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Livro Texto - Unidade II

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59
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Unidade II
5 PARASITOSES INTESTINAIS
De acordo com a localização dos parasitas no hospedeiro, eles podem ser classificados em:
• ectoparasitas (permanecem na superfície, em contato com a pele);
• endoparasitas (encontrados dentro do organismo – na luz do tubo digestório, no sangue ou em 
outros órgãos e tecidos).
Se, por um lado, os ectoparasitas são facilmente vistos e identificados, os endoparasitas requerem 
a coleta, o processamento e a análise do material biológico que alberga suas formas evolutivas para 
que seja possível o diagnóstico.
As doenças causadas por endoparasitas intestinais são de grande importância na rotina do 
laboratório de análises clínicas, visto que são as mais prevalentes na maioria das comunidades. Essas 
doenças estão intimamente relacionadas com as condições socioeconômicas da população e com a 
oferta de saneamento básico.
A morfologia dos principais parasitas intestinais foi abordada na unidade I deste livro-texto. 
Agora, vamos estudar o ciclo biológico desses organismos, as características clínicas da infecção e os 
métodos que permitem sua identificação nas fezes.
 Lembrete
Protozooses intestinais podem ser diagnosticadas a partir da 
identificação de trofozoítos, oocistos ou esporos nas amostras fecais. 
As helmintíases, por sua vez, são caracterizadas pela liberação de ovos, 
larvas, proglotes e/ou vermes adultos nas fezes.
5.1 Sinais e sintomas mais comuns em pacientes com parasitoses intestinais
Os sinais e sintomas mais comuns em pacientes com parasitoses intestinais são listados a seguir.
• Diarreia: pode ser leve (menos de seis evacuações líquidas em 24 horas), moderada (de seis a 
12 evacuações líquidas em 24 horas) ou grave (mais de 12 evacuações líquidas em 24 horas). 
Pode, ainda, apresentar muco, pus e/ou sangue.
60
Unidade II
• Má absorção: resultante de lesões na mucosa intestinal ou da própria ação espoliativa 
dos parasitas.
• Náuseas e vômitos: muitos parasitas têm ação irritativa sobre a mucosa e, também, estimulam 
o peristaltismo.
• Dor abdominal: pode acometer a região epigástrica, a periumbilical ou ser difusa.
• Prurido anal: manifestação clássica da enterobíase, cujo agente etiológico realiza ovoposição 
na região perianal.
• Sintomas respiratórios: tosse não produtiva, sibilos, dispneia, pneumonite e derrame pleural 
são comuns em infecções por parasitas intestinais que realizam ciclo pulmonar durante a 
fase larval.
• Hepatoesplenomegalia: manifestação classicamente associada à forma crônica da 
esquistossomose, cujo agente etiológico pode ser identificado na circulação porta-hepática.
• Eosinofilia periférica: leve, moderada ou intensa, a depender do tipo e da severidade 
da infecção.
• Anemia: observada principalmente em crianças, pode ser microcítica e hipocrômica ou 
macrocítica e hipercrômica.
• Febre: presente na forma aguda da esquistossomose, no abscesso amebiano, na estrongiloidíase 
e na ascaridíase.
• Dermatite: causada pela penetração ativa das cercárias na pele.
5.2 Protozooses intestinais
Os protozoários intestinais mais comuns em hospedeiros imunocompetentes são as amebas 
Entamoeba histolytica e Entamoeba dispar e o flagelado Giardia duodenalis.
Outras espécies de protozoários podem ser encontradas no trato digestório humano, porém 
sem causar doença. As principais são a Entamoeba coli, a Entamoeba hartmanni, a Entamoeba 
gingivalis, a Iodamoeba bütschlii, a Endolimax nana, a Dientamoeba fragilis, a Chilomastix mesnili, 
a Pentatrichomonas hominis, a Retortamonas intestinalis e a Enteromonas hominis. A correta 
diferenciação entre as espécies patogênicas e não patogênicas é essencial para a efetivação do 
diagnóstico clínico.
Diversos outros protozoários patogênicos, além dos citados, podem ser eventualmente encontrados 
no trato digestório humano. São considerados emergentes aqueles que foram recentemente 
61
PARASITOLOGIA CLÍNICA
reconhecidos como causadores de doenças em humanos. Alguns exemplos são o Cryptosporidium 
hominis, o Cryptosporidium parvum e a Cystoisospora belli.
A maioria dos protozoários emergentes causam infecções oportunistas em indivíduos 
imunodeprimidos. Alguns, no entanto, acometem também indivíduos imunocompetentes, devido à 
aquisição de novas propriedades de virulência ou em decorrência da proximidade recente dos seus 
reservatórios com o hospedeiro humano.
O número de infecções por protozoários intestinais emergentes tem aumentado em função da 
globalização das fontes alimentares, das viagens internacionais e do consumo de frutas frescas 
e de alimentos crus ou malcozidos. Não podemos esquecer que a transmissão das parasitoses 
intestinais acontece, predominantemente, pela via oral-fecal, que inclui o consumo de alimentos e 
de água contaminados.
Vamos, agora, estudar o ciclo biológico e as características clínicas das principais protozooses 
intestinais?
5.2.1 Amebíase
A amebíase é causada pelos protozoários das espécies Entamoeba histolytica e Entamoeba dispar. 
Essa doença também é conhecida como colite amebiana, disenteria amebiana ou, nos casos em que 
o parasita atinge outros órgãos, amebíase extraintestinal.
Os alimentos e a água contaminados são as principais fontes de transmissão. Se a água destinada 
ao consumo da população estiver contaminada por dejetos humanos e o tratamento for insuficiente, 
pode ocorrer contaminação massiva da comunidade. De fato, apesar de ser encontrada em áreas frias, 
como Alasca, Canadá e Leste Europeu, a maior incidência da Entamoeba histolytica ocorre em regiões 
tropicais e subtropicais que tenham condições sanitárias precárias.
Ciclo biológico
O ciclo da Entamoeba histolytica é monoxênico, e a forma mais comum de transmissão é a 
ingestão de cistos infectantes. A ingestão de trofozoítos não é importante, pois eles geralmente são 
inutilizados pelo suco gástrico. Os cistos, por outro lado, apresentam uma parede que resiste 
ao pH ácido do estômago e permite que essas estruturas permaneçam viáveis por longos períodos, 
mesmo no ambiente externo.
Os cistos evoluem para trofozoítos na área ileocecal do intestino, a partir do processo de 
encistamento ou desencistamento. Os trofozoítos podem permanecer na luz do intestino e se 
alimentar dos nutrientes presentes no local ou, então, erodir a mucosa do tubo digestório e invadir o 
fígado, os pulmões, os rins, o sistema nervoso central e a pele.
A colonização dos sítios extraintestinais pela Entamoeba histolytica envolve três etapas: a adesão, 
a citólise e a invasão.
62
Unidade II
A adesão das amebas ocorre a partir da interação da lectina galactose inibível, presente na 
superfície do protozoário, com glicoproteínas da mucosa intestinal.
Uma vez aderidas à mucosa do intestino, as amebas secretam uma proteína denominada 
amoebapore. Essa proteína induz a formação de poros nas células da mucosa. Os resultados são a 
citólise e o aparecimento de áreas erodidas no intestino, que evoluem para pontos de perfuração, 
a partir dos quais as amebas têm acesso aos órgãos vizinhos.
Os trofozoítos podem se transformar em cistos quando o ambiente é desfavorável para a sua 
multiplicação. Esse processo é denominado encistamento e é desencadeado por fatores como a 
superpopulação de amebas, as mudanças de pH, a escassez ou o excesso de alimentos e a diminuição da 
disponibilidade de oxigênio. A eliminação desses cistos nas fezes completa o ciclo biológico da ameba.
Observe a figura a seguir.
Infecção não invasiva
Libertados nas fezes, 
completando o ciclo de 
vida do parasita
Ingestão de 
quisto a partir de 
alimentos e água 
contaminada ou via 
sexual (fecal-oral)
Resistente 
ao conteúdo 
gástrico
Quisto maduro migra até ao íleo 
terminal ou cólon
Desenquistamento
Libertação de metaquisto 
que após várias divisões 
nucleares e citoplasmáticas 
origina 8 trofozoítos por 
cada metaquisto
Colonização
Trofozoítos 
migram e 
aderem-se à 
mucosa do cólon
Reprodução
Trofozoítos 
reproduzem-se por 
divisão binária
Enquistamento
Formaçãode 
pré-quistos por 
desidratação
Quisto imaturo 
de um núcleo
Quisto 
imaturo de 
dois núcleos
Quisto de 
quatro núcleos
Infecção invasiva
Disseminação por 
via hematogênica 
(fígado, cérebro, 
pulmões)
Trofozoítos 
invadem a mucosa 
intestinal
Habitualmente 
vivem como 
comensais onde 
se alimentam de 
bactérias e restos 
celulares
Figura 24 – Ciclo biológico da Entamoeba histolytica
Fonte: Castro et al. (2019, p. 5).
63
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Manifestações clínicas
Em muitas ocasiões, os pacientes infectados por E. histolytica podem ser assintomáticos e não 
apresentarem quaisquer evidências da infecção, a não ser a eliminação periódica de cistos nas fezes.
Nos indivíduos sintomáticos, o espectro de sinais clínicos depende de dois fatores principais: a 
localização do parasita no hospedeiro e a extensão da invasão tecidual.
Pacientes sintomáticos frequentemente apresentam colite amebiana. Eles podem apresentar 
sintomas abdominais inespecíficos, como diarreia, dor abdominal, perda de peso, anorexia, fadiga 
e flatulência e, raramente, febre. Essas manifestações ocorrem em surtos, que são intercalados com 
períodos de acalmia.
Por vezes, a diarreia se alterna com período de constipação e, nessas circunstâncias, as principais 
queixas são dor abdominal acentuada e retenção de matéria fecal, na presença de intensa hipertonia 
da musculatura do intestino.
Em alguns casos, o paciente evolui para o estágio de disenteria amebiana, que se caracteriza pela 
presença de sangue, de pus e/ou de muco nas fezes. Essas características são indicativas do início do 
processo de erosão da mucosa do intestino, e são acompanhadas de febre, de cólicas – em todo o 
abdome ou em determinados quadrantes –, de tenesmo e de arrepios. As evacuações são frequentes 
e variam de oito a 10 dejeções ao dia. Flatulência, dor epigástrica e outras manifestações dispépticas, 
que incluem a pirose, a sensação de plenitude epigástrica, as náuseas, os vômitos e o desconforto 
abdominal, também são observadas.
