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MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE

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MODELOS DE ATENÇÃO
· Introdução
A prestação de serviços é um dos componentes dos sistemas de saúde e corresponde ao conjunto de práticas realizadas pelos profissionais de saúde, para atender necessidades individuais e coletivas.
A prestação de serviços indica a relação direta dos profissionais de saúde, com usuários e população, mediada por tecnologias ou meios de trabalho dependentes dos recursos disponíveis na infraestrutura do SUS.
Práticas de saúde são processos de trabalho constituídos pelo objeto, por meios de trabalho ou tecnologias, e pelo trabalho propriamente dito.
Os meios de trabalho consistem em aplicação de conhecimentos, manuseio de instrumentos materiais com a intenção de apreender um objeto e transformá-lo, de modo a atender à necessidade de um usuário ou população.
Segundo Schraiber e Mendes-Gonçalves, necessidades de saúde são como carecimentos, “algo que deve ser corrigido” e as próprias intervenções sobre carecimento.
A prestação de serviços obedece uma lógica chamada de “modelo de atenção”. Segundo PAIM, modelos de atenção são combinações tecnológicas estruturadas para a resolução de problemas e o atendimento de necessidades de saúde – individuais e coletivas.
Então, o elemento central dos modelos de atenção à saúde são as tecnologias empregadas como meios de trabalho pelos profissionais de saúde para o cumprimento da finalidade das práticas.
Essas tecnologias são conhecimentos, técnicas, instrumentos materiais e habilidades comunicacionais.
No brasil, no século 20, tivemos dois modelos de atenção, o médico assistencial privatista (MMAP) – ações individuais - e o sanitarista – ações coletivas.
· MODELO MÉDICO ASSISTENCIAL PRIVATISTA – MMAP
Consolidada entre 1945-1964, esse modelo era direcionado a trabalhadores formais cadastrados no INPS.
Além disso, esse modelo domina a prestação de serviços para usuários de planos de saúde da assistência medica suplementar.
O MMAP é centrado no diagnóstico e tratamento de doenças, dessa forma o hospital é o local mais importante de assistência aos usuários e o médico é principal agente das ações de saúde, as demais profissões de saúde são coadjuvantes.
Denominado de modelo privatista, uma vez que os hospitais e unidades especializadas que prestam serviço ao sistema público de saúde são de propriedade privada.
A formação dos profissionais de saúde é baseada nesse modelo, onde o hospital é o centro da aprendizagem da profissão – exemplo a residência – e os procedimentos realizados por enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, entre outros são subordinados ao trabalho médico.
A abordagem das necessidades de saúde é centrada em doenças, no nível individual, de modo fragmentado.
A população considera essa a forma ideal de assistência, com a percepção de quanto maior o acesso a procedimentos, melhor é a qualidade da assistência prestada. Assim como os profissionais de saúde, em sua maioria, crê que esse modelo é de maior prestigio social e que oferece melhor pagamento por seu trabalho. 
· MODELO SANITARISTA
Sua origem são as campanhas de combate a epidemias, como exemplo temos a campanha de vacinação contra varíola e combate à epidemia da febre amarela, esses benefícios à população teve a liderança de Osvaldo Cruz.
Em 1990, com a descentralização obrigatória do SUS, tivemos a organização de estruturas municipais de vigilância epidemiológica e sanitária. Em alguns municípios com maior porte, ainda instalaram-se vigilâncias ambientais e de saúde do trabalhador.
Características do modelo sanitarista:
1. Os riscos e danos provocados pelas doenças infectocontagiosas são os principais objetos de trabalho dos sanitaristas, profissionais de saúde especializados em saúde coletiva.
2. A epidemiologia é a disciplina essencial para o diagnóstico de saúde, cuja abordagem é a populacional.
3. Modelo que orienta as ações de vigilância sanitária, epidemiológica, ambiental e de saúde do trabalhador.
Nesse modelo, temos alguns programas especiais ou verticais, no SUS, como o de controle a tuberculose, hanseníase, malária, HIV/AIDS... 
Nesses programas especiais há uma organização em componentes, ações, recursos e resultados esperados, além de incluir necessariamente ações de natureza clínica.
As campanhas sanitárias são um modo importante de prestar serviços de saúde pública no Brasil.
As ações de vigilância sanitária têm, como seus objetos de trabalho, produtos e substancias, processos e serviços que podem causar danos à saúde. Dentre as práticas de vigilância sanitária, podemos citar inspeções sanitárias e expedição de alvarás de funcionamento para estabelecimentos, operações especiais em eventos públicos de grandes proporções – carnaval e competições esportivas.
