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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
2 
 
1 SUMÁRIO 
2 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4 
3 PERSPECTIVAS DE LEITURA: MODERNA E TRADICIONAL .............................. 5 
3.1 Leitura tradicional ............................................................................................. 6 
3.2 Leitura moderna ................................................................................................ 7 
4 LEITURAS VERTICAIS E HORIZONTAIS E OBJETIVOS DO LEITOR ................. 8 
4.1 Estratégias de leitura literal ............................................................................. 10 
5 A LEITURA E A ESCRITA ACADÊMICAS: CONTRIBUIÇÕES PARA O 
PENSAMENTO CIENTÍFICO .................................................................................... 13 
5.1 Argumentos de senso comum e argumentos de senso crítico ....................... 15 
5.2 Argumentos de senso comum ........................................................................ 16 
5.3 Argumentos de senso crítico .......................................................................... 18 
5.4 A leitura e a escrita no cotidiano na universidade ........................................... 20 
5.5 A escrita no cotidiano...................................................................................... 21 
5.6 A escrita no meio acadêmico .......................................................................... 22 
5.7 Postura em relação à escrita acadêmica ........................................................ 22 
6 GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS ........................................................................... 24 
6.1 Gênero textual ................................................................................................ 25 
6.2 Tipologia textual .............................................................................................. 26 
6.3 O texto literário e as suas manifestações linguísticas .................................... 28 
7 A LINGUAGEM E O CONCEITO DE LÍNGUA EM USO ....................................... 30 
7.1 Fala e escrita: conjunto de partes unidas entre si ........................................... 31 
8 ESTRUTURA TEXTUAL ....................................................................................... 34 
8.1 Elementos textuais ......................................................................................... 37 
8.2 Situações de comunicação ............................................................................. 39 
9 ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL ........................................................ 41 
9.1 Aspectos da construção textual ...................................................................... 44 
 
3 
 
10 GÊNEROS TEXTUAIS ACADÊMICO-CIENTÍFICOS – RESUMO ........................ 55 
10.1 A estrutura dos resumos de artigos científicos ............................................... 56 
10.2 Recomendações gerais para a escrita do resumo .......................................... 57 
11 ARTIGO ................................................................................................................ 58 
12 MONOGRAFIA ...................................................................................................... 60 
12.1 Outros gêneros ............................................................................................... 62 
13 A ESTRUTURAÇÃO DO GÊNERO TEXTUAL RESENHA ACADÊMICA ............. 63 
14 MARCAS DA ORALIDADE NA ESCRITA ............................................................. 80 
14.1 A linguagem e os seus diferentes contextos ................................................... 83 
14.2 A globalização e os fatores de unificação da língua portuguesa .................... 86 
15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 87 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
2 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as 
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
3 PERSPECTIVAS DE LEITURA: MODERNA E TRADICIONAL 
Quando se fala em leitura, logo, nos vem à mente alguém lendo um jornal, 
uma revista, um livro (impresso ou digital), uma bula de remédio, um e-mail, etc. 
Nessa óptica, imaginamos o ato de ler como uma ação que está relacionada à 
escrita. Assim, trata-se, muitas vezes, da leitura como decodificação de letras e 
códigos. Contudo, devemos nos perguntar: apenas a leitura da palavra e a 
decodificação do código bastam para o processo efetivo de ler? 
De acordo com Leffa (1996), o processo de leitura se divide em três 
definições: geral, específico e conciliatório. Veja a seguir as características de cada 
um: 
Geral: 
• leitura como processo de representação; 
• sentido da visão; 
• leitura por intermédio de outros elementos da realidade (espelhos); 
• reconhecer o mundo por meio de espelhos do que se observa; 
• leem-se as palavras e o mundo que nos cerca; 
• olhar e ver = leitura; 
• ler é usar segmentos da realidade para chegar a outros segmentos. 
 
Específico: 
• restritivamente, ler é extrair significado do texto e atribuir significado 
ao texto; 
• extrair do texto — movimento do texto para o leitor (ênfase no texto); 
• atribuir ao texto — movimento do leitor para o texto (ênfase no leitor); 
• ler implica significado; logo, ao se usar o verbo extrair, põe-se o 
significado dentro do texto, e ao se usar o verbo atribuir, imprime-se 
significado ao leitor. 
Conciliatório: 
• ler é interagir com o texto; 
• não apenas leitor, não apenas texto, mas os dois polos e mais um 
 
6 
 
terceiro elemento, que é a interação entre os dois; 
• é preciso afinidade e condições adequadas; 
• é necessário ter competências de leitura e a intenção de ler; 
• tentativa de colimação de um determinado objetivo em relação a um 
determinado texto. 
Em uma perspectiva tradicional, a leitura está diretamente relacionada à 
decodificação. Entretanto, a partir dos avanços nos estudos sobre a leitura, há uma 
abordagem moderna. Por essa via, a leitura está vinculada à construção de sentidos 
(MARTINS, 1988). A seguir, vamos examinar cada uma dessas perspectivas de 
leitura com mais detalhes. 
3.1 Leitura tradicional 
Nessa interpretação de leitura, relacionamos o processo de ler à 
decodificação do código. Ou seja, o conhecimento das palavras e dos significados a 
elas vinculados é o fator definitivo para a leitura do texto. A leitura tradicional pode 
ser entendida como um reflexo do que se observa nas escolas convencionais, 
baseadas em um ensino mais “clássico,” onde se mantém uma grande preocupação 
com a escrita e menos atenção à leitura. Conforme explica Kato: 
A disseminação maior de métodos sintéticos nas escolas brasileiras — seja 
o b +a = ba, o ba + be + bi + bo + bu,ou ainda o fônico —, pode também 
ser motivada pela ênfase maior dada à atividade de escrita, a qual envolve, 
no início da aprendizagem, uma operação basicamente de composição, 
embora mais tarde ela possa ser acompanhada complementarmente por 
uma operação de decomposição mental do léxico visual já adquirido. 
(KATO, 2007, p. 7). 
A leitura, posterior à aprendizagem da escrita, acontece de forma linear. Ou 
seja, as palavras são lidas uma a uma de forma contínua, e esse movimento 
configura uma leitura mecânica. Essa estratégia de leitura não se faz presente dessa 
forma. O conhecimento do código possibilita, portanto, a leitura e o entendimento do 
texto. 
Assim, em uma abordagem tradicional, esta estratégia transforma o leitor em 
alguém passivo, pois ele busca significados nas letras, na construção das sílabas, 
nas palavras, nas sentenças e, então, no texto. O leitor decodifica palavra por 
palavra, e o exercício está em encontrar na combinação de palavras o sentido do 
texto. Infere-se, nessa perspectiva, que os signos não são variáveis e flexíveis. Pelo 
 
7 
 
contrário, são imutáveis e sempre estarão relacionados aos mesmos significados, o 
que gera uma séria limitação para o processo de leitura. 
Decodificar representa apenas a primeira etapa da leitura. Após essa etapa, 
há a compreensão, a interpretação, a ação e a retenção. Essa dinâmica entende o 
processo de leitura em uma perspectiva moderna. 
3.2 Leitura moderna 
Não basta apenas o conhecer a língua para se apropria da leitura. Na 
verdade, fazem parte desse processo todas as relações entre pessoas e entre elas 
com o mundo que as cerca, todas as relações entre as várias áreas do 
conhecimento, da expressão, das circunstâncias, etc. 
E quando então os seres humanos começam a ler? É depois de conhecer as 
palavras? Não, pois um bebê lê o mundo muito antes de conhecer o código. O bebê 
percebe o calor do colo da mãe, o conforto e a segurança dos lugares, entende e 
reage de acordo com os estímulos do ambiente e, em seguida, começa a dar sentido 
ao mundo que o cerca. 
Veja um exemplo: 
Pense nas seguintes expressões: 
Ler um gesto. 
Ler o olhar de alguém. 
Ler o tempo. 
Esses são apenas alguns exemplos que demonstram a complexidade do 
processo de leitura. Lemos as palavras, mas não apenas como uma ação de 
decodificar, pois, a partir de nossas experiências e vivências, imprimimos diferentes 
sentidos para os textos. Duas pessoas, por exemplo, podem ler o mesmo texto de 
formas diferentes, dependendo das experiências prévias de cada uma delas. Do 
mesmo modo, uma mesma mensagem escrita pode impactar de forma diferente 
cada leitor. 
Para além do entendimento tradicional de leitura, na perspectiva moderna, 
entendemos que a leitura está na construção de sentido, uma ação que ocorre entre 
o leitor e o texto. Por esse motivo, o mesmo texto pode ser lido de diferentes formas 
 
