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Prévia do material em texto

AyurvedA
Prof.ª Fabiana Rodrigues Mandryk
TerApiA
Indaial – 2022
1a Edição
Impresso por:
Elaboração:
Prof.ª Fabiana Rodrigues Mandryk
Copyright © UNIASSELVI 2022
 Revisão, Diagramação e Produção:
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
M273t
Mandryk, Fabiana Rodrigues
Terapia ayurveda. / Fabiana Rodrigues Mandryk – Indaial: 
UNIASSELVI, 2022.
153 p.; il.
ISBN 978-85-515-0533-5
ISBN Digital 978-85-515-0534-2
1. Tradição védica. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 615.5
Olá, acadêmico! 
Seja bem-vindo ao Livro Didático Terapia Ayurveda!
A partir de agora, seremos conduzidos a uma incrível viagem histórica com o 
objetivo de adentrarmos nos meandros de uma das mais antigas tradições do mundo, a 
tradição védica: yoga, vedanta, jyotish, ayurveda.
De todas essas opções, abordaremos o ayurveda e a abhyanga. Ayurveda é 
uma palavra em sânscrito composta por duas palavras, veda e ayuhu, e usualmente 
encontramos uma tradução literal desses dois termos, que nos diz: veda é conhecimento, 
e ayuhu é vida. Portanto, neste momento, vamos considerar que ayurveda é o 
conhecimento da vida. Já abhyanga significa “esfregar os membros do corpo com óleo 
quente” – logo, podemos dizer que é uma massagem, todavia, somente neste momento, 
entenderemos essa palavra com o significado de “massagem”; abhyanga é um dos métodos 
terapêuticos mais utilizados no ayurveda. No decorrer do nosso processo de aquisição de 
conhecimento, desdobraremos esse conceito que é mundialmente conhecido.
Na Unidade 1, abordaremos a contextualização histórica da tradição védica, 
sendo esse tópico muito interessante e importante, pois, ao adentrarmos em um 
conhecimento tão antigo e sagrado, o entendimento da sociedade local e mundial é 
essencial. Faremos uma breve viagem pelo continente asiático e daremos ênfase 
à república da Índia, então estaremos habilitados a conhecer as bases filosóficas da 
tradição védica. Convidamos você a esvaziar sua xícara de todo conhecimento prévio 
que porventura tenha, independentemente do estilo do conhecimento que já tenha 
recebido ou experimentado, tal qual uma criança que passa a conhecer a vida com 
novos olhos. Por fim, abordaremos os conceitos básicos do ayurveda.
Em seguida, na Unidade 2, usaremos muitas palavras em sânscrito e, apesar 
de elas parecerem inicialmente estranhas e confusas, trarão as chaves necessárias 
para a construção do pensamento ayurvédico. Conheceremos os doshas, que são os 
responsáveis pela organização e desorganização de nosso corpo e de nossa mente.
Por fim, na Unidade 3, aprenderemos a abhyanga, que não é a massagem 
ayurvédica. Na verdade, esse termo é uma forma usada para vender massagens corporais 
onde usam óleos para facilitar os deslizamentos das mãos do massoterapeuta pelo corpo 
do cliente. Abhyanga é um conceito, e essa unidade será dedicada ao aprofundamento 
dele e abordaremos todas as possibilidades terapêuticas que o abhyanga se propõe.
Bons estudos!
Prof.ª Fabiana Rodrigues Mandryk
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – 
e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR 
Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite 
que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, 
é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
QR CODE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 — MEDICINA AYURVÉDICA E MASSAGEM AYURVÉDICA ................................. 1
TÓPICO 1 — CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA TRADIÇÃO VÉDICA .............................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 A TRADIÇÃO DAS TRADIÇÕES ...........................................................................................3
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................... 7
AUTOATIVIDADE ....................................................................................................................8
TÓPICO 2 — A ÍNDIA ..............................................................................................................11
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................11
2 A ÍNDIA MODERNA ............................................................................................................ 12
3 IDIOMA ............................................................................................................................... 15
4 SÂNSCRITO ....................................................................................................................... 16
RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................18
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................19
TÓPICO 3 — FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS ....................................................................... 21
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 21
2 MUITO ALÉM DO INCENSO .............................................................................................. 22
3 OS SEIS DARSANAS ........................................................................................................ 24
4 ENUMERAR ...................................................................................................................... 26
RESUMO DO TÓPICO 3 ......................................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 32
TÓPICO 4 — INTRODUÇÃO BÁSICA AO AYURVEDA .......................................................... 35
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 35
2 PANCHAMAHABHUTAS................................................................................................... 36
3 ESTRELANDO: AKASHA, VAYU, AGNI, JALA E PRITHVI ................................................37
4 GUNAS .............................................................................................................................. 38
4.1 GUNAS DA MENTE...............................................................................................................................45
4.2 ÓRGÃOS DE PERCEPÇÃO E DE AÇÃO ...........................................................................................45
4.3 INTER-RELAÇÃO DOS ELEMENTOS ...............................................................................................46
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................47
RESUMO DO TÓPICO 4 ........................................................................................................ 52
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 53
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 55
UNIDADE 2 — ABHYANGA ...................................................................................................57
TÓPICO 1 — DOSHAS ...........................................................................................................59
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................59
2 DEFINIÇÃO ........................................................................................................................59
3 O CORPO DENSO E OS DOSHAS ...................................................................................... 61
4 OS TRÊS DOSHAS ............................................................................................................ 64
5 OS 15 SUBDOSHAS .......................................................................................................... 68
5.1 VATA DOSHA .........................................................................................................................................68
5.1.1 Prana vata ....................................................................................................................................69
5.1.2 Udana vata .................................................................................................................................69
5.1.3 Vyana vata ..................................................................................................................................69
5.1.4 Apana vata ..................................................................................................................................69
5.1.5 Samana vata ..............................................................................................................................70
5.2 PITTA DOSHA .......................................................................................................................................70
5.2.1 Sadhaka pitta ..............................................................................................................................71
5.2.2 Alochaka pitta ............................................................................................................................71
5.2.3 Bhrajaka pitta .............................................................................................................................71
5.2.4 Ranjaka pitta ............................................................................................................................. 72
5.2.5 Pachaka pitta ............................................................................................................................ 72
5.3 KAPHA DOSHA .................................................................................................................................... 73
5.3.1 Tarpaka kapha ........................................................................................................................... 74
5.3.2 Bodhaka kapha ......................................................................................................................... 74
5.3.3 Avalambaka kapha .................................................................................................................. 74
5.3.4 Kledaka kapha ........................................................................................................................... 75
5.3.5 Shleshaka kapha ...................................................................................................................... 75
RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 77
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................78
TÓPICO 2 — AGNI ..................................................................................................................81
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................81
2 DEFINIÇÃO ........................................................................................................................81
3 OS AGNIS .......................................................................................................................... 83
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 90
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 91
TÓPICO 3 — DHATUS ........................................................................................................... 93
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 93
2 DEFINIÇÃO ....................................................................................................................... 94
3 DHATUS: UM POR TODOS E TODOS POR UM .................................................................. 94
4 FORMAÇÃO DE MALAS .....................................................................................................97
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................100
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................102
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................103REFERÊNCIAS ....................................................................................................................105
UNIDADE 3 — COMPONENTES E MANOBRA .....................................................................107
TÓPICO 1 — RITUCHARYA ..................................................................................................109
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................109
2 DEFINIÇÃO ......................................................................................................................109
2.1 MUDARAM AS ESTAÇÕES.................................................................................................................110
2.2 TEMPO ...................................................................................................................................................111
2.3 MEDICINA INDIANA ...........................................................................................................................113
2.4 MENTE SÃ E CORPO SÃO ................................................................................................................113
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 115
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 116
TÓPICO 2 — ABHYANGA .................................................................................................... 119
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 119
2 DEFINIÇÃO ...................................................................................................................... 119
2.1 NUTRIÇÃO ...........................................................................................................................................120
2.2 O SABOR DA PAIXÃO ........................................................................................................................121
2.3 A ORQUESTRA DE SABORES ......................................................................................................... 122
2.4 A PELE ................................................................................................................................................. 127
2.5 OS CORPOS SUTIS ...........................................................................................................................128
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 131
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................132
TÓPICO 3 — ABHYANGA NA PRÁTICA ..............................................................................135
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................135
2 SNEHANA E PREPARAÇÕES TERAPÊUTICAS COM ÓLEOS ESSENCIAIS ...................136
3 BENEFÍCIOS DA ABHYANGA ..........................................................................................138
4 SARVANGA ABHYANGA .................................................................................................138
5 HORA DA ABHYANGA .....................................................................................................139
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................142
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................149
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................150
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................153
1
UNIDADE 1 — 
MEDICINA AYURVÉDICA E 
MASSAGEM AYURVÉDICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• entender a contextualização histórica da tradição védica;
• compreender a Índia na ancestralidade e na atualidade;
•	 identificar	quais	são	os	fundamentos	filosóficos	que	direcionam	a	sociedade	indiana;
•	 refletir	sobre	a	introdução	básica	ao	ayurveda.
	 Esta	unidade	está	dividida	em	quatro	tópicos.	No	decorrer	dela,	você	encontrará	
autoatividades	com	o	objetivo	de	reforçar	o	conteúdo	apresentado.
TÓPICO	1	–	CONTEXTUALIZAÇÃO	HISTÓRICA	DA	TRADIÇÃO	VÉDICA
TÓPICO	2	–	A	ÍNDIA
TÓPICO	3	–	FUNDAMENTOS	FILOSÓFICOS
TÓPICO	4	–	INTRODUÇÃO	BÁSICA	AO	AYURVEDA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA 
DA TRADIÇÃO VÉDICA
TÓPICO 1 — UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Tempo	 imemorial	 é	 uma	 expressão	 que	 define	 com	 perfeição	 a	 jornada	 que	
estamos iniciando agora. Ousaremos trazer o termo em sânscrito satsanga,	 que	 é	
traduzido	 como	 o	 encontro	 com	 a	 verdade,	 pois,	 por	meio	 desse	 encontro	 e	 desse	
estudo,	daremos	o	primeiro	passo	ao	direcionamento	da	possibilidade	da	expressão	de	
nossa natureza essencial.
Pela	 conscientização	 da	 nossa	 natureza	 essencial,	 seremos	 capazes	 de	
construir	nosso	ser	e	habilitá-lo	com	presença	para	cuidar	e	servir	às	pessoas	que	nos	
buscarão	como	terapeutas.
O ayurveda é	considerado	um	conhecimento	eterno	que	sobreviveu	e	sobreviverá	
a	todas	as	transformações	que	ocorreram	e	ocorrerão	no	mundo.	Considerando	essa	
afirmativa,	 podemos	 ter	 a	 noção	 da	 importância	 desse	 estudo	 e	 da	 aplicação	 dessa	
ciência	em	nosso	dia	a	dia.
Neste	tópico,	então,	abordaremos	as	origens	do	ayurveda,	 tendo	como	base	
a	 tradição	 védica.	 Com	 isso,	 seremos	 capazes	 de	 nos	 despir	 de	 equívocos	 que	 se	
popularizam,	especialmente	nos	países	ocidentais,	devido	à	interpretação	equivocada	
das	traduções	dos	livros	clássicos	de	ayurveda.
2 A TRADIÇÃO DAS TRADIÇÕES
O ayurveda	tem	origens	antiquíssimas:	há	registro	de	que	se	iniciou	seu	uso	e	
sua	aplicação	no	fim	da	Idade	da	Pedra	na	região	do	Vale	do	Indo,	atual	Paquistão.
Com	 a	 efervescência	 natural	 das	 tribos	 em	 suas	 excursões	 e	 peregrinações	
exploratórias,	a	Bacia	do	Ganges	ganhou	espaço	e	passou	a	receber	e	acolher	todos	os	
interessados em seguir e estudar a tradição védica.
A	fabulosa	terra	das	especiarias,	das	pedras	preciosas,	dos	pavões	e	das	sedas	
sempre	 ofereceu	 uma	 perspectiva	 atraente	 para	 mercadores	 e	 conquistadores.	 O	
altruísmo	dos	indianos	anuiu-lhes	absorver	influências	do	mundo	exterior,	preservando	
suas próprias particularidades culturais.
4
Assim,	apesar	das	invasões	de	Genghis	Khan	e	dos	mongóis	no	século	XIII,	e	da	
conquista	de	grande	parte	da	Índia	pelos	mongóis	no	século	XVI,	o	ayurveda se manteve 
como	o	antídoto	favorito	para	a	maioria	das	pessoas	e	até	desfrutou	de	chancela	 igual	 
ao de unani,	medicina	árabe	durante	o	reinado	do	imperador	Akbar.
O ayurveda	trouxe	profundidade	de	raciocínio	pela	base	filosófica	que	explica	
e	orienta	sua	forma	de	observação	do	mundo	e	para	o	entendimento	dos	processos	
naturais	da	vida	e	da	morte.	Isso	possibilitou	que	expressões	arcaicas	de	superstição	
caíssem	por	terra	e	adquirissem	clareza.
Os	livros	clássicos	do	ayurveda	recebem	o	nome	de	samhitas,	sendo	a	junção	
de duas palavras: sam,	que	significa	“juntos”,	e	hita,	que	significa	“colocar”,	ou	seja,	é	
a	combinação	e	a	conexão,	a	coleção	de	textos	e	versos.	A	data	do	surgimento	desse	
compêndio	remonta,	aproximadamente,	1200-900	a.C.
A	Índia	abriga	muitos	mistérios	ainda	nos	dias	de	hoje.	Esse	povo	desempenhou	
um	papel	proeminente	no	comércio	de	especiariase	outros	bens	durante	muito	tempo.	
Mantinha	um	porto	cobiçado	chamado	Kerala,	o	Jardim	das	Especiarias	da	 Índia,	desde	 
pelo	menos	3000	a.C.	
A	trajetória	histórica	desse	país	se	mistura	com	a	história.	Certamente	a	herança	
hindu desperta imenso encantamento e curiosidade a respeito do misticismo e da 
cultura,	especialmente	na	população	ocidental.
A	civilização	do	Vale	do	Indo	é	considerada	uma	das	primeiras	do	mundo,	com	
registro	de	surgimento	em	3300	a.C.	Tempos	de	tradição,	de	uma	raça	que	nutre	os	
que	dela	se	aproximam	com	algo	muito	particular,	muito	singular:	a	cultura	do	sagrado.	
Segundo	Feuerstein	(2005,	p.	99),	 "[...]	vem	da	Índia	a	maior	contribuição	à	espiritualidade	
mundial,	inspirando	inclusive	muitas	nações	ocidentais,	tão	carentes	nesse	sentido".
Na	atual	apreciação	ocidental	sobre	filosofia,	percebemos	a	cisão	entre	metafísico	 
e	fé,	mas	na	Índia	essa	divisão	nunca	existiu	–	o	que,	de	certa	maneira,	justifica	tamanha	
admiração	 do	 Ocidente	 pelo	 Oriente,	 considerando	 que	 o	 homem	 guarnece	 uma	
tendência	natural,	uma	carência	de	pertencimento	a	um	grupo,	especialmente	quando	
há	base	na	sacralidade	da	direção	ao	se	relacionar	com	a	espiritualidade.
Podemos	observar	na	Figura	1	que,	originalmente,	essa	região	incluía,	além	da	
própria	Índia,	o	que	hoje	é	o	Paquistão	e	o	Afeganistão.
5
FIGURA 1 – TERRITÓRIO DA ÍNDIA NA ANTIGUIDADE
FONTE: <https://shutr.bz/3MgJzLY>. Acesso em: 2 mar. 2022.
O	interesse	ocidental	na	tradição	védica	se	inicia	de	fato	a	partir	dos	anos	de	
1970,	especialmente	com	a	influência	que	a	banda	The	Beatles	inspirou.	A	conexão	com	
a	música	indiana,	a	raga,	o	yoga e o ayurveda	possibilitou	que	muitos	mestres	indianos	
passassem a visitar o Ocidente. 
Em	1968,	os	músicos	da	banda	The	Beatles	foram	para	Rishikesh,	na	Índia.	Essa	
ideia	partiu	de	George	Harrison:	tudo	começou	no	set	de	filmagem	de	Help,	quando	ele	
viu	 um	 estranho	 instrumento,	 a	 sítar,	 ficando	 hipnotizado	 pelo	 som	 produzido	 por	 ela.	
Pouco	 tempo	 depois,	 por	mera	 curiosidade,	 os	 integrantes	 da	 banda	 foram	 até	 a	 Índia	
comprar	instrumentos	musicais:	Ringo	comprou	uma	tabla,	John	um	sarod,	Paul	um	sítar 
e uma tambura,	George	um	sítar,	um	sarod,	um	surmandal e uma tambura.	 Inebriados	
pela	Índia,	permaneceram	por	algum	tempo	lá,	fizeram	amizade	com	Ravi	Shankar,	tiveram	 
aulas	de	yoga	e	meditação.	Durante	a	viagem,	compuseram	quase	50	canções,	que	
fazem	parte	do	chamado	Álbum branco	(PAIVA,	2016).
Ninivaggi	(2015,	p.	27)	comenta	que	“[...]	a	fome	espiritual	e	a	solidão	existencial	
são	fatores	subjacentes	ao	mal-estar	de	uma	vida	sem	significado”.	Todavia,	no	Oriente,	
podemos	 informar	 os	 seguintes	 marcos	 importantes	 do	 estudo	 dessa	 ciência	 por	
culturas	 distintas:	 durante	 o	 período	 da	 iluminação	 de	Siddhārtha Gautama	 (século	V	
a.C.),	conhecido	por	nós	como	Buda,	um	vaidya	(aquele	que	ensina)	chamado	Jivaka	foi	
um	famoso	cirurgião	que	cuidava	do	próprio	Buda,	de	outros	reis	e	imperadores.	Jivaka	
era	o	médico	pessoal	de	Buda	e	do	rei	indiano	Bimbisara.	Esse	médico	viveu	em	Rajgir	 
(cidade	dos	reis)	e	era	conhecido	como	o	“rei	do	ayurveda”.
6
Para	Saini	(2016,	p.	256),	“Todo	vaidya	dá	a	mesma	ênfase	à	doença	e	à	cura”.	
Os	 egípcios	 estudaram	 ayurveda	 graças	 às	 incursões	 de	 Alexandre,	 o	 Grande;	 em	
1827,	o	primeiro	curso	superior	de	ayurveda	começou	a	ser	ministrado	na	Government	
Sanskrit	College	 (Faculdade	de	Sânscrito),	em	Kolkata,	na	 Índia,	e	daquele	tempo	até	
hoje,	 como	a	 água,	 o	ayurveda	 segue	permeando	nossa	 curiosidade,	 especialmente	
por	ser	tão	antigo	e	tão	aplicável	à	vida	moderna;	em	2003,	o	governo	federal	indiano	
repaginou	o	Ministério	do	Ayurveda	(AYUSH)	e,	atualmente,	o	AYUSH	se	responsabiliza	
pela	ampliação	de	universidades,	pesquisas	e	chancelamento	de	medicamentos	que	
englobam	ayurveda,	unani	(compêndio	de	medicina	árabe),	yoga,	naturopatia,	siddha 
(compêndio	de	manipulação	de	minerais)	e	homeopatia.
7
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
•	 A	 forma	como	essa	 civilização	 toca	 a	humanidade,	 de	 fato,	 tem	algo	de	 especial,	
pois	mesmo	sendo	tão	ancestral,	seu	modo	de	vida	ainda	ressoa	de	forma	positiva	
em	nossa	alma,	aguçando	nossa	curiosidade	e	mantendo	viva	a	intenção	de	buscar	
e	aprofundar	nosso	conhecimento	a	respeito	da	tradição	védica	e	a	busca	de	nossa	
realização pessoal.
