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Neospora caninum - Parasitologia Veterinária

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Ne�spor� caninu�
● Filo: Apicomplexa
● Classe: Conoidasida
● Família: Sarcocystiidae
➢ N. caninum é um protozoário;
➢ Doença: neosporose;
➢ Hospedeiros definitivos: cães, coiotes, lobos, dingos;
➢ Hospedeiros intermediários: bovino, ovinos, caprinos, veados, equinos, raposas,
galinhas, aves selvagens;
➢ Sua distribuição é mundial;
➢ Apesar de atribuirem abortos de bovinos ao toxoplasma, na realidade o Neospora
que é um dos maiores causadores de abortos em bovinos;
➢ Ocasionalmente pode ocorrer em outras espécies como pequenos ruminantes, gatos,
cervídeos, coiotes e bubalinos;
Morfologia:
Morfologicamente é muito semelhante ao Toxoplasma, apresentando-se nas formas de
taquizoítos, bradizoítos, cistos e oocistos.
● Taquizoítos: são a forma intracelular de multiplicação rápida, medem 3 a 7 x 1 a 5μm,
possuem um formato de lua crescente e são globosos.
● Bradizoítos: forma intracelular de multiplicação lenta que se encista, mede de 6 a 8 x
1 a 1,8 μm, semelhantes aos taquizoítos, porém são delgados (mais finos) e com o
núcleo terminal ou subterminal.
● Cistos: medem até 107 μm, com centenas de bradizoítos dentro, são a forma de
resistência no organismo, são mais redondos ou ovais, envoltos por uma membrana
lisa de 1 a 4 μm.
● Oocistos: 10 a 11 μm diâmetro, contém 2 esporocistos em seu interior, com 4
esporozoítos cada, muito semelhantes aos oocistos do Toxoplasma gondii.
A- Ultra-estrutura de taquizoíto; B- Bradizoíto; C- Cisto; D- Oocisto não-esporulado; E- Oocistos
esporulados com dois esporocistos (seta) e dois esporozoítos (cabeça da seta).
Fonte: Goodswen (2013).
Biologia (ciclo e hábito)
● Taquizoítos: Infectam macrófagos, leucócitos polimorfonucleares, neurônios,
fibroblastos, endotélio vascular, miócitos, células tubulares renais, hepatócitos e
trofoblastos (placenta).
● Bradizoítos: observado principalmente em tecido neural e músculo esquelético.
● Cistos: encontrados no sistema nervoso central e ME
● Oocistos: eles não esporulam no hospedeiro e sim no ambiente após 24 a 72 horas.
Ciclo biológico (merogonia, gametogonia e esporogonia):
1. O cachorro ingere tecidos infectados pelo cisto (como a placenta de uma vaca com
neosporose);
2. No interior do cão, o cisto passa pela merogonia, onde a parede do cisto se rompe e os
bradizoítos são liberados, entrando nas células intestinais e ficando em um vacúolo
parasitário;
3. Lá eles se transformam e taquizoítos, que se multiplicam até arrebentar as células do
intestino e circularem pelo corpo, isso ocorre repetidas vezes;
4. Então se inicia a gametogonia: os machos entram nas células e começam a formar
microgametas, que vão se multiplicando até arrebentar a célula, elas circulam pelo
sangue a procura das macrogametas das fêmeas;
5. Caso entrem em uma célula contendo as macrogametas, eles se juntam e formam um
zigoto, que gera o oocisto, e é ele que sai nas fezes.
6. No ambiente ocorre a esporogonia, que é a transformação do oocisto não esporulado
em esporulado, este é capaz de contaminar outros indivíduos.
Ciclo de vida (animais e ambiente):
1. O cão consome carne infectada com os oocistos;
2. Ocorre a merogonia e gametogonia no intestino do cão;
3. Ele libera nas fezes os esporocistos não esporulados;
4. No ambiente, os esporocistos não esporulados se tornam esporulados;
5. Eles podem ser ingeridos por bovinos, podendo ocorrer uma transmissão vertical
(transmissão transplacentária) da doença em casos de fêmeas penhe, o que pode
ocarionar no aborto do feto ou nascimento de um bezerro com a infecção congênita.