8 
 
por diversos leitores. As expressões faciais, por exemplo, podem ser lidas e 
interpretadas de formas diferentes, mudando de acordo com o leitor (observador) e o 
contexto. Segundo Bakhtin (1986). 
O essencial na tarefa de decodificação não consiste em reconhecer a forma 
linguística utilizada, mas compreendê-la num contexto preciso, compreender 
sua significação numa enunciação particular. Em suma, trata-se de perceber 
seu caráter de novidade e não somente sua conformidade à norma. Em 
outros termos, o receptor, pertencente à mesma comunidade linguística, 
também considera a forma linguística utilizada como um signo variável e 
flexível e não como um sinal imutável e sempre idêntico a si mesmo. 
(BAKHTIN, 1986, p. 93). 
Na perspectiva moderna, a leitura é entendida de forma mais ampla e 
pressupõe muito mais do que a decodificação e a leitura linear do texto. Essa 
perspectiva confere um espaço muito mais significativo para a construção de 
sentido. Não há uma preocupação excessiva com a decodificação do código 
linguístico, mas, sim, uma ênfase na autonomia semântica do leitor, em que os 
contextos sociais, históricos e culturais do indivíduo também são valorizados. 
4 LEITURAS VERTICAIS E HORIZONTAIS E OBJETIVOS DO LEITOR 
Anteriormente, mencionamos a leitura linear, mas também existem as leituras 
vertical e horizontal. É importante conhecer essas estratégias para que elas sejam 
utilizadas adequadamente ao propósito de leitura e aos objetivos do leitor, ou seja, a 
uma construção consciente dos sentidos da leitura. 
A leitura horizontal é classificada como superficial, estrutural, com base na 
observação de títulos e subtítulos. Ela é mais para inspecionar. Logo, tem como 
objetivo principal fazer com que o leitor se familiarize com o conteúdo, examinando 
partes-chave do texto (SOUZA, 2021). Em outras palavras, o objetivo da leitura 
horizontal é a familiarização com o conteúdo e um entendimento mais geral do tema 
do texto. Ela pode ser caracterizada pela obtenção de uma informação de caráter 
geral. Solé (2014), sobre essa leitura mais geral, afirma que: 
Esta é a leitura que fazemos quando queremos “saber de que trata” um 
texto, “saber o que acontece”, ver se interessa continuar lendo... Quando 
lemos para obter uma informação geral, não somos pressionados por uma 
busca concreta, nem precisamos saber detalhadamente o que diz o texto; é 
suficiente ter uma impressão, com as ideias mais gerais. Poderíamos dizer 
que é uma leitura guiada sobretudo pela necessidade do leitor de 
aprofundar-se mais ou menos nela. (SOLÉ,2014, documento on-line). 
Pense na leitura de um jornal, que pode ser impresso ou digital. O que lemos 
primeiro são as manchetes. Caso a notícia seja de nosso interesse (tenha uma 
 
9 
 
chamada interessante), acessamos o conteúdo na íntegra e desenvolvemos a leitura 
completa. Caso contrário, seguimos na leitura horizontal, examinando apenas partes 
dos textos. 
Ao acessarmos os jornais lemos as imagens, nos apropriamos dos títulos e, 
quando a imagem e/ou o título chamam a nossa atenção de alguma forma (por 
interesse na temática, por exemplo), passamos a ler o descritivo do título (subtítulo). 
Confirmando a adesão aos nossos interesses (objetivo do leitor), acessamos o texto 
na íntegra e partimos para a leitura. Essa leitura pode ser horizontal em um primeiro 
momento, para a confirmação da pertinência do texto, ou pode ser diretamente 
vertical (uma leitura mais aprofundada do texto). 
 
Fonte:unicamp.br 
A leitura vertical é profunda, reflexiva e analítica. É feita a observação de toda 
a estrutura linguística do que está lendo. Para Souza (2021, documento on-line), a 
leitura analítica é crítica “tanto no sentido de buscar mais detalhes, examinando os 
argumentos e conceitos fundamentais, quanto no sentido de realmente criticar o 
conteúdo, entendendo a posição do autor ao ponto de concordar ou discordar dele”. 
Na leitura vertical, procuramos compreender de forma a atribuir significado ao 
conteúdo apresentado pelo texto. Existe, portanto, uma construção pessoal (por 
parte do leitor e seu contexto) sobre algo proposto objetivamente (o autor e o texto). 
 
10 
 
Aquilo que está nas entrelinhas também é observado. Além do que se faz presente 
no texto, na leitura vertical, o leitor busca o que está implícito e procura estabelecer 
relações com o contexto, com outros manuscritos e com conhecimentos prévios. 
Assim, o leitor pode construir o seu entendimento do texto e utilizá-lo de acordo com 
os seus objetivos. De acordo com Solé (2014), essa leitura possibilita: 
Ampliação do conhecimento prévio com a introdução de novas variáveis, 
modificação radical do mesmo, estabelecimento de novas relações com 
outros conceitos... De qualquer forma, nosso conhecimento anterior sofreu 
uma reorganização, tornou-se mais completo e mais complexo, permitimos 
relacioná-lo a novos conceitos, e por isso podemos dizer que aprendemos. 
(SOLÉ,2014, documento on-line). 
É importante conhecer as leituras horizontal e vertical,pois elas são úteis 
para o processo de aprendizagem. Pense, por exemplo, na construção de um 
trabalho de conclusão de curso. A princípio, reunimos um conjunto de textos, que 
são as referências em uma determinada área de pesquisa. Depois, lemos os títulos 
e subtítulos para selecionar aqueles que serão utilizados. Por fim, lemos o conteúdo 
total dos textos, com o objetivo de reorganizar noções e conceitos para construir 
uma escrita autoral. 
4.1 Estratégias de leitura literal 
As estratégias de leitura são utilizadas como instruções que ampliam a 
realização do objetivo de leitura. São ações como itinerários, que, de certa forma 
ordenada, possibilita atingir determinada meta. Isso não significa que exista uma 
regra ou receita para a ordenação dessas estratégias, mas, sim, que elas, de 
alguma forma, facilitem o processo de leitura e interpretação de textos. Com as 
estratégias, o pensamento estratégico é praticado. 
[...] “a estratégia tem em comum com todos os demais procedimentos sua 
utilidade para regular a atividade das pessoas, à medida que sua aplicação 
permite selecionar, avaliar, persistir ou abandonar determinadas ações para 
conseguir a meta a que nos propomos”. (SOLÉ, 2014, p. 14). 
As estratégias são necessárias para a formação de leitores autônomos. Elas 
são importantes para o aperfeiçoamento de leitores para que sejam capazes de 
efetivamente aprender), a partir dos textos, com o objetivo de questionar o 
conhecimento e modificá-lo (SOLÉ, 2014). 
 As estratégias são divididas em cognitivas e metacognitivas (KLEIMAN, 
2002). As estratégias metacognitivas são as operações (e não regras) realizadas 
com objetivo previamente determinado. Sobre elas, temos controle consciente, ou 
 
11 
 
seja, temos condições de compreender a nossa ação. De acordo com Kleiman 
(2002): 
As estratégias metacognitivas da leitura são, primeiro, autoavaliar 
constantemente a própria compreensão, e segundo, determinar um objetivo 
para a leitura. Devemos entender que o leitor que tem controle consciente 
sobre essas duas operações saberá dizer quando ele não está entendendo 
um texto e saberá dizer para que ele está lendo um texto (KLEIMAN, 2002, 
p. 50). 
Isso significa que se o autor encontra alguma dificuldade de entender o texto, 
por exemplo, ele pode recorrer a palavras-chave, realizar buscas de significado 
dessas palavras ou retornar à leitura e encontrar explicações para as dúvidas. 
Conscientemente, o leitor reconhece as dificuldades de alcance do objetivo de 
leitura e pratica determinadas ações para resolver esse problema, pois detecta as 
causas de sua dificuldade. 
As estratégias cognitivas, por sua vez, são inconscientes. Um exemplo, 
conforme Kleiman (2002), está no fatiamento sintático. Essa é uma ação necessária 
para a leitura, mas que não acontece de forma consciente. É um processamento em 
que procedimentos são utilizados, mas não temos domínio sobre eles. 
Ampliaremos os conhecimentos sobre as estratégias para a formação de 
leitores proficientes. A princípio, temos o objetivo de leitura, de acordo com esse 
objetivo (ou objetivos), selecionamos os textos, a partir de conhecimentos prévios 
sobre o assunto selecionamos as leituras pertinentes nessa etapa, podemos realizar 
uma leitura mais horizontal/superficial apenas para confirmar a aderência do texto ao 
objetivo proposto. Nessa estratégia (relacionada ao objetivo de leitura), estabelece-
se uma análise de tipos de texto. Por exemplo, um romance romântico pode ser 
utilizado para determinado objetivo de aprendizagem, já uma pesquisa científica, 
para outro. De acordo com o objetivo proposto, vamos selecionar os tipos de textos 
que serão pertinentes. Veja a seguir quais são esses tipos, de acordo com SOLÉ 
(2014). 
 
• NARRATIVO: há um desenvolvimento cronológico, com o objetivo de explicar 
alguns acontecimentos em uma determinada ordem. Alguns textos narrativos 
seguem uma organização (estado inicial > complicação > ação > resolução > 
estado final), já outros introduzem uma estrutura dialogal dentro da estrutura 
narrativa. São exemplos o conto, a lenda, o romance, entre outros. 
• DISSERTATIVO: texto centrado na defesa de uma ideia. Com a 
 
12 
 
apresentação de diferentes pontos de vista, o texto dissertativo aborda temas 
com profundidade reflexiva, convidando o leitor a construir conhecimentos 
sobre um tema específico. São exemplos o artigo de opinião, a redação 
dissertativa, entre outros. 
• DESCRITIVO: descreve um objeto ou fenômeno com o uso de comparações 
e outras técnicas. Esse tipo de texto é frequente tanto na literatura quanto nos 
dicionários, em guias turísticos, em inventários, etc. 
• INSTRUTIVO-INDUTIVO: tem o objetivo de induzir a ação do leitor. São 
exemplos as palavras de ordem, as instruções de montagem ou de uso, etc. 
• Expositivo: explica determinados fenômenos ou proporciona informações 
sobre eles. Os livros didáticos e os manuais utilizam muito esse tipo de texto 
 
