Prévia do material em texto
SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS Sistem as Hidráulicos e Pneum áticos Marcelo Salamoni de AraújoMarcelo Salamoni de Araújo GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro A � nalidade deste módulo é trazer elementos que possibilitem a compreensão das características físicas dos � uidos hidráulicos e sua aplicabilidade, através dos diver- sos elementos de trabalho e comando, em sistemas hidráulicos de controle de força e movimento, para processos industriais. A apresentação dos elementos que compõem um sistema hidráulico, sejam as bom- bas hidráulicas, atuadores (motores) ou os elementos de trabalho e comando de um sistema, contribuirá como suporte necessário à escolha e dimensionamento de com- ponentes de um projeto de sistema hidráulico, seja em máquinas ou ferramentas, uti- lizados pelos mais diversos setores produtivos. Na indústria, se buscam novas tecnologias para os sistemas de produção, substituin- do as tarefas humanas, minimizando a quantidade de falhas no processo produtivo e aumentando a uniformidade da produção. Constata-se um aumento progressivo nos avanços tecnológicos embarcados em máquinas, melhorando o desempenho de rea- lizar tarefas cada vez mais especí� cas. Atualmente, os processos compostos por sis- temas hidráulicos e pneumáticos são indispensáveis como métodos de transmissão de energia. Entende-se por sistemas hidráulicos e pneumáticos o controle de força e movimento por meio de � uidos. Com a automação dos processos industriais, a hidráulica e a pneumática ganham im- portância cada vez maior, pois grande parte do maquinário é parcial ou integralmente comandada por estes sistemas. Sistemas hidrauliscos.indd 1,3 27/08/2019 16:31:25 © Ser Educacional 2019 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Marcelo Salamoni de Araújo DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 2 15/08/2019 16:58:24 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 3 15/08/2019 16:58:24 Unidade 1 - Hidráulica Objetivos da unidade ........................................................................................................... 13 Introdução à hidráulica ....................................................................................................... 14 Apresentação da hidráulica .......................................................................................... 14 Conceitos fundamentais da hidráulica ........................................................................ 15 Características gerais dos sistemas hidráulicos .......................................................... 28 Constituição básica ......................................................................................................... 28 Características ................................................................................................................. 29 Áreas de aplicação ......................................................................................................... 30 Fluidos hidráulicos............................................................................................................... 30 Requisitos ......................................................................................................................... 30 Viscosidade ...................................................................................................................... 31 Características importantes .......................................................................................... 32 Bombas e motores hidráulicos .......................................................................................... 34 Apresentação da bomba hidráulica ............................................................................. 34 Parâmetros e tipos de bombas hidráulicas ................................................................ 35 Motores hidráulicos ........................................................................................................ 37 Válvulas de controle hidráulico ........................................................................................ 38 Tipos ................................................................................................................................... 38 Sintetizando ........................................................................................................................... 41 Referências bibliográficas ................................................................................................. 42 Sumário SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 4 15/08/2019 16:58:24 Sumário Unidade 2 - Hidráulica e pneumática Objetivos da unidade ........................................................................................................... 44 Elementos hidráulicos de potência .................................................................................. 45 Bombas hidráulicas ........................................................................................................ 45 Atuadores hidráulicos .................................................................................................... 50 Técnicas de comando hidráulico e aplicações a circuítos básicos ......................... 55 Hierarquia de elementos ................................................................................................ 56 Diagrama trajeto-passo .................................................................................................. 56 Identificação de sequência de movimentos ............................................................... 57 Identificação dos elementos de um circuito hidráulico ........................................... 58 Circuitos hidráulicos básicos ........................................................................................ 59 Introdução à pneumática .................................................................................................... 63 Comportamento do ar comprimido ............................................................................... 64 Arquitetura dos sistemas pneumáticos ....................................................................... 66 Características dos sistemas pneumáticos .................................................................... 69 Sintetizando ...........................................................................................................................71 Referências bibliográficas ................................................................................................. 72 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 5 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 5 15/08/2019 16:58:24 Sumário Unidade 3 - Ar comprimido e compressores Objetivos da unidade ........................................................................................................... 74 Geração de ar comprimido ................................................................................................. 75 Conceitos básicos de ar comprimido ........................................................................... 75 Tipos de compressor ....................................................................................................... 77 Simbologia de compressores ........................................................................................ 83 Regulagem de compressores ........................................................................................ 84 Tratamento do ar comprimido ....................................................................................... 85 Instalação de estação de ar comprimido .................................................................... 94 Especificação de compressores ....................................................................................... 96 Distribuição de ar comprimido .......................................................................................... 97 Sistema de distribuição de ar comprimido ................................................................. 97 Configurações de redes de distribuição de ar ........................................................... 98 Componentes da rede de distribuição de ar comprimido ...................................... 100 Sintetizando ......................................................................................................................... 102 Referências bibliográficas ............................................................................................... 103 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 6 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 6 15/08/2019 16:58:24 Sumário Unidade 4 - Distribuição de ar comprimido, sistemas pneumáticos e eletropneumáticos Objetivos da unidade ......................................................................................................... 105 Dimensionamento de redes de distribuição de ar comprimido ................................ 106 Arquitetura das redes de distribuição ..................................................................... 106 Elementos de redes de distribuição ......................................................................... 108 Dimensionamento de tubulações ............................................................................. 109 Controles pneumáticos...................................................................................................... 113 Tipos e representação gráfica de elementos de controle pneumáticos ........... 113 Dimensionamento de válvulas .................................................................................. 122 Atuadores pneumáticos .................................................................................................... 123 Tipos e representação gráfica de elementos atuadores ..................................... 123 Dimensionamento de atuadores pneumáticos ...................................................... 124 Circuitos pneumáticos básicos ....................................................................................... 125 Circuitos básicos de movimento de um atuador de ação simples ..................... 126 Circuitos básicos de movimento de um atuador de ação dupla ......................... 131 Comandos sequenciais ..................................................................................................... 134 Dispositivos eletro-hidráulicos e eletropneumáticos ................................................ 139 Tipos de dispositivos ................................................................................................... 139 Circuitos básicos com acionamento elétrico ......................................................... 140 Sintetizando ......................................................................................................................... 143 Referências bibliográficas ............................................................................................... 144 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 7 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 7 15/08/2019 16:58:24 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 8 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 8 15/08/2019 16:58:24 A fi nalidade deste módulo é trazer elementos que possibilitem a compreen- são das características físicas dos fl uidos hidráulicos e sua aplicabilidade, atra- vés dos diversos elementos de trabalho e comando, em sistemas hidráulicos de controle de força e movimento, para processos industriais. Na indústria, constata-se um aumento progressivo nos avanços tecnológi- cos embarcados em máquinas, melhorando o desempenho de realizar tarefas cada vez mais específi cas. Atualmente, os processos compostos por sistemas hidráulicos são indispensáveis como método de transmissão de energia e vêm se destacando e ganhando espaço nos mais variados segmentos do mercado, sendo a hidráulica industrial e móbil as que apresentam o maior crescimento. O estudo sobre o comportamento dos fl uidos hidráulicos, seus requisitos e características, assim como as grandezas físicas pressão, força, trabalho, ener- gia, entre outras, é de fundamental importância para o desenvolvimento de máquinas e ferramentas que garantam a efi ciência no controle dos processos industriais. A apresentação dos elementos que compõem um sistema hidráulico, se- jam as bombas hidráulicas, atuadores (motores) ou os elementos de trabalho e comando de um sistema, contribuirá como suporte necessário à escolha e di- mensionamento de componentes de um projeto de sistema hidráulico, seja em máquinas ou ferramentas, utilizados pelos mais diversos setores produtivos. Na indústria, se buscam novas tecnolo- gias para os sistemas de produção, substi- tuindo as tarefas humanas, minimizando a quantidade de falhas no processo pro- dutivo e aumentando a uniformidade da produção. Constata-se um aumento pro- gressivo nos avanços tecnológicos embar- SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 9 Apresentação SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 9 15/08/2019 16:58:24 cados em máquinas, melhorando o desempenho de realizar tarefas cada vez mais específicas. Atualmente, os processos compostos por sistemas hidráuli- cos e pneumáticos são indispensáveis como métodos de transmissão de ener- gia. Entende-se por sistemas hidráulicos e pneumáticos o controle de força e movimento por meio de fluidos. Com a automação dos processos industriais, a hidráulica e a pneumática ganham importância cada vez maior, pois grande parte do maquinário é parcial ou integralmente comandada por estes sistemas. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 10 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 10 15/08/2019 16:58:24 Dedico este trabalho aos profi ssionais de ensino das mais diversas épocas e instituições com os quais tive o privilégio de aprender e que hoje me qualifi cam para exercer minha atividade com profi ssionalismo e competência. O Professor Marcelo Salamoni de Araújo tem formação como Técnico em Eletrônica pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (1985). É graduado em Tec- nologia em Automação Industrial (2014) e possui diversos cursos específi cos na área de Automação e Controle de Pro- cessos Industriais. Atualmente ocupa o cargo de professor em cursos técnicos de Eletrônica e Eletrotécnica, além de ser o responsável técnico em Elétrica, Eletrônica e Automação em empresas de soluções e desenvolvimento de má- quinas e melhoria de processos indus- triais. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7957414085817626 SISTEMASHIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 11 O autor SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 11 15/08/2019 16:58:25 HIDRÁULICA 1 UNIDADE SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 12 15/08/2019 16:58:35 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Apresentação de sistemas hidráulicos; Características gerais de sistemas e fluidos hidráulicos; Elementos dos sistemas hidráulicos. Introdução à hidráulica Apresentação da hidráulica Conceitos fundamentais da hidráulica Características gerais dos siste- mas hidráulicos Constituição básica Características Áreas de aplicação Fluidos hidráulicos Requisitos Viscosidade Características importantes Bombas e motores hidráulicos Apresentação da bomba hidráulica Parâmetros e tipos de bom- bas hidráulicas Motores hidráulicos Válvulas de controle hidráulico Tipos SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 13 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 13 15/08/2019 16:58:35 Introdução à hidráulica O termo “hidráulica” é derivado do grego hidro (água), razão pela qual enten- de-se por hidráulica todas as leis e comportamentos referentes à água ou outro líquido. Portanto, a hidráulica foca no estudo dos líquidos sob pressão e suas utilidades. É conhecida também como mecânica dos fl uidos, sendo responsável por determinar o uso e comportamento dos fl uidos, atuando como sistema de transmissão de energia. Pelo estudo, será possível compreender as leis que regem a conversão da energia hidráulica em mecânica, o transporte e o controle dos fl uidos, estando estes sob ação de variáveis como pressão, vazão, temperatura etc. Apresentação da hidráulica A lei fundamental para o estudo da hidráulica descreve que a pressão sobre um ponto qualquer em um líquido estático será a mesma em todas as direções, exercendo forças iguais em áreas iguais. O estudo da hidráulica é composto por três partes: • Hidrostática: estudo comportamental dos líquidos estáticos; • Hidrocinética: estudo dos líquidos em movimento; • Hidrodinâmica: estudo dos líquidos em movimento, considerando forças como gravidade e pressão, e características como viscosidade, compressi- bilidade, entre outras. Os métodos de transmissão de potência hoje em dia conhecidos são: trans- missão elétrica, mecânica e através de fl uidos. Destes, a transmissão mecâni- ca é a mais antiga e conhecida: teve início com a invenção da roda, sendo utilizada atualmente por muitos outros sistemas modernos como engrenagens, cames, correias, molas, polias e outros. A transmissão elétrica, com uso de geradores, motores elétricos, condutores e muitos outros componentes, é um sistema con- temporâneo. É o melhor meio de transmissão de energia a grandes distâncias. A utilização da força dos fl uidos é datada de milhares de anos. Um exemplo que se tem conhecimento foi seu uso em um sistema hidromecânico da roda d’água que empregava a energia da água armazenada em determinada altura para a geração de energia. O uso dos líquidos pressurizados para transmissão SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 14 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 14 15/08/2019 16:58:36 de energia é recente; essa tecnologia se desenvolveu, com maior intensidade, após as devastações dos meios de produção causadas pela primeira grande guerra. O controle da velocidade e inversão do sentido do fl uxo hidráulico ins- tantâneo e sistemas compactos comparados a outras formas de transmissão de energia são vantagens dos sistemas hidráulicos. Algumas desvantagens são as de que, se comparados a siste- mas elétricos, eles têm um rendimento, de modo geral, abaixo de 66%, causado por perdas e vazamentos internos no sistema, e também os componentes dos sis- temas hidráulicos exigem uma alta precisão na fabricação, o que encarece os custos de produ- ção, tornando o sistema caro. Conceitos fundamentais da hidráulica Fluido: substância capaz de, conti- nuamente, adequar-se perfeitamente à forma do conduto que o contém. Sua forma pode ser líquida ou gasosa e, no caso dos sistemas hidráulicos, a forma é líquida, onde sua função é a de trans- missão de força. Força: grandeza de qualquer cau- sa que tende a produzir ou modifi car movimento. Demonstrado por New- ton como sendo o produto da massa de um corpo pela sua aceleração (F = m . a). As unidades de medida para força e pressão são as mesmas, sendo que, no caso da força, esta não tem relação alguma com a medida de área. Segundo a 1ª Lei de Newton, “Todo corpo conti- nua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele”. A resistência à variação de velocidade depende do peso e do atrito que o objeto oferece às superfícies de contato. A unidade da grandeza força é comu- mente expressa em newtons, quilos ou libras. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 15 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 15 15/08/2019 16:58:37 TABELA 1. CONVERSÃO DAS PRINCIPAIS UNIDADES DE FORÇA TABELA 2. CONVERSÃO DAS PRINCIPAIS UNIDADES DE PRESSÃO Pressão: quantidade de força exercida em uma área determinada (P = F : A). Nos sistemas pneumáticos e hidráulicos, a pressão tem como grandeza de me- dida o kgf/cm2, o PSI (libra-força por polegada quadrada em inglês) e também o N/m2 . 1000 (bar no sistema francês). Outra unidade encontrada também é o Pa (Pascal), que é equivalente à força de 1 N/m2. N dina kgf gf mgf 1 105 0,1 0,1 101,97 dina N kgf gf mgf 1 10-5 1,0210-6 1,02.10-6 1,02.10-3 kgf N dina gf mgf 1 9,81 9,81.105 1 1000 gf N dina kgf mgf 1 9,81 9,81.105 1 103 mgf N dina kgf gf 1 0,01 980,67 0,01 0,001 N dina dinadina kgf 105 1 gf N 10 mgf kgf mgf kgf 9,81 1 0,1 9,81 kgf N kgf 1,0210 9,81 1,0210 gf dina 0,01 0,1 dina 9,81.105 0,01 0,1 9,81.105 dina gf dina 9,81.105 1,02.10 9,81.105 1,02.10 9,81.105 dina mgf gf 980,67 101,97 1 980,67 101,97 mgf kgf mgf 1,02.10 kgf 1,02.101,02.10-3 mgf kgf mgf 0,01 1000 mgfmgf 103103 gfgf 0,0010,001 atm psi kgf/cm2 bar mmHg Pa 1 14,6959 1,033 1,01325 760 101325 psi atm kgf/cm2 bar mmHg Pa 1 0,068046 0,0689476 51,7149 6894,76 kgf/cm2 atm psi bar mmHg Pa 1 1,033 14,2234 0,98 735,514 98066,5 bar atm psi kgf/cm2 mmHg Pa 1 0,986923 14,5038 0,0689476 51,7149 100000 mmHg atm psi kgf/cm2 bar Pa 1 0,00131579 0,0193368 0,00135951 0,0013322 133,322 Pa atm psi kgf/cm2 bar mmHg 1 9,8692.10-6 0,000145038 0,000010197 1.10-5 0,00750062 atmatm 1 psipsi psi 1 kgf/cm psi 14,6959 kgf/cm 14,6959 kgf/cm2 14,6959 atm kgf/cm atm 0,068046 bar kgf/cm 0,068046 kgf/cm2 1,033 0,068046 atm mmHg 1,033 kgf/cm2 1,033 mmHg kgf/cm2 1,033 atm mmHg 1 kgf/cm2 atm 0,986923 bar 0,986923 Pa 1,01325 psi 14,2234 0,986923 atm 1 1,01325 bar 14,2234 atm 0,00131579 bar 0,0689476 14,2234 psi 0,00131579 mmHg 0,0689476 psi 14,5038 0,00131579 atm 9,8692.10-6 mmHg 0,0689476 bar 14,5038 atm 9,8692.10-6 mmHg 760 bar 14,5038 psi 9,8692.10-6 mmHg 0,98 kgf/cm2 psi 0,0193368 9,8692.10-6 mmHg 51,7149 kgf/cm2 0,0689476 0,0193368 Pa 51,7149 kgf/cm2 0,0689476 0,0193368 psi 0,000145038 101325 51,7149 mmHg 0,0689476 kgf/cm 0,000145038 101325 mmHg 735,514 0,0689476 kgf/cm 0,00135951 0,000145038 101325 Pa 735,514 mmHg kgf/cm2 0,00135951 0,000145038 6894,76 735,514 mmHg 0,00135951 kgf/cm 6894,76 mmHg 51,7149 0,00135951 kgf/cm 0,000010197 Pa 51,7149 kgf/cm 0,000010197 98066,5 bar 0,0013322 0,000010197 98066,5 0,0013322 0,000010197 Pa 100000 0,0013322 bar 100000 bar 1.10-5 100000 Pa 1.10-5 Pa 133,322133,322133,322 mmHg 0,00750062 mmHg 0,007500620,007500620,00750062 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 16 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 16 15/08/2019 16:58:38 Trabalho: defi nição para a força aplicada através de um deslocamento. Ma- tematicamente expressa por: T = F . d, onde: T = trabalho F = força d = distância TABELA 3. CONVERSÃO DAS PRINCIPAIS UNIDADES DE TRABALHO J kWh CVh kgf-m Kcal1 0,278.10-6 0,738.10-6 0,102 0,239.10-3 kWh J CVh Kgf-m Kcal 1 3,6.106 1,36 0,367.106 860 CVh J kWh kgf-m Kcal 1 3,6.106 0,736 0,270.106 632 kgf-m J kWh CVh Kcal 1 9,805 65 2,72.10-6 3,70.10-6 2,345.10-3 Kcal J kWh CVh kgf-m 1 4186 1,16.10-3 1,58.10-3 426,9 J kWh kWhkWh 0,278.10 CVh 0,278.10 1 0,278.10-6 kgf-m J kgf-m 3,6.10 Kcal CVh 3,6.106 Kcal CVh 0,738.10 3,6.10 1 0,738.10 3,6.10 0,738.10-6 CVh J 9,805 65 CVh 9,805 65 1,36 9,805 65 kgf-m kWh 4186 kgf-m 0,102 kWh 0,736 4186 0,102 Kgf-m 0,736 kWh Kgf-m kWh 2,72.10 Kgf-m 0,367.10 2,72.10 0,367.10 kgf-m 2,72.10-6 kWh 1,16.10 Kcal 0,239.10 kgf-m 0,270.10 1,16.10 0,239.10 kgf-m 0,270.10 1,16.10-3 0,239.10 Kcal 0,270.10 CVh Kcal CVh 3,70.10 860 3,70.10 Kcal CVh 1,58.10 Kcal 1,58.10 632 1,58.10-3 Kcal 2,345.102,345.102,345.10 kgf-mkgf-m 426,9426,9 Potência: é a velocidade que uma carga executa um trabalho em um deter- minado espaço de tempo. Matematicamente expressa por: P = F . V, onde: P = potência F = força V = velocidade de deslocamento Resumindo, potência é a velocidade de um trabalho realizado. Quanto me- nor o tempo de execução, maior a potência do sistema. Energia: é a potência aplicada a uma determinada carga durante um perío- do de tempo específi co. Analogamente, podemos dizer que a potência é a gran- deza inerente ao projeto, enquanto que a energia está relacionada ao período ao qual esse equipamento será utilizado. Matematicamente expressa por: E = P . t, onde: E = energia P = potência SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 17 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 17 15/08/2019 16:58:38 t = tempo Rendimento: grandeza sem unidade de medida, que especifica a quantida- de de energia que um equipamento transforma em trabalho. Pode ser escrito como a razão entre potência de saída e potência de entrada. Matematicamente expressa por: η = Pin / Pout, onde: η = rendimento Pin = potência de entrada Pout = potência de saída Lei de Arquimedes Considerando um volume de água confinado em um recipiente (e estando um corpo em repouso dentro deste), o peso da água acima dele necessaria- mente estará contrabalançado pela pressão interna deste recipiente. Para um reservatório cujo volume tende para zero, em determinado ponto, a pressão será a pressão atmosférica. EXPLICANDO A pressão atmosférica indica a pressão que o ar da atmosfera está reali- zando sobre a superfície do nosso planeta. Essa pressão varia de acordo com a região do planeta, sendo maior em regiões de baixa altitude e menor em regiões mais altas. Matematicamente expressa por: P = ρ . g . h, onde (utilizando o SI): P = pressão hidro (em Pascal) ρ = massa específica da água (em quilograma por metro cúbico) g = aceleração da gravidade (em metros por segundo ao quadrado) h = altura do líquido acima do ponto (em metros) No caso da pressão atmosférica ser considerável, necessita-se somar este valor da pressão, modificando a equação para: P = ρ0 + ρgh O também conhecido como Princípio de Arquimedes afirma que a força de empuxo ascendente exercida sobre um corpo imerso em um fluido, total ou parcialmente submerso, é igual ao peso do fluido que o corpo desloca e atua na direção ascendente no centro de massa do fluido deslocado. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 18 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 18 15/08/2019 16:58:38 Matematicamente expressa por: FE = Wfluido = ρfluido . Vdeslocado . G CURIOSIDADE Arquimedes nasceu no ano de 287 a.C., na região que hoje em dia se encontra a Itália. Ele foi um matemático e inventor e suas invenções e teorias são utilizadas até os dias de hoje. O Princípio de Arquimedes leva seu nome por conta de seus estudos envolvendo o empuxo. Um exemplo clássico seria o de que, tendo uma embarcação, seu peso será contrabalançado por uma força de impulsão igual ao volume de água que o mesmo desloca, que corresponderá ao volume da embarcação abaixo do nível d’água. Se for acrescido peso a esta embarcação, o volume embaixo d’água au- mentará, e com ele a força de impulsão, fazendo assim com que a embarcação flutue. Outro nome conhecido para esta força é força de empuxo. Lei de Pascal Uma variação de pressão sobre um ponto qualquer em um fluido em repou- so será transmitida a todos os outros pontos deste mesmo fluido, inclusive às paredes do conduto que o contém. Considerando uma pressão (p) em determinado ponto (P) que está a uma altura (H), caso haja variação (Δρ) na pressão deste ponto, passaremos a ter que: pP = pP + Δp Como (P) é um ponto genérico, todos os pontos do fluido serão acrescidos de Δp. mas, Δp = F : A Então para dois pontos distintos no fluido, P1 e P2: ΔpP1 = ΔpP2 logo, FP1/AreaP1 = FP2/AreaP2 Um exemplo característico de aplicação prática é para um elevador hidráuli- co, onde a aplicação de uma força de 10 kgf em um pistão de área igual a 1 cm2 resultaria uma pressão de 10 kgf/cm2 em todos os pontos do líquido confinados SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 19 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 19 15/08/2019 16:58:38 no conduto, suportando assim um peso de 100 kgf caso a área do outro pistão seja de 10 cm2. Figura 1. Princípio da prensa hidráulica. Figura 2. Tanque de água. FORÇA 10 kgf FORÇA 10 kgf Lei de Stevin Segundo o estabelecido pelo físico, engenheiro e matemático Simon Stevin, a pressão absoluta num ponto de um líquido homogêneo e incompressível, de densidade e distante da superfície com valor h, é igual à pressão atmosférica mais a pressão efetiva. Considere, na Figura 2, um líquido homogêneo em repouso sob a ação da força da gravidade (g), onde encontramos os pontos P1 e P2 submersos nesse líquido e desnivelados pela altura h. h g P2 P1 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 20 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 20 15/08/2019 16:58:38 Sendo p1 a pressão no ponto P1 e P2 a pressão no ponto P2, verifica-se: P2 = P1 + dgh Onde: g = aceleração da gravidade d = densidade do líquido Caso um ponto P estivesse na superfície livre de água, a pressão neste pon- to seria igual à pressão atmosférica. Ainda de acordo com a Lei de Stevin, pontos diferentes em um mesmo líqui- do inerte e que estejam nivelados estarão submetidos à mesma pressão, como podemos representar na Figura 3 pelos pontos P. Figura 3. Tanque de água. P1 P2 P3 Portanto, P1 = P2 = P3 Outra constatação é que a pressão independe da forma do recipiente, como no caso da Figura 4, supondo-se que nos dois recipientes haja líquidos iguais, portanto temos: Figura 4. Equivalência de pressão em tanques diferentes. P2P1 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 21 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 21 15/08/2019 16:58:39 Portanto, pP1 = pP2, onde p é a pressão no ponto. Na situação a seguir, os dois lados do tubo estão submetidos à pressão atmosférica: Figura 5. Equivalência e pressão em tubos. Pressão atmosférica Pressão atmosférica P1 P2 Então temos que: pP1 = pP2 Segundo a Lei de Stevin, os pontos P1 e P2 devem estar no mesmo nível, assim como o líquido nos dois lados do tubo. Lei de Bernoulli (Lei da Vazão) O princípio de Bernoulli, equação de Bernoulli, trinômio ou ainda Teorema de Bernoulli se caracteriza pela descrição do comportamento de um fluido em movimento dentro de um conduto, trazendo para os fluidos o princípio da conservação da energia. Segundo Bernoulli, caso a velocidade de uma partí- cula componente de um fluido sofra aceleração enquanto movimenta-se ao longo do conduto que o contém, a pressão desse fluido deve diminuir – e vice-versa. A velocidade de deslocamento de um fluido (vazão) pode ser determinada de duas maneiras: pela razão entre o volume escoado ao longo de uma unida- de de tempo, ou então pelo produto da velocidade deste fluido pela área do conduto no qual o mesmo escoa. Ou seja: Q = V / t ou Q = v . A SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 22 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 22 15/08/2019 16:58:39 Onde: Q = vazão A = área v = velocidadeV = volume t = tempo Para o dimensionamento de tubulações, consideram-se como velocidades razoáveis de escoamento de fluxo os seguintes valores: • sucção de 0,5 m/s a 1,5 m/s; • para pressões até 10MPa, 2 m/s a 12 m/s; • para pressões entre 10,0MPa e 31,5MPa, 3 m/s a 12 m/s e para retorno de 2 m/s a 4 m/s. No estudo da dinâmica dos fluidos, a equação de Bernoulli descreve o com- portamento de um fluido que se move ao longo de um tubo com diferentes conceitos para fluidos incompressíveis e para fluidos compressíveis. A equação de Bernoulli para um fluxo de fluido incompressível sob a ação de uma força de gravidade invariável e uniforme, em pequenas altitudes, é: (v2 / 2) + gh + (p / ρ) = constante ou (pv2 / 2) + pgh + p = constante, onde: g = aceleração da gravidade v = velocidade do fluido ao longo do conduto que o confina ρ = peso específico do fluido h = altura em relação à referência p = pressão ao longo do conduto que o confina Algumas condições predeterminadas devem ser satisfeitas para que se apli- que a equação: • Fluxo do fluido sem atrito entre as lâminas do mesmo e entre as paredes do recipiente que o contém (viscosidade); • Escoamento em regime permanente; • Peso específico do fluido (ρ) em todo o escoamento. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 23 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 23 15/08/2019 16:58:39 Normalmente, esta equação vale a todo o conduto para fluxos de fluidos de potencial de peso específico constante; ela será aplicada a toda a área do cam- po do fluxo. A pressão é reduzida concomitantemente ao aumento da veloci- dade do fluido, como demonstrado pela equação. Este é chamado de princípio de Bernoulli. A equação é atribuída a Bernoulli, embora sua apresentação na forma que se encontra foi feita por Leonhard Euler. (v2 / 2) + + ω = constante Outra escrita para a equação de Bernoulli é a formulada para fluidos com- pressíveis, onde é a razão entre a energia da gravidade pela unidade de mas- sa, cujo valor é demonstrado por = gh no caso do um campo gravitacional uniforme e ω é a entalpia do fluido por unidade de massa: ω = ε + p / ρ Sendo ε a energia termodinâmica do fluido por unidade de massa, conheci- da também como energia interna específica ou SIE. A constante à direita da equação é comumente nominada de constante de Bernoulli e indicada pela letra “b”. Para o fluxo adiabático do fluido, sem vis- cosidade e sem nenhuma outra fonte de energia, “b” será invariável ao longo de todo o escoamento. EXPLICANDO Adiabático nomina um sistema que está isolado de quaisquer trocas de calor. Mesmo em casos de variações de “b” ao longo do conduto, essa constante ainda se mostra muito útil, pois se relaciona com a quantidade de pressão do fluido. Caso haja qualquer abalo ou choque, vários dos parâmetros pertencentes na equação de Bernoulli serão modificados; a constante de Bernoulli, porém, permanecerá inalte- rada. A exceção à regra seriam os choques radioativos, que violam as convenções definidas para a equação de Bernoulli, como a falta de vazões ou fontes de energia. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 24 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 24 15/08/2019 16:58:39 Equação de Bernoulli para fluidos incompressíveis Integrando-se às equações de Euler ou aplicando a Lei da Conservação de Energia em duas áreas ao longo do conduto, desprezam-se características es- pecíficas como viscosidade do fluido, a compressibilidade e efeitos térmicos. É correto afirmar que o trabalho mecânico executado pelas forças no fluido + redução na energia potencial = aumento da energia cinética. Figura 6. Lei de Bernoulli. P1 V 1 V 2 h 2 A 2h 1A 1 P 2 O trabalho feito exercido pelas forças: F1s1 – F2s2 = p1A1v1Δt – p2A2v2Δt O decréscimo da energia potencial: mgh1 – mgh2 = ρgA1v1Δth1 - ρgA2v2Δth2 O incremento da energia cinética: ½ . mv22 – ½ . Mv12 = ½ . ΡA2v2Δtv22 - ½ . ΡA1v1Δtv12 Somando-se todos os termos, temos: p1A1v1Δt - p2A2v2Δt + ρgA1v1Δth1 - ρgA2v2Δth2 = ½ . ΡA2v2Δtv22 – ½ . ΡA1v1Δtv12 V 1 Δ t = s 1 V 2 Δ t = s 2 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 25 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 25 15/08/2019 16:58:39 Ou então: (ρA1v1Δtv12)/2 + ρgA1v1Δth1 + p1A1v1Δt = (ρA2v2Δtv22)/2 + ρgA2v2Δth2 + p2A2v2Δt Após a divisão de todos os termos por Δt, ρ e A1v1 (= vazão = A2v2 já que o fluido é incompressível), encontra-se: (v12)/2 + gh1 + (p1 / ρ) = (v22)/2 + gh2 + (p2/ρ) ou v2 / 2 + gh + p / ρ = C A divisão acrescida por g resulta em: v2 / 2g + h + p / ρg = C A queda livre de uma massa qualquer, de uma altura h (no vácuo), alcançará uma velocidade: v = √2gh ou h = v2 / 2g A pressão hidrostática é definida como: p = ρgh ou h = p / ρg O termo p / ρg é nominado também como altura de pressão ou carga de pressão. Um modo direto de verificar a relação disso com a conservação de energia é pelo produto entre a densidade e volume unitário (que pode ser feito, pois ambos são constantes). O resultado é: v2ρ + P = constante e mV2 + P . volume = constante A lógica de análise para fluidos compressíveis é parecida. De novo, a dedu- ção vai depender de: 1 – Conservação da massa; 2 – Conservação da energia. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 26 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 26 15/08/2019 16:58:39 Na Figura 6, é demonstrado que a manutenção da massa faz com que, em um intervalo de tempo Δt, o volume de massa que passa pelo limite de área A1 seja semelhante ao volume de massa que passa por fora do limite da área A2. 0 = ΔM1 – ΔM2 = ρ1A1v1Δt – ρ1A2v2Δt De modo semelhante, aplica-se a conservação de energia: confirma-se que a mudança na energia do volume no conduto definido pelas áreas A1 e A2 é de responsabilidade da energia que transita em qualquer sentido por qualquer um dos limites de A1 ou A2. Obviamente, numa situação mais complexa, tal qual uma vazão de fluido em conjunto com radiação, a conservação de energia não será satisfeita. De qualquer forma, entende-se que seja este o caso, e que o fluxo está em estado estacionário, de forma que a mudança líquida de energia é zero; temos que: 0 = ΔE1 – ΔE2 Onde: ΔE1 e ΔE2 são as energias que entram através de A1 e que saem por A2, respectivamente. A energia que entra por A1 é a soma das energias afluentes: cinética, poten- cial gravitacional, termodinâmica do fluido e da energia na forma de trabalho mecânico pdV: ΔE1 = ½ρ1v12 + 1ρ1 + ε1ρ1 + p1A1v1Δt Uma expressão parecida para ΔE2 pode ser desenvolvida facilmente, fazen- do agora 0 = ΔE1 – ΔE2, obtemos: 0 = ½ρ1v12 + 1ρ1 + ε1ρ1 + p1 A1v1Δt - 1/2ρ2v22 + 2ρ2 + ε2ρ2 + p2 A2v2Δt Reescrevendo: 0 = ½v12 + 1 + ε1 + (p1 / ρ1) ρ1A1v1Δt - ½v22 + 2 + ε2 + (p2 / ρ2) ρ2A2v2Δt SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 27 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 27 15/08/2019 16:58:39 Com o resultado obtido acima, a partir da conservação da massa, simplifi - cando, obtemos a forma: ½v2 + + ε + p / ρ = constante ≡ b Que é a solução procurada. Características gerais dos sistemas hidráulicos Com constantes avanços tecnológicos, o mercado apresenta uma extrema necessidade de desenvolvimento de novas técnicas de produção que possibili- tem melhorias nos processos produtivos e busca pela excelência na qualidade. Para a otimização dos sistemas de processos industriais, faz-se uso da in- tegração entre os sistemas de transmissão de energia, sejam eles mecânicos, sejam elétricos, eletrônicos, pneumáticos ou hidráulicos. O sistema hidráulico se sobressai e ganha espaço como um meio de transmissão de energia nos mais diversos setores produtivos, sendo os setores industriais e móbil os com maior demanda. Vastos campos na área de automação só foram possíveis após a implantação de sistemas hidráulicos no controle de força e movimento. Constituição básica Fonte primária de energia Execução de um trabalho BLOCO DE CONTROLE BLOCO DE GERAÇÃO BLOCO DE ATUAÇÃO SISTEMA HIDRÁULICO BLOCO DE LIGAÇÃO Figura 7. Sistema hidráulico. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 28 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd28 15/08/2019 16:58:39 Um sistema hidráulico é responsável por gerar, controlar e aplicar potência hidráulica na realização de um trabalho. Sua constituição básica pode ser veri- fi cada na Figura 7, a qual é dividida em blocos de funções, cada qual com uma característica e função, tais quais: Fonte de energia: constituída ge- ralmente por um motor elétrico ou a combustão. Grupo de geração: responsável pela transformação da potência mecânica em potência hidráulica, constituída pe- las bombas hidráulicas. Grupo de controle: tem a função de controlar e direcionar a potência hidráuli- ca pelo sistema. Neste grupo encontramos os comandos e as válvulas hidráulicas. Grupo de atuação: responsável por transformar a potência hidráulica em po- tência mecânica através de atuadores e motores hidráulicos. Grupo de ligação: constituído pelas conexões, tubos e mangueiras do sistema. Comumente, nos sistemas hidráulicos encontramos mangueiras fl exíveis como elementos de ligação entre os elementos, uma vez que este tipo de material é capaz de absorver vibrações vindas do sistema e também facilitam a mudança de direção de transmissão de força dos fl uidos hidráulicos em movimento. Características Os sistemas hidráulicos estão sendo amplamente utilizados por suas carac- terísticas específi cas, sendo elas: • Rápida parada e inversão de movimentos; • Variações micrométricas de velocidades; • Sistema autolubrifi cante; • Tamanho e peso reduzidos, se comparado à potência consumida; • Sistemas seguros contra sobrecargas; • Alta potência (força). VIDEOAULA Clique aqui SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 29 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 29 15/08/2019 16:58:41 Áreas de aplicação A abrangência de utilização dos sistemas hidráulicos torna-se maior à me- dida que outros dispositivos, eletroeletrônicos, por exemplo, são utilizados em conjunto. Entre outras áreas de aplicação, temos: • Máquinas para construção civil; • Aeroespacial; • Veículos; • Robótica; • Manufatura; • Máquinas agrícolas; • Indústria do plástico; • Indústria têxtil; • Indústria alimentícia; • Mineração. Requisitos Um fl uido hidráulico, além de exercer a força para o movimento, deve ter condições de lubrifi car as peças móveis com uma fi na camada que não se rom- pa. Este rompimento pode ocorrer devido a diversos outros fatores, tais como altas pressões, insufi ciência no fornecimento de óleo, viscosidade baixa e velo- cidades de deslizamento muito baixas ou muito altas. Consequências podem ser os desgastes por engripamento, desgaste por abrasão, por cansaço do ma- terial ou ainda a corrosão. Fluidos hidráulicos Um fl uido hidráulico utilizado em uma instalação tem a função de transmissão de força e movimento, mas, devido às múltiplas maneiras de serem aplicados, os acionamentos hidráulicos necessitam de outras funções e propriedades dos fl ui- dos. É necessário considerar características específi cas para a escolha do fl uido utilizado para determinada aplicação, garantindo, assim, uma operação efi ciente e econômica. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 30 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 30 15/08/2019 16:58:41 Desgaste por abrasão ocorre por contaminação por partículas sólidas no fl uido hidráulico quando não fi ltrado de maneira adequada. Igualmente, estas partículas estranhas serão transportadas junto ao fl uido em altas velocidades, causando, assim, abrasão nos elementos do sistema. O aparecimento de bolhas de vapor ou gás no fl uido hidráulico (cavita- ção) devido à redução da pressão do sistema pode alterar a estrutura física dos elementos, induzindo-os ao desgaste por fadiga do material. Um desgaste mais sério e profundo poderá ocorrer nos eixos mancais das bombas, caso o fl uido hidráulico seja contaminado com água. Parada da instalação hidráulica por grandes períodos e uso de fl uidos hidráulicos inadequados podem também ser causas para desgastes por cor- rosão por formarem ferrugem devido à presença de umidade sobre as paredes de deslizamento, levando a um sério desgaste dos elementos do sistema. Viscosidade Viscosidade é uma propriedade de um fl uido hidráulico que diz respeito à resistência contra o deslocamento das lâminas de suas camadas, é a re- sistência interna para fl uir. Exemplo: a água é “fi na”, portanto, tem baixa vis- cosidade, enquanto um óleo vegetal é mais “grosso”, com uma alta viscosida- de. A viscosidade é uma característica fundamental na seleção de um fl uido hidráulico; ela não determina a qua- lidade do fl uido, mas sim seu comportamento em relação à temperatura de trabalho. Devido aos limites da capacidade dos elementos de um sistema hi- dráulico, valores de viscosidade máximos e mínimos devem ser considerados quando da escolha de um fl uido hidráulico, valores estes informados nos catá- logos dos fabricantes destes componentes. O fl uido hidráulico não deve, independentemente da área dos condutos do sistema hidráulico, apresentar variação na sua viscosidade. Caso haja variações SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 31 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 31 15/08/2019 16:58:42 na temperatura de trabalho, pontos de estrangulamento do fl uxo aparecerão pelo sistema. Alta viscosidade é necessária em sistemas sujeitos a variações elevadas de temperatura, como máquinas utilizadas em trabalho móbil, veículos e aerona- ves. O índice de viscosidade de um fl uido hidráulico varia com o aumento da pressão: quanto maior a pressão, maior a viscosidade do fl uido. Características importantes Para tratar com esse tema, é importante lembrar que os fl uidos possuem uma série de individualidades que podem infl uenciar o trabalho, além das já citadas. Entre os pontos, é interessante citar: • O fl uido hidráulico deve ser compatível com os demais materiais utilizados na instalação hidráulica, tais como tintas, vedações, borrachas, mangueiras etc.; • Não alterar suas propriedades com variações térmicas sucessivas. O fl uido hidráulico poderá aquecer ou esfriar dependendo do ciclo do processo de ope- ração do sistema hidráulico. Estas variações de temperatura afetam sua vida útil; • O oxigênio, a temperatura, a luz e a catalização têm infl uência no processo de envelhecimento do fl uido hidráulico. Um fl uido hidráulico deve conter alta resistência a esse envelhecimento, possuindo agentes que possam inibir a oxi- dação e evitando assim uma ação do oxigênio; • Compressibilidade, ou melhor, a propriedade apresentada pelo fl uido de reduzir em maior ou menor grau seu volume quando submetido à ação de for- ças equitativamente distribuídas. O ar transportado junto ao fl uido hidráulico condiciona a compressão deste fl uido, característica esta que tem infl uência direta na precisão do funcionamento dos elementos de acionamento hidráuli- co; já nos processos de comando e controle, a infl uência está no tempo de resposta destes elementos, caso altos volumes sob pressão sejam abertos rapidamen- te, poderão ocorrer picos de descarga na instalação. A compressibilidade do fl uido hidráulico tende a aumen- tar com a elevação da temperatura e diminuir com o aumento da pressão. O SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 32 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 32 15/08/2019 16:58:42 índice de compressibilidade do fluido hidráulico aumenta consideravelmen- te quando transportado misturado com ar não solubilizado (bolhas de ar). Através do tamanho e construção in- correta do reservatório, assim como a utilização de condutos inadequados, esse ar não se separa do fluido hidráu- lico, piorando consideravelmente o fa- tor de compressibilidade; • Baixa expansão do fluido sob in- fluência da variação de temperatura: um fluido aquecido e sob pressão at- mosférica tende a ter um aumento do seu volume, portanto a temperatura de operação do sistema hidráulico deve ser considerada quando o projeto de siste- mas tem grandes volumes de preenchimento; • Não apresentar formação de espuma:na superfície do reservatório po- dem aparecer bolhas de ar ascendentes, formando uma espuma. Agentes quí- micos adicionados aos fluidos hidráulicos reduzem a possibilidade de forma- ção dessa espuma. O envelhecimento do fluido hidráulico também propicia a formação da espuma; • Imunidade à absorção de ar e alta capacidade de eliminação de ar: compo- nentes químicos adicionados à composição do fluido hidráulico auxiliam nesse processo; • Ponto de ebulição: maior poderá ser a temperatura máxima de operação da instalação hidráulica quanto maior for o ponto de ebulição do fluido hidráu- lico do sistema; • Quociente entre massa e volume do fluido (densidade): como a densidade mede o grau de concentração de fluido em determinado volume, melhor será um fluido com densidade alta, podendo assim transmitir uma maior potência com o menor volume. Para os sistemas de acionamento hidrostático, essa ca- racterística é menos importante em relação aos acionamentos hidrodinâmi- cos. A densidade é necessária para a conversão da viscosidade cinemática para a viscosidade dinâmica, onde a recíproca também é verdadeira; SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 33 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 33 15/08/2019 16:58:44 • Transferência de calor ou condutibilidade térmica: os elementos da insta- lação hidráulica, tais como bombas, válvulas, motores, cilindros etc. são gera- dores de calor. Este calor deverá ser transportado pelo fl uido hidráulico até o reservatório, onde será, em parte, irradiado para o ambiente. Caso a irradiação não seja sufi ciente, equipamentos auxiliares de resfriamento deverão ser ins- talados no sistema hidráulico, comumente conhecidos por trocadores de calor; • Não atrair umidade (higroscópio); • Não infl amável: locais quentes ou com chamas também recebem instala- ções hidráulicas de acordo com a necessidade da planta, onde elementos do sistema correm riscos de ruptura. Para estes casos, fl uidos hidráulicos de alto ponto de ignição são os mais indicados; • Toxicidade do fl uido hidráulico: evita a periculosidade para a saúde e para o ambiente, observando sempre instruções especifi cadas pelos fabricantes dos fl uidos hidráulicos; • Proteção contra corrosão; • Outras características devem ser levadas em consideração na hora da es- colha do fl uido hidráulico, tais como facilidade para fi ltragem, compatibilidade com componentes do sistema, fácil manutenção, não agredir o meio ambiente, custos e disponibilidade de compra. Bombas e motores hidráulicos Um sistema hidráulico é responsável pela conversão de uma energia me- cânica em energia de força e movimento por meio de um fl uido. As bombas hidráulicas têm a função de oferecer movimento ao fl uido hidráulico e este, por sua vez, executará o trabalho de força e movimento através dos atuadores, entre eles os motores hidráulicos. Apresentação da bomba hidráulica O elemento-chave na conversão da energia hidráulica é a bomba hidráuli- ca. A fonte de energia mecânica primária necessária para o funcionamento do sistema hidráulico é normalmente fornecida por um motor elétrico, cuja carac- terística é a transformação de energia elétrica em mecânica. Em menor escala, SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 34 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 34 15/08/2019 16:58:44 temos a utilização de motores de combustão interna. O eixo do motor elétrico é acoplado à bomba hidráulica que, por sua vez, tem a função de converter esta energia mecânica em energia hidráulica. As bombas hidráulicas são responsá- veis pelo transporte do fl uido hidráulico vindo do reservatório até os elemen- tos atuadores, dando-lhes condições de execução de seu trabalho mecânico. As bombas não geram pressão no sistema hidráulico, a pressão é gerada em função da atuação de elementos que difi cultam o escoamento do fl uido pelos condutos do sistema; a bomba simplesmente movimenta o fl uido. As bombas empregadas nos sistemas hidráulicos são do tipo de deslocamento positivo. Parâmetros e tipos de bombas hidráulicas Os parâmetros principais que caracterizam uma bomba hidráulica e que devem ser considerados em projeto são: pressão máxima, vazão máxima, ro- tação e rendimento. Pressão: o limite máximo de pressão de uma bomba hidráulica é estipulada pela condição de funcionamento sem que se verifi quem vazamentos, internos e externos, ou que apresente riscos ao conjunto mecânico do sistema. Vazão: caracterizada pela capacidade da bomba hidráulica em deslocar de- terminado volume de fl uido pelo sistema. Essa capacidade tem como referên- cia o volume fornecido a cada volta completa da bomba. Rotação: é o número de revoluções do eixo por minuto no qual a bomba consegue manter o regime de trabalho sem que haja cavitação no sistema ou por outras limitações mecânicas. Parâmetros de rotação mínima e máxima são fornecidos pelos fabricantes, facilitando o projeto das instalações hidráulicas. Rendimento: o rendimento é uma carac- terística relacionada diretamente a qualidade de construção da bomba hidráulica, sendo que devemos levar em consideração três rendimentos distintos para análise da qualidade: • Rendimento volumétrico: cuja caracte- rística é apresentada pela relação entre vazão nominal e vazão real da bomba; SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 35 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 35 15/08/2019 16:58:44 • Rendimento global: onde temos a relação entre a potência mecânica de entrada e a potência hidráulica de saída; • Rendimento mecânico: é a rela- ção entre o rendimento global e o rendi- mento volumétrico. Tipos Bomba de engrenagens: o desloca- mento de fluido das bombas de engre- nagens é constante, não podendo variar durante o processo de operação. Bomba de palhetas: a forma cons- trutiva das bombas de palhetas simples permite que haja variação na vazão do fluxo hidráulico com manutenção da rotação constante. O controle dessa vazão é conseguido através da alteração da excentricidade, ajuste esse que é feito me- canicamente por meio de parafuso e mola de compressão. Bombas de pistões axiais, com disco ou eixo inclinado: a construção des- se tipo de bomba é composta por um corpo rotativo que contém os cilindros e seus êmbolos, formando uma estrutura única com o eixo que está diretamente ligado ao motor de acionamento. A vazão fornecida por esse tipo de bomba de- pende do curso do cilindro, que pode assumir valores diferentes, dependendo da variação do ângulo de inclinação da base por onde estes pistões deslizam. Geralmente, o ângulo de inclinação não ultrapassa os 30°. Quanto maior o valor deste ângulo, maior a vazão e, em alguns tipos de sistemas hidráulicos, o ângu- lo pode ser negativo, invertendo assim o sentido de vazão do fluido hidráulico. Bombas múltiplas: em projetos de sistemas hidráulicos onde o processo exige diferentes pressões e vazões, a alternativa mais coerente é a utilização de duas ou mais bombas, que atuarão ou não de acordo com a necessidade de carga do processo, estas bombas também podem ser conhecidas por bombas germinadas. Um sistema de bombas hidráulicas padrão conhecido por “alta- -baixa” está disponível no mercado, onde os acionamentos individuais de cada bomba são automaticamente feitos de acordo com a necessidade de pressão ou vazão do sistema. A denominação deste sistema é em função de possuir SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 36 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 36 15/08/2019 16:58:46 duas bombas, onde uma delas fornece elevada vazão sob baixa pressão, e a outra fornece baixa vazão sob alta pressão, ambas tendo um rotor comum de acionamento. Motores hidráulicos Os motores hidráulicos têm a função de converter energia hidráulica em energia mecânica através de um eixo rotacional, utilizando-se da pressão do fl uido para a geração de força e movimento. Têm características construtivas semelhantes às bombas hidráulicas, porém com uma função inversa. Como as bombas, os motores podem ser unidirecionais ou bidirecionais,com vazão fi xa ou variável do fl uxo hidráulico, de acordo com a necessidade. Características como capacidade de carga, velocidade e facilidade na manu- tenção devem ser consideradas para o projeto das instalações hidráulicas. Os tipos de motores utilizados pelo mercado são: motor de engrenagem, motor de palheta ou ventoinha, motor de pistão, atuador com pinhão e cremalheira e atuadores giratórios. Atuador pinhão e cremalheira: este tipo de motor produz uma energia que é determinada pelo fl uxo do fl uido hidráulico e a diminuição da pressão no motor. O movimento e a queda da pressão determinam a força que será criada. Motores de engrenagens: normalmente utilizados em sistemas hidráuli- cos para movimento de correias transportadoras e ventoinhas. Existem duas confi gurações distintas, sendo um dos tipos o motor de engrenagem, que possui construção similar ao de uma bomba externa de engrenagem, sendo um motor para ser utilizado quando se necessita de alta velocidade; o outro tipo é o motor de órbita ou arco, empregado em sistemas de baixas velocidades. Motores de palheta ou ventoinha: indicados para aplicações industriais. Possuem vazamento interno menor se comparados aos moto- res de engrenagens, por isso mesmo são mais adequados para serem usa- dos em baixas rotações. Podem ser utili- zados também em sistemas pneumáticos. