sua equipe, saiba os objetivos de vida e o que inspira cada indivíduo, para conectar as emoções existentes à meta organizacional a atingir. A melhor forma para que isso ocorra é a comunicação, já que “a boa comunicação é a base das relações emocionalmente inteligentes, tanto em termos pessoais quanto profissionais” (WALTON, 2014, p. 92). 16 4. A IMPORTÂNCIA DAS EMOÇÕES PARA O COMPROMETIMENTO E ENGAJAMENTO Entender os indivíduos e compreender o que os motiva é a raiz da inteligência interpessoal. O cerne dessa habilidade contempla a prática de distinguir e remontar de forma adequada ao temperamento, humor, desejos e motivações de outras pessoas. No conceito atual da sociedade, onde é necessário inspirar, o líder precisa conhecer sua equipe para adequar a comunicação da melhor forma possível. Além disso, a relação com os liderados permite que o líder adquira conhecimento também do que os motiva, entende que é necessário criar um senso de propósito que se conecte com as emoções e os objetivos de vida de cada um deles. Viver um propósito produz energia propulsora para a vida, sobretudo quando nos sentimentos parte de algo especial que vale a pena e que se torna mais relevante do que qualquer realização pessoal (CHÉR, 2016, p.8). Um dos sensos mais vigorosos e inspiradores é o senso de pertencimento. Ao despertar esse sentimento, o líder oferece oportunidades para que os empregados se desenvolvam profissionalmente, melhorando a satisfação e engajamento. Tenha uma visão para a sua vida: se você quer criar impacto em outras pessoas, precisa ter uma visão ou senso de propósito que possa motivá-lo e ajuda-lo a atingir o que considera importante. (WALTON, 2014, p. 97). Além do senso de pertencimento, um fator crucial para o comprometimento e inspiração é a necessidade de alinhamento dos valores da organização com os valores pessoais. Para estar engajados a uma causa é preciso que acreditemos nela e que tenha consonância com nossos princípios e crenças. A cultura da organização é representada por meio dos valores, missão, visão e propósito. Estar engajado envolve persistência, ir além do esperado, manter foco total no objetivo e percorrer de forma contumaz para alcançá-lo. Para GOLEMAN (2014, p. 30), é preciso elevar a motivação e entusiasmo dos empregados “evocando um senso de propósito e acrescentando uma dose de pressão”. Neste sentido, o grande desafio da liderança reside em manter sua equipe em um alto nível de fidelidade, compromisso e inspiração, mantendo todos focados no 17 propósito maior. Em outras palavras, é fornecer aos liderados propósito verossímil para driblar o tumulto emocional presente na vida deles, uma vez que angústias e ansiedades, tanto pessoais quanto profissionais, são os principais motivos que estorvam o comprometimento dos indivíduos. O caminho para amenizar esses sentimentos negativos e fazer com que os membros da equipe se distanciem de inseguranças é usar a comunicação aberta e praticar escuta ativa. Ou seja, mostrar que está disposto a ouvir os sentimentos que habitam em seus liderados. Muitas vezes, as pessoas só precisam ser ouvidas e libertar suas emoções, dando espaço à inspiração e ao propósito planeado pelo líder. Para inspirar e engajar é necessário que as emoções também estejam voltadas para o mesmo destino, uma vez que representam a origem da força de vontade. Quanto mais forte nossa emoção, maior nosso comprometimento. 4.1 Comunicação Para Geração de Comprometimento e Engajamento São as premissas de comunicação da empresa que nos permitem observar e analisar a forma como a mesma se posiciona juntamente com seus empregados, além de compreendermos quais são os valores e crenças que possui. São elas que direcionam a comunicação e alinham as mensagens a serem transmitidas, possibilitando a consolidação do que a organização acredita ser importante ou não. Podemos considerar a comunicação bem-sucedida quando os empregados são capazes de ver valor para as suas carreiras e interesses de trabalho por meio da compreensão, crença e comportamento em linha com os objetivos e negócio da organização (THORNTON, 2015, p. 129). A forma como a empresa se comunica demonstra o grau de comprometimento que possui com os empregados, uma vez que o entendimento do negócio por parte do empregado, junto com um agradável ambiente de trabalho, faz com que os indivíduos deem o melhor de si. Comunicar não se trata apenas de transmitir informações. Muito mais do que isso, o contexto contemporâneo traz a necessidade de humanização das 18 organizacionais, transformando o ambiente de trabalho em um local aberto para o diálogo, para construção de novas visões, direitos e liberdade. Trata-se de engajamento coletivo. Construir visões compartilhadas para uma sociedade mais justa e inclusiva, visões que gerem valor para o indivíduo e para a sociedade, além de preservar todas as formas de liberdade, direitos, autonomia, tradições e culturas, isto é, nossa identidade (NADER, 2015, p. 201). Empregados precisam ser ouvidos e sentir que a empresa leva em consideração suas opiniões e sentimentos. Desta forma, os indivíduos sentirão que também são donos da empresa e que pertencem a algo maior, focando a energia emocional àquela causa e negócio. Ao ressaltar a importância do diálogo como fonte de inspiração dos empregados, temos o pensamento de CHÉR (2016). A melhor forma de comunicação é o diálogo, sendo o principal meio para a liderança transparecer as metas da organização, gerenciar conflitos, abrir espaço para retorno, ouvir e entender os empregados, construindo confiança de todos os lados. Esses aspectos são fundamentais e se revelam como conectores emocionais, despertando o comprometimento e engajamento por parte dos empregados. Feedback é fundamental para a correção de ruídos comportamentais ou performance. Feedback frequente, e baseado em fatos e comportamentos reais, para você entender, absorver e tentar melhorar. Idem para acertar o rumo e manter sua motivação (CALDEIRA, 2015, p. 155). Outra importante ferramenta que pode ser utilizada por líderes são as histórias, ou storytelling. Com poderosa capacidade de atrair e reter a atenção de todos, a história contada por um líder pode inspirar e indicar aos empregados onde colocar a atenção e energia (GOLEMAN, 2014). O líder que engaja e inspira brilhará particularmente nesses casos [momentos de dificuldades e em falta de motivação da equipe]: abrirá uma conversa com o seu time associando outros momentos de sua biografia e da história da empresa em que desafios semelhantes foram enfrentados, e quais valores sinalizaram as melhores escolhas (CHÉR, 2016, p. 101). A urgência em humanizar as organizações e as relações já é algo nítido nos dias de hoje. Tal cenário