· PROPOSTAS ALTERNATOVAS AOS MODELOS HEGEMÔNICOS
Pesquisadores buscam um modelo alternativo aos modelos hegemônicos vigentes, como a medicina preventiva e a promoção de saúde, refuncionalizados tendo em vista os princípios e diretrizes do SUS – em especial a integralidade da atenção à saúde.
· AÇÕES PROGRAMÁTICAS DE SAÚDE
Nessa proposta buscou-se articular a demanda espontânea à oferta organizada em Unidade Básica de Saúde de ações segundo grupos populacionais (mulher, adolescente e hipertensos), assim incorporando ações de vigilância epidemiológica, buscando a integração dos serviços individuais e coletivos prestados aos usuários da unidade.
Esse modelo implica em um atendimento inicial do usuário pelos profissionais responsáveis pela identificação e pelo encaminhamento das necessidades desse individuo, em geral, na sala de triagem.
Assim, o usuário será cadastrado na unidade e passará a ter uma oferta organizada de ações de promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento, construindo relação de vínculo com a equipe de profissionais.
SUJEITOS: profissionais de saúde organizados em equipes e a população usuária do Centro de Saúde Escola.
OBJETOS DE TRABALHO: apreendidos e transformados por tecnologias médico-sanitárias baseadas na epidemiologia e na clínica com vistas ao atendimento de necessidades de saúde individuais e coletivas.
· VIGILÂNCIA DA SAÚDE
Conjunto articulado de ações destinadas a controlar determinantes, riscos e danos à saúde de populações que vivem em territórios, sob a ótica da integralidade do cuidado, o que inclui tanto a abordagem individual quanto a abordagem coletiva dos problemas de saúde.
Visa a implantação de distritos sanitários em seus territórios, contribuindo para a melhoria das condições de vida e saúde da população usuária do SUS.
SUJEITOS DAS PRÁTICAS DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE: os gerentes e profissionais da saúde; a população organizada, usuários das unidades de saúde; equipes de outros setores governamentais, relacionados com a promoção da saúde e a prevenção de riscos - educação, saneamento, desenvolvimento urbano, transporte, segurança pública, trabalho e geração de renda.
OBJETOS DE TRABALHO: problemas que incidem em indivíduos, grupos e populações que vivem em determinados territórios, expressos sob a forma de determinantes, riscos e danos à saúde.
Ao contrário da medicina preventiva, a vigilância da saúde atua também no âmbito coletivo ou populacional, de modo articulado aos diversos níveis de prevenção (primária, secundária e terciária).
Nessa proposta há um planejamento de caráter participativo, feito pela equipe de saúde com os representantes da população – atores sociais – que vão eleger os problemas prioritários e propostas de enfrentamento.
· Acolhimento
O acolhimento visa o vínculo entre os profissionais e a população que demanda os serviços, de forma a atender as necessidades da população, mas construir uma autonomia dos usuários nas escolhas sobre a condução da sua saúde.
1. Atender a todas as pessoas que procuram serviços de saúde
2. Deslocar o processo de trabalho do médico para a equipe profissional
3. Qualificar a relação trabalhador-usuário, com base na solidariedade e cidadania.
O acolhimento vai para além da triagem, garantia de instalações físicas adequadas para receber os usuários, encaminhamento para serviços especializados, o acolhimento tambémtrata-se da escuta e troca de informações, de forma que os trabalhadores de saúde consigam realizar ações efetivas sobre as necessidades apontadas sobre os usuários.
SUJEITOS: usuários e trabalhadores organizados em equipes multiprofissionais de saúde.
OBJETO DE TRABALHO: necessidades amplas de saúde trazidas pelos usuários no momento de contato com a unidade de saúde, com ênfase em relações efetivas e afetivas entre estes e os trabalhadores de saúde.
METODOS DE TRABALHO: saberes da clínica, psicanalise e analise institucional e pelas tecnologias leves, para a construção de vinculo e autonomia.
· A ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA E OS MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE
A implantação da ESF tem propiciado a experimentação de propostas alternativas aos modelos hegemônicos, muitas delas pautadas no princípio da integralidade da atenção.
A experiência cotidiana indica que a lógica dominante nas unidades básicas é a do MMAP, com a presença de alguns procedimentos vinculados ao modelo sanitarista.
Ofertam ações de promoção da saúde, prevenção contra riscos, diagnóstico e tratamento de doenças prevalentes e pela construção de vínculos efetivos entre a população usuária e profissionais de saúde.

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