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 37 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 37 15/08/2019 16:58:46 Motores hidráulicos de pistão: motores empregados em movimentações que exijam grandes forças, tais como guinchos, guindastes para embarcações etc. Atuadores giratórios: são empregados principalmente para a abertura de válvulas tipo borboleta e outros sistemas que necessitem da função de empur- rar, puxar, levantar etc. Válvulas de controle hidráulico Qualquer sistema que utiliza fl uido hidráulico para geração de trabalho ne- cessita de algum tipo de válvula. As válvulas são responsáveis pelo controle da pressão, controle da velocidade ou da quantidade do fl uxo, e também pelo di- recionamento do fl uxo hidráulico por todo o sistema. Uma válvula isolada é res- ponsável pela execução de apenas uma tarefa, mas encontramos no mercado duas ou mais válvulas combinadas em uma só estrutura construtiva, forman- do, assim, uma válvula mista com mais de uma função. As válvulas hidráulicas são os componentes primordiais para o controle e confi abilidade de um siste- ma hidráulico. Atualmente, a tendência é o uso de plástico para construção das válvulas e a redução signifi cativa na sua dimensão. Tipos Válvulas de controle de pressão: empregadas para controle da pressão máxima de um sistema hidráulico (caso da válvula de alívio de pressão), ajuste de determinada contrapressão (válvula de contrabalanço) ou então sua utiliza- ção pode ser a de fornecer um sinal caso um valor de pressão predeterminado seja alcançado. Na maioria das válvulas de pressão, o controle da pressão hi- dráulica é feito por molas, controlando a abertura ou fechamento na área de vazão do fl uido hidráulico – que retorna ao reservatório. A válvula de alívio: tem, na sua maioria, a confi guração NC (normally clo- sed ou normalmente fechada), mudando seu estado sempre que uma pressão predeterminada for atingida, derivando assim o fl uido hidráulico para o reser- vatório. A válvula de descarga: permite um fl uxo hidráulico livre assim que um co- mando seja aplicado ao seu piloto (pino de controle), descarga de fl uxo esta SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 38 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 38 15/08/2019 16:58:46 geralmente feita através de carretel tensionado por mola, cuja tensão pode ser ajustada para controlar a pressão de descarga. A válvula de contrabalanço: deve equilibrar a carga que está sendo manti- da por um cilindro ou motor hidráulico. Uma pequena pressão no piloto desta válvula será suficiente para sua comutação (mudança do estado do canal de passagem do fluido hidráulico), retirando da câmara do cilindro a contrapres- são. Quando a solicitação de pressão pela carga diminuir, a pressão piloto é perdida, criando-se a contrapressão; quando a solicitação de pressão pela car- ga aumentar, o piloto é acionado, retirando a contrapressão. Válvula de sequência: são válvulas responsáveis pela condução na se- quência de operação de máquinas exigidas pelo processo. Com característica construtiva do tipo normally closed (normalmente fechada), terá seu estado co- mutado quando uma pressão atingir um nível pré-ajustado ou quando o piloto desta válvula receber um sinal de acionamento, direcionando e controlando o fluxo hidráulico. Geralmente, válvulas de sequência têm acopladas em seu cor- po válvulas de retenção, evitando, assim, sentido invertido do fluxo hidráulico. Válvulas para controle da vazão (fluxo): têm a função de controlar a quan- tidade volumétrica de fluido que escoa através de um conduto por unidade de tempo. O controle da vazão pode ser feito variando-se a área de um conduto de escoamento do fluxo. A variação desta área pode ser feita pela válvula atra- vés do estrangulamento interno da seção transversal. As válvulas de controle de vazão podem ser do tipo com compensação e sem compensação. Válvula de controle de fluxo sem compensação: são os tipos de válvula de construção mais simples, controlam a vazão do fluido hidráulico simples- mente reduzindo a área da seção transversal do conduto de vazão. O volume de fluido hidráulico que passa em determinada unidade de tempo e a diminuição da exigência de força na carga es- tão diretamente relacionadas. Uma pressão maior con- sequentemente terá um fluxo maior na válvula. Válvula de controle de fluxo com compensa- ção: esta válvula, devido a suas características construtivas, consegue manter constante a va- zão do fluido hidráulico, independente das va- riações de pressão que possam ocorrer no sis- SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 39 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 39 15/08/2019 16:58:46 tema. Como as válvulas sem compensação, as válvulas compensadas possuem um orifício para ajuste desta vazão. Quando houver uma redução das neces- sidades da carga, neste orifício esta redução será utilizada para movimentar um eixo (conhecido como carretel), balanceado contra a pressão de uma mola. Outra denominação para este sistema é “balança de pressão” ou também “hi- drostato”. A movimentação deste eixo mantém constante a perda de carga no orifício, o qual foi ajustado, produzindo, assim, uma vazão constante. Neste tipo de válvula, é necessário observar o sentido correto de movimento do fluxo hidráulico, e também utilizá-la de maneira bem planejada, uma vez que seu custo é mais elevado em relação às válvulas não compensadas. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 40 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 40 15/08/2019 16:58:46 Sintetizando Nessa unidade, foram apresentados os sistemas hidráulicos, iniciando pelo entendimento dos conceitos que regem os fluidos sob pressão, tais como força, pressão, trabalho, potência, entre outros. Estudamos a evolução dos sistemas hidráulicos, acompanhando as necessidades da cadeia produtiva e o desenvol- vimento de novas tecnologias. Compreendemos que um sistema hidráulico é composto por diversos blocos, cada qual com uma característica de atuação, sejam eles de geração de energia, controle, ligação entre elementos ou grupo de execução de trabalho. Identifica- mos, através das características de um sistema pneumático, as diversas áreas de atuação, nas mais diversas áreas da cadeia produtiva e de serviços. Explanamos também sobre os fluidos utilizados nos sistemas hidráulicos, demonstrando que devem possuir requisitos que garantam um funcionamen- to adequado de todos os elementos do sistema. Entendemos que a viscosida- de não garante a qualidade do fluido, mas determina seu comportamento em relação à temperatura e que um fluido hidráulico não deve alterar suas carac- terísticas, deve apresentarbaixa compressibilidade, ser imune a absorção de água e apresentar boa condutividade térmica, auxiliando no resfriamento de todo o sistema hidráulico. Para finalizar, estudamos os elementos de geração de movimento do fluido hidráulico pelo sistema (bombas hidráulicas) e os elementos responsáveis pela execução do trabalho do sistema (motores hidráulicos), apresentando suas ca- racterísticas construtivas, determinando, assim, qual o melhor tipo de elemen- to para determinada aplicação, sempre considerando a aplicação, o rendimen- to e o custo do sistema hidráulico. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 41 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 41 15/08/2019 16:58:46 Referências bibliográficas AZEVEDO NETTO, J. M. et al. Manual de hidráulica. 8. ed. São Paulo: Edgard Blü- cher, 1998. DRAPINSK, J. Hidráulica e pneumática industrial e móvel. São Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1977. PARKER HANNIFIN CO. Tecnologia hidráulica industrial. Disponível em: <ht- tps://www.parker.com/literature/Brazil/Apres%20Hidrau%2027-04.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2019. REXROTH. Treinamento hidráulico. Disponível em: <https://pt.scribd.com/do- cument/169938983/Treinamento-Hidraulico-Rexroth-2>. Acesso em: 18 jul. 2019. SILVESTRE, P. Hidráulica geral. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1979. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 42 SER_CA_SHIPNE_UNID1_V1.indd 42 15/08/2019 16:58:46 HIDRÁULICA E PNEUMÁTICA 2 UNIDADE SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 43 29/07/2019 14:32:01 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Apresentação dos elementos hidráulicos de potência; Aprendizado para desenvolvimento de técnicas de comando hidráulico; Aplicações e construções de circuitos hidráulicos básicos; Introdução aos sistemas pneumáticos. Elementos hidráulicos de potência Bombas hidráulicas Atuadores hidráulicos Técnicas de comando hidráulico e aplicações a circuitos básicos Hierarquia de elementos Diagrama trajeto-passo Identificação de sequência de movimentos Identificação dos elementos de um circuito hidráulico Circuitos hidráulicos básicos Introdução à pneumática Comportamento do ar comprimido Arquitetura dos sistemas pneumáticos Características dos sistemas pneumáticos SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 44 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 44 29/07/2019 14:32:01 Elementos hidráulicos de potência Elementos primários dos sistemas hidráulicos têm a responsabilidade de “fazer fluir” ou gerar o movimento pelos condutos do sistema hidráuli- co. Este, por sua vez, é utilizado para a geração, o controle e a transmissão de energia. Bombas hidráulicas As bombas hidráulicas precisam de uma força mecânica externa, conectada ao seu eixo, para que realizem trabalho. Essa força geralmente é fornecida por um motor elétrico, que é o meio mais comum e mais barato utilizado nos dias atuais. Outros elementos também podem fornecer essa força primária, como é o caso de motores de combustão interna, que são menos empregados. A bomba hidráulica converte a energia mecânica aplicada ao seu eixo em energia hidráulica, criando a vazão do fl uido hidráulico pelo sistema. Um de- talhe importante é o de que uma bomba hidráulica não tem a capacidade de gerar a pressão do sistema, apenas a vazão do fl uido. Bomba de deslocamento negativo São bombas de deslocamento de fluxo contínuo, também conhecidas como bombas hidrodinâmicas. Es- sas bombas são utilizadas em sis- temas cuja necessidade é apenas o movimento de líquidos sob baixa pressão, e a única resistência en- tre entrada e saída é a resistência criada pelo próprio peso do fluido hidráulico e pelo atrito deste en- tre suas próprias lâminas e entre as paredes da bomba. São bombas raramente utilizadas em sistemas hidráulicos por terem uma redução na capacidade de deslocamento de fluido com o aumento da resistência. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 45 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 45 29/07/2019 14:32:11 Bombas de fluxo radiais ou centrifugas Bomba de fluxo axial Saída Impulsor centrifugo Hélice rotativa Saída Entrada Láminas do impulsor Figura 1. Bombas hidráulicas. Fonte: JUNIOR, s.d. Acesso em: 17/07/2019. (Adaptado). Bombas de deslocamento positivo Também conhecidas como bombas volumétricas, são bombas que, após a rotação completa do seu eixo, deslocam um volume fixo de fluido, indepen- dente da resistência apresentada pela carga. São bombas que produzem uma vazão do fluido hidráulico em forma de pulsos e, diferentemente das bombas de deslocamento negativo, possuem vedação entre entrada e saída, logo sua capacidade de deslocamento do fluxo não é muito afetada pela variação da resistência do sistema. Entretanto, verifica-se uma perda de vazão em torno de 10% quando utilizada para bombeamento de líquidos de baixa viscosida- de e sob altas pressões. A vazão das bombas de deslocamento positivo pode ser alterada ou não; para isso, é necessário variar a área de suas câmaras. As bombas que permitem essa variação são conhecidas como bombas de deslo- camento variável, as outras, onde não é possível essa variação, são conhecidas como bombas de deslocamento fixo. Bomba de engrenagens Como pode ser observado na Figura 2, as bombas de engrenagens são constituídas de uma câmara e duas engrenagens internas, as quais se acoplam perfeitamente às paredes da câmara, isolando fisicamente os canais de entra- da e de saída de fluido. Com a rotação das engrenagens, em certo momento, o fluido hidráulico que entra na bomba será pressionado entre os dentes das engrenagens e as paredes da câmara (carcaça da bomba), impulsionado para o canal de saída da bomba. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 46 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 46 29/07/2019 14:32:11 Características das bombas de engrenagens: • São de simples construção e manutenção, por conterem poucas partes móveis; • Vazão fixa; • Pela simplicidade, têm custo reduzido se comparadas a outros tipos de bombas; • Pressão máxima de operação gira em torno de 250 kgf/cm2; • Elevada emissão de ruídos; • Rendimento gira em torno de 80 a 85%. Carcaça Fluido sendo carregado Entrada de fluido Engrenagem movida Engrenagem motriz Saída de fluido Desengrenamento Engrenamento Figura 2.Bombas de engrenagens. Fonte: JUNIOR, s.d. Acesso em: 17/07/2019. (Adaptado). Outros tipos conhecidos de bombas de engrenagens que possuem as mes- mas características de funcionamento com pequenas variações construtivas são as bombas de engrenagens internas e bombas de engrenagens helicoidais. Bombas de palhetas São bombas que apresentam baixa intensidade na pulsação e constância no fluxo do fluido hidráulico fornecido, características essas que agregam um grau de ruído menor do conjunto mesmo em rotações elevadas, apresentando vantagens em relação aos outros tipos de bombas. Podem ser de vazão fixa ou vazão variável. Características das bombas de palhetas: • Simples construção e simples manutenção; • Podem ser de vazão fixa ou variável; • Baixo nível de ruído; • Rendimento gira em torno de 75 a 80%; • Pouco tolerantes às impurezas no fluido hidráulico. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 47 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 47 29/07/2019 14:32:11 Figura 3. Bomba de vazão fixa. Fonte: JUNIOR, s.d. Acesso em: 17/07/2019. (Adaptado). Controle da vazão Pressão MAX0 Volume MAX0 Parafuso de ajuste de pressão Figura 4. Bomba de vazão variável com pressão compensada. Fonte: JUNIOR, s.d. Acesso em: 17/07/2019. (Adaptado). Bomba de palhetas de vazão fixa (balanceada) Bomba de vazão variável com pressão compensada Bomba de pistões Características da bomba de pistões: • Necessita de alta precisão para sua construção; • São de difícil manutenção e custo elevado; • Vazão fixa ou variável; • Ótimo rendimento, girando em torno de 95%; • Não toleram impurezas nos fluidos hidráulicos; • Operam com baixo ruído. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 48 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd48 29/07/2019 14:32:11 Para a montagem combinada de bombas hidráulicas, existem dois tipos de instalações: a instalação em série e a instalação em paralelo. 2 3 6 5 4 8 7 1 Legenda: 1 - Carcaça 2 - Eixo 3 - Placa cardânica 4 - Tambor 5 - Pistões 6 - Hastes 7 - Placa de comando 8 - Pino central Ângulo = 25º Figura 5. Bomba de pistões axiais de eixo inclinado. Fonte: JUNIOR, 2008. Acesso em: 17/07/2019. (Adaptado). Figura 6. Bomba de pistões axiais de placa ou disco inclinado. Fonte: JUNIOR, 2008. Acesso em: 17/07/2019. (Adaptado). Bomba de pistões axiais de eixo inclinado Bomba de pistões de disco inclinado EXPLICANDO Utiliza-se a instalação em série quando o poder de sucção da bomba principal é insuficiente, sendo assim, uma bomba auxiliar é ligada em série na linha de alimentação do circuito hidráulico. Já a instalação em paralelo é empregada em casos onde é necessário o funcio- namento dos atuadores em velocidades distintas, sendo uma lenta e uma outra rápida. No caso da velocidade, rápida não é necessário grande força, mas no caso da velocidade baixa, essa força tem que ser grande. Esse sistema também é utilizado em casos de sistemas hidráulicos com independência de seus circuitos. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 49 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 49 29/07/2019 14:32:14 Cuidados necessários de instalação e manutenção • Instalação: as bombas hidráulicas, como qualquer outro elemento elétrico ou mecânico, necessitam de procedimentos adequados de instalação, garantin- do, assim, o rendimento desejado e o prolongamento de sua vida útil. Para um alinhamento correto entre a bomba e o motor elétrico de acionamento, tanto no sentido vertical, horizontal ou angular, é aconselhável o uso de acoplamentos fl e- xíveis, compensando possíveis imperfeições desse alinhamento. Outros cuidados necessários são a verifi cação do sentido de rotação e o funcionamento sem o fl ui- do hidráulico, evitando, desse modo, o aquecimento e a inutilização da bomba; • Manutenção: manutenções periódicas preventivas são necessárias em quais- quer dispositivos pertencentes a sistemas elétricos, eletrônicos, mecânicos, hidráu- licos, pneumáticos etc. No caso das bombas hidráulicas, essa verifi cação deve rece- ber uma atenção especial devido a fatores que podem danifi car e encurtar a vida útil do equipamento. Um dos maiores problemas que precisam ser detectados e corrigidos é o da cavitação, que é a formação de bolhas no fl uido hidráulico devido a quedas de pressão, chegando até ao estado de vapor. Com o aumento da pres- são, as bolhas se dissolvem, implodindo e cavando materiais das superfícies que estavam em contato com a bolha. Verifi cação de entupimento de fi ltros e respiros, qualidade da viscosidade do fl uido e verifi cação da pressão adequada ao sistema são procedimentos preventivos para um desempenho satisfatório. Atuadores hidráulicos Os atuadores hidráulicos são os responsáveis em converter a energia do fl uido hidráulico em energia mecânica. Respondem por toda a atividade de geração de movimento e força, e devem ser um dos itens principais a serem considerados no projeto de qualquer sistema. Os atuadores hidráulicos divi- dem-se em atuadores lineares e atuadores rotativos. Atuadores lineares Os atuadores lineares, também conhecidos como cilindros, têm a função de transformar a energia do fl uido hidráulico em força e movimento mecânico linear através de sua haste. A composição básica dos cilindros lineares consiste em: camisa, êmbolo e haste. Enquanto a camisa é o “corpo” onde são alojados os outros elementos, o êmbolo tem como característica criar e isolar duas câ- SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 50 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 50 29/07/2019 14:32:14 maras dentro do corpo do cilindro e sofrer a pressão do fluido que enche e esvazia essas câmaras. O êmbolo está ligado à haste do cilindro que, por sua vez, executa através deste o movimento linear de avanço ou recuo. Existem várias configurações de cilindros hidráulicos, sendo as mais comuns: Cilindro de ação simples O fluido hidráulico é injetado em uma câmara que faz com que o conjunto êmbolo/haste seja deslocado para fora. Para o retorno do conjunto à posição original, basta uma força contrária na haste, ao mesmo tempo em que a câma- ra é esvaziada do fluido hidráulico. Câmara Entrada e saída do fluido Êmbolo Haste Figura 7. Pistão de ação simples. Câmara Entrada e saída do fluido Entrada e saída do fluido Êmbolo Câmara recuo Haste Figura 8. Pistão de ação dupla. Cilindro de ação dupla Para avanço da haste, supondo-se que esta esteja no estado inicial recua- do, o fluido hidráulico é carregado na câmara de avanço, enquanto o fluido hidráulico é retirado da câmara de retorno, movimentando a haste para fora. Para o movimento contrário, o fluido hidráulico carrega a câmara de retorno, enquanto a câmara de avanço é esvaziada. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 51 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 51 29/07/2019 14:32:14 Cilindro telescópico O fluido hidráulico carrega a câmara fazendo com que o primeiro conjun- to êmbolo/haste faça o movimento de avanço. Em determinado ponto, outra câmara é aberta, carregando o fluido hidráulico para avanço do segundo con- junto êmbolo/haste. O retorno dos conjuntos é feito quando uma força atua na ponta da haste, ao mesmo tempo em que as câmaras têm os fluidos drenados Figura 9. Pistão telescópico. Câmara Entrada e saída do fluido Êmbolo Mola Haste Câmara Êmbolo/haste 1 Êmbolo/haste 2 Entrada e saída do fluido Figura 10. Pistão de ação simples retorno mola. Cilindro de ação simples retorno mola O funcionamento desse cilindro assemelha-se ao cilindro de ação simples. No entanto, nesse caso, a força para recolhimento da haste é exercida por uma mola interna ao corpo do cilindro. Essa força, por sua vez, atua em conjunto com a drenagem do fluido hidráulico da câmara fazendo com que a haste retorne. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 52 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 52 29/07/2019 14:32:14 Cilindro de dupla haste Este cilindro possui movimento bidirecional, contando com um êmbolo cen- tral ligado a duas hastes. O movimento acontece quando em determinada câ- mara acontece o carregamento do fluido hidráulico, enquanto em outra câma- ra existe a drenagem do fluido, deslocando, assim, o conjunto êmbolo/hastes para um lado ou para o outro. Câmara 1 Câmara 2 Entrada e saída do fluido Entrada e saída do fluido Entrada e saída do fluido Êmbolo Haste 2Haste 1 Figura 11. Pistão de dupla haste. Outros acessórios podem ser incorporados aos cilindros lineares, como amortecedores de fim de curso, cuja finalidade é suavizar a parada do pistão quando esse chega no seu recuo ou avanço máximo. Atuadores rotativos Os atuadores rotativos têm como função básica a transformação da energia hidráulica em força e movimento de rotação. Um conhecido atuador rotativo é o motor hidráulico, cuja construção é semelhante ao de uma bomba hidráulica. Outros tipos comuns de atuadores rotativos são: motores oscilantes, motor de engrenagens, motor de palheta, motor de pistão, pinhão e cremalheira, oscila- dor com cilindro, oscilador com rosca sem fim e oscilador de palheta. Motores hidráulicos Os motores hidráulicos convertem energia hidráulica em energia mecânica por meio do seu eixo rotacional. Para essa conversão, e consequente geração de força e movimento, utiliza-se a pressão do fluido hidráulico. Suas caracte- rísticas construtivas são semelhantes às bombas hidráulicas, mas com uma função inversa. Capacidade de carga, velocidade e manutenção dos motores SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 53 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 53 29/07/2019 14:32:14 devem ser observados para um projeto de instalação hidráulica. Existem vários tipos de motores hidráulicos disponíveis no mercado, dependendo da necessi- dade de cada sistema. Os motores podem serdo tipo: • Vazão fixa e unidirecional; • Vazão variável e unidirecional; • Vazão variável bidirecional; • Vazão fixa e bidirecional. Quanto às características construtivas, temos: • Motor de engrenagens: empregados normalmente em projetos de estei- ras de transporte e ventoinhas; • Motor de palheta: indicados para aplicações industriais, são mais ade- quados para serem usados em baixas rotações; • Motor de pistão: empregados em movimentações que exijam grandes forças, tais como guinchos, guindastes para embarcações etc.; • Motores oscilantes: responsáveis por conversão da energia hidráulica em força e movimento rotativo, com ângulo de rotação com limitação de movimento; • Pinhão e cremalheira: configurados para conversão da energia hidráulica em força e movimento linear, conseguidos por um conjunto pinhão e cremalheira. Têm características semelhantes aos sistemas utilizados em portões deslizantes. Figura 12. Sistema de direção pinhão e cremalheira. Fonte: Kalatec, s.d. Acesso em: 17/07/2019. (Adaptado). • Oscilador com cilindro: o enchimento e esvaziamento dos cilindros de maneira alternada provoca um deslocamento na engrenagem via corrente, ge- rando, assim, um movimento circular com curso limitado; • Oscilador de palheta: as câmaras são enchidas e esvaziadas, dependen- SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 54 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 54 29/07/2019 14:32:15 do do sentido do fl uxo do fl uido hidráulico, imprimindo um deslocamento das paletas que estão diretamente acopladas ao eixo do atuador, fornecendo, assim, um movimento circular com curso limitado; • Oscilador com rosca sem fi m: a variação do sentido do fl uxo hidráulico nas tomadas de vazão imprime um deslocamento do êmbolo no sentido vertical, e esse, por sua vez, imprime um desloca- mento circular no eixo acoplado à rosca sem fi m. Esse mo- vimento é circular com deslocamento limitado. Figura 13. Oscilador com rosca sem fi m. Fonte: MARIA, s.d. Acesso em: 17/07/2019. (Adaptado). Técnicas de comando hidráulico e aplicações a circui- tos básicos Todo desenvolvimento de um projeto hidráulico parte do diagrama hidráu- lico, onde todos os componentes do sistema estão representados. Para a utili- zação desses elementos, determinamos uma hierarquia, garantindo assim um funcionamento regular e padronizado. Uma ferramenta utilizada para análise de funcionamento da lógica do sistema hidráulico é a montagem do diagrama trajeto-passo. Todos os elementos são identifi cados de acordo com sua função e consequente posição na hierarquia. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 55 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 55 29/07/2019 14:32:15 Figura 14. Representação da hierarquia em um circuito hidráulico básico. Diagrama trajeto-passo O projeto de um circuito hidráulico começa com a análise da sequência de movimento dos atuadores do sistema, movimentos esses que podem ser repre- sentados grafi camente no diagrama trajeto-passo, ou diagrama de movimentos. Hierarquia de elementos Quinta linha Atuadores (composta pelos cilindros e motores hidráulicos) Quarta linha Elementos de comando ou sinal (válvulas direcionais pilotadas) Terceira linha Elementos de regulagem (de fl uxo e pressão) Segunda linha Elementos de entrada (bombas hidráulicas) Primeira linha Elementos auxiliares (fi ltros, reservatório, mangueiras etc.) SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 56 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 56 29/07/2019 14:32:16 DIAGRAMA 1: DIAGRAMA TRAJETO-PASSO PARA UM ÚNICO ATUADOR O Diagrama 1 representa uma sequência de trabalho de um atuador, onde cada um dos movimentos é representado através de coordenadas: enquanto uma re- presenta o trajeto que o cilindro “A” está percorrendo, a outra representa o passo. Caso haja vários outros elementos no sistema hidráulico, todos eles deve- rão ser representados da mesma forma, sendo suas representações sobre- postas. Analisando ainda o Diagrama 1, notamos que, inicialmente, o cilindro está recuado, permanecendo assim até o primeiro passo. Nesse instante, o cilindro sai do estado de recuo e vai para o estado de avanço, completando o movimento ao atingir o passo 2. No instante do passo 4, o cilindro novamente recua para o estado inicial, atingindo o passo 5. Identificação de sequência de movimentos É importante identifi car a sequência de movimentos de um circuito hidráuli- co, para isso, convenciona-se que as sequências podem ser diretas ou indiretas. Os atuadores são identifi cados por letras (A, B, C etc.) e os movimentos desses são indicados por sinais. O avanço de um atuador é indicado pelo sinal +, e o recuo do atuador é indicado pelo sinal -. Uma sequência direta signifi ca que as letras dos atuadores estão na mesma ordem da sequência. Exemplo: Sequências diretas: SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 57 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 57 29/07/2019 14:32:17 A + B + A - B - (atuador A avança, atuador B avança, atuador A recua e atuador B recua). A + C + B - A - C - B + (atuador A avança, atuador C avança, atuador B recua, atuador A recua, atuador C recua e atuador B avança). Sequências indiretas: A + B + B - A - (atuador A avança, atuador B avança, atuador B recua e atuador A recua). A + B + C + A - D + B - D - C - (atuador A avança, atuador B avança, atuador C avança, atuador A recua, atuador D avança, atuador B recua, atuador D recua e atuador C recua). Identificação dos elementos de um circuito hidráulico Para identifi cação dos elementos de um circuito hidráulico, faz-se necessária uma representação em formato de diagrama. DIAGRAMA 2: IDENTIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS Elemento de trabalho Elemento de trabalho Elemento de comando Elemento de comando Elemento de alimentação Elementos de sinal Elementos de sinal 1.0 1.1 1.2 1.3 2.2 2.0 2.1 2.3 0.2 0.1 • Elementos de trabalho: os elementos de trabalho, cuja função é a de con- verter a energia hidráulica em movimento e força (motores e cilindros), são enumerados como 1.0, 2.0, 3.0 etc.; • Elementos de comandos e sinais: para os elementos de comando e de sinais (válvulas direcionais, por exemplo), o primeiro algarismo relaciona a vál- SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 58 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 58 29/07/2019 14:32:17 vula a qual elemento de trabalho ela infl ui. Para as válvulas de comando, que acionam o atuador diretamente, o algarismo à direita do ponto é 1. Para as válvulas de sinais, o algarismo à direita do ponto é par (sempre maior que 0) se a válvula é responsável pelo movimento de avanço do atuador, caso seja res- ponsável pelo recuo do atuador, esse número será ímpar (maior que 1); • Elementos de regulagem: para os elementos de regulagem (controle de vazão), o algarismo a direita do ponto é o zero seguido de um número par (maior que zero) se a válvula atua no avanço do atuador, e ímpar (maior que 1) caso a válvula atue no recuo do atuador; • Elementos de alimentação: nesse caso, o primeiro algarismo é o zero, e o número depois do ponto identifi ca a sequência em que ele faz parte. Circuitos hidráulicos básicos Os circuitos hidráulicos básicos se dividem em: • Circuitos de descarga: nesses circuitos, o controle de pressão é demons- trado em três níveis: alta-máxima, intermediária e recirculando. Cada controle de pressão é feito através de uma posição de deslocamento da válvula direcional: • Posição 1 (central): a válvula está desligada, criando a condição para que a linha de pilotagem da válvula limitadora de pressão fi que bloqueada, portanto, a pressão do fl uido será determinada pelo ajuste prévio da válvula de pressão; • Posição 2 (esquerda): energizando-se a solenoide B, a válvula dire- cional assume a segunda posição, ligando a linha de pressão à linha de pilotagem da válvula limitadora de pressão principal; • Posição 3 (direita): desenergizando B e ener- gizando A, a válvula direcional assume a terceira posição, a qual interliga a pilotagem da válvulalimitadora de pressão principal com a linha que retorna o fluido ao tanque. Nessa operação, a única carga apresentada ao fluido será a resistência da mola que mantém o carretel da válvula de pressão na sua posição, resul- tando na recirculação, a uma pressão baixa, do óleo para o tanque. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 59 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 59 29/07/2019 14:32:18 Figura 15. Posições de deslocamento da válvula direcional. Fonte: Parker Hannifin, s.d. (Adaptado). Figura 16. Circuito regenerativo de avanço e retração. Fonte: Parker Hannifin, s.d. (Adaptado). • Circuitos regenerativos: inicialmente, com a válvula direcional em estado de repouso, os dois canais para fluxo de fluido do pistão estão submetidos à mesma pressão. O desequilíbrio da força resultante provoca avanço da haste do cilindro, desequilíbrio este que é resultante da des- carga de óleo no lado da haste a ser somada ao fluxo da bomba e, nesse caso, o volume será sempre a metade do volume que entra do outro lado do cilindro, provocando, assim, o avanço da haste. Quando a válvula dire- cional é acionada, a câmara traseira do cilindro é drenada para o tanque, portanto, todo o fluxo de óleo é direcionado para a câmara do lado da haste, forçando, assim, o movimento de retorno. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 60 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 60 29/07/2019 14:32:19 • Circuito com aproximação rápida e avanço controlado: em muitas aplicações se faz necessário um avanço rápido da haste de um cilindro, para isso, o circuito hidráulico segue a configuração da figura abaixo. No acionamento da válvula direcional, o fluxo do fluido é enviado para a câ- mara traseira do cilindro, enquanto o fluido da câmara da haste flui li- vremente pela válvula de desaceleração e, através da válvula de controle direcional, retornará para o reservatório. Figura 17. Circuito com aproximação rápida e avanço controlado. Fonte: Parker Hannifin, s.d. (Adaptado). • Circuito alta-baixa: esses circuitos são as soluções para combina- ções de bombas com vazões diferentes. Na figura a seguir, no circuito à esquerda, ao ser feito o acionamento do motor elétrico, a vazão da bomba de maior capacidade passará através da válvula de retenção, somando-se com a vazão da bomba de menor capacidade, portan- to, a vazão que circulará pelo sistema será a soma das vazões das duas bombas, avançando a has- te de um cilindro a uma pressão relativamente baixa. Quando a carga de trabalho é atingida, a pressão do sistema aumenta, pressionando a válvula limitadora de pressão com ajus- te de maior pressão. Quando a pressão atinge o valor de 35 kgf/cm2, a válvula de descarga abre, descarregando o fluxo da bomba de maior capacidade para o reservatório. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 61 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 61 29/07/2019 14:32:20 Figura 18. Circuitos de alta e baixa pressão. Fonte: Parker Hannifin, s.d. (Adaptado). Figura 19. Circuitos de entrada e saída do fluxo. Fonte: Parker Hannifin, s.d. (Adaptado). • Circuitos de controle: os controles de entrada e de saída de fluxo são feitos através de válvulas de controle de fluxo com pressão compen- sada, mudando-se apenas a posição dessa válvula em relação ao sentido do fluxo do fluido hidráulico. No caso do controle de entrada, a válvula é instalada controlando o fluxo do fluido do lado da câmara do êmbolo do cilindro, para o controle de saída, ela será instalada para controlar o fluxo de saída da câmara da haste do cilindro. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 62 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 62 29/07/2019 14:32:21 • Circuito de vazão por desvio de fl uxo: um tipo de circuito para controle de fl uxo é o do tipo sangria. Nesse caso, a válvula de controle de fl uxo não apresenta resistência à bomba, funciona derivando ao reservatório parte do fl uido enviado pelo sistema de geração de vazão. Além da geração menor de calor, essa confi guração de circuito é mais econômica comparada a circuitos com controle de entrada e controle de saída. Figura 20. Circuito de vazão por desvio de fl uxo. Fonte: Parker Hannifi n, s.d. (Adaptado). Introdução à pneumática Em “pneumática”, palavra derivada do grego, “pneuma” signifi ca “sopro”. Logo, pneumática pode se traduzir por “sopro em movimento”. Pneumática é a ciência que estuda o uso de gases pressurizados. A engenharia estuda a pneu- mática para o desenvolvimento de aplicações de acionamento e comando. Na automação industrial, os princípios da pneumática começaram a ser aplicados em maior escala a partir do século XX, desenvolvendo-se até o ponto em que a conhecemos hoje. A utilização de sistemas elétricos é utilizada em amplo espectro de aplicações, mas existem situações em que apenas a energia transmitida pelos fl uidos (hidráu- licos e pneumáticos) pode oferecer um resultado mais efi ciente e a baixo custo. En- contramos, também, situações em que é proibido sistemas que possam apresentar qualquer tipo de faíscas elétricas (câmaras de pintura, minas de carvão, fábricas VIDEOAULA Clique aqui SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 63 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 63 29/07/2019 14:32:21 bélicas etc.). Assim, atuadores pneumáticos são utilizados quando as cargas são da ordem de até mil quilos (para cargas maiores utilizam-se atuadores hidráulicos), e são necessários movimentos de duas posições (início e fi m), limitadas por batentes mecânicos fi xos. Em sistemas de altas rotações, tais como fresadoras, motores para indústria odontológica etc., atuadores pneumáticos também são bastante utiliza- dos. Não raro, encontraremos equipamentos combinados ao uso das energias hi- dráulica, pneumática e elétrica. Comportamento do ar comprimido Para o estudo dos sistemas pneumáticos, necessita-se compreender o com- portamento e as características do ar. O ar não se pode pegar ou ver, mas com- provamos sua existência através de suas propriedades. Como tudo no universo, o ar é matéria e ocupa seu lugar no espaço. Imagine um recipiente em que parte já seja ocupada por outra matéria, pois bem, o ar completará o espaço restante. O ar é um fl uido compressível e tende a diminuir seu volume quando sob pressão. Possui elasticidade, pois, quando a pressão é retirada, o ar volta ao seu volume inicial. É expansível, cuja propriedade é a de aumentar seu volume, ocupando todo o volume do recipiente ou do espaço que o contém. O ar presente na atmosfera é um composto de vários gases, sendo 21% de oxigê- nio, 78% de nitrogênio e 1% de outros gases diversos. O ar também contém água em forma de vapor em sua constituição, e sua capacidade de absorver esses vapores depende diretamente da temperatura, mas não da pressão. A absorção de vapor de água tem aumento progressivo com o aumento da temperatura. Toda substância, incluindo o ar, tem limites para absorção de vapor de água, denominado saturação, e, caso esse limite seja ultrapassado, o vapor condensará na forma de água. O ar ocupa completamente o volume à disposição, gerando forças de com- pressão pelo fato de suas moléculas estarem em constante movimento pelo efeito do calor. Caso haja uma mistura de gases, cada um terá um comporta- mento único, não considerando a presença de outros gases. A pressão total resultante da mistura desses gases será a soma das pressões individuais. São três as grandezas físicas que determinam o estado de um gás, sendo elas o volume, a temperatura e a pressão: • Pressão: as indicações de pressão tomam como referências o ponto zero ab- SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 64 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 64 29/07/2019 14:32:21 soluto (vácuo) ou a pressão exercida pela atmosfera. Assim, utilizam-se os termos de pressão absoluta e pressão relativa. A pressão atmosférica é exercida pelo ar que envolve a terra, com alteração de valor de acordo com a variação da densidade e da altitude. Portanto, a pressãoatmosférica não tem um valor constante. Como referên- cia, ao nível do mar, esse valor equivale a 1,013 bar, ou 1,013.103N/m2, ou 103Pa. A figu- ra a seguir é a representação das relações entre as pressões relativa e absoluta, onde: A: pressão em zero absoluto B: pressão atmosférica C: pressão absoluta (pa) D: pressão relativa positiva (+pe) E: pressão relativa negativa (-pe) p A D B C E Figura 21. Pressões relativa e absoluta. Quando a referência é o ponto de zero absoluto, as informações de pres- são serão definidas como pressão absoluta, caso a referência seja tomada pela pressão atmosférica, as informações serão definidas como pressão relativa. Pela figura anterior, demonstra-se que a pressão relativa pode ser negativa ou positiva, enquanto a pressão absoluta será sempre positiva. Os manômetros são os instrumentos usados para a verificação dos valores de pressão. Hoje, no mercado, existem três tipos de manômetros: o manômetro de tubo de Bour- don, o de diafragma ondulado e o de êmbolo com mola; • Volume: o volume de um gás corresponde ao espaço que ele ocupa, de- pendendo, assim, do recipiente que o confina e, por mais espaço que esse re- cipiente contenha, esse gás ocupará todo seu volume. Devido ao movimento contínuo de suas moléculas e em todas as direções, o ar não sofre a ação da força da gravidade, não sendo, assim, depositado no solo; SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 65 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 65 29/07/2019 14:32:21 • Temperatura: é defi nida como a medida da quantidade de energia térmi- ca de um material; é o grau de agitação das moléculas desse material. Quanto mais agitadas, maior a temperatura. Arquitetura dos sistemas pneumáticos Assim como nos sistemas hidráulicos ou elétricos, um sistema pneumático é composto por diversos elementos, tais como os apresentados a seguir, na or- dem exigida pelo processo de geração de ar comprimido para uso geral: Elementos de geração Elementos de tratamento de ar Elementos de armazenamento Elementos de comando de sinais Elementos de comando de potência Elementos atuadores • Elementos de geração: o ar comprimido é obtido por meio de equipa- mentos conhecidos como compressores de ar, cuja função é retirar o ar do ambiente e armazená-lo sob pressão em câmaras. Os compressores são classi- fi cados de acordo com suas características construtivas: • Compressor de êmbolo: tem o princípio de funcionamento seme- lhante ao de um motor de automóvel. Esses compressores têm a característica de, de maneira mecânica, comprimir um volume determinado de ar a cada ci- SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 66 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 66 29/07/2019 14:32:21 clo. Seu pistão aspira o ar através de uma válvula de admissão, comprimindo-o durante seu curso até que a pressão desejada seja atingida, liberando, assim, uma válvula controladora de pressão. São os mais empregados, pois podem ser utilizados em diversos tipos de operações, dependendo das faixas de pres- são desejadas (entre 8 e 10 bar), tem custo reduzido. Oscilações de pressão e a produção de fluxo pulsante de ar são desvantagens à determinadas aplicações. Para segmentos industriais que necessitam de ar comprimido livre de impu- rezas, uma variação construtiva desse tipo de compressor é o de membrana, isolando, assim, o ar a ser comprimido das peças do compressor, evitando con- taminação de resíduos sólidos e óleo; • Compressor rotativo de palhetas: para esse tipo de configuração, o volume de ar aspirado é comprimido suavemente ao longo do percurso, ge- rando, assim, um fluxo de ar com pulsação pequena, mas operando em faixas menores de pressão se comparado ao compressor de êmbolo; • Compressor rotativo parafuso: sua construção consiste em dois pa- rafusos ligados individualmente a eixos de rotação. O ar é transportado de ma- neira contínua entre esses parafusos, evitando, assim, oscilações de pressão, uma vez que esse fluxo de ar é extremamente contínuo. Esses compressores têm um custo elevado, mas são os preferidos atualmente pelo mercado, por fornecerem fluxo de ar contínuo; • Compressor rotativo Roots: engrenagens movimentam-se, acionadas por um motor elétrico. Essa configuração de compressor não pressuriza interna- mento o ar, sendo utilizado apenas para transportar volumes de fluido em baixas pressões. A pressão é exercida apenas pela resistência oferecida ao fluxo do fluido; • Turbo compressor Axial: o fluxo de ar escoa por rodas que giram em altas velocidades e, no estágio final, através de um elemento difusor, a energia do movimento do ar (cinética) é transformada em pressão. Essa construção permite altas vazões de ar, porém, por cada um dos estágios operar com pres- são baixa, são necessários vários estágios montados em sequência para que pressões maiores sejam atingidas; • Turbo compressor Radial: o ar é aspirado no sentido axial e condu- zido no sentido radial para a saída. Têm características semelhantes aos com- pressores axiais, e apresenta larga faixa de operação; • Elementos de tratamento de ar: o ar comprimido pode estar contamina- SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 67 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 67 29/07/2019 14:32:21 do por uma série de substâncias, algumas vindas com o próprio ar ambiente e outras agregadas durante o processo de compressão, tais como partículas de poeira, vapores de água, fumaça, monóxido de carbono, etc. O óleo responsável por lubrificar os compressores também pode contaminar o ar, assim como resí- duos sólidos advindos do desgaste de seus componentes mecânicos. Pela tubu- lação, o fluido também pode transportar ferrugem eventualmente presente nas tubulações e mangueiras. Os elementos básicos para o tratamento do ar com- primido são feitos pelos filtros de partículas, filtros de odores, elementos de condensação (purgadores, filtros coalescentes, etc.), secadores e resfriadores; • Elementos de armazenamento: o armazenamento do ar comprimido pode ser feito em reservatórios (também conhecidos como pulmões), e sem grandes dificuldades, necessitando apenas de teste hidrostático periódico, que nada mais é do que um processo em que componentes de um sistema, subme- tidos à pressão, têm sua resistência a vazamentos testada. Esse teste consiste no enchimento do equipamento com líquido sob pressão. Após essas análises, conseguimos elaborar uma hierarquia de procedimen- tos para o tratamento e distribuição de ar comprimido, sendo ela: ASPIRAÇÃO COMPRESSÃO RESFRIAMENTO FILTRAGEM SECAGEM ARMAZENAGEM DISTRIBUIÇÃO TRATAMENTO • Elementos de comando de sinais: constituído por válvulas, sistemas ló- gicos, unidades programáveis etc. Esses elementos têm a responsabilidade de controlar os atuadores pneumáticos mediante informações adquiridas de sen- sores ou microcontroladores; • Elementos de comando de potência: nesse grupo encontramos as vál- vulas direcionais, válvulas de retenção, de vazão, pressão e válvulas especiais. Esse grupo é o responsável por converter os sinais vindos dos elementos de co- SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 68 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 68 29/07/2019 14:32:21 mando de sinais para níveis capazes de realizar o acionamento dos atuadores; • Elementos atuadores: os atuadores têm a função de converter a energia fornecida pelo ar comprimido em energia mecânica de força e movimento. São dois os tipos de atuadores: lineares e rotativos: • Atuadores lineares: também conhecidos como cilindros lineares, são elementos capazes de converter a energia gerada pelo ar comprimido em energia mecânica de trabalho linear. São compostos, em sua composição mais simples, por: camisa, pistão e haste; • Atuadores rotativos: responsáveis por converter a energia gerada pelo ar comprimido em energia mecânica em trabalho rotacional. Características dos sistemas pneumáticos Após o estudo desenvolvido até agora, conseguimos estabelecer algumas característicasdos sistemas pneumáticos. • Vantagens para a utilização de ar comprimido em máquinas e equipamentos: • Abundância do elemento no meio ambiente; • Risco zero de faísca em ambientes com potencial explosivo; • Fácil armazenamento; • Não causa contaminação ambiental; • Não necessita de linha de retorno (como nos sistemas hidráulicos), fazendo o escape diretamente para a atmosfera; • Custo baixo se comparado aos sistemas hidráulicos. • Desvantagens e limitações de um sistema pneumático: • Contaminação: como dito anteriormente, a composição do ar apre- senta umidade (vapor de água), essa umidade, dependendo das condições re- lativas à temperatura e pressão, pode vir a condensar ao longo das linhas de transmissão do ar comprimido e, caso não sejam instalados elementos para a retirada dessa água, corrosões podem aparecer internamente às tubulações e aos elementos do sistema pneumático; • Viscosidade: assim como na hidráulica, a viscosidade de um fl uido é a sua propriedade física caracterizada pela resistência que esse fl uido apre- senta ao seu movimento ao longo dos condutos que o confi na, é a facilidade SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 69 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 69 29/07/2019 14:32:21 com que um fluido pode movimentar-se pelos elementos do sistema. No caso do ar, a viscosidade é baixa, fazendo com que consiga escoar por pequenas áreas, aumentando, assim, em muito, as chances de aparecerem vazamentos. Vazamentos em linhas de ar comprimido são muito comuns, comprometendo e sobrecarregando o sistema de geração e tratamento. A viscosidade de um gás a baixa densidade aumenta com a temperatura, enquanto a viscosidade de um líquido diminui com o aumento de temperatura. A transferência de “quan- tidade de movimento” entre as camadas do gás, se movendo em velocidades diferentes, é a responsável pelo valor da viscosidade desse fluido; • Compressibilidade do ar: característica inerente ao ar, como visto anteriormente. Essa propriedade limita o uso de atuadores pneumáticos quan- to ao posicionamento. Diferentemente dos atuadores hidráulicos que podem executar movimentos de maneira analógica (vários valores de posição entre o mínimo e o máximo), nos atuadores pneumáticos, devida a compressão do ar imprimida pela haste do cilindro, a atuação é de maneira digital, assumindo apenas dois valores para o posicionamento da haste, avançado ou recuado, aberto ou fechado, direita ou esquerda etc., portanto não é possível atingir posições intermediárias de maneira precisa e confiável. Os limites de posição para os atuadores pneumáticos são feitos por batentes mecânicos limitado- res. Outro inconveniente relacionado a compressibilidade é a dificuldade em estabilizar a velocidade nos movimentos dos atuadores. Uma deficiência dos circuitos pneumáticos é apresentar velocidade variável de seus atuadores ao longo do seu curso. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 70 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 70 29/07/2019 14:32:21 Sintetizando Essa unidade é o complemento aos estudos sobre hidráulica, iniciados na uni- dade anterior, e uma introdução aos sistemas pneumáticos e suas características. Iniciamos pelo estudo dos elementos de potência dos circuitos hidráulicos, dos quais fazem parte as bombas hidráulicas. Entendemos os conceitos, estu- damos as características construtivas e de aplicações para os variados tipos de bombas disponíveis no mercado, assim como os cuidados necessários com a instalação, manutenção e conservação desses componentes. Outro grupo de elementos de potência ao qual tivemos contato foi o grupo dos atuadores hidráulicos, os quais classificamos como lineares ou rotativos, de acordo com o princípio de deslocamento. Compreendemos características peculiares a cada forma construtiva, adquirindo, assim, ba- gagem para a escolha da melhor opção para desenvolvimento de projetos de sistemas e instalações hidráulicas. Técnicas que facilitam e determinam a viabilidade de um projeto de sistemas hidráulicos foram apresentadas. O organograma hierárquico dos elementos de um sistema possibilita a execução e a confiabilidade no pro- jeto desse sistema. O diagrama de trajeto-passo, ferramenta que facilita o desenvolvimento das lógicas de acionamento e movimento, e, por fim, a identificação padronizada dos elementos que compõem o projeto hidráu- lico. Finalizamos o assunto sobre sistemas hidráulicos com a apresentação de circuitos básicos de controle e comando, descrevendo o funcionamento e a aplicação de algumas configurações utilizadas em projetos. Um novo assunto foi abordado, introdução à pneumática, com o qual pudemos constatar características semelhantes às estudadas em sistemas hidráulicos. Por isso mesmo, o tema já pareceu um assunto familiar. Inicia- mos por conhecer as grandezas físicas e o comportamento do ar quando exposto a essas grandezas. Identificamos os vários estágios de um siste- ma de ar comprimido, desde a geração até o armazenamento, estudando elementos presentes em cada etapa do processo. Finalizamos definindo as características dos sistemas pneumáticos de ar comprimido, apresentando vantagens e desvantagens em relação a ou- tros sistemas. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 71 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 71 29/07/2019 14:32:22 Referências bibliográficas DRAPINSKI, J. Hidráulica e pneumática industrial e móvel. São Paulo: McGra- w-Hill do Brasil, 1977. FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Sistemas fluidomecânicos. Disponível em: <https://www.feg.unesp.br/Home/Paginas- Pessoais/nestorproenzaperez/sfm-2014-aula-33.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2019. FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS. Sistemas hidráulicos industriais: con- ceitos básicos. Disponível em: <http://www.fatecc.com.br/ead-moodle/hidrauli- caindustrial/apostilas/conceitosbasicoshidraulica.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2019. JUNIOR, J. H. C. G. Sistemas hidropneumáticos I: hidráulica 03, 14 set. 2008. Do- cPlayer. Disponível em: <https://docplayer.com.br/62864702-Sistemas-hidrop- neumaticos-i-hidraulica-03.html>. Acesso em: 17 jul. 2019. JUNIOR, W. R. P. Hidráulica e técnicas de comando. Ebah. Disponível em: <ht- tps://www.ebah.com.br/content/ABAAAfaucAC/apostila-hidraulica-hidraulica- -tecnicas-comando?part=5>. Acesso em: 17 jul. 2019. KALATEC. Cremalheiras. Disponível em: <https://www.kalatec.com.br/crema- lheiras/>. Acesso em: 17 jul. 2019. MARIA, B. Sistema de direção. SlidePlayer. Disponível em: <https://slideplayer. com.br/slide/42913/>. Acesso em: 17 jul. 2019. PARKER HANNIFIN LTDA. Circuitos hidráulicos básicos: tecnologia hidráulica industrial. Apostila M2001-2 BR: informações técnicas. Disponível em: <https:// www.parker.com/literature/Brazil/M2001_2_P_17.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2019. REXROTH. Treinamento hidráulico. Curso básico de óleo-hidráulica industrial para engenheiros e técnicos. São Paulo: Rexroth Hidráulica Ltda., 1985. SENAI. Introdução à pneumática: pneumática aplicada à inspeção. Disponível em: <http://www.abraman.org.br/arquivos/49/49.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2019. SILVESTRE, P. Hidráulica geral. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1979. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 72 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni2.indd 72 29/07/2019 14:32:22 AR COMPRIMIDO E COMPRESSORES 3 UNIDADE SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 73 15/08/2019 16:29:44 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Aprofundar o estudo da geração de ar comprimido; Apresentar características dos compressores; Introduzir os sistemas de distribuição de ar comprimido. Geração de ar comprimido Conceitos básicos de ar comprimido Tipos de compressor Simbologia de compressores Regulagem de compressores Tratamento do ar comprimido Instalação de estação de ar comprimido Especificação de compressores Distribuição de ar comprimido Sistema de distribuição de ar comprimido Configurações de redes de distribuição de ar Componentesda rede de distribuição de ar comprimido SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 74 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 74 15/08/2019 16:29:44 Geração de ar comprimido O ar comprimido é caro, e o que eleva seu custo é, principalmente, a necessidade de energia elétrica para produzi-lo. Este custo pode represen- tar, a longo prazo, aproximadamente 75% do custo total. Com o evidente aumento da demanda por energia elétrica, bem como os problemas de aquecimento global decorrentes das emissões de gases que causam o efeito estufa, torna-se imprescindível aumentar a eficiência energética de todo e qualquer sistema utilizado. Figura 1. Relação de custos em um sistema pneumático. Conceitos básicos de ar comprimido Para que seja possível um aprofundamento maior no tema, é necessário re- lembrar alguns conceitos básicos que regem o ar sob pressão, para um dimen- sionamento adequado tanto dos equipamentos quanto das redes de distribui- ção. Pressão, volume e temperatura são os parâmetros que devem ser muito bem compreendidos. O ar no qual estamos mergulhados, e que respiramos, é composto por vários elementos, tais como vapor de água, monóxido de carbono, hidrogênio etc. A composição do ar atmosférico, portanto, pode ser medida da seguinte forma: SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 75 Custo total Energia elétrica Manutenção Equipamento SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 75 15/08/2019 16:29:44 Elementos Nitrogênio Oxigênio Outros Volume % 78,0 21 1 Massa % 75,5 24 0,5 Altitude (metros) 3.000 1.000 100 Nível do mar Pressão (bar) 0,683 0,899 0,989 1,033 - Pressão: é uma força aplicada em determinada área; sendo assim, a pres- são atmosférica é a pressão da camada de ar sobre um determinado corpo. Esta pressão ao nível do mar é de 1,033 bar, medida muito próxima à unidade utilizada pelo SI (Sistema Internacional), que é de 1 kgf/cm2. Uma pressão que gira e torno de 6 bar é considerada adequada e, em geral, utilizada pela maioria dos equipamentos pneumáticos. P = F/A 1 bar = 100 kPa N/m2 1 kgf/cm2 = 14,22 psi = 0,98 bar 100 psi = 100/14,22 = 7 kgf/cm2 = 6,9 bar Além disso, a variação da pressão está relacionada à variação da altitude: A Figura 2 representa as pres- sões relativas e absolutas, onde A corresponde à pressão zero absolu- ta; B denota a pressão atmosférica (1 bar); C diz respeito à pressão ab- soluta (pa); D indica a pressão rela- tiva positiva; e, por fim, E define a pressão relativa negativa -pe. O ar comprimido está com pres- são acima da pressão atmosférica, portanto, quanto maior a pressão, maior é a energia que o sistema ne- cessita empregar para poder com- primi-lo. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 76 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 76 15/08/2019 16:29:45 Figura 2. Pressões relativa e absoluta. Figura 3. Classifi cação de compressores. • Volume: O volume de um gás corresponde ao espaço que ele ocupa, dependendo, assim, do recipiente que o confina; e por mais espaço que este recipiente contenha, o gás ocupará todo o seu volume devido ao mo- vimento contínuo de suas moléculas em todas as direções. • Temperatura: Definida como a medida da quantidade de energia tér- mica de um material, é o grau de agitação das moléculas desse material. Quanto mais agitadas, maior a temperatura. Tipos de compressor O compressor é uma máquina cuja fi nalidade é transformar energia mecâni- ca, ou energia elétrica (considerando-se o motor elétrico), em energia pneumáti- ca pela compressão do ar existente na atmosfera. Os tipos de compressores são classifi cados de acordo com sua forma construtiva: A B C D p E SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 77 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 77 15/08/2019 16:29:47 É muito comum que um compres- sor seja escolhido para aquisição devi- do ao seu “preço” inicial, sem conside- rar seu “custo” ao longo de um tempo maior. Vazão e pressão, requisitadas pelo processo produtivo, são parâme- tros fundamentais a serem considera- dos, além das necessidades de futuras ampliações dos sistemas, que serão alimentados pelo ar comprimido. Diâ- metro de tubulações, bem como o local onde o compressor será instalado, também exigem atenção na hora de escolha do equipamento mais adequado. Os compressores dos tipos êmbolo e rotativo comprimem, de maneira me- cânica, um volume fixo de ar a cada ciclo executado. Já o turbo compressor faz essa compressão, forçando que o ar escoe por um difusor e transformando a energia cinética do ar em pressão. Os compressores são classificados em três tipos principais: compressores lineares, compressores rotativos e turbocom- pressores. Compressores lineares • Compressor de êmbolo: A configuração desse tipo de compressor con- siste em um mecanismo composto por biela-manivela (semelhante ao motor de um carro), tracionado por um motor elétrico ou de combustão interna. O pistão faz a aspiração do ar atmosférico por meio de uma válvula de admissão, e o comprime ao longo do seu curso dentro da câmara; quando a pressão atin- gir determinado limite, abre-se a válvula de pressão. CURIOSIDADE Esse tipo de compressor é muito econômico quando trabalha na faixa de pressão entre 8 e 10 bar. Com o aumento da necessidade de pressão, ocorrem altas perdas térmicas, sendo que, nesse caso, é necessária a uti- lização de estágios diversos, ocorrendo, em cada um deles, um aumento da pressão. Assim, consegue-se uma melhora de rendimento. Em alguns casos, um sistema de refrigeração a água se faz necessário, embora uma desvantagem apresentada por esse tipo de compressor seja o fluxo de ar comprimido pulsante em sua saída. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 78 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 78 15/08/2019 16:29:49 Figura 4. Compressor de êmbolo. Figura 5. Compressor de membrana. • Compressor de membrana: Este é uma variação do compressor de êm- bolo, e é composto por uma membrana que substitui o pistão. Com isso, cria-se um isolamento entre o ar que será comprimido e as peças mecânicas do com- pressor. Esse tipo construtivo evita que resíduos de óleo possam se misturar ao ar comprimido. É muito utilizado em aplicações nas quais o ar tem de ser extre- mamente limpo, tais como indústrias alimentícias, farmacêuticas, químicas etc. Conjunto biela/manivela Válvula de admissão Válvula de Pressão Pistão Cabeçote Entrada de ar atmosférico Saída de ar comprimido Conjunto biela/manivela Válvula de admissão Válvula de pressão Membrana Pistão SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 79 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 79 15/08/2019 16:29:49 Compressores rotativos • Compressor de palhetas: Caracteriza-se por um rotor que gira no interior de uma câmara, acionado por um motor de combustão ou elétrico. O rotor está deslocado em relação ao eixo central da carcaça, e é composto por palhetas ao longo de seu perímetro. O ar é aspirado e ligeiramente comprimido ao longo do percurso do rotor. Dessa maneira, o fluxo de ar comprimido gerado apresen- ta pouca pulsação. Em contrapartida, este tipo de compressor opera em faixas menores de pressão, comparadas às pressões do compressor de êmbolo. Sua lubrificação é feita pela injeção de óleo. Figura 6. Compressor de palheta. Fonte: VENSON, 2014, p. 10. • Compressor parafuso: O funcionamento desse tipo consiste em dois pa- rafusos, cada qual acionado por um eixo de rotação, tracionado por um motor elétrico ou de combustão interna. Nesse tipo de construção, o ar é movimen- tado constantemente entre os parafusos e, por isso, não apresentam, pulsos ou variações de pressão, fornecendo um fluxo de ar contínuo. Por suas carac- terísticas construtivas, são compressores de pequeno porte e alta rotação, e apresentam alto consumo de potência, desvantagem que já vem sendo mini- mizada com a instalação de inversores de frequência para controlar a rotação do motor elétrico que movimenta os parafusos. Apresentam um custo elevado, mas, duvido aofluxo de ar sem oscilações, são os mais utilizados pelo mercado. Sua operação deve ser a seco e com ar livre de contaminação por óleo. Rotor sem as palhetas SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 80 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 80 15/08/2019 16:29:49 Figura 7. Compressor parafuso. Fonte: VENSON, 2014, p. 11. Figura 8. Compressor roots. Fonte: VENSON, 2014, p. 13 • Compressor roots: Neste tipo, duas engrenagens se movimentam, aciona- das por motores elétricos ou de combustão. Não gera pressão internamente à câmara, sendo, por isso, utilizado somente quando se deseja transportar ar, o que leva a pressões baixas. A pressão resultante é a que aparece apenas pela resistência oferecida ao fluxo. Turbocompressores • Turbocompressor axial: O ar é acelerado por rodas girantes em vários estágios, sendo que, no último, por meio de um sistema difusor, a energia do C B D A G R SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 81 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 81 15/08/2019 16:29:49 movimento do ar (energia cinética) é convertida em pressão. Esse tipo de com- pressor é capaz de gerar grandes vazões de ar, mas como a pressão é bem baixa em cada um dos estágios, são necessários vários estágios para que pres- sões maiores sejam alcançadas. Figura 9. Turbocompressor axial. Fonte: VENSON, 2014, p. 16 Figura 10. Turbocompressor radial. Fonte: VENSON, 2014, p. 16 • Turbocompressor radial: Neste caso, o ar é aspirado no sentido axial e conduzido no sentido radial até a saída. Este tipo tem características seme- lhantes ao compressor axial, altas vazões e baixas pressões de ar comprimido. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 82 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 82 15/08/2019 16:29:51 Nos sistemas de ar comprimido, a diferenciação de pressões é feita nas se- guintes faixas: baixa, média, alta e ultra-alta. EXPLICANDO Baixa (pressões até 10 bar): É a faixa mais comum utilizada pelo mercado e pelos processos produtivos industriais. As ferramentas de uso industrial trabalham com essa faixa de pressão. - Média (pressões até 15 bar): Faixa de pressão utilizada para processos de produção de veículos e manutenção. - Alta (pressões até 40 bar): São pressões muito empregadas em equipa- mentos para conformação de plásticos (máquinas de sopro) e para testes em redes de fornecimento de ar. - Ultra-alta (pressões até 400 bar): Essas pressões são utilizadas em aplicações muito especiais, tais como em equipamentos de mergulho e compressão e estocagem de gases técnicos. Simbologia de compressores Assim como em qualquer projeto de sistemas, sejam elétricos, hidráulicos ou pneumáticos, adota-se uma padronização de símbolos para caracterização de cada tipo de elemento do projeto, que ajudam a diferenciar os compressores. com sua forma construtiva: Compressor Símbolo Pressão (bar) Vazão (m3/h) Pistão 10 120 Diafragma Baixa Pequena Palhetas 16 4.500 Parafuso 22 750 TABELA 1. SIMBOLOGIA DE COMPRESSORES SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 83 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 83 15/08/2019 16:29:51 Compressor Símbolo Pressão (bar) Vazão (m3/h) Roots 1,6 1.200 Radial/Axial 10 2.000 Regulagem de compressores Para uma perfeita adequação do volume de ar fornecido às necessidades da planta pneumática, são necessárias regulagens dos compressores. Dois valores de limites, para pressão máxima e mínima, infl uenciam no volume do fl uxo de ar comprimido. Existem diferentes tipos de regulagens, sendo elas: • Regulagem de funcionamento em vazio; • Regulagem por descargas; • Regulagem por fechamento; • Regulagem por garras; • Regulagem de carga parcial; • Regulagem na rotação; • Regulagem por estrangulamento; • Regulagem intermitente. • Regulagem por descarga: Essa regulagem é feita por uma válvula limitadora de pressão instalada na saí- da do compressor. Quando uma pressão pré-defi nida é atingida pelo reservatório, a válvula abre, dando passagem direta do ar comprimido para o meio ambiente. • Regulagem por fechamento: Nesse caso, o lado do canal de sucção do compressor é fechado; sendo as- sim, não aspira ar atmosférico algum. Este tipo de regulagem é utilizado princi- palmente em compressores rotativos e nos compressores do tipo êmbolo. • Regulagem por garras: Este tipo de regulagem é utilizado em compressores de grande porte, tipo êmbolo. A válvula de sucção fi ca aberta por ação de garras, evitando dessa maneira que o o ar dentro da câmara seja comprimido. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 84 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 84 15/08/2019 16:29:51 • Regulagem por rotação: Essa regulagem é feita ajustando-se a rotação do motor, que impulsiona o sistema mecânico do compressor, seja motor a explosão ou elétrico. • Regulagem por estrangulamento: É conseguida através do estreitamento no canal de sucção, sendo possível regular o compressor para determinadas cargas. É possível ser utilizada em compressores de êmbolo rotativo e turbo compressores. • Regulagem intermitente: Através de ajustes de pressão máxima e mínima feitos em um pressostato, o compressor será desligado quando uma pressão máxima for atingida, fi can- do nesse estado até que uma pressão mínima esteja presente no reservatório, ligando-o novamente. Tratamento do ar comprimido A constituição dos elementos pneumáticos, principalmente as válvulas, é de mecanismos de alta precisão, sensíveis e delicados. Para que pos- sam atuar de modo confiável e com o rendimento esperado, é necessário garantir algumas qualidades do ar comprimido oferecido ao sistema, tais como: - Pressão; - Vazão; - Teor de água; - Teor de óleo; - Teor de partículas sólidas. Cada elemento de um sistema pneumático possui especificação pe- culiar com relação às grandezas de pressão e vazão para uma operação adequada, que estão diretamente relacionadas com a velocidade e com a força de um atuador pneumático. Portanto, um correto dimensionamento das tubulações da rede de distribuição e um compressor adequado são imprescindíveis. As impurezas que podem estar presentes no ar comprimido influen- ciam o desempenho, a confiabilidade e a durabilidade dos elementos de todo o conjunto pneumático. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 85 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 85 15/08/2019 16:29:51 A água, que está misturada ao ar em forma de vapor, quando submetida a uma pressão, volta ao estado líquido, podendo causar corrosão ao conjunto me- cânico e aos elementos de armazenamento e distribuição do ar. As partículas de elementos sólidos podem causar engripamento dos meca- nismos presentes nos componentes mecânicos. Sendo assim, o elemento ar deve ser submetido a um rigoroso tratamento, envolvendo elementos de filtragem, secadores e lubrificadores, antes de ser dis- tribuído para a instalação pneumática. Figura 11. Geração, tratamento e distribuição de ar comprimido. Podemos verificar, na Figura 11, que o ar é aspirado do meio ambiente pelo compressor. Este equipamento, como sabemos, é o responsável por comprimir o ar. Ele possui um filtro em sua entrada, cuja função é reter partículas sólidas que podem estar presentes no ar, tal como poeira. O ar, ao ser comprimido, tem elevação na sua temperatura; ela tem de ser rebaixada por um resfria- dor, caso contrário, pode vir a danificar as tubulações da planta pneumática. Logo após a adequação da temperatura, é necessário um novo processo de filtragem, para que sejam retiradas eventuais partículas sólidas ou óleo, vindos do próprio equipamento compressor. Uma outra etapa vem a seguir, a seca- gem, na qual será feita a remoção da água, misturada em forma de vapor ao ar comprimido. Só então esse ar será armazenado no reservatório, que tem duas funções específicas: oferecer a garantia de uma reserva de ar comprimi- do, suficiente para manter a pressão constante da linha pneumática, evitando FiltraçãoCompressão Aspiração Filtração Resfriamento Tratamento localSecagem Armazenamento Motor SISTEMASHIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 86 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 86 15/08/2019 16:29:51 ligamentos e desligamentos constantes do compressor; e garantir um fluxo de ar sem pulsações, no caso de escolha de compressores que têm essa caracte- rística de produção do ar comprimido. Secadores O ar, devido à sua umidade relativa, tem em sua composição água em forma de vapor, que é aspirado pelo elemento compressor acompanhado do ar at- mosférico. Dependendo da pressão e da temperatura do sistema pneumático, esse vapor pode voltar a assumir o estado líquido (condensação) ao longo das linhas de distribuição e nos equipamentos pneumáticos dependentes desse ar comprimido. A água acumulada pode ser eliminada por filtros separadores de água e por drenos instalados ao longo do sistema de geração e distribuição, mas tais filtros não são capazes de eliminar a água em forma de vapor; por isso, são utilizados nas instalações elementos secadores de água. Para uma melhor compreensão dos princípios utilizados para secagem, podemos comparar o ar a uma esponja, que, quando muito encharcada (estado de saturação), terá sua capacidade de absorção reduzida. Compri- mindo-se esta esponja, diminuímos a quantidade de água absorvida, o que equivale a aumentar a pressão do ar e ocorrer a condensação do vapor de água. Ao ser resfriada, a esponja tem uma diminuição no volume dos seus poros e elimina a água, fato equivalente a aumentar a temperatura do ar e ocorrer a condensação. Baseado nessa analogia, apresentam-se métodos para retirada desse va- por de água presente no ar. Atualmente, quatro métodos são utilizados para esse controle de secagem: - Resfriamento; - Adsorção; - Absorção; - Sobrepressão. • Secagem por resfriamento: Esse tipo de processo consiste em fazer o resfriamento do ar, reduzindo o seu ponto de orvalho. O resfriamento é feito através da circulação desse ar por um sistema de resfriamento ou trocador de calor (cuja constituição é, basica- mente, uma serpentina percorrida por um líquido refrigerante). O ponto de or- valho alcançado através desse método está entre 2 e 5 graus Celsius. Este tipo SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 87 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 87 15/08/2019 16:29:51 de secador é instalado imediatamente após a saída do ar comprimido vindo do compressor. Sendo assim, na região que vier depois desse secador, haverá condensação na linha pneumática. Figura 12. Processo de resfriamento para secagem do ar. Fonte: SILVA, 2002, p. 33. • Secagem por adsorção: A adsorção é a adesão da água à superfície de uma outra substância. Esse grau de adsorção depende da temperatura, da área superfi cial dos sólidos en- volvidos no processo e da pressão. O carvão ativado é exemplo de um ótimo elemento de adsorção. As forças que atraem as moléculas de água podem ser químicas ou físicas, as quais podem ser regeneradas pelo ar quente. Os sistemas de adsorção possuem dois geradores de ar quente, instalados em paralelo, para que seja possível realizar a limpeza do elemento responsável pela secagem. Assim, enquanto um secador estiver em manutenção, o outro pode ser usado normalmente. Neste método, o ponto de orvalho que se consegue atingir gira em torno de -20 oC, e, em casos atípicos, pode chegar a -90 oC. Normalmente, o elemento utilizado no secador é um material em forma de grãos, com arestas ou redondos, e a substância química adotada é o dióxido de silício, também conhecido como gel sílica. Apesar de ser um produto caro, se SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 88 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 88 15/08/2019 16:29:54 comparado aos demais, é o mais capaz de retirar grande quantidade de umi- dade do ar. Figura 13. Secagem por adsorção. Fonte: SILVA, 2002, p. 34. • Secagem por absorção: O processo de secagem por absorção é um processo químico no qual o ar comprimido atravessa por uma camada solta de elemento de secagem. A água, ou o vapor, entra em contato direto com este elemento, combinando-se quimi- camente com ele e se desfazendo, o que forma uma mistura de água e elemen- to secador. O elemento composto daí resultante pode ser removido de tempos em tempos do equipamento secador. Com o tempo de utilização, o produto químico utilizado é consumido, e, portanto, a unidade de secagem deve ser reabastecida periodicamente, numa média de duas a quatro vezes anualmente. O secador por absorção é um sistema que consegue separar, ao mesmo tempo, água em estado líquido ou em forma de vapor e partículas de óleo. Quando se apresentam grandes quantidades de óleo, porém, o funcionamen- to do secador é prejudicado. Por isso, é muito utilizado um filtro fino em sua entrada. Válvula de fecha- mento (aberta) Válvula de fecha- mento (aberta) Válvula de fechamento (fechada) Ar seco Ar quente Calefação Ventilador Regenerador II Regenerador I Válvula de fechamento (fechada) Pré-filtro Ar úmido SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 89 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 89 15/08/2019 16:29:54 O ponto de orvalho alcançado por essa confi guração de secador é de, apro- ximadamente, 10 oC. Entre todos os métodos, é o mais barato; todavia, é o que tem a menor efi ciência na retirada de volume de água. Figura 14. Processo para secagem por absorção. Fonte: SILVA, 2002, p. 35. • Secagem por sobrepressão: Como já sabemos, em um processo onde aumentamos a pressão, haverá a condensação da água, tornando possível a drenagem do líquido. Filtros Os fi ltros para ar comprimido têm como função reter partículas de impure- zas presentes no ar, inclusive água condensada. Antes do ar ser utilizado por qualquer equipamento ou sistema, deve passar por uma unidade de tratamen- to, cuja composição é constituída por fi ltro, válvula de regulagem de pressão e unidade de lubrifi cação. Tal conjunto tem o objetivo de adequar as qualidades do ar às necessidades específi cas de cada máquina ou processo. • Filtro: Seu objetivo é de eliminar partículas sólidas e líquidas presentes no ar com- primido. O processo de fi ltração acontece em duas fases. Uma é a pré-fi ltração, que, devido às suas características construtivas, imprime um movimento de rotação do ar, gerando uma força centrífuga no interior da câmara. Com isso, as impurezas de maior tamanho são separadas, assim como a água em gotí- SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 90 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 90 15/08/2019 16:29:57 culas por meio de forças centrífugas e, devido à velocidade do ar, também por resfriamento. Como consequência, as impurezas ficam depositadas no fundo do recipiente. Em uma segunda fase, a eliminação mais fina é feita pelo ele- mento de filtragem. Neste filtro, existe um dreno para eliminação da água, que pode ser acionado manual ou automaticamente. A porosidade desse elemento filtrante é da ordem de 30 a 70 micrômetros. Figura 15. Filtro e seus símbolos. Fonte: SILVA, 2002, p. 39 • Válvula reguladora de pressão: Este tipo de válvula tem o objetivo de manter uma pressão de ar comprimido sempre constante no equipamento ou processo. Seu funcionamento só é possí- vel quando a pressão a ser regulada apresentar valores inferiores aos da pressão de alimentação oferecido pela rede de distribuição. Sendo assim, esse tipo de válvula consegue reduzir a pressão, mas não aumentá-la. Visualizemos agora a Figura 16 e seus componentes numerados. Sua cons- trução é tal que, quando a pressão solicitada pelo processo ou máquina diminui em relação a um valor especificado pelo ajuste da mola interna (2), empurra o êmbolo (6), que abre o canal com a pressão da linha principal. Se a pressão de processo aumentar em relação a um valor determinado (devido ao excesso de carga no atuador, por exemplo), então uma membrana (1) atuará, pressionando a mola e o êmbolo e fechando o canal até que a pressão de processo diminua. Caso haja um aumento demasiado da pressão, então, além do controle des- crito anteriormente,a membrana irá se separar do êmbolo, abrindo um canal SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 91 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 91 15/08/2019 16:29:57 com os orifícios de exaustão e fazendo com que o ar escape, o que reduz a pressão do processo. O parafuso (3) é o responsável por regular a tensão da mola e, portanto, a pressão de processo. Esse tipo de válvula gera uma certa oscilação de pressão na sua saída (pres- são de processo), sendo que essa variação será menor quanto melhor for o dimensionamento de seus componentes. Figura 16. Válvula reguladora de pressão. Fonte: SILVA, 2002, p. 40. • Lubrifi cador: O ar, após passar por todo o processo de tratamento, que inclui fi ltragem, resfria- mento, fi ltração e secagem, deve ainda, no fi nal, receber um elemento fundamental para um desempenho satisfatório e durabilidade maior dos elementos mecânicos presentes nos processos e ferramentas pneumáticos: o óleo lubrifi cante. O elemento lubrifi cador é o responsável pelo fornecimento desse óleo tão ne- cessário para a lubrifi cação dos diversos componentes do sistema pneumático, res- ponsáveis pelos comandos e atuações de máquinas ou ferramentas. O óleo é adicio- nado ao ar comprimido pelo processo, baseado no conhecido princípio de Venturi. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 92 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 92 15/08/2019 16:30:01 Fundamentalmente, este processo funciona quando um fl uxo de ar atraves- sa uma seção de área menor dentro de um conduto. Tal fl uxo será acelerado enquanto a pressão será reduzida. Sendo assim, o óleo presente no tubo será pulverizado no ar. O nível de óleo presente nos lubrifi cadores deve ser perio- dicamente verifi cado, assim como deve ser feito o controle de sua dosagem. Figura 17. Lubrifi cador. Fonte: SILVA, 2002, p. 41. • Unidade de conservação: Uma unidade de conservação é composta pela combinação de elementos de fi ltração de ar comprimido, lubrifi cação e regulador de pressão. São ele- mentos instalados normalmente no fi nal dos ramais de alimentação de ar com- primido, próximos aos dispositivos de trabalho. Para um adequado funcionamento das unidades de conservação, al- guns pontos devem ser observados no projeto e operação do sistema pneumático: • A vazão total de ar é determinada para o tamanho da unidade. Um consumo de ar muito alto provoca queda de pressão nos equipamentos. Sendo assim, de- vem ser observados criteriosamente os dados indicados pelos fabricantes; • A pressão de trabalho nunca deve ultrapassar a pressão indicada para funcionamento do aparelho; Bujão de reabastecimento de óleo Nível máximo do óleo Nível mínimo do óleo En tra da A Sa íd a B SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 93 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 93 15/08/2019 16:30:04 • A temperatura do ambiente não deve ultrapassar os 50 oC, o limite para elementos cujo material construtivo é sintético. Como em todo sistema, as unidades de conservação devem receber cuida- dos de manutenção adequados e periódicos, sejam eles: • Filtro de ar comprimido: Deve haver controle no nível de água condensa- da, e a altura delimitada no copo coletor não deve ser ultrapassada. Essa água pode ser enviada para a tubulação de ar comprimido, e daí para os equipamen- tos pneumáticos. A drenagem dessa água é feita pela abertura de um parafuso de dreno, encontrado no fundo do copo coletor. Caso haja um elemento fi ltran- te, ele deve ser limpo ou substituído; • Regulador de ar comprimido: Caso haja fi ltros de ar comprimido antes desse regulador, a manutenção não é necessária. Caso contrário, sua desmon- tagem e limpeza são necessárias; • Lubrifi cador de ar comprimido: Um acompanhamento e controle do nível de óleo no corpo do reservatório é necessário, sempre com a observação das as indicações de níveis máximo e mínimo. Materiais plásticos e o copo do lu- brifi cador devem ser limpos apenas com produtos indicados pelos fabricantes. Para o lubrifi cador, devem ser usados apenas óleos minerais. Instalação de estação de ar comprimido A temperatura no ambiente onde está instalado o compressor de ar e a limpeza do ar que será aspirado pela máquina são requisitos de vital importância para um perfeito funcionamento do equi- pamento, reduzindo a necessidade de manutenções e custos decorrentes. A temperatura do ar que é captado pelo compressor tem influência direta sobre o rendimento da máquina, uma vez que uma redução de 3oC representa uma re- dução de consumo de energia elétrica por volta de 1%. Tomando como refe- rência uma temperatura de 21oC, de- monstra-se a seguir a relação tempe- ratura / consumo. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 94 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 94 15/08/2019 16:30:04 temperatura do ar (oC) -1 4 21 27 49 consumo (%) 7,5 - diminuição no consumo 5,7 - diminuição no consumo 0,0 1,9 - aumento no consumo 9,5 - aumento no consumo Normalmente, o ar comprimido é produzido de maneira centralizada, sendo depois distribuído pela planta pneumática. Para uma qualidade de ar satisfatória, este, após sofrer a compressão, deve passar por um trata- mento que envolve filtragem, resfriamento, secagem e separação de im- purezas sólidas e líquidas, inclusive o vapor de água. Especificação de compressores Os compressores pneumáticos alimentam uma variedade muito grande de ferramentas, máquinas e processos, abrindo um leque muito grande de apli- cações. Para um fornecimento adequado de ar, alguns requisitos básicos para especifi cação de um compressor devem ser seguidos. Análises básicas Análise do ambiente onde será utilizado o ar comprimido: O sistema de ar comprimido será responsável por alimentar ferramentas para aplicações caseiras ou utilizado para impulsionar ferramentas e maquiná- rios pesados de uso industrial. Análise dos requisitos das ferramentas que serão alimentadas pela rede de ar comprimido: Devem ser consideradas as necessidades de pressão e volume de fl uxo de ar comprimido exigidos por todas as ferramentas que compõem a planta pneu- mática. Equipamentos industriais obviamente necessitam de maior pressão e volume de ar comprimido. Caso o compressor escolhido não seja grande o sufi - ciente, será necessário aguardar até que o reservatório seja carregado. Análise de características específi cas Potência do compressor de ar: A grandeza que determina a potência de um compressor é geralmente o HP (cavalos de potência), sendo que 1 HP corresponde a 746 watts. Essa potência SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 95 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 95 15/08/2019 16:30:04 não deve ser o único indicador para se determinar a escolha de um compres- sor. Ainda mais necessária será a classificação do compressor em CFM. Capacidade de fluxo de ar comprimido: O fluxo, ou descarga livre efetiva de ar (FAD), é medido em pés por minuto (CFM) ou outra grandeza de acordo com a localização geográfica. Simplifican- do, é a capacidade de realização de uma tarefa, em determinado tempo, por um compressor de ar. Resumidamente, a pressão é determinada pelo traba- lho que está sendo realizado, enquanto o fluxo (CFM) exigirá a compressão da frequência com que o trabalho deve ser realizado ou quantos trabalhos estão sendo realizados ao mesmo tempo. O CFM é a medida de fluxo do volume de ar comprimido, que muda de acordo com a pressão do compressor. Deve-se atentar para o fato de que fer- ramentas com diferentes pressões não terão, necessariamente, CFMs que po- dem ser simplesmente juntados. Para que isso seja simplificado, alguns proce- dimentos devem ser seguidos: • Durante a avaliação de um compressor, buscar o CFM padrão, cujo valor é 14,5 PSIA, à temperatura ambiente de 20 oC e com 0% de umidade relativa. Caso não escolha usar o SCFM, deve-se usar valores de CFM atrelados à mesma pressão (PSI). • Quando os SCFMs de todas as ferramentas de ar forem conhecidos, basta somá-los, adicionando em seguida 30% dessevalor como medida de seguran- ça. Na escolha do compressor, deve-se chegar o mais próximo possível desse valor, para que a escolha não seja pequena ou grande demais, desperdiçando dinheiro. Exemplificando: Caso o sistema pneumático alimente um sistema no qual estejam presentes uma ferramenta de características de 4CFM @ 90psi, uma ferramenta de características de 2CFM @ 90psi e uma terceira ferramenta com características de 11CFM @ 90psi, e sendo estas utilizadas simultanea- mente, basta somar os CFMs (17CFM @ 90psi) e o valor será o máximo CFM necessário. Espaço e portabilidade: Os compressores de ar podem ser pequenos, portáteis ou de grandes dimensões, portanto, a necessidade de movimentar ou não o equipa- mento deve ser considerada. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 96 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 96 15/08/2019 16:30:04 Fonte de energia: Os compressores de ar necessitam de energia gerada por um motor, seja ele elétrico ou de combustão interna, de acordo com o local de utilização. A maioria dos compressores de pequeno porte para utilização doméstica ope- ram com uma tensão monofásica de 220V. Os compressores de maior porte, utilizados em aplicações industriais, podem ser energizados com tensões trifá- sicas de 220V, 380V, 440V etc. Portanto, uma infraestrutura de rede de energia adequada deve estar disponível para a alimentação do compressor. Distribuição de ar comprimido Com a automação de elementos utilizados em ferramentas e processos de produção, é necessário, cada vez mais, uma maior quantidade de ar com- primido, pois cada máquina ou equipamento necessita de uma determinada parcela desse ar, abastecidos por um compressor através de uma rede de tubulações. O dimensionamento do diâmetro da tubulação deve ser defi nido de ma- neira que, caso haja um aumento do consumo, não implique uma queda da pressão no sistema. Uma readequação de um sistema de distribuição mal dimensionado necessariamente acarretará custos elevados. Sistema de distribuição de ar comprimido Primeiro, precisamos observar a importância não apenas do correto di- mensionamento de uma rede de distribuição de ar comprimido, mas também a montagem das tubulações e dispositivos que a compõem. Estas tubulações exigem manutenções periódicas e, por isso, nunca devem ser embutidas em paredes ou vãos estreitos e de difícil acesso, o que difi culta a verifi cação de vazamentos. Os vazamentos em pequenas quantidades representam grandes perdas de pressão. As tubulações, em especial as redes confi guradas em circuito aberto, devem ser montadas com um declive de 1 a 2% no sentido do fl uxo de ar comprimido. Devido à condensação de água em tubulações horizontais, é necessário instalar ramais de saída de ar na parte de cima do conduto principal. Evita-se SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 97 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 97 15/08/2019 16:30:04 assim que água eventual no sistema chegue até as tomadas de ar por meio dos ramais. Para a retirada da água da linha de distribuição, devem ser instalados drenos no lado inferior da tubulação principal. Configurações de redes de distribuição de ar As redes de distribuição de ar comprimido podem ser montadas em circuito aberto, fechado ou em rede combinada. • Rede de circuito aberto: Esse tipo de confi guração é o que apresenta o menor custo, se comparado aos outros tipos de redes utilizadas. No entanto, caso o dimensionamento das tubulações esteja no limite, falhas no fornecimento de ar, principalmente nas extremidades, aparecerão. Os tubos horizontais que compõem a rede devem ser instalados com um pequeno declive no sentido do fl uxo do ar comprimido, e uma válvula de dreno deve ser instalada no fi nal da rede para a retirada de água do sistema. Uma desvantagem desse sistema é que, no caso de necessi- dade de manutenção em qualquer válvula de ramal ou outro componente da rede principal, todo o sistema fi cará sem fornecimento de ar comprimido. Figura 18. Circuito aberto de distribuição de ar comprimido. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 98 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 98 15/08/2019 16:30:04 Figura 19. Circuito fechado de distribuição de ar comprimido. • Rede de circuito combinado: Essa rede combinada parte de uma rede de distribuição de circuito fechado, na qual são instaladas redes transversais e longitudinais, oferecendo um for- necimento de ar imediato e uniforme em qualquer local da planta do processo. Através de válvulas de fechamento, consegue-se isolar determinadas linhas de ar, facilitando a manutenção e o controle de estanqueidade. • Rede de circuito fechado ou anel: Normalmente, as tubulações de rede de distribuição de ar comprimido são montadas em circuito fechado ou anel. Partindo da tubulação principal de ali- mentação de ar, o circuito faz um percurso em torno da planta de processos, retornando e interligando-se ao mesmo ponto do qual teve origem, com os ra- mais sendo instalados ao longo dessa linha. Nesse tipo de distribuição, o ar flui nos dois sentidos, dificultando o escoamento regular da água condensada, que tende a fluir para o ponto de maior solicitação de ar comprimido. Apresenta um custo mais elevado se comparado ao circuito aberto, entretanto, observa-se um fluxo de ar mais uniforme e, caso sejam colocadas válvulas de fechamento de ar em pontos corretos, consegue-se fazer manutenções sem a paralisação de todo o sistema de fornecimento de ar. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 99 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 99 15/08/2019 16:30:04 Figura 20. Circuito combinado de distribuição de ar comprimido. Componentes da rede de distribuição de ar comprimido Para as tubulações principais, podemos empregar várias opções de mate- riais para utilização na montagem de linhas de distribuição de ar comprimido, tais como cobre, tubos de aço preto, latão, tubo de aço galvanizado, aço-liga e material sintético. Toda tubulação de ar deve ser de fácil instalação e apresen- tar alta resistência à corrosão. Tubulações permanentes devem ter suas uniões soldadas, apresentando vantagens com o passar do tempo e evitando vazamentos. Em redes constituí- das por tubos de aço galvanizado, o ponto de conexão nem sempre apresenta vedação perfeita, mas a resistência à corrosão nesses tubos é muito maior do que a do tubo de aço preto. Casos especiais podem exigir tubulações de cobre ou de material sintético. Tubulações secundárias podem ser constituídas de mangueiras de borra- cha, desde que seja requerida fl exibilidade e, devido a um esforço mecânico maior, não possam ser utilizadas tubulações plásticas. Tubulações à base de polietileno e poliamida são empregados com maior frequência hoje em dia, sendo usadas em maquinários. Com o desenvolvimen- SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 100 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 100 15/08/2019 16:30:04 to de novos tipos de conexões rápidas, os tubos de plástico podem ser instala- dos facilmente, apresentando ainda um baixo custo. Além dos tubos, são utilizados em redes de distribuição de ar comprimido conexões do tipo T, cotovelos de 90o, conexões ramificadas, cotovelos em cur- va, válvulas de fechamento, válvulas de dreno etc. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 101 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 101 15/08/2019 16:30:04 Sintetizando Ao longo deste conteúdo, focamos os sistemas de geração de ar comprimido, apresentando o custo para se gerar o ar sobre pressão, posteriormente utilizado por ferramentas, máquinas e processos industriais. Explicamos que o ar é barato e encontrado em abundância na natureza, mas sua compressão e purificação ne- cessitam de processos caros, que requerem manutenções constantes. Para um perfeito entendimento, foram relembrados conceitos básicos do ar submetido a pressões maiores que a pressão atmosférica. Observamos que a altitude tem influência direta sobre a pressão do ar, pois, como apresentado, apressão ao nível do mar corresponde a aproximadamente 1 bar e, a 3.000 metros, já diminui para 0,683 bar. Uma grandeza importante aqui estudada foi a temperatura, que, por sua vez, também exerce influência sobre o ar. Além disso, mostramos que o ar é composto por vários elementos, entre eles os vapores de água, elemento tão prejudicial aos componentes de um sistema pneumático. Abordamos com detalhes os tipos de compressores, suas características cons- trutivas e as configurações para utilizações onde se exigem pressões e vazões dis- tintas, assim como a geração de fluxo de ar pulsante ou contínuo. Apresentamos as simbologias utilizadas em projetos para os diversos tipos de compressores, assim como alguns tipos de regulagens necessárias para geração e consumo oti- mizados. Passamos ainda pelas impurezas presentes no ar, bem como todos os ele- mentos necessários para sua purificação, descrevendo características construti- vas e aplicações. Por fim, mas não menos importante, foram descritas as redes de distribuição de ar comprimido, suas configurações e elementos. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 102 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 102 15/08/2019 16:30:04 Referências bibliográficas ATLAS COPCO. Preciso de um compressor de que tamanho?. Disponível em: <https://www.atlascopco.com/pt-br/compressors/wiki/compressed-air-articles/ sizing-an-air-compressor>. Acesso em: 23 jul. 2019. ENGINEERING TOOLBOX. SCFM versus ACFM and ICFM. 2005. Disponível em: <https://www.engineeringtoolbox.com/scfm-acfm-icfm-d_1012.html>. Acesso em: 23 jul. 2019. SILVA, E. C. N. PRM 2481 – Sistemas fluidomecânicos. Apostila de Pneumática. Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. Disponível em: <http://sites.poli.usp.br/d/pmr2481/pneumat2481.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2019. VENSON, I. Esquematização da Produção, Armazenamento e Condiciona- mento do Ar Comprimido. Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2014. Disponível em: <http://www.ma- deira.ufpr.br/disciplinasivan/Aula%202%2014_01.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2019. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 103 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni3.indd 103 15/08/2019 16:30:04 DISTRIBUIÇÃO DE AR COMPRIMIDO, SISTEMAS PNEUMÁTICOS E ELETROPNEUMÁTICOS 4 UNIDADE SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 104 15/08/2019 18:12:33 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Aprofundar o estudo das redes de distribuição de ar comprimido; Apresentar características dos elementos de controle e atuação dos sistemas pneumáticos; Abordar o desenvolvimento de circuitos e lógicas de sistemas pneumáticos; Expor dispositivos eletro-hidráulicos e eletropneumáticos. Dimensionamento de redes de distribuição de ar comprimido Arquitetura das redes de dis- tribuição Elementos de redes de distri- buição Dimensionamento de tubulações Controles pneumáticos Tipos e representação gráfica de elementos de controle pneumáticos Dimensionamento de válvulas Atuadores pneumáticos Tipos e representação gráfica de elementos atuadores Dimensionamento de atuadores pneumáticos Circuitos pneumáticos básicos Circuitos básicos de movimento de um atuador de ação simples Circuitos básicos de movimento de um atuador de ação dupla Comandos sequenciais Dispositivos eletro-hidráulicos e eletropneumáticos Tipos de dispositivos Circuitos básicos com aciona- mento elétrico SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 105 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 105 15/08/2019 18:12:33 Dimensionamento de redes de distribuição de ar comprimido A opção por um sistema de ar comprimido necessita de planejamento minu- cioso, prevendo desde o equipamento mais adequado, até a relação custo-bene- fício e a demanda futura do sistema pneumático. No projeto, devem ser defi ni- das as necessidades reais do processo e os equipamentos ideais para a execução das tarefas, como a escolha do compressor e o ponto de uso do ar comprimido. Instalar um compressor próximo a cada equipamento é inviável, exceto em casos raros e isolados. Para uso de ar comprimido em pontos diversos, o siste- ma mais efi ciente e racional é montar uma rede de distribuição de ar compri- mido, localizando tomadas de ar próximo aos utilizadores. Arquitetura das redes de distribuição Uma rede de distribuição é composta pelas tubulações que seguem desde o reservatório, passando pelos sistemas de tratamento até os pontos de utili- zação, e tem duas funções básicas: 1. Promover a comunicação entre a fonte produtora do ar comprimido e os equipamentos consumidores; 2. Atuar como um reservatório, atendendo às demandas locais de pressão e vazão por um determinado período. As redes de distribuição são subdivididas de acordo com a fi nalidade e ca- pacidade, sejam elas: • Linha principal – responsável por transportar o ar desde o compressor até a área de consumo; • Linha de distribuição – distribui o ar comprimido para a área de consumo; • Linha de serviço – tem a função de levar o ar comprimido da linha de dis- tribuição até os elementos de trabalho; • Acessório para linha de ar comprimido – são os elementos utilizados entre a linha de serviço e o equipamento consumidor: registros, mangueiras e elementos de tratamento de ar. Uma rede de distribuição bem planejada e executada apresenta requisitos indispensáveis, tais como pequenas quedas de pressão entre o compressor e SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 106 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 106 15/08/2019 18:12:33 o consumidor (máximo de 0,1 bar para uma rede com pressão de 7 bar), não apresenta vazamentos de ar, evitando perda de potência do sistema, é capaz de realizar a separação do condensado e apresenta um fluxo de ar comprimido linear. No fluxo linear, observamos linhas paralelas de fluxo alinhadas entre si, além de ser reconhecido pela baixa queda de pressão e baixa transferência de calor, características inversas às apresentadas por um fluxo de ar turbulento, que pode ser causado por dimensionamento, montagem e utilização de ele- mentos inadequados nas redes de distribuição. Segundo a lei dos fluidos, a queda de pressão aumenta ao quadrado a redução do volume do fluxo. Em uma velocidade crítica, as mudanças de fluxo de linear para turbulento causam um grande aumento na resistência da linha pneumática. Layout Para uma máxima eficiência na distribuição do ar, um layout bem definido é muito importante e deve ser concebido em desenhos padronizados ou em es- cala, facilitando a observação de medidas de comprimento das tubulações nos mais diversos trechos. Neste layout, devem ser representados desde a rede principal de ar comprimido até suas ramificações, pontos de consumo e suas pressões, futuras ampliações e posições de válvulas, conexões, curvas, drenos etc. Através do layout, é possível definir os menores percursos para as tubula- ções, reduzindo perdas de carga e gerando economia. Formato O formato da rede de distribuição a ser escolhido, seja em circuito aberto ou fechado (circuito em anel), deve levar em consideração as condições favo- ráveis ou não de um formato em relação ao outro. Ge- ralmente, uma rede de distribuição é feita em circuito fechado, circundando toda a área onde o processo exige ar comprimido. Deste circuito principal, podem partir ramificações para outros pontos de consumo. No circuito em anel, a manutenção é facilitada, além de proporcionar uma distribuição mais unifor- me do ar comprimido. Porém, haverá uma dificul- dade maior na separação do condensado, uma vez que o fluxo não possui direção definida, de- pendendo da demanda de ar. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 107 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 107 15/08/2019 18:12:33 Elementos de redes de distribuição As redes de distribuição são compostas por elementos diversos, assim como detalhes específi cos de montagem que devem ser observados, buscan- do sempre a melhor efi ciênciado sistema pneumático. - Válvulas de fechamento de linha de ar comprimido: estas válvulas têm grande importância na rede de distribuição, pois possibilitam a divisão dessa rede em várias seções, facilitando o isolamento para inspeção, manutenção ou instalação de novas tomadas de ar comprimido. Dessa maneira, é evitada a pa- rada de toda a rede de ar, que paralisaria todo processo, afetando a produção. As válvulas mais utilizadas para tubulações de até 2 polegadas são do tipo de esfera/diafragma. Em casos acima de 2 polegadas, as mais adequadas são válvulas do tipo gaveta. - Conexões entre os tubos: podem ser feitas de várias maneiras, sejam com roscas, soldagem, engates rápidos etc., mas precisam apresentar uma ve- dação perfeita. As conexões roscadas são as mais comuns devido ao custo bai- xo e à versatilidade para montagens e desmontagens. Neste tipo de conexão, são utilizadas fi tas que auxiliam na perfeita vedação das roscas (fi tas tefl on). A união por soldagem é a que oferece menor risco de vazamento, mas apre- sentam um custo mais elevado e não possibilitam desmontagens rápidas e sem perda de material. Geralmente, utilizam ligações roscadas até tubulações com diâmetros de até três polegadas, e para valores acima deste normalmente é aconselhável o uso de solda. Para instalações que exijam alto grau de confi abilidade, as cone- xões fl angeadas e soldadas são as mais adequadas. Ainda existem instalações provisórias, nas quais o melhor tipo de conexão é a de engate rápido, viabilizando a desmontagem do sistema sem perda de materiais. - Curvatura: nos sistemas de distribuição, as curvaturas devem apresentar o maior raio possível, evitando perdas por turbulência no ar comprimido. Nun- ca devem ser utilizados cotovelos de 90º e deve-se garantir sempre que a cur- Existem casos nos quais é necessária a construção de redes em malha aber- ta, por exemplo, locais isolados, pontos distantes etc. Para esses casos, são lançadas linhas de ar diretamente de um ponto ao outro. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 108 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 108 15/08/2019 18:12:33 vatura mínima tenha, na curvatura interior, um raio de duas vezes o diâmetro externo do tubo, no mínimo. - Inclinação: as tubulações de uma rede de distribuição devem ser mon- tadas com um declive (entre 1 e 2º) em relação ao comprimento reto da tu- bulação, sempre no sentido do fl uxo de ar comprimido. Caso haja a presença de condensado no sistema, este será levado para o ponto mais baixo da rede, onde será instalado um dreno. Caso as tubulações sejam muito extensas, acon- selha-se que vários drenos sejam instalados ao longo da linha, em média com uma distância entre 20 e 30 metros entre um e outro. - Elemento de drenagem: mesmo após os cuidados com a eliminação do condensado, pode ainda restar umidade, que deve ser eliminada, para pre- servar o bom funcionamento dos elementos pneumáticos e integridade das instalações. Para a drenagem desse condensado remanescente, devem ser ins- talados purgadores (drenos), nos pontos mais baixos da tubulação, nos fi ns de linha ou onde houver elevação de linha. Nestes pontos, reservatórios podem ser criados para reter uma quantidade maior de condensado, enviando poste- riormente para os purgadores. - Tomadas de ar: as tomadas de ar devem ser montadas a partir da parte superior da tubulação da linha principal de ar comprimido, evitando uma vez mais que o condensado seja levado até os elementos de trabalho. É recomen- dável que os elementos de trabalho não sejam conectados diretamente ao fi nal do tubo da tomada de ar, devendo estes serem acoplados a uma unidade de condicionamento. - Tubulações: os materiais utilizados para as tubulações principais devem ser resistentes à oxidação, tais como o aço galvanizado, aço inoxidável, cobre e plástico de engenharia. Para as tubulações secundárias, os materiais devem ser de alta resistência a ações mecânicas. Os tubos sintéticos são os mais empre- gados atualmente, constituídos de polietileno, poliuretano e tubos de nylon. Dimensionamento de tubulações Cada ferramenta ou dispositivo conectado à rede pneumática requer, para seu funcionamento, uma quantidade específica de ar. O dimensiona- mento das tubulações dessa rede, portanto, precisa levar isso em consi- SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 109 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 109 15/08/2019 18:12:33 deração e que, mesmo no caso de um aumento no consumo de ar, a queda de pressão do reservatório até o ponto de trabalho não ultrapasse 0,1 bar. Uma queda de pressão afe- ta o rendimento e a capacidade de um sistema pneumático. Para a escolha das tubulações do sistema de ar comprimido, devem ser observados os seguintes elementos: • volume de ar corrente (vazão); • comprimento total da rede de distribuição; • queda de pressão admissível para o sistema; • pressão da linha de distribuição; • número de pontos de estrangulamento da rede pneumática. Na posse dessas informações, pode-se utilizar o nomograma teórico para o cálculo do diâmetro interno da tubulação, que consiste em uma tabela com os indicadores mencionados anteriormente. Nessa tabela, retas são traçadas, utilizando como pontos de referência valores atribuídos para o comprimento da tubulação, volume de ar, queda de pressão admissível e pressão do sistema. Dessas retas, duas linhas aparecerão, o que servirá de referência para a tercei- ra e última reta, que indicará o diâmetro da tubulação. Vamos exemplificar utilizando uma unidade fabril, cujo consumo de ar comprimido é de 4 m3/min. (equivalente a 240 m3/hora). Prevê-se um au- mento desse consumo em 300% nos próximos três anos, portanto, para 12 m3/min. (ou 720 m3/hora). Com esses dados, sabemos que o consumo máxi- mo será de 16 m3/min. (ou 960 m3/hora), que seria o resultado da soma da necessidade atual mais a previsão de aumento para os próximos três anos. Essa rede de distribuição terá 280 metros de comprimento e terá em sua constituição seis conexões do tipo T, cinco curvas normais e uma válvula de passagem. Lançando essas informações no Nomograma, temos como resul- tado uma tubulação com diâmetro interno de 90 mm (aproximadamente 4 polegadas, medida comercial). SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 110 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 110 15/08/2019 18:12:33 Figura 1. Nomograma para cálculo do diâmetro interno da tubulação. Fonte: PARKER, 2006, p. 56. (Adaptado). Volume aspirado (m³/hora) Diâmetro interno do tubo (mm) Queda de pressão (bar) Comprimento da tubulação (m) Eixo 1 Eixo 2 bar 10 20 50 100 200 500 1.000 2.000 10.000 5.000 5.000 500 400 300 250 200 2 0,03 0,04 0,05 0,07 0,1 0,15 0,2 0,3 0,4 0,5 0,7 1,5 1 3 4 5 7 15 20 10 100 70 50 40 30 25 20 2.000 1.000 500 200 100 A B C D E F G Nas tabelas abaixo, são demonstradas as perdas de carga em relação ao comprimento da tubulação da rede e a equivalência em comprimento das conexões e válvulas. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 111 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 111 15/08/2019 18:12:37 TABELA 1. PERDA DE CARGA E EQUIVALÊNCIA DE COMPRIMENTO DE TUBULAÇÃO m3/h PERDA DE CARGA (PSIG) POR 10 METROS DE COMPRIMENTO DE UM TUBO COM DIÂMETRO: 1/2” 3/4” 1” 1 1/2” 2” 2 1/2” 3” 4” 5” 6” 80 2,73 0,64 0,18 170 2,51 0,70 0,08 350 2,68 0,31 0,09 500 0,68 0,19 0,08 850 1,86 0,50 0,21 1.200 1,00 0,41 0,13 1.700 1,97 0,81 0,25 2.100 1,28 0,41 0,10 2.500 1,79 0,56 0,14 3.400 1,00 0,25 0,08 4.200 1,56 039 0,12 5.100 2,24 0,55 0,17 0,07 6.800 0,97 0,30 0,12 10.200 2,15 0,67 0,26 13.600 1,18 0,46 17.000 1,82 0,71 2,73 0,64 0,18 2,51 0,70 2,68 0,08 0,31 0,68 0,09 1,86 0,08 1,00 0,21 1,97 0,41 0,81 0,13 1,28 0,25 1,79 0,41 0,10 0,56 0,14 1,00 0,25 039 0,08 0,55 0,12 0,97 0,17 2,15 0,07 0,30 0,12 0,67 0,26 1,18 0,46 1,82 0,71 Diâmetro 1/2” 3/4’ 1” 1 1/2” 2” 2 1/2” 3” 4” 5” 6” Cotovelo90º 1,10 1,34 1,58 2,25 2,60 2,80 3,40 4,00 2,20 2,70 Curva 90º 0,67 0,70 0,83 1,00 1,10 1,10 1,20 1,40 1,50 1,70 Tê (fl uxo dividido) 0,80 1,20 1,50 2,40 3,00 3,90 4,80 6,00 8,00 9,20 Válvula gaveta 0,17 0,20 0,25 0,37 0,46 0,52 0,58 0,76 0,95 0,98 1/2” 3/4’ 1,10 1” 1,34 0,67 1,34 1 1,58 0,70 0,80 1/2” 1,58 0,70 2,25 0,83 1,20 0,17 2” 2,25 0,83 1,20 1,50 0,20 2 1/2” 2,60 1,00 1,50 0,20 1/2” 0,25 2,80 1,10 2,40 0,25 3” 2,80 3,40 1,10 3,00 0,37 4” 3,40 1,10 3,00 1,20 3,90 0,46 5” 4,00 1,20 3,90 0,46 4,80 0,52 6” 2,20 1,40 4,80 0,52 2,20 2,70 1,50 6,00 0,58 2,70 1,50 1,70 8,00 0,76 1,70 8,00 9,20 0,95 9,20 0,95 0,980,98 Fonte: PARKER, 2006, p. 56. (Adaptado). SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 112 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 112 15/08/2019 18:12:38 Controles pneumáticos Nos primeiros sistemas de comando pneumático automatizado, usavam-se vál- vulas com controle manual. Assim, no manuseio das válvulas pneumáticas, o ser humano era o observador, o controlador e o atuador para as correções necessárias. Com o avanço da tecnologia, surgiu a aplicação de comando e con- trole pneumático baseado nas funções lógicas em máquinas e instala- ções industriais, geralmente executando movimentos físicos defi nidos. Tais sistemas serão agora comentados mais detalhadamente. Figura 2. Representação gráfi ca de válvulas de duas e três posições. Tipos e representação gráfica de elementos de controle pneumáticos Válvulas de Controle Direcional As válvulas de controle direcional são componentes de um circuito pneumá- tico, cuja função é a de orientar o caminho que o fl uxo de ar comprimido deve seguir para execução uma determinada tarefa. Para especifi cação de determi- nada válvula, devem-se considerar alguns parâmetros, a saber: • Posição inicial • Número de posições • Número de vias • Tipo de acionamento ou comando • Vazão • Característica construtiva A representação gráfi ca a seguir indica válvulas de controle direcional, regula- mentadas pelas normas ISO 1219. No Brasil, é utilizada a norma ABNT NBR 8897. O número de posições é a quantidade de manobras que uma válvula pode executar. As válvulas são representadas por retângulos, que representam, cada um, uma posição. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 113 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 113 15/08/2019 18:12:38 Figura 3. Válvulas com indicação de interligações internas e passagens bloqueadas. Figura 4. Válvula de duas vias e duas posições e válvula de três vias e duas posições. O número de vias de uma válvula signifi ca a quantidade de conexões de tra- balho. Estas podem ser de entrada, de utilização ou escape. Nos quadrados de posições, estão inseridos símbolos de passagem, que, por sua vez, variam entre unidirecional, bidirecional ou bloqueada, representando os caminhos para o ar comprimido seguir. As identifi cações das conexões normalmente aparecem na posição de re- pouso da válvula. A nomeação das válvulas é feita pelo número de vias e posições, separadas por meio de uma barra transversal. Norma DIN 24300 Norma ISSO 1219 Pressão P 1 Utilização A B C 2 4 6 Escape R S T 3 5 7 Pilotagem X Y Z 10 12 14 A B C A B C R S T X Y ZX Y Z 1 2 4 62 4 6 3 5 73 5 7 10 12 1410 12 14 TABELA 2. IDENTIFICAÇÃO DE CONEXÕES p 22 311 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 114 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 114 15/08/2019 18:12:38 EXEMPLIFICANDO Uma válvula 3/2 possui três vias para o fluxo de ar em duas posições de tra- balho. Por meio da identificação dos orifícios e conexões, uma válvula pode ser nomeada por números ou letras, de acordo com a norma utilizada. As válvulas precisam de um elemento externo para que suas partes móveis mudem de uma posição a outra. Esses elementos são chamados de aciona- mentos, e podem ser de diferentes tipos, tais como mecânicos, pneumáticos, elétricos ou combinados e musculares. Apresentaremos brevemente cada um desses tipos de acionamento: • Modos de acionamento muscular Figura 5. Simbologia acionamento muscular. Na figura, podemos observar: 1 – Símbolo geral de acionamento muscular (sem indicação do tipo de acionamento); 2 – Botão de empurrar; 3 – Botão de puxar; 4 – Botão de empurrar e puxar; 5 – Alavanca; 6 – Pedal de efeito simples; 7 – Pedal de efeito duplo. 1 5 6 7 2 3 4 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 115 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 115 15/08/2019 18:12:38 • Modos de acionamento mecânico Figura 6. Simbologia acionamento mecânico. 1 – Pino ou apalpador; 2 – Pino ou apalpador combinado com comprimento ajustável; 3 – Mola; 4 – Rolete fixo; 5 – Rolete articulado ou gatilho (opera somente em um sentido). • Modos de acionamento elétrico Figura 7. Simbologia acionamento elétrico. 1 4 52 3 1 4 M2 3 3 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 116 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 116 15/08/2019 18:12:38 1 – Conversor eletromagnético linear com uma bobina (ex.: solenoide liga/desliga); 2 – Conversor eletromagnético linear com uma bobina e de ação proporcio- nal (ex.: solenoide proporcional); 3 – Conversor eletromagnético linear com uma bobina (ex. duas bobinas de atuação opostas, unidas em uma única montagem); 4 – Conversor eletromagnético linear com duas bobinas de ação proporcio- nal (ex.: duas bobinas de ação proporcional, aptas a operarem alterna e pro- gressivamente, unidas em uma única base); 5 – Motor elétrico. • Modos de acionamento hidráulico e pneumático (pilotagem) Figura 8. Simbologia acionamento hidráulico e pneumático. Acionamento direto: 1 – Linha de pilotagem (ação direta por pressão ou despressurização/alívio); 2 – Linha de pilotagem (por aplicação ou por acréscimo de pressão hidráuli- ca (cor preta) ou pneumática (cor branca); 3 – Conversor eletromagnético acionando piloto pneumático (com supri- mento externo para pilotagem); 4 – Linha de pilotagem (por despressurização/alívio hidráulico ou pneumático); 5 – Linha de pilotagem em áreas diferentes e opostas (ação por diferença de forças provocadas pela pressão em áreas opostas) – caso necessário, a relação das áreas é indicada nos retângulos representativos. 1 2 4 5 3 6 7 9 8 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 117 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 117 15/08/2019 18:12:38 Acionamento indireto: 6 – Piloto pneumático interno acionando piloto hidráulico (com suprimento interno e dreno externo); 7 – Piloto pneumático interno (por um aumento de pressão por um estágio piloto, com suprimento interno); 8 – Piloto pneumático interno (para alívio de pressão por um estágio piloto); 9 – Piloto hidráulico interno de dois estágios (por aumento de pressão por dois estágios piloto sucessivos, com suprimento e dreno internos). Os acionamentos indiretos utilizam a própria energia do ar comprimido para acionar a válvula. Via um pré-comando, a válvula principal é acionada em uma ligação de ar comprimido interna a ela. Essas válvulas são geralmente elé- tricas, pneumáticas, manuais ou mecânicas. Elementos auxiliares Os elementos auxiliares são componentes dos circuitos pneumáticos que impõem ao ar comprimido certo sentido de fluxo, facilitando ou dificultando sua vazão. Podemos destacar alguns desses elementos: • Válvula de retenção: permite um fluxo de ar comprimido em sentido único, bloqueando-o automaticamente no sentido contrário. É uma válvula de funcio- namento automático, pois não necessita de ajuda para ser fechada ou aberta. Figura 9. Válvula de retenção. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 118 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 118 15/08/2019 18:12:38 • Válvula de escape rápido: projetadas para aumentar a velocidade de um cilindro pneumático por meio da exaustão imediata do ar comprimido para a atmosfera. O funcionamento é simples: com a presença de pressão no canal de entrada (1), o canal de escape (3) fica bloqueado, direcionando o fluxo de ar para o interior do cilindro. Quandoessa pressão cessa, o ar do interior da câmara retorna, sendo diretamente descartado no canal de escape. Figura 10. Válvula de escape rápido. • Válvula de isolamento (lógica OU): é uma válvula lógica projetada para comandar um cilindro ou válvula de dois pontos diferentes. Possui duas entra- das de pressão e um ponto de utilização. Quando recebe um sinal em uma de suas entradas, a outra, oposta à primeira, é fechada automaticamente, direcio- nando esse sinal para o ponto de utilização. Uma vez cortado o sinal da entra- da, a posição de bloqueio persiste na posição do último sinal de utilização. No caso de dois sinais coincidentes e de mesma pressão, o sinal que chegar primei- ro encontrará a saída. No caso de pressões diferentes, prevalecerá o sinal de maior pressão, bloqueando o de menor intensidade. 2 1 3 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 119 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 119 15/08/2019 18:12:38 Figura 11. Válvula lógica OU. • Válvula de simultaneidade (lógica E): pode ser utilizada para acionamen- to simples bimanual (não temporizado) ou para garantir que um determinado sinal de saída aconteça, caso haja pressurização em dois pontos de um siste- ma. Possui três orifícios no seu corpo, sendo dois deles de entrada de sinal, e o terceiro, de saída de utilização. O sinal de saída só acontecerá caso existam pressões, simultâneas ou não, nas entradas da válvula. Caso um sinal chegue antes, ou com diferente pressão, a saída ficará bloqueada até que o outro, com pressão igual, esteja presente. Resumidamente, a saída só será atuada caso as duas entradas estejam pressurizadas ao mesmo tempo. Esse tipo de válvula é muito empregado em comandos de bloqueio e de segurança. Figura 12. Válvula lógica E. 2 1 3 2 1 3 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 120 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 120 15/08/2019 18:12:38 • Válvula de controle de fluxo: projetadas para garantir com precisão o controle do fluxo de ar comprimido para os cilindros atuadores pneumáticos, regulando a velocidade de acionamento do pistão. Essas válvulas garantem uma máxima vazão com uma mínima queda de pressão no sentido livre. Apre- sentam configurações de controle unidirecional ou bidirecional. Figura 13. Válvulas de controle de fluxo unidirecional e bidirecional. • Válvula de alívio: também conhecidas como válvulas limitadoras de pres- são, são utilizadas para controle da pressão em reservatórios de ar comprimido, evitando que ela ultrapasse o ponto máximo suportado. Caso a pressão atinja o valor estabelecido, a válvula abre um canal de escape do ar para a atmosfera. Figura 14. Válvulas de alívio. 1 2 1 2 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 121 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 121 15/08/2019 18:12:39 • Válvula geradora de vácuo: trabalha em conjunto com alguns componentes, tais como ventosas e vacuômetros, por exemplo. São utilizadas quando há necessi- dade de geração de vácuo. Além disso, são baseadas no sistema de Venturi, no qual o vácuo é gerado quando o ar comprimido, em alta velocidade, circula por um difusor. Figura 15. Válvula geradora de vácuo. Dimensionamento de válvulas As válvulas e os demais elementos pneumáticos são fornecidos em diversas medidas de diâmetro interno para passagem de ar e podem ser classifi cados em relação à sua função no circuito, tais como válvulas de atuação de cilindros, válvulas para sensoriamento de elementos de fi m de curso, botoeiras etc., e válvulas de controle de fl uxo, responsáveis pela sequência de movimento. Des- sas três classes, somente as válvulas de atuação em cilindros devem ser dimen- sionadas considerando o ciclo de trabalho, velocidade e diâmetro do cilindro. O dimensionamento dessas válvulas considera o coefi ciente de vazão CV, cuja defi nição é a quantidade de galões americanos por minuto, de água fl uindo pela válvula totalmente aberta, sob uma pressão de 1 PSI e à temperatura de 60ºF. EXEMPLIFICANDO Um exemplo seria uma válvula que apresenta CV de 0,8. Isso signifi ca que essa válvula, estando totalmente aberta, com o fl uido submetido a uma pressão de 1 PSI a uma temperatura de 60ºC, apresentará uma vazão de 0,8 galões por minuto. Esse coefi ciente é informado no catálogo do fabricante. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 122 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 122 15/08/2019 18:12:39 Atuadores pneumáticos Os atuadores pneumáticos são componentes que têm a função de converter a energia do ar comprimido em trabalho mecânico. Esses componentes podem produzir movimentos rotativos, lineares e também movimentos oscilantes. Entre os atuadores, os mais conhecidos e utilizados são os cilindros pneumá- ticos, cuja constituição se faz por uma haste com êmbolo dentro de um cilindro e tem a característica de imprimir um movimento linear. Agora, serão explicados de forma mais detalhada os tipos dentre os quais os atuadores se dividem. Tipos e representação gráfica de elementos atuadores Os atuadores pneumáticos podem ser de vários tipos. Os mais conhecidos e utilizados no mercado, por suprirem a maioria das necessidades, são: ação simples e ação dupla (com haste dupla ou haste passante). • Cilindros de ação simples: possuem um orifício para o ar comprimido e outro para o escape, e podem ter a confi guração de avanço por ar e recuo por mola ou força externa, além da confi guração de recuo por ar e avanço por mola. Esses cilindros também podem ser construídos de materiais elásticos para reposição, como é o caso dos cilindros de membrana, cujo movimento é proporcionado por uma membrana elástica presa à haste. O cilindro de mem- brana apresenta, por um lado, uma vantagem de atrito reduzido em relação aos anéis de borracha, mas, por outro, uma desvantagem de limitação de força e são utilizados em aplicações com pouco espaço. Figura 16. Cilindro de ação simples, retorno mola. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 123 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 123 15/08/2019 18:12:39 • Cilindros de ação dupla: o movimento de avanço e recuo do pistão é realizado pelo ar comprimido, que é recebido pelos dois lados do corpo do cilindro. Além disso, não possuem molas, portanto, o curso de atuação desses elementos está limitado ao tamanho da haste. Cilindros com essa confi gura- ção, quando submetidos a cargas e velocidades elevadas, sofrem grandes im- pactos, sendo necessária a introdução de elementos de amortecimento. Figura 17. Cilindros de dupla ação – haste simples e dupla haste. Dimensionamento de atuadores pneumáticos Os cilindros seguem normas ISO de medidas de seus diâmetros. A força estática útil que aparece na ponta de sua haste dependerá de pressão de trabalho do ar com- primido, diâmetro do cilindro, resistência de atrito interno e elementos de vedação. A força estática útil teórica é dada por: Fteórica = Prelativa x A Em que: Prelativa representa a pressão de trabalho do ar comprimido decres- cido da pressão atmosférica e A denota a área da superfície do êmbolo do cilindro que estará sujeita à pressão do ar. Dessa força teórica, retiram-se as forças de oposição: Fefetiva = Prelativa x A - (Fatrito + Fmola) Em que: Fatrito representa a força exercida pelo atrito das partes móveis do cilindro e Fmola indica a resistência apresentada pela mola, em cilindros de ação simples com retorno por mola. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 124 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 124 15/08/2019 18:12:39 A força exercida para o avanço de um cilindro de ação dupla é diferente da força de retorno, o que se explica devido à diferença entre as áreas úteis do êmbolo nos dois casos. No recuo da haste, deve-se descontar a área total do êmbolo (A) da área correspondente à haste do cilindro, resultando na área útil (A’) que é menor, ou seja: A = ( )4D² x pi = r² x pi A¹ = (D² - d) x pi/4 Alguns fabricantes oferecem, em seus catálogos de produtos, algumas ta- belas que apresentam a força efetiva de cada modelo decilindro (cartas de dimensionamento). Algumas tabelas relacionam o diâmetro do pistão e a força exercida em N (newtons); outras relacionam a força na ponta da haste com seu curso e diâmetro; há ainda aquelas que relacionam a velocidade de desloca- mento da haste do cilindro com o diâmetro. Em alguns catálogos, encontramos também o coefi ciente de carga, a margem de segurança para que o compo- nente garanta os requisitos de projeto, defi nido como a razão entre a força necessária e a força teórica do cilindro multiplicadas por 100%. Um cilindro não pode ter coefi ciente de carga superior a 85% e, no caso de sistemas que exijam elevação de materiais, o limite não pode ultrapassar os 50%. Circuitos pneumáticos básicos Um circuito pneumático segue uma ordem hierárquica específi ca, com ele- mentos agrupados de acordo com sua função dentro do sistema. TABELA 3. CIRCUITOS PNEUMÁTICOS BÁSICOS Elementos de trabalho Atuadores lineares e rotativos Executam uma ordem Elementos de comando Válvulas direcionais Saída de sinais, ordem de execução Elementos de processamento de sinais Válvulas de memória, válvulas lógicas “ou” e “e”, temporizadores Tratamento dos sinais Elementos de sinais Botão, rolete, pedal, etc. Introdução do sinal Elementos de produção, tratamen- to e distribuição de ar Unidade de conservação, válvulas defechamento e distribuição Fonte de energia Elementos de trabalhoElementos de trabalho Elementos de comando Elementos de trabalho Elementos de comando Elementos de trabalho Elementos de comando processamento de sinais Elementos de trabalho Elementos de comando Elementos de processamento de sinais Elementos de trabalho Elementos de comando Elementos de processamento de sinais Elementos de sinais Elementos de produção, tratamen- Elementos de comando Elementos de processamento de sinais Elementos de sinais Elementos de produção, tratamen- processamento de sinais Elementos de sinais Elementos de produção, tratamen- to e distribuição de ar Atuadores lineares e rotativos processamento de sinais Elementos de sinais Elementos de produção, tratamen- to e distribuição de ar Atuadores lineares e rotativos Elementos de sinais Elementos de produção, tratamen- to e distribuição de ar Atuadores lineares e rotativos Válvulas direcionais Elementos de produção, tratamen- to e distribuição de ar Atuadores lineares e rotativos Válvulas direcionais Válvulas de memória, válvulas lógicas “ou” e “e”, Elementos de produção, tratamen- to e distribuição de ar Atuadores lineares e rotativos Válvulas direcionais Válvulas de memória, válvulas lógicas “ou” e “e”, Elementos de produção, tratamen- Atuadores lineares e rotativos Válvulas direcionais Válvulas de memória, válvulas lógicas “ou” e “e”, temporizadores Botão, rolete, pedal, etc. Atuadores lineares e rotativos Válvulas direcionais Válvulas de memória, válvulas lógicas “ou” e “e”, temporizadores Botão, rolete, pedal, etc. Unidade de conservação, válvulas Atuadores lineares e rotativos Válvulas direcionais Válvulas de memória, válvulas lógicas “ou” e “e”, temporizadores Botão, rolete, pedal, etc. Unidade de conservação, válvulas defechamento e distribuição Válvulas de memória, válvulas lógicas “ou” e “e”, temporizadores Botão, rolete, pedal, etc. Unidade de conservação, válvulas defechamento e distribuição válvulas lógicas “ou” e “e”, temporizadores Botão, rolete, pedal, etc. Unidade de conservação, válvulas defechamento e distribuição Executam uma ordem Saída de sinais, ordem de execução Botão, rolete, pedal, etc. Unidade de conservação, válvulas defechamento e distribuição Executam uma ordem Saída de sinais, ordem de execução Botão, rolete, pedal, etc. Unidade de conservação, válvulas defechamento e distribuição Executam uma ordem Saída de sinais, ordem de execução Unidade de conservação, válvulas defechamento e distribuição Executam uma ordem Saída de sinais, ordem de execução Tratamento dos sinais Unidade de conservação, válvulas defechamento e distribuição Executam uma ordem Saída de sinais, ordem de execução Tratamento dos sinais Executam uma ordem Saída de sinais, ordem de execução Tratamento dos sinais Introdução do sinal Saída de sinais, ordem de execução Tratamento dos sinais Introdução do sinal Saída de