desperta em cada indivíduo a necessidade de identificar um 19 senso de verdade nas informações que são transmitidas. Essas novas tendências trazem a utilização de novas tecnologias e meios de comunicação para dentro das organizações, abrindo espaço para a informalidade e flexibilidade em um mundo onde pessoas próximas a nós possuem maior credibilidade do que veículos de comunicação. A partir do momento em que os empregados têm pleno conhecimento sobre seu trabalho, sobre o negócio, o objetivo e os processos da empresa, passam a entender a importância da sua atuação, reforçando o senso de importância e despertando a vontade e o comprometimento. Já quando o empregado nãoé comunicado sobre decisões da organização, mudanças, novos processos e outras questões que influenciem sua vida, sente que seu trabalho não é importante o suficiente para a empresa, o que gerará um sentimento de desprestígio e desengajamento. Esse sentimento de exclusão também pode ser causado caso o empregado não seja ouvido pela liderança e, consequentemente, não levado em consideração. Para THORNTON (2015, p. 131), “quando os empregados se sentem conectados a uma organização e aos seus colegas, eles são mais engajados em suas atividades do dia a dia e na contribuição para o sucesso organizacional”. A falta de atenção para o engajamento dos empregados tem resultados extremamente negativos para as empresas, como baixa produtividade, ausência de compromisso e atenção, e estresse profissional. Com as habilidades que a Inteligência Emocional proporciona, o líder consegue entender a si mesmo, no que se relaciona à sua personalidade, atitudes, emoções, etc. Desta maneira, ele também é capaz reconhecer os sentimentos que habitam dentro de seus liderados e adaptar a comunicação conforme o perfil e valores de cada um deles. Além disso, a origem do comprometimento está no nível emocional e psicológico que investimos em determinada atividade ou função. Adicionalmente, os valores da organização influenciam na relação que se estabelece, uma vez que os princípios dos empregados devem estar de acordo com os da empresa. Desta forma, acredita-se no negócio, no posicionamento perante os empregados, clientes, mercado e os demais stakeholders. Porém, é necessária 20 comunicação para a empresa transmitir sua missão e valores através de canais e linguagens diferentes para cada público. Reconhecemos que as relações estão mudando e o empregado não quer apenas ser informado, mas sim ser ouvido e considerado. Ao ter voz, sente que ele e seu trabalho são essenciais para o sucesso da organização, despertando o sentimento de pertencimento àquele grupo. Os benefícios da comunicação e seus novos moldes são inúmeros, entre eles menor absenteísmo, menor turnover (rotatividade), menos estresse profissional, menor incidência de acidentes no trabalho, melhores condições de saúde dos empregados e mais inspiração e comprometimento. Em que escola se ensina a controlar suas emoções? Controlar emoções não se trata de um processo fácil e simples. Muito ao contrário, o poder da razão que nos define como seres do pensamento e da linguagem, representa um valioso instrumento que poderíamos e deveríamos utilizar com mais frequência em busca deste controle, mas que é negado e por isso, menos utilizado. Nossas raízes ainda remontam a conceitos da Revolução Industrial, conceitos estes embasados em considerações da Administração Científica (CHIAVENATO, 2003) em ambientes focados em tarefas, situação que oferece ampla base operacional, porém extremamente racional. Entretanto, com o advento das novas gerações, cada vez mais antenadas com o progresso tecnológico e ainda, com a quantidade de informação disponível em um piscar de olhos, multiplicando-se num ritmo quase impossível de ser acompanhado pela maior parte da sociedade, temos as organizações atravessando verdadeiros dilemas, estes, oriundos do tecnicismo científico e racional o qual oferece espaço não apenas às inovações e ao uso das emoções nas conduções dos processos e pessoas, mas também, transmutando o modo de produzir com o de conviver (GOLEMAN, 2007). As situações apresentadas nos ambientes organizacionais oferecem grande pressão todas as pessoas envolvidas no ambiente empresarial. Essa pressão resulta na maioria das vezes em momentos de forte tensão emocional, onde muitos perdem o controle parcial ou total de seus atos, carregando resultados indesejáveis do ponto 21 de vista organizacional, resultados estes que vão desde a desmotivação total da equipe até a ocorrência de acidentes. De acordo com Cury (2010, p. 108) " (...) A tecnologia mecânica do uso de animais ao das máquinas, nos levou ao encontro do mundo. Agora a tecnologia da era virtual trás o mundo ao nosso encontro". Ainda de acordo com Cury (2010), a falta do treinamento emocional tem gerado graves consequências, pois as pessoas não conseguem desenvolver um filtro psíquico, filtro este que represente um processo interno que se refletirá externamente depois de passar pelos filtros sociais e pessoais. Mesmo que alguns percalços sociais e as contrariedades invadam sua psique com grande facilidade, produzindo demasiada importância a situações e fatos irrelevantes do cotidiano ou ainda, favorecendo o contrário, deixando de valorizar experiências (JODELET, 2005). Por mais que existam escolas espalhadas por todos os cantos do mundo, dificilmente será encontrado em alguma delas um treinamento que ensine as pessoas a serem líderes de si mesmas, que as façam desvendar os mistérios de sua própria psique, conhecer os aspectos sociais e linguísticos bem como as representações e restrições que lhes foram inculcadas ao longo de suas construções. Grande parte das pessoas sequer imagina que existam dentro delas uma instância, um “eu” que está sempre lá modificando o andamento das relações e menos ainda, desconhecem o controle que esta instância exerce na qualidade de seus pensamentos e, portanto, de suas atitudes. O pragmatismo preconizado por John Dewey (1959), traz à tona o pensamento de que os conteúdos educacionais devam ser abordados de forma prática e relacionados aos conteúdos abordados em sala de aula, educando e provendo o indivíduo de um crescimento como um todo: físico, emocional e intelectual (BRASIL, 2008). Esse movimento teve início no Brasil na década de 30, tendo por precursor Anísio Teixeira (1957), onde segundo Ribeiro (2004, p. 182), “era tido como necessidade, ao lado da ciência, a abordagem de reflexões de fins educacionais no campo da filosofia, sendo que esta deveria estar voltada para o sentido do homem e da sociedade”. 