•	 Ao	perceber	a	 influência	histórica	que	a	civilização	do	Vale	do	 Indo	exerceu	sobre	
todas	 as	 outras	 sociedades	 com	 que	 tiveram	 contato,	 apesar	 de	 se	 tratar	 de	 um	
conhecimento	ancestral,	ele	permeia	a	história	de	todas	as	épocas.
•	 Somos	 capazes	 de	 observar	 o	 universo	 por	 meio	 da	 percepção	 da	 influência	 do	
sagrado,	 do	 poético,	 do	 filosófico	 e	 da	 aplicação	 de	 sua	 percepção	 no	 cotidiano	
ancestral	e	sua	influência	na	vida	contemporânea.
RESUMO DO TÓPICO 1
8
AUTOATIVIDADE
1	 O	interesse	do	Ocidente	na	tradição	védica	se	inicia	de	fato	a	partir	dos	anos	1970,	
pois	uma	banda	de	música	britânica	teve	a	oportunidade	de	viajar	para	lá	a	fim	de	
participar	de	um	retiro	espiritual.	Considerando	isso,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 A	 banda	 Led	 Zeppelin	 trouxe	 ensinamentos	 da	 Índia	 para	 o	 Ocidente	 após	
passarem	três	meses	nesse	retiro.
b)	 (			)	 A	banda	Deep	Purple	foi	quem	estreitou	os	laços	entre	o	Ocidente	e	o	Oriente.
c)	 (			)	 A	banda	The	Beatles	inspirou	a	conexão	com	a	música	indiana,	a	raga,	o	yoga 
e o ayurveda,	e	possibilitou	que	muitos	mestres	indianos	passassem	a	visitar	o	
Ocidente.
d)	 (			)	 A	banda	Pink	Floyd	escreveu	a	música	The wall	 inspirada	na	viagem	que	fizeram	 
à	Índia.
2	 O	governo	 indiano	ajustou	o	que	era	então	 identificado	como	Ministério	da	Saúde	
indiano	para	um	totalmente	novo	ministério,	chamado	AYUSH.	Esse	ajuste	ocorreu	
devido	 à	 necessidade	 de	 enfatizar	 modelos	 de	 cuidados	 da	 saúde	 tradicionais.	
Considerando	isso,	analise	as	afirmativas	a	seguir:
I-	 Ayurveda,	yoga,	naturopatia,	unani,	siddha	e	homeopatia	fazem	parte	das	disciplinas	
e	das	modalidades	contempladas	pelo	AYUSH.
II-	 Unani	é	o	sistema	de	medicina	tradicional	árabe.
III-	 Na	Índia,	não	se	estuda	homeopatia.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	III	está	correta.
3	 Com	 a	 efervescência	 natural	 das	 tribos	 em	 suas	 excursões	 e	 peregrinações	
exploratórias	à	Bacia	do	Ganges,	o	povo	 indiano	passou	a	receber	e	acolher	todos	
os	interessados	em	seguir	e	estudar	a	tradição	védica.	Considerando	essa	afirmação,	
classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	A	civilização	do	Vale	do	Indo	é	considerada	uma	das	primeiras	civilizações	do	mundo:	
seu	registro	de	surgimento	se	refere	a	3300	a.C.
(			)	A	fabulosa	terra	das	armas,	de	exímios	guerreiros	e	belíssimas	dançarinas	sempre	
ofereceu	uma	perspectiva	atraente	para	mercadores	e	conquistadores.
(			)	Os	persas	estudaram	ayurveda	graças	às	incursões	de	Alexandre,	o	Grande.
9
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	-	F	-	F.
b)	 (			)	 V	-	F	-	V.
c)	 (			)	 F	-	V	-	F.
d)	 (			)	 F	-	F	-	V.
4	 Segundo	 Feuerstein	 (2005,	 p.	 99),	 "[...]	 vem	 da	 Índia	 a	 maior	 contribuição	 à	
espiritualidade	 mundial,	 inspirando	 inclusive	 muitas	 nações	 ocidentais,	 tão	 carentes	
nesse	sentido”.	O	Oriente,	especialmente	a	 Índia,	 reflete	a	 importância	da	sacralidade.	
Considerando	a	afirmação,	disserte	sobre	o	motivo	pelo	qual	a	cultura	do	sagrado	
passou a ganhar espaço em nossa sociedade.
FONTE: FEUERSTEIN, G. A tradição do yoga. 2. ed. São Paulo: Pensamento, 2005.
5	 Além	da	 busca	 do	 entendimento	 de	 si	 poder	 ser	 proporcionada	pelos	 estudos	 da	
tradição	védica	e	pelo	amor	ao	conhecimento	que	vem	do	uso	da	filosofia	em	nosso	
dia	a	dia,	acessamos	as	matrizes	mais	diversas	sobre	tudo	o	que	faz	parte	de	nossavida	privada	e	em	sociedade.	Nesse	sentido,	disserte	porque	os	ensinamentos	da	
tradição védica são considerados atemporais.
10
11
A ÍNDIA
UNIDADE 1 TÓPICO 2 — 
1 INTRODUÇÃO
Como	era	a	vida	na	região	da	Índia	há	7	mil	anos?	Essa	ainda	é	uma	pergunta	
que	não	quer	se	calar	e	existem	muitas	variações	nas	 respostas	que	tangem	a	essa	
questão.	Uma	visão	que	podemos	considerar	é	a	colonialista,	datada	do	século	XIX.	
O	maior	linguista,	orientalista	e	mitólogo	alemão,	Max	Müller	(1859),	defende	que	
a	civilização	do	Vale	do	Indo	teria	entrado	em	conflito	com	um	povo	nômade	e	bárbaro,	
chamado	arianos	védicos.	Esse	suposto	conflito	teria	acontecido	por	volta	do	século	II	
a.C.,	e	foi	 identificado	nessa	 região	o	hinduísmo	primitivo	ou	brahmanismo,	 segundo	
Renou	(1979	apud	TINOCO,	2005).
Em	1921,	chegou	até	nós	a	ciência	das	descobertas	de	vestígios	arqueológicos	
nas	regiões	de	Mohenjo-daro	e	Harappa,	às	margens	do	rio	Indo,	onde	atualmente	se	
situa	o	Paquistão.	Isso	fortaleceu	a	teoria	defendida	por	hindólogos,	eruditos,	estudiosos	
do	 Oriente,	 entre	 eles	 Georg	 Feuerstein	 (2005):	 a	 de	 que	 nunca	 houvera	 qualquer	
invasão	de	povos	bárbaros.	Essa	descoberta	também	contribuiu	para	elucidar	que	os	
arianos	seriam	também	naturais	da	região	do	Vale	do	Indo,	e	não	nômades.	Era	um	povo	
de	hábitos	pacíficos	e,	por	conta	dessa	característica,	estabeleceu,	de	forma	natural	e	
gradual,	a	sua	cultura	a	outros	povos	que	por	ali	passavam.
O brahmanismo	não	seria,	portanto,	uma	 religião	 "clandestina",	à	margem	da	
tradição	védica,	e	o	sânscrito	 já	era	a	 língua	nativa	 local.	Esse	novo	cenário	permitiu	
inferir	 que	a	cultura	védica	 sempre	pertenceu	à	cultura	ancestral	 da	 Índia,	 e	que	os	
vedas	representam	o	que	há	de	mais	legítimo	acerca	das	tradições	espirituais	existentes	
nessa região.
Os	 vestígios	 encontrados	 nas	 escavações	 desconstroem	 a	 teoria	 da	 existência	
de	batalhas	 ou	de	um	processo	de	 "descontinuidade"	 defendido	 anteriormente.	 Se	não	
houve	conflitos	e	se	os	povos	conviviam	na	região	pacatamente,	o	que	ocorreu	foi	uma	
constância,	uma	progressão	 instintiva	na	permuta	cultural,	alcançando	a	predominância	 
de	uma	dessas	culturas	sobre	as	demais.
Os	grupos	étnicos	que	formaram	a	Índia	eram	os	aborígenes,	classificados	como	
proto-australoides,	 por	volta	 de	 7000	 a.C.;	 segundo	Aghorananda	 (2006,	 p.	 35),	 “[...]	
os	proto-australoides,	ou	aborígenes	da	 Índia,	falavam	línguas	características	munda	 
ou	kolárias”.	
12
Aproximadamente	 em	 3000	 a.C.,	 o	 Vale	 do	 Indo	 foi	 ocupado	 e	 explorado	 por	
uma	civilização	conhecida	como	dravídica,	a	qual	deu	origem	às	cidades	do	eixo	do	Vale	 
Indo-Sarasvati	(os	dois	principais	rios	da	região).	
Em	1800	a.C.,	foi	 registrada	a	chegada	dos	arianos,	não	de	uma	vez	só,	mas	
em	grupos,	que	foram	estabelecendo	uma	supremacia	cultural	e	linguística	(falavam	o	
sânscrito)	sobre	as	demais	culturas.
Alguns	aspectos	da	pré-história	dravidiana,	com	base	no	vocabulário,	abordam	a	
história	das	tribos	dravidianas.	Está	aberto	com	um	resumo	útil	da	história	 linguística	de	
dravidianos.	Com	base	em	um	extenso	e	bem-organizado	vocabulário	protodravidiano	
de	termos	culturais,	Southworth	(2004,	p.	255)	reconstrói	vários	aspectos
[…]	 da	 cultura	 protodravidiana,	 como	 agricultura;	 relações	 políticas,	
sociais	e	econômicas;	cultura	material;	e	tecnologia.	Uma	conclusão	
importante	 que	 se	 pode	 tirar	 desta	 análise	 é	 que	 o	 vocabulário	
reconstruído	do	proto-sul	dravidiano	 implica	uma	sociedade	que	é	
muito	mais	 avançada	do	que	qualquer	 encontrado	no	 sul	 da	 Índia	
antes	do	início	do	final	do	período	de	antes	de	Cristo.	
Há	muita	 divergência	 entre	 as	 teorias,	muita	 vanglória	 na	 interpretação	 dos	
textos	que	as	sustentam.	Afinal,	o	que	é	mais	 importante	para	a	humanidade:	datas	
exatas	que	satisfariam	muito	mais	egos	do	que	a	ciência	ou	os	benefícios	que	essa	
cultura	trouxe	para	o	mundo	ocidental?
Adiante	entenderemos	os	aspectos	da	 Índia	na	atualidade	e	como	toda	essa	
influência	ancestral	 ainda	permeia	a	vida	moderna,	marcando	e	determinando	ainda	
certos comportamentos sociais e crenças.
2 A ÍNDIA MODERNA
A	 Índia	 está	 localizada	 no	 sul	 da	 Ásia	 e	 é	 o	 segundo	 país	 mais	 populoso	 e	
democrático	do	mundo.	
Segundo	o	colunista	Jorge	Fonseca	de	Almeida,	do	Jornal de Negócios (2021,	
s.	p.),	“A	Índia	é	a	maior	democracia	do	mundo.	As	suas	instituições	foram	herdadas	do	
colonialismo	britânico.	Como	em	Portugal	existe	um	parlamento	eleito	e	o	presidente	é	
escolhido	pelo	voto	dos	cidadãos”.	
Ela	é	banhada	por	água	em	três	lados:	a	Baía	de	Bengala	a	sudeste,	o	Oceano	
Índico	a	sul	e	o	Mar	Arábico	a	sudoeste.	Os	países	vizinhos	incluem	China,	Nepal	e	Butão	
a	nordeste,	Paquistão	a	oeste,	Bangladesh	e	Mianmar	a	leste.	Várias	fronteiras	do	norte	 
da	 Índia	estão	em	disputa,	com	a	China	e	o	Paquistão	 reivindicando	algum	território	
(ÍNDIA,	2022).
13
Hoje temos muitos filmes indianos disponíveis, faz muito sentido assisti-
los. Isso porque a cultura indiana tem um quê de autoestima fortalecida; 
embora, em muitos momentos históricos, têm sido subjugados por outras 
culturas e sociedades, os indianos jamais se afastam das suas crenças e 
do seu estilo de vida. Recomendamos o filme Pad man, que é baseado em 
uma história real.
DICA
A	 Índia	 tem	 uma	 população	 de	 aproximadamente	 1,5	 bilhão	 de	 pessoas	 e	 deve	
se	tornar	o	mais	populoso	do	mundo	(COUNTRY	METERS,	2022).	Ela	também	tem	a	maior	
população	de	jovens	e	o	maior	número	de	indianos	que	vivem	no	exterior	(15,6	milhões).	
Estima-se	 que	 a	 Índia	 tenha	 mais	 de	 2	 mil	 grupos	 étnicos	 que,	 para	 fins	
governamentais,	 são	 separados	 com	 base	 nas	 famílias	 linguísticas,	 com	 o	 povo	
dravidiano	ao	sul	e	o	indo-ariano	ao	norte.	
É	um	país	peculiar	por	várias	razões	e	uma	delas	é	a	grande	semelhança	com	o	
Brasil,	não	sendo	à	toa	que	em	nosso	“descobrimento”	os	portugueses	pensaram	que	
tinham	chegado	à	Índia.
Há	 algumas	 histórias	 engraçadas	 como,	 por	 exemplo,	 a	 origem	 da	 manga	
(Mangifera indica L.):	segundo	os	indianos,	essa	fruta	foi	levada	para	o	território	indiano	
depois	que	um	cozinheiro	indiano	de	uma	nau	portuguesa	levou	um	caroço	para	a	sua	
terra natal.
A	 diversidade	musical	 e	 artística	 é	 extremamente	 encantadora,	 percorrendo	 as	
clássicas,	 as	 folclóricas	 e	 as	 populares,	 sendo	uma	 joia	 real.	 Os	 dois	 tipos	principais	 de	
música	clássica	são	a	hindustani e a carnatic,	sendo	esta	também	conhecida	por	raga,	
e estão relacionados ao sul da Índia e remontam aos vedas,	assim	como	o	ayurveda 
(NEUMANN,	2015).
No filme O discípulo, é possível observar a intenção de aprender 
música clássica indiana. Esse comportamento na busca pela 
excelência é algo que às vezes conduz às pessoas a crises 
existenciais. No contexto indiano da história, é possível fazer 
muitos paralelos com os dilemas que também afligem aos 
ocidentais. Então, em vez de a música ser uma forma de acessar 
o estado da arte e se conectar com o divino, se transforma em 
um algoz de perfeccionismo.
DICA
14
O estilo hindustani	 teve	 influências	 da	 Pérsia	 e	 da	 Carnatic,	 focando	 em	
composições	 védicas	 (samaveda e rgveda),	 sendo	 orações	 e	 louvores	 à	 vida.	 Para	
a	 execução	 dessas	 músicas,	 são	 utilizados	 a	 veena	 (instrumento	 de	 cordas	 que	 é	
dedilhado),	a	cítara	 (uma	variação	da	veena),	a	tabla	 (instrumento	de	percussão)	e	o	
taus	(instrumento	de	corda)	(NEUMANN,	2015).
Como	 todas	 as	manifestações	 artísticas	 na	 cultura	 indiana,	 a	música	 clássica	
desse	 país	 é	 considerada	 sagrada	 e	 se	 originou	 dos	devas e devis	 (deuses	 e	 deusas	
hindus).	Antigos	postulados	também	descrevem	a	conexão	da	origem	dos	swaras,	 ou	 
notas	musicais,	com	os	sons	de	animais,	como	os	pássaros,	e	as	tentativas	do	homem	
em	 simular	 esses	 sons	 por	 meio	 de	 um	 delicado	 senso	 de	 observação	 e	 acuidade	
auditiva	(NEUMANN,	2015).
FIGURA 2 – MÚSICA CLÁSSICA INDIANA
FONTE: <https://shutr.bz/3IEKcga>.Acesso em: 2 mar. 2022.
A	Índia	também	tem	uma	próspera	indústria	de	música	contemporânea	e	é	o	
lar	de	muitos	estilos	de	dança,	como	a	clássica	nritya sangam,	a	folclórica,	a	tribal	e	a	
contemporânea,	popularmente	conhecida	como	Bollywood (NEUMANN,	2015).
A	dança	é	tão	variada	que	a	Sangeet	Natak	Akademi	 (Academia	Nacional	de	
Música,	 Dança	 e	 Drama)	 reconhece	 oito	 estilos	 diferentes	 de	 dança	 clássica,	 sendo	
um deles o kathak,	 em	que	o	dançarino	 representa	as	histórias	de	deuses	e	deusas	
(NEUMANN,	2015).
15
FIGURA 3 – ATORES DE KATHAK
FONTE: <https://shutr.bz/3HDlPOO>. Acesso em: 2 mar. 2022.
Tal	qual	a	dança	e	a	música,	a	culinária	indiana	é	um	verdadeiro	espetáculo,	pois	
eles	 têm	habilidades	 incríveis	 de	 combinar	 especiarias	 na	 composição	 de	 cada	 prato.	
Contam	com	uma	grande	variedade	de	alimentos,	ervas,	especiarias,	frutas	e	vegetais	
cultivados	localmente.	Na	base	da	alimentação	da	população,	temos	o	arroz	basmati,	a	
farinha	de	trigo	e	muitas	lentilhas.
Grande	parte	da	população	indiana	é	vegetariana.	Um	prato	popular	da	região	norte	
é	o	frango	tandoori,	que	é	marinado	em	buttermilk	e	temperado	com	pimenta-vermelha	em	
pó,	açafrão	e	pimenta-caiena	antes	de	ser	cozido	em	um	forno	de	barro	(conhecido	como	
tandoor).	Já	na	região	sul	um	prato	típico	é	a	masala dosa,	feito	com	arroz,	lentilha,	batata,	
feno	grego	e	folhas	de	curry,	sendo	servido	com	chutneys e sambhar.
3 IDIOMA
O	idioma	mais	falado	na	Índia	é	o	híndi,	embora	o	inglês	seja	importante	para	a	
comunicação	nacional,	política	e	comercial.	Há	uma	diversidade	de	línguas	faladas,	com	
no	mínimo	122	línguas	principais	e	mais	de	1.500	outras	línguas.
Christopher	Moseley	(2010),	editor	do	Atlas das línguas em perigo,	publicado	pela	
Organização	das	Nações	Unidas	para	Educação,	Ciência	e	Cultura	(Unesco)	em	2010,	
reconhece	o	seguinte	idioma	como	oficial:	Híndi.
•	 Língua	oficial	da	administração	federal:	inglês.
•	 Línguas	oficiais	reconhecidas	pelo	governo	federal:
◦ Assamês	–	língua	oficial	de	Assam.
◦ Bengalês	–	língua	oficial	de	Bengala	Ocidental.	
◦ Bodo	–	língua	oficial	de	Assam.
◦ Canará	–	língua	oficial	de	Karnataka.
◦ Caxemira	–	língua	oficial	de	Jammu	e	Caxemira.	
16
◦ Concânio	–	língua	oficial	de	Goa.
◦ Dogri	–	língua	oficial	de	Jammu	e	Caxemira.
◦ Guzerate	–	língua	oficial	de	Dadrá,	Nagar-Aveli,	Damão,	Diu	e	Guzerate.
◦ Híndi	 –	 língua	 oficial	 de	 Arunachal	 Pradesh,	 Ilhas	 Andamão	 e	 Nicobar,	 Bihar,	
Chandigarh,	Chhattisgarh,	Deli,	Haryana,	Himachal	Pradesh,	Jharkhand,	Madhya	
Pradesh,	Rajastão,	Uttar	Pradesh	e	Uttaranchal.	
◦ Maithili	–	língua	oficial	de	Bihar.	
◦ Malaiala	–	língua	oficial	de	Kerala	e	das	Laquedivas.
◦ Manipuri ou Meithei	–	língua	oficial	de	Manipur.	
◦ Marata	–	língua	oficial	de	Maharashtra.	
◦ Nepali	–	língua	oficial	de	Siquim.	
◦ Oriá	–	língua	oficial	de	Orissa.	
◦ Panjabi	–	língua	oficial	do	Panjabe,	segunda	língua	oficial	de	Deli	e	Haryana.
◦ Sânscrito	–	língua	do	hinduísmo,	obrigatória	em	muitas	escolas.	
