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PSIQUIATRIA – JÚLIA COLOGNEZI 15 DE SETEMBRO DE 2023 ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS SÍNDROME PSICÓTICA Transtorno psicótico alucinação e delírio; desorganização (característica da esquizofrenia) Alucinações: alterações do domínio da sensopercepção, relacionadas aos sentidos (tato, audição...) Delírio: alteração do juízo de realidade, relacionado ao pensamento (convicção extraordinária, irremovível, conteúdo impossível, produção associal) Diagnóstico sindrômico: síndrome psicótica Síndrome psicótica pode acontecer em vários transtornos nosológicos: Transtorno delirante: só delírio e geralmente pontual Transtorno psicótico breve: remite, sintomas somem e não deixa sequelas Esquizofrenia Transtono esquizoafetivo Transtorno psicótico induzido por substância/medicamento Transtorno psicótico devido a outra condição médica Não relacionados à esquizofrenia Transtorno depressivo com sintomas psicóticos Transtorno afetivo bipolar (tanto na mania quanto na depressão) Nos transtornos relacionados ao uso de SPAs Nos quadros demenciais No delirium (alterações visuais) Na epilepsia (pode acontecer nos períodos de aurea ou durante as crises) Nos transtornos do neurodesenvolvimento (deficiência intelectual) – autismo ESQUIZOFRENIA Caso clínico Sinais e sintomas típicos *nesse caso História familiar Sintomas no pré-morbido: mais tímido e quieto – déficit na habilidade de comunicação e/ou socialização Alucinações – auditiva Delírios – roubo de pensamento, persecutório (percepções delirantes) Pensamentos desorganizados Comportamento bizarro – sai gritando pela rua Sintomas paranoides (delírios e alucinações) Perda de contato com a realidade (quadros mais graves) – se isola Precária consciência da doença – não acha que precisa de tratamento Sintomas de primeira ordem de Schneider Não é patognomônico, mas é muito provável que seja a esquizofrenia quando: Alucinações que comentam ou comandam os atos do paciente (vozes que mandam a pessoa fazer coisas ou comentam o que ela está fazendo) Roubo do pensamento ou outras experiências de influência externa Percepções delirantes (algo que pra todos tem um significado banal, pra ele tem um significado ruim) Experiências somáticas de passividade (coisas influenciam o corpo para sentir coisas, acham que tão fazendo ele sentir dor) PSIQUIATRIA – JÚLIA COLOGNEZI 15 DE SETEMBRO DE 2023 Publicação do pensamento (impressão de que as outras pessoas podem ler o que você pensa) Epidemiologia Distribuição universal De forma geral: 1-2% da população geral Etiologia Transtorno do desenvolvimento neuronal Pessoas com pre-disposição genética desenvolvem alterações na hora de formar os circuitos de neurotransmissão Modelo diástese-estresse: influência de fatores externos – interação dinâmica entre fatores hereditários (diátase) e ambientais (estresse) Neurodesenvolvimento ou neurodegeneração? Alterações no neurodesenvolvimento faz desencadear os sintomas e cada vez que ela tem os sintomas, ela tem neurodegeneração, causando mais sequelas; quando sai do surto, ficam marcas relacionados à afetividade, capacidade de desempenhar funções e trabalhar, dificuldade de socialização E também fica mais sensível a fatores ambientais estressores, que podem desencadear outros episódios Associação genética Gêmeo monozigótico chance de 44% Parente de primeiro grau 10% FATORES DE RISCO Precoce Complicações obstétricas (até 20% dos prontuários de esquizofrênicos) por outro lado, 97% dos pacientes sofreram complicações pós parto não desenvolvem esquizofrenia Na infância QIs menores em crianças com familiares de primeiro grau com esquizofrenia alterações de funções cognitivas, atenção, linguagem e desenvolvimento cognitivo Retraimento e ansiedade social Esses dois relacionados ao bullying, o que faz com o que o fator estressante seja maior ainda Tardios Uso de cannabis: atua nos neurotransmissores, principalmente no uso precoce (adolescência) ALTERAÇÕES