22 Desse modo, entende-se que práticas voltadas ao pensar reforçam a necessidade da valorização das percepções do ser humano no ambiente pedagógico, valorizando não apenas a ciência, bem como o conhecimento de si como ser social. Mister se faz lembrar que neste processo insere-se de forma relevante a aproximação que há entre as percepções, os conteúdos educacionais e as primeiras impressões advindas das relações estabelecidas entre os sujeitos envolvidos. Com isso almeja-se, a partir de Torquato (2002), dizer da importância que possui aquele que informa e aquele que é informado e, neste sentido, dessa forma pode-se observar nos resultados, a influência das primeiras impressões no a todas práticas abordadas. Tais impressões que são a alma e a essência das relações que se estruturam por categorizações as quais se baseiam em três avaliações: a afetiva, onde pode-se perceber se o indivíduo gosta ou não daquele que enuncia o conhecimento, a moral, que se configura pela ponderação que se efetiva sobre os aspectos morais que definem o anunciador e a instrumental, onde se avalia a capacidade técnica e a competência daquele que fala (TORQUATO, 2002). 23 5. PROBLEMAS OCASIONADOS PELO DESPREPARO EMOCIONAL Normalmente encontra-se nos cargos de liderança pessoas totalmente despreparadas emocionalmente, que usam o poder e a autoridade, valendo-se de seus cargos para menosprezar os demais, que explodem ao menor sinal de tensão, que repelem e não atraem seus liderados, fazendo do ambiente de trabalho um verdadeiro caos emocional. Essas modelos de gestão conservadoras, afasta-se do que venha a ser, de acordo com, a essência da arte de liderar. Segundo Drucker apud Sobral e Peci (2013, p. 47), “[...] o administrador é um elemento dinâmico em uma empresa e um transformador de recursos em resultados; sua presença atuanteé a única capaz de prover a uma organização vantagens competitivas no mercado”. Ora, se o gestor é responsável por um processo de mudanças e dinâmico em seu cotidiano, seu poder político social, segundo Cury (2010, p. 136) “[...] deve ser usado para promover os outros e não para subjugá-los, silenciá-los”. Grande parte dos profissionais que ocupam cargos de liderança não percebem o custo-benefício obtido pela apropriação e compreensão do que venha a ser o recurso inteligência emocional, em detrimento dos pressupostos teóricos, que disponibilizavam ênfase à tarefa ao invés do processo e da liderança em detrimento do controle. Tal reflexão se confirma a partir do momento que temos indicadores que nos dizem sobre a forma como os profissionais são contratados, exatamente por suas capacidades técnicas e que, em pouco espaço de tempo, são desligados de seus cargos e empresas, por suas incapacidades comportamentais. Pode-se pensar neste momento que o recurso na utilização da inteligência emocional possa proporcionar às organizações, sejam elas macro ou micro-organismos. 24 6. TREINANDO AS EMOÇÕES Figura 3 6.1 Controle Emocional nas Soluções de Conflitos Há uma necessidade urgente de que as pessoas a cada dia recebam ensinamentos que objetivem o controle das emoções, a solução pacífica, tranquila, equilibrada e com discernimento de conflitos para uma boa convivência no ambiente de trabalho e no ambiente social. Independente da questão que deflagre o conflito e o impasse, nos dias atuais existem métodos que podem ser utilizados na prática para treinar as emoções de forma a prevenir graves consequências e isso é dizer da possibilidade de aprender, a saber, agir emocionalmente. Todas as pessoas são providas de algum talento ou aptidão que são fundamentais para a vida. Um talento-chave no controle dos impulsos baseia-se em saber e diferenciar os sentimentos e as ações para, então, aprender a controlar os impulsos e assim, adotar melhores decisões, identificando ações, e alternativas e estratégias para alcançar as soluções. De acordo com Cury (2010, p. 117) "o silêncio não é se aguentar para não explodir, o silêncio é o respeito pela própria inteligência. 25 É o respeito pela própria liberdade, a liberdade de se obrigara reagir em situações estressantes. Quem faz a oração dos sábios não é escravo do binômio de bateu-levou". Muitos profissionais em todas as sociedades estão banindo o código da autocrítica do seu dicionário existencial, não pensam antes de reagir, não pensam nos resultados e consequências dos seus atos. Os profissionais de hoje necessitam conhecer, aprender e a dominar as funções da inteligência e da inteligência emocional, visto que vivem em uma sociedade com alto índice de estresse emocional e com significativo número de resultados desastrosos que são frutos evidentes desse descompasso. Será preciso identificar e filtrar os estímulos causadores de tamanho estresse e irracionalidade, fazer uma higiene e uma reciclagem dos pensamentos, modificando sua história e comprometendo-se com a melhoria de sua personalidade e suas habilidades por meio do autoconhecimento e do controle das emoções. Torna-se importante que a equipe tenha maturidade e ainda, confiança em quem a está liderando para que possa tornar-se desenvolta e ousadas. Algumas organizações não selecionam seus líderes através de sua equipe, acabam buscando no mercado externo e em alguns há rejeição por parte da equipe. Porém, para que este primeiro impacto mude, torna-se extremamente importante que o novo líder conquiste a equipe para ganhar a confiança dos mesmos. O teórico Sun Tzu(2009, p. 76) destaca que “em geral, comandar um grande número é como comandar um pequeno. É uma questão de dividir os números”. Usando a Inteligência Emocional na solução de conflitos, os líderes conseguem ser imparciais e encontrar meios de apaziguar os ânimos, não deixando que o clima de tensão se espalhe por toda a equipe mostrando ao mesmo tempo a importância da harmonia para o trabalho em equipe, direcionando os esforços de todos para se atingir os objetivos da organização. Normalmente em um ambiente onde se reúnem pessoas de diferentes gerações com diferentes níveis de amadurecimento e motivação, que conflitos venham ocorrer. Faz-se necessário que o líder haja de forma rápida e eficaz a fim de 26 evitar que tais conflitos venham a interferir no bem-estar da equipe e nos objetivos da organização. Segundo Cury (2008) o indivíduo que aprende a controlar suas emoções torna- se mais resiliente, solidário, maleável, sensível, compassivo, paciente, generoso e magnânimo. Quanto mais estável emocionalmente, mais o profissional torna-se um ser humano e deixa de ser um "Deus" rígido e suficiente. Estamos trazendo a reflexão a respeito do que apresenta Bennis eNanus (1998) e que é, ainda nos dias atuais, reconhecido pelos expoentes teóricos da área, como atual. “O líder opera sobre os recursos emocionais e espirituais da organização, sobre seus valores, comprometimento e aspirações” (BENNIS; NANUS, 1998, p. 32). Neste sentido pode-se aqui também suscitar a ousada possibilidade de que uma pessoa aprenda a liderar a partir de uma vivência e de uma experiência e isso, tendo em vista o que nos aponta Jodelet (1989), tratando das representações sociais e nelas, inserir-se e compreendesse as formas de agir que estabelecem em relação ao mundo e nela, a liderança. A autora mostra que esta representação social diz respeito à maneira como os indivíduos, sujeitos sociais, apreendemos os acontecimentos da vida cotidiana, as informações do nosso contexto, os acontecimentos, as pessoas, etc., ou seja, diz respeito aos conhecimentos que se acumula a partir das experiências, das informações, saberes e modelos de pensamento que se recebe e se transmite pela tradição, pela educação e pela comunicação social. 