Após a seleção dos tipos de texto, de acordo com o objetivo de leitura, 
partimos para a leitura horizontal (mais superficial). Depois, seguimos, de acordo 
com a pertinência do texto, para a leitura vertical (aprofundamento dos tópicos), que 
é mais profunda, reflexiva e analítica. Nesse ponto, as estratégias utilizadas 
envolvem as leituras textual, contextual e intertextual. Na textual, o leitor busca 
informações no texto. Na contextual, as pistas estão indicadas nas entrelinhas. Na 
intertextual, também chamada de cultural, o leitor estabelece relações intertextuais 
para o entendimento do seu objetivo de leitura. 
Para finalizar, é importante conhecer as estratégias de leitura de forma mais 
direta. A princípio, tem-se a identificação da ideia geral do texto em função dos 
objetivos propostos para leitura. Em seguida, busca-se a elaboração de resumos (ou 
fichas de leitura), com a finalidade de encontrar o tema, as ideias principais e as 
secundárias do texto. Para isso, quatro regras podem ser utilizadas pelo leitor: omitir, 
selecionar, generalizar e construir (SOLÉ, 2014). Omitindo e selecionando, 
separamos as ideias importantes para o nosso objetivo de leitura daquelas que não 
são tão pertinentes. 
 Após a seleção das informações, colocam-se em prática duas regras: 
generalização e construção. Por meio da generalização, abstraímos uma sequência 
de pensamentos/informações e construímos/integramos uma ideia importante para o 
objetivo de leitura. Assim, uma nova informação é elaborada, muitas vezes contendo 
informações particulares que não estavam presentes no genérico. Lembre-se de que 
 
13 
 
os resumos são construídos com base nos conhecimentos que já temos. Assim, 
temos as estratégias de construção de conceitos subordinados a partir de 
determinados conjuntos de informações (SOLÉ, 2014). 
Outra estratégia para uma leitura ativa está centrada na formulação de 
perguntas e respostas. Isso pode ocorrer oralmente ou de forma escrita. O leitor 
formula perguntas sobre o texto e, assim, regula o processo de leitura. Essas 
perguntas vão facilitar para a identificação do tema e das ideias principais do texto, 
formular hipóteses é a estratégia integrante. A partir da leitura horizontal, hipóteses 
podem ser formuladas, Em seguida, a leitura vertical vai validando ou refutando as 
hipóteses, e as perguntas para o texto vão sendo formuladas. Com o 
desenvolvimento da leitura, as perguntas são respondidas e o resumo vai se 
construindo (SOLÉ, 2014). Utilizar as estratégias de leitura na prática é um 
movimento constante do leitor sobre o texto e vice-versa. Nesse processo, há 
interação; logo, há construção de conhecimento. 
O ato de ler representa movimento, e o conhecimento não está fixo no texto, 
mas na interação do leitor com o texto a partir dos seus objetivos de leitura e do seu 
conhecimento prévio. Com a utilização das estratégias, o leitor amplia o processo de 
interpretação e apropriaçãodo texto, construindo novos saberes. Em síntese, deve-
se considerar a importância do leitor em assumir progressivamente o controle da 
leitura para utilizar as estratégias necessárias para uma leitura eficiente, alcançando 
os seus objetivos de leitura 
5 A LEITURA E A ESCRITA ACADÊMICAS: CONTRIBUIÇÕES PARA O 
PENSAMENTO CIENTÍFICO 
O universo acadêmico forma-se em torno de saberes escritos. Portanto, 
dominar a escrita e a leitura é fundamental nesse âmbito. Além disso, ao longo do 
tempo, tem-se intensificado as exigências quanto à produção acadêmica. Para 
Bortoni-Ricardo (2008), isso se dá porque, a nossa vida está ligada ao pensamento 
científico: do alimento, por exemplo, que envolve pesquisa em genética e em 
agronomia, vestimentas, transporte, saúde, conhecimento de mundo, comunicação, 
etc. 
Deste modo, é imprescindível que não apenas professores pesquisadores 
 
14 
 
prestem contas de seus estudos por meio de publicações, mas que toda a 
comunidade acadêmica o faça. Alunos de pós-graduação — lato sensu 
(especialização) e stricto sensu (mestrado e doutorado) — são solicitados o tempo 
todo a mostrarem os resultados de suas produções com publicações. Da mesma 
maneira, aos alunos de graduação são cada vez mais cobrados tanto para fazerem 
parte da iniciação científica como para realizarem produções textuais ao longo do 
curso superior. Portanto, como os graduandos precisam apresentar resultados 
escritos, isso demandará, igualmente, grande quantidade de leitura. 
Fava de Moraes (2000) e Pinho (2017) destacam que o estudante de 
graduação ganha autonomia quando aprende a trabalhar com pesquisas, uma vez 
que passa a perceber quando consegue buscar soluções individualmente e quando 
tem necessidade de auxílio. Embora o contexto de que falem os autores se refira à 
iniciação científica, é importante destacar que todos os alunos precisam desenvolver 
capacidade de análise crítica e discernimento, necessária para o seu percurso 
profissional. A graduação é o espaço propício para que isso aconteça. Uma das 
grandes vantagens da pesquisa acadêmica consiste no aprimoramento do olhar 
crítico. Este é pautado principalmente em um melhor desenvolvimento da 
capacidade de leitura e escrita, essencial na universidade. 
Há, ainda, um benefício adicional ao aluno que se dedica à pesquisa 
científica, aprendendo a buscar fontes fidedignas e a realizar produções escritas 
adequadas ao nível acadêmico, ele fica familiarizado mais cedo com o fato de que 
há regras de padronização a serem seguidas. Uma delas é a ortografia padrão do 
país, regulamentada pelo Acordo Ortográfico de 1990 e elaborada pela Academia 
Brasileira de Letras (ABL), que entrou em vigor no Brasil em 2016. Outro caso é a 
normalização da formatação de itens como trabalhos acadêmicos, artigos, pôsteres, 
sumários, índices, enfim, os elementos formais de apresentação de trabalhos 
acadêmicos de variadas naturezas. Tal normalização é realizada pela Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 
Os textos exigem muito trabalho para sua escrita, requerendo, da mesma 
forma, bastante leitura. Veja o que afirma Paulo Guedes (2010): 
Já não se lê mais como antigamente; se lê muito mais, não só porque tem 
muito mais gente capacitada para ler hoje do que antigamente, mas também 
porque tem muito mais gente que precisa ler do que tinha antigamente. [...] 
E também já não se escreve mais como antigamente. Se escreve muito 
mais e pelos mesmos motivos. [...] Escrevemos muito mais e melhor até 
porque não tem outro jeito, pois o modo de produção em que estamos 
 
15 
 
inseridos precisa de uma incessante produção de conhecimento, o que 
acarreta, incontornavelmente, a produção do texto que vai organizar esse 
conhecimento, dos textos que vão divulgar esse conhecimento, dos que vão 
problematizar esse conhecimento, dos que vão vulgarizar esse 
conhecimento, dos que vão testemunhar a apropriação desse 
conhecimento, dos que vão propor aplicações desse conhecimento. 
(GUEDES, 2010, p. 7). 
Assim, ao ingressar na universidade, o aluno se depara com o fato de que o 
ensino superior se centra na produção contínua e intensa de conhecimento. Não 
bastando isso, o uso qualificado da modalidade formal da língua portuguesa subjaz 
às atividades específicas que o estudante precisa desenvolver em sua área de 
conhecimento para se tornar um profissional competente. O objetivo final consiste 
em atender a diferentes demandas sociais ligadas ao seu campo de atuação. 
 Köche, Boff e Marinello (2010, p. 9) pontuam que, “[...] no contexto atual, ler e 
escrever de modo eficiente é extremamente importante, tanto na vida pessoal 
quanto na profissional, visto serem competências que facilitam a inserção do sujeito 
nas diferentes esferas sociais”. 
Assim, não se trata de importância, mas de necessidade. Para produzir 
conhecimentos em sua área de atuação, o discente deve desenvolver habilidades 
tanto em leitura quanto em escrita. Essas habilidades relacionam-se com os distintos 
gêneros textuais de que se faz uso na faculdade, explorando a sua leitura e a sua 
escrita qualificada. Na leitura, é preciso que o aluno saiba identificar as pistas que 
direcionam os sentidos. Na produção textual, são necessárias estratégias de 
organização de acordo com a finalidade de cada texto. 
5.1 Argumentos de senso comum e argumentos de senso crítico 
Ao analisar o título acima podemos pensar que é possível falar de 
argumentos de uma forma muito simples e geral, mas a argumentação exige um 
pouco mais. Exige, primeiramente, em definir em que consiste argumentar no 
contexto acadêmico. Quando se pensa em argumentação, é preciso 
necessariamente remeter ao caráter dialógico — isto é, de diálogo — dos discursos. 
Isso significa dizer que a argumentação se refere a como melhor selecionar e 
organizar argumentos de diferentes naturezas para alcançar objetivos como 
demonstrar, persuadir e convencer. 
Também está relacionada a públicos diversos (a quem se destina), a objetos 
 
16 
 
claros (o que está em questão) e a circunstâncias específicas (em que momento e 
em que espaço se dá e de que modo se realiza). Pode-se chamar a esse conjunto 
de “relações de contexto”. São justamente os contextos que estão em jogo quando 
se fala de argumentos de senso comum e de senso crítico. 
Segundo Abreu (2010), o senso comum é proveniente de variados discursos 
que formam o que chamamos de “opinião pública”. Ela seria constituída, 
especificamente, por diversos discursos estruturados que permeiam toda a 
sociedade, independentemente de classe social. Savioli e Fiorin (2006) explicam que 
os argumentos de senso comum normalmente são preconceituosos, pois não são 
baseados em fatos e comprovações, mas em afirmações usualmente 
generalizantes. 
Quando se diz “Todo político é corrupto”, essa afirmação é generalizante. 
Quem a faz até pode relatar uma ocorrência de corrupção, mas um único caso não é 
o suficiente para qualificar todo um grupo. Suponha-se que a mesma pessoa 
dissesse “Há políticos corruptos” e justificasse expondo o mesmo caso de corrupção. 
A afirmação deixaria de ser generalizante, sendo comprovada por um fato concreto. 
Trata-se, como se vê, do modo de apresentar os argumentos: em lugar de uma 
afirmação generalizante inadequadamente baseada em um fato pontual, tem-se uma 
conclusão mais geral depreendida de um fato a partir do qual se pode efetivamente 
deduzi-la. 
5.2 Argumentos de senso comum 
É preciso olhar para os argumentos de senso comum com extrema cautela 
em qualquer circunstância. Como já vimos anteriormente as considerações de 
Savioli e Fiorin (2006), Silva (2011), também afirma que o senso comum consiste no 
conhecimento vulgar, nas opiniões diversas. Ou seja, “[...]tudo [com] o que se 
precisa romper para se tornar possível o conhecimento científico, racional e válido”. 
A autora continua: “[...] a humanidade iniciou suas crenças a partir das concepçõesdo senso comum, e posteriormente, através da razão e da racionalidade modernas, 
apropriou-se das premissas da ciência”. Tais premissas incluem a comprovação e o 
embasamento exigido em todo discurso científico, incluído o acadêmico. 
Esses autores abordam o senso comum em maior profundidade e de forma 
 