Neuropatologia Redução do volume neuronal e das ramificações dendríticas e axonais e não por redução do número de neurônios. Sinapse comprometida. Neuroimagem funcional e estrutural Tem alterações mas não são específicas Reduções volumétricas córtex temporal medial (hipocampo, giro para-hipocampal e amigdala), córtex pré frontal, neocórtex temporal, ínsula gânglios da base e tálamo e alterações funcionais em algumas áreas cerebrais Não consegue dar diagnóstico Usados para descartar outras alterações orgânicas que teriam um tratamento diferente Se tem vários surtos e fica mais comprometido, exacerba essas alterações QUADRO CLÍNICO Variável Polimorfo e heterogêneo Início geralmente por volta dos 18 anos Não há sinais ou sintomas patognomônicos Diagnóstico é feito a partir dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente e pelos dados da anamnese Não há exames laboratoriais ou de imagem que confirmem o diagnóstico Antecedente familiar é relevante Pré-mórbido/prodrômico Antes do surto psicótico 0-13 anos: PSIQUIATRIA – JÚLIA COLOGNEZI 15 DE SETEMBRO DE 2023 Atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor Timidez Poucas amizades Dificuldades escolares. 14-17 anos: Piora no desempenho e abandono escolar Agressividade com colegas e familiares Isolamento social Sintomas depressivos Evolução do quadro O primeiro surto com sintomas psicóticos - pode ser abrupto ou insidioso Insidioso: vai ficando estranha e depois tem o primeiro episódio Quadro residual: sequelas (deterioração a ponto de não retornar ao padrão normal da pessoa) Mesmo que tratada, tem sequelas do surto e pode desenvolver sintomas psicóticos ainda A sequela pode ser os sintomas negativos sem sintomas psicóticos DIANGÓSTICO NOSOLÓGICO Critérios DSM 5 Dois ou mais: - delírio - alucinação - discurso desorganizado - comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico - sintomas negativos (expressão emocional diminuída ou avolia) Precisa ter duração de pelo menos 6 meses Se tem um surto igual ao da esquizofrenia mas remite totalmente, sem sequelas, isso não é esquizofrenia. Se tem um surto igual ao da esquizofrenia mas tem uso de susbtância psicoativa, pode não ser esquizofrenia... SINDROMES PRINCIPAIS RELACIONADAS AOS SINTOMAS DA ESQUIZOFRENIA Sintomas produtivos/positivos Sintomas negativos Sintomas produtivos ou positivos Manifestações novas, floridas e produtivas que “aparecem” mais que os negativos. Novas interpretações para o processo do pensar e para as sensações corporais. • Alucinações • Ideias delirantes, de conteúdo paranoide, auto-referente, de influência ou de outra natureza • Comportamento bizarro, atos impulsivos • Agitação psicomotora • Ideias bizarras • Produções linguísticas novas ( neologismos e parafasias Sintomas negativos Perda de certas funções psíquicas na esfera da vontade, do pensamento, da linguagem, etc.) e pelo empobrecimento global da vida afetiva, cognitiva e social do indivíduo • Distanciamento afetivo • Embotamento afetivo • Retração social • Empobrecimento da linguagem e do pensamento (alogia) • Diminuição da fluência verbal. • Diminuição da vontade (avolição) e hipopragmatismo • Negligência quanto a si mesmo • Lentificação e empobrecimento psicomotor (não se expressa direito, se isola) Relacionado a áreas cerebrais específicas PSIQUIATRIA – JÚLIA COLOGNEZI 15 DE SETEMBRO DE 2023 Diagnóstico diferencial • Não há exames laboratoriais • Diagnóstico clínico • Descartar outras possíveis causas orgânicas dos sintomas psicóticos• Distingue-se dos transtornos esquizoafetivo e bipolar ou depressivo • Difere-se do transtorno psicótico breve que dura menos de seis meses EXAMES SUBSIDIÁRIOS NO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA ESQUIZOFRENIA Pede exames para descartar outros diagnóstico Etapa I 1. Sangue: hemograma completo, ureia e creatinina, enzimas hepáticas (AST, ALT e Gama GT), T4 livre e TSH, sorologia para sífilis e AIDS, VHS/PCR, glicemia de jejum, Na+, K+ 