Na amebíase extraintestinal, os trofozoítos são encontrados principalmente no fígado, na pele, 
nos pulmões e no cérebro.
A localização hepática é a mais frequente e está relacionada com o desenvolvimento de hepatite 
aguda e de abscessos hepáticos. Essas condições resultam da embolização de formas vegetativas 
da E. histolytica, que se acumulam no parênquima hepático e formam um ameboma, e da necrose 
coliquativa dos hepatócitos.
Quando o processo de necrose atinge o diafragma, a dor, antes restrita ao quadrante superior 
direito do abdome, irradia para a região clavicular e coexiste com dificuldade respiratória, por 
diminuição da mobilidade da hemicúpula frênica do lado direito.
A forma fulminante da disenteria amebiana, frequente em surtos endêmicos, afeta todo o cólon e 
se inicia de modo súbito. A diarreia com evacuações mucopiossanguinolentas é intensa e resulta em 
quadro de desidratação. Os sintomas gerais são mais graves e incluem prostração, febre e múltiplos 
pontos de perfuração intestinal. Observa-se também inapetência, perda ponderal, nervosismo, febre 
e febrículas. Além disso, infecções bacterianas secundárias podem se desenvolver ao redor das úlceras 
presentes no cólon, no ceco, no apêndice ou na área retossigmoide do intestino.
64
Unidade II
Diagnóstico clínico e laboratorial
O diagnóstico da amebíase intestinal envolve a avaliação clínica do paciente, a avaliação, ao 
colonoscópio, da mucosa intestinal, a pesquisa de trofozoítos hematófagos nas fezes ou em material 
de raspagem retal com cureta e a realização de testes sorológicos para detecção de anticorpos 
específicos.
O exame microscópico de amostras de fezes apresenta pouca sensibilidade, uma vez que os 
trofozoítos não se distribuem homogeneamente na amostra e podem estar concentrados nas margens 
dos abscessos e das úlceras, mas não nas fezes. Por essa razão, faz-se a coleta de várias amostras, em 
dias alternados.
Ao microscópio, é importante diferenciar as amebas patogênicas das amebas comensais e dos 
leucócitos polimorfonucleares. Além disso, é necessária atenção para os cistos arredondados e 
esféricos da E. histolytica, que são menores que os trofozoítos e contêm quatro núcleos.
 Lembrete
Se você deseja relembrar os principais aspectos morfológicos das 
amebas, consulte o capítulo 2 da unidade I deste livro-texto.
 Observação
A presença de cistos com quatro núcleos permite determinar que a 
infecção é causada pela E. histolytica, e não por outras espécies de amebas.
5.2.2 Giardíase
Existe apenas um protozoário flagelado que causa doença intestinal: a Giardia intestinalis, também 
conhecida como Giardia duodenalis ou Giardia lamblia. Esse protozoário é o agente etiológico da 
giardíase, doença transmitida ao ser humano pela água e por alimentos contaminados com os cistos 
do parasita, particularmente verduras, legumes e frutas, por contato direto de pessoa a pessoa em 
creches, asilos e orfanatos, por meio de moscas e baratas, que podem veicular os cistos do protozoário, 
e pela prática de sexo anal ou oral.
Trata-se de uma das principais parasitoses encontradas em todos os países, subdesenvolvidos e 
desenvolvidos, principalmente naqueles de clima tropical e subtropical. Constitui a principal causa 
de surtos de diarreia parasitária, pois os cistos de G. intestinalis são resistentes aos procedimentos 
rotineiros de cloração utilizados na maioria das estações de tratamento de água.
65
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Os principais grupos de indivíduos com risco de contrair G. intestinalis são as crianças que 
frequentam creches, as pessoas que vivem em condições sanitárias precárias e os viajantes que bebem 
água contaminada em áreas reconhecidamente endêmicas.
 Observação
No Brasil, a prevalência da giardíase é de 4 a 30%, a depender da 
região. A transmissão pode ocorrer pelo contato direto entre as pessoas, o 
que explica a alta prevalência em ambientes aglomerados, como creches, 
enfermarias e asilos.
Ciclo biológico
O ciclo biológico da G. intestinalis é monoxênico.
Os cistos de G. intestinalis, quando ingeridos, passam pelo estômago, onde perdem a membrana 
cística. Ocorre, então, a liberação dos trofozoítos, que se fixam nas células epiteliais do duodeno por 
seus discos suctoriais e se multiplicam rapidamente.
Como resultado da multiplicação e da aderência ao epitélio, os trofozoítos revestem a parede 
intestinal, o que causa irritação e impede a absorção de nutrientes. Diarreia, desconforto abdominal, 
esteatorreia e desnutrição são as principais consequências.
A reação inflamatória associada à presença dos protozoários aderidos à parede do intestino pode 
levar à atrofia das vilosidades intestinais, o que reduz ainda mais a absorção intestinal e estimula a 
esteatorreia.
O encistamento dos trofozoítos aderidos ao epitélio faz com que eles se desprendam e os cistos 
atinjam a luz do intestino, o que resulta na eliminação dessas formas de resistência no solo e na água.
Observe a figura a seguir.
66
Unidade II
Trofozoítas
Cisto
Cisto= Estágio de diagnóstico
= Estágio de infecção
Trofozoítas liberados pelas fezes 
não resistem ao meio ambiente
Contaminação com 
cistos infectivos
3
1
2
d d
di i
i
4 5
Figura 25 – Ciclo biológico da Giardia intestinalis
Disponível em: https://bit.ly/3qtXOmg. Acesso em: 27 jun. 2021. Adaptada.
Manifestações clínicas
Estima-se que a patogenia da infecção por G. intestinalis dependa da intensidade da infecção e 
do genótipo do parasita infectante.
Os sintomas da doença costumam se manifestar após o período de incubação, que varia de 5 a 25 dias 
(média de 7 a 10 dias) após o contato inicial com o protozoário. Muitas vezes, a doença é assintomática, 
principalmente em indivíduos que são infectados com frequência.
 Observação
A giardíase é conhecida como diarreia do viajante, pois os sintomas 
se desenvolvem principalmente em indivíduos que nunca entraram em 
contato com o parasita e visitam áreas endêmicas.
67
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Os sintomaspodem surgir de maneira abrupta ou gradual e permanecer por longo período, isto é, 
a doença pode tornar-se crônica.
A doença crônica está relacionada à síndrome da má absorção que, principalmente em crianças, 
pode causar graves deficiências nutricionais.
O principal sintoma ligado à giardíase é a diarreia, que pode ser aguda e autolimitante, com 
duração de poucos dias, ou ter caráter crônico. Normalmente, a diarreia é do tipo aquosa, explosiva 
e com odor fétido, acompanhada de gases e de distensão abdominal.
A diarreia aguda da giardíase pode confundir-se com as diarreias bacterianas e virais. Contudo, na 
giardíase, a doença tem maior duração, além de provocar perda de peso.
A enfermidade também pode apresentar outros sintomas menos comuns, dentre eles perda de 
peso, náuseas, anorexia, fadiga, calafrios e esteatorreia.
Diagnóstico laboratorial
O exame direto das fezes diarreicas frescas ou conservadas, após adição de hematoxilina férrica, 
permite a identificação dos trofozoítos.
O processamento das fezes pelos métodos de Faust ou de Ritchie, que iremos estudar no próximo 
capítulo, facilita a pesquisa de cistos.
5.2.3 Tricomoníase
O Trichomonas vaginalis é um protozoário flagelado, anaeróbio facultativo, que habita o trato 
geniturinário feminino e masculino e vive em ambientes com pH entre 5 e 7,5 e temperaturas 
entre 20 e 40 ºC.
A tricomoníase, doença causada pelo T. vaginalis, é uma infecção sexualmente transmissível (IST) 
caracterizada pela presença dos trofozoítos no ambiente vaginal. Embora não seja uma parasitose 
intestinal, a tricomoníase será abordada neste capítulo, dadas as características morfológicas do 
agente etiológico.
Ciclo biológico
O ciclo de vida de T. vaginalis é monoxênico. A transmissão ocorre a partir de relações sexuais 
desprotegidas.
A instalação do protozoário na vagina coincide com o aumento do pH do local, o que resulta na 
elevação do número de bactérias anaeróbias e na redução concomitante dos lactobacilos.
68
Unidade II
O protozoário infecta principalmente o epitélio escamoso do trato genital. Pode ser encontrado 
na exocérvice e, mais raramente, na endocérvice. Nesses locais, ocorre sua divisão, o que origina 
novas formas infectantes.
Os homens são considerados vetores do parasita, o qual pode colonizar a uretra, a próstata 
ou, ainda, a bexiga e a vesícula seminal. A doença, no homem, é frequentemente assintomática e 
autolimitada, provavelmente devido à eliminação mecânica dos micro-organismos que se encontram 
na uretra durante a micção e à ação tricomonicida da secreção prostática.
Observe a figura a seguir.
Fase infecciosa
Fase de diagnóstico
Trofozoítos na 
urina e nas 
secreções vaginais 
e prostáticas
Multiplicação dos 
trozoítos por fissão 
binária ou bipartição
Trichomonas vaginalis
i
d
d
1 2 3
3 i
i
Trofozoítos na 
vagina ou no 
orifício da uretra
Figura 26 – Ciclo do Trichomonas vaginalis
Disponível em: https://bit.ly/3zSETpC. Acesso em: 23 jun. 2021. Adaptada.
69
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Manifestações clínicas
A tricomoníase é uma doença que tipicamente se manifesta em idade reprodutiva.
O período de incubação é de 4 a 28 dias, e a forma aguda apresenta como principal manifestação 
clínica corrimento vaginal, devido à grande infiltração leucocitária.
A consistência, o odor e o volume do corrimento variam, e o típico corrimento da tricomoníase 
– bolhoso, fluido, abundante, de coloração amarelo-esverdeada e com odor fétido – ocorre em apenas 
20% das mulheres sintomáticas.
A vaginite pode ser acompanhada por irritação e desconforto vaginal, prurido vulvar, 
dispareunia, disúria, poliúria e dor no baixo-ventre. A sintomatologia é cíclica, com exacerbação 
no período menstrual, e costuma ser mais intensa entre gestantes e mulheres que fazem uso de 
anticoncepcionais orais.
Os homens sintomáticos podem apresentar uretrite com fluxo mucopurulento escasso, disúria, 
prurido na uretra e sensação de queimação após o ato sexual.
Se não tratada, a tricomoníase pode levar ao desenvolvimento de complicações irreversíveis – tais 
como a esterilidade – em homens e mulheres.
