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EIXO III – MÉTODOS E FONTES TEXTO 1: DO ESPAÇO ESCOLAR E DA ESCOLA COMO LUGAR: PROPOSTAS E QUESTÕES - ANTONIO VIÑAO FRAGO TEXTO 2: A ARQUITETURA ESCOLAR COMO OBJETO DE PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO - CÉLIA ROSÂNGELA DANTAS DÓREA Ana Raquel Nunes Rodrigues de Azevedo Maxuel Batista de Araújo Prof. Dr Francisco das Chagas Silva Souza Prof. Dr Renato Marinho Brandão Santos Fundamentos Teórico-Conceituais da História da Educação Natal, 30 de maio de 2023 Nasceu em 1943. Catedrático de Teoria e História da Educação na Faculdade de Educação da Universidade de Múrcia. Foi Decano das Faculdades de Filosofia, Psicologia e Ciências da Educação e de Filosofia e Ciências da Educação da Universidade de Múrcia/Espanha. Atualmente, é presidente da Sociedade Espanhola de História da Educação. As suas principais linhas de investigação são os processos de alfabetização (a leitura e a escrita enquanto práticas sociais e culturais), escolarização e profissionalização docente, a história do currículo (o espaço e o tempo escolares, os manuais escolares) e o ensino secundário, assim como a análise das políticas e reformas educativas nas suas relações com as culturas escolares. Antonio Viñao Frago Texto 1: FRAGO, Antonio Viñao. Do espaço escolar e da escola como lugar: propostas e questões. In: FRAGO, A. V.; ESCOLANO, A. Currículo, espaço e subjetividade: a arquitetura como programa. Rio de Janeiro: DP&A, 2001, p. 60-139. Nasceu em 1941. Catedrático de Teoria e História da Educação da Universidade de Valladolid. Na Universidade de Salamanca foi professor catedrático entre 1975 e 1992. A sua iniciativa mais recente é a criação em 2006 do Centro Internacional de Cultura Escolar (CEINCE), associado à Fundação Germán Sánchez Ruipérez, à Universidade de Valladolid e à Junta de Castilla y León, situado no solar do século XVI de Berlanga, atribuído à família Bravo. Este centro dedica-se ao estudo da cultura escolar numa perspetiva internacional e multidisciplinar. Seus programas afetam os campos da memória e do patrimônio material e imaterial da educação, dos manuais e documentação educacional e dos problemas da escola na sociedade do conhecimento. Agustín Escolano Benito ESCOLANO, Augutín. Arquitetura como programa: espaço-escola e currículo. In: FRAGO, A. V.; ESCOLANO, A. Currículo, espaço e subjetividade: a arquitetura como programa. Rio de Janeiro: DP&A, 2001, p. 19-58. Constitui de pesquisas realizadas pela Universidade de Salamanca/Espanha que trouxe novos conceitos e significados ao Espaço Escolar Visão Geral do Livro Este livro foi editado inicialmente em 1995, na Espanha, e traduzido para o português por Alfredo Veiga-Neto, no Rio de janeiro, em 2001 Narra sobre a importância da organização dos espaços em escolas, um tema que, na opinião dos autores, estranhamente, parece ter preocupado pouco os historiadores, os psicólogos e pedagogos Inicialmente os autores apresentam metodologias e apontam novas leituras, consideradas essenciais para a profunda discussão que é feita, de forma dialética, sobre o papel da educação como processo de configuração de espaços Visão Geral do Livro O livro é a junção de dois artigos de ilustres professores universitários europeus O Primeiro Capítulo, intitulado “Arquitetura como programa: espaço, escola e currículo”, de autoria de Agustín Escolano Benito (Professor de Filosofia da Ciência no Departamento de Educação da Universidade Valladolid na Espanha), no qual o autor apresenta um estudo do espaço e de seus modos de representações e medida e afirma ser essa arquitetura tema central em diversas disciplinas curriculares, como, por exemplo, matemática, ensino de línguas e geografia. Incluindo ainda elementos gerais e específicos em torno da arquitetura escolar como currículo O Segundo Capítulo, Antonio Viñao Frago (professor titular de Teoria e História da Educação da Faculdade de Murcia, na Espanha) faz uma interessante crítica, quando apresenta a escola vista como lugar, ou seja, um espaço determinado para o ensino, um lugar estável e fixo. Apesar