17 
 
diversa. Silva (2011), alerta para o fato de que a ciência por vezes pode não dar 
conta de elementos que, em realidade, não são completamente tangíveis de forma 
objetiva. Um exemplo trabalhado pela autora é a catalogação do patrimônio cultural, 
que é dividido em dois tipos: o material e o imaterial. O primeiro, sendo concreto 
(obras de arte e documentos, por exemplo), é classificado de forma mais evidente e 
inconteste. 
O imaterial, contudo, apresenta incertezas, já que a sua categorização não é 
óbvia, pois estão em jogo conhecimentos que são resultados da experiência 
cotidiana do senso comum vivenciados, experienciados, e transmitidos de gerações 
em gerações, e durante toda a vida por um determinado grupo. Mesmo fazendo 
essa ressalva, Silva (2011), alerta para o fato de que exista na ciência moderna um 
único caminho: o método científico. Na sua concepção, a solução para o caso 
específico do patrimônio imaterial estaria na “[...] união dos conhecimentos das mais 
diversas áreas [...] pautados em conhecimentos específicos dotados de clareza e 
objetividade”. A autora finaliza dizendo que a ciência e senso comum têm papéis 
distintos, contudo, ao mesmo tempo complementares. 
Cabral (2018), por sua vez, revisitando o pensamento do filósofo John Dewey, 
problematiza um elemento anterior: a determinação do objeto de estudo. Segundo 
ele, Dewey defende que a ciência não pode perder de vista os problemas do senso 
comum que geram as suas questões. Desse modo, o senso comum seria uma etapa 
inicial do desenvolvimento do pensamento científico. Por isso, Dewey é bastante 
citado em pesquisas da área da educação. 
Para o filósofo, portanto, os discentes não deveriam apenas decorar fórmulas 
ou teorias, mas levantar hipóteses, fazer comparações, análises, interpretações e 
avaliações relacionadas a experiências práticas. Os alunos seriam, então, 
conduzidos a um aprendizado significativo e a um conhecimento efetivo. Não se 
daria, assim, uma ruptura entre a forma de pesquisar do senso comum e a da 
ciência, pois, embora seus respectivos problemas e métodos sejam diferentes, 
ambas possuem uma origem comum: as situações originárias de uso e desfrute dos 
objetos ao redor Cabral (2018). 
 
18 
 
5.3 Argumentos de senso crítico 
Independentemente da posição que tem quanto ao senso comum, seja um 
olhar mais rígido ou mais condescendente, não se pode negar que um ponto de 
vista científico deve necessariamente considerar o senso crítico de forma primordial. 
No que consistem, então, argumentos de senso crítico? Como eles são 
constituídos? 
Para abordar a argumentação que leva em conta o caráter dialógico do 
discurso, é preciso, como afirma Fiorin (2015), retornar aos textos clássicos. O 
primeiro aspecto a ser lembrado, diz o autor, são os raciocínios necessários e 
preferíveis, baseados no pensamento de Aristóteles. O silogismo consiste no 
raciocínio necessário por excelência. Baseia-se na argumentação a partir de 
premissas que, tidas como verdadeiras, levam a uma dedução lógica. Veja o 
exemplo a seguir: 
 
Fonte: adaptada de Fiorin (2015). 
 
Os raciocínios preferíveis, por sua vez, seguem Fiorin (2015), são aqueles 
cujas premissas não necessariamente correspondem à verdade, fazendo com que 
as conclusões não sejam “logicamente verdadeiras”. Veja o exemplo a seguir. 
TODAS AS 
PESSOAS SÃO 
MORTAIS.
JOÃO É UMA 
PESSOA.
LOGO, JOÃO É 
MORTAL.
 
19 
 
 
Fonte: adaptada de Fiorin (2015). 
Facilmente você pôde constatar, a aceitação da premissa de que todos os 
estudantes são esforçados não é “logicamente verdadeira”, dependendo de crenças 
e valores. Fiorin (2015), sintetiza isso da seguinte forma: 
Os raciocínios necessários pertencem ao domínio da lógica e servem para 
demonstrar determinadas verdades. Os preferíveis são estudados pela 
retórica e destinam-se a persuadir alguém de que uma determinada tese 
deve ser aceita, porque ela é mais justa, mais adequada, mais benéfica, 
mais conveniente e assim por diante (FIORIN, 2015, p. 18). 
Na ciência e, portanto, no mundo acadêmico, muitas conclusões, claro, 
devem-se à lógica. Entretanto, a maior parte das questões com que os 
pesquisadores se deparam tem mais relação com o modo como tais problemas são 
trabalhados do que com a lógica simples. Trata-se, por conseguinte, de persuasão. 
Os argumentos, são os raciocínios que se destinam a persuadir. Argumentação, 
aqui, diz respeito à persuasão, e a retórica é a arte da persuasão por excelência, 
afirma Fiorin (2015, p. 19). 
Ainda de acordo com o mesmo autor, há quatro noções discursivas da 
retórica. A antifonia é a primeira noção discursiva e consiste no contraste de dois 
discursos opostos. Um exemplo são os casos de julgamento, em que defesa e 
acusação expõem seus pontos de vista para que um juiz chegue a um veredito. O 
paradoxo, a segunda noção discursiva, evidencia que a linguagem tem sua 
“ordem própria” e “categoriza o mundo” (FIORIN, 2015, p. 24). Se alguém diz “Toda 
certeza é relativa”, não pode ter certeza do que diz, à medida que deve, segundo 
sua própria afirmação, relativizar inclusive tal certeza enunciada — trata-se de um 
TODOS OS 
ESTUDANTES SÃO 
ESFORÇADOS 
MARIANA É 
ESTUDANTE.
LOGO, MARIANA 
É ESFORÇADA
 
20 
 
paradoxo. 
A terceira noção discursiva, a da probabilidade, diz respeito ao fato de que 
as pessoas sempre fazem cálculos com base nas situações que julgam prováveis 
em determinadas circunstâncias (ou seja, os cálculos dependem dos contextos). 
Caso alguém, por exemplo, tenha ameaçado outra pessoa, e esta sofreu um 
atentado, a probabilidade é que tal atentado tenha sido cometido por quem fez a 
ameaça. Finalmente, a quarta noção discursiva, interação discursiva, última 
dessas noções, trata da interação social: um discurso sempre é produzido em 
oposição a outro. Isso implica o dialogismo dos discursos, o que significa que todos 
os discursos são argumentativos, porque são dialógicos. 
 
 
 
A neutralidade é diferente de impessoalidade. Ela tem a ver com a 
objetividade do texto. Não existe texto neutro, pois todos tem (ou deveria ter) uma 
opinião sobre o assunto em questão. Por exemplo, um texto pode expressar 
argumentos a favor ou contra, ou até mesmo duvidar de uma posição sobre um 
assunto, mas você precisa ter uma posição clara sobre o tema. 
Entretanto, a impessoalidade, está relacionada aos efeitos linguísticos, 
obtidos no texto por meio do uso de elementos como a terceira pessoa do singular, 
que faz o leitor sentir que as coisas aconteceram por si mesmas. Portanto, se houver 
uma construção no texto como "Constatou-se que dado é verdadeiro", dar-se-á 
impressão de que o fato de as afirmações serem verdadeiras é um atributo em si, e 
não uma afirmação feita por uma pessoa 
5.4 A leitura e a escrita no cotidiano na universidade 
Ler e escrever não é algo tão simples, e se fosse uma tarefa fácil, não haveria 
tantas de pessoas procurando por dicas, tutoriais, enfim, um monte de ferramentas 
para melhorar a escrita, ou mesmo começar a escrever um texto mais sofisticado, ou 
um artigo para qualquer finalidade. 
Toda essa complexidade tem um motivo e é explicável. As nossas habilidades 
mais naturais são ouvir e falar, trata-se do estado primitivo da linguagem falada. 
 ATENÇÃO 
 
21 
 
Com a necessidade de registrarem os fatos, a história e consequentemente 
decodificar os símbolos escritos, surgiram a escrita e a leitura. Só é possível uma 
criança aprender a ler e a escrever depois que ela domine perfeitamente a língua 
materna. 
5.5 A escrita no cotidiano 
A escrita está presente na vida cotidiana mesmoquando ela não é 
formalmente exigida. Criar uma lista de compras, enviar e-mails e anotar lembretes 
são alguns dos usos mais comuns da escrita. Já no ambiente de trabalho, preencher 
formulários ou enviar relatórios profissionais, exigem mais atenção ao formato e 
estilo. 
 No entanto, com a popularidade de várias redes sociais, grande parte das 
pessoas tornam-se publicas várias postagens contendo diferentes tipos de textos 
todos os dias. Esses escritos possuem a mesma importância para os que os 
produzem, quanto os textos usados para realizar tarefas de trabalho ou estudo. 
Entretanto, há uma característica que os tornam muito diferentes uns dos outros, a 
linguagem, a formalidade. De fato, em textos acadêmicos, o rigor é muito maior 
devido ao contexto. 
Em termos de escrita, o contexto contém alguns elementos: quem está 
falando, para quem, o que é dito, de que maneira, quando e onde. Ignorar qualquer 
uma desses fatores fará com que seu texto falhe de alguma forma, não apenas os 
textos acadêmicos, mas de qualquer um. Por exemplo, imagine que alguém escreva 
um bilhete para a mãe informando que foi para faculdade, em vez de "Mãe, estou 
indo para a faculdade", escreva algo como: 
“Presada senhora, precisei me ausentar. Dirigi-me ao espaço destinado aos 
estudos que realizo com a finalidade de completar minha graduação”. No mínimo, 
causaria muito espanto com tanta formalidade. De maneira igual, um texto 
acadêmico não pode ter uma linguagem coloquial, pois além de causar 
estranhamento, não vai transmitir credibilidade e a sobriedade exigidas a esse tipo 
de interação. 
 