6.2 Habilidades Emocionais Necessárias ao Futuro Líder Considera-se necessário que os profissionais que ocupam cargos de liderança possuam habilidades para lidar com suas emoções. Segundo Sobral e Peci (2013, p. 329), “[...] liderança é a capacidade de usar o poder para influenciar o comportamento dos seguidores”. A liderança designa o sucesso do comando dos colaboradores para alcançar finalidades específicas, recebendo enfoque comportamental dentre os membros da organização (MAXIMIANO, 2002). Negar o estreitamento íntimo que é estabelecido entre liderança e o comportamento do homem, levando-se em conta que 27 esse comportamento também trata da figura do líder torna-se fundamental e faz a diferença nas relações que estabelecessem. E então não se deve privar o indivíduo do que se anuncia tratar anteriormente a respeito de uma pessoa nascer líder ou tornar-se líder. Bergamini (1994) afirma que as numerosas percepções dentre os pesquisadores levaram à escolha de diversos aspectos a serem observados por diferentes ângulos do mesmo fenômeno comportamental. Os gestores das organizações, ocupando ou não posições efetivas de liderança na organização, podem fazer uso de poderes legítimos, porém sempre é importante que suas ações sejam carregadas de autocrítica. Ao criticar seus próprios comportamentos acabam por criar um ambiente de constante evolução, sendo capaz de aprender com seus próprios erros e também com o erro dos demais. De acordo com Cury (2010, p. 110) "nossos comportamentos são sementes. As sementes são diminutas, frágeis, mas poderão ter inúmeras decorrências, sejam imediatas ou futuras. Pensar nas consequências dos comportamentos é a base para construirmos um futuro saudável alicerçado em um presente saudável". A autocrítica acarreta um processo de transformação constante, considerando fatores contingenciais para exercício do processo de liderança. Em síntese, segundo algunspesquisadores, como Blanchard (2008) e Hersey (1986), Fiedler (1994) e Evans (1970) e House (1974), não existe um padrão de liderança adequado: o líder se adéqua às condições do meio (SOBRAL e PECI, 2013). Partindo desse pressuposto, pode-se pensar na resiliência como sendo relevante nesse processo. Segundo Barlach et al (2008, p. 102) é o “[...] conceito utilizado para descrever a capacidade de um indivíduo ou grupo de indivíduos, mesmo num ambiente desfavorável, de se construir ou se reconstruir positivamente frente às adversidades”. Desse modo, compreende-se que a resiliência aumenta significativamente a capacidade de um líder de enfrentar as adversidades, resistir às fortes tensões e de se adaptar aos mais diversos ambientes. Com isso não se deixa abater por intempéries, mantendo a equipe em constante estado de motivação. Resiliência derivada da Física, significa a propriedade em alguns materiais de acumular energia quando submetidas a um grande esforço, voltando ao seu estado 28 original sem deformação. Pessoas resilientes, para a psicologia, são aquelas que, depois de terem passado por situações dificílimas, não perdem a fibra nem a vontade de lutar. (NAVARRO,2006). De acordo com Nunes (2007), as emoções e sentimentos têm um papel crucial na forma como as pessoas reagem às circunstâncias do meio. Entende-se, desse modo, que além de espectros pragmáticos, os futuros (e atuais) líderes necessitam desenvolver habilidades emocionais para a condução de seus processos, haja visto que organizações são células sociais formadas essencialmente por pessoas, com as mais variadas características e percepções. 6.3 A Relação entre a Inteligência Emocional e os estilos de Liderança Liderança Contingencial consiste na liderança que pode ser moldada pela situação apresentada, onde o líder desenvolve a capacidade de adequar-se ao momento, e dentro desta dinâmica, ele consegue delegar e motivar seus colaboradores para que suas reações sejam positivas, ofereçam o seu melhor e alcancem os resultados esperados (SOBRAL; PECI, 2013). A qualidade de como a liderança deverá ser conduzida, atende a características contingenciais apontadas por Fred Fiedler (1994), que está atrelada, segundo Sobral e Peci(2013), na interação entre líderes e subordinados, a estrutura das tarefas e ao poder da posição formal do líder. Apesar de relevante, os autores referenciam que Hersey e Blanchard (1986), apontam as características que os líderes adotam em detrimento do comportamento de seus liderados, ou seja, o líder se adéqua a seus liderados. Segundo os pesquisadores e conforme exposto pelos autores supracitados, (IDEM, 1986, p. 339) “[...] o comportamento de liderança mais eficaz dependerá da prontidão dos subordinados – maturidade, experiência. Atitudes de trabalho, habilidades, etc.”. O líder situacional deve procurar conhecer cada um dos estilos de pensar e agir para entender os comportamentos de seus liderados, potencializando assim as características de cada um, objetivando atender o que lhes foi proposto, de forma efetiva. 29 Segundo Marques (2010), o líder “situacional deve possuir algumas competências, onde estas o ajudarão a manter o controle da situação, elas são: Direcionamento – o líder deve ensinar ao colaborador como executar suas tarefas, acompanhar o desenvolvimento destas até a conclusão; Orientação – líder tem o papel de orientador, de mostrar a tarefa ao colaborador, sua importância, contribuir com novas ideias, ensiná-lo quando precisar de ajuda e motivá-lo para que a execute do modo planejado; Apoio – O apoio do líder torna-se fundamental para que o colaborador adquira confiança, busque crescimento e desenvolvimento de suas habilidades de forma contínua. Assim o líder apoia, mas não precisa supervisionar seu liderado o tempo todo, pois este consegue desempenhar seu trabalho sem tantas interferências; Delegação – o líder situacional consegue delegar o trabalho sem precisar acompanhar seus colaboradores de tão perto, pois estes têm mais autonomia e liberdade para trabalhar. Com o desenvolvimento da liderança, consequentemente compreende-se que ocorre um incremento da inteligência emocional resultando na humanização do líder, que passa, por sua vez, a enxergar cada indivíduo de forma diferente e não mais como um mero colaborador e sim, como outro ser humano dotado de qualidades e defeitos, habilidades e competências específicas e singulares. Dessa forma ele consegue perceber na individualidade de seus cooperadores e quais e onde estão as fontes de entusiasmo e tristeza, receios e frustrações de cada um deles podendo, de forma centrada, usar sua sensibilidade para tratar de forma distinta, levando em consideração o estado de espírito, a motivação e a condição de trabalho existente no momento, agindo de forma adequada e coerente e ainda, direcionando com racionalidade os trabalhos a serem executados (GOLEMAN, 2007). 