Interpretação de textos e gráficos

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Interpretação de textos e grá�cos
Prof. Marcelo Luiz Silva Corso
Descrição
Leitura e interpretação de artigos científicos, gráficos e tabelas.
Propósito
O artigo científico é o meio de comunicação sobre aquilo que a ciência produziu com e para a comunidade.
Portanto, interpretar corretamente a parte textual, assim como a parte não textual, que inclui gráficos,
quadros e tabelas, é fundamental para a prática do profissional de saúde, que deve ser sempre baseada em
evidências.
Objetivos
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Módulo 1
Os principais itens de um artigo cientí�co
Reconhecer os principais tipos de artigos científicos e seus itens fundamentais.
Módulo 2
Interpretando grá�cos e tabelas
Identificar como interpretar gráficos e tabelas de artigos científicos.
Introdução
O artigo científico é o meio utilizado para que pesquisadores comuniquem seus achados à comunidade
científica e à sociedade. É dessa forma que os profissionais de uma área e a população se apropriam do
conhecimento e se beneficiam das novas descobertas e tecnologias. Todo pesquisador deveria publicar os
resultados dos seus estudos em periódicos científicos, ou seja, tornar público o que conseguiu verificar nos
resultados das suas pesquisas. De posse dessas informações disponibilizadas pelos pesquisadores, o
profissional poderá pautar a sua prática com base nas mais recentes evidências científicas. Porém, a leitura
de artigos científicos não é uma tarefa das mais fáceis, no entanto, há formas mais adequadas de ler
artigos científicos, desde que você faça disso um hábito.
Cada revista científica apresenta normas específicas, que devem ser rigorosamente atendidas, para que os
artigos sejam publicados. Apesar das diferenças de nomenclatura de tópicos e subtópicos, a apresentação
textual dos itens que compõem os artigos é similar. Apesar disso, saiba que a nossa proposta não é
apresentar a você um modelo rígido, mas de que forma eles são estruturados, em sua maioria, para que sua
leitura seja assertiva e a sua compreensão, facilitada.

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Neste conteúdo, serão apresentados os principais tipos de artigos científicos, seus principais itens e o que
deve estar contido em cada um deles. Em seguida, serão apresentados outros itens fundamentais de um
artigo científico: quadros, tabelas e gráficos. Ao fim de seu estudo, espera-se que você seja capaz de ler e
interpretar um artigo científico, permanecendo em constante processo de atualização ao longo da sua
carreira profissional.
1 - Os principais itens de um artigo cientí�co
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os principais tipos de artigos
cientí�cos e seus itens fundamentais.
Tipos de pesquisa
Para iniciarmos este estudo, que tal assistir a este vídeo que vai permitir que você possa conhecer mais
profundamente os principais tipos de pesquisa?
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Pesquisa analítica
A pesquisa analítica tem como finalidade fazer uma busca das informações já disponibilizadas na literatura,
na tentativa de explicar os fenômenos que foram observados. Segundo Thomas, Nelson e Silverman (2012),
as pesquisas analíticas podem ser categorizadas em: histórica, filosófica, de revisão e meta-análise. Veja
cada uma delas a seguir.
Pesquisa histórica
A pesquisa histórica, como o próprio nome sugere, diz respeito às buscas em direção aos fatos do passado,
de forma a explicar o que ocorre no presente. De maneira simples, uma pesquisa histórica decorre de uma
pesquisa e seleção de fontes, coleta e análise das fontes obtidas, e a produção daquilo que se deseja com a
pesquisa, o conhecimento histórico.
Pesquisa �losó�ca
Pode-se dizer que a pesquisa filosófica se caracteriza por ser uma investigação crítica. Para Thomas,
Nelson e Silverman (2012, p. 258), as pesquisas filosóficas incluem:
A necessidade de compreender a natureza das coisas e as diferenças entre elas (metafísica).
Os mais elevados valores da vida, os modos apropriados de se comportar e as qualidades da arte e da
beleza (axiologia, incluindo a ética e a estética).
Os caminhos dos seres humanos para conhecer as coisas.
Os fundamentos desse conhecimento (epistemologia), incluindo a lógica.
Pesquisa de revisão
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Os estudos de revisão são realizados por meio de uma busca das principais evidências científicas sobre um
determinado assunto, seguida de uma análise dessas evidências, de forma que seja possível descrever e
explicar determinados fenômenos de forma integrada. A leitura de um bom estudo de revisão é a melhor
forma de um profissional ou um pesquisador se inteirar a respeito de determinado assunto, sobre o qual ele
ainda não conhece, seja de forma superficial ou com profundidade.
Comentário
Os estudos de revisão podem ser facilmente encontrados no Google Acadêmico ou nas bases de busca,
como o Scielo e Pubmed, uma vez que podem ser diferenciados de outros tipos de artigos por meio da
simples aplicação dos filtros disponíveis nessas mesmas bases. Alguns periódicos científicos publicam
somente estudos de revisão, enquanto outros dedicam números especiais para esse tipo de artigo.
Entre as pesquisas de revisão, destacam-se três tipos:
A revisão narrativa também pode ser chamada de revisão tradicional ou revisão de literatura. É o tipo
mais simples de revisão, permitindo ao leitor uma rápida atualização sobre o assunto escolhido, mas
que não utiliza métodos sistemáticos de busca de referências. Na revisão narrativa não há
necessidade de esgotamento das referências encontradas e existe a possibilidade de que as
conclusões sejam permeadas de certa subjetividade, pois a busca da literatura pode ter sido
incompleta e, portanto, o estudo pode ter um desfecho inconclusivo.
A revisão integrativa tem como objetivo reunir diferentes evidências sobre determinado tema, a partir
de diferentes áreas de conhecimento, incluindo estudos com metodologias diversas. Possui rigor
metodológico em sua busca, de forma que suas contribuições tragam evidências tanto para ciência
básica quanto para a prática clínica, que é característica do profissional de saúde. De acordo com
Figueiredo e Moura, (2019): “A descrição clara e precisa sobre a forma como os artigos científicos a
serem revisados foram identificados, assim como os critérios de inclusão e classificação, é
considerada uma garantia para o rigor metodológico de uma revisão integrativa (p.34)”. A sua
realização deve ter os seguintes procedimentos, conforme Figueiredo e Moura (2019 p.34-35):
definição da questão norteadora e do assunto da revisão integrativa de forma clara; indicação de
hipóteses relacionadas à questão norteadora da revisão; descrição detalhada dos critérios de
Revisão narrativa 
Revisão integrativa 
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seleção dos estudos a serem incluídos na revisão; definição e descrição das características dos
artigos analisados e a etapa considerada.
Como diz o próprio nome, as revisões sistemáticas são aquelas que possuem métodos
sistematizados de busca de evidências. O processo de busca deve ser minucioso a ponto de ser
reprodutível por outros pesquisadores. Tem por objetivo buscar as evidências primárias a respeito de
determinado assunto, a partir de critérios estabelecidos previamente,sintetizando os achados e
estabelecendo conclusões sobre eles. Os artigos incluídos são submetidos a avaliações de
qualidade e risco de viés dos estudos, o que, de certa forma, aumenta a confiabilidade da revisão. As
revisões sistemáticas possuem o mais alto nível de evidência científica, principalmente se
acompanhadas de uma meta-análise. Por esse motivo, são amplamente utilizadas para fundamentar
importantes tomadas de decisão, como, por exemplo, na prática clínica.
Meta-análise
A meta-análise é um método estatístico que reúne os dados de diferentes estudos e apresenta seus
resultados de forma integrada, pois cada estudo vai ter um “peso” no resultado da meta-análise. Toda meta-
análise deve ser realizada a partir de uma revisão sistemática, porém, nem toda revisão sistemática resulta
em uma meta-análise. São os estudos com o maior nível de evidência científica.
Para a meta-análise, o método estatístico amplamente utilizado é o tamanho do efeito. A apresentação dos
resultados pode ser por meio dos dados numéricos, no entanto, o método mais comum é por meio de uma
representação gráfica denominada forest plot. Esse gráfico faz uma apresentação do tamanho do efeito de
uma determinada variável para cada estudo, de forma individualizada, além do tamanho do efeito médio
pendendo para dado grupo experimental de uma intervenção ou para o grupo controle.
Revisão sistemática 
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Outro cálculo importante na meta-análise é o nível de heterogeneidade entre os estudos. Como os estudos
incluídos decorrem de protocolos diferentes, há possibilidade de haver discrepâncias metodológicas
sensíveis a testes estatísticos como, por exemplo, o teste de inconsistência de Higgins.
Na imagem a seguir, você visualizará os estudos que entraram na meta-análise, o forest plot, no gráfico a
direita e, na parte inferior da imagem, o cálculo da heterogeneidade.
Pesquisa por meta-análise.
Pesquisa descritiva