2. Urina: urina I e toxicologia 3. Eletrencefalograma de rotina (com fotoestimulação e hiperpnéia) 4. Ressonância magnética de crânio (sem contraste) TRATAMENTO Multiprofissional: combinação das abordagens farmacológica e psicossocial FASE AGUDA: Considerar questões críticas e emergenciais que afetam a escolha dos medicamentos e o local do tratamento: • Risco de suicídio • Agitação ou violência importantes • Falta de adesão • Abuso de substâncias • Catatonia – precisa internar e descartar condições orgânicas • Efeitos colaterais a tratamentos prévios Antipsicóticos de primeira geração / típicos Dão bastante efeito colateral e, por isso, são complicados a longo prazo (SEP – sintomas extra piramidais) • Haloperidol: 5 – 20mg Muito potente para melhora de sintomas alucinatórios e delirantes e não é sedativo; É a droga mais utilizada em PS (IM) para agitação e agressividade • Clorpromazina 100-1000 mg, sedação, hipotensão, efeitos anticolinérgicos • Levomepromazina 100-1000mg sedação, hipotensão, efeitos anticolinérgicos • Periciazinha • Haldol decanoato: medicação de depósito – injetável IM 1x a cada 28 dias; usado em pacientes que tem má adesão ao tratamento; a partir da aplicação libera uma determinada dose por dia Para tirar de agitação é o haldol simples Haldol deconoato: não segura agitação pois libera aos poucos e se o paciente tem efeito colateral, ele vai liberar aquela medicação por 28 dias; só faz em quem já conhece se tem reação ao haldol SEP acontece com todos eles, principalmente com haloperidol Efeitos colaterais de antipsicóticos típicos SEP Distonia aguda: contratura muscular muito intensa e muito dolorosa de um grupo muscular Acatisia: inquietação e necessidade de se movimentar ARRITMIAS: fazer ECG basal Monitorar para prolongamento de QT Corrigir K e Mg BZD = benzodiazepínico (diazepam, clonazepam) Segunda geração ou atípicos Usado em tratamento crônico Síndrome metabólica como principal complicação • Clozapina 100-800 mg alterações da crase sanguínea/SM/ anticolinérgicos • Risperidona 2-8 mg - SEP em doses altas, aumento prolactina e síndrome metabólica (em menor intensidade do que a olanzapina e quetiapina) • Olanzapina 10-30 SM PSIQUIATRIA – JÚLIA COLOGNEZI 15 DE SETEMBRO DE 2023 • Quetiapina 300-800 Sedação, SM • Ziprazidona 120-160 mg, Sedação • Aripiprazol 10-30 SEP • Paliperidona 6-12mg Sonolência, Taquicardia, hipotensão, aumento da PRL Medicação de depósito: Risperidona ação prolongada e paliperidona (INVEGA) Clozapina: comprovadamente efetivo para sintomas negativos da esquizofrenia e casos refratários a outros medicamentos; em algumas pessoas produz falta de produção de células sanguíneas protocolo de controle por hemograma semanal nas primeiras 18 semanas de uso e depois pelo menos 1 vez ao mês enquanto ela faz o uso da medicação Efeitos Colaterais: SEP - Sintomas Extrapiramidais PRL: Aumento de Prolactina SM: Síndrome Metabólica Resposta ao tratamento • 4-8 semanas para se avaliar, mas já com efeitos nas 2 primeiras semanas. (não tem efeito imediato) • Respondedor: remissão de 20-50 % (da escala PANSS/BPRS). • Remissão: período de 6 meses com gravidade sintomatológica suave. Prognóstico Melhorou com o advento dessas medicações mais novas, que são mais bem toleradas apesar dos efeitos colaterais Tratamento de manutenção (individualizado e integral) • Aliança terapêutica com o paciente e família • Antipsicóticos (via oral ou depósito- avaliar tolerabilidade) • Abordagem psicossocial • Treinamento de habilidades sociais • Abordagem da família (psicoeducação) • Terapia ocupacional • Acompanhamento terapêutico • Centro de Atenção Psicossocial (multidisciplinar) Caso clínico - conduta e evolução FATORES ASSOCIADOS • Abuso e dependência de SPAS • Tabagismo • Maiores taxas de suicídio que na população em geral. • Maior mortalidade por doenças clínicas. • Queixas somáticas associadas. • Depressão, TOC e pânico podem estar associados
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