◦ Tâmil	–	língua	oficial	de	Tâmil	Nadu	e	Pondicherry.
◦ Telugo	–	língua	oficial	de	Andhra	Pradesh.	
◦ Urdu	–	língua	oficial	de	Jammu	e	Caxemira,	alguns	distritos	em	Andhra	Pradesh,	
Deli	e	Uttar	Pradesh.
4 SÂNSCRITO
Sanskritam	 é	 um	 adjetivo	 composto	 por	 duas	 palavras:	 sam,	 que	 significa	
“bem”,	“bom”,	“perfeito”,	e	krta,	que	significa	“feito”,	“formado”,	“funciona”.	Essa	preciosa	
etimologia	 indica	 uma	 obra	 que	 foi	 bem	 preparada,	 pura	 e	 perfeita,	 polida,	 sagrada	
(HART,	2006).
O estudo do sânscrito agrega muito conhecimento à estruturação 
do pensamento ayurvédico, pois, além de promover as conexões 
necessárias entre os termos, proporciona benefícios fisiológicos, 
por ser o único idioma que utiliza todos os nervos da língua, 
melhora consideravelmente a irrigação sanguínea dessa região, 
da face e do crânio. Uma bela curiosidade é que o estudo 
do sânscrito é recomendado como processo terapêutico na 
recuperação de pessoas com doenças neurodegenerativas.
INTERESSANTE
17
Segundo	Hart	 (2006,	p.	7),	 “[...]	o	sânscrito	talvez	seja	o	único	fio	que	une	as	
muitas	 culturas	 díspares	 da	 Índia”,	 logo	 isso	 seria	 motivo	 suficiente	 para	 qualquer	
estudante	da	 Índia	 aprendê-lo,	mas	há	 outras	 razões	que	 são	 igualmente	válidas.	O	
sânscrito ou samskritabhāsa	 (a	 língua	 refinada)	 evoluiu	 da	 língua	 em	 que	 os	 vedas 
foram	escritos	 em	algum	momento	na	última	metade	do	 segundo	milênio	 a.C.,	 uma	
língua	conhecida	como	védico	ou	sânscrito	védico.
Cogitamos	que	o	sânscrito	védico	poderia	nunca	ter	sido	realmente	uma	língua	
falada	pelas	pessoas	comuns,	sendo	padronizado	de	uma	vez	por	todas	pelo	grande	
gramático	Păpini	e	seus	predecessores	por	volta	do	século	V	a.C.	Daquela	época	até	a	
hegemonia	dos	muçulmanos,	permaneceu	como	a	principal	língua	usada	na	Índia	para	 
a	comunicação	de	uma	região	para	outra.	Além	disso,	foi	a	 língua	usada	para	grande	
parte	da	atividade	cultural	da	região	por	quase	2	mil	anos.	Como	o	chinês,	o	árabe,	o	
grego	e	o	latim,	foi	uma	das	poucas	línguas	portadoras	de	uma	cultura	por	um	longo	
período	de	tempo.
Assim,	 a	 importância	 e	 a	 quantidade	 desses	 escritos	 são	 impressionantes	 e	
podemos citar os vedas,	as	upanishads,	a	literatura	clássica,	a	literatura	erótica,	a	filosofia,	
a	religião,	a	medicina,	a	matemática,	as	leis,	os	rituais,	a	arquitetura,	a	história	etc.	Sobre	a	
maioria desses assuntos existe uma imensa literatura ainda existente.
De	fato,	há	uma	estimativa	aproximada	das	obras,	que	são	listadas	em	um	total	
de	cerca	de	160	mil	que	ainda	estão	somente	em	sânscrito,	muitas	delas	tão	difíceis	
que	 seriam	necessários	 anos	de	estudo	para	 compreendê-las	 adequadamente.	Como	
exemplo	de	obra	literária,	citamos	o	Mahabharata,	que	pode	ser	considerado	como	a	
Ilíada e a Odisseia.
Todas	as	línguas	indianas	(exceto	o	tâmil e o urdu)	utilizam	o	sânscrito	para	a	
maior	parte	de	seu	vocabulário	técnico,	pois	esse	vocabulário	tem	dezenas	de	milhares	 
de	palavras	inalteradas.	A	Índia	antiga	e	a	medieval	conhecem	apenas	o	sânscrito.
18
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
•	 A	percepção	e	o	entendimento	da	preservação	da	cultura	social,	religiosa	e	artística	
fazem	 com	 que	 reforcemos	 a	 percepção	 da	 força	 dessa	 cultura.	 Dessa	 forma,	
podemos	entender	que,	de	fato,	toda	tradição	védica	resiste	e	perdura	às	invasões	
que	a	região	sofreu.
•	 A	 identidade	 cultural	 e	 educacional	 é	 preservada	 pelo	 sânscrito,	 além	 de	 toda	 a	
importância	que	esse	idioma	tem	para	a	preservação	do	estudo	da	tradição	védica.
•	 O	sagrado	é	fundamental	em	tudo	o	que	tange	a	vida,	logo,	a	partir	do	momento	em	
que	nos	tornamos	terapeutas,	nos	vemos	capazes	de,	ao	menos	durante	o	processo	
terapêutico,	a	pessoa	que	nos	buscou	acesse	um	local	sagrado.
•	 Mesmo	 a	 Índia	 sendo	 um	país	 que	 está	 se	modernizando,	 os	 registros	 ancestrais	
permanecem	preservados	e	são	transmitidos	a	todos	que	buscam	se	aprofundar	na	
essência	desse	povo	e	dessa	cultura.
RESUMO DO TÓPICO 2
19
AUTOATIVIDADE
1	 Na	história	da	Índia,	essencialmente,	o	mundo	naquela	região	vivia	a	efervescência	
do	 comércio	 de	perfumes,	 sedas	 e	 especiarias,	 e	 que	 tem	 registros	 de	mais	 de	 7	
mil	anos,	mesmo	parecendo	impossível	imaginar	essa	situação	em	um	momento	tão	
distante.	Nesse	contexto,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 A	 Índia	pré-histórica	foi	 confirmada	pelos	achados	arqueológicos	em	Mohenjo-
daro	e	isso	confirmou	que	essa	região	é	a	civilização	mais	antiga	da	história.
b)	 (			)	 Escavações	em	Mysore,	em	2900	a.C.,	indicam	que	a	Índia	é	a	civilização	mais	
antiga da história.
c)	 (			)	 Os	 épicos	 mais	 importantes	 da	 civilização	 indiana	 são	 o	 Mahabharata e o 
Horoshastra.
d)	 (			)	 Cada	um	dos	principais	vedas	se	divide	em	oito	seções.
2 O sânscrito ou samskritabhāsa	(a	língua	refinada)	evoluiu	da	língua	em	que	os	vedas 
foram	escritos	em	algum	momento	na	última	metade	do	segundo	milênio	a.C.,	uma	
língua	conhecida	como	védico	ousânscrito	védico.	Considerando	o	exposto,	analise	
as	afirmativas	a	seguir:
I-	 O	estudo	do	sânscrito	agrega	muito	conhecimento	à	estruturação	do	pensamento	
ayurvédico,	 pois,	 além	 de	 promover	 as	 conexões	 necessárias	 entre	 os	 termos,	
proporciona	benefícios	fisiológicos	por	ser	o	único	idioma	que	utiliza	todos	os	nervos	 
do nariz.
II-	 Objetivamente,	por	ser	o	único	idioma	que	utiliza	todos	os	nervos	da	língua,	melhora	
consideravelmente	a	irrigação	sanguínea	dessa	região,	da	face	e	do	crânio.
III-	 A	Unesco	reconhece	1.550	línguas	oficiais	na	Índia.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	III	está	correta.
3	 A	 manifestação	 artística	 indiana	 é	 riquíssima.	 Quando	 focamos	 nas	 execuções	
musicais,	nos	deparamos	com	uma	variedade	de	instrumentos,	além	da	influência	de	
outros	povos	nos	arranjos	da	Antiguidade	e	nos	contemporâneos.	Considerando	essa	
afirmação	e	nossos	estudos,	classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	 
as	falsas:
20
(  	)	O	 estilo	 hindustani	 teve	 influências	 da	 Pérsia	 e	 da	 Carnatic,	 sendo	 focado	 em	
composições	védicas	(samaveda e rgveda),	que	são	orações	e	louvores	à	vida.
(	  )	Para	a	execução	da	raga,	a	tabla	(instrumento	de	cordas	que	é	dedilhado),	a	cítara 
(uma	variação	da	veena),	a	tambura 	(instrumento	de	percussão)	e	o	taus	(instrumento	
de	corda)	são	alguns	dos	instrumentos	usados	nesse	tipo	de	música.
(   )	Como	todas	as	manifestações	artísticas	na	cultura	indiana,	a	música	clássica	desse	
país	é	considerada	sagrada	e	se	originou	dos	devas e das devis	(deuses	e	deusas	
hindus).
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	-	F	-	F.
b)	 (			)	 V	-	F	-	V.
c)	 (			)	 F	-	V	-	F.
d)	 (			)	 F	-	F	-	V.
4	 O	sânscrito,	em	algumas	fontes,	é	considerado	uma	 língua	morta.	Ele	surgiu	de	uma	
variedade	pré-clássica	chamada	de	sânscrito	védico,	língua	usada	no	compêndio	que	
compreende todos os vedas.	Disserte	sobre	o	sânscrito	ser	ou	não	ser	um	idioma	morto.
5	 As	descobertas	de	vestígios	arqueológicos	nas	regiões	de	Mohenjo-daro	e	Harappa,	
às	margens	do	rio	Indo,	onde	atualmente	se	situa	o	Paquistão,	indicou	a	hindólogos,	
eruditos,	 que	 nunca	houve	 qualquer	 invasão	 de	 povos	 bárbaros.	Disserte	 sobre	 o	
motivo	pelo	qual	você	acredita	que	essa	afirmação	é	coerente.
21
TÓPICO 3 — 
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A	Índia	realizou	muitas	manifestações	na	esfera	da	ciência,	astrologia,	cultura,	
arte,	 arquitetura,	 matemática	 e	 astronomia.	 Contudo,	 a	 realização	 mais	 importante	
ocorreu	no	campo	do	pensamento;	 com	um	compêndio	bem	composto,	 acomodava	
incumbências	práticas	da	existência	com	a	filosofia.
Usaremos muitos termos em sânscrito para nos aprofundar 
em seus significados, pois ele preserva a riqueza do significado 
da palavra e facilita a construção do pensamento ayurvédico no 
aprendizado. Tenha acesso a um bom dicionário de sânscrito em: 
https://estudesanscrito.com/.
DICA
A	 filosofia	 (do	 latim	 amor	 ao	 conhecimento)	 da	 Índia	 não	 seria	 apenas	 um	
exercício	da	 razão,	e	sim	a	manifestação	elegante	do	sutil	e	do	denso,	do	 racional	e	
do	 emocional,	 do	 lógico	 e	 do	 intuitivo.	 O	 objetivo	 do	 conhecimento	 não	 é	 o	 próprio	
conhecimento,	mas	sim	o	entendimento	da	importância	do	contato	interno,	da	própria	
soberania	adquirida	pela	luminosidade	do	exercício	da	sapiência	na	vida	cotidiana.
Como	obras	formidáveis,	podemos	citar:	brahmanas,	que	são	os	comentários	
feitos	por	estudiosos	dos	vedas	a	respeito	dos	mantras	e	hinos	védicos.	Grande	parte	
dos vedas	foi	escrito	em	verso,	para	facilitar	a	memorização	e	acessos	a	essas	chaves	de	
conhecimento,	e	as	explicações	associadas	têm	por	objetivo	esmiuçar	o	que	está	sendo	 
dito,	trazendo	o	significado	profundo	de	cada	sutra	(verso);	aranyakas,	que	também	derivam	
das	escrituras	definidas	como	os	brahmanas,	todavia	trazem	conteúdos	ritualísticos	que	
devem	 ser	 acessados	 somente	 pelas	 pessoas	 que	 passaram	 pelos	 ritos	 sagrados	 da	
iniciação	que	os	habilita	a	acessar	esses	versos	esotéricos;	por	fim,	upanishads,	que	
têm	o	significado	de	 “sentar-se	abaixo	e	próximo”	do	mestre	ou	professor	para	ouvir	
uma	instrução.	São	a	parte	mais	recente	dos	vedas e estão popularmente associados 
ao vedanta.	Podemos	afirmar,	então,	que	essas	são	as	principais	fontes	de	composição	
da	literatura	que	hoje	conhecemos	por	vedas.
22
2 MUITO ALÉM DO INCENSO
Darśana,	 em	 sânscrito,	 é	 o	 termo	 utilizado	 para	 filosofia,	 com	 raiz	 dṛś,	 que	
significa	“ver”	ou	“observar”,	e	pode	ser	traduzido	como	“ponto	de	vista”.
Os	 sábios	 indianos	 detinham	 discernimento	 para	 a	 percepção	 apurada:	 eles	
observavam	com	olhos	de	ver	e	ouviam	com	ouvidos	de	ouvir,	ou	seja,	estavam	atentos	
ao	que	era	autêntico,	espontâneo,	tanto	em	nível	sutil	quanto	no	físico.	O	objetivo	de	
estudar	filosofia	não	se	tratava	meramente	de	exercitar	o	intelecto,	e	sim	de	encontrar	
uma	visão	da	realidade.	Um	darśana	era	tradicionalmente	transmitido	de	forma	oral,	do	
professor	(guru)	para	o	aluno	(chela).	Após	um	darśana	ser	registrado	por	escrito,	ele	
passava	a	ser	classificado	como	sruti	(ouvido)	e	smriti	(memorizado)	(PAYNE,	1997).
Dentro	da	categoria	do	conhecimento	que	foi	ouvido,	os	brahmanas	 (compostos	
entre	os	séculos	VIII	e	VI	a.	C.)	são	obras	de	cunho	ritualístico,	em	que	são	descritos	
rituais	 solenes	 com	 oferendas,	 e	 a	 construção	 de	 um	 altar	 em	 forma	 de	 águia,	 por	
exemplo	(PAYNE,	1997).
Savitri	Dhawan	(1997)	ressalta	que	os	aranyakas	oferecem	técnicas	de	meditação	
(upasanas)	sobre	determinados	símbolos,	chamados	de	yantras,	bem	como	asceses	
específicas	a	fim	de	alcançar	realizações	também	específicas.
Por	 fim,	 as	 upanishads,	 “[...]	 que	 estão	 relacionadas	 com	 o	 caminho	 do	
conhecimento	 (jñanamarga)	 por	 meio	 da	 execução	 (karmamarga),	 do	 excessivo	
ritualismo	dos	atos	e	sacrifícios	rituais,	executados	pelos	sacerdotes	com	objetivo	de	
realização	 espiritual”	 (DHAWAN,	 1997,	 p.	 61).	Assim,	 podemos	 entender	 que	 estamos	
oficialmente	apresentados	ao	que	chamamos	hoje	de	tradição	védica.	Todo	conhecimento	
da	tradição	védica	era	e	é	até	hoje	transmitido	de	forma	oral,	conservando	seu	formato	
de	 memorizar	 em	 versos,	 que	 são	 sistematicamente	 ouvidos	 e	 reproduzidos	 pelos	 
que	 buscam	 esse	 conhecimento.	 Para	 complementar	 essa	 construção,	 a	 argamassa	
utilizada	é	a	possibilidade	de	ouvir	um	professor,	um	mestre,	um	guru,	se	aprofundar	no	
significado	de	cada	termo,	de	cada	palavra	e	de	cada	frase	que	compõe	um	sutra	(verso).
FIGURA 4 – SUTRA
FONTE: <https://shutr.bz/3sDd4A6>. Acesso em: 2 mar. 2022.
23
Os vedas	são	uma	compilação	de	obras	que	celebram	os	elementos	da	vida,	e	
vida	em	sua	manifestação	geral,	por	exemplo:	muitas	plantas,	algumas	agora	extintas	e	
algumas ainda usadas no ayurveda,	foram	originalmente	descritas	nos	vedas.
As	upanishads	 carregam	a	 essência	filosófica	dos	vedas,	 oferecem	explicações	
a	respeito	de	práticas	espirituais,	ensinamentos	herméticos,	elucubrações	relacionadas	à	
origem	do	ser	humano	(purusha),	do	absoluto	(Brahma)	e	do	eu	(atma).	As	mais	antigas	
upanishads são chamadas de vedanta	 (o	 último	 conhecimento).	 Na	 obra	 de	George	
Feuerstein	(2005,	p.	172,	grifo	nosso),	temos	a	explicação	sobre	o	que	é	a	upanishad e 
os seus temas principais:
[...]	 upanishd	 significa	 “sentar-se	 próximo	 ao	 chão	 perto	 de”	 é	
composta	por	três	palavras:
Upa	–	perto,	próximo.
Ni	–	embaixo.
Shad – sentar.
Ela	 não	 era	 de	 acesso	 geral:	 as	 pessoas	 que	 queriam	 esse	 conhecimento	
deveriam	se	aproximar	dos	sábios	professores	com	o	respeito	e	a	humildade	necessários.	
A	doutrina	gira	em	torno	de	quatro	eixos	conceituais	interconectados:
Em	primeiro	lugar,	a	realidade	suprema	do	universo	é	absolutamente	
igual	à	nossa	essência	íntima;	Brahma	éatma e atma	é	Brahma.	
Em	segundo	lugar,	só	a	realização	de	Brahma/atma	libertará	o	ser	do	
sofrimento	e	da	necessidade	de	nascer,	viver	e	morrer.
Em	terceiro	lugar,	os	pensamentos	e	ações	do	ser	determinam	o	seu	
destino – a lei do karma:	cada	qual	se	transforma	naquilo	com	o	que	
se	identifica.	
Em	quarto	lugar,	a	menos	que	o	ser	se	liberte	e	realize	a	realidade	sem	
forma	de	Brahma/atma	em	decorrência	da	sabedoria	superior	(jñana),	
terá	necessariamente	de	 renascer	nos	mundos	celestes,	no	mundo	
humano	 ou	 nos	 mundos	 inferiores,	 dependendo	 dos	 seus	 karmas 
(FEUERSTEIN,	1998,	p.	172,	grifo	nosso).
Então,	 discorrendo	um	pouco	 sobre	 esses	 eixos,	 podemos	 esmiuçar	 cada	um	
deles	para	 refinar	nosso	entendimento: atma	pode	ser	considerado,	nesse	contexto,	a	
essência	divina	que	habita	o	ser	humano,	o	eu,	referenciado	na	Psicologia,	e	Brahma,	
que	também	é	associado	a	uma	divindade	hindu	cujo	nome	significa	“absoluto”,	sendo	
considerado	a	força	de	criação	do	universo	–	na	doutrina	católica,	é	feito	o	sincretismo	
com	Deus;	na	umbanda,	é	feito	com	Oxalá	etc.	
Na	segunda	afirmação,	há	a	indicação	de	que	a	realização	de	Brahma	e	atma 
libertarão	o	ser	do	sofrimento	que,	na	visão	da	tradição	védica,	essa	liberdade	pode	e	
deve	ser	alcançada	enquanto	estamos	vivos,	e	essa	é	a	única	forma	da	real	felicidade.	
Logo,	o	sofrimento	se	dá	pela	 incapacidade	de	percepção	que	eu	sou	Brahma	e	que	
Brahma	sou	eu.	Essa	é	uma	afirmação	que	nos	remete	ao	estudo	do	samkhya,	e	estudar	
essa	percepção	facilita	nosso	entendimento	da	divindade	em	cada	ser.