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A pesquisa descritiva, como diz o próprio nome, tem o objetivo de descrever uma realidade. Um exemplo
bem simples desse tipo de pesquisa são as pesquisas de intenção de voto nas eleições. A principal fonte de
obtenção das informações são os questionários.
Os questionários podem ser utilizados com perguntas abertas ou fechadas, de forma presencial ou remota.
Todas essas condições apresentam vantagens e desvantagens. Por exemplo, questionários de perguntas
fechadas facilitam a interpretação das respostas, mas, por outro lado, as limitam. Uma entrevista presencial
permite que possíveis dúvidas sejam elucidadas imediatamente pelo pesquisador. Entretanto, questionários
eletrônicos podem ser respondidos por um número maior de pessoas.
São outros tipos de pesquisa descritiva:
Estudo de caso
Demonstra relatos extraídos a partir de um caso ocorrido com uma única pessoa, no qual há
um acompanhamento detalhado de todo o processo de tratamento.
Pesquisa observacional
Apresenta relatos obtidos pela observação sistematizada de comportamentos.
Estudos correlacionais
Retratam a relação entre duas variáveis como, por exemplo, a frequência cardíaca e a
percepção subjetiva de esforço.
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Pesquisa experimental
A pesquisa experimental é caracterizada pela realização de um experimento. Todos os procedimentos
metodológicos dos experimentos são determinados previamente e realizados em ambiente e condições
rigorosamente controlados. Nos artigos científicos, a metodologia utilizada deve ser descrita de forma
minuciosa, para permitir que outros pesquisadores repitam o experimento, o que é chamado de
reprodutibilidade.
A pesquisa experimental se dá por meio do estudo de variáveis, que podem ser denominadas como
variáveis dependentes e independentes. A variável dependente é aquela que se quer medir, enquanto a
variável independente é aquela manipulada para influenciar a variável dependente.
Exemplo
Uma pesquisa com objetivo de avaliar os efeitos da corrida na frequência cardíaca e pressão arterial. Neste
caso, você seria capaz de identificar a variável independente e a dependente? A corrida é a variável a ser
manipulada, ou seja, pode ser realizada por x minutos, a uma intensidade y, em esteira ou na pista, em um
dado número de sessões semanais. Portanto, a corrida é a variável independente. A frequência cardíaca e a
pressão arterial é o que se pretende medir, configurando-se nas variáveis dependentes.
A leitura de artigos cientí�cos
A atualização profissional pode ser realizada de diversas formas, desde a participação em cursos, feiras,
simpósios e congressos, passando pela pós-graduação, até a leitura de livros técnicos sobre o tema de
interesse. No entanto, a leitura de artigos científicos corresponde ao acesso, de forma imediata, ao
conhecimento, pois a leitura é possível tão logo a evidência seja disponibilizada no periódico, o que,
Estudos epidemiológicos
Apresentam pesquisas acerca da distribuição e dos determinantes das doenças ou condições
relacionadas à saúde em populações especificadas (LIMA-COSTA; BARRETO, 2003).
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normalmente, não acontece com os livros, que levam de um a dois anos para serem editados ou traduzidos
para a língua portuguesa.
Os artigos podem ser encontrados nas bases de busca. A seguir, apresentamos as principais bases da área
de saúde. Para encontrá-las, basta utilizar um site específico de busca.
BVS
Biblioteca Virtual em Saúde.
COCHRANE
Coleção com banco de dados
da medicina.
CRD
Center for Reviews and
Dissemination.
EMBASE
Base de dados eletrônica da
editora Elsevier.
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ERIC
Educational Resources
Information Center –
Biblioteca digital de
pesquisas educacionais.
LILACS
Literatura Latino-Americana e
do Caribe em Ciências da
Saúde.
MEDLINE
Medical Literature Analysis
and Retrieval System Online.
PUBMED
Serviço da Biblioteca Nacional
de Medina dos Estados
Unidos para acesso gratuito
ao Medline.
SciELO
Biblioteca científica online de
livre acesso.
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Nessas bases de dados, basta que você digite palavras-chave nos campos de busca, de acordo com o
assunto de seu interesse. As palavras-chave podem ser encontradas em português e em outras línguas na
lista de descritores em saúde da Biblioteca Virtual em Saúde.
Tão logo os artigos sejam encontrados, é hora da sua leitura. De forma geral, alguns autores descrevem o
artigo científico com um formato de ampulheta, conforme a imagem a seguir.
SPORTDiscus
Base de dados de literatura
esportiva e medicina do
esporte.
Web of Science
Site com acesso a diversos
bancos de dados.
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Formato de ampulheta.
Esse modelo faz menção ao nível de especificidade da linguagem. A ampulheta é aberta em suas
extremidades superior e inferior, e fechada no centro. Veja, na imagem, que:
A introdução é aberta no seu começo e afunila à medida que progride, ou seja, o início de uma introdução
permite uma linguagem mais generalizada, tornando-se gradativamente mais específica até o seu final.
O corpo do artigo, que corresponde aos materiais, métodos e resultados, não permite abertura,pois é o
trecho do artigo mais específico e detalhado.
O abstract, ou resumo, possui o mesmo formato do artigo, justamente porque é um resumo e deve ser
estruturado da mesma forma.
Título, autores, a�liação e resumo
Veja, a seguir, a primeira página de um artigo científico.
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Primeira página de um artigo científico.
A partir dessa imagem contendo a primeira página de um artigo, podemos extrair informações importantes,
tais como:
O nome do periódico consta na primeira página, assim como o volume, número, páginas e ano de
publicação. Todas essas informações são fundamentais para a referência. No exemplo, a revista é a
Motricidade, volume 13, número 1, páginas 19-29, publicada em 2017.
Nome do periódico 