disso, não replica um local construído para tal fim Neste segundo capítulo, Antonio Viñao Frago faz uma interessante crítica, quando apresenta a escola vista como lugar, ou seja, um espaço determinado para o ensino, um lugar estável e fixo. Apesar disso, não replica um local construído para tal fim De acordo com a pesquisa de Frago, a maioria das escolas dos Séculos XVII a XIX na Espanha funcionava em edifícios monásticos e religiosos e não em edifícios explicitamente projetados para serem escolas A aceitação da necessidade da sua localização e estrutura, especificamente selecionada e construída para ser a melhor escola, tem sido historicamente o resultado da convergência de muitas forças e estilos diferentes, muito específicos no campo da educação, bem como no ensino profissional “o espaço não é neutro. Sempre educa” (FRAGO, 1998, p. 75) A análise do espaço escolar, o que só é possível, segundo o autor, a partir da consideração histórica, é necessário atentar para a localização e fazer uma retrospectiva sobre a influência do urbanismo na educação, além das influências higienistas e moralistas, as quais acabavam sendo consideradas como critério para a localização das escolas Ao fazer uma análise sobre a escolha para a localização da escola, seus critérios e interesses, o autor faz uma interessante discussão sobre a dialética do aberto e do fechado na escola. Como uma tentativa de unir dois pedagogos: Rousseau, defendendo que “a melhor escola é a sombra de uma árvore, ou seja, a melhor escola estava ao ar livre, na natureza, não nas paredes de um edifício”, e Froebel e os jardins de infância, os quais implicavam a revalorização dos espaços não edificados A arquitetura escolar combinada com a clausura ou encerramento com a acentuada ostentação de um edifício sólido, cujas paredes constituíam a fronteira com o exterior ou que se achava separado desse exterior por uma zona mais ou menos ampla do campo escolar e um muro ou grade que assinalava os limites do espaço reservado O autor utiliza como fonte de dados para a análise dos espaços escolares: fotos, plantas baixas, desenhos, cartões postais, folhetos de propagandas e litografias dos séculos XVII e XIX, na Espanha O estudo feito pelo autor sobre as 43 imagens mostra como a análise histórica contribui para a relação entre a disposição, no espaço, das pessoas e objetos que nele estão e o sistema - ou método de ensino, ou pedagogia — utilizado, os quais estão intrinsecamente relacionados O mérito deste livro reside no papel que os autores destinam a educação aos educadores, na tentativa de envolvê-los com o tema. Pois, ao estruturar ou modificar o espaço escolar, estamos mudando não apenas os limites das pessoas e os objetos, mas também o próprio lugar. Conclui-se, com isso, o quanto é necessário fazer do professor um arquiteto, e da educação, um processo de configuração de espaços Escolano e Frago revelam e chamam a atenção de profissionais do campo da educação. Não foi em vão Pesquisas recentes, no Brasil, principalmente na área da Educação Infantil, passam a preocupar-se com o espaço que também educa. O espaço escolar transmite a pedagogia utilizada, espalhando as ideias, os valores, as relações e a cultura das pessoas que nele vivem. Que venha agora a preocupação com os espaços da educação profissional Grande edifício no meio urbano, com a fachada rente à rua: Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (1980), mestrado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1992) e doutorado em Educação História Política Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2003). Atualmente faz parte do banco de avaliadores do Sinaes do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira, avaliando cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo; professora titular, aposentada, da UNEB - Universidade do Estado da Bahia. Tem experiênciana área de Educação, desenvolve projetos de pesquisa com ênfase em História da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: história da educação e arquitetura escolar. No ensino superior, atua nas disciplinas de Metodologia da Pesquisa