24
3 OS SEIS DARSANAS
Podemos	dizer	que	os	darsanas	são	ferramentas	muito	importantes	na	obtenção	
do	conhecimento	védico.	Essas	ferramentas	são	utilizadas	na	forja	do	ser	humano,	que	
caminha	pelo	autoconhecimento,	das	seis	visões:	as	primeiras	quatro	se	ocupam	de	
trabalhar	e	moldar	a	percepção	intuitiva,	tal	como	a	tautologia;	a	quinta	é	inspiradora	
e	 emocional;	 e	 a	 última	 traz	 as	 emoções	 e	 o	 intelecto	 para	 trabalhar	 juntos.	 Todas	
conectam	intelecto,	coração,	mente	e	espírito	na	intenção	de	fortalecer	a	perspicácia	na	
observação	e	no	entendimento	da	vida,	pois	seu	principal	objetivo	é	remover	a	ignorância	
e,	 consequentemente,	 seus	 efeitos	 colaterais	 e	 suas	 reações	 adversas	 associadas	 ao	
sofrimento	conduzindo	a	pessoa	à	liberdade,	à	perfeição	e	à	bênção	eterna	da	conexão	
suprema da alma terrena com a alma universal.
Essa	 abordagem	 se	 relaciona	 intimamente	 com	 a	 visão	 que	 recebemos	 hoje	
da	 chamada	 física	 quântica	 na	 teoria	 do	macrocosmo	 e	 do	microcosmo.	 No	 entanto,	
essa	 referência	 também	 já	 ficou	 famosa	 no	 livro	 Caibalion,	 cujos	 autores	 trazem	 os	
ensinamentos	 de	 Hermes	 Trismegisto,	 tal	 como	 foi	 ensinado	 nas	 escolas	 herméticas	
daquele	 tempo.	 Esses	 ensinamentos	 são	 compostos	 por	 sete	 princípios,	 sendo	 um	
deles	o	da	correspondência:	“[...]	o	que	está	em	cima	é	como	o	que	está	embaixo,	e	o	
que	está	embaixo	é	como	o	que	está	em	cima”	(TRISMEGISTO,	1908,	p.	56).
Então,	considerando	essa	ferramenta	como	algo	que	possibilite	aprimorar	nossa	
visão	e	percepção	do	mundo	e	de	todos	os	seres,	nos	habilitamos	a	essa	aptidão.	Sua	
sistematização	respeita	as	premissas	de	facilidade	de	memorização	e	escrita,	assim	o	
estudo	se	torna	eficiente.	
Um	 contraponto	 é	 a	 ortodoxia	 associada	 a	 algumas	 escolas	 na	Antiguidade	
e,	por	essa	razão,	a	Índia	criou	basicamente	duas	linhas	de	acesso	a	esses	conteúdos:	
uma	em	que	a	visão	tradicional	jamais	é	questionada,	e	a	outra	que	possibilita	a	revisão,	
a	reinterpretação	e	a	releitura	de	conceitos	tradicionais	para	que	possam	ser	aplicados	 
à	vida	contemporânea.
Segundo	Brown	 (1999),	 a	 forma	mais	 comum	de	 iniciar	 a	visão	e	 ideologia	 é	
chamada de pramana,	que	significa	“um	meio	válido	de	conhecimento”,	sendo	usada	
para	aquisição	do	novo	e	na	verificação	e	validação	daquilo	estabelecido	anteriormente.	
Logo,	 um	pramana	 é	 um	meio	 de	 provar	 uma	 percepção	 e	 revelar	 a	 existência	 e	 a	
natureza	de	algo	desconhecido,	 por	 exemplo:	 para	validarmos	um	objeto	visto	pelos	
olhos,	usamos	o	tato	para	a	validação	de	sua	existência.
Agora	veremos	uma	breve	definição	de	cada	um	dos	seis	darsanas.
Nyaya e vaiseshika: vaiseshika	é	considerado	o	 início	do	estudo	de	todos	os	
sistemas.	 Usa	 o	 significado	 de	 cada	 palavra	 como	 premissa	 de	 validação,	 pois	 todo	
conhecimento	tem	uma	palavra,	trazendo	em	sua	essência	o	realismo,	enfatizando	as	
diferenças,	associado	à	nyaya. 
25
Nyaya	 significa	 “um	método	para	 estabelecer	 julgamentos”.	 Juntos,	 aceitam	as	
questões	metafísicas	que	acessamos	atualmente	como	realidades	densas	e	sutis,	aliam	
a	 lógica	 e	 a	 percepção,	 e	 a	 palavra	 proferida	 como	um	elemento	 essencial	 na	 aquisição	 
do	conhecimento	(BROWN,	1999).
Samkhya e yoga:	 são	os	dois	meios	de	pensamento	mais	antigos.	A	samkhya 
considera	 o	 espírito	 e	 a	 matéria	 reais	 e	 admite	 a	 pluralidade	 dos	 seres.	 Desdobra	 o	
universo	manifestado	com	toda	a	variedade	e	resultada	em	prakrti,	o	ser	humano	em	sua	 
compleição	pura	e	harmônica.	Em	sua	poética	sutil,	determina	a	mente	em	três	estados:	
equilíbrio,	ousadia	e	 lassidão.	Corpo	e	mente	são	as	duas	faces	de	uma	mesma	moeda	e	
o	 processo	 de	 evolução	 ocorre	 graças	 a	 essa	 combinação.	 Esse	 período	 de	 evolução	 é	
seguido	 pelo	 período	 de	 dissolução,	 quando	 ocorre	 uma	 “latência”,	 em	que	 tudo	 silencia,	
tal	 qual	 uma	 semente	 sobre	 o	 solo,	 maturando	 o	 crescimento	 das	 raízes,	 crescimento	
interno	 para,	 enfim,	 poder	 brotar	 o	 crescimento	 externo.	 Para	 o	 ayurveda,	 samkhya é a 
visão	motriz	e	capaz	de	nos	trazer	toda	a	construção	de	percepção	do	mundo	que	arraiga	
e	 capacita	 a	 mente	 para	 o	 entendimento	 mais	 profundo	 da	 manifestação	 do	 mundo.	
A	 samkhya	 está	 desmembrada	 em	 25	 princípios,	 que	 derivam	 dos	 conceitos	 de	mahat 
(intelecto	divino),	ahamkara	(ego),	tanmatras	(condições	potenciais	das	qualidades,	o	estado	 
sutil	dos	elementos)	e	purusha	(verdade	vital	e	sensível,	ser	universal)	(BROWN,	1999).
Como	 elementos	 principais	 de	 todo	 esse	 desdobramento,	 citamos:	 manas 
(mente),	ahamkara	(desdobrado	em	egoísmo)	e	buddhi	(intelecto).	Sua	função	essencial	
é	receber	estímulos	e	impressões	externas	e	responder	adequadamente	a	elas,	e	essa	
resposta depende de um aparato chamado suksma sareera	(corpo	sutil)	e	sthula sareera 
(corpo	denso),	ou	seja,	a	alma	e	o	corpo	humano	(BROWN,	1999).
Yoga	está	de	mãos	dadas	com	samkhya.	No	bhagavagita,	são	chamados	de	um	
yoga	–	nesse	contexto,	yoga	deve	ser	entendido	e	 interpretado	como	união	de	algo.	No	
caso,	 o	 yoga	 de	 Patanjali,	 que	 conhecemos	 como	 os	 yogasanas	 (posturas),	 referindo-
se	à	união	do	corpo	e	da	mente	à	respiração.	Somente	por	essa	união	ou	por	esse	yoga 
que	os	yoginis	 (praticantes	de	yoga)	conseguem	permanecer	tanto	tempo	em	posturas	
desafiadoras.	Nesse	contexto,	yoga significa	ação	(prática),	e	samkhya é conhecimento 
(teoria).	 Assim,	 ambos	 têm	 por	 objetivo	 conduzir	 todo	 ser	 humano	 à	 liberação,	 ao	
desapego	(BROWN,	1999).
De	acordo	com	Brown	(1999),	os	sutras	(versos)	do	yoga	são	divididos	em	quatro	
partes:
•	 aquela	que	trata	da	natureza	e	do	objetivo	da	concentração;
•	 aquela	que	explica	os	meios	para	realizar	a	concentração;
•	 aquela	que	 lida	com	os	poderes	 incomuns	que	podem	ser	adquiridos	por	meio	da	
prática	da	concentração;
•	 aquela	que	descreve	a	natureza	da	liberação	e	a	realidade	do	eu	transcendente.
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Purvamimamsa	é	tido	como	o	mais	longo	tratado	filosófico	indiano	e	ele	considera	
como pramana	 a	 percepção,	 a	 inferência,	 o	 testemunho	 verbal,	 a	 comparação	 e	 a	
presunção,	e	isso	leva	esse	estudo	ao	que	hoje	chamamos	de	vivência,	ou	seja,	mesmo	
inefável,	é	preciso	ser	sentido,	experenciado,	vivenciado	(BROWN,	1999).
Por	fim,	uttara minamsa ou vedanta,	que	é	conhecido	como	o	último	conhecimento	
ou	 conclusões.	 É	 um	 elegante	 e	 harmonioso	 resultado	 descritopor	 muitos	 filósofos	 e	
pensadores	ortodoxos	anteriores	e	por	isso	é	considerado	a	expressão	mais	que	perfeita	 
do	pensamento	indiano	(BROWN,	1999).
Estudar os darsanas	 reflete	 a	 intenção	 de	 alcançar	 moksha	 (liberação	
e	desapego).	No	nyaya e no vaiseshica,	 o	 ser	 humano	 se	habilita	 a	 usar	 o	 intelecto	
corretamente	a	fim	de	discernir	as	verdades	das	falácias;	com	o	samkhya	é	possível	
aprender	a	origem	de	tudo	o	que	existe,	sendo	denso	e	sutil,	bem	como	os	resultados	
que	se	atingem	ao	utilizar	a	aplicação	dessa	visão	em	nosso	dia	a	dia;	pelo	yoga,	unimos	
corpo	e	mente	em	um	mesmo	objetivo,	ou	seja,	o	autoconhecimento;	o	purvamimamsa 
oferece	a	capacidade	de	vivenciar	cada	experiência	no	corpo	denso	ou	sutil;	e	a	vedanta 
nos auxilia a compreender e entender nossa verdadeira natureza. 
Svoboda	(2015,	p.	4)	nos	traz	que	“Uma	história	viva	nasce	quando	a	sabedoria	
viva	 encarna	 no	 matéria	 sutil	 de	 uma	 consciência	 humana”.	 Vejamos	 agora	 o	
conhecimento da enumeração no nosso estudo ayuvérdico.
4 ENUMERAR
Ao	pé	da	letra,	samkhya	significa	“conhecimento	enumerado”	e	se	caracteriza	
por	 classificar	 e	 descrever	 os	 princípios	 fundamentais	 que	 compõem	 a	 realidade	 na	
matéria.	A	quantidade	e	a	enumeração	são	recursos	muito	úteis	no	início	do	estudo	do	
ayurveda,	pois	pelas	conexões	estabelecidas	e	derivadas	uma	da	outra	a	compreensão,	
a	apreensão	e	as	correlações	florescem	na	mente	do	neófito.	Outro	sinônimo	samkhya 
que	se	aplica	nesse	contexto	é	conhecimento	perfeito	(RADHAKRISHNAN,	1989).
Seus	 conceitos	 fundamentais	 estabelecem	 a	 dualidade,	 em	 que	 se	 aceita	 a	
parceria de prakrti e purusha	na	criação	de	nosso	mundo.	Aceitando	a	enumeração	da	
verdade,	é	possível	estabelecer	três	pramanas:
• os trigunas	 (três	qualidades	da	matéria):	 existem	em	todas	as	 formas	de	vida	em	
diferentes	proporções;
• o processo evolutivo: envolve prakrti,	 purusha,	 buddhi,	 ahamkhara,	 pancha 
jnanendriyas,	 pancha karmendriyas,	 panchatanmatras,	 panchamahabhutas e manas. 
Todos	esses	conceitos	estão	explicados	em	detalhes	na	sequência	do	nosso	estudo;
• a moksha:	é	a	busca	natural	de	toda	alma.
27
Sua	fundação	é	atribuída	a	Maharshi	Kapila,	e	suas	 ideias	também	são	vistas	
em	livros	anteriores,	como	nas	upanishads anteriores e o bhagavadgita,	assim	como	no	
rigveda,	então	consideramos	essas	obras	como	fonte	de	inspiração	de	Kapila	para	trazer	 
a visão do samkhya.
Purusha	significa	“o	ser	que	está	além	da	prakrti”,	e	neste	darsana	significa	“a	
consciência”,	“a	testemunha”,	“o	observador”,	“a	verdade	vital	e	sensível”,	“o	ser	universal”.	
Suas	 características	 são:	 não	 fazedor,	 testemunha,	 solitário,	 imutável,	 espectador,	
inteligência,	onipresente,	sutil,	estar	além	da	mente,	do	 intelecto	ou	dos	sentidos,	do	
tempo,	 da	 causalidade	 e	 do	 espaço,	 ser	 eterno,	 perfeito,	 pura	 consciência,	 infinito,	
como um cristal transparente. Prakrti	 significa	 “produtor/fazedor”	 e	 é	 interpretado	
como	a	natureza,	como	tudo	o	que	constitui	a	 realidade	que	visualizamos.	Então,	de	
maneira	especulativa,	podemos	afirmar	que	purusha	 é	o	 sujeito	do	conhecimento,	 e	
prakrti	é	o	objeto	do	conhecimento.	Dessa	maneira,	o	senso	de	unidade	é	visto	como	
a	fonte	de	origem	da	manifestação	material,	não	tem	causa,	mas	tem	todos	os	efeitos,	
e	seus	efeitos	dependem	de	suas	propriedades	metafísicas,	que	chamamos	de	gunas 
(RADHAKRISHNAN,	1989).
Ela	 é	 feita	 de	 três	gunas: sattva,	 rajas e tamas,	 cada	 uma	 é	 independente,	
todavia	transitam	entre	cada	uma	e	se	misturam	entre	si	de	acordo	com	os	estímulos	
externos	e	internos	que	a	prakrti	recebe.	Essa	“dança”	dá	origem	a	várias	substâncias	e	
podem ser elucidadas como se segue: tamas	 (trevas,	 ignorância,	 imobilidade,	 inércia),	
rajas	 (força,	movimento,	 violência,	 egoísmo)	 e	 satwa	 (luz,	 equilíbrio,	 calma,	 sabedoria,	
beleza)	(RADHAKRISHNAN,	1989).
Em ahamkhara	 (aquele	 que	 produz	 o	 eu),	 encontramos	 todos	 os	 princípios	 da	
individualidade	 dos	 seres	 da	 natureza.	 Neste	 contexto,	 podemos	 associar	 ao	 ego	 e	 ele	 
vem acompanhado por buddhi	(intelecto).	
Sendo	buddhi	aquele	que	recebe	as	ideias	e	imagens	transmitidas	pelos	órgãos	
dos sentidos e de manas	 (mente),	 as	 constrói	 como	uma	 conclusão	 do	 eu.	A	 função	
do	intelecto	é	a	determinação:	anterior	à	vontade	de	se	envolver	em	qualquer	assunto,	
primeiro	observa,	considera,	então	reflete	e	só	então	determina,	e	aí	vem	a	ação	(karma)	
(RADHAKRISHNAN,	1989).
A	virtude,	a	sabedoria	e	o	desapego	são	características	de	sattva; o oposto a 
isso é tamas;	a	ousadia	e	a	paixão,	é	rajas	(RADHAKRISHNAN,	1989).
O intelecto é o mais importante de todos os produtos de prakrti. Os sentidos 
apresentam	seus	objetos	ao	 intelecto,	o	qual	os	exibe	para	o	purusha e discrimina a 
diferença	entre	purusha e prakrti.	O	intelecto	é	o	instrumento	ou	órgão	que	é	o	meio	
entre os outros órgãos e o self.	 Todas	 as	 ideias	 derivadas	 da	 sensação,	 reflexão	 ou	
consciência	são	depositadas	no	principal	 instrumento:	o	 intelecto,	antes	que	possam	
ser reveladas ao eu.
28
Pessoas	 atraídas	 pela	 autoinvestigação	 frequentemente	 já	 tiveram	
experiências	que	as	convenceram	de	que	existe	um	algo	“espiritual”	
além	daquilo	que	elas	percebem	com	os	sentidos,	com	as	emoções	e	
com	a	mente.	Mas	elas	estão	sempre	em	dúvida	quanto	ao	que	isso	
seja.	O	método	fundamental	para	a	realização	do	ser	é	a	discriminação	
entre	o	que	é	permanente...	o	ser...	e	o	que	não	é...	a	mente	e	o	mundo.	 
Ainda	que	essa	seja	uma	realidade	não-dualista	e	tudo	que	muda	seja	
também	o	ser,	esse	fato	é	desconhecido	para	o	iniciante.	Mesmo	que	
ele	fosse	conhecido	intelectualmente,	ele	ou	ela	teria	que	passar	pelo	 
longo	e	por	vezes	difícil	processo	introspectivo	de	separar	o	“eu”	–	o	
ser	–	de	todas	as	suas	formas	mutantes	(SRI,	2014,	p.	25).
Eles	transmitem	impressões	ou	ideias	com	as	propriedades	ou	efeitos	de	prazer,	
dor	e	 indiferença,	conforme	são	 influenciados	pelas	qualidades	de	sattva	 (pureza),	 rajas 
(paixão)	ou	tamas	(escuridão).
• Prakrti	é	a	raiz,	a	causa	material	e	eficiente	do	universo,	evolui	sob	a	 influência	de	
purusha.
• Buddhi,	ou	intelecto,	é	o	primeiro	produto	da	evolução	de	prakrti. 
• Ahankara surge após o buddhi. 
A	mente	(manas)	nasce	de	ahamkara e executa as ordens da vontade por meio 
dos	órgãos	de	ação	(karmendriyas).	Reflete	e	duvida	(sankalpa-vikalpa).	Ele	sintetiza	
os	dados	dos	sentidos	em	percepções.	A	mente	participa	tanto	da	percepção	quanto	 
da ação.
No	samkhya,	a	mente,	com	os	órgãos,	produz	os	cinco	ares	vitais.	Prana é uma 
modificação	dos	sentidos.	Não	subsiste	na	ausência	deles.
Cada	 indivíduo	 é	 dotado	 com	manas	 (mente),	 que	 é	 o	 órgão	 de	 sensação	 e 
ação,	e	dela	derivam	os	jñanaindryias	(órgãos	do	conhecimento),	que	são	nossos	cinco	
sentidos,	 estando	 associados	 a	 cinco	 tanmatras	 (elemento	 sutil):	 som	 (sabda),	 toque	
(sparsa),	aparência	(rupa),	sabor	(rasa),	odor	(gandha).	Deles	virão	os	panchamahabhutas 
(cinco	grandes	elementos):	akasha	 (espaço	vazio),	vayu	 (vento),	agni	 (fogo),	 jala	 (água)	
e prithivi	(terra).	Por	fim,	são	estabelecidos	os	karmaindryias	(órgãos	de	ação),	também	
cinco:	falar,	segurar,	andar,	excretar	e	se	reproduzir.
Acompanhe	a	Figura	5	para	verificar	esse	“organograma”.
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FIGURA 5 – COSMOGÊNESE, CRIAÇÃO DO MUNDO
FONTE: A autora
Uma	prakrti	 pura	 é	 a	 condição	 equilibrada	de	sattva,	 rajas e tamas	 (sattva-
rajas-tamasāṁ-samyāvasṭhā-prakṛtiḥ).	 Antes	 da	 criação,	 a	 mudança	 em	 prakrti é 
homogênea,	na	qual	os	três	gunas	(sattva,	rajas e tamas)	são	mantidas	em	um	estado	
de	equilíbrio:
• da prakṛti harmoniosa ocorre buddhi	pela	perturbação	no	equilíbrio	dos	gunas;
• do buddhi evolui o ahamkara	cósmico	ou	o	princípio	do	egoísmo,	o	ego;
• da ahamkara	 emanam	 os	 dez	 sentidos	 e	 a	 mente	 no	 lado	 subjetivo,	 e	 os	 cinco	
tanmatras,	som,	toque,	aparência,	sabor	e	odor.