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O Digital Object Identifier (DOI) é um código de identificação do artigo para o ambiente virtual.
No título, na maioria das vezes, constam as palavras-chave que você selecionou no campo de busca
das bases. Por meio do título, já é possível ter uma ideia geral sobre o conteúdo. Em determinadas
revistas, o título pode ser encontrado em duas línguas.
A lista de autores pode ser configurada de várias formas (nome, sobrenome; último sobrenome,
nome), dependendo do formato da revista. O que não muda é a ordem em que esses autores são
apresentados. O primeiro nome pertence ao autor principal, ou seja, o idealizador e executor da
pesquisa. O segundo nome corresponde ao segundo autor mais importante, geralmente um co-
orientador da pesquisa. Todos os nomes intermediários são daqueles que, de alguma forma,
participaram da concepção do artigo, mas com papel secundário em relação aos dois primeiros
autores. O último nome corresponde ao orientador principal da pesquisa, ou seja, o chefe do
laboratório da universidade na qual a pesquisa foi realizada.
Veja que, de forma sobrescrita ao nome dos autores, há números de identificação. Esses números
correspondem à universidade/laboratório nas quais os autores estão afiliados. Veja no rodapé do
artigo os respectivos números e afiliações dos coautores.
DOI 
Título 
Lista de autores 
Afiliação 
Identificação do tipo de estudo 
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O tipo de estudo também pode ser identificado. Veja (em seguida à lista de autores alinhada à
direita) que esse artigo em questão é um estudo original, o que, na maioria das vezes, identifica um
estudo experimental. Outros tipos de publicações também são identificados, tais como: revisão,
revisão sistemática, carta ao editor, editorial etc.
No resumo ou abstract de um artigo, constam as informações mais importantes, tal como este item
sugere, de forma resumida. Se o título não possuir as palavras-chave necessárias para identificar se
o artigo é do seu interesse, pelo resumo/abstract isso é possível. No resumo/abstract, serão
identificados: uma visão preliminar sobre o assunto, o objetivo do estudo, os métodos utilizados, os
principais resultados e as conclusões, ou aplicações práticas do estudo. Esses itens aparecem em
texto corrido, ou estruturado, de forma organizada. O resumo/abstract deve ser reduzido, pois seu
número de palavras é limitado, dependendo das orientações da revista. Como no exemplo, deve ou
não ser redigido em mais de uma língua, a depender das exigências do periódico.
O autor correspondente é aquele que submeteu o artigo para a revisão em pares e permanecerá em
contato com o editor. Qualquer um dos autores pode ser o correspondente.
Busca de artigos e informações de primeira página
Você conhece as melhores bases de pesquisa sobre artigos de pesquisa? No vídeo a seguir, elencamos as
melhores dicas para buscar artigos nas bases e o que devemos observar nas informações da primeira
página do artigo.
Resumo/Abstract 
Autor correspondente 