e TCC. Célia Rosângela Dantas Dórea Texto 2: DÓREA, Célia R. D. A arquitetura escolar como objeto de pesquisa em História da Educação. In: Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 49, p. 161-181, jul./set. 2013. Periódico: Educar em Revista - Nº 49 - Qualis A1 Outros Artigos do Dossiê Cultura Material Escolar: Abordagens Históricas Mobiliário escolar francês e os projetos vanguardistas de Jean Prouvé e André Lurçat na primeira metade do século XX Marcus Levy Bencostta Bencostta Raul Lino, protagonista de uma mudança na arquitetura escolar durante a I República Portuguesa Carlos Manique da Silva Objetos de ensino: a renovação pedagógica e material da escola primária no Brasil, no século XX Rosa Fátima de Souza A lousa de uso escolar: traços da história de uma tecnologia da escola moderna Valdeniza Maria Barra Das mãos para as mentes. Protocolos de civilidade em umjornal escolar/SC (1945-1952) Maria Teresa Santos Cunha Cultura, material escolar e formação de professores: como disciplinar o corpo – imagens e textos Rosa Lydia Teixeira Corrêa https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/33289 https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/33293 https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/33293 https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/33296 https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/33297 https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/33298 https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/33300 Resumo O espaço escolar como “espaço” de pesquisa A organização do espaço escolar e a história da escola Anísio Teixeira e a organização do espaço escolar Considerações finais Referências Estrutura do Artigo: “Uma das ideias norteadoras desta pesquisa consiste em encarar a organização do espaço na escola como um dos movimentos que permitem recuperar a história dos estabelecimentos de ensino, possibilitando uma nova leitura dessa ambiência escolar, leitura em que se procura identificar os fatores – políticos, sociais, culturais e econômicos – que interferem na formulação e na execução das políticas educacionais que deram origem aos atuais espaços escolares”. (DÓREA, 2013, p. 161) O espaço escolar como “espaço” de pesquisa "A escola, em suas diferentes concretizações, é um produto de cada tempo, e suas formas construtivas são, além dos suportes da memória coletiva cultural, a expressão simbólica dos valores dominantes nas diferentes épocas". (FRAGO; ESCOLANO, 1998, p. 47) Justificativa do espaço escolar como tema de pesquisa (escola como objeto de investigação): campo específico, desejos e esforços por conhecer, ligação com a vida do pesquisador (MARQUES, 1998) No contexto da recente produção historiográfica, nota-se crescente interesse pelo estudo da escola, resultante de um novo modo de olhar e interrogar as fontes disponíveis, com ênfase na materialidade das práticas, dos objetos e de seus usos Conceito de Forma Escolar e Conceito de Cultura Escolar Foco nas práticas constitutivas de uma sociabilidade escolar e de um modo de transmissão cultural também escolar Também são focalizados, a partir desses conceitos, os dispositivos que normatizam tais práticas organização do tempo e do espaço escolar normatização dos saberes a ensinar e das condutas a inculcar O espaço escolar como “espaço” de pesquisa História de Instituição Educativa se constrói entre “questão do espaço como elemento constitutivo de uma nova concepção de escola” (DÓREA, 2013, p. 164). Para Frago - Cap. 2 Escola é percebida como uma instituição que ocupa espaço (projeto) e lugar (tempo) e, por isso, possui uma dimensão educativa - dialética (dentro e fora da escola) Para Escolano - Cap. 1 A arquitetura escolar cumpre funções culturais e pedagógicas e pode ser considerada como um constructo cultural e histórico Materialidade Representação Apropriação "Uma nova leitura de fontes tradicionais – estatutos, regulamentos, discursos, memórias... – e o recurso a outras fontes até agora menos utilizadas, como autobiografias e diários, os relatórios das visitas de inspeção, as descrições