6.4 Características das Diferentes Gerações Pode-se pensar que o líder de hoje precisa saber que não se alcançam resultados satisfatórios, liderando pessoas como se fazia no passado, onde o poder 30 fazia da disciplina uma ordem e dos padrões pré-definidos, o rumo para onde todos deveriam caminhar. Ser líder representa exercer a capacidade, o discernimento, a flexibilidade, a objetividade e mesmo o uso da autoridade para estar à frente de grupos, equipes, organizações e instituições, inspirando-as. Ao se deparar com a junção no ambiente de trabalho de diferentes Gerações (BabyBoomers, X, Y e Z) com características e anseios completamente diferentes, com diferentes níveis de informação, um alto nível de ansiedade e com perfis dos mais diversos, o líder precisará usar ferramentas condizentes com um novo cenário que necessita de uma nova forma de liderança (GOLEMAN, 2007). A Geração Baby Boomer surgiu logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Atualmente, estes profissionais estão com mais de 45 anos e se caracterizam por gostarem deum emprego fixo e estável. No trabalho seus valores estão fortemente embasados no tempo de serviço, e preferem o reconhecimento pela sua experiência à sua capacidade de inovação(GOLEMAN, 2007). Em nossos dias os pertencentes à Geração Baby Boomer, ocupam os cargos de diretoria e gerência nas empresas. Estes se chocam frequentemente contra as gerações mais jovens no que diz respeito aos seus ideais, o que ocasiona um contraste de comportamentos e valores consideráveis, já que é apreciado com grande cuidado nos setores de Recursos Humanos e estratégico das organizações, que por sua vez tentam administrar positivamente os conflitos e reverter as diferenças em potenciais de atuação. Enquanto a Geração Baby Boomerse apresenta como contemporânea ao nascimento da tecnologia, a Geração X surge já fazendo uso dos recursos tecnológicos promovidos por sua origem precursora (NOVELLI; LEITE; SITTA, 2010). No meio profissional a Geração X destaca-se atualmente por certas resistências em relação ao novo, além de já não mais contar com a segurança em seus empregos (KHOURY,2009). Estas formam a sucessora da Geração X: a Geração Y. A Geração Y, mesmo com pouco tempo de vida, presenciou os maiores avanços na tecnologia e diversas quebras de paradigma do mercado de trabalho. 31 Essa geração também apresenta um desejo constante por novas experiências, o que no trabalho resulta em querer uma ascensão rápida, que a promova de cargos em períodos relativamente curtos e de maneira contínua (SOUZA, 2010). Segundo Kohury (2009) e Souza (2010), as características da Geração X e Y são bastante diferentes quando colocados em comparação os seus comportamentos. Enquanto o X prefere tranquilidade o Y quer movimento; o Y deseja inovar a qualquer custo, já o X prefere a estabilidade e o equilíbrio. Tais contrastes apresentam uma dificuldade paraas empresas que possuem colaboradores da Geração X subordinados a Geração Y. A maioria dos mais velhos não aceitam com naturalidade um comando imposto por um mais novo, que por sua vez acha morosa demais as decisões dos mais velhos. Os jovens nascidos em meados dos anos noventa forma o conjunto da Geração Z. Estes ainda não estão inseridos no mercado de trabalho, mas já são motivo de reflexão por conta do seu comportamento individualista e de certa forma antissocial, pois são jovens conectados à internet, em que os valores familiares, como sentar-se à mesa e conversar com os pais, não são tão expressivos quanto aos contatos virtuais estabelecidos pelos jovens na web, são conhecidos por serem excêntricos e apresentam um perfil mais imediatista. (CORTELLA;MANDELLI, 2011). O líder precisará saber definir o tipo de liderança a ser aplicada (Liderança Situacional), saber avaliar o grau de motivação e de amadurecimento tanto do grupo como dos indivíduos, criando desta forma, um objetivo comum ao grupo, gerando assim desafios necessários ao crescimento pessoal e consequentemente o crescimento coletivo (grupo)(BLANCHARD, 2007). Para tanto torna-se necessário entender a importância da inteligência emocional na liderança e a sua relação com a melhoria da comunicação interpessoal nas organizações, assim como também, identificar de que forma a inteligência emocional pode melhorar as relações interpessoais dentro das organizações. Entender os mecanismos ligados ao estresse e como atuam no emocional dos líderes. Segundo Goleman (2000) a inteligência emocional consiste na principal responsável pelo sucesso ou insucesso dos indivíduos, sendo que esta pode ser 32 treinada de maneira a melhorar o desenvolvimento intelectual. Com isso, apontamos a eficácia do autocontrole que resulta da inteligência emocional, do hábito da crítica aos próprios pensamentos e padrões predefinidos (paradigmas) aumentando o período pré reação, possibilitando ao indivíduo basear suas decisões, principalmente nos picos de tensão, com um número maior de variáveis(informações armazenadas na memória). Tal ferramenta poderá ser utilizada para auxiliar na tomada de decisões mais acertadas, menos impulsivas e consequentemente, menos agressivas. Assim, pode- se evitar uma série de conflitos originados de decisões precipitadas e impensadas, definidas nos momentos de forte tensão emocional. De acordo com Weisinger (2001, p. 14) "a Inteligência Emocional é simplesmente o uso inteligente das emoções – isto é, fazer intencionalmente com que suas emoções trabalhem a seu favor, usando-as como uma ajuda para ditar seu comportamento e seu raciocínio de maneira a aperfeiçoar seus resultados". A inteligência emocional estaria diretamente ligada aos resultados organizacionais, uma vez que através de sua aplicação, líderes de todos os níveis hierárquicos estariam trabalhando em prol do bem comum, ou seja, dos liderados e empresas, buscando juntos atingir metas e resultados, criando um ambiente propício ao crescimento unânime. 