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Os itens fundamentais de um artigo cientí�co
Agora, você vai conhecer os itens principais de um artigo científico. Tendo em vista o fato de apresentar
maior complexidade em sua leitura e interpretação, vamos analisar os artigos de estudos experimentais.
Caso o título e/ou o resumo tenham chamado sua atenção e você tenha concluído que ler o artigo na
íntegra será importante para o aprendizado e formação (pois trata de um tema do seu interesse), a partir
dessa etapa, você terá acesso aos principais tópicos e subtópicos do artigo, constituídos da seguinte
sequência: introdução, materiais e métodos, resultados, discussão, conclusão, conflito de interesses e
referências bibliográficas. O artigo científico corresponde a um tipo de linguagem bem específica. Veja cada
um de seus tópicos e subtópicos a seguir.
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Introdução
A introdução é o primeiro tópico do texto propriamente dito de um artigo científico. Seguindo o modelo
proposto da ampulheta, a introdução pode ser identificada com um formato aberto, progredindo para um
formato fechado quanto a sua linguagem. De acordo com esse modelo, veja, a seguir, o que será encontrado
na introdução.
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Mas você sabe o que quer dizer cada um desses itens? Vejamos:
Apresentação da variável independente
É apresentada no início da introdução. Geralmente, isso é feito já no primeiro parágrafo.
Apresentação das variáveis dependentes
São apresentadas ao longo da introdução, assim como a definição dos termos mais
importantes. Como na maioria das vezes, mais de uma variável dependente é estudada, elas
são apresentadas em parágrafos distintos.
Estado da arte
Ao passo em que são apresentadas as variáveis dependentes, também é apresentado o
estado da arte, ou seja, os principais autores e o que a literatura já possui sobre o assunto
estudado.
Lacuna
Corresponde ao que ainda não foi estudado sobre o assunto, sendo exatamente o que o
artigo pretende responder. A lacuna, em geral, é redigida antes do objetivo.
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Em trabalhos acadêmicos, podem aparecer na introdução a justificativa e a relevância. A justificativa se
refere à lacuna da literatura, ou seja, se não existem estudos referentes àquele tema, um estudo sobre o
assunto está justificado. Já a relevãncia se refere aos benefícios que aquele estudo pode trazer para os
profissionais e/ou para a sociedade. Por exemplo: o desenvolvimento de vacinas para combater doenças
que não possuem vacinas é a justificativa para desenvolver estudos nessa área, e a relevância do estudo é
que essas vacinas, quando aplicadas, podem salvar muitas vidas.
Materiais e métodos
Na seção de materiais e métodos, você perceberá uma grande especificidade na escrita. Nessa parte, todos
os itens são descritos minuciosamente. Esteja atento, pois a nomenclatura da seção e suas subseções
podem variar de acordo com o periódico. Nos materiais e métodos, você encontrará os seguintes itens:
desenho do estudo, amostra, critérios de inclusão, critérios de exclusão, comitê de ética, descrição dos
testes, procedimento experimental e estatística. Veja cada um desses itens:
Desenho do estudo
É um resumo de todo o delineamento do experimento, que tem por objetivo dar uma visão geral, ao leitor,
de como o estudo foi planejado e conduzido.
AmostraObjetivo
Corresponde ao objetivo principal do artigo. É facilmente identificado no final da introdução.
Hipótese
É aquilo que se espera de resultado ao final do estudo, baseado no que já existe na literatura.
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Corresponde a uma descrição dos participantes selecionados para a sua pesquisa: adultos, homens,
mulheres, adolescentes, idosos, animais, enfim, aqueles que se submeteram aos testes e procedimentos.
Minimamente, sexo e idade devem ser descritos, contudo, quanto mais detalhada for a descrição da
amostra, melhor será a compreensão do leitor.
Critérios de inclusão
É uma descrição dos critérios estabelecidos para incluir os participantes da pesquisa. Por exemplo:
indivíduos que não realizam exercícios há, pelo menos, 6 meses; indivíduos treinados; indivíduos obesos;
diabéticos; indivíduos hipertensos estágio I, de acordo com os critérios da American Heart Association
etc.
Critérios de exclusão
São os critérios estabelecidos para não incluir determinados participantes. Por exemplo: usuários de
medicamento de uso contínuo; usuários de esteroides anabolizantes; pacientes com doença renal crônica
etc.
Comitê de ética
Toda pesquisa envolvendo humanos deve ser submetida a um comitê de ética, de acordo com a
Declaração de Helsinque. Deve estar declarado na seção de materiais e métodos que o estudo foi
submetido a um comitê de ética.
Descrição dos testes
Nesta subseção, todos os testes utilizados são descritos minuciosamente, assim como os instrumentos
neles utilizados. A descrição deve garantir que qualquer pessoa que leia o artigo seja capaz de reproduzir
aquele experimento, desde que possua as habilidades necessárias.
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Procedimento experimental
Nesta subseção, é descrito o passo a passo do estudo, isto é, quantas visitas cada participante fez ao
local de coleta dos dados e o que foi realizado em cada uma delas.
Estatística
A subseção de estatística descreve o método estatístico utilizado. Para a compreensão deste subtópico,
há necessidade de conhecimentos básicos de estatística.
Resultados, discussão, conclusão e referências
Após a seção de materiais e métodos, serão encontrados os resultados, discussão, conclusão, conflitos de
interesses e referências.
Os resultados do artigo
A seção de resultados, assim como materiais e métodos, também é constituída de uma escrita bem
específica. É a descrição dos resultados obtidos de acordo com a estatística utilizada. O texto pode ser
organizado em subseções de acordo com a variável dependente. Para facilitar a visualização e
compreensão, o artigo também apresenta gráficos e tabelas. Trataremos desse tópico adiante.
Finalizando a leitura do artigo
Após a leitura e interpretação dos resultados, você chegará à parte final do artigo: a discussão, conclusão,
conflito de interesses e referências. A discussão possui uma linguagem invertida em comparação à
introdução, de acordo com o modelo da ampulheta. A linguagem começa fechada e se abre gradativamente,
de acordo com sua especificidade. Veja:
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Conheça cada item, de forma resumida:
A conclusão do artigo pode ser descrita por meio de uma nova seção ou no último parágrafo da discussão.
Conforme o modelo da ampulheta, é um item que permite abertura na linguagem. A conclusão deve estar
Resumo dos resultados e con�rmação da hipótese
No primeiro parágrafo da discussão, são apresentados, de forma bem simples e direta, os
principais resultados obtidos no estudo e se a hipótese do estudo, estabelecida na
introdução, foi confirmada ou não.
Diálogo com a literatura
Nos parágrafos seguintes, fica estabelecido um diálogo com a literatura, de forma que se
demonstrem similaridades e discordâncias com outros estudos. Normalmente, o autor
demonstra seus resultados e depois confronta com a literatura, ou vice-versa. O importante,
neste caso, é evitar uma escrita prolixa, que canse o leitor.
Limitações
No último parágrafo da discussão, normalmente, são apresentadas as limitações do estudo
em questão, assim como recomendações para novos estudos que venham a complementar o
conhecimento.
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conectada ao objetivo e aos resultados obtidos. Em muitos artigos, também é descrito como os resultados
que podem ser aplicados na prática profissional.
Após a conclusão, um parágrafo curto é redigido para uma declaração dos autores sobre se há, ou não,
conflito de interesses na elaboração da pesquisa, conforme observamos na imagem:
Agradecimentos, conflito de interesses e financiamento.
Esse é um item muito importante e que deve ser observado para que o artigo seja publicado. Mas, o que é
conflito de interesses na pesquisa? Nada mais é do que uma situação que possa comprometer o interesse
coletivo para a realização da pesquisa.
Exemplo
Imagine uma pesquisa financiada por uma empresa que deseja verificar a eficácia de um aparelho, um
isotônico, uma vacina ou um produto qualquer, onde essa mesma empresa é a produtora. Neste caso, os
resultados devem ser isentos, ou seja, exatamente aqueles que foram observados, favoráveis ou não
àqueles que financiaram o estudo, tratando-se, portanto, de uma questão ética.
Por fim, o artigo científico deve apresentar a lista de referências, ou seja, todas as obras citadas ao longo do
estudo. Isso se dá por dois fatores primordiais: para que não se configure o plágio na publicação e para que
outros pesquisadores possam recorrer à fonte primária de uma informação, para o caso de novas
pesquisas. Esteja ciente de que a formatação das referências varia de acordo com o periódico.
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O artigo cientí�co e seus itens fundamentais
Agora que você viu como são estruturados os artigos científicos, assista este vídeo e conheça agora os
itens que são considerados indispensáveis para sua composição.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O artigo científico é o meio pelo qual um pesquisador comunica seus achados à comunidade. Para sua
compreensão, é fundamental reconhecer o conteúdo de suas seções e subseções. Assinale a
alternativa que apresenta onde pode ser encontrada a descrição dos participantes de uma pesquisa.