22 
 
5.6 A escrita no meio acadêmico 
Quanto a escrita acadêmica, exceto em casos muito específicos em que o 
aluno tem que escrever um texto narrativo - como em uma disciplina de produção de 
textos - os textos acadêmicos normalmente são dissertativos. O que significa que há 
uma clara estrutura argumentativa por trás dele. Claro, todo texto é argumentativo 
porque se relaciona (através do diálogo) com outros textos e transmitem 
significados, mesmo que de forma implícita. 
O texto dissertativo sobressai neste sentido porque visa nitidamente debater e 
solucionar uma questão (no sentido de “discussão de um tema”). Portanto, a 
argumentação não é tão evidente em nenhum outro texto quanto o dissertativo. 
Pereira (2013, p. 21) afirma que “[...] a escrita científica busca dar corpo à 
interpretação objetiva da realidade, superando o imediatismo da opinião e do senso 
comum, buscando expedientes de universalização e generalidade” 
Portanto, um ensaio argumentativo visa revelar as evidências de que seu 
conteúdo está correto, ou demonstrar que a forma como o tema é apresentado é o 
melhor. Em suma, podemos dizer que um ensaio argumentativo deve ser 
internamente consistente, e quanto aos dados que apresenta, além de ser 
consistente, deve também refletir questões específicas através da argumentação, 
avaliação e interpretação. 
 Nesse sentido, a leitura acompanha os alunos durante toda a vida escolar e é 
essencial para o desenvolvimento da escrita. Duarte, Pinheiro e Araújo (2012), 
observaram uma forte relação entre a leitura frequente e a melhora da escrita. 
Machado (2017), por outro lado, diz que a prática da leitura é essencial para o 
sucesso do aluno porque se integra na aprendizagem quotidiana como uma forma 
especial de adquirir, compreender e interpretar conhecimentos, essenciais na 
argumentação. 
5.7 Postura em relação à escrita acadêmica 
Apenas descrever, apresentar as características de um texto acadêmico é o 
suficiente para uma efetiva prática na escrita. Assim, apresentaremos algumas 
orientações que irão te ajudar no momento da escrita e na tomada de decisão sobre 
ela, 
 
23 
 
O primeiro critério a destacar é a questão dos prazos. É impossível escrever 
um texto argumentativo de uma só vez. Além do mais, tem a questão do tempo 
necessário para coletar os dados e as leituras necessárias para se aprofundar no 
tema, é preciso lembrar que os textos acadêmicos podem e devem ser reescritos 
várias vezes. Várias correções e alterações evitarão textos irracionais ou mal 
concebidos. 
Dessa forma, é necessário planear a escrita, separando e dedicando um bom 
tempo para este trabalho. Para que se tenha tempo de reescrever quantas vezes for 
preciso. Como comenta Baker (2015), quem escreve profissionalmente sempre 
reescreve seus textos, pois toda escrita pode ser melhorada. Parafrasear também 
pode ajudá-lo a planejar seu trabalho. Elaborar seu texto no início de sua jornada 
ajudará você a entender os dados e as discussões necessárias para concluí-lo 
(BECKER, 2015). 
Um aspecto importante, por mais óbvio que pareça, é que o escritor não 
estará com seus leitores, nem dará explicações quando começarem a surgir 
dúvidas. Portanto, você deve escrever de forma que todas as informações que seu 
público precisa estejam no texto. Lembrando novamente que a linguagem deve ser 
apropriada. Trata-se de uma linguagem formal, além disso, há uma grande 
quantidade de termos específicos de diversas áreas. Para garantir que você está 
atingindo seus objetivos de redação, use um revisor, alguém que você conhece e 
que possui características semelhantes ao seu público-alvo. 
Um ponto muito importante também, a seleção das fontes. Inclui pesquisa 
empírica e pesquisa bibliográfica. Ambos foram escolhidos por estarem de acordo 
com o escopo do estudo. É essencial destacar o conteúdo que é realmente 
relevante para o que você está tentando apresentar. As bibliografias, em particular, 
têm algumas peculiaridades. O primeiro passo é selecionar autores que sejam 
importantes para o campo da pesquisa e que seja consistente com a teoria e os 
tópicos do artigo a serem usados. Não adianta usar a teoria mais inovadora se você 
não souber lidar com o seu assunto. 
Em relação aos periódicos, deve-se dar preferência aos mais conhecidos em 
sua área, mesmo que seja necessária uma seleção específica. Bem, você pode 
encontrar textos interessantes com um visual ousado e original em revistas 
secundárias. É o que Eco (2010, p. 113) chama de “humildade científica” em relação 
 
24 
 
à construção do conhecimento: todos podem ensinar alguma coisa. Quando falamos 
em período de publicação, quanto mais recentes os textos escritos, maior sua 
popularidade e atualidade. Claro que esse critério não vale para textos clássicos ou 
mesmo icônicos em todos os campos, bem como para textos de autores 
reconhecidos. 
Também deve ser frisado que você deve se envolver com o que está 
escrevendo. Não importa quais tópicos ou pontos de vista sejam revelados em seu 
artigo ou texto, eles são de sua inteira responsabilidade. Isso tem duas 
consequências. A primeira é que após a publicação ou envio do seu texto (por 
exemplo, no caso de um trabalho acadêmico), os leitores terão ao dispor somente o 
que você escreveu, uma escrita mal feita poderá levá-lo a ter interpretações 
contrárias daquilo que você gostaria de ter exposto. Assim é sua a responsabilidade 
de ser o mais claro e objetivo, usando argumentos coerentes para não gerar dúvidas 
para quem tiver acesso ao seu texto. 
O segundo ponto é você assumir de verdade seu ponto de vista. Se você 
estudou, pesquisou, se apropriou de fato do seu tema, seja enfático ao falar dele. 
Não há o porquê deixar lacunas ou dúvidas no decorrer do texto, se isso acontecer, 
com certeza, seu texto não terá credibilidade, sendo que nem mesmo confiou na sua 
proposta. Isso é o que Eco (2010) chama de “orgulho científico”: 
[...]se não se sentia qualificado, não deveria ter apresentado o trabalho; se o 
apresentou, é porque sentiu que podia. Uma vez esclarecido se sobre 
determinado tema são possíveis respostas alternativas, vá em frente. Diga 
tranquilamente: ‘julgamos que’ ou ‘pode-se concluir que’” (ECO, 2010, p. 
143). 
 
6 GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS 
Todos os textos se apresentam com uma forma e comuma finalidade, a 
comunicação. A forma do texto é representada pelo conceito de tipologia ou tipo 
textual. Segundo Marcuschi (2005, p. 154), “Tipo textual designa uma espécie de 
construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos 
lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas, estilo) [...]”. 
Em relação à manifestação dos tipos, é importante salientar que eles não são 
textos, mas são as formas que os textos assumem em diferentes contextos. Os 
principais tipos textuais são os seguintes: narração, argumentação, exposição, 
descrição e injunção. Além de se manifestarem em determinadas formas, o texto 
 
25 
 
também assume a sua finalidade, ou seja, o seu uso. Quando você analisa as 
manifestações contextuais dos textos, você trabalha com o conceito de gênero 
textual. 
Os gêneros textuais são os textos que você encontra no cotidiano e que 
apresentam padrões característicos, definidos pela funcionalidade, pelo estilo e pelo 
objetivo em diferentes esferas comunicativas. Dessa forma, na visão de Marcuschi 
(2005), o gênero textual materializa e adapta os textos em diferentes situações 
comunicativas. Você pode considerar como exemplos de gêneros: receita, crônica, 
diálogo, aula de português, reportagem, bilhete, e-mail, notícia, carta pessoal, carta 
comercial, resenha, romance, poema, etc. 
Segundo KOCH e Elias (2017), para viver em sociedade, todo indivíduo 
constrói, ao longo de sua existência, uma competência metagenérica, que diz 
respeito à utilização dos textos no seu meio de uso. É por isso que as pessoas se 
adequam a diferentes situações comunicativas. Sabendo que a comunicação é 
heterogênea e que os gêneros textuais são organizados de acordo com a finalidade 
da comunicação, pode-se incluir nesse grupo desde um diálogo cotidiano até uma 
tese de doutorado. Ou seja, os gêneros se transformam com o contexto. Alguns 
podem desaparecer e outros, surgir. 
6.1 Gênero textual 
Agora que aprendemos sobre as diferentes tipologias textuais, podemos 
estudar os diferentes gêneros textuais. Gêneros textuais são textos que apresentam 
características distintas e que exercem funções comunicativas específicas; ou seja, 
esses textos se caracterizam por compartilhar os mesmos traços entre textos do 
mesmo gênero, diferem de outros gêneros por terem características peculiares e 
cumprem objetivos variados. 
Os gêneros textuais, além de conteúdos que sejam propícios aos seus fins 
comunicativos, também são caracterizados pela forma de apresentação dos textos, 
que estão altamente relacionados ao papel que cada texto deve cumprir. Um leitor 
que recebesse um texto “lista de compras” certamente perderia tempo no mercado 
lendo frases que não são necessárias para as compras e, ainda por cima, correria o 
risco de esquecer algum item por não estar facilmente indicado no corpo do texto. 
 