Diagnóstico laboratorial
O exame laboratorial mais utilizado no Brasil é o exame direto da secreção vaginal, que permite a 
detecção do trofozoíto ao microscópio óptico.
 Lembrete
Não existem cistos de T. vaginalis. Os trofozoítos são a única forma 
evolutiva conhecida.
5.2.4 Criptosporidiose
Oito espécies de protozoários coccídeos Cryptosporidium – C. hominis, C. parvum, C. meleagridis, 
C. felis, C. canis, C. suis, C. muris e C. andersoni – são frequentes em infecções humanas, e é possível 
que todas as espécies do gênero Cryptosporidium tenham potencial patogênico em nossa espécie. As 
responsáveis pela maioria de casos de criptosporidiose humana são o C. hominis e o C. parvum.
70
Unidade II
Ciclo biológico
O ciclo do Cryptosporidium é monoxênico e, uma vez no hospedeiro, o protozoário pode invadir, 
além da mucosa intestinal, o fígado, o pâncreas e o trato respiratório.
Assim como nas demais protozooses intestinais, a transmissão ocorre principalmente por via 
oral-fecal, a partir da ingestão de oocistos. Os principais meios de infecção são o contato com pessoas 
e/ou com animais infectados, a ingestão de água e de alimentos contaminados e, possivelmente, a 
ingestão acidental de oocistos dispersos no ar.
A autoinfecção ocorre principalmente em imunodeprimidos e se explica pela liberação de 
esporozoítos na luz do intestino a partir do rompimento dos oocistos. Os esporozoítos têm a capacidade 
de invadir as células da mucosa intestinal e, assim, reiniciar o ciclo do parasita.
 Lembrete
Os cistos e os oocistos são formas de resistência dos protozoários. 
Os primeiros são resultado do encistamento dos trofozoítos e os segundos 
são originários da reprodução sexuada.
Os oocistos, ao serem ingeridos ou inalados pelo hospedeiro, desencistam-se e liberam esporozoítos, 
principalmente nas células do epitélio gastrointestinal. Nessas células, os parasitas podem se 
multiplicar de forma assexuada (por esquizogonia) ou sexuada (por gametogonia).
Na esquizogonia, também conhecida como merogonia, o trofozoíto, após infectar as células 
do hospedeiro, aumenta de tamanho e multiplica seu núcleo e suas organelas. O resultado é um 
organismo pluricelular, denominado meronte ou esquizonte.
O esquizonte divide-se em diversos merozoítos, que podem reiniciar o ciclo de reprodução 
assexuada ou, de maneira alternativa, iniciar a reprodução sexuada (gametogonia).
A gametogonia é um processo que envolve a fusão de micro e macrogametas gerados a partir do 
material genético do trofozoíto. Como consequência, são gerados oocistos.
Oocistos de paredes grossas são liberados no ambiente, ao passo que oocistos de parede fina 
esporulam na luz do intestino e estão relacionados com a autoinfecção.
Observe a figura a seguir.
71
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Ingestão de oocisto 
pelo hospedeiro
Água potávelPiscinas e lagos
Água e comida 
com oocisto
= Estágio de infecção
= Estágio de diagnóstico
Oocisto esporulado 
no hospedeiro Oocisto Esporozoíta
Trofozoíta
Ciclo 
assexuado
Meronte tipo I
Merozoíta
Gametócito 
indiferenciado
Microgametócito
Microgametas
Zigoto
i
h
g
k
a b c d ej
d
d1
2
i
i
3
i
f
Macrogameta
Merozoíta Meronte tipo II
Ciclo sexuado
Autoinfecção
Oocisto 
esporulado
Oocisto esporulado 
no hospedeiro
Figura 27 – Ciclo biológico do Cryptosporidium sp.
Disponível em: https://bit.ly/35O9mak. Acesso em: 23 jun. 2021. Adaptada.
Manifestações clínicas
Na doença intestinal, podem ser encontradas quatro formas: assintomática, autolimitada 
(aguda ou transitória), crônica e fulminante. As duas primeiras formas são comuns em 
indivíduos imunocompetentes, e, as duas últimas, em portadores de aids ou de outros estados de 
imunocomprometimento grave.
72
Unidade II
As formas intestinais têm período de incubação de dois a 14 dias e caracterizam-se por diarreia 
aquosa, vômitos, dores abdominais e perda de peso.
Emindivíduos imunodeprimidos, a diarreia geralmente é grave e pode levar à perda de mais de 
20 litros de líquido por dia.
A infecção respiratória é comum, mas, em geral, inaparente. Pacientes com criptosporidiose 
persistente podem desenvolver infecção de ductos hepatobiliares ou pancreáticos. A forma fulminante 
é uma doença dramática, que se assemelha à cólera.
Diagnóstico laboratorial
O exame das fezes processadas e coradas pelo método de Ziehl-Neelsen ou com o corante safranina 
permite a observação de oocistos nas fezes.
Também pode ser realizada a biópsia e a histopatologia do tecido intestinal para identificar as 
formas ativas dos parasitas (esporozoíto, esquizonte e merozoíto), ou ensaios de imunofluorescência 
indireta, para o reconhecimento de antígenos presentes na superfície dos oocistos.
 Saiba mais
Para saber mais sobre o assunto, leia a indicação a seguir.
BOUZID, M.; HUNTER, P. R.; CHALMERS, R. M. et al. Cryptosporidium 
pathogenicity and virulence. Clinical Microbiology Reviews, v. 26, n. 1, 
p. 115-134, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3gN4mJo. Acesso em: 
23 jun. 2021.
5.2.5 Isosporíase
O Cystoisospora belli é o protozoário coccídeo causador da isosporíase, doença que acomete 
principalmente pacientes imunodeprimidos. Apresenta baixa prevalência mesmo entre esses 
indivíduos, possivelmente devido à profilaxia secundária adotada durante o curso da doença.
Ciclo biológico
O ciclo biológico desse parasita é semelhante ao do Cryptosporidium e envolve a alternância entre 
oocistos, esporozoítos, merozoítos e esquizontes, conforme podemos observar na figura a seguir.
73
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Oocistos maduros 
com esporozoítos
i
i
i
d
d
d
Oocistos imaturos com 
esporozoítos
Oocistos imaturos 
com esporoblastos
Oocistos nas fezes
Oocistos 
nas fezes
= Estágio de infecção
= Estágio de diagnóstico
Assexuado
Sexual 5
4
1
2
3
Microgameta
Fertilização
Macrogameta
Merozoítos
Oocistos maduros
Esporozoítos
Figura 28 – Ciclo biológico do Cystoisospora belli
Disponível em: https://bit.ly/3zQPIZ4. Acesso em: 23 jun. 2021. Adaptada.
Manifestações clínicas
Os sintomas da isosporíase podem se estabelecer vários meses ou anos após a exposição ao 
agente causal.
A infecção, quando sintomática, é caracterizada por quadro diarreico de início brusco, que cursa 
com dores abdominais, náuseas, febre e mal-estar geral. Ocorrem de oito a 10 evacuações líquidas por 
dia e perda de peso importante (cinco quilos ou mais). Esse quadro é observado principalmente em 
indivíduos imunodeprimidos e em crianças.
Em indivíduos imunocompetentes, a infecção pode ser autolimitada, e desaparecer após algumas 
semanas. No entanto, em alguns pacientes, a infecção pode durar mais de 20 anos, com aparecimento 
intermitente da sintomatologia.
Embora o protozoário seja geralmente restrito ao intestino, existem relatos de disseminação para 
outros órgãos, como o fígado, a vesícula biliar e o baço.
74
Unidade II
Diagnóstico laboratorial
O diagnóstico consiste na pesquisa, ao microscópio, de oocistos nas fezes processadas pela 
técnica de concentração por sedimentação ou pela técnica de flutuação dos oocistos em solução de 
sulfato de zinco.
 Observação
A isosporíase é a única protozoose intestinal humana que causa 
eosinofilia, ou seja, aumento da contagem de eosinófilos. Lembre-se de 
que esse achado é característico das infecções por helmintos.
5.3 Helmintíases intestinais
Os ciclos biológicos dos helmintos que parasitam os seres humanos e outros animais costumam 
ser bastante complexos. Destaca-se o desenvolvimento de estágios evolutivos sequenciais, o que 
envolve diferentes hospedeiros, vertebrados e invertebrados.
A interação helminto-hospedeiro alberga distintas possibilidades de desenlace, desde situações 
nas quais não se produz doença clinicamente manifesta até contextos nos quais sobrevém a morte 
como consequência de diferentes complicações.
As principais parasitoses intestinais causadas por nematelmintos são a ascaridíase, a enterobíase, 
a ancilostomose e a estrongiloidíase. As causadas por platelmintos são a esquistossomose e a teníase. 
Vamos, a partir de agora, conhecê-las?
5.3.1 Ascaridíase
A ascaridíase, também conhecida por ascaridiose, ascaríase ou ascariose, é a infecção por Ascaris 
lumbricoides, nematelminto cujo único hospedeiro é a espécie humana. Popularmente, o helminto 
também é conhecido como lombriga ou bicha.
O Ascaris lumbricoides é prevalente em áreas onde o saneamento é precário e onde as fezes 
humanas são usadas como fertilizantes. Devido à contaminação de alimentos e da água por ovos de 
Ascaris, esse parasita, mais do que qualquer outro, afeta a população mundial.
Ciclo biológico
O ciclo biológico do A. lumbricoides é monoxênico e relativamente complexo.
A infecção ocorre a partir da ingestão de ovos que contêm uma larva infectante viável. Uma vez 
no interior do intestino delgado, as larvas saem dos ovos, atravessam a parede do intestino e atingem 
a circulação sanguínea, a partir da qual migram para a região hepatopulmonar.
75
PARASITOLOGIA CLÍNICA
O primeiro órgão afetado é o fígado. De lá, as larvas continuam migrando pela corrente sanguínea 
até os pulmões.
Uma vez dentro dos pulmões, as larvas atravessam a parede dos capilares para o interior dos 
alvéolos e, em seguida, para dentro dos bronquíolos. Elas sobem a árvore brônquica, ajudadas pela 
tosse que provocam, e chegam à faringe, onde são deglutidas e direcionadas ao intestino.
No intestino delgado, as larvas crescem e amadurecem a vermes adultos. Os adultos realizam 
a reprodução sexuada, e a fêmea põe milhares de ovos (até 250 mil por dia), fertilizados e não 
fertilizados, que são eliminados juntamente com as fezes.