A Materiais e métodos.
B Discussão.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
A seção de materiais e métodos deve ser iniciada com a descrição dos participantes, com as
informações necessárias para caracterizá-los de acordo com as necessidades do estudo. Para isso,
pode ser criada uma subseção, de acordo com a revista.
Questão 2
Os artigos científicos são escritos de acordo com a necessidade e a pergunta a ser respondida. Dentre
eles, o nível de evidência pode se modificar de acordo com o tipo de estudo realizado. Assinale a
alternativa que apresenta o artigo que possui o maior nível de evidência científica.
C Conflito de interesses.
D Resultados.
E Introdução.
A Estudo correlacional.
B Estudo epidemiológico.
C Estudo de revisão sistemática com meta-análise.
D Estudo filosófico.
E Estudo experimental.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Os estudosde revisão sistemática com meta-análise são aqueles com maior poder de evidência
científica. Eles são estruturados com uma revisão sistemática da literatura, em que as principais
evidências sobre um assunto são buscadas por métodos sistematizados e reprodutíveis, e por uma
análise estatística compilada dos dados dos estudos incluídos.
2 - Interpretando grá�cos e tabelas
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car como interpretar grá�cos e tabelas de
artigos cientí�cos.
Os grá�cos de um artigo cientí�co
O vídeo a seguir diferencia os itens que compõem um gráfico e os tipos de gráfico, bem como suas
respectivas aplicações.
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Os artigos científicos são estruturados para apresentarem, da forma mais direta possível, os achados dos
experimentos científicos. Uma estratégia utilizada para apresentação sintética de resultados é a
apresentação de gráficos, tabelas e quadros.
Os gráficos são representações que traduzem dados numéricos. Portanto, durante a leitura do artigo, você
poderá visualizar onde os dados são apresentados: na seção de resultados. Por meio de um gráfico, é
possível estabelecer comparações entre variáveis com maior facilidade e praticidade, podendo assim,
concluir sobre aquilo que está investigando, com ajuda da análise estatística.
Nos artigos, os gráficos são utilizados da seguinte forma:
No texto
Os gráficos são identificados no corpo do texto, de forma que o leitor possa associar o resultado lido ao
gráfico correto.
Identi�cação
Os gráficos são identificados numericamente de acordo com o que se observa no texto corrido.
Título
O gráfico possui um título que identifica, de forma clara, aquilo que está demonstrado nele. Seu
posicionamento depende da formatação do periódico.
Dado
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Os dados são os números que serão apresentados graficamente. São representados por pontos, barras etc.
Os valores podem ser observados nos eixos y (vertical) e x (horizontal).
Legenda
A legenda do gráfico é fundamental, pois nela são identificadas possíveis abreviações e estão descritos os
significados dos símbolos, como, por exemplo, a identificação das diferenças significativas encontradas na
análise estatística.
Veja, a seguir, o exemplo de um gráfico de linha, muito utilizado para descrever o comportamento de alguma
variável ao longo do tempo. A identificação está em negrito, abaixo da imagem:
Exemplo de gráfico.
O título do gráfico está logo abaixo, em que se lê Média da glicemia capilar do grupo 1 (G1 ̶ diabéticos que
não usam insulina, n=7), grupo 2 (G2 ̶ não diabéticos, n=8) e grupo 3 (G3 ̶ diabéticos que usam insulina, n=8)
nos momentos 1 (repouso 5 min.), 2 (após aquecimento), 3 (10 min. exercício), 4 (20 min.), 5 (30 min.); 6 (40
min.), 7 (após alongamento e relaxamento) e 8 (após repouso 5 min.) durante o protocolo de exercício. Os
dados do gráfico são os pontos identificados pelos quadrados (G1), círculos (G2) e triângulos (G3).
Neste exemplo, foi inserida uma linha de tendência ligando os pontos, para que o leitor possa ter a noção do
comportamento desses dados ao longo do tempo. A legenda, no caso deste periódico, confunde-se com o
título. Nela, encontram-se os significados dos símbolos *, ** e # apresentados no gráfico. Leia-se: * p < 0,05,
comparados ao M1 para G2; ** p < 0,05, comparados G1 e G3; # p < 0,05, comparados G2 e G3.
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Outros tipos de grá�cos
Os gráficos podem ser apresentados de várias formas, além do gráfico de linha demonstrado anteriormente.
Veja, a seguir, os outros tipos de gráficos mais comuns em estudos científicos e como interpretá-los.
Grá�co de barras
Os gráficos em barras são estruturados com colunas de largura e comprimento proporcionais aos dados em
que elas estão relacionadas. Esses gráficos podem ser utilizados para estabelecer comparações. Veja o
gráfico de barras a seguir. Nesse estudo, o objetivo foi verificar o comportamento da pressão arterial
durante 60 minutos após uma sessão de treinamento de força em diferentes intensidades: 60%, 70% e 80%
de 1 repetição máxima. O eixo vertical representa a pressão arterial diastólica e as barras representam a
média dessa variável em diferentes momentos: no repouso, imediatamente após a sessão de treino e a
cada 10 minutos por 1 hora (eixo horizontal). Note, ainda, que, em cada uma das barras, podem ser
encontradas linhas verticais equidistantes em relação ao limite superior da barra. Essa é a representação do
desvio-padrão. Os símbolos, como já mencionado, indicam os momentos em que foram encontradas
diferenças estatisticamente significativas nas comparações realizadas. Neste caso, o asterisco (*) em
comparação ao repouso e o crucifixo (†) em relação ao momento após.
édia
Medida de tendência central, constituída pela soma dos valores observados, dividida pelo número de
elementos.
esvio-padrão
Medida de dispersão. Demonstra a variação da média. Pode ser calculada através da raiz quadrada da
variância.
iferenças estatisticamente signi�cativas
Pode-se descobrir se uma variável é significativamente diferente de outra, ou dela mesma em momentos
diferentes, a partir de cálculos estatísticos para determinar o p-valor. O p-valor depende do nível de significância
adotado no estudo que, na maioria dos casos, varia entre 0,05, 0,01 ou 0,001. Portanto, quando o p-valor se
encontra abaixo do nível de significância estabelecido, pode-se afirmar que há diferenças estatísticas na
comparação.
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Gráfico de barras.
Grá�co de setores
Os gráficos de setores são os chamados gráficos de “pizza”, e são indicados para a apresentação de dados
nominais (não numéricos). Porém, sua visualização é muito dificultada se o número de categorias é elevado,
pois sua interpretação depende da observação das áreas.
Exemplo de gráfico de setores.
Histograma
O histograma é um tipo de gráfico utilizado para a apresentação de dados contínuos. Veja, no exemplo a
seguir, o histograma de um estudo no qual os participantes deveriam identificar, entre 9 tipos de silhuetas, a
sua silhueta atual. Por meio das barras do histograma, é possível identificar com facilidade a silhueta mais
identificada.