do edifício, das salas de aula ou da vida escolar em geral, as memórias de arquitetos, fotografias e plantas, cadernos e diários de classe, exames, mobiliário e material de todo o tipo, calendários e horários escolares, inventários e um longo etc. de restos da realidade social e cultural das instituições educacionais" (FRAGO; ESCOLANO, 1998, p. 14). A organização do espaço escolar e a história da escola “O lugar que a escola teve que ocupar na sociedade foi um ponto de especial preocupação para os reformadores dos fins do século XIX e início do século XX” (FRAGO; ESCOLANO, 1998, p. 30). No Brasil - lugar específico para escola, a partir das políticas educacionais do final do Séc. XIX Projetos Republicanos de difusão da educação - "reconstrução nacional" 1920 a 1930 - reformas de ensino, referenciadas nos ideais da Escola Nova - desarticulada em vários estados São Paulo - Comissão de Prédios e Instalações Escolares (1919). Atualmente FDE - Fundação para o Desenvolvimento da Educação Código de Educação (Decreto nº 5.884, de 21 de abril de 1933) Prof Almeida Júnior (1936) - o diretor do Ensino do Estado de São Paulo: Programa de construções escolares (participação de diverso profissionais) Distrito Federal/Rio de Janeiro - Diretoria da Instrução Pública Fernando de Azevedo (1927 - 1930) Anísio Teixeira (1931 - 1935) Associação: República lugar do homem novo (ideia de modernidade) Monumentalidade das Construções dos Grupos Escolares Arquitetura escolar simbolizando finalidades sociais, morais e cívicas da escola pública Necessidade de repensar o ambiente: organização e higienização, ordenação do espaço (cidade, escola) Anísio Teixeira e a organização do espaço escolar Formação: diplomado em Direito, ex-aluno de colégios jesuítas. Vida pública como Educador "o papel pedagógico que podia exercer na prática política e enxergando a sua atuação na educação [...]” (NUNES, 2000, p. 99). Estados e períodos de atuação Distrito Federal - RJ (1931 - 1935) Sec. de Educação e Saúde da BA (1947 - 1951) Bahia (1924 - 1928) Expectativa X Realidade Relatório em 1929 - conjunto de sugestões para a reorganização progressiva do sistema educacional baiano Manuscrito: Condições essenciais para a concessão de inspeção preliminar aos estabelecimentos particulares de ensino secundário (TEIXEIRA, 1931) Nos termos do art. 45 do Decreto nº 19.890, de 18 de abril de 1931 (Getúlio Vargas) Plano Diretor específico para edificações escolares Retomou a luta pela causa da educação pública em sua terra natal Relatório de 1949: balanço da situação dos serviços educacionais na Bahia e traça um plano de atuação específico para o interior e para a capital Anísio Teixeira e a organização do espaço escolar O arquiteto-chefe Enéas Trigueiro Silva, da Divisão de Prédios e Aparelhamentos Escolares, projetou, então, cinco tipos principais de prédios, que “foram construídos em condições de material e de projeto, tão modernos e econômicos quanto possíveis” - Plano Diretor específico para edificações escolares Tipo Mínimo, com 3 salas de aula, um ateliê e oficina (construídas em regiões de reduzida população escolar) Tipo Nuclear, com 12 salas de aula, salas para a dministração, secretaria e professores. Tipo Platoon, com 12, 16 e 25 salas de aula. Estas escolas se constituíam de salas de aula comuns e salas especiais para auditório, biblioteca, recreação, jogos, Música, Ciências, Desenho e Artes Industriais. https://docomomobrasil.com/wp-content/uploads/2016/01/146_M03_RM- AsObrasDoPlanoDeEdificacoes-ART_nivaldo_junior.pdf https://docomomobrasil.com/wp-content/uploads/2016/01/146_M03_RM-AsObrasDoPlanoDeEdificacoes-ART_nivaldo_junior.pdf REFERÊNCIAS FRAGO, A. Viñao. Do espaço escolar e da escola como lugar: propostase questões. In: FRAGO, A. V.; ESCOLANO, A. Currículo, espaço e subjetividade: a arquitetura como programa. Rio de Janeiro: DP&A, 2001, p. 60-139. DÓREA, Célia R. D. A arquitetura escolar como objeto de pesquisa em História da Educação. In: Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 49, p. 161-181, jul./set. 2013.
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