sinais, ordem de execução Tratamento dos sinais Introdução do sinal Fonte de energia Tratamento dos sinais Introdução do sinal Fonte de energia Introdução do sinal Fonte de energiaFonte de energia SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 125 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 125 15/08/2019 18:12:39 Circuitos básicos de movimento de um atuador de ação simples Serão comentados agora alguns circuitos básicos de movimento, a saber: comando direto simples, comando direto com controle de velocidade no avan- ço, comando direto com controle de velocidade no recuo, comando direto de controle de velocidade no avanço e no recuo, comando indireto, dentre outros. • Comando direto simples Válvula 1 – três vias e duas posições, direcional acionamento muscular por botão e retorno por mola; Cilindro 1 – ação simples com retorno mola. Figura 18. Comando direto simples. Ao ser pressionada, a válvula libera o fl uxo de ar para carregamento da câ- mara do êmbolo do cilindro, avançando a haste em velocidade livre. Quando retirada a pressão da válvula, o ar da câmara do êmbolo é descarregado e, pela energia da mola, a haste recua, em velocidade livre, até a sua posição inicial. • Comando direto com controle de velocidade no avanço Válvula 1 – três vias e duas posições, direcional acionamento muscular por botão e retorno por mola; Válvula 2 – controle de fl uxo unidirecional; Cilindro 1 – ação simples com retorno mola. Cilindro 1 Válvula 1 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 126 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 126 15/08/2019 18:12:39 Figura 19. Comando direto com controle de velocidade no avanço. Ao ser pressionada, a Válvula 1 libera o fluxo de ar para a câmara do êm- bolo do cilindro. O fluxo será controlado pela Válvula 2, produzindo o avanço do pistão com velocidade controlada. Ao ser solta, a Válvula 1 descarrega o ar da câmara do êmbolo do cilindro, de maneira livre, através da Válvula 2. Pela energia da mola, o pistão retorna para a posição inicial em velocidade livre. • Comando direto com controle de velocidade no recuo Válvula 1 – três vias e duas posições, direcional acionamento muscular por botão e retorno por mola; Válvula 2 – controle de fluxo unidirecional; Cilindro 1 – ação simples com retorno mola. Figura 20. Comando direto com controle de velocidade no recuo. Cilindro 1 Válvula 1 Válvula 2 Cilindro 1 Válvula 1 Válvula 2 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 127 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 127 15/08/2019 18:12:39 Ao ser pressionada, a Válvula 1 libera o fluxo de ar para a câmara do êmbolo do cilindro. O fluxo seguirá de maneira livre através da Válvula 2, provocando o avanço do pistão com velocidade livre. Ao ser solta, a Válvula 1 descarrega o ar da câmara do êmbolo, de maneira controlada através da Válvula 2 e, pela energia da mola, o pistão recua em velocidade controlada até a posição inicial. • Comando direto de controle de velocidade no avanço e no recuo Válvula 1 – três vias e duas posições, direcional acionamento muscular por botão e retorno por mola; Válvula 2 – controle de fluxo bidirecional; Cilindro 1 – ação simples com retorno mola. Figura 21. Comando direto com controle de velocidade no avanço e no recuo. Ao ser pressionada, a Válvula 1 libera o fluxo de ar para a câmara do êmbolo do cilindro. O fluxo será controlado pela Válvula 2, provocando o avanço do pistão em velocidade controlada. Ao ser solta, a Válvula 1 descarregará o ar da câmara. Essa descarga será controlada pela Válvula 2 e, por ação da energia da mola, o pistão será recuado até sua posição inicial, com velocidade controlada. • Comando indireto Válvula1 – três vias e duas posições, direcional acionamento muscular por botão e retorno por mola; Válvula 2 – três vias e duas posições, direcional com piloto simples e retorno por mola; Cilindro 1 – ação simples com retorno mola. Válvula 1 Válvula 2 Cilindro 1 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 128 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 128 15/08/2019 18:12:39 Figura 22. Comando indireto. Ao ser pressionada, a Válvula 1 libera o fluxo de ar para o piloto da Válvula 2 que, por sua vez é acionada, liberando o fluxo para a câmara do êmbolo do cilindro e provocando o avanço da haste em velocidade livre. Ao ser solta, a Vál- vula 1 despressuriza o piloto da Válvula 2 que, por consequência, descarrega o ar da câmara e, pela ação da mola, a haste recua até sua posição inicial, em velocidade livre. • Comando indireto com válvula de duplo piloto Válvulas 1 e 2 – três vias e duas posições, direcional acionamento muscular por botão e retorno por mola; Válvula 3 – três vias e duas posições, direcional com duplo piloto; Cilindro 1 – ação simples com retorno mola. Figura 23. Comando indireto com válvula de duplo piloto. Cilindro 1 Válvula 2 Válvula 1 Cilindro 1 Válvula 3 Válvula 1 Válvula 2 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 129 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 129 15/08/2019 18:12:39 Ao ser pulsada, a Válvula 1 envia o fluxo de ar para o piloto esquerdo da Válvula 3, que, por sua vez, direciona o fluxo de ar para a câmara do êmbolo do cilindro, provocando o avanço da haste em velocidade livre. Ao ser pulsada, a Válvula 2 direciona o fluxo para o êmbolo direito da válvula 3, descarregando o ar da câmara do êmbolo. Por ação da energia da mola, a haste do cilindro recua para a posição inicial, em velocidade livre. • Comando indireto com válvula lógica OU Válvulas 1 e 2 – três vias e duas posições, direcionais acionamento muscular por botão e retorno por mola; Válvula 3 – lógica OU; Válvula 4 – três vias e duas posições, direcional com simples piloto e retorno mola. Figura 24. Comando indireto com válvula lógica OU. Neste circuito, a Válvula 3 monitorará suas entradas de ar. Caso a Válvula 1 OU a Válvula 2 enviem pressão, esta selecionará a entrada que primeiro apre- sentar pressão, liberando o fluxo de ar para o piloto da Válvula 4. Esta, por sua vez, carregará a câmara do êmbolo do cilindro, provocando o avanço da haste em velocidade livre. Ao serem soltas as Válvulas 1 OU 2, a Válvula 3 cortará o fluxo de ar do piloto da Válvula 4, que descarregará o ar da câmara do êmbolo do cilindro. Pela energia da mola, recuará a haste do cilindro até a posição ini- cial, em velocidade livre. Cilindro 1 Válvula 4 Válvula 3 Válvula 1 Válvula 2 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 130 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 130 15/08/2019 18:12:40 • Comando indireto com válvula lógica E Válvulas 1 e 2 – três vias e duas posições, direcionais acionamento muscular por botão e retorno por mola; Válvula 3 – lógica E; Válvula 4 – três vias e duas posições, direcional simples piloto e retorno por mola; Cilindro 1 – ação simples com retorno por mola. Figura 25. Comando indireto com válvula lógica E. A Válvula 1 (lógica E) liberará o fl uxo de ar para o piloto da Válvula 4, apenas quando suas entradas forem pressurizadas simultaneamente pelas Válvulas 1 e 2. A Válvula 4, por sua vez, liberará o fl uxo de ar para a câmara do êmbolo do cilindro, avançando a haste em velocidade livre. Quando as Válvulas 1 e 2 forem desligadas, individualmente ou juntas, o piloto da Vál- vula 4 não recebe mais pressão, fazendo com que esta descarregue o ar da câmara e. Por força da energia da mola, a haste recua até a posição inicial, em velocidade livre. Circuitos básicos de movimento de um atuador de ação dupla Comentados os circuitos de movimento de um atuador de ação simples, damos início agora às propriedades do atuador de ação dupla. Cilindro 1 Válvula 2 Válvula 1 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 131 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 131 15/08/2019 18:12:40 • Comando direto simples Válvula 1 – quatro vias e duas posições, direcional acionamento muscular por botão e retorno por mola; Cilindro 1 – dupla ação. Figura 26. Comando direto simples. Ao ser pressionada, a Válvula 1 direciona o fluxo de ar para a câmara do êmbolo do cilindro, ao mesmo tempo que descarrega a câmara da haste, pro- vocando o avanço do pistão em velocidade livre. Ao ser solta a Válvula 1, o ar da câmara é descarregado, enquanto carrega a câmara da haste do cilindro, provocado o recuo do pis- tão até a posição inicial, com velocidade livre. • Comando indireto Válvula 1 – três vias e duas posições, direcional acionamento muscular por botão e retorno por mola; Válvula 2 – cinco vias e duas posições, simples piloto e retorno por mola; Cilindro 1 – ação dupla. Figura 27. Comando indireto. Cilindro 1 Válvula 1 Cilindro 1 Válvula 2 Válvula 1 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 132 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 132 15/08/2019 18:12:40 Ao ser pressionada, a Válvula 1 direciona o fluxo de ar para o piloto da Válvula 2 que, por sua vez, libera a pressão de ar para a câmara do êmbolo do cilindro e, ao mesmo tempo, descarrega a câmara da haste, provocando o avanço do pistão em velocidade livre. Ao ser solta, a Válvula 1 retira a pressão do piloto da Válvula 2, que descarrega o ar e pressuriza a câmara da haste do cilindro. Por ação da energia da mola, o pistão recua até a posição inicial em velocidade livre. • Comando indireto com avanço bimanual e retorno simples Válvulas 1, 2 e 3 – três vias e duas posições, direcional acionamento muscu- lar por botão e retorno por mola; Válvula 4 – lógica E; Válvula 5 – cinco vias e duas posições, direcional com duplo piloto. Figura 28. Comando indireto com avanço bimanual e retorno simples. Ao serem pulsadas simultaneamente, as Válvulas 1 e 2 oferecerão pressões iguais nas duas entradas da Válvula lógica 3, que direcionará a pressão para o piloto da Válvula 5. Esta válvula direcionará o fluxo de ar para a câmara do êmbolo do cilin- dro e, ao mesmo tempo, direcionará a pressão da câmara da haste, provocando o avanço do pistão. Quando a Válvula 3 for pulsada, o fluxo de ar irá para o outro piloto da Válvula 5, fazendo com que o fluxo de ar seja direcionado para a câmara da haste do cilindro, enquanto a pressão da câmara do êmbolo é descarregada. Pela ação da energia da mola, o pistão recuará até a posição inicial, em velocidade livre. • Comando indireto com controle de velocidade no avanço e no recuo Válvula 1 e 2 – três vias e duas posições, direcionais acionamento muscular por botão e retorno por mola; Cilindro 1 Válvula 4 Válvula 3 Válvula 5 Válvula 2 Válvula 1 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 133 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 133 15/08/2019 18:12:40 Válvula 3 – cinco vias e duas posições, direcional duplo piloto; Válvulas 4 e 5 – controle de fl uxo unidirecional; Cilindro 1 – dupla ação. Figura 29. Comando indireto com controle de velocidade no avanço e no recuo. Ao pulsar a Válvula 1, o fl uxo de ar é entregue para um piloto da Válvula 3, que direcionará o ar para a câmara do êmbolo de maneira livre através da Vál- vula 4. Ao mesmo tempo, descartará a pressão da câmara da haste do cilindro, de maneira controlada pela Válvula 5, imprimindo um movimento de avanço do pistão com velocidade controlada. Ao pulsar a Válvula 2, o fl uxo de ar é entregue ao outro piloto da Válvula 3. Esta válvula descarregará o ar da câmara do êmbolo de maneira controlada pela Válvula 4 e, ao mesmo tempo, permitirá o fl uxo de ar na câmara da haste de maneira livre através da Válvula 5. Sendo assim, pela energia da mola, o pistão recuará até a posição inicial em velocidade controlada. Comandos sequenciais Projetos de circuitos pneumáticos podem ser simples ou grandes e comple- xos. Para pequenos circuitos, pode-se usar o métodointuitivo para desenvolvi- mento da lógica de acionamentos. Já para circuitos mais elaborados, aconselha- -se utilizar métodos mais sistemáticos. Os circuitos de comandos sequenciais apresentam sequências automáticas, simples ou complexas, de movimento dos elementos atuadores. Normalmente, as sequências são iniciadas por um acionamento simples e podem, ao comando Cilindro 1 Válvula 4 Válvula 3 Válvula 5 Válvula 2 Válvula 1 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 134 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 134 15/08/2019 18:12:40 inicial, iniciar a lógica de deslocamento dos atuadores e, ao final da execução, re- tornar à posição inicial, aguardando um novo comando para reiniciar o processo. Outras sequências, assim que o comando inicial for dado, executam as lógicas de movimento do sistema pneumático, retornando ao estágio inicial e reiniciando automaticamente. Este processo segue até que um comando de parada seja exe- cutado. Vejamos alguns exemplos a seguir: • Comando sequencial com avanço manual e retorno automático com contro- le de velocidade Válvula 1 – três vias e duas posições, acionamento muscular por botão e re- torno por mola; Válvula 2 – cinco vias duas posições, acionamento duplo piloto; Válvula 3 e 4 – controle de fluxo unidirecional; Válvula 5 – três vias e duas posições, acionamento mecânico com rolete e retorno por mola; Cilindro 1 – dupla ação. Figura 30. Comando sequencial com avanço manual e retorno automático com controle de velocidade. Ao ser pulsada, a Válvula 1 envia pressão para o piloto da Válvula 2 que, por sua vez, direciona o fluxo de ar, que passará pela Válvula 3 de maneira livre, carregando a câmara do êmbolo do cilindro. Ao mesmo tempo, a câmara da haste do cilindro será descarregada de maneira controlada através da Válvula 4, provocando um avanço do pistão com velocidade controlada. Quando o pis- tão chegar ao final do seu curso e acionar a Válvula 5, o outro piloto da Válvula 2 receberá pressão, carregando ar na câmara da haste do cilindro, de maneira Cilindro 1 Válvula 3 Válvula 2 Válvula 1 Válvula 4 Válvula 5 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 135 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 135 15/08/2019 18:12:40 livre através da Válvula 4. Enquanto isso, o ar da câmara do êmbolo do cilindro será descarregado de maneira controlada através da Válvula 3, gerando um movimento de recuo do pistão com velocidade controlada. • Comando sequencial de ciclo contínuo Válvula 1 – três vias e duas posições, direcional acionamento muscular por botão com trava e retorno por mola; Válvula 2 – lógica E; Válvula 3 – cinco vias e duas posições, direcional acionamento duplo piloto; Válvula 4 e 5 – três vias e duas posições, direcional acionamento mecânico com rolete; Cilindro 1 – dupla ação. Figura 31. Comando sequencial de ciclo contínuo. Ao ligar a Válvula 1, igualam-se as pressões nas entradas da Válvula 2 de lógica E, fazendo com que o fluxo de ar seja direcionado por ela até o primei- ro piloto da Válvula 3 que, quando acionada, envia a pressão para a câmara do êmbolo do cilindro. Ao mesmo tempo, descarrega a câmara da haste, im- primindo o movimento de avanço do pistão em velocidade livre. Ao iniciar o movimento do pistão, a Válvula 4 é desligada, desbalanceando as pressões na Válvula 2, que faz com que ela corte o sinal do piloto da Válvula 3. Quando o pistão estiver avançado, a Válvula 5 é acionada, desviando o fluxo de ar para o outro piloto da Válvula 3, fazendo com que o fluxo de ar seja direcionado para a câmara da haste do cilindro, enquanto a câmara do êmbolo é descarregada. Assim, o pistão realiza o movimento de recuo até a posição original em velo- Válvula 2 Válvula 4 Válvula 5Cilindro 1 Válvula 3 Válvula 1 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 136 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 136 15/08/2019 18:12:40 cidade livre. Neste momento, como a Válvula 1 continua acionada, o ciclo se repete continuamente, até ela ser desligada. • Comando sequencial de ciclo único ou contínuo Válvula 1 – três vias e duas posições, direcional acionamento muscular por botão com trava; Válvula 2 – três vias e duas posições, direcional acionamento muscular por botão e retorno por mola; Válvula 3 – lógica OU; Válvula 4 – lógica E; Válvula 5 – cinco vias e duas posições, direcional duplo piloto; Válvulas 6 e 7 – três vias e duas posições, direcional acionamento mecânico por rolete e retorno por mola. Figura 32. Comando sequencial de ciclo único ou contínuo. Neste comando, o funcionamento é semelhante ao anterior. Apenas foram acrescentadas duas válvulas, sendo a Válvula 2 um botão pulsante com retorno por mola, e a Válvula 3, uma válvula lógica do tipo OU. Sendo assim, OU o ciclo será contí- nuo, caso a Válvula 1 seja acionada, OU será ciclo único, caso a Válvula 2 seja pulsada. • Comando sequencial de dois cilindros e lógica de movimento A+ B+ A- B- Válvula 1 – três vias e duas posições, direcional acionamento muscular por botão e retorno por mola; Válvulas 2, 3 e 4 – três vias e duas posições, direcional acionamento mecâni- co por rolete e retorno por mola; Válvula 4 Válvula 6 Válvula 5 Válvula 7Cilindro 1 Válvula 3 Válvula 2 Válvula 1 Cont. Único SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 137 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 137 15/08/2019 18:12:41 Válvulas 5 e 6 – quatro vias e duas posições, direcional acionamento duplo piloto; Cilindros 1 e 2 – dupla ação. Figura 33. Comando sequencial de dois cilindros e lógica de movimento A+ B+ A- B-. Nesse circuito, consideramos o avanço do Cilindro 1 como A+ e seu recuo como A-, assim como o avanço do Cilindro 2 como B+ e seu recuo como B-. Ao ser pulsada, a Válvula 1 desvia o fluxo de ar para o piloto esquerdo da Válvula 5, que, por sua vez, direciona a pressão para a câmara do êmbolo do Cilindro 1, ao mesmo tempo que descarrega a câmara da haste, fazendo com que o pistão avance em velocidade livre. Quando o Cilindro 1 estiver avançado, aciona a Válvula 3, fazendo com que esta direcione o ar para o piloto esquerdo da Válvula 6, que, por sua vez, direciona o ar para a câmara do êmbolo do Cilin- dro 2, ao mesmo tempo que descarrega a câmara da haste, o que faz com que o pistão avance em velocidade livre. O Cilindro 2, estando avançado, aciona a Válvula 2, desligando a Válvula 5 e fazendo com que o ar da câmara do êmbolo do Cilindro 1 seja descarregado, enquanto também carrega ar para a câmara da haste. Assim, imprime o movimento de recuo até a posição inicial em veloci- dade livre. Ao atingir a posição inicial, o Cilindro 1 aciona a Válvula 4, que atua no Cilindro 2, executando o movimento de recuo até a posição inicial. Válvula 1 2 2 2 4 42 2 2 3 3 3 3 3 3 1 1 1 1 1 1 Válvula 5 Cilindro 1 FC 1 FC 2 FC 3 FC 3 FC 2 FC 1 Cilindro 2 Válvula 6 Válvula 2 Válvula 3 Válvula 4 DICA Para saber mais sobre circuitos cinemáticos básicos intermediários, leia o livro Automação pneumática: Projetos, dimensionamento e análise de circuitos, publicado em 2009 pelo autor Arivel- to Bustamante Fialho. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 138 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 138 15/08/2019 18:12:42 Dispositivos eletro-hidráulicos e eletropneumáticos Os dispositivos eletropneumáticos e eletro-hidráulicos são amplamente utilizados em sistemas que exigem rapidez dos sinais de comando quando os circuitos são complicados e as distâncias são muito grandes entre o local do emissor e o do receptor. Os controladores lógicos programáveis têm sido muito utilizados para desenvolvimento de lógicas complexas de funcionamento dos sistemas comandados eletricamente. Além disso, os dispositivos pneumáticos e hidráulicos com acionamento elé- trico são semelhantes aos dispositivos correspondentes que atuam com aciona- mentos mecânicos, musculares, pneumáticos ou hidráulicos. Os acionamentos elétricos são executados por meio dos solenoides. Tipos de dispositivos Alguns tiposde dispositivos acima defi nidos são: • Solenoides: dispositivos de acionamento elétrico, cuja atuação na válvula tem como base o deslocamento causado por ação de um campo magnético gerado por uma bobina; • Válvulas direcionais: comutam os estados aberta ou fechada, de acordo com o campo magnético gerado pelo solenoide; • Válvulas de controle: podem ser de abertura rápida ou abertura proporcional; • Válvulas de abertura rápida: válvulas do tipo ON-OFF, apresentando apenas dois estados de comutação; • Válvulas proporcionais: apresentam características lineares e são res- ponsáveis por converter um sinal elétrico em uma determinada posição de abertura ou fechamento do canal de fl uxo, ou seja, através de um sinal de cor- rente ou tensão é feito o ajuste na área do canal de fl uxo do fl uido. Podem ser do tipo circuito aberto ou fechado; • Válvula proporcional de circuito aberto: não possuem sen- sor de monitoramento da pressão ou vazão de saída, portan- to, caso haja diferença entre a pressão ou vazão desejada e a pressão ou vazão efetiva, o sistema não tem condições de correção dessas grandezas; SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 139 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 139 16/08/2019 09:42:25 • Válvula proporcional de circuito fechado: possuem o sensor de moni- toramento de pressão ou vazão, que detecta a diferença entre a pressão ou vazão desejada e a pressão ou vazão efetiva, podendo atuar no processo e mantendo a pressão ou vazão estável, dentro dos limites preestabelecidos. Circuitos básicos com acionamento elétrico Os elementos eletropneumáticos e eletro-hidráulicos necessitam de energia elétrica para poder atuar nos mecanismos das válvulas de comando e controle. Para que isso seja possível, chaves mecânicas e eletromecânicas são utilizadas para a construção das lógicas de funcionamento do sistema. Esses elementos, por medida de proteção, isolam os controladores eletrôni- cos do contato direto com os solenoides das válvulas. Esses elementos são os botões, chaves fi m de curso, contatores e relés. Os contatores ou relés são basicamente interruptores acionados por um campo magnético, cujos- contatos podem ser abertos e fechados, que mudam de estado quando o dispositivo entra em operação. Figura 34. Relé de contato simples NA. Contatos das bobinas Contatos Bobina Núcleo Induzido SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 140 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 140 16/08/2019 09:42:25 • Circuito eletropneumático Figura 35. Circuito eletropneumático. Acionando-se o botão pulsante de avanço, a bobina do Contator K1 é ener- gizada, fazendo com que o contato auxiliar K1.3 energize o Solenoide Y1 e com que a Válvula 1 comute sua posição, o que leva ao direcionamento do fluxo de ar para a câmara do êmbolo do Cilindro 1. Ao mesmo tempo, descarrega o ar da câmara da haste, imprimindo um movimento de avanço do pistão do cilindro. Ao se pressionar o botão de recuo, o comando de avanço é desligado, e a Válvula Y2 é energizada, comutando a Válvula 1 para a posição inicial, que direciona o fluxo de ar para a câmara da haste do cilindro e, ao mesmo tempo, descarrega o ar da câmara do êmbolo, imprimindo o movimento de recuo do pistão até a posição inicial. • Circuito eletro-hidráulico Figura 36. Circuito eletro-hidráulico. 1+24 V desliga avanço recuo 5 6 2 3 4 K2.1 K1.3 K2.3 Cilindro 1 Válvula 1 Y1 1 3 Y2 24 K1.2 K1 K2 Y1 Y2 K2.2 0V 4 22 4 5 6 K1.1 Cilindro 1 Válvula 6 Válvula 5 Válvula 4 Válvula 1 Válvula 3 Válvula 2 0 bar Y1 Y2 desliga avanço K2.2 K2.1 K1.2 K1.3 K2.3 K1.1 recuo 24 V 0 V K1 K2 Y1 Y2 SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 141 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 141 16/08/2019 09:42:25 O funcionamento desse circuito é muito semelhante ao circuito eletropneu- mático, diferenciando-se apenas a Válvula 2, cuja função é regular a pressão hidráulica de trabalho; as Válvulas de bloqueio unidirecional 3 e 5, que impe- dem o fluxo de seguir no sentido da bomba hidráulica ou do reservatório; e a Válvula 4 de controle de fluxo, cuja função é controlar a velocidade de avanço do cilindro hidráulico. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 142 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 142 16/08/2019 09:42:25 Sintetizando Nesse módulo, finalizamos os estudos sobre ar comprimido focando no dimensionamento das redes de distribuição, tão importantes em uma planta pneumática, uma vez que são responsáveis por levar o ar da geração até o pon- to de trabalho. Focamos no dimensionamento e montagem das tubulações, assim como nos elementos que fazem parte da sua composição. Expomos conceitos indispensáveis para o estudo dos controles pneumáti- cos, dimensionando e identificando válvulas direcionais de acordo com suas características construtivas e tipos de acionamento, bem como os elementos auxiliares (válvulas de retenção, controle, lógica etc.). Atentamo-nos com maiores detalhes aos atuadores pneumáticos, princi- palmente os cilindros lineares. Identificamos os elementos de ação simples e ação dupla, e cada uma de suas derivações. Também detalhamos o dimensio- namento desses componentes. Aplicamos esses conhecimentos à construção de circuitos pneumáticos bá- sicos, de comandos diretos, indiretos e sequenciais, mostrando detalhadamen- te o funcionamento de cada um. E por fim, além dos circuitos básicos, apresentamos os dispositivos eletrop- neumáticos e eletro-hidráulicos, no qual foi possível observar o modo de acio- namento feito por meio de campos magnéticos gerados por solenoides. Além disso, esses acionamentos são do tipo de duas posições (abre e fecha) ou propor- cional, sendo possível controlar o fluxo ou pressão em diversos valores distintos. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 143 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 143 16/08/2019 09:42:25 Referências bibliográficas BRANDÃO, D. Acionamento e circuitos pneumáticos. EESC-USP, São Carlos, 2017. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2854501/mod_ resource/content/1/Notas%20de%20Aula_SEL406_2017_Parte1_Pneum%- C3%A1tica.pdf >. Acesso em: 24 jul. 2019. PARKER HANNIFIN. Dimensionamento de redes de ar comprimido. Jacareí: Parker Training, 2006. Disponível em: <http://docente.ifsc.edu.br/claudio.schaeffer/material/3_Eletromec%C3%A- 2nica/Eletro_3_Hidr%C3%A1ulica_Pneum%C3%A1tica/00_01_Apostila_PRINCI- PAL_Pneum%C3%A1tica.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2019. SILVA, G. P. Circuitação pneumática. IFSul, Pelotas, 2002. Disponível em: <http://www2.pelotas.ifsul.edu.br/gladimir/Circuitacao%20pneumatica%20 basica%20Prof%20Gladimir.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2019. SIMEI, L. C. AUC1. Circuitos eletro-hidráulicos e eletropneumáticos. 2015. Disponível em: <https://lcsimei.files.wordpress.com/2014/10/notas-de-aula- -auc11.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2019. SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS 144 SER_CIENC_AERO_SISTE_HIDRA_Uni4.indd 144 16/08/2019 09:42:25