33 7. ESTRATÉGIAS NO DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇAS Segundo Chiavenato (2004), a abordagem clássica da liderança na administração era dominar e controlar. A função era fazer com que seus liderados simplesmente cumprissem ordens e atingissem os objetivos das organizações. Após aparição da Teoria das Relações Humanas, os líderes se transformaram em pessoas vitais para o sucesso da empresa. Estes líderes precisam ser agentes de mudanças e sua principal função é facilitar o alcance dos objetivos junto a seus liderados, desenvolvê-los e proporcionar oportunidades para seu crescimento pessoal e profissional. Até pouco tempo atrás esperava-se que os funcionários apenas obedecessem e evitassem causar problemas que pudessem ocasionar prejuízos diretos a empresa. Conforme apresenta Stéfano (2009, p. 15), “[...] era como estudar em uma turma onde todo mundo tirasse no máximo nota 3. Se tirar nota 4 já é melhor. Para que se esforçar então para tirar nota 10? ”. Com a globalização e, consequentemente, com as mudanças mundiais organizacionais que acontecem velozmente a cada dia, a competição aumentou, as regras são novas e, diante disso, espera-se uma liderança renovada. O mercado exige equipes mais ativas, mais comprometidas e eficientes, contudo estas equipes não nascem prontas, podem ser desenvolvidas pela liderança. Sobre o comprometimento das pessoas com o trabalho, ao analisar as Teorias X e Y de Douglas McGregor apresentadas por Davis e Newstrom (2002), podemos perceber que a Teoria X denomina que as pessoas não gostam de trabalhar, que são altamente resistentes a mudanças. Admite inclusive que as pessoas são egocêntricas por não perceberem as necessidades da organização a qual estão inseridas e, que evitam constantemente assumir responsabilidades. Isto fazia com que os líderes adotassem uma postura autoritária para haver o cumprimento dos objetivos de uma organização. Depois, o mesmo autor apresenta a Teoria Y, que aborda a liderança de uma forma mais humana, uma vez que essa teoria pressupõe que as pessoas têm autocontrole, dominam auto direção às metas estabelecidas as quais se comprometem, e que elas não nasceram preguiçosas. 34 Diante disso, o líder é quem deve prover um ambiente propício ao crescimento e desenvolvimento dos liderados, para suprir esta necessidade, começou-se a treinar líderes para atuarem como líderes coaches. Os líderes dos tempos atuais precisam manter o equilíbrio entre a condescendência e a exigência. Necessitam influenciar sua equipe e saber exatamente o momento de comandá-la e inspirá-la a atingir objetivos almejados. É preciso liderar de uma maneira diferente. Segundo Wolk (2012), liderar de uma maneira diferente requer dos líderes conhecimentos específicos em suas tarefas, técnicas e profissionais, mas deixa claro que não será o suficiente para obter resultados extraordinários, pois resultados diferentes requerem ações diferentes o que, por sua vez, requerem pessoas que pensem de maneira diferente. Logo, o Coaching no desenvolvimento de lideranças, proporciona estas novas ações por meio de inúmeras ferramentas potentes e cientificamente comprovadas. Marques (2012) apresenta-nos a Roda da Liderança (ferramenta utilizada para análise de estado atual e suposto estado alcançado ao final do processo de coaching para líderes). Com esta ferramenta analisam-se as principais características que um líder deve ter e em uma escala de 0 a 10 (do momento presente que vai de 0 a 100%), e cada líder se auto avalia e justifica sua nota. Como o coaching é uma metodologia de ação para resultados, onde é necessário tomar consciência do que precisa ser desenvolvido para depois aplicar a método adequado, esta ferramenta se torna imprescindível, inclusive na obtenção de referenciais de resultados alcançados. Para obter autoconsciência sobre como você desempenha seu papel como líder hoje, é interessante usar as perguntas a seguir, sei que vão lhe ajudar a refletir sobre a melhor nota a dar a si mesmo. Vamos lá? Delegar – De 0 a 10 que nota você dá a si mesmo analisando a sua capacidade de delegar? Você costuma delegar funções e tarefas com facilidade? Analisa se a pessoa a quem você vai delegar está habilitada para fazer aquela tarefa? Se ela entendeu perfeitamente? Fica tranquilo ao repassar algo para outra pessoa fazer no seu lugar? 35 Ousadia - De 0 a 10 que nota você dá a si mesmo analisando a sua ousadia? Você quer ter certeza de tudo sempre? Toma atitudes sensatas, mas um pouco além do que “seus olhos podem realmente ver”? Arrisca novas formas sabendo que deve cumprir normas, mas que pode ir além com suas ideias para melhorias? Trabalho em Equipe – De 0 a 10 que nota você dá a si mesmo analisando a sua capacidade de trabalhar em equipe e oquanto consegue fazer sua equipe fazer o mesmo? Foco – De 0 a 10 que nota você dá a si mesmo analisando a sua capacidade de manter o foco? Você faz inúmeras coisas em um dia, mas consegue manter o foco em uma de cada vez? Desenvolvimento da Equipe – De 0 a 10 que nota você dá a si mesmo analisando a sua capacidade de desenvolver sua equipe? Você consegue analisar quais os pontos de melhoria de seus liderados e utilizar-se de ferramentas que os envolvam? Visão de Futuro – De 0 a 10 que nota você dá a si mesmo analisando a sua capacidade de projetar o futuro? Você consegue fazer facilmente um planejamento a curto, médio e longo prazo para você? E para a sua equipe? Priorizar – De 0 a 10 que nota você dá a si mesmo analisando a sua capacidade de priorizar ações no seu dia a dia? Você consegue listar o seu planejamento diário, semanal ou mensal e priorizar com exatidão cada item desta lista por grau de importância? Dar Feedback – De 0 a 10 que nota você dá a si mesmo analisando a sua capacidade de dar feedback a sua equipe? Você consegue dar feedback quinzenais aos integrantes de sua equipe? E consegue dar feedback positivo constante? Criatividade – De 0 a 10 que nota você dá a si mesmo analisando a sua criatividade? Você costuma pensar fora da caixa (ver as coisas por ângulos inusitados)? Inspirar - De 0 a 10 que nota você dá a si mesmo analisando a sua capacidade de inspirar pessoas? As pessoas costumam seguir você simplesmente porque se inspiram no seu exemplo e em sua forma de ser? 36 Figura 4 37 8. FEEDBACK Figura 5 Como técnico, você dá dois tipos de feedback: quantitativo e qualitativo. O feedback quantitativo está baseado em números e resultados. É no qual, geralmente, os gerentes sentem-se mais confortáveis, porque são coisas que podem ser medidas facilmente: volume de vendas, contratos fechados, propostas, margens, descontos, etc. Um técnico pode dar ao seu atleta uma