6. Se for ingerido a placenta ou a carne de animais contaminados, vai ocorrer a
transmissão dos oocistos.
Transmissão
❖ Transmissão horizontal: água ou alimentos contaminados com oocistos.
❖ Além de bovinos, a transmissão transplacentária também ocorre em ovinos, caprinos,
macacos e cães.
❖ Ocorre também infecção lactogênica, mas não tem importância epidemiológica.
❖ Não há evidências de transmissão venérea ou por transferência de embrião.
❖ Não há transmissão horizontal entre bovinos, somente vertical.
❖ Transmissão placentária: baixa na produção de INFg → reativação dos cistos →
liberação dos taquizoítos → parasita chega na placenta e se multiplica → causa lesão
na placenta → infecta o feto, deixando a nutrição e oxigenaçâo insuficientes →
aborto.
**A infecção não precisa acontecer necessariamente durante a prenhez para se manifestar, se
o animal for positivo, vai se manifestar quando estiver prenhe, fazendo com que as matrizes
tenham abortos em mais de uma gestação.
Patogenia e sinais clínicos
● Bovinos: mais comum em gado leiteiro. Em animais adultos pode ocorrer aborto,
geralmente em torno dos 5 a 6 meses. Os fetos podem morrer no útero e sofrer aborto,
nascer morto, nascer vivo com sintomas da doença, nascer sem sintomas, porém
infectado de forma crônica, o que mantém a doença no rebanho.
● Cães: os adultos apresentam sintomas variados, como quadro neuromuscular,
dermatite piogranulomatosa, miocardite fatal e pneumonia. Os filhotes com a doença
congênita podem apresentar paralisia ascendente e hiperextensão rígida ou flácida. Os
cães podem sobreviver durante meses com paralisia progressiva, meningoencefalite,
insuficiência cardíaca e complicações pulmonares, muitas vezes precisam ser
eutanasiados.
Diagnóstico
● Pode ser feita a pesquisa do agente, porém apenas encontrar os oocistos não é o
suficiente para dar o diagnóstico devido sua semelhança com Hammondia. Utiliza-se
de PCR, cultivo em cultura de células, histopatologia, imuno-histoquímicos e
bioensaio gerbil.
● Exame sorológico de exposição.
Controle/profilaxia
● Em bovinos: transferência de embrião quando as matrizes positivas possuem boa
genética, as doadoras podem ser positivas ou negativas, enquanto as receptoras devem
ser negativas, isso reduz a prevalência no rebanho. Algumas matrizes infectadas
podem ser eliminadas (eutanásia), proteger os alimentos para que não ingiram os
oocistos (difícil quando se há cães soltos na propriedade e os animais ficam no pasto).
● Medidas de controle nos cães incluem evitar alimentá-los com carne crua, enterrar ou
cremar os fetos abortados e natimortos para o cachorro não comer.
Principais diferenças entre Toxoplasmose e Neosporose
Toxoplasma gondii Neospora caninum
Hospedeiro definitivo Felídeos, gato Cachorro, coiote
Hospedeiro intermediário Mais comum em ovinos e
humanos, raro em bovinos
Comum em bovinos, não é
observado em humanos
Transmissão vertical Primoinfecção (primeira
infecção)
Matrizes podem apresentar
abortos durante várias
gestações, a infecção não
precisa ocorrer durante a
prenhes
Eliminação de oocistos Grandes quantidades em
uma única vez
Eliminação com intervalos
Referências:
MOTA, Caroline Martins. Manipulação gênica do protozoário Neospora caninum
como ferramenta para o estudo das interações parasito-hospedeiro. 2016. Tese
(Doutor) - Universidade Federal de Uberlândia, [S. l.], 2016.
TAYLOR, M. A. Parasitologia Veterinária. [S. l.: s. n.], 2017.

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