No ambiente externo, particularmente no solo, os ovos encontram as condições necessárias para 
maturar e formar as larvas infectantes em seu interior. Ovos infectantes podem permanecer por anos 
viáveis no solo, na matéria fecal, no esgoto ou na água. É importante observar que esses ovos podem 
sobreviver até no fixador à base de formalina utilizado na conservação das fezes.
Quando os ovos infectantes são ingeridos pelo homem, um novo ciclo tem início.
Observe a figura a seguir.
= Estágio de infecção
= Estágio de diagnósticod
d
d
d
1
7
4
3
5
2 2
6
i
i
Fezes
Ovos não 
fertilizados não 
continuam seu 
desenvolvimento 
biológico
Ovo 
fertilizado
Figura 29 – Ciclo biológico do Ascaris lumbricoides
Disponível em: https://bit.ly/2T2qsyt. Acesso em: 23 jun. 2021. Adaptada.
76
Unidade II
Manifestações clínicas
Durante a passagem das larvas pelo intestino, observa-se flatulência e desconforto abdominal, 
sintomas inespecíficos que não são percebidos como causados pela infecção.
Durante a passagem pelos alvéolos, as larvas de A. lumbricoides crescem e realizam muda larval 
(trocam de cutícula), o que resulta na liberação de grande quantidade de produtos antigênicos no 
tecido pulmonar. O organismo responde com intensa reação inflamatória, constituída de tosse não 
produtiva, dispneia, febre, dor torácica, pneumonia eosinofílica, astenia e, em alguns casos, náuseas 
e vômitos. Esse quadro é conhecido como síndrome de Loeffler.
Em alguns casos, podem ocorrer focos de pneumonia por vermes mortos, com tosse, febre, dor 
torácica e dispneia do tipo asmatiforme, com roncos e sibilos.
 Observação
A síndrome de Loeffler também pode aparecer em infecções com outros 
vermes intestinais que têm ciclo pulmonar, como os ancilostomídeos e o 
Strongyloides stercoralis.
Quando os vermes adultos atingem o intestino, podem ocorrer cólicas intestinais, diarreia, náusea 
e vômitos, e, ainda, irritabilidade, insônia e ranger dos dentes durante o sono.
Manifestações mais graves, como o meningismo, as convulsões e a perda da consciência, já foram 
relatadas, sem, no entanto, haver comprovação de causa e efeito.
Os aspectos mais graves da ascaridíase são os causados pela obstrução intestinal por áscaris, 
pela apendicite aguda e pelas manifestaçõesdecorrentes de migração dos vermes adultos para 
o fígado e para os canais biliares. Pode-se também observar peritonites, pancreatites, hepatites e 
pneumonias causadas pela presença dos vermes e de seus ovos. Todos esses efeitos são resultado 
do estabelecimento de reação inflamatória contra o parasita, da morte dos parasitas nos diferentes 
tecidos e de lesões nos diversos órgãos mencionados, que podem até cursar com necrose.
Na superinfecção, que ocorre principalmente em crianças, pode haver migração de vermes adultos 
para a orofaringe, com sua eliminação pela boca e pelo nariz.
Outro aspecto de importância são as complicações das cirurgias abdominais, quando os vermes 
adultos se insinuam nas suturas, em decorrência de seu tropismo por orifícios, o que pode causar a 
deiscência da sutura e o estabelecimento de infecções secundárias.
77
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Diagnóstico laboratorial
O diagnóstico da ascaridíase é realizado pela avaliação da presença de ovos de A. lumbricoides 
nas fezes submetidas ao método de sedimentação de Lutz. A carga parasitária é estimada a partir da 
contagem de ovos nas fezes, de acordo com os métodos de Stoll e de Kato-Katz.
Pode-se considerar:
• infecção leve quando são contados 5 mil ovos por grama de fezes;
• infecção média quando há 5 a 10 mil ovos por grama de fezes;
• infecção alta, quando a contagem mostra 10 mil ou mais ovos por grama de fezes.
 Saiba mais
O site da Organização Mundial da Saúde (OMS) fornece diversas 
informações sobre a maioria das doenças parasitárias.
Disponível em: https://bit.ly/3A25Ozo. Acesso em: 23 jun. 2021.
5.3.2 Ancilostomíase
A ancilostomíase é uma doença causada pelos nematelmintos das espécies Ancylostoma duodenale 
(ancilostomídeo do Velho Mundo) e Necator americanus (ancilostomídeo do Novo Mundo).
Essa doença também é conhecida como amarelão, opilação, uncinaríase, cloroso, mal dos mineiros, 
mal dos agricultores, doença de Perroncito, doença do Jeca Tatu, caquexia africana, clorose do Egito, 
anemia tropical e mal do coração e do estômago da África. Ela é considerada a segunda helmintíase 
mais comum no mundo e é mais prevalente em áreas tropicais e subtropicais, bem como em regiões 
rurais e em populações menos abastadas.
Ciclo biológico
Os ovos presentes nas fezes contaminadas, sob condições favoráveis (umidade, calor e sombra), 
eclodem e liberam larvas rabditoides um a dois dias após serem lançados no ambiente.
As larvas rabditoides crescem nas fezes e/ou no solo e, depois de 5 a 10 dias, tornam-se larvas 
filarioides, que são infectantes e podem sobreviver de três semanas a seis meses em condições 
ambientais adequadas.
78
Unidade II
As larvas filarioides penetram na pele, principalmente em áreas desprotegidas como os pés. Uma 
vez dentro do corpo, migram para o sistema linfático e, de lá, para a circulação sistêmica.
Ao chegar aos capilares que irrigam os alvéolos, as larvas filarioides migram até os bronquíolos 
e provocam tosse. Com a tosse, elas são levadas até a faringe, são deglutidas e, então, alcançam o 
intestino delgado.
No intestino delgado, ocorre a maturação das larvas filarioides, que se transformam em vermes 
adultos. Normalmente, as formas adultas habitam o duodeno e permanecem aderidas à mucosa 
intestinal, porém elas podem se fixar também no jejuno e, mais raramente, no íleo.
Embora haja o estágio pulmonar no ciclo de ambos os ancilostomídeos, somente o Ancylostoma 
duodenale é capaz de se desenvolver no intestino sem que ocorra a passagem pelo pulmão.
Observe a figura a seguir.
Circulação - pulmões - 
traqueia - faringe - 
deglutição - intestino 
delgado
Adultos no intestino delgado
= Estágio de infecção
= Estágio de diagnóstico
Ovos nas fezes1
2
3
4
5
i
d
d
i
Meio 
ambiente
Larva rabditoide 
no solo
Larva 
filarioides
Larva filariforme 
penetra na pele
Figura 30 – Ciclo biológico dos ancilostomídeos
Disponível em: https://bit.ly/3gX8dCv. Acesso em: 23 jun. 2021. Adaptada.
79
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Manifestações clínicas
As larvas, quando penetram na pele do hospedeiro, causam prurido local, eritema e rash papuloso, 
sintomas conhecidos como coceira do solo (ground itch).
A passagem das larvas pelos pulmões desencadeia a síndrome de Loeffler, assim como observado 
na ascaridíase. Caso a infecção seja muito intensa, podem sobrevir manifestações compatíveis 
com pneumonia, que incluem febre elevada, astenia, cefaleia, mal-estar geral, dor torácica e tosse 
produtiva com escarro amarelo-esverdeado.
A perda paulatina de sangue é uma das principais características da doença crônica. Ela ocorre por 
lesões traumáticas decorrentes da fixação das formas adultas na mucosa intestinal.
Em decorrência da perda sanguínea, pode ocorrer anemia, acompanhada de deficiência de ferro 
e de hipoalbuminemia. Podem ocorrer, também, edema da face e dos membros inferiores e ascite 
(eventualmente, anasarca), associados à hipoproteinemia. Além disso, a pele adquire coloração 
amarelada e a temperatura basal do corpo tende a diminuir.
 Observação
O personagem Jeca Tatu foi criado por Monteiro Lobato, em 1918, 
para simbolizar o trabalhador rural paulista da época. Ele andava descalço 
e apresentava todos os sintomas relacionados com a ancilostomíase. Foi 
uma maneira de o autor chamar a atenção para as condições precárias 
enfrentadas por esses trabalhadores.
O desejo de comer terra e giz (pica) se deve à deficiência de ferro e de cálcio no organismo, 
elementos que se encontram em quantidades muito abaixo do normal nos pacientes acometidos 
pela parasitose.
Diagnóstico laboratorial
A morfologia dos vermes adultos das duas espécies de ancilostomídeos varia sensivelmente, no 
entanto, os ovos e as larvas são basicamente indistinguíveis entre as espécies.
Na análise microscópica das fezes tratadas por métodos de flutuação (Willis ou Faust), são 
observados ovos de baixa densidade.
5.3.3 Estrongiloidíase
A estrongiloidíase é a infecção causada pelo nematelminto Strongyloides stercoralis. Trata-se de 
uma doença tropical negligenciada, de ocorrência mundial.
80
Unidade II
Ciclo biológico
No ciclo biológico do S. stercoralis, o parasita apresenta alternância entre estilos de vida livre (que 
ocorrem no solo) e parasitário (que ocorrem no hospedeiro), e existe alto potencial para a autoinfecção.
Existem três possíveis vias que o S. stercoralis pode seguir em seu ciclo biológico:
• a via direta;
• a via indireta;
• a autoinfecção.
No ciclo direto, também chamado de ciclo parasitário, larvas rabditoides não infectantes, presentes 
na luz do intestino, são excretadas juntamente com as fezes. No solo, quando em temperatura e 
umidade adequadas, transformam-se em larvas filarioides infectantes, no período de 24 a 30 horas 
após a liberação. Essas larvas penetram na pele do hospedeiro humano, atingem a circulação sistêmica 
e chegam aos pulmões, onde completam o ciclo pulmonar, ou seja, sobem a árvore brônquica e são 
expelidas pela tosse, o que faz com que atinjam a faringe e sejam engolidas. No tubo digestório, 
ocorre a maturação das larvas, que se convertem em vermes adultos.
No ciclo indireto, também chamado de vida livre, as larvas rabditoides eliminadas no solo 
amadurecem até se tornarem vermes adultos de vida livre, machos e fêmeas. Esses vermes podem se 
reproduzir no ambiente externo por várias gerações, até que larvas filarioides penetrem na pele do 
hospedeiro humano.
A autoinfecção ocorre quando algumas larvas rabditoides transformam-se em filarioides dentro 
do intestino, penetram na mucosa colorretal (autoinfecção interna) ou na pele perianal (autoinfecção 
externa) e completam o ciclo sem deixar o hospedeiro. Essa forma de autoinfecção geralmente está 
associada a fatores como imunossupressão, acloridria, constipação intestinal e outras condições que 
possam reduzir a motilidade intestinal.