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ados contínuos
Os dados de uma variável contínua são aqueles que podem assumir qualquer valor em um dado intervalo. Por
exemplo: massa corporal, índice de massa corporal -IMC, temperatura etc.
Histograma.
Grá�cos de dispersão
Os gráficos de dispersão são utilizados para demonstrar quanto uma variável pode ser influenciada pela
outra. Nesse gráfico, os pontos são dispersos entre os eixos Y e X, e uma linha de tendência é aplicada para
facilitar a demonstração de relação. Veja, no exemplo a seguir, um gráfico de dispersão de um estudo que
avaliou os aspectos psicológicos (felicidade, humor, autoestima e resiliência) de idosas praticantes e não
praticantes de exercício físico (BALBÉ et al., 2014). A partir da imagem, é possível concluir que a autoestima
das idosas aumenta na medida em que aumenta o seu nível de resiliência.
Gráfico de dispersão.

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O grá�co da meta-análise
O vídeo a seguir apresenta as características dos gráficos da meta-análise e sua respectivas aplicações.
Confira!
Grá�cos de�oresta ou forest plot
O gráfico de floresta (forest plot) é utilizado para apresentação de resultados de meta-análise de revisões
sistemáticas. Veja, a seguir, o exemplo de um estudo que comparou os efeitos do treinamento de força de
diferentes intensidades na concentração de hemoglobina glicada (HbA1c) de indivíduos com diabetes do
tipo 2. Saiba que os estudos incluídos nessa meta-análise são ensaios randomizados e controlados, ou seja,
estudos que observaram e compararam, pelo menos, dois grupos:
Grupo experimental
Realizou o treinamento durante um tempo.
Grupo controle
Passou o mesmo período sem realizar qualquer tipo de treinamento.
Dadas essas observações, veja os elementos do forest plot e como interpretá-los no gráfico em seguida.
Em cada linha do forest plot podem ser visualizados os dados dos estudos de forma individualizada. Notam-
se, da esquerda para a direita:
Os autores e ano de publicação;
• As médias, desvio-padrão (DP), e o número de indivíduos participantes no estudo (total) nos grupos
intervenção (Treinamento de força) e controle (control);
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O tamanho do efeito; o intervalo de confiança; e uma representação gráfica do tamanho de efeito obtido.
amanho do efeito
Cálculo estatístico capaz de fornecer a magnitude de um efeito causado por uma intervenção, no caso
específico, o treinamento de musculação.
ntervalo de con�ança (IC)
É um intervalo utilizado na estatística, que contém um parâmetro populacional. Em um IC de 95% pode-se
interpretar que há 95% de confiança de que o intervalo entre o limite inferior e o limite superior contém o
verdadeiro valor do parâmetro populacional, em outras palavras, há 95% de chance desse cálculo estar correto.
Observe a imagem:
Gráfico de floresta ou forest plot.
À direita, nota-se uma linha vertical sólida que indica ausência do efeito. As linhas horizontais a essa linha
correspondem ao intervalo de confiança dos estudos individualmente e os pequenos pontos verdes
correspondem ao tamanho do efeito. Veja que alguns estudos apresentam o tamanho do efeito em
posições variadas em relação à linha vertical, ou seja, pendendo para a esquerda ou para a direita.
Lado esquerdo
Corresponde ao tamanho de efeito, favorecendo o grupo experimental (grupo que realizou o
treinamento).
Lado direito