26 
 
Os gêneros textuais devem levar em consideração todos os aspectos que 
proporcionem uma comunicação eficiente, como emissor, receptor, objetivo, canal, 
mensagem, etc. Diferente das tipologias textuais, os gêneros textuais são de 
inúmeros tipos e surgem de acordo com as necessidades sociais distintas para cada 
ação comunicativa. 
Entre os exemplos de gêneros textuais estão: carta (pessoal e empresarial), 
telefonema, notícia de jornal, artigo de revista, artigo de jornal, artigo acadêmico, 
piada, receita, bula de remédio, biografia, entrevista, romance, poesia, conto, 
monografia, aviso, lenda, fábula, lista de compras, ensaio, editorial, e-mail, abaixo-
assinado, diário, currículo, entrada de dicionário, texto enciclopédico, etc. Os 
exemplos mencionados acima servem apenas para ilustrar a grande variedade de 
gêneros textuais existentes. Como já foi dito, cada necessidade comunicativa pode 
abrir espaço para o surgimento de um gênero textual diferente. 
6.2 Tipologia textual 
Tipologia textual (tipos de texto) se refere às diferentes formas que um texto 
pode se apresentar. Elas se caracterizam e diferenciam não só pelo conteúdo, mas 
também – e principalmente ─ por suas formas e objetivos. Cada tipo textual se 
apresenta de uma determinada maneira, seguindo regras de estruturas e 
apresentações que diferem um tipo do outro. Em outras palavras, a tipologia textual 
é responsável por apresentar modelos que delimitam tanto a estrutura quanto os 
aspectos linguísticos de um texto. 
Existem diferentes tipos de texto que divergem de acordo com a finalidade e 
propósito de cada um, sendo que cada tipo apresenta distinções no que diz respeito 
à estrutura, linguagem, vocabulário, organização sintática, relações lógicas, 
interações com o leitor, etc. As principais tipologias textuais são quatro, e cada uma 
delas possui características próprias. 
Texto narrativo: O texto narrativo tem por objetivo contar um fato, 
acontecimento ou história por meio de um desencadeamento sequencial. Essa 
narrativa pode ser real ou fictícia. 
Texto descritivo: O principal objetivo de um texto descritivo, como o nome já 
diz, é apresentar uma descrição de algo (seja uma pessoa, um objeto, um conceito 
 
27 
 
etc.) de forma que o leitor possa formar uma imagem mental do que está sendo 
descrito e relacioná-la à realidade ou criar uma figura imaginária. 
A descrição pode ser feita em diferentes níveis e por meio de diferentes 
recortes, podendo ser mais objetiva ou mais subjetiva de acordo com os objetivos do 
texto e do escritor. Embora a estrutura do texto descritivo seja similar à do texto 
narrativo (introdução, desenvolvimento e conclusão), os componentes dessa 
estrutura podem ser entendidos de forma um pouco distinta, de modo que a 
introdução sirva como uma identificação (ou apresentação) daquilo que será descrito 
e o desenvolvimento, a descrição em si. 
A conclusão, por sua vez, pode ser entendida não como um componente, 
mas como um processo. A conclusão ocorre quando o autor do texto está satisfeito 
com a descrição pretendida. Diferente do texto narrativo, o texto descritivo está 
isento de limitação temporal ou espacial. Ele se estrutura como uma descrição 
estática, independente de uma cronologia ou de um espaço temporal específico. 
Geralmente, textos descritivos são cheios de substantivos, adjetivos e advérbios. Os 
verbos utilizados para esses textos geralmente são mais restritos do que os 
utilizados em narrativas, sendo, em sua maioria, verbos de estado (ser, estar, 
parecer, etc.). 
A linguagem utilizada em textos descritivos se caracteriza por ser bastante 
rica, a fim de fornecer uma descrição detalhada, fazendo uso, portanto, de figuras de 
linguagem, comparações, enumerações, etc. de forma que a linguagem se torne 
dinâmica e interessante para o leitor. 
Texto dissertativo (expositivo e argumentativo): Um texto dissertativo se 
caracteriza por ter como objetivo informar o leitor a respeito de um determinado 
assunto de forma rica, rigorosa e detalhada. Essa tipologia textual se divide em dois 
tipos: expositivo e argumentativo. 
Dissertativo-expositivo: expõe conhecimentos, detalhes e ideias. Esse tipo 
de texto não tem por objetivo convencer o leitor, apenas relatar fatos sobre um 
determinado tema, servindo como transmissor de conhecimento e escrito de forma 
que tente evitar qualquer tipo de erro ou informação não verídica, ou não 
confirmada. 
Textos dissertativos-expositivos devem ser elaborados de forma clara e 
organizada, de modo que possam ser entendidos por diversos leitores. Geralmente, 
 
28 
 
textos expositivos trazem um grande número de informações relacionadas ao 
assunto sobre o qual dissertam, a menos que o autor tenha por objetivo fazer 
apenas um recorte específico. Nesse tipo de texto, encontramos definições, 
clarificações, características, comparações, enumerações e exemplos que abordam 
de maneira correta e eficaz o assunto a ser exposto. 
Dissertativo-argumentativo: tem por objetivo convencer e persuadir o leitorpor meio de sua dissertação. Nesse tipo de texto, o autor utiliza não somente fatos, 
mas também suas crenças, opiniões, valores e ideias para tentar convencer o leitor 
de algo ou fazê-lo concordar com seus pressupostos e teses, sempre em terceira 
pessoa. 
Texto explicativo (injuntivo e prescritivo): O texto explicativo é aquele que 
tem como principal objetivo instruir o leitor a respeito de algum processo ou 
procedimento. Esses textos se caracterizam por linguagens que instruam e 
incentivem a ação, direcionando o comportamento do leitor. O tipo de linguagem 
empregada por esse tipo de texto é, geralmente, objetivo e claro, com um grande 
número de verbos no imperativo, no infinitivo ou no presente do indicativo. 
6.3 O texto literário e as suas manifestações linguísticas 
Como porta para o mundo da leitura, a literatura infantil traz consigo a marca 
da oralidade. Isso é importante para facilitar a proximidade entre os interlocutores 
(emissor e destinatário). No entanto, para entender como os mundos da linguagem 
interagem na esfera literária, é preciso saber reconhecer o que é um texto literário e 
como ele se diferencia dos textos não literários e procurar marcas coloquiais em 
textos de literatura infantil e juvenil. 
Como sabemos, um conjunto de palavras ou frases não necessariamente 
formam um texto. Falar de textos é falar de comunicação, de uso da linguagem. 
Além disso, na visão de Antunes (2010), o texto é descrito como uma atividade 
funcional porque é sempre utilizado com a finalidade de sustentar a comunicação. 
Como se vê, os textos podem ser orais ou escritos. Quando aos textos 
escritos, eles podem inicialmente ser subdivididos em dois grupos: textos literários e 
textos não literários. Os textos não literários tentam informar, ordenar, argumentar, 
explicar, etc. Normalmente, sua linguagem é clara e objetiva. Em contrapartida, 
 
29 
 
segundo Fiorin (2000), um texto literário é caracterizado por uma unidade de sentido 
constituída por uma linguagem determinada por sua função estética. Gonzaga 
(2007) apontou em Convergência que os textos literários não são apenas criações 
ficcionais, mas também obras de criação linguística, cumprindo assim sua função 
estética. Além disso, segundo Fiorin (2000), os textos não literários buscam o 
sentido real, a denotação, enquanto os textos literários buscam a conotação ao 
desempenhar suas funções estéticas. Na visão de Fleck (2008), a literatura é arte; a 
arte, por sua vez, é entretenimento, a expressão da realidade. 
É através da leitura que o homem consegue reajustar sua interpretação do 
mundo em que vive. Ou seja, mergulhar nos textos literários e entrar em um universo 
fantástico que amplia a visão de mundo do sujeito e cria novos significados, é través 
da literatura e da estética que a criatividade e a sensibilidade podem ser cultivadas. 
Porém, saber ler não significa apenas decodificar os símbolos da linguagem. 
Segundo Orlandi (1988), a leitura de um texto representa o momento em que o 
interlocutor se identifica consigo mesmo, desencadeando o processo de dar sentido 
ao texto. 
É por intermédio da leitura e com a leitura que as pessoas são capazes de 
analisar e refletir sobre as situações vivenciadas. No entanto, o hábito da leitura não 
é tão fácil de formar. Segundo Fleck (2008, p. 15), esse processo se inicia na 
infância, quando a criança é exposta ao mundo mágico, fantasioso e aberto da 
literatura infantil, e essa exposição garante que o processo de aprendizagem de uma 
língua seja aprimorado, como Um meio de construir e representar a realidade. 
Segundo Bamberger (1991), pais e professores são essenciais para introduzir 
a leitura na vida das crianças. No entanto, existem situações em que os 
professores desempenham um papel de destaque. Por isso, é importante que 
conheçam o mundo da literatura infantil. Dessa forma, podem estimular crianças 
e jovens a ler de uma forma muito mais prazerosa. Ainda para Zilbermann (1998), 
realizar atividades com literatura infantil é diretamente um exercício de 
interpretação e compreensão, pois melhora não só a apreensão de 
um significado, mas também as relações que existem entre o significado e sua 
presença e história, mesmo que ele ainda é uma criança. 
Os textos literários são constituídos sobretudo por romances, histórias em 
quadrinhos, novelas, crônicas, contos, fábulas e poemas. Os professores devem 
 