O processo de autoinfecção explica por que ocorre aumento do número de parasitas mesmo na 
ausência de reinfecção exógena.
Observe a figura a seguir.81
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Larva filarioide no sangue - 
pulmão - alvéolos - 
traqueia - faringe - 
engulidas - intestino 
delgado - adultos
Fêmeas 
adultas no 
intestino
Larva rabditoide 
eliminada nas fezes
Ovos depositados na 
mucosa intestinal - lúmen
Larvas rabditoides 
no intestino grosso - 
larvas filarioides - 
penetração da mucosa 
intestinal ou pele 
perianal - ciclo 
evolutivo normal
Vermes adultos 
de vida livre
Ovos produzidos por 
fêmeas grávidas
Larva rabditoide 
eclode o ovo
Larva rabditoide 
desenvolve-se 
em filarioide
= Estágio de infecção
= Estágio de diagnóstico
Larva filarioide 
infectiva penetra 
na pele
Desenvolvim
ento em
 larvas fi lariformes
Nova geração de adultos
Au
to
in
fe
cç
ão
6
7
8
10
9
1
2
3
4
d
5
i
i
i
d
Figura 31 – Ciclo biológico do S. stercoralis
Disponível em: https://bit.ly/3dchzt5. Acesso em: 24 jun. 2021. Adaptada.
Manifestações clínicas
A estrongiloidíase costuma ser assintomática. Quando presentes, os sintomas aparecem de acordo 
com o ciclo evolutivo do parasita e podem ser cutâneos, pulmonares e/ou intestinais. Nas formas mais 
graves, são observados efeitos sistêmicos.
Lesões papulares pruriginosas são observadas no local de penetração das larvas. Em alguns casos, 
estabelece-se quadro urticariforme linear e migratório.
A passagem das larvas pelos pulmões produz, em geral, sintomas respiratórios leves, como 
tosse seca e sibilos esparsos. Em alguns casos, há crises de broncoespasmo, com tosse mais intensa 
e desconforto respiratório. Esse quadro pode traduzir uma pneumonite eosinofílica (síndrome de 
Loffler), no qual são observados também infiltrados pulmonares à radiografia de tórax.
Pessoas imunocomprometidas geralmente sofrem infecção mais severa, que pode resultar na 
disseminação das larvas pelo corpo todo e no desenvolvimento de infecções bacterianas secundárias.
82
Unidade II
Diagnóstico laboratorial
O diagnóstico laboratorial da estrongiloidíase é difícil, pois, regularmente, a carga parasitária é 
baixa e a eliminação de larvas é irregular.
É importante ressaltar que uma cuidadosa avaliação das fezes é necessária para diferenciar as larvas 
rabditoides dos ancilostomídeos das de S. stercoralis. É recomendada a coleta múltipla de amostras 
de fezes, que são processadas pelo método de Hoffman, Pons e Janer, submetidas à coprocultura 
(método de Harada-Mori) ou a métodos de enriquecimento, como Baermann-Moraes e Rugai.
5.3.4 Enterobíase
A enterobíase, também conhecida como oxiuríase, é uma enfermidade parasitária causada pelo 
Enterobius vermicularis, um nematelminto em forma de alfinete (do inglês, Pinworm), que se localiza 
no intestino grosso, no ceco e no apêndice e é comum em crianças na faixa etária de cinco a 10 anos.
O ser humano é o único hospedeiro natural, e a infecção pelo patógeno ocorre em todas as classes 
socioeconômicas.
Ciclo biológico
Os seres humanos são os únicos hospedeiros habituais de E. vermicularis. A infecção por oxiúros é 
usualmente autolimitante e se inicia após a ingestão de ovos larvados infectantes.
Os ovos percorrem todo o tubo digestório e chegam ao intestino delgado, onde eclodem e liberam 
a larva jovem, que cresce e se transforma em verme adulto, que habita o cólon.
Após o acasalamento entre vermes machos e fêmeas, a fêmea fecundada migra para a região 
perianal e deposita, na pele circundante, até 15 mil ovos. Após 4 a 6 horas de exposição ao ambiente, 
as larvas dentro dos ovos atingem a etapa infectante.
Parte dos ovos depositados na região perianal pode ser removida pela pessoa infectada durante o 
ato de coçar a região e se acomodar em diversos locais (poeira, caixas de areia, lençóis e roupas). Além 
disso, os ovos podem ser levados pelo ar.
Os ovos infectantes podem sobreviver de alguns dias até várias semanas em condições ambientais 
adequadas. As condições ideais para sua sobrevivência são a temperatura moderada e a alta umidade. 
A ingestão desses ovos inicia um novo ciclo.
Indivíduos infectados podem se reinfectar quando levam à boca as mãos sujas com os ovos que 
estavam presentes na região perianal. Alguns autores também citam a possibilidade de retroinfecção, 
quando larvas eclodem na região perianal e migram de volta para o intestino do hospedeiro, onde se 
desenvolvem até adultos e, então, reproduzem-se.
83
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Observe a figura a seguir.
Ovos embrionados 
injetados por humanos
i
i
d
d
2
3
5
1
4
 Incubação de
 larvas no
intestino
delgado
Ovos nas pregas anais
As larvas dentro dos ovos 
amadurecem em 4 a 6 horas
Adultos no 
intestino 
grosso
 A fêmea migra 
 para a região anal pela 
noite para deixar os ovos
= Estágio de infecção
= Estágio de diagnóstico
Figura 32 – Ciclo biológico do Enterobius vermicularis
Disponível em: https://bit.ly/3wWgnSt. Acesso em: 24 jun. 2021. Adaptada.
Manifestações clínicas
A deposição dos ovos na região perianal causa intenso prurido, com irritação da mucosa, proctite, 
dermatite e eczema. Sangramento e infecção secundária podem ser resultado do ato de coçar.
A infecção intestinal é geralmente assintomática, mas, dependendo da carga parasitária, pode 
haver enterite catarral, que causa diarreia, náusea e dor no baixo-ventre. Esses vermes podem ainda 
causar apendicite, que cursa com febre.
A migração ectópica para o aparelho genital feminino pode induzir à vulvovaginite, com intenso 
corrimento e prurido, e a lesões mais altas com granuloma no útero, no endométrio, nos ovários e nas 
tubas uterinas, com possíveis reflexos até no peritônio pélvico.
84
Unidade II
Diagnóstico clínico e laboratorial
O exame de rotina de fezes não é eficaz para o diagnóstico da enterobíase. Na maioria dos casos, 
o diagnóstico é clínico, e o prurido anal é o principal sintoma considerado.
O diagnóstico laboratorial pode ser realizado pelo método da fita transparente, ou celofane, 
conhecido também como método de Graham. Ele deve ser realizado durante a manhã, antes da 
higiene na região anal. Quando presentes, os ovos aderem à fita gomada. Depois de descolada da pele, 
a fita será preparada em uma lâmina para análise microscópica.
5.3.5 Esquistossomose
As esquistossomoses são moléstias parasitárias causadas por platelmintos trematódeos 
(esquistossomos) adquiridos por meio de contato com água doce contaminada, onde habitam 
moluscos – por exemplo, do gênero Biomphalaria – que atuam como hospedeiros intermediários.
No Brasil, existem cerca de 6 milhões de portadores dessa helmintíase, e a maioria das infecções 
é devida ao Schistosoma mansoni. Por ter relação com estados de vulnerabilidade social e com 
situações de más condições sanitárias, são moléstias que fazem parte do grupo das doenças tropicais 
negligenciadas e constituem um dos principais desafios da saúde pública.
Ciclo biológico
O ciclo biológico do S. mansoni é composto por duas fases parasitárias: uma no hospedeiro 
definitivo (homem) e outra no intermediário (caramujo). Há, ainda, duas passagens de larvas de vida 
livre no meio aquático, que se alternam com as fases parasitárias.
Em condições favoráveis, o ciclo se completa em torno de 80 dias. No homem, o ciclo é sexuado, 
e o período decorrido entre a penetração das cercárias e o encontro de ovos nas fezes é de cerca de 
40 dias. No caramujo, o ciclo é assexuado e também dura aproximadamente 40 dias.
A transmissão ocorre quando ovos de S. mansoni, eliminados nas fezes do hospedeiro 
contaminado, eclodem na água de rios, de lagoas ou de outras coleções hídricas e liberam larvas 
ciliadas, denominadas miracídios.
Os miracídios infectam o hospedeiro intermediário e, após quatro a seis semanas, abandonam o 
caramujo na forma de cercárias que permanecem livres nas águas naturais.
O contato humano com águas que contêm cercárias, em atividades de lazer ou de trabalho, é 
a maneira pela qual o indivíduo adquire a doença. Essas formas evolutivas penetram na pele e se 
transformam em esquistossômulos, que são levados incialmenteaos pulmões e, semanas depois, 
atingem os vasos do fígado.
85
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Os vermes adultos, macho e fêmea, habitam o sistema porta-hepático, de onde a fêmea libera 
ovos que atingem a luz do intestino e são eliminados juntamente com as fezes.
Cinco semanas após a infecção, o homem pode excretar ovos viáveis de S. mansoni nas fezes e, se 
não for devidamente tratado, pode continuar a fazê-lo por muitos anos.
Observe a figura a seguir.
Cercárias abandonam o 
caracol e nadam livres 
na águaEsporocistos multiplicam-se 
em gerações sucessivas de 
caracóis
Penetram a 
pele
i
i
d
5
6
7
8
9
10
2
3
B
B
C
C
CB
A
A
A
d
1
4
Após penetração 
transformam-se em 
schistosumulas
= Estágio de infecção
= Estágio de diagnóstico
Disseminam-se pelo sangue
Atingem o fígado, onde se 
maturam as formas adultas
Os adultos emparelham e migram para: 
Plexo venoso mesentérico do instestino
Ovos são expulsos com as fezes
Miracídios invadem 
tecidos do caracol
Na água os ovos 
liberam os miracídios
Plexo venoso da bexiga
Ovos são levados pela urina
Nas fezes Na urina
S. japonicum
S. haematobiumS. mansoni ou
Figura 33 – Ciclo biológico do S. mansoni
Disponível em: https://bit.ly/3h5Ec3L. Acesso em: 24 jun. 2021.
Manifestações clínicas
A esquistossomose mansônica apresenta amplo leque de formas clínicas, e o período de incubação 
estende-se de um a dois meses após a infecção.
No local onde ocorre a penetração das cercárias, desenvolve-se quadro de dermatite cercariana, 
caracterizada por sensação de comichão (coceira do nadador), eritema, edema, pequenas pápulas e dor.