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Corresponde a este mesmo índice, favorecendo o grupo controle (grupo que não realizou o exercício).
Conforme destacado na imagem:
Gráfico de floresta ou forest plot.
A partir da visualização desses pontos, existe a possibilidade de se verificar o quanto cada estudo
contribuiu para o tamanho do efeito geral. Quanto mais distante da linha vertical, maior é o tamanho do
efeito.
O diamante (losango preto) indica o tamanho de efeito compilado dos diferentes estudos. No exemplo em
questão, os autores agruparam os estudos de acordo com a intensidade do treinamento:
Baixa a moderada intensidade (gráfico superior);
Alta intensidade (gráfico inferior).
A partir da posição do diamante nos dois gráficos, pode-se interpretar que, tanto o treinamento de baixa a
moderada intensidade quanto o de alta intensidade são capazes de impactar positivamente a concentração
de HbA1c dos diabéticos. Contudo, o treinamento de alta intensidade é capaz de fazê-lo com maior
magnitude, uma vez que seu diamante está mais deslocado para a esquerda.
Supondo o diamante posicionado sobre a linha vertical, seria possível depreender que a intervenção
(musculação ou treinamento de força) não implicaria em alterações na HbA1c dos diabéticos. Se o

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diamante estivesse à direita da linha vertical, a conclusão seria de que não realizar o treinamento de força
impactaria positivamente a HbA1c, conforme indicado a seguir:
Gráfico de floresta ou forest plot.
Outro ponto importante a ser observado é o nível de heterogeneidade entre os estudos, que pode ser
explicado pelas diferenças entre os protocolos estudados, a população, o número de participantes etc. Um
dos testes realizados para isso é o teste de inconsistência de Higgins, ou I2, que descreve a porcentagem de
variabilidade na estimativa de efeito atribuída à heterogeneidade, em vez da chance ou do acaso (BRASIL,
2012). Esse teste pode ser interpretado da seguinte forma:
0% a 25%
Classificação:
heterogeneidade leve.
25% a 50%
Classificação:
heterogeneidade moderada.

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No exemplo, nota-se, portanto, uma heterogeneidade de 56%, que pode ser classificada como alta. Sabe-se
que protocolos de treinamento de força podem ser influenciados por diversas variáveis, como número de
séries, exercícios e repetições que impactam o volume, intervalo de repouso, seleção dos exercícios, tempo
de intervenção, além das diferenças entre as populações estudadas, como sexo, nível de treinamento, idade
etc. Todos esses parâmetros podem explicar a heterogeneidade entre os estudos.
Gráfico de floresta ou forest plot.
As tabelas de um estudo cientí�co
Quadros e tabelas
> 50%
Classificação:
heterogeneidade alta.

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Ao ler um artigo científico, você perceberá que a leitura e a compreensão da parte textual da seção de
resultados é, muitas vezes, desafiadora. Nesta seção, são inseridas muitas informações e, de certa forma,
as mais relevantes, uma vez que o que realmente nos interessa são os resultados do estudo. Além dos
gráficos, outra forma de compreender os resultados do artigo de forma simplificada é por meio da leitura
dos quadros e tabelas. Mas você sabe a diferença entre quadro e tabela?
Quadros podem ser diferenciados de tabelas a partir da informação contida neles e sua formatação.
Os quadros apresentam informações textuais e sua formatação consiste em linhas verticais e
horizontais para que haja limites bem definidos entre as informações, para que não haja confusão,
pois, caso contrário, o texto pode ficar visualmente difícil de ler.
As tabelas, por sua vez, normalmente apresentam apenas linhas horizontais, e as informações ali
inseridas são dados numéricos e estatísticas.
A partir dessas características fundamentais, podemos concluir que quadros são mais utilizados em artigos
de revisão, pois incluem análises qualitativas, com texto. Por outro lado, tabelas são utilizadas com
regularidade em artigos experimentais para as análises quantitativas, numéricas.
Saiba que alguns periódicos científicos orientam sobre como formatar quadros e tabelas para publicação,
sendo assim, você poderá verificar algumas diferenças entre os artigos, mas que não modificam em nada o
objetivo principal do quadro ou tabela, que é de facilitar a compreensão do leitor.
Assim como nos gráficos, os quadros e tabelas devem ser autoexplicativos,
apresentar uma numeração de acordo com a sua aparição no texto (tabela 1; tabela
2; tabela 3), um título para identificação do que é mostrado e uma legenda para
identificação de abreviações e símbolos.
Veja, a seguir, o fragmento do quadro[MC1] de um estudo que avaliou os efeitos do treinamento físico na
pressão arterial de adolescentes com sobrepeso e obesidade. Para interpretá-lo, basta a sua simples leitura.
As abreviações utilizadas são de palavras conhecidas, portanto, de fácil identificação (min – minutos; FC –
Quadros 
Tabelas 
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Frequência cardíaca; TC – Treinamento concorrente; TF – Treinamento de força; PAS – Pressão arterial
sistólica; PAD – Pressão arterial diastólica). Basta, agora, saber o que significa a seta horizontal (→) que,
nesse caso, indica que não houve modificações significativas nas variáveis estudadas.
Exemplo de quadro de uma revisão sistemática.
Agora, segue o exemplo de uma tabela publicada em um estudo com objetivo de verificar o comportamento
de variáveis cardiorrespiratórias durante a permanência em equilíbrio em três condições diferentes: sobre
uma superfície rígida (controle), sobre uma almofada de equilíbrio (AIREX) e sobre o BOSU. Considerando
que a tabela é autoexplicativa e que este material já lhe deu suporte de como interpretar dados estatísticos,
tente fazer uma interpretação da tabela a seguir para, somente depois, ler os comentários sobre ela.
Exemplo de tabela.
Na tabela anterior é possível observar que:
Os dados de cada variável apresentada nas linhas (FR, HR, SDHR e RMSSD) são apresentados por
média e desvio-padrão para cada uma das condições estudadas (Controle, AIREX e BOSU),
apresentadas nas colunas. Outro dado é apresentado nas colunas: o coeficiente de variação (CV),
que indica a variação dos dados em relação à média. Note ainda que são apresentados os valores
encontrados do p e o tamanho do efeito. Sobre a coluna do valor de p pode-se identificar que, onde o
p foi significativo, está indicado com símbolos distintos: * e #. Na legenda, podemos identificar o que
cada um significa: * indica que as diferenças estatisticamente significativas foram observadas
quando todas as condições foram comparadas – Controle x AIREX; Controle x BOSU; AIREX x BOSU.
Comentários 


