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ANTECEDENTES DO SUS - 64 a 88 - Elen

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Os antecedentes do SUS - De 1964 a 1988
DISCENTE: ELEN KISSIA BARRAL MALTEZ DOS SANTOS - P02 - QUARTA
O período de 1964 a 1988 foi testemunha de profundas transformações econômicas, políticas e sanitárias no
Brasil. Durante esses anos, o país passou por uma série de mudanças institucionais que moldaram seu sistema
econômico, político e de saúde de maneiras fundamentais.
A partir de 1964, iniciou-se o período da Ditatura Militar, a qual foi dividida em três fases: a fase da
institucionalização (1964-1968), a da expansão da industrialização com capital internacional (milagre brasileiro
- 1968-1974) e a crise econômica, do regime militar e abertura política (1974-1984). Nessa primeira fase, na
política houve mudanças para eleições indiretas para presidente, com cassação de diversos mandatos políticos
e medidas autoritárias. Nesse momento, foi implantado o bipartidarismo com a existência de apenas dois
partidos políticos no país (Aliança Renovadora Nacional - representando os militares - e o Movimento
Democrático Brasileiro). Foi apenas no ano de 1967 que a Ditadura foi institucionalizada, tendo suas ações
anunciadas por meio dos decretos e atos institucionais. Houve grande repressão nessa época para com os que
discordavam da posição do governo.
Na saúde, uma significativa mudança ocorreu em 1966 na área da previdência social, com a mudança do IAPS
para o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), subordinado ao Ministério do Trabalho. O INPS unificou
os diversos institutos de previdência existentes, buscando uma gestão mais eficiente dos recursos e uma
ampliação da cobertura previdenciária, porém centralizada financeiramente e administrativamente. Vale
destacar ainda, que o INPS modificou a prestação da assistência médica que antes eram pelos hospitais,
ambulatórios e consultórios, passando a ser pela contratação dos serviços privados, valorizando a prática
médica a partir do lucro e favorecendo o setor privado, expandido, assim, a medicina de grupo (destinada aos
trabalhadores que possuíam maior poder aquisitivo. Esse tipo de medicina surgiu como uma tentativa de
melhorar o acesso aos cuidados de saúde, mas ainda deixando muitos desassistidos, especialmente nas áreas
rurais e nas periferias urbanas.
Paralelamente, condições favoráveis, como recursos naturais abundantes e uma mão de obra relativamente
barata, incentivaram o investimento de capital estrangeiro no país, especialmente nas indústrias de base,
impulsionando a economia brasileira durante a primeira metade da segunda fase do regime. Essa década
inicial ficou conhecida como "Milagre Econômico", caracterizada por um rápido crescimento industrial e altas
taxas de desenvolvimento econômico, com investimentos em estradas e construções da ponte Rio-Niterói e da
Usina de Itaipu, por exemplo. Contudo, tal progresso não se traduziu igualmente em melhorias sanitárias para
toda a população, pois menos gastos foram investidos nessa área, contribuindo, sobretudo, para o
sucateamento da saúde pública, aumento nos índices de doenças, desnutrição e mortalidade, principalmente
nas camadas mais baixas da sociedade.
Em 1971, com a expansão da assistência médica e aposentadoria da previdência para trabalhadores rurais,
autônomos e empregadas domésticas, houve um grande impacto nos gastos, uma vez que já eram elevados
devido ao contrato com as empresas privadas, mas também as fraudes e corrupções devido a não fiscalização
dos serviços nessas redes, provocando os protestos da população contra as condições enfrentadas. Por outro
lado, embora com dificuldades, deixados em segundo plano, o Ministério da Saúde teve um papel crucial,
focando em campanhas de saúde pública e na expansão de serviços básicos para a população, com a criação
de centros de saúde, centrados na atenção básica.
