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TIPOS DE USUCAPIÃO

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TIPOS DE USUCAPIÃO
- Aluno
A Usucapião é uma modalidade de aquisição de propriedade que se baseia na posse tranquila e ininterrupta de um bem por um período de tempo específico, como estipulado pela lei. O Código Civil estabelece as regras para a usucapião de bens imóveis nos artigos 1.238 e 1.242:
Art. 1.238 - Aquele que, por quinze anos, de forma ininterrupta e sem oposição, possuir um imóvel como seu, adquire sua propriedade, independentemente de possuir um título de propriedade ou boa-fé. O possuidor pode solicitar ao juiz que declare sua propriedade por meio de uma sentença, que servirá como título para registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo de quinze anos pode ser reduzido para dez anos se o possuidor estabelecer sua residência habitual no imóvel ou realizar obras ou serviços produtivos nele.
Art. 1.242 - A propriedade de um imóvel também pode ser adquirida por aquele que, de forma contínua, incontestável, com justo título e boa-fé, possuir o imóvel por dez anos.
Para Maria Helena Diniz (2007), a usucapião é um direito independente que não requer qualquer negociação com o proprietário original. O transmitente do bem objeto da usucapião não é o proprietário anterior, mas sim a autoridade judicial que reconhece e declara a aquisição por usucapião por meio de uma sentença.
A aquisição de bens imóveis por usucapião se baseia na posse tranquila e ininterrupta da propriedade, exercendo o "animus domini," pelo período de quinze anos, que pode ser reduzido para dez anos em certas circunstâncias, como estabelecer residência habitual no imóvel ou realizar obras produtivas (SARMENTO, 2016).
A usucapião é um mecanismo legal que permite adquirir a propriedade de bens móveis ou imóveis por meio da posse, desde que se cumpram os prazos estipulados por lei. Sua origem remonta ao Direito Romano, onde tinha o propósito de regularizar a situação daqueles que, devido a irregularidades na aquisição de bens, buscavam consolidar sua nova condição patrimonial de acordo com as normas vigentes (SARMENTO, 2016). 
A usucapião não deve ser vista como uma ameaça ao direito de propriedade, mas sim como um reconhecimento da importância da posse. Ela beneficia aqueles que, mesmo não sendo os proprietários originais, ocupam e dão uma função social e econômica mais relevante a um imóvel que foi abandonado pelo seu proprietário legítimo.
Presume-se a boa-fé e a existência de um justo título na usucapião de bens imóveis, e, portanto, não é necessário apresentar documentos para comprovar a inexistência do título. O requerente precisa apenas provar a posse do bem. A consumação da usucapião requer uma sentença judicial que declare a aquisição do domínio do objeto, que servirá como título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Aqueles que já possuem outros imóveis, urbanos ou rurais, não são elegíveis para a usucapião (SARMENTO, 2016).
No caso da usucapião de bens móveis, a posse contínua e incontestável do bem por três anos, com justo título e boa-fé, permite a aquisição da propriedade. Se a boa-fé e o justo título não estiverem presentes, o período de posse deve ser estendido para cinco anos ininterruptos. É importante notar que o Superior Tribunal de Justiça tem precedentes que estabelecem que veículos roubados não podem ser adquiridos por usucapião (RESP 247.345).
Usucapião Extraordinária 
A usucapião extraordinária está regulamentada no artigo 1.238 do Código Civil e possui requisitos principais, como posse ininterrupta pelo período de quinze anos (reduzível para dez anos se o imóvel for a moradia habitual do possuidor ou se obras produtivas forem realizadas nele) e a presença do "animus domini" (intenção de ser dono), de forma contínua, mansa e pacífica. Nesta modalidade, não é necessário comprovar a existência de justo título ou boa-fé.
Essa forma de usucapião tem raízes históricas na praescriptio longi temporis, que tinha um prazo de até quarenta anos, e na prescrição imemorial, que ocorria quando não havia memória viva do início da posse. A usucapião extraordinária, a mais comum e conhecida, requer apenas a intenção de ser dono e a posse tranquila e pacífica por quinze anos, sendo que a existência de um justo título e boa-fé, se presentes, apenas fortalecem a prova.
O conceito de "posse-trabalho", como representado pela construção de uma residência ou investimentos produtivos no imóvel, levou à redução do prazo prescricional para dez anos na usucapião extraordinária, como estipulado no parágrafo único do artigo mencionado anteriormente. Para que o prazo seja reduzido, é necessário comprovar não apenas o pagamento regular de tributos, mas também investimentos significativos no imóvel, focados em melhorias produtivas.
A propriedade adquirida por meio da usucapião não se limita apenas aos atributos físicos da coisa, abrangendo todos os direitos reais associados, como usufruto, posse, uso e disposição.
Os enunciados 497 e 564 do Conselho de Justiça Federal estabelecem, respectivamente, que o prazo para a usucapião pode ser completado durante o processo, exceto em casos de má-fé processual, e que as normas que estabelecem redução de prazo em benefício do possuidor, como na usucapião extraordinária e ordinária, têm aplicação imediata.