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Por sua vez, # significa que essas diferenças foram encontradas somente nas comparações com a
condição BOSU – Controle x BOSU; AIREX x BOSU. Por fim, a última coluna com o tamanho do efeito
(TE), como visto anteriormente, indica a magnitude das variações.
Interpretação de quadros e tabelas
Neste vídeo, apresentamos os itens que compõem os quadros e tabelas com as suas respectivas
aplicações. Veja:
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Entre os itens fundamentais de um gráfico, assinale a alternativa que apresenta, de forma correta, a
função da legenda.

A Apresentar abreviações e significado de símbolos.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Ler as legendas de gráficos é fundamental para a sua interpretação, pois nelas estão informações
como o significado de abreviações e dos símbolos que identificam diferenças estatisticamente
significativas.
Questão 2
Você leu um estudo de meta-análise que tinha o objetivo de verificar os efeitos do treinamento de
flexibilidade na glicemia em jejum de indivíduos diabéticos. Ao analisar o forest plot, você constatou
que o diamante permaneceu sobre a linha vertical sólida. Sobre essa análise, é possível concluir que
B Apresentar dados não numéricos.
C Apresentar a estatística utilizada.
D Apresentar as variáveis dependentes.
E Apresentar as variáveis independentes.
A o treinamento de flexibilidade melhora a glicemia de jejum de diabéticos.
B o treinamento de flexibilidade piora a glicemia de jejum de diabéticos.
C ser flexível significa ter a glicemia de jejum controlada em diabéticos.
D não ser flexível significa não ter a glicemia de jejum controlada em diabéticos.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
O diamante localiza o tamanho do efeito observado nos estudos de forma agrupada. Se deslocado para
a esquerda, há um tamanho de efeito a favor do grupo experimental. Por outro lado, se deslocado para
a direita, há um tamanho de efeito a favor do grupo controle.
Considerações �nais
A leitura de artigos científicos é a melhor forma de se manter atualizado sobre um assunto específico na
área de saúde, uma vez que eles são publicados tão logo a pesquisa seja realizada. Além disso, os artigos
são uma importante fonte de informações para elaboração do seu trabalho de conclusão de curso e de
projetos de pesquisa para uma futura pós-graduação.
Neste conteúdo, você constatou que existem diversos tipos de artigos, como os de revisão e os
experimentais. Se quiser uma abordagem conceitual ou um primeiro contato sobre um assunto busque nas
bases por estudos de revisão. Contudo, se deseja um aprofundamento a respeito de um tema qualquer,
busque por artigos experimentais – principalmente os ensaios randomizados e controlados, por
apresentarem maior poder de evidência – ou meta-análises.
A partir do que foi visto, você possui informações relevantes para que a sua leitura dos artigos seja eficaz e
extraia as informações de maneira otimizada. Além disso, foram apresentados diversos tipos de gráficos,
quadros e tabelas e como interpretá-los. Agora, a busca por conhecimento está em suas mãos. Mãos à obra
e boa leitura!
Podcast
E o treinamento de flexibilidade não produz efeito na glicemia de jejum de diabéticos.

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Antes de encerramos, ouça este podcast onde falamos sobre os itens fundamentais de um artigo científico,
os gráficos e tabelas, e como interpretar esses elementos.
Explore +
Para um aprofundamento sobre os tópicos desenvolvidos neste conteúdo, sugerimos que leia:
Introdução à bioestatística, de Sônia Vieira. Nesse livro, você encontrará noções básicas sobre estatística
e sobre interpretação de gráficos.
A versão traduzida das recomendações PRISMA para elaboração de revisões sistemáticas e meta-
análises, de Galvão, Pansani, Andrade e Harrad, publicada em 2015, e conheça os itens fundamentais
desse tipo de estudo para otimizar a sua leitura.
Referências
BALBÉ, G. P. et al. Aspectos psicológicos em idosas praticantes e não praticantes de exercício físico.
ConScientiae Saúde, v. 13, n. 1, p. 126-133, 2014.
BARRILE, S. R. et al. Efeito agudo do exercício aeróbio na glicemia em diabéticos 2 sob medicação. Revista
Brasileira de Medicina do Esporte, v. 21, p. 360-363, 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes metodológicas: elaboração de revisão sistemática e metanálise de
ensaios clínicos randomizados. Brasília, 2012.
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05433/index.html?high-contrast=true# 44/45
COELHO, J. M. de O. et al. Efeitos do treinamento físico na pressão arterial de adolescentes com sobrepeso
e obesidade: uma revisão sistemática. Research, Society and Development, v. 10, n. 9, p. e4410917623-
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DAMASCENO, V. O. et al. Tipo físico ideal e satisfação com a imagem corporal de praticantes de
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FIGUEIREDO, T. C.; MOURA, R. B. de. Prática de pesquisa e trabalho de conclusão de curso na área de
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NETO, V. G. C. et al. Hipotensão e variabilidade da frequência cardíaca pós-exercício de força executado de
forma máxima e submáxima. Motricidade, v. 13, n. 1, p. 19-29, 2017.
THOMAS, J. R.; NELSON, J. K.; SILVERMAN, S. J. Métodos de pesquisa em atividade física. Artmed Editora,
2012.
Material para download
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