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Estrutura social e desigualdades

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Estrutura social e desigualdades
→ A estrutura social se constitui por meio da relação entre os vários fatores- econômicos, políticos, históricos, sociais, religiosos e culturais- que dão feição própria a uma sociedade.
→ Uma das características da estrutura social é a estratificação, ou seja, a maneira como os indivíduos ou grupos são classificados em camadas sociais. 
→ Segundo o sociólogo brasileiro Octávio Ianni, a estratificação social é determinada pela forma como se organizam a produção econômica e o poder político.
→ As estruturas de apropriação (econômica) e de dominação (política) são influenciadas por elementos como a religião, a etnia, o sexo, a tradição e a cultura, que interferem nos processos de divisão social do trabalho e de hierarquização.
→ A estratificação e as desigualdades sociais são produzidas historicamente. Isso significa que elas são geradas por situações diversas e se expressam na organização das sociedades em sistemas de castas, de estamentos ou de classes. 
Sociedade em castas
→ O sistema de castas é uma configuração social registrada em diferentes tempos e lugares, mas é na Índia que percebemos mais expressamente esse sistema. 
→ A hierarquização social se baseia em religião, etnia, cor, hereditariedade e ocupação. Esses elementos definem a organização do poder político e a distribuição da riqueza gerada pela sociedade. 
Na Índia, há quatro grandes castas:
· a dos brâmanes (sacerdotal e superior às demais); 
· a dos xátrias (intermediária, formada pelos guerreiros, encarregados do governo e da administração pública); 
· a dos vaixás (casta dos artesãos, comerciantes e camponeses); 
· a dos sudras (casta dos inferiores, dos que realizam trabalhos manuais considerados servis). 
→ Não há mobilidade social em um sistema de castas. 
→ Na Índia, os integrantes das castas inferiores adotam costumes, ritos e crenças dos brâmanes, o que cria certa homogeneidade de costumes entre as castas. A rigidez das regras é relativizada por casamentos, não muito comuns, entre membros de diferentes castas.
→ O sistema de castas indiano está sendo desintegrado de forma gradativa, sob o impacto da urbanização, da industrialização e da introdução de padrões ocidentais de comportamento. Entretanto, normas e costumes desse sistema ainda sobrevivem. 
→ Isso é comprovado pela adoção de cotas nas universidades públicas, como medida de inclusão de estudantes que pertencem a castas consideradas inferiores.
Sociedade em estamentos
→ Um estamento é identificado por um conjunto de direitos e deveres, privilégios e obrigações, aceitos como naturais e publicamente reconhecidos. 
→ Numa sociedade estamental, a condição dos indivíduos e dos grupos em relação ao poder e à participação na riqueza não é somente uma questão de fato, mas também de direito.
→ Nas sociedades medievais, a possibilidade de mobilidade de um estamento para outro existia, mas era muito controlada. O que definia o prestígio, a liberdade e o poder dos indivíduos era a propriedade da terra: os que não a possuíam eram dependentes econômica e politicamente, além de socialmente inferiores.
→ O que explica a relação entre os estamentos é a reciprocidade. Os servos tinham obrigações para com os senhores, que, por sua vez, deviam proteger os servos. 
→ A desigualdade era vista como algo natural: camponeses e servos sempre estiveram em situação de inferioridade.
→ Na França, no final do século XVIII, havia três estados: a nobreza, o clero e o terceiro estado, que incluía os demais membros da sociedade: comerciantes, industriais, trabalhadores em geral...
Pobreza: condição de nascença, desgraça, destino...
→ A pobreza é a expressão mais visível das desigualdades sociais. 
→ Na Idade Média, a pobreza era considerada uma condição de nascença. Havia uma visão positiva dessa condição, pois esta despertava a compaixão e a caridade. Na concepção da Igreja Católica, os ricos tinham obrigação moral de ajudar os pobres.
→ Acreditava-se que a pobreza era uma desgraça decorrente das guerras ou de adversidades como doenças ou deformidades físicas. 
→ A partir do século XVI, iniciou-se uma nova ordem, na qual o indivíduo se tornou o centro das atenções. O Estado “herdou” a função, antes atribuída aos ricos, de cuidar dos pobres.
→ Na Inglaterra, com o aumento da produção e do comércio, a pobreza e a miséria passaram a ser interpretadas como resultado da preguiça e da indolência, já que havia muitas oportunidades de emprego. Tais interpretações tinham por objetivo fazer que o povo se submetesse às condições de trabalho vigentes. 
→ No final do século XVIII, com o fortalecimento do liberalismo, outra justificativa para a pobreza foi formulada: as pessoas eram responsáveis pelo próprio destino e ninguém era obrigado a dar trabalho ou assistência aos mais pobres. Dizia-se que era necessário manter o medo à fome para que os trabalhadores realizassem bem suas tarefas.
Thomas Malthus: economista e demógrafo britânico, acreditava que a população crescia mais que os meios de subsistência. Com base nas ideias de Malthus, dizia-se que a assistência social aos pobres era repudiável, pois os estimulava a ter mais filhos, o que aumentava a miséria. 
→ Em meados do século XIX, difundiu-se a ideia de que os trabalhadores eram perigosos: poderiam não só transmitir doenças, já que viviam em condições precárias de higiene, mas também se rebelar, organizar-se e fazer revoluções, questionando os privilégios das classes que detinham riqueza e poder.

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