A presença dos vermes no fígado e no baço causa processo inflamatório nesses órgãos, 
acompanhado de febre, eosinofilia, linfadenopatia, esplenomegalia, hepatomegalia e urticária.
86
Unidade II
A hipertensão portal é uma manifestação observada em pacientes crônicos e com cargas 
parasitárias importantes. Como resultado, ocorre extravasamento do plasma para fora do vaso 
sanguíneo, chamado de barriga d’água.
Diagnóstico laboratorial
O diagnóstico laboratorial baseia-se na pesquisa de ovos nos exames de fezes. Indica-se a realização 
de pelo menos três exames seriados de fezes coletadas em dias diferentes, com intervalo máximo de 
10 dias entre a primeira e a última coleta.
Os métodos de processamento das fezes mais usados são os de sedimentação, como o método de 
Hoffman, Pons e Janer e o método de Kato-Katz. O último é um método quantitativo, que permite a 
avaliação da carga parasitária.
5.3.6 Teníase
A teníase é uma doença cosmopolita decorrente da infecção por uma das três espécies de 
platelmintos cestódeos do gênero Taenia que são capazes de afetar os seres humanos: T. solium, 
T. saginata e T. asiatica. As duas primeiras são as mais comuns no Brasil.
A Taenia solium é conhecida como tênia do porco e a Taenia saginata, como tênia do boi. Esses 
animais constituem os hospedeiros intermediários em cada caso, e o ser humano é o hospedeiro 
definitivo, em ambos os casos.
Ciclo biológico
A infecção ocorre após a ingestão de carne crua ou malcozida de boi ou de porco contaminada 
com o cisticerco de T. saginata e de T. solium, respectivamente. O cisticerco é um tipo de larva que 
apresenta, em seu interior, um escólex (estrutura que corresponde à cabeça do parasita).
Após a ingestão do cisticerco, o escólex é liberado e se fixa na mucosa do intestino delgado, por 
meio de ganchos (T. solium) ou de ventosas (T. saginata), onde ocorre a maturação até o estágio de 
verme adulto.
O verme adulto apresenta proglotes que emergem da região do pescoço e formam estrutura 
semelhante a uma fita, com vários metros. Cada proglote apresenta ambos os órgãos sexuais, 
masculino e feminino, e, após a fecundação, ocorre a produção de milhares de ovos, alguns dos quais 
podem ser eliminados nas fezes.
Os ovos são ingeridos pelo boi ou pelo porco. Dentro desses animais, a oncosfera eclode, 
e a larva migra pela corrente sanguínea até os tecidos do animal. Lá, desenvolvem-se em 
cisticerco infectante.
87
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Um novo ciclo inicia-se quando o homem ingere a carne do animal infectado contendo 
cisticercos.
Caso o homem se infecte ingerindo água ou alimento contendo ovos de T. solium, ele pode 
comportar-se como hospedeiro intermediário. Nesse quadro, denominado cisticercose, os cisticercos 
alojam-se nos tecidos com maiores concentrações de oxigênio, como sistema nervoso central, os 
olhos e a musculatura esquelética.
A cisticercose também pode acontecer por autoinfecção, quando o hospedeiro da T. solium coça 
a região anal e leva a mão à boca. Por esse motivo, é essencial que as medidas de higiene sejam 
rigorosamente cumpridas.
Observe a figura a seguir.
Oncosferas desenvolvem-se 
em cisticercos nos músculos
Ingestão de carne crua ou 
malpassada contaminada
Liberação da oncosfera, 
penetração na parede 
intestinal - circulação - 
músculos
Vaca e porco infectados pela ingestão 
de pastagem contaminada com ovos ou 
proglotes grávidas
= Estágio de infecção
= Estágio de diagnóstico
Ovos ou proglotes grávidas 
eliminados no meio ambiente 
junto às fezes
d
d
2
3
i
4
5
6
1i
Escólex - fixação do intestino
T. solium
T. solium
T. saginata
T. saginata Adultos no intestino 
delgado
Figura 34 – Ciclo biológico da T. solium e da T. saginata
Disponível em: https://bit.ly/3d608uj. Acesso em: 24 jun. 2021. Adaptada.
88
Unidade II
Manifestações clínicas
O quadro clínico da infecção por T. solium não difere consideravelmente das infecções por 
T. saginata. Como não ocorre invasão de mucosa, os sinais e sintomas clínicos são atribuídos à 
presença de um verme de grandes dimensões na luz intestinal. Na literatura, são relatados episódios 
de irritabilidade, de cefaleia, de dor abdominal, de alterações de apetite, de perda de peso e de 
obstipação intestinal.
No quadro de cisticercose, causada pela ingestão de ovos da Taenia solium por humanos, as 
manifestações clínicas dependem principalmente do número e da localização dos cisticercos. 
A presença de cisticercos no sistema nervoso central (neurocisticercose), por exemplo, pode causar 
cefaleia, convulsões, comprometimento de retina ou ser assintomática.
Diagnóstico clínico e laboratorial
O diagnóstico clínico é estabelecido pela referência do paciente sobre a eliminação passiva de 
proglotes, que se assemelham a fragmentos de talharim mal digeridos, juntamente com as fezes.
Ao exame de fezes, a tamisação (peneiragem) das fezes evidencia as proglotes. A identificação 
das proglotes ao microscópio, para verificar qual é espécie de Taenia, pode ser realizada por meio da 
clarificação com ácido acético, seguida da observação das ramificações uterinas.
Além disso, a pesquisa dos ovos nas fezes pode ser realizada por qualquer método de sedimentação.
6 EXAME PARASITOLÓGICO DAS FEZES
Da leitura do capítulo 5, você percebeu que a maioria dos exames laboratoriais para diagnóstico 
das parasitoses intestinais é realizada a partir da avaliação das fezes, frescas ou processadas, ao 
microscópio. Vamos, a partir de agora, saber mais sobre o assunto?
Embora diversos métodos imunológicos e moleculares tornem possível o diagnóstico indireto das 
doenças parasitárias, a visualização direta dos parasitas, ao microscópio, permanece como recurso 
essencial para o diagnóstico de determinadas infecções.
Os laboratórios de parasitologia clínica contam com poucos recursos materiais e de automação, o 
que faz com que a qualidade dos exames de fezes dependa de vários fatores, que incluem a escolha 
da técnica mais indicada para cada caso, a coleta adequada do material fecal e o treinamento do 
laboratorista para que seja feita a análise, a interpretação e a transmissão dos resultados de maneira 
correta. Essas etapas devem atender a normas e a programas específicos que visam a organizar 
esses processos.
89
PARASITOLOGIA CLÍNICA
O laboratório clínico de parasitologia é classificado como Nível 2 de Biossegurança (NB-2). 
Esperam-se a higienizaçãofrequente do laboratório e a desinfecção das mãos e dos antebraços, além 
do uso de luvas descartáveis, de avental e de máscara. Também é importante realizar, após o término 
do exame, o descarte adequado do material biológico e dos resíduos químicos.
No exame parasitológico de fezes, devem ser analisados os aspectos macroscópicos e microscópicos 
das amostras.
A análise macroscópica permite detectar as características do material e a presença de vermes 
adultos (áscaris, oxiúros e proglotes de tênia, por exemplo). Além disso, são avaliadas as características 
físicas das fezes, conforme mostrado a seguir.
• Aspecto: geralmente, as fezes apresentam-se como uma pasta homogênea, fina e regular.
• Consistência: temos fezes formadas e macias (normais), duras ou em forma de cíbalos 
(constipação) ou líquidas/pastosas (diarreia).
• pH: o pH das fezes é fracamente alcalino ou neutro e varia de 6,9 a 7,2.
• Cor: normalmente, as fezes são de cor castanho-parda, que pode ser alterada pelo regime 
alimentar, por medicamentos ou pela presença dos parasitas. Fezes avermelhadas e 
mucossanguinolentas são indicativas de disenteria catarral. Fezes amareladas, espumosas 
e gordurosas estão associadas à infecção por Giardia.
• Odor: o odor das fezes é resultado da presença de gás sulfídrico, metano, ácidos graxos e 
outros produtos das reações intestinais.
A avaliação microscópica consiste na verificação, ao microscópio óptico, dos ovos e/ou das larvas 
de helmintos, e de oocistos, cistos e/ou trofozoítos de protozoários.
Para a verificação das fezes ao microscópico, elas podem ou não ser processadas, a fim de 
concentrar, isolar e/ou cultivar as formas parasitárias. Essas etapas, muitas vezes, são necessárias, pois 
os componentes das fezes que são provenientes do hospedeiro (células e restos alimentares) podem 
dificultar ou até mesmo impedir a identificação dos parasitas.
O exame microscópico direto ou a fresco de fezes não processadas é a técnica mais simples. Ela 
pode ser realizada a partir do acondicionamento de pequena quantidade de fezes em lâmina de vidro, 
seguida da adição de solução fisiológica, lugol ou azul de metileno tamponado.
Essa técnica permite a observação de formas vegetativas (trofozoítos) móveis, apesar de também 
poder demonstrar a presença de cistos, ovos e até larvas, caso estes sejam muito numerosos. Outro 
aspecto importante é a observação de elementos anormais como cristais, leucócitos e hemácias.
90
Unidade II
6.1 Coleta e processamento das amostras de fezes
As amostras de fezes devem ser colhidas obedecendo à metodologia estabelecida por cada 
laboratório. Como, na maioria das vezes, o procedimento é realizado pelo próprio paciente em sua casa, 
é necessário fornecer informações completas e detalhadas a respeito da coleta e do armazenamento 
da amostra até o momento da entrega ao laboratório.
As amostras devem ser coletadas antes da ingestão de medicamentos antiparasitários pelos 
pacientes. Além disso, não devem ser coletadas nos 7 dias posteriores à administração de medicamentos 
como antiácidos, óleo mineral, bário, bismuto ou determinados antidiarreicos, nem três semanas após 
o uso de certos agentes antimicrobianos e corantes.
A coleta consiste no acondicionamento de pequena quantidade de fezes (aproximadamente 
5 gramas) em recipiente de boca larga, limpo, seco, com tampa bem ajustada, e à prova de vazamentos.
As amostras podem ser coletadas em um penico limpo e seco e depois transferidas ao recipiente. 
Não devem ser contaminadas com urina nem água, devem ser coletadas pela manhã e, se possível, 
enviadas ao laboratório o mais rápido possível para assegurar que a morfologia do parasita seja 
mantida – o exame microscópico de amostras não fixadas, por exemplo, deve ser executado entre 
30 minutos e uma hora após a coleta, para aumentar a possibilidade de encontrar formas móveis, 
como os trofozoítos de protozoários.