30 
 
entender o mundo literário das crianças e adolescentes e apresentá-lo aos alunos 
para que eles desenvolvam hábitos de leitura saudáveis e naturais, em vez de impô-
los aos outros. 
7 A LINGUAGEM E O CONCEITO DE LÍNGUA EM USO 
A linguagem consiste no uso da língua para a comunicação e a interação 
social. Da mesma maneira que a linguagem pode ser oral ou escrita, a leitura 
ultrapassa o universo da escrita. Pode-se ler tanto um artigo de opinião quanto um 
debate político. Ou seja, ler não significa, restritamente, decodificar uma sequência 
de palavras escritas. 
A linguagem é a responsável por estabelecer toda atividade comunicativa. 
Assim, ela representa a manifestação da língua, composta por um sistema de signos 
convencionais usados pelos membros de uma mesma comunidade linguística. De 
maneira genérica, pode-se afirmar que a língua não passa de um contrato 
estabelecido entre os seus usuários. Caso esse contrato seja de conhecimento 
pleno dos usuários, a comunicação está garantida. 
Cada indivíduo utiliza a língua de sua comunidade de maneira individual e 
personalizada, desenvolvendo assim a fala. Ou seja, as manifestações de qualquer 
falante em relação ao uso da língua são representadas pela fala. No entanto, deve-
se ter cuidado para que não ocorra a confusão da fala com o ato de falar,pois tanto a 
fala quanto a escrita são expressões individuais de cada pessoa, que estão 
inseridas no conjunto maior que é a língua). Por exemplo, os falantes da língua 
portuguesa podem falar ao telefone ou escrever um texto em alguma rede social. Em 
ambas as circunstâncias, estarão usando a sua fala individual para manifestar a 
língua portuguesa em diferentes meios sociais. 
O caráter social de uma língua e a sua representatividade para o processo de 
comunicação são inegáveis em qualquer estudo linguístico. Sabendo que a 
linguagem representa o uso da língua em uma esfera social, Preti (1974) afirma que, 
para que exista uma vida em sociedade, é fundamental que as manifestações 
linguísticas sejam compreendidas. 
Sons, gestos e imagens compõem diferentes tipos de mensagens que podem 
se manifestar por diversos canais, como a televisão, o cinema ou um livro. Ou seja, 
 
31 
 
estudar as manifestações linguísticas significa compreender que a língua é o suporte 
para toda e qualquer dinâmica social. No entanto, segundo Preti (1974), o seu uso 
não compreende apenas relações corriqueiras orais, mas também expressões mais 
específicas, como uma notícia escrita em um jornal. 
Dessa maneira, a fala e a escrita são duas manifestações da linguagem 
estabelecidas por um objetivo específico dentro de um contexto linguístico. Para 
Calsamaglia e Tuson (2008), o discurso representa, principalmente, uma prática 
social interativa que pode se manifestar em contextos tanto orais quanto escritos. 
Inclusive, a forma como se compreende a linguagem implica uma análise textual. 
Segundo Barbisan (1995), o texto é uma unidade funcional, a qual desempenha um 
papel dentro de um contexto. Com uma visão bastante similar, Adam (2008) afirma 
que o texto não representa uma sequência de palavras, e sim de atos. Essas 
manifestações da língua em uso, em seus contextos e necessidades específicas, 
são conhecidas como gêneros textuais. Ou seja, as diferentes finalidades que 
expressam o uso linguístico são estabelecidas por circunstâncias contextuais que 
caracterizam e determinam o gênero textual. 
7.1 Fala e escrita: conjunto de partes unidas entre si 
Todo e qualquer texto representaum ato de comunicação dentro de um 
processo interacional, que pode ser tanto escrito quanto falado (KOCH; ELIAS, 
2017). Os principais aspectos paradoxais entre a oralidade e a escrita é que os 
contextos de produção e de recepção, de maneira geral, não coincidem no tempo e 
no espaço. 
No texto escrito, a produção da mensagem é estabelecida de acordo com a 
intencionalidade do emissor em relação ao seu receptor. Além disso, não há 
necessariamente a participação direta daquele que recebe a mensagem. Nesse 
quesito, para Koch e Elias (2017), o diálogo se baseia e se constitui numa relação 
em que o emissor (nesse caso, escritor) dialoga com a perspectiva de que o receptor 
(nesse caso, leitor) possa compreender a sua intencionalidade. 
Em contraponto, o texto falado ocorre no momento da interação comunicativa, 
ou seja, a situação é imediata e simultânea para aqueles que participam dela. O tom 
de voz, por exemplo, é uma das características capazes de manifestar mais do que 
 
32 
 
as palavras individualmente, pois o contexto interacional carrega identidade, e as 
manifestações linguísticas dos atos de fala perpassam o nível sintático de análise. 
De acordo com Infante (1998), a língua falada se vincula às situações comunicativas 
em que ela é usada diretamente entre os interlocutores. 
Embora haja questionamentos em relação às mídias sociais, como o 
WhatsApp, você não deve se esquecer de que o produtor do texto escrito (mesmo 
que esteja on-line) tem mais tempo para o planejamento e para a execução da sua 
fala. Afinal, meios de comunicação como o WhatsApp, frequentemente apresentam 
duas manifestações linguísticas: o uso da escrita e da fala, com a possibilidade de 
enviar áudios. Nesse caso, a conversa, por mais que pareça simultânea e imediata, 
não acontece na mesma esfera de uma conversa presencial. 
Em relação ao uso e às manifestações da fala nas diferentes esferas 
comunicativas, orais e escritas, o vocabulário utilizado é preponderante para analisá-
las. Na oralidade, o vocabulário é bastante alusivo, pois o uso de pronomes como 
“eu”, “tu”, “você”, “nosso”, “isto” ou “aquilo” ou de advérbios como “aqui”, “lá”, “hoje” 
ou “agora” possibilita que o processo comunicativo ocorra de maneira fluida e eficaz. 
Afinal, existe a possibilidade de indicar tudo o que está envolvido na mensagem sem 
uma nomeação específica e sem comprometer o entendimento dos interlocutores. 
Na escrita, é necessário que a linguagem seja menos alusiva. Para que a 
comunicação se estabeleça com êxito, devem-se utilizar formas de referência mais 
precisas e específicas, como citar datas, descrever lugares e objetos. Logo, é 
possível perceber que, enquanto a fala se adapta ao contexto interacional, a escrita 
procura ser suficiente em si mesma. 
As manifestações orais e escritas são, portanto, duas modalidades da língua. 
Dessa forma, de acordo com Koch e Elias (2017), a oralidade difere-se da escrita 
principalmente devido aos seguintes aspectos: (a) pelo próprio fato de ser falada; e 
(b) devido às contingências de sua formulação. Ou seja, os dois códigos, oral e 
escrito, têm suas manifestações e suas regras próprias de organização e 
funcionamento. 
A linguagem oral (fala) se manifesta por meio de emissões dos sons da 
língua, os fonemas. Em contraponto, a linguagem escrita utiliza as letras, que nem 
sempre mantêm uma correspondência exata com os fonemas. Enquanto o código 
oral conta com o tom de voz, com os gestos e com o olhar, o escritor precisa se 
 
33 
 
expressar por meio da pontuação e de marcas de formação do texto. Além disso, as 
estruturas sintáticas das manifestações escritas necessitam de certa linearidade. Já 
as estruturas das manifestações orais conseguem fazer inúmeros hiperlinks, ou seja, 
está em jogo uma leitura sem linearidade, não comprometendo o entendimento entre 
os interlocutores. Contudo, embora exista uma descontinuidade na oralidade, a 
sintaxe geral da língua está presente na sua constituição. 
Ainda que exista uma dicotomia entre textos orais e escritos, perceba que 
nem todas as características são essencialmente de uma ou de outra categoria. No 
entanto, as manifestações escritas podem ser pensadas, repensadas ou até mesmo 
ignoradas por uma questão de planejamento; já as manifestações orais, não. Isso 
ocorre porque, de acordo com Koch e Elias (2017), é como se a fala oral estivesse 
no mesmo patamar do rascunho de uma manifestação escrita. O texto falado, 
embora em muitos casos seja previamente planejado e estruturado, se apresenta 
em sua própria criação, visto que o contexto nunca é o mesmo. 
No Quadro 1, a seguir, veja as características da linguagem falada e da 
linguagem escrita. Embora essas características não sejam exclusivas de uma ou de 
outra instância, oral ou escrita, o quadro apresenta uma organização mais geral e 
superficial em relação às manifestações linguísticas da língua em uso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
Quadro 1. Linguagem falada e linguagem escrita 
 
Fonte: Adaptado de Koch e Elias (2017). 
8 ESTRUTURA TEXTUAL 
Segundo GALEANO (2001), a palavra “texto” vem da palavra latina textum e 
significa “tecido”. Isso significa que, quando alguém escreve, ele tece pensamentos 
com palavras. Ele procura evitar falhas e distorções para que seu propósito 
comunicativo seja totalmente completo. Pode até parecer um tanto complexo, mas 
um texto pode ter zero, uma ou milhares de palavras, porque ele varia em estilo e 
tamanho. Pode ser oral ou escrito, verbal ou não verbal; pode ser formal ou 
coloquial; ou quem sabe uma imagem, etc. Além disso, existem vários tipos de texto: 
literário, técnico, oficial, comercial, jornalístico, filosófico, didático, etc. 
 Em todos os tipos, porém, deve ser apresentado um significado completo 
para formar um sentido claro. Tal unidade pode ser alcançada através do uso de 
duas fontes de texto: clareza e concisão. Além disso, todos os tipos de texto 
possuem uma estrutura básica que os mantém organizados para que sejam 
 