folha cheia de estatísticas. Pode até mandar por e-mail se quiser, pois os números falam por si. Já o feedback qualitativo está baseado em performance. Muitos gerentes, aqui, começam a sentir-se incomodados, porque o esforço é difícil de medir e, muitas vezes, precisa ser interpretado dentro de um contexto – a realidade em que o vendedor está trabalhando. Exemplos de dados qualitativos: conhecimento dos produtos/serviços que estão sendo vendidos, qualidade das visitas e ligações, atitude, rede de relacionamentos, como o vendedor lida com rejeições, organização, administração do tempo, confiança, se o vendedor ouve mais do que fala, se faz o levantamento correto 38 das necessidades do cliente etc. Esse feedback precisa de mais tempo, energia e dedicação por parte do gerente. Dar esses dois tipos de feedback é essencial para o desenvolvimento de um vendedor ou vendedora. Eles precisam que você, como líder, diga para eles como estão se saindo e em que pontos podem melhorar. E dar feedback quanto ao desempenho da sua equipe é uma arte. Muitos sentimentos estão envolvidos e dependendo de como é feito, o feedback pode ofender, machucar e desmotivar. Como líder, você precisa dar feedbacks – quantitativos e qualitativos – da forma correta, para que os vendedores se sintam motivados e não retraídos. É importante entender, ainda, que cada profissional tem suas próprias características, talentos e fraquezas. É muito comum as empresas promoverem treinamentos para a equipe (que também são de extrema importância), mas esquecerem de treinar cada indivíduo. O coaching deve ser individual e personalizado, para que seja realmente eficaz. É uma relação mais próxima e mais pontual. Você descobre os pontos fracos do vendedor e o ajuda a melhorá-los. Ao começar a pensar em si mais como técnico do que como gerente, você começa a mudar um pouco a forma de ver algumas coisas. A começar pelo recrutamento e seleção. Quantas vezes contratamos funcionários que sabemos não serem os mais indicados para o cargo? E quantas vezes deixamos de demitir alguém que não está fazendo um bom trabalho, só por comodismo? Um técnico não faz isso. Ele não aceita que seu time tenha jogadores medíocres e convoca apenas aqueles que realmente estão aptos para o cargo. Ele não quer perder a chance de ganhar e de fazer bem-feito. Para terminar, um dado curioso, mas triste: mais de 40% dos vendedores dizem que seu gerente não lhes dá a atenção adequada. Tenho certeza que você quer estar nos outros 60% – e só o fato de estar lendo este artigo certamente contribui para isso (a maioria dos gerentes simplesmente não se importa com o autodesenvolvimento). O recurso mais valioso que você pode dar a seus vendedores é seu tempo. Eles olham para você em busca de direção, motivação, avaliação e ferramentas de 39 desenvolvimento. O bom líder é aquele que entende que seu sucesso ocorre através da sua equipe. Treinamento ou Coaching? Um artigo publicado na Training andDevelopmentJournal, em novembro de 1979, mostrou as diferenças de resultados entre treinamentos “convencionais” e de treinamentos com coaching. Foi constatado que em grupos que participam de treinamento, mas não recebem coaching com foco nos novos comportamentos ou ideias treinadas, a tendência é rapidamente diminuir o uso do que foi aprendido, até que eventualmente o grupo volte aos mesmos hábitos que tinha antes do treinamento. Isto acontece por dois motivos: 1) . Pela tendência natural de o cérebro humano continuar a fazer o que já está neurologicamente programado; 2) . Pela ansiedade gerada devido à tentativa de implantação de métodos ou hábitos novos. Quando se instala algo novo, os resultados iniciais são geralmente piores do que os resultados que se tinha com os métodos antigos. Esta baixa temporária acontece por causa do processo dos níveis de aprendizado, onde uma pessoa tem temporariamente resultados piores do que antes, enquanto está aprendendo o novo. Sem incentivo contínuo, a tendência é voltar para o conforto do que já se conhecia e aos resultados garantidos. Por outro lado, aquele que atravessa pelos níveis de aprendizado consegue ter resultados muito melhores comparados aos que teria se simplesmente tivesse permanecido com hábitos antigos. Para o grupo que teve coaching após o treinamento, os hábitos novos foram implantados e mantidos. Também passaram pelos níveis de aprendizado, mas com o coaching constante, conseguiram permanecer no processo, solidificar o que foi aprendido no treinamento e obter resultados superiores aos que tinham antes. Usar o coaching para o desenvolvimento de lideranças sem dúvida massifica significativamente resultados através de pessoas altamente comprometidas, estimula- se o indivíduo a não buscar culpados diante de erros, sejam eles em métodos ou conflitos interpessoais, e sim, praticar a autoanálise e verificação do ocorrido de forma 40 sistêmica. Desta maneira, a resolução acontece de forma mais positiva para a empresa e, por consequência, para toda a equipe. 41 9. INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Inteligência Emocional é definida pela psicologia como o poder de identificar as suas emoções e das outras pessoas e como trabalhar cada uma dessas emoções. O indivíduo emocionalmente inteligente tem condições de incentivar a si próprio e de prosseguir mesmo diante das adversidades diárias; transfere sentimentos para contextos adequados, sabe gerenciar a si mesmo por meio do autoconhecimento e, por consequência, tem maior habilidade de gerenciar outras pessoas. Para iniciar os estudos, vamos conhecer um pouco sobre a história da Inteligência Emocional? Vamos lá! 9.1 A Origem da Inteligência Emocional Qualquer um pode zangar-se – isso é fácil. Mas zangar-secom a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa – não é fácil. Aristóteles Os primeiros conceitos de Inteligência Emocional surgiram quando Charles Darwin (1872) em uma de suas obras, deu relevância à expressão emocional quando falava de sobrevivência e adaptação. Depois ampliou-se em 1920 quando Robert L. Thondike, utilizou o termo “inteligência social” como descrição para a capacidade das pessoas em compreender e motivar os outros. David Wechsler (1940), defendeu nossos modelos de inteligência como incompletos até o momento que os fatores das emoções não podiam ser descritos. Já em 1983, Howard Gardner iniciou a ideia de incluir os conceitos de inteligência intrapessoal (conhecimento e gerenciamento de si mesmo), e de inteligência interpessoal (conhecimento e gerenciamento com o outro) junto de sua teoria de inteligências múltiplas. Para ele, a capacidade cognitiva não é explicada inteiramente pelos indicadores de inteligência como o Q.I. E a primeira vez que o termo “Inteligência