No laboratório, o recipiente com a amostra deve ser etiquetado com o nome do paciente, a 
data e hora da coleta. Recomenda-se que pelo menos três amostras separadas sejam coletadas em 
um período de 3 a 5 dias. Se o transporte for demorado, kits com frascos contendo conservantes e 
recipientes para transporte devem ser utilizados.
 Observação
Há vários frascos de coleta disponíveis no mercado para a coleta de 
fezes, dos mais simples (frascos de plástico estéril com tampa de rosca) até 
os mais elaborados (frascos com pá coletora e conservante). O laboratório 
deve comprar o mais apropriado à metodologia que desenvolve.
6.2 Métodos de preservação e de fixação das fezes
Quando não for possível o envio imediato das fezes coletadas ao laboratório ou quando a amostra 
for mole ou pastosa, o ideal é fornecer ao paciente frascos com soluções conservantes ou fixadoras, 
como o formol 10%, o MIF (mercúrio, iodo e formol), o PVA (álcool polivinílico), o SAF (acetato de 
sódio, ácido acético e formaldeído) e o Schaudinn. Esses conservantes permitem que a amostra seja 
armazenada, sob refrigeração (2 a 4 ºC, aproximadamente), por, no máximo, 72 horas.
91
PARASITOLOGIA CLÍNICA
A indicação do uso de cada conservante encontra-se listada a seguir.
• O formol 10% é utilizado para fixar ovos, larvas, cistos e oocistos. Não deve ser utilizado nos 
casos em que técnicas de coloração permanente forem realizadas.
• O MIF, por já promover a coloração dos organismos, é o fixador mais utilizado no exame direto 
e após as técnicas de concentração. Também não é indicado nos casos em que a amostra for 
submetida a técnicas de coloração permanente.
• O PVA permite a adesão excelente das fezes na lâmina, e é útil para processar fezes líquidas.
• O SAF é utilizado quando se deseja realizar métodos de concentração de parasitas e 
coloração permanente.
O fixador de Schaudinn conserva adequadamente trofozoítos e cistos de protozoários em amostras 
que serão submetidas à coloração permanente com hematoxilina férrica ou tricrômio. Tem como 
principal desvantagem ser preparado com cloreto de mercúrio II (HgCl2), substância muito tóxica, 
perigosa para o ambiente e de descarte dispendioso. Apesar desses graves inconvenientes, o fixador 
de Schaudinn continua em uso em diversos laboratórios. Atualmente, estão sob investigação fixadores 
nos quais o composto de mercúrio é substituído por sais de zinco, cobre e cobalto.
Caso o objetivo do exame seja observar larvas de helmintos pelo método de Lutz, por exemplo, o 
conservante não atrapalha o exame. No entanto, se o método a ser utilizado for o de Baermann-Moraes, 
o conservante é contraindicado, pois nesse método é necessário que as larvas estejam vivas.
A escolha do melhor método a ser empregado no diagnóstico parasitológico considera diversos 
fatores, que incluem a suspeita clínica, a facilidade de realizar a técnica, o custo e a eficiência da 
detecção. Infelizmente, não há um exame capaz de contemplar todas as formas parasitárias, e a 
decisão de qual amostra coletar e qual exame solicitar deve ser tomada pelo clínico e comunicada ao 
laboratório.
Os métodos quantitativos envolvem a contagem dos ovos nas fezes, e, assim, avaliam a intensidade 
do parasitismo. Os métodos qualitativos, por sua vez, demonstram a presença das formas parasitárias, 
mas sem quantificá-las.
Vamos conhecer esses métodos?
6.3 Exame direto das fezes
O exame direto de uma pequena porção de fezes recém-eliminadas (aproximadamente 2 miligramas), 
colocada sobre uma lâmina e emulsificada em solução salina, representa uma alternativa simples e 
rápida para a identificação de trofozoítos móveis de amebas e de flagelados intestinais em amostras 
com consistência pastosa ou líquida. Apresenta baixa sensibilidade para a identificação de cistos de 
92
Unidade II
protozoários e de ovos e larvas de helmintos e pode ser empregada em amostras preservadas à custa 
da perda da mobilidade dos trofozoítos.
O iodo de lugol é um reagente à base de iodo, iodeto de potássio e água destilada, utilizado na 
microscopia dos exames parasitológicos dasfezes para corar e para visualizar os cistos de protozoários 
e as larvas e ovos de helmintos. Ele cora de marrom as reservas de glicogênio e de amido e as 
fibras de celulose presentes nessas formas evolutivas. Para a análise, deve-se tomar cuidado com a 
regulação da luminosidade do microscópio: um erro comum é a iluminação excessiva, que impede o 
contraste adequado.
A coloração com solução tamponada de azul de metileno é adequada para a análise das 
características morfológicas de trofozoítos, se for realizada entre 5 e 10 minutos após a coloração 
para que o corante penetre adequadamente nos protozoários.
6.4 Métodos de concentração de ovos e de cistos
Existem diversas técnicas de concentração que aumentam a probabilidade de visualizar cistos, 
ovos ou larvas provenientes de amostras fecais. Os métodos de concentração mais empregados 
são: a sedimentação espontânea, a sedimentação por centrifugação, a flutuação espontânea e a 
centrífugo-flutuação, explicados a seguir.
• O método da sedimentação espontânea permite a concentração de ovos pesados.
• O método da sedimentação por centrifugação (ou centrífugo-sedimentação) permite a concentração 
de ovos pesados, de ovos leves e de cistos.
• O método da flutuação espontânea e o método da centrífugo-flutuação permitem a concentração 
de ovos leves e de cistos e excluem os ovos pesados.
6.4.1 Sedimentação espontânea
A sedimentação espontânea, mais conhecida como método de Lutz, ou método de Hoffman, Pons 
e Janer, consiste na concentração dos ovos pesados pela ação da gravidade sobre a amostra.
No Brasil, muitos laboratórios utilizam essa técnica. Ela consiste em deixar a amostra fecal, após 
filtração em gaze, em repouso, por pelo menos 2 horas, para que ocorra a precipitação dos ovos 
mais densos.
O protocolo consiste em dissolver aproximadamente 2 gramas de fezes em 100 mililitros de água 
de torneira no borrel, filtrar em gaze dobrada em quatro, acondicionada na boca de um cálice de 
sedimentação, e deixar decantar por 2 horas. Após esse período, coleta-se o sedimento com pipeta 
Pasteur, e uma ou duas gotas são acondicionadas em lâmina de vidro. Adiciona-se uma gota de lugol 
forte, coloca-se a lamínula e observa-se ao microscópio, em objetiva de 20 a 40 vezes de aumento.
93
PARASITOLOGIA CLÍNICA
 Observação
O método de Hoffman, Pons e Janer é simples e barato e, por isso, é 
um dos mais realizados nos laboratórios brasileiros.
6.4.2 Sedimentação por centrifugação
A sedimentação por centrifugação, também conhecida como método de Ritchie, método de Blagg 
ou método formol-éter, é um método utilizado para a visualização de cistos de protozoários e de ovos 
leves de helmintos.
Nesse método, a amostra é submetida à centrifugação, responsável por concentrar, no sedimento, 
elementos parasitários que não precipitam espontaneamente. Embora seja realizado com frequência 
em diversos países, esse método tem o inconveniente de empregar o éter, substância volátil e de 
acesso restrito.
O protocolo consiste nas etapas descritas a seguir.
• Aproximadamente 2 gramas de fezes são suspendidos em 10 mililitros de água ou de 
solução salina.
• Em seguida, é realizada a remoção dos detritos pela passagem da suspensão por uma peneira 
de 80 a 100 malhas por cm2 ou por um filtro descartável.
• O filtrado é recolhido em tubo de centrífuga de fundo cônico com 15 mililitros de capacidade.
• É realizada a centrifugação das amostras, de 2.500 a 3.000 rpm, por 2 a 5 minutos.
• O sobrenadante é decantado, e o precipitado é ressuspendido em um mesmo volume de água.
• As centrifugações são repetidas até que o sobrenadante fique transparente (três lavagens 
costumam ser suficientes).
• O líquido sobrenadante da última lavagem é decantado e são acrescentados de 1 a 2 mililitros 
de solução tamponada de formalina a 10%, misturando-se bem.
• A suspensão é mantida em repouso por 10 minutos e, então, adicionam-se 3 mililitros de éter 
etílico ou de acetato de etila, com agitação vigorosa subsequente.
• A amostra é centrifugada novamente por 60 segundos.
94
Unidade II
Ao final da última etapa de centrifugação, formam-se quatro camadas:
• o sedimento, no fundo, contendo os elementos parasitários;
• uma camada de formalina;
• uma camada rica em detritos fecais;
• uma camada de éter, na superfície.
As três camadas superiores são descartadas, e as paredes do tubo são limpas com um swab de 
algodão tipo cotonete. O sedimento é recolhido e examinado ao microscópio.
Como o éter e o acetato de etila são substâncias tóxicas e de uso restrito, a técnica tradicional de 
Ritchie vem caindo em desuso nos laboratórios clínicos de referência.
Observe a figura a seguir.
Figura 35 – Método de Ritchie. Visualização ao final da última etapa de centrifugação, formam-se quatro 
camadas: o sedimento no fundo, contendo os elementos parasitários; uma camada de formalina; uma camada rica 
em detritos fecais; e uma camada de éter na superfície. As três camadas superiores são descartadas e o sedimento 
é recolhido e examinado ao microscópio
6.4.3 Flutuação espontânea e centrífugo-flutuação
As técnicas de flutuação baseiam-se na flutuação de ovos leves em solução de alta densidade. Os 
dois principais métodos são o de Willis e o de Faust.
No método de Faust, a amostra é submetida ao sulfato de zinco, que permite a flutuação de cistos 
de protozoários e ovos de helmintos, excluindo-se os ovos pesados. O protocolo consiste nas etapas 
descritas a seguir.
• Dissolver 1 parte de fezes em cerca de 9 partes de água limpa e misturar bem com um bastão 
de vidro ou de madeira.
95
PARASITOLOGIA CLÍNICA
• Filtrar gaze dobrada em quatro e acondicionada em funil de vidro.
• O filtrado deve ser recolhido em tubos grandes e centrifugado a 2.500 rpm por 2 minutos.
• Decantar o sobrenadante, ressuspender o sedimento e adicionar o mesmo volume de água.
• Centrifugar novamente e repetir o procedimento até o sobrenadante tornar-se transparente 
(três lavagens são suficientes).