35 
 
imediatamente compreendidos e reconhecidos como texto. Essa estrutura é dividida 
em introdução, desenvolvimento e conclusão. Seja ele escrito ou não. 
A primeira parte do texto, a introdução, conduz o leitor ao tema em discussão. 
Nesse ponto, é importante dar uma visão geral do assunto para revelar brevemente 
as ideias que serão desenvolvidas nos parágrafos seguintes. É um momento de 
encantar o leitor. O tema deve ser desenvolvido de modo que desperte a 
curiosidade, o desejo no leitor para que ele prossiga a leitura, este é um convite à 
obra. 
É importante salientar que a introdução é variável, ela está associada ao 
gênero textual. Por exemplo, em textos informativos a introdução é mais curta em 
relação a textos acadêmicos como dissertações e teses, nesses casos a introdução 
é mais longa e introduz a complexidade do texto e específica o que é abordado no 
artigo. 
Em textos jornalísticos, a introdução é mais direta. Como explicam Squarisi e 
Salvador (2015), é importante ir direto ao ponto, começando pelo que é mais 
importante, usando uma frase que envolva, desperte o interesse do leitor e o 
estimule a continuar lendo. Como o público-alvo do autor é variado, o desafio é 
atingir o maior número possível de leitores. Para fazer isso, o escritor deve usar uma 
linguagem, objetiva e clara, informações precisas e um estilo atraente. 
 Isso não significa que, em textos acadêmicos a introdução não seja atraente; 
pelo contrário, deve também manter fluidez, coerência e coerência e coesão. O 
objetivo é entrelaçar e apresentar ideias de forma que o leitor fique com vontade de 
descobrir o que as próximas linhas de pesquisas trarão para o avanço do 
conhecimento. Assim, cada gênero textual tem características próprias, mas todos 
compartilham questões em comuns. 
Consideremos, por exemplo, o texto informativo do Ministério da Saúde, cujo 
objetivoé informar a população sobre algo importante relacionado à prevenção de 
doenças. Esse texto também deve chamar a atenção na introdução, certo? A 
linguagem deve ser considerada e utilizada de forma que a informação afete o 
grupo-alvo. Assim como em uma campanha de vacinação, você já percebeu 
elementos textuais que chamam a atenção do público alvo e os estimulam a se 
locomoverem até ao posto de saúde e se vacinarem? Isso mesmo, cada gênero 
mantém suas próprias características, mas alguns aspectos são comuns. 
 
36 
 
 Machado (2017), traz a segunda etapa da estrutura do texto, ou 
desenvolvimento. O tema apresentado na introdução deve ser continuado e 
detalhado. Aparentemente, o grau de desenvolvimento depende do tipo de texto. Se 
você observar os mesmos exemplos anteriores (textos de revistas e dissertações), 
verá que ambos desenvolveram características únicas. A tese apresenta o 
referencial teórico, material de pesquisa e análise dos dados. 
Em um texto jornalístico, por outro lado, esses elementos também podem ser 
apresentados, porém diretamente, de forma mais simples. Pois, um texto impresso 
em um jornal tem um limite de caracteres, que deve ser respeitado. No poema, por 
exemplo, também há desenvolvimento, mas o contexto, o assunto (ou assuntos) 
com os quais o diálogo é conduzido e os meios de comunicação influenciam 
diretamente nas formas de apresentação. 
 Finalmente, a estrutura do texto termina com uma conclusão. Após expor um 
ponto de vista durante o desenvolvimento, podendo ou não, apresentar ponto e 
contraponto, o autor expõe a conclusão do seu pensamento. Os tipos de conclusões 
podem variar de acordo com o gênero textual. 
No caso de textos acadêmicos, a conclusão indica se as hipóteses de 
pesquisa foram confirmadas ou rejeitadas e aponta para possíveis pesquisas 
futuras. Por exemplo, no caso de um conto, a conclusão é o último momento da 
história, é o resultado final. Em geral, a conclusão conclui a ideia, responde à 
pergunta da introdução e oferece uma solução para o problema. 
 
Como se pode ver, a divisão básica do texto inclui introdução, 
desenvolvimento e conclusão. O que não quer dizer que um texto seja formado 
exclusivamente por três parágrafos. Um texto pode apresentar todos esses 
elementos em apenas um parágrafo, assim como uma tese com mais de duzentas 
páginas, não deixa de ser um texto e também apresenta introdução, 
desenvolvimento e conclusão, a lógica estrutural tanto de um quanto do outro é a 
mesma. 
 Segundo Antunes (2010, p. 30), todo enunciado com função comunicativa 
tem as propriedades de textualidade ou correspondência com o texto. Em outras 
palavras, em toda língua as situações interativas, sejam elas quais forem, são 
marcadas pela textualidade como forma de manifestação. Portanto, há gênero 
 
37 
 
textual. Assim, o autor conclui que não há ação na língua fora da textualidade. Se 
existe comunicação, então existe um formato de texto. 
Isso mostra que é errado dizer que primeiro você aprende as palavras, depois 
as frases e por fim o texto. Afinal, todos os eventos comunicativos, desde as 
primeiras tentativas de fala da criança, podem ser entendidos como parte de um 
todo denominado “texto”, onde existe a textualidade. Segundo Antunes (2010, p. 30), 
a questão aqui é que “[...] assumir a textualidade como princípio que manifesta e 
regula as atividades linguísticas [...]”. 
 Os elementos textuais mencionados nos parágrafos anteriores aparecem em 
diferentes gêneros textuais, formados de acordo com o contexto do texto. No 
entanto, as noções de textualidade e evento comunicativo são assumidas em todos 
os casos. 
8.1 Elementos textuais 
Muitas dúvidas podem surgir quanto a quis elementos do texto devem ser 
analisados, se o texto é toda ocasião comunicativa da língua, então tudo pode ser 
analisado. O problema é que nem todos os textos vão apresentar elementos 
linguísticos de uma determinada língua e todos os aspectos relacionados à 
funcionalidade da interação sociocomunicativa. Segundo Antunes (2010), os textos 
são campos naturais para que se possa analisar os fenômenos da comunicação 
humana. Portanto, é no texto que se observam aspectos relacionados ao fazer e ao 
receber uma apresentação verbal em uma língua específica. 
 Tentar analisar tudo em um texto pode levar a uma análise superficial. Ao 
tentar analisar todos os aspectos, pecasse-se a não analisar nada, pois o texto é um 
leque de muitas possibilidades de interpretação. Isso requer que a operação seja 
produtiva ao olhar para os elementos. Antunes (2010), diz que, o mais importante é 
não reduzir o texto a um mero campo para amostras de questões gramaticais, 
também ele não deve ser observado limitando à construção textual apenas à 
estrutura do texto relacionada ao vocabulário e aos recursos gramaticais. Pelo 
contrário, o texto deve ser o centro em si. 
O objeto de pesquisa, análise e descrição é o texto em sua multiplicidade 
(estrutura do parágrafo, linguagem utilizada, objetivo comunicativo, mensagem, 
 
38 
 
ideias secundárias e fatores extratextuais como contexto social e histórico). Por 
exemplo, a gramática está lá, mas como um componente essencial que não pode 
ser substituído. Sem gramática, não há texto dentro de seus parâmetros definidos; 
regras de compatibilidade, regência, pontuação, etc. Mas esta não é a única 
consideração ao analisar um texto. 
 Nesse sentido, é possível estudar o texto como um todo ou selecionar partes 
a serem analisadas. De uma dimensão ampla, podem ser observados os seguintes 
elementos no eixo dessa coerência (ANTUNES, 2010): 
 
Fonte: adaptado Antunes (2010). 
Esses são apenas alguns elementos que ilustram a estrutura e a análise do 
texto. Mas podem surgir dúvidas de como identificar esses elementos no texto. Por 
exemplo, considere o campo relevante ao qual o texto se refere. Compare textos 
biográficos (biografias de pessoas importantes de um determinado país) com 
romances de ficção como Harry Potter e a Pedra Filosofal. 
Você percebe que o escopo relevante é especificado para cada um desses 
textos? No primeiro caso, se refere a lugares existentes, pessoas e situações reais, 
histórias verídicas, origem social real do lugar da história, etc. No entanto, no caso 
de romances de fantasia, você pode encontrar seres fictícios, lugares imaginários, 
épocas diferentes, etc. Da mesma forma, os domínios que permitem que o discurso 
- Universo de relevância a que 
remete o texto ('real ou fictício); 
- Campo de circulação do discurso 
(acadêmico-científico, jurídico, 
jornalístico, político, de 
informação, informal, literário, 
entretenimento, etc.); 
- Ideia central; 
- Função comunicativa; 
- Critério de subdivisão da 
estrutura (parágrafos); 
- Direcionamento argumentativo; 
- Representações de mundo 
(explícitas ou implícitas); 
- Intertextualidade e 
hipertextualidade (ou seja, relação 
com outros textos).
 
39 
 
flua, usam palavras e estruturas diferentes e comunicam funções únicas a cada 
texto. 
Como vimos até aqui, o texto é algo abundante e complexo, é composto por 
diversos elementos, que vão além de sua estrutura sintática básica. Além disso, o 
texto existe em qualquer contexto de comunicação e interação em um determinado 
idioma. 
8.2 Situações de comunicação 
Como transmitir comunicação é a função de todo texto. Podemos dizer que 
todos os textos tem uma finalidade. Portanto, quando alguém não compreende o 
que seu interlocutor fala, ele pergunta: "não entendi, que você quis dizer?". Se a 
pessoa for responsável pela fala, é possível perguntar aos ouvintes: "Vocês 
compreenderam o que eu quis dizer?". Isso acontece principalmente quando o 
falante percebe expressões de dúvidas e incompreensões. Pense, por exemplo, o 
ambiente da sala de aula. Um professor de um determinado curso/disciplina deve 
interagir repetidamente com o público para verificar se há consistência, se há 
compreensão,

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