Dos	cinco	taṇmatras,	evoluem	os	panchamahabhutas	(cinco	grandes	elementos	
densos:espaço	vazio,	vento,	fogo,	água	e	terra):
• akasa	(espaço	vazio)	tem	a	propriedade	de	som,	que	é	o	objeto	para	o	ouvido;
• vayu	(vento)	tem	a	propriedade	de	toque,	que	é	o	objeto	para	a	pele;
• agni	(fogo)	tem	a	propriedade	de	forma	ou	cor,	que	é	o	objeto	para	o	olho;
• jala	(água)	tem	a	propriedade	de	sabor,	que	é	o	objeto	para	a	língua;
• prithvi	(terra)	tem	a	propriedade	de	odor,	que	é	o	objeto	para	o	nariz.
Purusha
Prakrti
Buddhi Ahamkara
Satwa
Manas
Rajas Tamas
Jñanaindriyas Tanmatras
Karmaindriyas Panchamahabhutas
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Cada	um	desses	elementos,	após	o	primeiro,	também	conserva	a	propriedade	
do	elemento	que	o	precede	além	das	suas	próprias	características.
• Pancha jnanendriyas	(cinco	órgãos	de	cognição	ou	dos	sentidos:	audição,	tato,	visão,	
paladar	e	olfato).
• Pancha karmendriyas	 (cinco	órgãos	de	ação:	mãos,	pés,	aparelho	fonador,	órgãos	
excretores,	órgãos	sexuais).
Portanto,	a	filosofia,	em	qualquer	tradição,	é	capaz	de	ser	transformadora,	pois	 
ela	traz	a	possibilidade	de	encontro	de	sentido	da	existência.
Com	 embasamento	 do	 estudo	 da	 filosofia	 da	 tradição	 védica	 é	 possível	
estabelecer	ajustes	de	percepção	da	vida	por	meio	do	corpo,	da	mente,	das	emoções	
e	 do	 espírito,	 além	 de	 preparar	 o	 intelecto	 para	 essa	 nova	 forma	 de	 visualização	 e	
entendimento do mundo.
O	fato	de	estarmos	conectados	e	atendendo	pessoas	que	nos	procuram	como	
terapeutas	se	torna	de	suma	importância	que	tenhamos	capacidade	de	ouvir	–	e,	na	
medida	do	possível,	orientar	o	cliente	–	da	melhor	maneira.	Logo,	ao	conhecermos	os	
conteúdos	 que	 tangem	 esse	 fundamento,	 nos	 tornamos	 aptos	 a	 ouvir	 e	 orientar	 os	
clientes	de	forma	holística	e	coerente.
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Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
•	 Caminhar	pelo	entendimento	da	visão	filosófica	da	percepção	do	mundo	por	meio	da	
conceituação de cada darsana	aguça	e	orienta	a	mente,	o	coração	e	os	sentidos	para	
a	nova	forma	de	visualização	de	mundo.
• Samkhya	 é	 a	 principal	 ferramenta	 utilizada	 na	 construção	 inicial	 do	 entendimento	
do ayurveda,	fortalece	nossa	capacidade	de	raciocínio	para	estabelecer	as	conexões	
adequadas	nas	elucubrações	pessoais	que	passarão	a	ocorrer	na	prática	profissional.
•	 O	conceito	e	o	entendimento	de	termos	essenciais	na	cosmogênese,	bem	como	o	
desdobramento	da	formação	do	mundo	na	visão	dessa	linha	filosófica.
•	 A	 construção	do	desdobramento	dos	elementos	que	 se	 formam	no	universo	está	
relacionada	 às	 correlações	 e	 interdependências,	 que	 conferem	 a	 liberdade	 e	 o	
entendimento da percepção da construção de um ser humano na visão do samkhya.
RESUMO DO TÓPICO 3
32
AUTOATIVIDADE
1	 As	upanishads	 carregam	 a	 essência	 filosófica	 dos	 vedas,	 oferecem	 explicações	 a	
respeito	de	práticas	espirituais,	 ensinamentos	herméticos,	 elucubrações	 relacionadas	 
à	origem	do	ser	humano	(purusha),	do	absoluto	(Brahma)	e	do	eu	(atma).	Quanto	ao	
significado	do	termo	upanishad,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 Querer	encontrar	atma.
b)	 (			)	 Calar	e	ouvir	o	que	o	professor	diz.
c)	 (			)	 Ficar	em	silêncio	e	encontrar	o	absoluto.
d)	 (			)	 Sentar-se	próximo	ao	chão.
2	 Outro	sinônimo	para	samkhya,	que	se	aplica	nesse	contexto,	é	conhecimento	perfeito.	
Seus	conceitos	fundamentais	estabelecem	a	dualidade,	em	que	se	aceita	a	parceria	
de prakrti e purusha	na	criação	de	nosso	mundo.	Aceitando	a	enumeração	da	verdade,	 
é	possível	estabelecer	três	pramanas.	Sobre	eles,	analise	as	afirmativas	a	seguir:
I-	 As	saptagunas	(sete	qualidades	da	matéria)	existem	em	todas	as	formas	de	vida,	
em	diferentes	proporções.
II-	 O	processo	evolutivo	envolve	apenas	panchamahabhutas e manas.
III-	 A	moksha	é	uma	busca	natural	de	toda	alma.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	III	está	correta.
3	 Com	 a	 efervescência	 natural	 das	 tribos	 em	 suas	 excursões	 e	 peregrinações	
exploratórias	à	Bacia	do	Ganges,	o	povo	 indiano	passou	a	receber	e	acolher	todos	
os	interessados	em	seguir	e	estudar	a	tradição	védica.	Considerando	essa	afirmação,	
classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	Pancha Karmendriyas	(cinco	órgãos	de	ação:	mãos,	pés,	aparelho	fonador,	órgãos	
excretores,	órgãos	sexuais).
(			)	Dos	 trigunas evoluem os panchamahabhutas	 (cinco	grandes	elementos	densos:	
espaço	vazio,	vento,	fogo,	água	e	terra).
(			)	Ahamkara	significa	“mente”.
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Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	-	F	-	F.
b)	 (			)	 V	-	F	-	V.
c)	 (			)	 F	-	V	-	F.
d)	 (			)	 F	-	F	-	V.
4	 Essas	 ferramentas	 são	 utilizadas	 na	 forja	 do	 ser	 humano,	 que	 caminha	 pelo	
autoconhecimento	das	seis	visões	ou	seis	darsanas,	que	são	essenciais	na	construção	
e	 no	 entendimento	 do	 pensamento	 védico.	 Disserte	 sobre	 por	 qual	motivo	 essas	
ferramentas	são	essenciais	em	nosso	estudo.
5	 Samkhya	 significa	 “conhecimento	 enumerado”,	 caracterizando-se	 por	 classificar	 e	
descrever	os	princípios	fundamentais	que	compõem	a	realidade	na	matéria.	Nesse	
darsana,	se	utiliza	a	dualidade	para	que	possamos	compreender	a	mente	universal	
que	propiciou	a	criação	do	mundo.	Disserte	sobre	o	motivo	de	estudarmos	samkhya 
para o entendimento inicial no estudo do ayurveda.
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35
TÓPICO 4 — 
INTRODUÇÃO BÁSICA AO AYURVEDA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Viajamos	 da	 Índia	 antiga	 até	 a	 Índia	 contemporânea	 e	 apreciamos	 a	 forma	
única	que	esse	povo	tem	de	observar	a	vida	e	manifestar	essa	visão.	“O	indivíduo	é	o	
resumo	com	toda	matéria	e	fenômenos	espirituais	do	universo,	tudo	está	presente	no	
indivíduo	e	todos	aqueles	presentes	no	indivíduo	também	estão	contidos	no	universo”	
([Ca.Sa.Sutra	Sthana	5/4]	427	d.C.	apud	SHARMA,	2016,	s.	p.).
O	conhecimento	védico	aborda	o	cosmos	como	um	todo	com	as	profundezas	
de	nossa	própria	psique,	que	considera	a	unidade	do	macrocosmo	e	do	microcosmo.	
O	ser	humano	individual	é	um	modelo	ou	manifestação	de	todo	o	universo.	O	
universo	inteiro	habita	dentro	de	você	e	você	é	o	universo,	compartilhando	uma	essência	
comum	na	consciência.	
Corpos	e	mentes	são	apenas	nossos	veículos	de	ação	e	expressão.	“Os	antigos	
hermetistas	consideravam	esse	princípio	como	um	dos	mais	importantes	instrumentos	
mentais	por	meio	dos	quais	o	homem	pode	ver	além	dos	obstáculos	que	encobrem	à	
vista	o	desconhecido”	(TRISMEGISTO,	1908,	p.	58).
Ayurveda,	antes	de	qualquer	premissa,	é	uma	atitude,	é	muito	mais	do	que	um	
sistema	de	medicina,	é	muito	mais	do	que	um	estilo	de	vida.	Não	deve	ser	comparado	
ao	sistema	médico	moderno,	pois	este	último	lida	com	a	doença,	e	o	ayurveda se ocupa 
da	saúde	e	da	pessoa,	que	é	muito	mais	do	que	o	corpo	físico	e	a	mente.
Como	 vimos	 anteriormente,	 um	 ser	 humano	 é	 resultado	 do	 desdobramento	
de	muitos	elementos,	e	o	resultado	dessa	manifestação	se	traduz	no	corpo	físico,	na	
mente,	nos	órgãos	dos	sentidos	e	na	energia	vital,	que	é	uma	das	principais	dimensões	 
de ação do ayurveda.
Ayurveda	 é	 um	 compêndio	 de	 conhecimentos	 que	 visam	 garantir	 saúde	 e	
longevidade,	 prevenindo	 doenças	 em	 indivíduos	 saudáveis	 e	 erradicando	 as	 doenças	
dos	 indivíduos	enfermos.	É	considerado	um	upaveda	 (capítulo)	do	atharvaveda,	cujo	
principal	foco	é	a	manutenção	de	ayu	(vida),	mantendo	as	mazelas	e	doenças	afastadas.
Há	algumas	décadas,	aqui	no	Ocidente,	vivemos	a	necessidade	de	entender	e	
aprofundar	na	 importância	e	na	 relevância	do	conhecimento	oferecido	pelo	ayurveda,	
bem	como	o	propósito	por	trás	de	oferecer	o	conhecimento	da	vida	com	a	visão	do	
ayurveda.
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	Acharya	Charaka	 (1978	apud	AYRES,	2020,	 s.	p.)	 esclarece	 isso	ao	escrever	que	
“आरोग्यम्। arogya	(saúde	e	bem-estar)	atua	como	a	raiz	de	धर्मः। dharma,	अर्थः। artha,	
कामः। kama e मोक्षः। moksha	que	resulta	em	श्रेयः। shreyas	(obtendo	melhor	fortuna)	e	
जीवितम्। jivitam	(longevidade)”.
Com	o	cumprimentodeles,	 a	vida	 se	 torna	completa	 social,	 física,	 psicológica	
e	 intelectualmente,	 portanto,	 quando	 nos	 tempos	 antigos	 pessoas	 comuns,	 videntes	
e	 sábios	 que	praticam	atos	 piedosos	 experimentaram	 impedimentos	no	 cumprimento	
desses	 aspectos	 da	 vida	 devido	 a	 distúrbios	 causados	 		por	 doenças,	 a	 busca	 pelo	
conhecimento da vida se estagnou. Isso levou ao surgimento do ayurveda	há	muitos	
milhares	de	anos,	e	todos	esses	conceitos	e	ensinamentos	são	válidos	e	aplicáveis	em	
nossa vida moderna.
Quando	 falamos	 sobre	 as	 quatro	 buscas	 humanas,	 dharma,	 artha,	 kama e 
moksha,	nos	referimos	a	tudo	que	se	torna	essencial:	dharma	é	ter	a	aptidão	necessária	
para	fazer	o	que	deve	ser	feito.	Muito	além	de	ser	o	que	comumente	ouvimos	como	
sendo	a	missão	de	vida	de	um	indivíduo,	é	o	ato,	a	coragem	e	o	discernimento	de	agir	
da	maneira	que	se	deve	agir;	artha	é	tudo	o	que	se	refere	à	segurança	e	ao	bem-estar,	
e	isso	engloba	a	abundância	e	a	prosperidade	em	forma	de	saúde	e	dinheiro; kama é a 
possibilidade	de	sentir	deleite	e	plenitude,	a	tal	consciência	leve.	Também	entram	nesse	
conceito	 fruir,	 sentir	 prazer	 e	 recieber	 benesses; e,	 por	 fim,	moksha	 é	 a	 liberação	 em	
sua	essência,	é	o	desapego	de	tudo	aquilo	que	nos	aprisiona,	é	o	motivo	que	na	maioria	
das	vezes	traz	inquietude	e	aquele	vazio	interior	que	muitas	vezes	nos	assombra	e	nos	 
assola,	nos	fazendo	questionar	o	real	sentido	da	vida	e	da	existência.
2 PANCHAMAHABHUTAS
“Todos	os	objetos	vivos	e	não	vivos	no	universo	são	feitos	de	panchamahabhuta”	
([Ca.Sa.Sutra	Sthana	26/10]	427	d.	C.	apud	SHARMA,	2016,	s.	p.).	Essa	afirmação	nos	
norteia	 quanto	 à	 composição	 de	 tudo	 (do	 latim	 totus;	 completamente,	 totalmente),	
ou	 seja,	 qualquer	 nano	 ou	 macro	 ser	 é	 composto	 pelos	 cinco	 grandes	 elementos.	
Inicialmente,	esses	elementos	estão	manifestados	apenas	na	forma	sutil,	logo	recebendo	
transformações	que	os	conduzem	ao	processo	de	densificação.
Como	 sutis,	 os	 cinco	 grandes	 elementos	 não	 podem	 ser	 inferidos	 por	 nossos	
órgãos	de	percepção.	Por	 isso,	no	mundo	manifestado,	eles	adquirem	densidade	para	 
que	possamos	nos	 conectar	 com	eles	 por	meio	 dos	 nossos	 sentidos.	 Esses	 elementos	
foram	os	ingredientes	para	a	manifestação	do	universo	na	forma	que	o	percebemos	hoje.
Panchamahabhutas	 são	 os	 elementos	 fundamentalmente	 responsáveis	 pela	
criação	do	universo,	incluindo	os	humanos.
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O	corpo	denso	e	o	corpo	sutil	são	compostos	pelos	cinco	grandes	elementos,	
todavia,	o	corpo	sutil	os	apresenta	ainda	em	estado	tênue,	ou	seja,	sem	esses	elementos	
terem	 passado	 pelo	 processo	 de	 densificação.	 Quando	 esses	 cinco	 elementos	 que	
constituem,	a	composição	do	corpo	humano	fica	impregnada	de	atma	ou	alma	(elemento	
de	vida),	a	vida	se	manifesta	na	massa	desses	elementos	e	o	chamamos	de	corpo	físico.
Essa	constituição	permanece	em	estado	de	equilíbrio	na	homeostase	e	qualquer	
desequilíbrio	que	não	for	tratado	em	tempo	resulta	em	doença.	Nosso	corpo	físico	é	a	
sede	de	todas	as	nossas	experiências,	sejam	elas	corporais,	emocionais	ou	espirituais,	 
de	deleite	ou	de	sofrimento.
A	morte	do	corpo	físico	ocorre	quando	o	atma se separa dos elementos depois 
que	um	determinado	período	de	tempo	de	associação	foi	 concluído,	ou	seja,	 após	o	
desfecho	do	período	de	vida.	Diversamente	do	corpo	denso,	o	corpo	sutil	não	é	o	núcleo	
das	experiências,	e	sim	alguém	que	opera	o	corpo	físico.
Bhuta é uma palavra composta de outras duas palavras: bhoo	 (base,	 região,	
terra)	e	kta	(profuso,	pleno).	Então,	bhuta	é	"aquele	que	tem	sua	identidade	e	existência".	
Bhutas	não	são	formados	ou	criados	por	quaisquer	outras	coisas	ou	elementos.	São	
cinco	em	número	e	eles	subsequentemente	são	a	base	dos	panchamahabhutas ou os 
cinco	grandes	elementos	básicos	da	natureza.	Logo,	os	bhutas	são	formas	precursoras,	
microcosmos,	 de	mahabhuta.	 Uma	 das	 suas	 características	 é	 serem	 karana dravya 
(razão	da	causa)	e	sempre	existentes	(nitya).	Eles	não	podem	ser	destruídos,	apenas	
transformados.	Com	isso,	recebem	o	atributo	de	susukshma	(muito	diminutos)	e	indriya 
ateeta	(além	dos	sentidos).
Bhutas e mahabhutas	têm	a	relação	de	causa	e	efeito	entre	eles,	em	que	bhuta 
é	a	causa,	e	mahabhuta	o	efeito.
3 ESTRELANDO: AKASHA, VAYU, AGNI, JALA E PRITHVI
Tudo	 o	 que	 existe	 no	 universo	 é	 feito	 de	panchamahabhuta	 (cinco	 grandes	
elementos).	Cada	material	ou	objeto	contém	os	cinco	elementos,	todavia	a	predominância	
de	cada	um	dos	elementos	é	variável	e	atrelamos	a	nomenclatura	do	objeto	com	base	
na	predominância	do	elemento	em	questão.	Por	exemplo,	uma	rocha	será	composta	de	
todos	os	elementos,	mas	ainda	será	chamada	de	parthiva	 (predominantemente	terra),	 
por	ter	o	elemento	terra	em	sobejo	com	relação	aos	outros	elementos.
Logo,	todos	os	seres,	animados	e	 inanimados,	são	classificados	em	uma	das	
seguintes categorias:
• parthiva – predominância em prithvi	(terra);
• jaleeya – predominância em jala	(água);
38
• agneya – predominância em agni	(fogo);
• vayaveeya – predominância em vayu	(ar);
• aakaasheeya – predominância em akasha	(espaço	vazio).
Isso	esclarece	que	nenhuma	substância/material	é	feita	de	um	único	mahabhuta.
A	massa	de	cada	material	ocorre	devido	à	presença	de	prithvi mahabhuta ou 
elemento terra: prithvi	é	percebida	pelo	tato,	pelo	paladar,	pela	visão	e	pelo	olfato,	no	
universo	a	percebemos	nas	rochas,	no	solo,	nas	areias.
A	 coesão	 das	 partículas	 ou	 células	 são	 responsabilidade	 de	 jala mahabhuta 
ou	elemento	água:	jala	significa	“tudo	aquilo	que	flui”,	é	fria	ao	tato	e	é	percebida	pelo	
paladar	e	em	todas	as	águas	e	fluidos	do	universo.
A	temperatura	de	cada	material	é	um	atributo	de	agni mahabhuta ou elemento 
fogo:	agni,	fogo,	também	é	percebido	pelo	tato	e	pela	visão,	sendo	notado	no	mundo	por	 
meio	de	tudo	aquilo	que	queima,	aquece	ou	reluz,	um	relâmpago,	a	digestão	humana	e	
todos	os	processos	de	transformação.
A	 possibilidade	 de	 movimento	 das	 partículas	 contidas	 em	 cada	 material	 é	
estabelecida	 por	 vayu mahabhuta	 ou	 elemento	 ar/vento:	 a	 palavra	 vayu	 significa	
“vento”,	é	invisível,	mas	pode	ser	percebido	pelo	sentido	do	tato,	sendo	classificado	em	
dois tipos – nitya,	eterno	e	constante,	e	anitya,	transitório.	Sua	forma	molecular	é	eterna,	
e	as	demais	formas	são	transitórias	e	responsáveis	por	toda	percepção	de	movimento.
O	 espaço	 interno	 e	 externo	 nas	 partículas	 de	 um	material	 é	 oferecido	 pelo	
elemento akasha mahabhuta ou espaço vazio: a palavra akasha	significa	“espaço	livre	
ou	aberto”,	é	apenas	um	e	ocupa	todo	o	universo.