• Decantar a água da última lavagem e adicionar 10 mililitros de solução de sulfato de zinco com 
densidade de 11,180 g/cm3 (333 gramas de sulfato de zinco para 1 litro de água morna).
• Centrifugar durante 1 minuto a 2.500 rpm.
• Retirar 3 a 4 alçadas da superfície do líquido do tubo, colocar em uma lâmina, adicionar uma 
gota de lugol forte, cobrir com lamínula e observar ao microscópio em objetivas de 20 e 40 vezes 
de aumento.
No método de Willis, a flutuação dos ovos é possível graças à adição de solução saturada de 
cloreto de sódio à amostra. Essa técnica é especialmente eficaz para detectar ovos de ancilostomídeos 
nas fezes. O protocolo consiste nas etapas descritas a seguir.
• Dissolver 1 a 2 gramas de fezes em solução saturada de cloreto de sódio (densidade 1,195 g/cm3) 
em recipiente de forma cilíndrica.
• Encher o recipiente com a mesma solução de cloreto de sódio até que a superfície líquida 
coincida com a superfície superior do recipiente.
• Colocar uma lâmina sobre o recipiente de forma que o líquido fique aderido à superfície da 
lâmina, mantendo-o por 5 ou mais minutos (tempo para os ovos subirem).
• Retirar a lâmina, virando-a rapidamente em sentido contrário, para evitar o espalhamento 
do líquido.
• Examinar ao microscópio, como nas técnicas anteriores.
6.5 Pesquisa de larvas
Existem duas técnicas úteis para a pesquisa de larvas de helmintos nas fezes, ambas baseadas 
no termotropismo e na sedimentação dessas formas evolutivas: o método de Baermann-Moraes e 
o método de Rugai, Mattos e Brisola. Para executar essas técnicas, conservantes não podem ser 
adicionados às fezes, pois é necessário que as larvas estejam vivas.
96
Unidade II
O método de Baermann é destinado à extração de larvas de Strongyloides stercoralis e tira proveito 
do tropismo dessas larvas pela água morna. O protocolo consiste nas etapas descritas a seguir.
• Em um tubo com fundo afunilado, adiciona-se água morna (40 a 42 ºC).
• Sobre o tubo, é colocado um funil com gaze dobrada em quatro e,diretamente sobre a gaze, 
3 a 4 gramas das fezes a serem analisadas, de maneira que estas fiquem em contato com a água 
(parcialmente submersas).
• Deixar repousar por 20 a 30 minutos e analisar o sedimento conforme as técnicas anteriores.
O método de Rugai é semelhante ao anterior, também é destinado à extração das larvas de 
Strongyloides stercoralis. O protocolo consiste nas etapas descritas a seguir.
• Retirar a tampa do recipiente que acondiciona as fezes e envolvê-lo completamente em gaze.
• Colocar o recipiente envolvido na gaze, com a abertura voltada para baixo, em um cálice de 
sedimentação contendo água aquecida (45 ºC) em quantidade suficiente para entrar em contato 
com as fezes.
• Deixar em repouso por uma hora.
• Coletar o sedimento no fundo do cálice, com ajuda de uma pipeta Pasteur.
• Corar as larvas com iodo de lugol e observá-las ao microscópio, no maior aumento, para 
identificá-las.
6.6 Métodos quantitativos
Os métodos de Kato-Katz e de Stoll-Hausheer são adequados para quantificar os ovos de 
esquistossomos e de áscaris nas fezes. São indicados para análise da intensidade da infecção e da 
eficácia terapêutica.
O método de Kato-Katz é empregado para pesquisa de ovos de Schistosoma spp. No Brasil, é o 
método quantitativo mais realizado. O protocolo consiste nas etapas descritas a seguir.
• As fezes a serem usadas devem ser frescas ou conservadas em MIF ou em formol 10%.
• Uma pequena porção de fezes é colocada sobre papel absorvente e, sobre as fezes, coloca-se uma 
tela metálica milimetrada, comprimindo-a várias vezes, com auxílio de bastão de vidro ou palito 
de madeira, até que seja obtido um filtrado de fezes suficiente para o exame (50 a 60 miligramas).
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PARASITOLOGIA CLÍNICA
• O material é colocado sobre uma lâmina de microscopia e coberto com papel celofane (130 
a 150 µm de espessura), cortado em quadrados de 20 a 30 milímetros e embebido em uma 
solução de glicerina e verde de malaquita, por pelo menos 24 horas antes de ser usado.
• Comprime-se a lamínula de celofane para que as fezes se espalhem regularmente por todo o 
espaço da lâmina.
• Deixa-se a lâmina assim preparada em repouso por aproximadamente uma hora, até que o 
material se torne transparente.
• A lâmina está, então, preparada para microscopia e pode ficar conservada para exame posterior 
por semanas e até meses.
Observe a figura a seguir.
Figura 36 – Método de Kato-Katz
Disponível em: https://bit.ly/3dbFVDl. Acesso em: 24 jun. 2021.
6.7 Tamisação
A técnica de tamisação das fezes consiste em desmanchar o bolo fecal em água e depois passá-lo 
em uma peneira de malha fina para verificação de proglotes e escóleces de tênias ou de outros 
vermes adultos.
6.8 Método da fita gomada
O exame da fita gomada, também conhecido como swab anal ou método de Graham, é utilizado 
para pesquisa das formas adultas e ovos de Enterobius vermicularis. O protocolo consiste nas etapas 
descritas a seguir.
98
Unidade II
• Com uma espátula de madeira ou um tubo de ensaio coberto com fita do tipo durex, cuja parte 
colante deve estar voltada para fora, separar as nádegas do paciente com uma das mãos e 
pressionar a superfície adesiva da fita em várias áreas da região perianal.
• Retirar o conjunto, desprezar a espátula ou o tubo de ensaio e colar a fita adesiva com a parte 
contendo o material coletado voltado para a lâmina de microscopia.
• Fazer a coleta de duas ou três lâminas e identificar as amostras.
• O exame das preparações é feito na objetiva de menor aumento e luz reduzida. Toda a superfície 
da fita deve ser observada ao microscópio e qualquer achado deve ser confirmado em aumento 
maior (40 vezes).
• Para facilitar a visualização, a fita pode ser clareada com tolueno (desprender a fita, colocar o 
tolueno e pressionar a fita novamente com gaze ou algodão).
A) B) C) 
Figura 37 – Técnica para a obtenção de ovos retidos na região perianal. Uma fita adesiva, com a face colante 
voltada para fora (A), é colocada em contato com a pele da região perianal, com o auxílio de uma espátula de 
madeira (B). A seguir, a fita é transferida para uma lâmina de microscopia, pressionada contra ela com o auxílio de 
um algodão ou gaze, até ficar bem aderida (C), para posterior exame microscópico
Fonte: Ferreira, Scopel e Ferreira (2021, p. 289).
6.9 Colorações permanentes
Em alguns casos, os esfregaços de fezes em lâminas podem ser fixados e corados. As lâminas 
obtidas são consideradas permanentes pois, após a coloração, são recobertas por lamínula e seladas, 
e continuam intactas por longos períodos.
As colorações permanentes são etapas fundamentais do exame parasitológico de fezes, pois têm 
como objetivo confirmar a presença de cistos e/ou de trofozoítos de protozoários. Esse procedimento 
também permite que se observem características detalhadas de protozoários a partir da coloração de 
organelas intracelulares.
As colorações permanentes não são os métodos de escolha para a identificação de ovos ou larvas 
de helmintos, pois essas estruturas se coram de forma muito escura ou aparecem distorcidas. Os ovos 
e larvas de helmintos são mais bem detectados e identificados utilizando técnicas de concentração.
99
PARASITOLOGIA CLÍNICA
Para a confecção de lâminas permanentes, as amostras de fezes devem ser enviadas com 
conservantes específicos, que auxiliam a aderência do esfregaço na lâmina.
As duas colorações mais comumente utilizadas para o exame parasitológico de fezes incluem o 
tricrômio (modificado por Wheatley), utilizado para identificar os trofozoítos e os cistos de protozoários 
intestinais, e a hematoxilina férrica, que revela, de maneira excelente, a morfologia de amebas e de 
outros protozoários intestinais.
Colorações específicas podem ser utilizadas para a identificação de outros grupos de parasitas. 
Essas colorações não fazem parte da rotina de um exame parasitológico de fezes e devem ser 
requisitadas no pedido médico. Um exemplo é a coloração de álcool-acidorresistente (método de 
Ziehl-Neelsen modificado por Kinyoun), que auxilia na identificação dos coccídeos, que ficam corados 
em vermelho-púrpura.
 Resumo
As doenças causadas por endoparasitas intestinais são de grande 
importância na rotina do laboratório de análises clínicas, visto que são 
as mais prevalentes na maioria das comunidades, e estão intimamente 
relacionadas com as condições socioeconômicas da população e com a 
oferta de saneamento básico.
Os sinais e os sintomas mais comuns em pacientes com parasitoses 
intestinais são: diarreia, má absorção, náuseas e vômitos, dor abdominal, 
prurido anal, alterações respiratórias, hepatoesplenomegalia, eosinofilia, 
anemia, febre e dermatites. Essas doenças podem ser causadas por 
protozoários ou por helmintos.
Os protozoários intestinais mais comuns em hospedeiros 
imunocompetentes são as amebas Entamoeba histolytica e Entamoeba 
dispar, causadoras da amebíase, e o flagelado Giardia duodenalis, 
causador da giardíase. Outros protozoários podem ser encontrados 
no trato digestório humano, porém sem causar doença ou causando 
apenas aquelas consideradas oportunistas, como o Cryptosporidium 
hominis e o Cryptosporidium parvum, causadores da criptosporidiose, e o 
Cystoisospora belli, causador da isosporíase.
A principal via de transmissão das protozooses intestinais é a oral-fecal, 
pelo consumo de água e/ou de alimentos contaminados. De maneira 
simplificada, ocorre ingestão dos cistos ou dos oocistos, que se rompem 
na luz do tubo digestório e liberam o trofozoíto. Essa forma evolutiva, 
considerada a forma adulta, prolifera no intestino, e, eventualmente, 
transforma-se em cistos, que são liberados juntamente com as fezes. Por 
100
Unidade II
esse motivo, o diagnóstico geralmente é realizado a partir da pesquisa de 
cistos e, eventualmente, de trofozoítos nas fezes.
A maioria dos helmintos patogênicos é causadora de doenças intestinais. 
Os ciclos biológicos desses animais costumam ser bastante complexos, 
e destaca-se o desenvolvimento de estágios

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