Emocional” foi usado, foi em 1985por Wayne Payne, em sua tese de doutorado. Logo em 1989, Stanley Greenspanum modelo de Inteligência Emocional, seguido por John D. Mayer ePeter Salovey em 42 1990. Quando Salovey e Mayer publicaram seu artigo seminal, ninguém poderia prever como o campo acadêmico que eles fundaram prosperaria15 anos depois. O crescimento nesta área deve muito a Mayer e Salovey que juntamente de seu colega David Caruso - um consultor de negócios – trabalharam incansavelmente em prol da aceitação científica da Inteligência Emocional. Assim que formularam uma teoria de Inteligência Emocional defensável e forneceram formas de mensurar como isto poderia funcionar na vida real, eles estabeleceram um impecável padrão de pesquisa de campo. O termo Inteligência Emocional tornou-se conhecido mundialmente após a publicação do livro Inteligência Emocional, em 1995, por Daniel Goleman. Existem atualmente três principais modelos de Q. E (Coeficiente Emocional) e com eles, dezenas de variações. Cada um destes modelos representa uma perspectiva diferente. O modelo apresentado por Salovey e Mayer se apoia com firmeza na tradição de inteligência concebida pelo trabalho original sobre Q.I. Já o modelo trazido por ReuvenBar-On (1997) se baseia na pesquisa sobre bem-estar. E Goleman (1995) se concentra no desempenho no trabalho e na liderança organizacional, misturando a teoria do Q.E. com décadas de pesquisa sobre modelação de competências que separam indivíduos notáveis de medianos. Neste capítulo daremos foco ao estudo do Modelo de Goleman (1995) e como podemos aumentar os resultados nas equipes com sua aplicação. Estamos falando de Inteligência Emocional, e antes de conhecer sua definição, vamos entender o que é emoção? Então vamos lá! Leia o texto a seguir: 9.2 O que é Emoção? Uma palavra sobre o que quero dizer sob a rubrica emoção, termo cujo significado preciso psicólogos e filósofos discutem há mais de um século. Em seu sentido mais literal, o Oxford EnglishDictionary define emoção como “qualquer agitação ou perturbação da mente, sentimento, paixão; qualquer estado mental veemente ou excitado”. Eu entendo que emoção se refere a um sentimento e seus pensamentos distintos, estados psicológicos e biológicos, e a uma gama de 43 tendências para agir. Há centenas de emoções, juntamente com suas combinações, variações, mutações e matizes. Na verdade, existem mais sutilezas de emoções do que as palavras que temos para defini-las. Os pesquisadores continuam a discutir sobre precisamente quais emoções podem ser consideradas primárias — o azul, vermelho e amarelo dos sentimentos dos quais saem as misturas — . Ou mesmo se existem de fato essas emoções primárias. Alguns teóricos propõem famílias básicas, embora nem todos concordem com elas. Principais candidatas e alguns dos membros de suas famílias: • Ira: fúria, revolta, ressentimento, raiva, exasperação, indignação, vexame, acrimônia, animosidade, aborrecimento, irritabilidade, hostilidade e, talvez no extremo, ódio e violência patológica. • Tristeza: sofrimento, mágoa, desânimo, melancolia, auto piedade, solidão, desamparo, desespero e, quando patológica, severa e depressão. • Medo: ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação, consternação, cautela, escrúpulo, inquietação, pavor, susto, terror e, como psicopatologia, fobia e pânico. • Prazer: felicidade, alegria, alívio, contentamento, deleite, diversão, orgulho, prazer sensual, emoção, arrebatamento, gratificação, satisfação, bom humor, euforia, êxtase e, no extremo mania. • Amor: aceitação, amizade, confiança, afinidade, dedicação, adoração, paixão ágape. • Surpresa: choque, espanto, pasmo, maravilha. • Nojo: desprezo, desdém, antipatia, aversão, repugnância, repulsa. • Vergonha: culpa, vexame, mágoa, remorso, humilhação, arrependimento, mortificação e contrição. Claro, esta lista não resolve toda a questão de como caracterizara emoção. Por exemplo, que dizer de combinações como o ciúme, uma variante da ira que também funde tristeza e medo? E das virtudes como esperança e fé, coragem e perdão, certeza e equanimidade? Ou alguns dos vícios clássicos, sentimentos como dúvida, complacência, preguiça e torpor — ou o tédio? Não há respostas claras; continua o debate científico sobre como classificaras emoções. 44 A defesa da existência de umas poucas emoções básicas depende em certa medida da descoberta por Paul Ekman, na Universidade da Califórnia, em San Francisco, de que as expressões faciais de quatro delas (medo, ira, tristeza e alegria) são reconhecidas por povos de culturas de todo o mundo, inclusive povos pré- letradossupostamente intocados pela exposição ao cinema ou à televisão— o que sugere sua universalidade. Ekman mostrou fotos que retratavam expressões faciais de precisão técnica a pessoas em culturas tão remotas como a Fore da Nova Guiné, uma tribo isolada, na Idade da Pedra, das montanhas distantes, e constatou que todos em toda parte reconheciam as mesmas emoções básicas. Essa universalidade das expressões faciais da emoção provavelmente foi notada pela primeira vez por Darwin, que a viu como indício deque as forças da evolução haviam gravado esses sinais em nosso sistema nervoso central. 9.3 Definição de Inteligência Emocional Inteligência emocional é descrita pela Psicologia como a capacidade de reconhecer nossas próprias emoções e dos outros, e a capacidade de lidar com tais sentimentos. Indivíduos emocionalmente inteligentes possuem mais condições de lidar com as situações adversas do dia a dia, têm maior controle sobre si, resolvem conflitos com mais facilidade e têm bons relacionamentos interpessoais. Para Weisinger (2001, p.14), “inteligência emocional é simplesmente ouso inteligente das emoções – isto é, fazer intencionalmente com que suas emoções trabalhem a nosso favor, usando-as como uma ajuda para ditar seu comportamento e seu raciocínio de maneira a aperfeiçoar seus resultados”. Segundo Salovey e Mayer (2000), Inteligência Emocional é a capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensamento, compreender e raciocinar com ela. Ambos dividiram Inteligência Emocional em quatro domínios. Vejamos: a) Percepção das emoções - inclui habilidades envolvidas na identificação de sentimentos por estímulos, como a voz ou a expressão facial, por exemplo. A pessoa 45 que possui essa habilidade identifica a variação e mudança no estado emocional de outra. b) Uso das emoções – implica na capacidade de empregar as informações emocionais para facilitar o pensamento e o raciocínio. c) . Entender emoções - é a habilidade de captar variações emocionais nem sempre evidentes; d) Controle (e transformação) da emoção - constitui o aspecto mais facilmente reconhecido da Inteligência