4 GUNAS
Segundo	a	filosofia	samkhya,	existem	três	principais	gunas	que	servem	como	
princípios	operacionais	 fundamentais	ou	 “tendências”	de	prakṛti	 (natureza	universal),	
que	são	chamados	de:
• sattva	(bondade);
• rajas	(paixão);
• tamas	(escuridão).
Esses guṇas	não	são	perceptíveis,	mas	são	inferidos	da	existência	das	coisas.
Sattva é o elemento da prakṛti	e	sua	natureza	é	prazer,	luz	e	brilho.	A	manifestação	
de	 objetos	 na	 mente,	 o	 conhecimento,	 o	 reflexo	 da	 luz,	 o	 reflexo	 no	 espelho,	 tudo	
acontece	devido	à	sattvaguṇa.
39
O	 princípio	 de	 atividade	 dos	 objetos	 é	 conhecido	 como	 rajas. Tem sempre 
movimento	 e	 faz	 outras	 coisas	 se	 moverem.	 É	 possuidor	 de	 cala	 (mobilidade)	 e	
upaṣṭambhaka	 (estimulante).	 O	 fogo	 se	 espalha,	 o	vento	 sopra,	 os	 sentidos	 seguem	
seus	objetos,	a	mente	sente	dor,	tudo	 isso	acontece	devido	ao	raja e por isso auxilia 
sattva e tamas a realizarem sua ação.
Tamas é inativo e é o oposto de sattva.	 É	 guru	 (pesado)	 e	 vāraṇaka	 (sem	
manifestação),	se	opondo	ao	movimento	das	coisas,	que	é	o	princípio	de	rajas. Causa 
sono,	preguiça,	desânimo.
Então,	 concluímos	 que	 gunas	 são	 atributos	 individuais	 que	 influenciam	 a	
alteração	da	manifestação	deles	em	seres	e	objetos.	Os	três	gunas	referidos	afetam	a	
mente	e	o	estado	de	espirito	do	indivíduo;	neste	contexto,	podem	ser	considerados	os	
valoresde	uma	pessoa.	Sendo	mutáveis,	oscilam	entre	si,	carregando	o	 indivíduo	da	
introspecção	à	ansiedade.
Na	visão	do	ayurveda,	todas	as	substâncias	orgânicas	e	 inorgânicas,	assim	como	
todos	 os	 pensamentos	 e	 ações,	 têm	 atributos	 definidos.	 Esses	 atributos	 contêm	energia	
potencial,	e	as	ações	expressam	energia	cinética.	Atributos	e	ações	estão	intimamente	
relacionados,	pois	a	energia	potencial	dos	atributos	acaba	se	tornando	ação	ou	energia	
cinética.
De	 acordo	 com	 o	 ayurveda,	 existem	 20	 atributos	 básicos.	 Após	 observação	
atenta	do	universo	e	do	homem,	Charaka	 (ano	VI	 a.C.)	 os	 categorizou	em	dez	pares	
antagônicos	 (por	 exemplo:	 quente	 e	 frio;	 lento	 e	 rápido;	maçante	 e	 agudo;	 úmido	 e	
seco).	Essas	forças	opostas	funcionam	juntas.
O	universo	como	um	todo	é	a	manifestação	dos	dois	opostos	mais	básicos:	a	
energia	masculina	e	a	feminina.	Assim,	é	possível	entender	o	universo	em	termos	das	
interações	de	forças	opostas,	que	se	manifestam	como	atributos	básicos.
Vata,	pitta e kapha	têm	seus	próprios	atributos,	e	substâncias	com	atributos	
semelhantes	tendem	a	se	agravar,	pois	semelhante	atrai	semelhante.	Por	exemplo:	vata 
é	 leve,	 sutil,	 seco,	móvel,	 áspero	e	 frio.	Assim,	na	 temporada	de	outono,	que	também	
exibe	esses	 atributos,	 ele	 tenderá	 a	 ser	 agravado	na	constituição	humana.	Então,	 um	
indivíduo	vata	naturalmente	tem	excesso	de	atributos	leves.	No	entanto,	se	o	indivíduo	
ingerir continuamente alimentos pesados causadores de kapha,	que	inibem	os	atributos	
leves	do	corpo,	durante	um	período	de	tempo	os	atributos	corporais	do	 indivíduo	serão	
alterados de vata	(leve)	para	kapha	(pesado).	Dessa	forma,	os	atributos	do	corpo	podem	 
ser	alterados,	apesar	das	tendências	naturais	inerentes	da	constituição.
Para	esse	momento,	o	 ideal	 é	que	sigamos	caminhando	pelos	atributos.	Então,	
lembre-se:	tudo	aqui	foi	distribuído	de	maneira	que	facilite	a	correlação	de	cada	conceito	
estudado no samkhya. Para entender e apreciar o conceito ayurvédico	 de	atributos,	
40
devemos	meditar	profundamente	sobre	eles.	O	exame	dos	atributos	é	uma	experiência	
muito	sutil	 e	exige	consciência	constante,	pois	nossos	cinco	sentidos	também	pensam	 
e	refletem.
Quando	 ingerimos	 alimentos	 com	características	mais	pitta,	 como	pimentas,	
devido	 à	 ação	 aguda	 e	 penetrante	 desse	 alimento,	 imediatamente	 experimentamos	
sensações	corporais,	como	calor,	sudorese	e	sensação	de	queimação	na	boca.	No	dia	
seguinte,	a	urina	e	as	fezes	podem	criar	uma	sensação	de	queimação.
Os	 conceitos	 que	 regem	 a	 farmacologia,	 a	 terapêutica	 e	 a	 preparação	 de	
alimentos no ayurveda	são	baseadas	na	ação	e	na	reação	dos	20	atributos	entre	si.	Pela	
compreensão	desses	atributos,	o	equilíbrio	do	tridosha pode ser mantido.
A	fim	de	aprofundar	nosso	entendimento	a	respeito	dos	gunas,	descreveremos	
a	 seguir	 as	 qualidades/gunas associadas aos cinco grandes elementos e aos cinco 
tanmatras.	 Listamos	 essas	 características	 para	 garantir	 que	 a	 reflexão,	 meditação,	
observação	e	inferência	sobre	elas	passem	a	ser	cotidianas	dentro	do	estudo	de	cada	
um.
• Gunas:	atributos,	qualidades,	características	de	naturezas.
• Shabda	(som):	qualidade	do	elemento	akasha/espaço	vazio.
• Sparsha	(toque,	sensação):	qualidade	do	elemento	vayu/vento.
• Rupa	(visão):	qualidade	de	agni/fogo.
• Rasa	(sabor):	qualidade	do	elemento	jala/água.
• Gandha	(cheiro):	qualidade	de	prithvi/terra.
Os gunas relacionados aos cinco grandes elementos são chamados de 
qualidades	excepcionais.	Cada	elemento	apresenta	qualidades	que	os	determinam	em	
sua	especificidade	e	esse	traço	nos	auxilia	a	identificar	a	presença	ou	a	ausência	desse	
elemento	em	determinadas	situações.
Parthiva guna:	qualidades	do	elemento	terra.
• Guru: pesado.
• Kathina: duro.
• Manda: lento.
• Saandra: sólido.
• Sthula: denso.
• Sthira:	estabilidade.
Gandha guna bahulya:	presença	no	olfato.
Gestão	de parthiva dravya:	substância	terra	no	corpo.
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• Upachaya: nutrição de tecidos.
• Gourava: proporciona peso.
• Sanghaata:	fornece	dureza	e	densidade.
• Sthairya:	oferece	estabilidade.
Jala guna:	qualidades	do	elemento	água.
• Drava:	liquidez.
• Snigdha: untuosidade.
• Sheeta:	temperatura	fria.
• Guru: peso.
• Manda: lentidão.
• Saandra: sólido.
• Sara:	fluidez.
• Mrudu: suave.
• Pichchila:	pegajoso.
Rasa guna bahula: presença no paladar.
Gestão	de	jala dravya:	substância	água	no	corpo.
• Upakleda: umidade.
• Sneha:	untuosidade	e	lubrificação.
• Bandha:	conecta	as	células	e	os	tecidos	uns	aos	outros,	garante	coesão	e	integridade.
• Vishyanda: conduz elementos dos srotas e para os srotas	(canais	físicos	e	sutis,	os	
dutos	do	corpo).
• Maardava:	fornece	suavidade	e	amortecimento.
• Prahlada:	oferece	satisfação	e	contentamento.
Agneya guma:	qualidades	do	elemento	fogo.
• Teekshna:	argúcia.
• Ushna:	temperatura	quente.
• Ruksha: secura.
• Sukshma:	diminuto,	sutil.
• Laghu: leveza.
• Vishada:	transparência.
Rupa guna bahula: presença na visão.
Gestão	de	agneya dravya:	substância	fogo	no	corpo.
• Daha:	sensação	de	queimação.
• Paka:	supuração	(digestão,	metabolismo).
• Prakasha:	fornece	brilho.
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• Prabha:	fornece	tez.
• Varnya:	fornece	boa	cor.
• Vaayavya guna:	qualidades	do	elemento	vento
• Ruksha: secura.
• Sukshma:	diminuto,	sutil.
• Laghu: leveza.
• Vishada:	transparência.
• Vikasi:	propagação	rápida.
• Vyavayi:	difusão.
• Sheeta:	temperatura	fria.
Sparsha guna bahula: presença no tato.
Gestão	de	vaayavya dravya:	substância	ar/vento	no	corpo.
• Rookshata: secura.
• Laghuta: leveza.
• Vishadata: clareza.
• Glani:	fornece	fadiga.
• Vicharaka: promove e monitora diversas atividades.
Aaakasheeya guna:	qualidades	do	elemento	espaço	vazio.
• Mrudu: suavidade.
• Sukshma:	diminuto,	sutil.
• Laghu: leveza.
• Vishada:	transparência.
• Shlakshna: maciez.
• Vyavaayi:	difusão.
• Sheeta:	temperatura	fria.
• Khara:	áspero.
Shabda guna bahula: presença na audição.
Gestão	de	aaakasheeya dravya no corpo.
• Mruduta:	oferece	suavidade.
• Soushirya:	fornece	vazio.
• Laghuta:	oferece	leveza.
Agora	que	conhecemos	os	gunas associados aos cinco elementos e aos cinco 
tanmatras,	podemos	conhecer,	no	Quadro	1,	quais	são	os	20	gunas	principais	que	regem	
a	observação	de	oscilação	dos	doshas	(aquilo	que	gera	desequilíbrio)	em	nosso	corpo	e	
em nossa mente.
43
QUADRO 1 – OS 20 GUNAS PRINCIPAIS
FONTE: A autora
Como	 essas	 qualidades	 estão	 relacionadas	 aos	 tecidos	 e	 às	 substâncias	 do	
corpo,	elas	também	são	chamadas	de	shareerika gunas,	em	que	shareerika	significa	
“pertencente	 ao	 corpo”.	 	 Essas	 qualidades	 também	 são	 encontradas	 em	 todas	 as	
substâncias	compostas	por	cinco	elementos	da	natureza,	 incluindo	os	medicamentos	e	 
os	alimentos	que	consumimos.
São	qualidades	gerais	presentes	nos	elementos	da	criação	e	nas	substâncias	
que	os	compõem.	Portanto,	eles	são	chamados	samanya gunas,	ou	seja,	qualidades	
gerais/comuns.
Quando	pensamos	em	guru guna,	devemos	associar	a	tudo	que	contribui	com	
o	peso	e	a	gravidade.	Quando	um	alimento	é	considerado	guru,	significa	que	ele	é	mais	
difícil	de	ser	digerido,	 logo	 isso	aumenta	a	presença	dos	elementos	água	e	terra,	pois	
esses	são	os	elementos	que	lhe	conferem	peso.	Sua	qualidade	oposta	é	laghu guna,	que	
confere	leveza	na	alimentação,	sendo	os	alimentos	fáceis	de	serem	digeridos,	então	os	
elementos predominantes são o espaço vazio e o vento.
Sheeta guna	 representa	tudo	que	é	frio.	A	frieza	se	determina	pela	presença	dos	
elementos	água	e	vento.	Ushna guna	é	sua	qualidade	oposta,	é	quente.	Pode	ser	percebido	
pelo	tato,	calor,	ardência,	corrosão,	sendo	as	presenças	que	constituem	o	fogo.
Snigdha	é	o	que	confere	untuosidade,	como	quando	untamos	uma	forma	com	
manteiga	para	 assar	 um	bolo.	 É	 oposto	 à	 secura,	 e	 a	 untuosidade	 está	 presente	no	
elemento	água.	Ruksha,	o	oposto	de	snigdha,	é	a	secura,	ou	o	que	tira	a	oleosidade.	A	
secura	está	presente	no	elemento	ar	e	percebemos	isso	quando	secamos	nossa	roupa	
em	um	ambiente	arejado.
Guru guna: pesadoLaghu guna: leve
Sheeta guna:	frio Ushna guna:	quente
Snigdha guna: untuoso Ruksha guna: seco
Manda guna:	embotado Teekshna guna: penetrante
Sthira guna: imóvel Sara guna:	instável
Mrudu guna: macio Kathina gund: duro
Guna vishada: transparente Pichchila guna: viscoso
Shlakshna guna: suave Khara guna: rude
Sukshma guna: sutil Sthula: denso
Sandra guna: sólido Drava guna:	líquido
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Manda duna	se	associa	ao	embotamento.	Na	lassidão,	é	composto	pelo	elemento	
terra	e	água;	portanto,	também	tem	 lentidão.	Seu	oposto	é	theekshna guna,	penetrância,	
rispidez,	também	atribuída	ao	elemento	fogo.
Sthira guna reflete	a	estabilidade,	o	equilíbrio,	tem	a	presença	de	terra.	Sara guna,	 
seu	oposto,	é	instável,	móvel,	agitado,	muito	presente	nos	elementos	água	e	vento.
Mrudu guna	representa	maciez,	induz	a	frouxidão	e	o	relaxamento,	se	relaciona	
à	água	e	ao	espaço	vazio.	Kathina guna	é	o	que	tem	dureza,	rigidez	e	se	relaciona	ao	
elemento terra.
Vishada guna	significa	“transparência”,	“clareza”,	utilizado	para	remover	tudo	o	
que	é	viscoso	e	pegajoso,	se	associa	à	terra,	vento,	fogo	e	espaço	vazio.	Picchila guna 
se	associa	ao	que	é	viscoso,	unifica	e	integra,	se	relaciona	ao	elemento	água.
Shlakshna	é	a	suavidade,	a	lisura,	tem	imenso	poder	curativo.	De	forma	geral,	
está	associado	ao	espaço	vazio,	à	água	e	ao	fogo.	
Khara guna	 se	 associa	 à	 rudeza,	 rugosidade,	 áspera,	 mas	 sem	 secura,	 nos	
medicamentos	 são	 ditos	 das	 ervas	 que	 “raspam”,	 como	 banana	 verde,	 ou	 “amarra	
língua”,	na	linguagem	coloquial.	É	associado	ao	elemento	espaço	vazio	e	vento.
Sukshma guna	é	o	sutil,	associando-se	ao	fogo,	ao	espaço	vazio	e	ao	vento,	
muito	 potente,	 e	 percebemos	 sua	 eficácia	 nos	 medicamentos	 de	 homeopatia,	 por	
exemplo. 
Sthula guna	é	o	seu	oposto,	é	denso,	volumoso,	robusto,	sendo	associado	ao	
elemento terra.
Sandra guna	 é	 a	 solidez	 e	 o	 peso,	 são	 ervas	 e	 alimentos	muito	 nutritivos	 e	
essenciais	na	manutenção	da	saúde	e	da	longevidade,	estando	relacionado	ao	elemento	
terra	também.	
Por	fim,	drava guna,	que	é	tudo	que	escorre,	ou	seja,	tudo	que	é	ou	se	torna	
líquido,	confere	fluidez,	rapidez	e	penetrância,	se	relaciona	com	elemento	água.
Nosso estudo sobre gunas será aprofundado na unidade sobre doshas. 
A fim de que esse entendimento fique disponível, lembre-se de meditar 
e refletir sobre cada uma dessas características. Observe seu dia a dia, a 
fim de identificar essas percepções e relações.
ESTUDOS FUTUROS
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4.1 GUNAS DA MENTE
A	 mente	 e	 as	 emoções	 também	 recebem	 influências	 dos	 cinco	 grandes	
elementos,	e	a	energia	sutil	dos	elementos	participa	da	formação	das	características	
da mente. 
Satwa,	rajas e tamas	são	a	denominação	dessas	qualidades,	que	também	são	
referenciadas	como	trigunas ou mahagunas	da	mente,	pois	temos	as	trigunas do corpo 
físico.	Logicamente,	elas	também	são	partes	que	integram	o	universo.	Entre	as	três,	rajas 
e tamas	são	as	que	“contaminam”	a	mente	e	causam	danos	quando	em	desequilíbrio.
Satwa	 é	 a	 qualidade	 que	 sempre	 ilumina,	 responsável	 pelas	 boas	vibrações,	
reflete	conhecimento,	capacidade	de	controle	do	ego.	Tudo	o	que	se	aprende	depende	
de satwa,	 ele	 traz	 a	 possibilidade	 de	 se	 adquirir	 o	 verdadeiro	 conhecimento	 e	 essa	
qualidade	é	imperturbável,	está	sempre	disponível	para	ser	acessada.	Todavia,	ele	pode	
ser mascarado por rajas e tamas,	e	quando	isso	acontece	nos	percebemos	envoltos	pela	
nevoa da ignorância.
Rajas ou rajo guna	representa	o	movimento	e	as	ações	que	ocorrem	no	corpo.	
Essa	qualidade	deve	ser	mantida	em	equilíbrio:	se	rajas	sofrer	um	excesso,	domina	a	
mente	e	a	conduz	à	hiperatividade.	Isso	significa	que	esse	desequilíbrio	pode	conduzir	
as	 pessoas	 a	 terem	 pensamentos	 ultrajantes,	 emoções	 viscerais,	 como	 raiva,	 ira,	
ansiedade,	agressividade	e	pânico.	Essa	inquietação	da	mente	certamente	vai	acarretar	
distúrbios	do	sono,	mantendo	a	atividade	excessiva	do	diálogo	interno,	levando	a	pessoa	
a	cometer	equívocos,	ofensas	e	crimes.
Exemplos relacionados ao movimento desmedido desse guna são: expressão 
retumbante	 de	 desejos,	 ódio,	 tristeza,	 euforia,	 ganância,	 orgulho,	 ciúme,	 ansiedade,	
perda do poder de discernimento.
Tamas é capaz de controlar rajas	quando	este	está	em	uma	manifestação	errática,	
sendo oposto ao rajas;	portanto,	representa	o	oposto	de	movimento,	sendo	responsável	
pela	 calma,	 pela	 estabilidade,	 pela	 coerência.	 Quando	 em	 desequilíbrio,	 ele	 esconde	
toda	a	manifestação	de	rajas,	causando	debilidade,	depressão,	melancolia,	ignorância	e	
comportamento	estúpido	e	débil.
4.2 ÓRGÃOS DE PERCEPÇÃO E DE AÇÃO
Em	sânscrito,	os	órgãos	de	percepção	e	de	ação	recebem	o	nome	de	indriyas,	
sendo	 essenciais	 na	 manifestação	 de	 ayu	 (vida)	 de	 um	 indivíduo.	 São	 ferramentas	
insubstituíveis	na	obtenção	do	conhecimento	e	da	execução	de	nossos	deveres	e	de	
nossas	ações	em	resposta	a	todo	o	conhecimento	que	recebemos.
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Jnanendriyas	são	os	órgãos	que	permitem	o	funcionamento	dos	nossos	cinco	
sentidos:	ouvido,	pele,	olho,	 língua	e	nariz.	Objetivamente,	a	experiência	do	ouvido	é	o	
som,	da	pele	é	a	percepção	do	tato,	a	dos	olhos	é	distinguir	formas	e	cores,	a	da	língua	 
é	o	paladar,	do	nariz	é	a	capacidade	de	percepção	de	cheiros.
