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Apendicite ↳ A apendicite é causada por obstrução luminal ↳ A obstrução do lúmen proximal do apêndice leva a aumento da pressão na porção distal devido a secreção mucosa e produção contínua de gás por bactérias do lúmen ↳ Com a distensão progressiva do apêndice, a drenagem venosa fica prejudicada, resultando em isquemia da mucosa. Com a continuação da obstrução, surge isquemia transmural, que leva finalmente a perfuração ↳ O tempo desde o início da obstrução até a perfuração é variável e pode levar desde horas a alguns dias. A apresentação após perfuração é também variável. ↳ A sequela mais comum é a formação de um abscesso na região periapendicular ou pelve. Por vezes, no entanto, ocorre perfuração livre, resultando em peritonite difusa. As bactérias mais comuns são a Escherichia coli, Bacteroides fragilis, enterococos, Pseudomonas aeruginosa e outras ↳ As causas da obstrução luminal são muitas e variadas. Estas incluem normalmente estase fecal e fecalitos, mas podem também incluir hiperplasia linfoide, neoplasias, materiais de frutas e vegetais, bário ingerido e parasitas como áscaris. ↳ A dor da apendicite tem componentes viscerais e somáticos. A distensão do apêndice é responsável pela dor abdominal vaga inicial (visceral) experimentada com frequência pelo paciente afetado. A dor geralmente não se localiza no quadrante inferior direito até que a ponta se torne inflamada e irrite o peritônio parietal adjacente (somática) ou que ocorra perfuração, resultando em peritonite localizada Diagnóstico Diferencial » Em crianças, outras patologias devem ser consideradas, tais como adenite mesentérica (observada frequentemente após doença viral), gastroenterite aguda, intussuscepção, diverticulite de Meckel, doença inflamatória intestinal e, em meninos, torsão testicular, nefrolitíase e infecção do trato urinário » Nas mulheres em idade fértil, o diagnóstico diferencial expande‑se ainda mais. Estes incluem ruptura de cistos ovarianos, mittelschmerz (dor no meio do ciclo ocorrendo com a ovulação), endometriose, torsão ovariana, gravidez ectópica, doença inflamatória pélvica » Nos idosos deve ser dada consideração à diverticulite aguda e doença maligna como possíveis causas de dor abdominal inferior. » No paciente neutropênico, a tiflite (também conhecida como enterocolite neutropênica) deve também ser considerada no diagnóstico diferencial. Quadro clínico: - Dor abdominal periumbilical com irradiação para fossa ilíaca direita (ponto de McBurney), - Náuseas e vômitos - Diarreia ou constipação - Febre - Sinais clínicos presentes ・Sinal de Blumberg → Dor ou piora da dor à compressão e descompressão súbita do ponto de McBurney ・ Sinal de Rovsing → dor em fossa ilíaca direita durante a palpação da fossa ilíaca esquerda; ・Sinal do Psoas →dor à flexão do quadril direito, sugerindo apendicite retrocecal ・Sinal do obturador (dor no quadrante inferior direito à rotação interna do quadril) Estudos laboratoriais → A leucocitose, muitas vezes com um “desvio à esquerda” → Análise de urina também é geralmente normal → O teste de gravidez é mandatório em mulheres em idade fértil Estudos de Imagem → Uma variedade de estudos radiográficos pode ser usada para diagnosticar a apendicite. Estes consistem em radiografias simples, tomografia computadorizada (TC), ultrassonografia (US) e ressonância magnética (RM) → TC com contraste é o padrão ouro → O diagnóstico de apendicite na TC baseia‑se na aparência de um apêndice espessado, inflamado, com “estriações” circundantes indicativas de inflamação. O apêndice tem normalmente mais de 7 mm de diâmetro com uma parede espessada, inflamada e fixação mural ou “sinal de alvo” → O líquido ou ar periapendicular é também altamentesugestivo de apendicite e sugere perfuração. Tratamento da apendicite Apendicite Aguda não Complicada ➣ O tratamento adequado para apendicite aguda não complicada é a apendicectomia imediata. ➣ O paciente deve realizar reanimação hídrica conforme indicado, e a administração de antibióticos de amplo espectro dirigidos contra organismos anaeróbios e Gram‑negativos deve ser iniciada de imediato. Apendicite Perfurada ➣ A estratégia operatória para a apendicite perfurada é semelhante à da apendicite não complicada, com algumas exceções dignas de nota ➣ Em primeiro lugar, o paciente pode necessitar de uma reanimação mais agressiva antes de prosseguir para a sala de operações. Tal como na apendicite não complicada, a terapia antibiótica deve ser iniciada de imediato no momento do diagnóstico. ➣ Tanto a abordagem aberta quanto laparoscópica são aceitáveis para o tratamento da apendicite perfurada. ➣ Uma vez que o apêndice tenha sido removido com sucesso, deve ser dada atenção cuidadosa à eliminação de material infeccioso, incluindo material fecal ou fecalitos extravasados no abdome. ➣ Essa tarefa pode ser cumprida com irrigação de alto volume, com atenção especial para o quadrante inferior direito e a pelve. Não são colocados drenos por rotina a menos que uma cavidade abcedada discreta esteja presente. Se uma cavidade abcedada estiver presente, um dreno aspirativo de Jackson‑Pra斶 é colocado na sua base e deixado por vários dias. Se foi usada uma técnica aberta, a pele e os tecidos subcutâneos são deixados abertos por 3 ou 4 dias para prevenir o desenvolvimento de infecção da ferida, fase na qual a ferida pode ser fechada à beira do leito com sutura, clipes ou Steri‑ Strips, dependendo da preferência do cirurgião ➣ No pós‑operatório, os antibióticos de amplo espectro são continuados por 4 a 7 dias de acordo com as diretrizes da IDSA. Apresentação Tardia da Apendicite ➣ A exploração imediata e a apendicectomia nestes pacientes pode resultar em morbidade substancial, incluindo a incapacidade de identificar o apêndice, o abscesso ou a fístula no pós‑operatório e a extensão desnecessária da operação para incluir ileocolectomia direita, tudo isso em virtude do espessamento e da friabilidade extrema dos tecidos envolvidos. Por essa razão, em geral, o tratamento para estes pacientes é inicialmente realizado de forma não operatória. ➣ Inicia‑se reanimação com fluidos e realiza‑se terapia antibiótica de amplo espectro. Uma TC é obtida e a apendicite perfurada com abscesso localizado ou fleimão é confirmada. Se um abscesso localizado for identificado, a drenagem percutânea guiada por TC é realizada para controle de foco. Um cateter de drenagem é normalmente deixado no local por 4 a 7 dias, durante os quais o paciente é tratado com terapia antibiótica, e após a qual ele é removido.