Usucapião Ordinária 
Para obter a usucapião ordinária, o pretendente à propriedade deve atender aos seguintes requisitos: posse ininterrupta e pacífica por dez anos, ânimo de dono, justo título e boa-fé. O parágrafo único do artigo 1.242 do Código Civil estabelece que o prazo pode ser reduzido para cinco anos se o imóvel tiver sido adquirido onerosamente com base em registro cancelado posteriormente, desde que os possuidores estabeleçam sua moradia no local ou realizem investimentos de interesse social e econômico.
O justo título mencionado nessa modalidade de usucapião abrange qualquer ato jurídico capaz, em teoria, de transferir a propriedade, independentemente de registro. Além disso, o Enunciado 569 do Conselho de Justiça Federal esclarece que, no caso do parágrafo único do artigo 1.242, a usucapião pode ser alegada como matéria de defesa, dispensando ajuizamento de ação de usucapião, uma vez que o usucapiente já é registrado como titular do imóvel.
Usucapião Especial 
A usucapião especial é a terceira modalidade, também conhecida como usucapião constitucional. Ela possui duas formas: a usucapião especial rural (pro labore) e a usucapião especial urbana (pró-moradia).
A usucapião especial rural, ou pro labore, foi introduzida na Constituição Federal de 1934 e permaneceu em outras constituições subsequentes. A Emenda Constitucional de 1969 incluiu requisitos próprios e remeteu sua regulamentação à lei ordinária.
Enquanto aguardava regulamentação, a Lei nº 4.504/64, conhecida como Estatuto da Terra, foi aplicada. Posteriormente, a Lei nº 6.969/81 foi criada para regulamentar a aquisição de imóveis rurais por meio da usucapião especial.
De acordo com o artigo 1º da Lei nº 6.969/81, aquele que, não sendo proprietário rural ou urbano, possuir como sua área rural de até 25 hectares por cinco anos ininterruptos, tornando-a produtiva com seu trabalho e tendo moradia nela, adquirirá a propriedade, independentemente de justo título ou boa-fé.
A Constituição de 1988, em seu artigo 191, aumentou a dimensão da área rural elegível para usucapião para cinquenta hectares e manteve a proibição de propriedade de outro imóvel urbano ou rural para o usucapiente. Também proibiu a aquisição de bens públicos por meio da usucapião.
Já a usucapião especial urbana, ou usucapião constitucional habitacional, foi introduzida na Constituição Federal de 1988, conforme o artigo 183. Esse artigo estabelece que aquele que possuir como sua área urbana de até 250 metros quadrados por cinco anos ininterruptos, utilizando-a para moradia própria ou de sua família, adquirirá o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
O artigo 1.240 do Código Civil reproduz integralmente o artigo constitucional mencionado acima. Essa modalidade de usucapião exige a presençade construções no terreno, uma vez que o requisito principal é a utilização do local como moradia para o possuidor ou sua família.
Os parágrafos 2º e 3º do artigo 183 da Constituição estabelecem que esse direito não pode ser reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez e que imóveis públicos não podem ser adquiridos por meio da usucapião.
Além disso, o parágrafo 1º do mesmo artigo assegura que o título de domínio e a concessão de uso serão conferidos tanto ao homem quanto à mulher, independentemente do estado civil.
É importante destacar que essa modalidade de usucapião não permite a posse de terrenos urbanos vazios, pois exige a utilização para fins habitacionais.
Em resumo, a usucapião é um instituto legal que permite a aquisição da propriedade de bens móveis ou imóveis por meio da posse, observando prazos e requisitos estabelecidos na lei. Ela é dividida em diversas modalidades, incluindo a extraordinária, a ordinária e a especial (rural e urbana). Cada uma delas possui critérios específicos que os possuidores devem cumprir para adquirir a propriedade. É importante entender essas modalidades e seus requisitos para saber quando e como aplicá-las no contexto jurídico brasileiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil. v. IV, p. 20. São Paulo: Saraiva, 2017.
ALLENDE, Guillermo L. Panorama de derechosreales. Buenos Aires: La Ley, 1967.
PLANALTO. Código Civil. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm> Acesso em: 28 de ago de 2023
GOMES, Orlando. Contratos. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil. Direito das Coisas. 2- volume : teoria geral obrigações 22 ed. rev. e atual, de acordo com a Reforma do CPC — São Paulo: Saraiva, 2007.
REALE, Miguel. O Projeto do novo Código Civil. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
PLANALTO. Lei nº6.969, de 10 de dezembro de 1981. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6969.htm> Acesso em: 28 de ago de 2023
NEQUETE, Lenine. Da prescrição aquisitiva (usucapião). 3ª ed. Porto Alegre: Ajuris,1981.
SENADO. Atividade Legislativa. Disponível em:<https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_03.07.2019/art_183_.asp> Acesso em: 28 de ago de 2023

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