Karmendriyas	são	os	órgãos	motores	do	corpo	humano:	a	boca,	as	mãos,	os	pés,	
o	ânus	e	os	genitais.	Objetivamente,	a	função	da	boca	é	proferir	palavras,	das	mãos	é	
segurar	objetos,	dos	pés	é	a	locomoção,	do	ânus	é	a	excreção	de	fezes	e	dos	órgãos	
genitais é o prazer.
Todos	 eles	 só	 podem	 funcionar	 harmoniosamente	 na	 presença	 de	 manas 
(mente).	Essa	união	é	necessária	para	a	nossa	existência,	pois	na	falta	de	um	desses	
órgãos	nossa	capacidade	de	percepção	do	mundo	fica	comprometida.
4.3 INTER-RELAÇÃO DOS ELEMENTOS
A	manifestação	sensorial	dos	cinco	grandes	elementos	se	dá	pelo	encadeamento	
da	presença	de	cada	um	deles	entre	si,	ou	seja,	a	expressão	do	mais	sutil	se	mostra	nos	
demais mais densos.
Acharya	Sushruta	(ano	VI	a.C.)	também	explica	o	mesmo	conceito	e	chama	esse	
processo	de	entrada	mútua	de	um	elemento	no	outro:	quando	o	elemento	vayu ganha 
a	qualidade	do	som	de	seu	elemento	precursor,	akasha	 (espaço	vazio),	uma	parte	do	
akasha entra em vayu.	Dessa	forma,	há	entrada	mútua	dos	elementos	nos	elementos	
de	forma	sucessiva.	Assim,	há	entrada	de	vayu em agni,	agni em jala e jala em prithvi. 
Portanto,	 prithvi	 tem	 todos	 os	 componentes	 de	 outros	 elementos,	 já	 os	 elementos	
anteriores terão um elemento a menos.
FIGURA 6 – RELAÇÃO DA MANIFESTAÇÃO DOS CINCO GRANDES ELEMENTOS
FONTE: A autora
Akasha
Akasha
Agni
Jala
Akasha
Agni
VayuJala
Akasha
Agni
Jala
Vavu
Prithvi
A
ka
sh
a
Vayu
47
LEITURA
COMPLEMENTAR
AYURVEDA: O CAMINHO DA SAÚDE
Maria	Inês	Marino
Walkyria	Giusti	Dambry
ÍNDIA: DOS VEDAS A SAMKHYA
A	 Índia	para	o	Ocidente	ainda	é	envolta	por	exotismo	e	mistério,	porém	nela	
se	conhece	desenvolvimento	e	civilização	desde	antes	do	período	do	Mohenjo-daro,	
em	2900	a.C.	Estudos	filosóficos	dos	upanishads	desenvolveram-se	oito	séculos	a.C.;	
Shankara,	o	maior	filósofo	da	Índia,	oito	séculos	depois	dele.	Tudo	isso	demonstração	a	
evolução intelectual de um povo em um tempo tão remoto.
Os	princípios	da	civilização	humana	certamente	passam	pela	Índia.	Escavações	
arqueológicas	habituais	em	seus	objetos	de	território	do	período	Neolítico,	chamado	de	
cultura	neolítica	do	Mysore,	de	aproximadamente	4000	a.C.	Entretanto,	esses	achados	
revelam	a	existência	de	uma	cultura	e	não,	ainda,	de	uma	civilização.
Às	margens	do	rio	Indo	foram	encontrados	os	restos	do	que	se	chamou	de	Índia	
pré-histórica	ou	Mohenjo-daro.	Essa,	sim,	uma	descoberta	que	declara	a	 Índia	como	
uma	das	mais	antigas	civilizações,	senão	a	mais	antiga.
Foram	 encontradas	 quatro	 ou	 cinco	 cidades	 com	 centenas	 de	 casas	 sólidas	
construídas	de	tijolos,	com	mais	de	um	andar,	dispostas	em	ruas	estreitas	e	largas	como	
avenidas.
Na	região	de	Sind	e	Punjab	(ao	norte	de	Bombaim),	entre	oquarto	e	o	terceiro	
milênio	 a.C.,	 constatou-se	 que	 essas	 cidades	 eram	 altamente	 desenvolvidas.	 Em	
muitas	casas	havia	poços,	banheiros,	 sistema	de	drenagem,	o	que	necessariamente	
uma	condição	social	superior	à	que	existia,	na	mesma	época,	na	Babilônia	e	no	Egito.	
Foram	encontradas	peças	de	cerâmica	em	torno,	peças	de	xadrez,	moedas	mais	velhas	
que	todas	as	marcas,	selos	gravados	em	escrita	pictográfica	desconhecida,	objetos	de	
faiança	de	excelente	qualidade,	pedras	esculpidas,	armas	e	instrumentos	de	cobre,	um	
carro	de	duas	rodas	e	bem-acabadas	joias	de	ouro	e	prata.
	 Com	 esse	 panorama,	 os	 historiadores	 do	 século	 XX	 passaram	 a	 crer	 que	
estavam	lidando	com	restos	do	que	parecia	ser	a	mais	velha	das	civilizações,	 já	que,	
quando	Mohenjo-daro	estava	no	seu	apogeu,	Quéops	construía	sua	primeira	pirâmide.
48
Essas	 descobertas	 arqueológicas	 desencadearam	 estudos	 a	 respeito	 do	
comportamento	social,	cultural,	político	e	religioso	relacionado	a	essa	civilização.
Após	o	apogeu	de	Mohenjo-daro,	várias	das	cidades	e	tribos	sofrerão	a	invasão	 
de	um	povo,	chamado	ariano,	vindo	de	uma	região	próxima	da	Pérsia.
Esse	povo	de	perfil	guerreiro	trouxe	um	novo	comportamento	ao	Mohenjo-daro,	
que	passou	a	adquirir	a	organização	das	instituições	indianas	mais	características.
A	evolução	desse	povo	destaque	na	 Índia	Védica,	um	período	muito	 rico	sob	
todos	os	aspectos	da	civilização,	que	se	estendeu	de	2000	a	1000	a.C.
Toda	 a	 história	 desse	 povo	 brilhante	 não	 se	 formou	 com	 base	 apenas	 nas	
escavações	arqueológicas,	mas	principalmente	na	pesquisa	de	escritos	de	uma	época	
remota,	que	revelam	detalhes	da	vida	do	povo	em	relação	à(s):	sociedade,	cultura,	artes,	
literatura,	política,	crenças,	medicina	e	filosofia.
Os escritos mais importantes são os ghydas,	 os	mais	 antigos	 e	 de	 principal	
interesse	 para	 nosso	 estudo,	 que	 aprovado	 a	 Índia	 Védica	 de	 2000	 a	 1000	 a.C.,	
Mahabharata	e	Ramayana,	que	descrevem	a	Índia	Heroica	de	1000	a	500	a.C.
A	civilização	indiana,	carregada	nos	vedas,	é	dirigida	a	fundamentos	religiosos,	
e	estes	nortearão	a	vida,	os	estudos	c	como	descobertas	desse	rico	período.	A	ligação	
com	a	natureza	era	muito	forte,	já	que	os	mais	antigos	deuses	vedas eram elementos ou 
elementos	dela	o	céu,	o	sol,	o	fogo,	o	vento,	a	água	etc.
Por	 certo	 tempo,	 o	 principal	 deus	védico	 foi	Agni,	 o	 fogo,	 a	 chama	 sagrada.	
Outros	deuses	muito	adorados	foram	Indra,	o	deus	do	raio	e	do	trovão,	e	Vishnu,	o	sol.
Pelos vedas	 é	 possível	 compreender	 o	 princípio	 de	 uma	 religião,	 o	 berço,	 o	
crescimento	e	 a	morte	dos	deuses	e	da	 fé.	Podem-se	acompanhar	 os	 caminhos	da	
devida	e	do	pensamento,	observando	a	evolução	desde	o	Atharva-veda,	livro	das	mágicas	
e	encantamentos,	até	chegar	ao	upanishads,	profundo	estudo	que	orienta	o	sistema	
filosófico	hindu,	base	de	toda	cultura	e	ciência.
A	grande	barreira	para	compreender-se	a	Índia	Antiga	é	o	fato	de	lá	não	haver	
uma	língua	única,	já	que	cada	tribo	tinha	seu	dialeto	próprio.
Nos	vedas	não	se	requer	que	seus	autores	conhecessem	sua	escrita,	já	que	como	
epopeias e os cantos escritos eram relatados de geração para geração e provavelmente 
foram	escritos	muito	tempo	depois.
A	 escrita,	 boletim,	 era	 usada	 para	 propósitos	 comerciais	 e	 administrativos,	 e	
não	para	literatura.	 Inicialmente,	as	lendas,	os	poemas,	os	cânticos	e	as	histórias	eram	
somente	falados	entre	o	povo,	que	não	conhecia	a	arte	da	escrita.
49
Muito	da	cultura	hindu	mais	antiga	certamente	perdeu-se,	e	tudo	o	que	sabemos	
sobre	ela	está	nos	vedas,	escritos	em	um	dos	mais	velhos	grupos	de	línguas,	o	sânscrito.
A	 palavra	 sânscrita	 veda	 significa	 "conhecimento";	 um	 veda	 é	 um	 "livro	 do	
conhecimento".		Os	vedas	são	uma	coleção	de	livros,	dos	quais	somente	quatro	se	tem	
conhecimento:
• Rig-veda	-	Conhecimento	dos	hinos	de	louvor.
• Sama-veda	-	Conhecimento	das	melodias.
• Yajur-veda	-	Conhecimento	das	fórmulas	sacrificiais	e	mágicas.
• Atharva-veda	-	Conhecimento	das	fórmulas	mágicas.
Cada um dos vedas	se	divide	em	quatro	seções:	
1. Os mantras ou hinos.
2. Os brahamanas	ou	manuais	de	ritual,	prece	e	encantamento	para	sacerdotes.
3. Os aranyaka ou textos para santos eremitas.
4. Os upanishads	ou	escritos	filosóficos.
A	ciência	na	Índia	é	muito	antiga	e	sua	ligação	com	a	religião	fez	com	que	seu	
desenvolvimento,	boletim,	viesse	pelas	mãos	de	sacerdotes.
A	astronomia	nasceu	do	culto	dos	corpos	celestes	e	da	observação	dos	seus	
movimentos	e	dos	ciclos	que	os	regem,	a	correção	de	um	primeiro	calendário	que	servia	
a	festas	religiosas.
A	gramática	e	a	filosofia	surgiram	a	partir	das	orações,	de	fonética	específica,	
para	atender	aos	cânticos	e	às	reflexões	ligadas	à	fé.
Da	 Índia	veio	o	método	de	representar	os	números	por	meio	de	dez	símbolos,	os	
algarismos,	injustamente	chamados	de	arábicos,	pois	na	cultura	hindu	eles	já	surgem	nos	
"Editos	da	Pedra	Ashoca",	em	256	a.C.,	um	milênio	antes	de	sua	aparição	na	literatura	árabe.
Mestres	 hindus	 como	 Aryabhata,	 Bramagupta	 e	 Bhasara	 foram	 grandes	
estudiosos	e	criadores	de	conceitos	de	astronomia	álgebra.
Conceitos	físicos	e	químicos	também	eram	amplamente	experimentados	nesse	
período.
Anatomia	e	fisiologia	fizeram	parte	dos	primórdios	da	medicina	hindu.	No	século	
IV	a.C.,	os	 indianos	descreviam	ligamentos,	estruturas,	vasos	linfáticos,	nervos,	plexo,	
tecidos	 adiposo	 e	 vascular,	 másculos,	 membranas	 sinoviais	 e	 mucosas	 a	 partir	 de	
estudos	em	cadáveres	humanos.
50
Escolas	médicas	védicas,	em	500	a.C.,	já	sugeriam	o	controle	da	prole	com	base	
no ciclo menstrual.
Os	primeiros	escritos	da	medicina	hindu	definidos	com	o	Atharva-veda,	onde,	em	
meio	a	mágicas	e	encantamentos,	já	aparecia	uma	lista	de	doenças	e	sintomas.
A	medicina	surgiu	como	um	adjunto	da	mágica:	o	curador	estudava	a	natureza	
e	usava	um	meio	natural	nas	suas	fórmulas;	por	fim	passou	a	ter	mais	fé	nos	meios	
naturais,	embora	conservando	a	mágico	como	auxiliar	psicológico.
Apenso	 a	 Atharva-veda,	 temos	 o	 Ajur-veda ou Ayur-veda	 (conhecimento	
da	vida	ou	segredo	da	 longevidade),	um	livro	que	estuda	os	mecanismos	da	saúde	e	
dos	tratamentos	e	atribuída	a	doença	à	desordem	dos	princípios	básicos	do	indivíduo	
(doshas).
 Atharva-veda	 enumera	centenas	de	plantas	medicinais	e	 seus	benefícios	e	
prega,	de	forma	veemente,	a	água	como	melhor	remédio	para	a	maioria	das	doenças.
Da	combinação	do	estudo	dos	 fundamentos	médicos	 e	filosóficos	 anteriores	
nos vedas	surgiram	dois	grandes	nomes	da	medicina	hindu:	Sushruta	e	Charaka.
Em	Sushruta	Samhita,	escrita	em	sânscrito,	é	descrito	um	sistema	de	diagnóstico	
e	terapia	emanado	do	professor	Dhanvantari.
Sua	 obra	 trata	 de	 cirurgia,	 obstetrícia,	 alimentação,	 uso	 de	 drogas,	 higiene	
infantil,	educação	médica	e	sanitária.
Por	volta	do	ano	120,	Charaka	escreveu	Samhita	(enciclopédia)	sobre	medicina,	
que	circula	até	os	tempos	atuais.	Ela	menciona	o	uso	de	drogas	anestésicas,	cirurgias	e	
tratamentos de grande parte das doenças atualmente.
Tanto	para	Sushruta	como	para	Charaka	os	recursos	terapêuticos	mais	usados			
eram	a	dieta,	os	banhos,	as	lavagens	e	as	inalações	associados	ao	uso	de	ervas.
O	uso	de	vacinas	foi	relatado	no	ano	de	550	em	texto	atribuído	a	Dhanwantari.
Os	 fundamentos	 da	 medicina	 hindu	 estão	 na	 filosofia.	 Alguns	 upanishads 
revelam-se	 mais	 antigos	 que	 qualquer	 forma	 de	 filosofia	 grega	 chegada	 até	 nós.	
Pitágoras	e	Platão	parecem	influenciados	pela	metafisica	indiana.
Na	filosofia	indiana	abrigam-se	vários	sistemas	de	pensamento,	e	o	Samkhya	é	
o	que	dá	base	para	o	estudo	médico.
51
A	filosofia	Samkhya	tem	sua	criação	atribuída	a	Kapila	no	século	VI	a.C.,	e	ao	que	
parece	é	o	mais	antigo	dos	sistemas	filosóficos	hindus.	Outros	cinco	sistemas	dão	base	à	
civilização e ao pensamento hindu: o nyaya,	o	vaisheshika,	o	yoga,	o	purvamimansa e 
o vedanta,	que	marca	o	fim	dos	vedas,	isto	é,	dos	upanishads.
Kapila	criou	Samkhya	a	partir	da	contemplação	e	doestudo	da	natureza,	bem	
como	das	respostas	no	homem	pela	sua	integração	a	ela,	Para	Kapila,	pelo	encontro	de	
prakriti	(princípio	físico)	e	purusha	("pessoa",	"eu")	tem-se	o	elo	entre	o	material	e	o	sutil	
que	habita	todo	indivíduo.
A	realidade	(prakriti),	em	Samkhya,	dá-se	pela	percepção;	são	os	sentidos	e	o	
pensamento	que	dão	realidade,	forma	e	significação	ao	mundo;	mas	a	força	que	move	
toda	essa	ação	está	em	purusha.
Todos	 os	 fundamentos	 da	medicina	védica	 se	 apoiam	 no	 sistema	 Sumkhya,	
considerado	 materialista,	 mas	 que	 graças	 a	 essa	 característica	 a	 evolução	 de	 uma	
ciência	médica	precisa	e	independente	do	domínio	religioso,	sem	deixar	de	considerar	 
o lado sutil e etéreo do homem.
FONTE: MARINO, M. I.; DAMBRY, W. G. Ayurveda: o caminho da saúde. São Paulo: Gaia, 2014.
52
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
•	 As	 características	 associadas	 aos	 elementos	 têm	 como	 objetivo	 desnudar	 e	
desassociar	qualquer	correlação	prévia	com	qualquer	outro	saber	ancestral.	Aprender	
ayurveda	requer	que	estejamos	“vazios”	de	outros	conhecimentos.
•	 Essas	características	e	associar	aos	cinco	grandes	elementos	é	uma	das	principais	
chaves	para	garantir	o	entendimento	da	mazela	que	aflige	ao	indivíduo	e	a	escolha	
do tratamento.
•	 Corpo	 e	mente	 são	 dois	 lados	 da	mesma	moeda	 e	 que	 a	mente	 também	 recebe	
influência	sutil	e	densa	daquilo	que	acomete	nosso	corpo	favorece	o	embasamento	 
do pensamento ayurvédico.
•	 Os	atributos	e	as	predominâncias	de	elementos	na	mente	e	no	corpo	transformam	
tanto	 o	 corpo	 quanto	 a	 mente	 e	 alteram	 as	 características	 momentâneas	 do	
indivíduo	além	de	conferir	a	capacidade	de	identificar	o	elemento	que	requer	ajuste	
na	terapêutica.
•	 Cada	elemento	ocorre	na	derivação	do	anterior	habilita	o	entendimento	e	capacita	a	
mente	para	estabelecer	as	conexões	futuras	necessárias.
RESUMO DO TÓPICO 4
53
AUTOATIVIDADE
1 Guna	é	um	atributo	da	natureza	que	deve	ser	associado	aos	elementos	e	às	interações	
que	ocorrem	entre	 eles.	 Em	sânscrito,	guna	 pode	 ser	 traduzido	como	 “qualidade”,	
“atributo”,	 “condição”	 ou	 “virtude”.	 Quanto	 ao	 elemento	 e	 seu	guna	 predominante,	
assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 Devido	à	sua	ação	aguda	e	penetrante,	a	cocada,	um	alimento	com	característica	
mais pitta,	 imediatamente	 traz	 sensações	 corporais,	 como	 calor,	 sudorese	 e	
sensação	de	queimação	na	boca.
b)	 (			)	 Aaakasheeya guna	é	a	qualidade	do	elemento	água.
c)	 (			)	 O	sthira guna reflete	a	estabilidade,	o	equilíbrio,	tem	a	presença	de	terra.
d)	 (			)	 O	satwa	é	a	qualidade	que	sempre	cria	ousadia.
2 Os panchamahabhutas	são	os	cinco	grandes	elementos	que	formam	o	universo,	logo	
estão	presentes	em	sua	forma	densa	e	sutil	em	tudo	que	compõe	o	que	conhecemos.	
Considerando	 as	 correlações	 dos	 panchamahabhutas com os seus respectivos 
tanmatras,	analise	as	afirmativas	a	seguir:
I-	 Karmendriyas	são	os	órgãos	de	percepção	do	corpo	humano:	a	boca,	as	mãos,	os	
pés e o ânus.
II-	 Objetivamente,	a	experiência	do	ouvido	é	o	som,	da	pele	é	a	percepção	do	tato,	a	
dos	olhos	é	distinguir	formas	e	cores,	a	da	língua	é	o	paladar,	do	nariz	é	a	capacidade	
de percepção de cheiros.
III-	 Objetivamente,	a	função	da	boca	é	se	manter	fechada,	das	mãos	é	segurar	objetos,	
dos	pés	é	a	 locomoção,	do	ânus	é	a	excreção	de	fezes	e	dos	órgãos	genitais	é	o	
prazer.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	III	está	correta.