Nesse mesmo cenário, o governo criou o Sistema Nacional de Previdência Social (SINPAS) que reuniu todos os
órgãos de assistência médica no INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social) para
prestar serviços médicos privados, contratados e conveniados para os trabalhadores inscritos e, também,
reuniu todos os órgãos de aposentadoria e pensões no INPS, tendo os recursos financeiros do sistema
controlado pelo IAPAS.
O INAMPS, por sua vez, foi passando por modificações, uma delas com o início da fiscalização e prestação de
contas para controlar fraudes, evidenciando as possíveis mudanças para reforma do setor da Saúde, embora o
setor privado ainda fosse o mais prevalente. É importante citar que o movimento da saúde em São Paulo foi
extremamente importante para as diversas mudanças nesse setor entre as décadas de 70 e 80.
A partir daí, diversas consequências econômicas foram acontecendo nesse período do regime militar,
provocando uma crise crescente no setor financeiro, afetando ainda mais a população, principalmente os mais
pobres. Apesar de em 1974 o MDB ter vencido as eleições em varíos estados, iniciando o processo de
redemocratização do país, em 1984, com o povo pedindo por eleições diretas, houve a negação para o pedido
da população mantendo a disputa indireta à presidência por Tancredo Neves e Paulo Maluf, vencendo
Tancredo. No entanto, com sua morte, Sarney assumiu o cargo e deu início à chamada Nova República.
Diante do cenário de redemocratização, muitos movimentos trabalhavam na discussão da nova constituição
que viesse a garantir direitos básicos e essenciais para os diversos segmentos sociais e não apenas para a elite
econômica e política. Quanto ao cenário da grande crise sanitária, durante a década de 80, o setor médico
privado buscou alternativas para superá-lá, com a ideia de criar diversos planos de saúde privados, oferecendo
acesso a serviços de saúde mediante pagamento, o que levou à segmentação do sistema, com diferentes
padrões de atendimento para ricos e pobres.
Ademais, esse novo período ficou marcado por mudanças significativas com o fortalecimento do movimento
da Reforma Sanitária, defendendo uma reformulação no sistema de saúde brasileiro. Eles propunham a
criação de um sistema único e universal, financiado pelo Estado, buscando universalidade, equidade,
participação social e integralidade nos serviços de saúde. Todas essas propostas influenciaram a VIII
Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, que consolidou a ideia de um sistema de saúde público,
gratuito e para todos os cidadãos, dando voz às demandas da sociedade civil na formulação de políticas de
saúde.
Em 1987, em uma Assembleia Nacional, uma nova constituição foi debatida e elaborada, assim, foi finalmente
garantida a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, sendo um marco na história da saúde pública
brasileira. No entanto, a implementação do SUS após a nova Constituição foi desafiadora, principalmente no
início dos anos 90, durante o governo de Fernando Collor, quando os recursos para saúde foram reduzidos.
Por meio disso, o sistema encontrou obstáculos como a falta de infraestrutura, escassez de recursos e
resistência de interesses corporativos. Tudo isso se deu devido aos conflitos de interesses, não sendo a Saúde,
o SUS, uma prioridade no governo, negligenciando-a, com poucos recursos e ainda beneficiando aqueles que
tinham planos particulares, ou seja, um maior poder aquisitivo. Mas, apesar de tudo isso, o SUS esteve
sempre na luta do povo e até a hodiernidade ele faz parte de um dos maiores sistemas de serviços e ações da
saúde do mundo, apesar de todos os desafios enfrentados ao longo da história.
REFERÊNCIAS:
● AGUIAR, Z.N. Antecedentes Históricos do Sistema Único de Saúde: breve história da política de saúde
no Brasil. In: AGUIAR, Z.N. SUS: Sistema Único de Saúde – antecedentes, percursos, perspectivas e
desafios. São Paulo: Martinari, 2011. cap.1
● BRASIL. Ministério da Saúde; Universidade Federal Fluminense; Organização Pan-Americana de Saúde .
Políticas de saúde no Brasil: um século de luta pelo direito à saúde. Belo Horizonte, 2007. Windows
Media Player (62 min).

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