3 Os gunas	 se	 relacionam	 aos	 cinco	 grandes	 elementos,	 que	 são	 chamados	 de	
qualidades	excepcionais.	Cada	elemento	apresenta	qualidades	que	os	determinam	
em	sua	especificidade	e	 esse	 traço	nos	 auxilia	 identificar	 a	presença	ou	ausência	
desse	elemento	em	determinadas	situações.	De	acordo	com	nosso	estudo,	classifique	 
V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
54
(			)	Parthiva guna	indica	as	qualidades	do	elemento	terra.
(			)	Vaayavya guna	indica	qualidades	do	elemento	agni.
(			)	Shabda guna bahula indica sua presença na audição.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	-	F	-	F.
b)	 (			)	 V	-	F	-	V.
c)	 (			)	 F	-	V	-	F.
d)	 (			)	 F	-	F	-	V.
4 Ayurveda	é	um	conhecimento	ancestral	que	se	ocupa	em	compartilhar	a	essência	
do	conhecimento	da	vida.	Esse	conceito	é	baseado	em	dois	grandes	princípios:	o	
primeiro	é	que	o	corpo	e	a	mente	são	conectados,	e	o	segundo	é	que	a	mente	é	
poderosa	o	suficiente	para	curar	o	corpo.	Considerando	o	que	estudamos,	discorra	
sobre	a	afirmativa:	quando	me	refiro	ao	ayurveda como sendo a medicina tradicional 
indiana,	estou	limitando	seu	alcance.
5	 As	quatro	buscas	humanas	olham	diretamente	para	tudo	que	nos	move,	demandas	
e	oportunidades,	podemos	nos	referir	a	elas	como	os	valores	inerentes	do	universo;	a	
palavra purushartha	significa	“o	propósito	do	ser”.	Indique	quais	são	as	quatro	buscas	
humanas	e	discorra	sobre	cada	uma	delas	e	o	porquê	de	elas	serem	consideradas	 
no ayurveda.
55
ALMEIDA,	J.	F.	Índia,	a	maior	democracia	do	mundo.	Jornal de Negócios,	Lisboa,	27	
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AYRES,	C.	Ayurveda.	O segredo das medicinas internas,	[s. l.],	c2020.	Disponível	
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BROWN,	C.	M.	The devi gita, the sing of the goddess.	Delhi:	Indian	books	Centre,	
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FEUERSTEIN,	G.	A tradição do yoga.	2.	ed.	São	Paulo:	Pensamento,	2005.
FILME:	PAD	man.	Direção	de	R.	Balki.	Produção	de	Anil	Naidu,	Hitesh	Thakkar,	Ravi	
Sarin	e	Twinkle	Khanna.	Índia:	Sony	Pictures	Entertainment	Motion	Group,	2018.	1	DVD	
(140	min.).
FILME:	O	DISCÍPULO.	Direção	de	Chaitanya	Tamhane.	Produção	de	Vivek	Gomber.	Índia: 
Netflix,	2020.	On-line	(128	min.).
HART,	L.	G.	A rapid sanskrit method. 5.	ed.	Nagar:	Motilal	Banarsidass,	2006.
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56
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TRISMEGISTO,	H.	Le kybalion.	Paris:	Yogi	Publication	Society,	1908.
57
ABHYANGA
UNIDADE 2 — 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender a lógica do pensamento ayurvédico;
• conhecer as noções básicas de anatomia na visão do ayurveda;
• estudar a formação de cada dhatus e a dependência entre cada um;
• entender a importância dos updhatus e dos malas manifestados.
 Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – DOSHAS
TÓPICO 2 – AGNI
TÓPICO 3 – DHATUS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
58
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 2!
Acesse o 
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59
TÓPICO 1 — 
DOSHAS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos o conceito e a aplicação do conceito 
dos doshas na observação dos corpos e dos desequilíbrios que acometem os seres 
humanos. 
Serão considerados os corpos sutis e densos na visão do ayurveda e a função 
de cada subdosha nos processos físico-químicos do corpo humano.
Por conseguinte, nosso estudo seguirá pela abordagem de agni (fogo) e, 
além de sua definição, trabalharemos a sua importância nos processos de digestão e 
transformação de pensamentos, emoções e alimentos físicos.
Após entendermos agni, estaremos aptos para adentrar no estudo da anatomia 
do corpo humano, percorrendo os dhatus em sua essência e a importância na 
manutenção da saúde geral, garantindo equilíbrio e longevidade.
2 DEFINIÇÃO
Os tridoshas são uma das principais chaves de entendimento e aplicação do 
ayurveda e seus processos terapêuticos na prática. O equilíbrio deles é essencial para 
a nossa saúde.
Dosha, além de sua definição etimológica, pode ser considerado uma grande 
invenção, pois é uma plataforma dinâmica de observação da dança dos cinco grandes 
elementos na trajetória de vida das pessoas. 
Etimologicamente, ele significa “erro”, mas também pode ser definido como 
um dos componentes do praṇa (energia vital) e que desempenha um papel causal na 
fisiologia e na patologia. 
Abrange a ampla gama de todo mundo vivo, podendo ser verificado em seres 
animados e inanimados.
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FIGURA 1 – OS ELEMENTOS E OS DOSHAS
FONTE: <https://shutr.bz/3vxVUFD>. Acesso em: 2 mar. 2022. 
Os doshas têm uma ampla gama de funções e, embora sejam onipresentes, eles 
se manifestam predominantemente em certos locais do corpo e são mais facilmente 
percebidos nessas localizações. Quando praṇa (energia vital) se manifesta no corpo 
humano, os três doshas – vata, pitta e kapha – se manifestam e assumem as funções 
fisiológicas sob sua responsabilidade. A partir do momento que a eles se atribuiu essa 
nomenclatura, ocorre a definição dos tridoshas, ou seja, os três doshas.
De acordo com o ayurveda, o primeiro requisito para curar a si mesmo e aos 
outros é uma compreensão clara dos três doshas. O conceito de vata-pitta-kapha é 
exclusivo do ayurveda, no entanto, ele não tem uma tradução literal para facilitar seu 
entendimento; então, convido você a mergulhar nos conceitos que se seguem.
Vata tem por princípio o movimento, aquilo que se move. Portanto, até pode 
ser entendido como o princípio do vento no corpo, todavia o elemento vento ou ar na 
atmosfera não é o mesmo que o ar no corpo. O ar corporal, ou vata, pode ser caracterizado 
como a energia sutil que governa os movimentos fisiológicos. Esse princípio biológico de 
movimento engendra todas as mudanças sutis no metabolismo.
Vata é formado por dois elementos: espaço vazio e vento. É responsável, por 
exemplo, pela respiração, pelo piscar das pálpebras, pelos movimentos nos músculos 
e tecidos, pelas pulsações no coração, pelos peristaltismos, por toda expansão e 
contração, pelos movimentos do citoplasma, das membranas celulares e dos impulsos 
únicos nas células nervosas. Vata também dirige os sentimentos e as emoções, como 
contentamento, nervosismo, medo, ansiedade, dor, tremores e espasmos. O intestino 
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grosso, a cavidade pélvica, os ossos, a pele, as orelhas e as coxas são seus lugares 
favoritos no corpo. No entanto, se o corpo desenvolver um excesso de vata, ele se 
acumulará inicialmente nessas áreas.
Pitta pode ser traduzido como “fogo”, embora esse não seja seu significado. 
O fogo de uma vela ou de uma lareira pode ser visto, no entanto a energia do calor 
corporal, o pitta-dosha, que se manifesta como metabolismo, não é visível dessa forma.
Pitta rege a digestão, a absorção, a assimilação, a nutrição, a metabolização, a 
expressão da temperatura corporal, a coloração da pele, o brilho dos olhos, a inteligência 
e a compreensão. Na mente e nas emoções, o pitta desperta raiva, ódio, ciúme, ousadia, 
paixão, coragem. O intestino delgado, as glândulas sudoríparas, o sangue, os olhos e a 
pele são seus lugares favoritos no corpo humano. O pitta é formado pelos elementos 
fogo e água.
Quanto ao kapha, pode ser atribuído aos líquidos corporais, sendo formado 
pelos elementos terra e água. Ele é a amálgama dos elementos no corpo, pois fornece 
o material para a estrutura física. Esse dosha mantém a resistência e a estabilidade do 
corpo. A água é o principal constituinte do kapha, líquido responsável fisiologicamente 
pela força biológica e pela resistência natural dos tecidos do corpo.
Assim, o kapha lubrifica as articulações e fornece hidratação à pele: ajuda a 
curar feridas, preenche os espaços do corpo, dá força biológica, vigor e estabilidade, 
caracteriza a capacidade de memorização, dá energia ao coração e aos pulmões e 
mantém a imunidade. Ele está presente no peito (sede do kapha), na garganta, nos seios 
da face, no nariz, na boca, no estômago, nas articulações, no citoplasma, no plasma e 
nas secreções líquidas do corpo, como o muco. Na mente e nas emoções, é responsável 
por apegos, ganância, inveja, calma, perdão e amor.
3 O CORPO DENSO E OS DOSHAS 
Neste momento, passaremos a usar uma lente de aumento na observação e 
verificação dos doshas, dos cinco grandes elementos e dos gunas nos corpos físicos. 
É importante lembrar que essas descrições refletem o aspecto puro de cada dosha, 
porém nenhuma constituição individual é composta apenas por um único elemento.
Cada ser humano é uma combinação dos três doshas, que se estabelecem pela 
combinação em pares dos cinco grandes elementos – naturalmente, há uma tendência 
predominante para um ou mais doshas.
Portanto, tenhamos a devida paciência e agucemos nossa capacidade de 
observação a fim de não tirar conclusões precipitadas e definitivas sobre si mesmo ou 
outrem com base nessas descrições fundamentais.
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Os tridoshas – vata, pitta e kapha – são determinados em nossa vida no exato 
momento da nossa concepção, no útero de nossa mãe. O bebê recebe as características 
de pai e da mãe na proporção de 50% de cada um. Essa constituição é o que chamamos de 
prakrti e sattva, rajas e tamas, que são os gunas da mente, ou seja, as características 
mentais, que também já compõem a mente desse bebezinho.
Então, a predominância de determinados doshas se dá pelo que recebemos 
dos nossos pais na concepção. A quantidade distrubuída de elementos pelo corpo do 
indivíduo é o que determinará a predominância do dosha, por exemplo: podemos ter um 
bebê que receba 70% de vata, 20% de pitta e 10% de kapha, bem como podemos ter outro 
bebê que apresente 30% de vata, 30% de pittae 40% de kapha.
Há outro elemento importante a ser considerado agora, afinal já falamos dos 
doshas do corpo e dos gunas da mente e do corpo: toda mente tem dois doshas (rajas 
e tamas), que compartilham as mesmas características e funções dos gunas, com a 
diferença de que sattva não é considerado um dosha da mente.
De acordo com o Capítulo 1 do livro Ashtanga Hrdaya – Sutrasthana (VAGBHATA, 
1939, p. 5):
वायुः पित्तं कफश्चेति त्रयो दोषाः समासतः॥६॥
विकृताविकृता देहं घ्नन्ति ते वर्तयन्ति च ।
ते व्यापिनोऽपि हृन्नाभ्योरधोमध्योर्ध्९ााभ्योरधोमध्योर्ध्वसंश्र्ध्वसंश्थ
vāyuḥ pittaṃ kaphaśceti trayo doṣāḥ samāsataḥ||6||
vikṛtāvikṛtā dehaṃ ghnanti te vartayanti ca |
te vyāpino'pi hṛnnābhyoradhomadhyordhvasaṃśrayāḥ||7||
Vata, pitta e kapha são os três doshas do corpo.
Um equilíbrio perfeito de três doshas leva à saúde e seu desequilíbrio 
leva a doenças.
Os tridoshas estão presentes em todo o corpo, mas sua presença é 
vista especialmente em partes específicas.
Se o corpo humano for particionado em três, teremos a seguinte divisão de 
predominância dos doshas:
• do umbigo para cima, o regente é o kapha;
• do umbigo para baixo até o início da crista ilíaca, o responsável é o pitta;
• da crista ilíaca até a sola dos pés, temos o domínio do vata.
 
Lembrando que, como citamos anteriormente, o corpo todo tem a manifestação 
dos três doshas, sendo que o equilíbrio sistêmico dos doshas manifesta o estado de 
saúde em um indivíduo e, consequentemente, seu desequilíbrio manifesta muitas 
doenças. 
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Esse desequilíbrio pode ocorrer por aumento de um dos doshas, seja uma 
diminuição, seja uma estagnação, ou ainda por todas essas ocorrências juntas – nesse 
caso, todas as funções e responsabilidades deles serão afetadas, conduzindo o corpo e 
o indivíduo ao sofrimento.
As manifestações equivocadas podem abranger doshas, cinco elementos 
especificamente, além da ação e reação dos gunas na expressão do desequilíbrio. Um 
bom exemplo disso é quando pitta invade as regiões de vata, momento em que há uma 
grande chance de o indivíduo manifestar processos inflamatórios.
Acadêmico, sempre que um dosha se vicia, é um fator determinante para 
alguma doença. Portanto, é muito importante desenvolver a habilidade de 
perceber qual dosha ou qual elemento está perturbado.
IMPORTANTE
Nosso corpo pode ser considerado como o microcosmo do universo, em que o 
universo é o macrocosmo. O homem, sendo observado como microcosmo, facilita nossa 
percepção da presença dos cinco grandes elementos, que também estão presentes em 
toda matéria animada ou inanimada.
O corpo humano apresenta regiões e órgãos com espaços, canais e orifícios 
que são manifestações do elemento espaço vazio (akasha), que é o primeiro elemento 
cósmico. Podemos citar como exemplos a boca, o nariz, o trato gastrointestinal, o trato 
respiratório, o tórax, os vasos capilares, o tecido, as células etc. Esse espaço propicia a 
manifestação por intermédio do movimento do elemento vento (vayu).
O vento é o segundo elemento cósmico, aquele que movimenta a si e aos 
demais elementos dentro do corpo humano. 
Vayu é percebido nos movimentos maiores dos músculos, nas pulsações do 
coração, na expansão e contração dos pulmões, nos peristaltismos das vísceras etc. Sob 
um microscópio, mesmo células isoladas podem ser vistas se movendo, e a resposta 
a qualquer estímulo é o movimento dos impulsos nervosos aferentes e eferentes, que 
são os sensoriais e motores. Todos os movimentos do sistema nervoso central são 
governados pelo vento corporal.
O terceiro elemento é o fogo (agni). A fonte do fogo e da luz no sistema solar é o 
Sol. No corpo humano, sua fonte é o metabolismo. 
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Agni funciona no sistema digestivo e nos impulsos elétricos de nossas células 
cerebrais. Ele se manifesta como inteligência e ativa a retina, que percebe a luz, expressa 
a temperatura corporal, a digestão, os processos de pensamento e transformação 
desses pensamentos em ideias, a visão etc., sendo funções do fogo corporal. Todo o 
metabolismo e todos os hormônios e os sistemas enzimáticos são controlados por esse 
elemento.
A água (jala) é o quarto elemento importante no corpo. Ela se manifesta nas 
secreções dos sucos digestivos, nas glândulas salivares, nas membranas, nas mucosas, 
no plasma e no citoplasma. É absolutamente vital para o funcionamento dos tecidos, 
órgãos e vários sistemas corporais, por exemplo: a desidratação resultante de diarreia 
e vômito deve ser tratada imediatamente para proteger a vida do indivíduo. A água 
corporal é chamada de água da vida.
A terra (prithvi) é o quinto e último elemento do cosmos que está presente no 
microcosmo. A vida só é possível dessa forma, pois a terra mantém todas as substâncias 
vivas e não vivas em sua superfície sólida. No corpo, as estruturas sólidas vestem a pele, 
os ossos, o cabelo, a cartilagem, os músculos e os tendões, sendo derivados de prithvi.
Assim como a natureza contempla e protege toda a vida em sua forma serena, 
os doshas também sustentam o corpo e contribuem para a boa saúde quando estão em 
equilíbrio — por isso que é tão importante estabelecer rotinas de autocuidado.
Costumamos dizer que ayurveda é uma ferramenta de autoconhecimento por 
meio da observação e do cuidado do próprio corpo. Para entendermos melhor essa 
afirmação, vamos entender o que ele significa: ayurveda é uma palavra do sânscrito 
composta por outras duas palavras: ayu, que é “vida”, e veda, que é “conhecimento”. 
Então, etimologicamente, ayurveda está mais para a biologia – que também é uma 
palavra grega, sendo formada por outras duas palavras: bio, sendo “vida”, e logos, sendo 
“conhecimento”. 
Considerando essa percepção, o ayurveda está além da medicina, sendo muito 
mais que um sistema médico, e um dos seus grandes objetivos é conduzir o indivíduo à 
vida plena, com contentamento e discernimento na mente, a fim de que todos possam 
fazer escolhas coerentes que os conduzam ao fim da história pessoal sem decrepitudes.
4 OS TRÊS DOSHAS
Vata, pitta e kapha existem em uma proporção definida. Ocorrendo qualquer 
variação na proporção, a saúde declina proporcionalmente a essa queda, e a vida é 
prejudicada. Se a proporção fixa for mantida (prakrti), esses doshas constroem os 
diferentes tecidos do corpo e tonificam o sistema.
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Embora vata, pitta e kapha permeiem todo o corpo e estejam em estado de 
difusão, existem centros especiais para eles.
O agni é intensificado ou perde sua intensidade se a proporção definida de 
qualquer um dos doshas for alterada. Ele é o responsável pela capacidade digestiva 
de cada um dos doshas e pela capacidade digestiva de cada um dos cinco grandes 
elementos.
Logo, os tridoshas são compostos dos cinco ingredientes (chamados de 
mahabhutas). Eles têm cores diferentes, perceptíveis pelas secreções do corpo, agem 
de formas grosseiras no abdômen e na forma sutil em todo o corpo, circulam por todo o 
organismo após a absorção e nutrem os sete tecidos e agem sobre os alimentos durante 
a digestão.
Dieta correta, exercício, asanas (posturas de yoga) e pranayama (exercícios 
respiratórios) mantêm os doshas saudáveis e em proporção adequada. Essa magnífica 
forma de entender e visualizar a vida é aplicável em qualquer situação e estágio da 
nossa existência.
Observar a expressão dos três doshas por meio da energia de seus atributos 
(gunas) nos confere um grande trunfo.
Após o nosso nascimento, adentramos na fase kapha e permanecemos nela 
até os 16 anos, quando se inicia nosso período de aclimatação da puberdade para a 
idade adulta. Na idade adulta, que segundo o ayurveda se manifesta a partir dos 21 
anos, adentramos na fase pitta e permanecemos até os 60 anos, quando novamente 
entramos no período de aclimatação da idade adulta para a velhice. A velhice se 
manifesta efetivamente a partir dos 65 anos e perdura até o fim da nossa vida, fase 
chamada de vata.
Então, os doshas não apenas governam áreas específicas do corpo e seu 
funcionamento como também regulam o desenvolvimento físico e psicológicode vários 
estágios da vida.
Assim como dividimos o corpo em três segmentos distintos de acordo com a 
influência dominante de um determinado dosha, também podemos dividir nosso tempo 
de vida.
A fase em que o estágio inicial do desenvolvimento humano é caracterizado 
pela nutrição e pelo crescimento do corpo é chamada de idade kapha, pois algumas 
das principais qualidades desse dosha é acrescentar, nutrir e fazer crescer. É por causa 
dessas qualidades que as crianças continuam a crescer e acumular massa corporal, 
independentemente do que comem. Elas naturalmente têm uma grande quantidade de 
tecido, que também é característico de kapha. Durante esses primeiros anos, distúrbios 
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relacionados ao kapha – como resfriados, sinusite, alergias, infecções de ouvido e 
respiratórias – são as doenças mais comuns. Observe que todas elas ocorrem dentro da 
zona kapha do corpo.
O estágio pitta se inicia na puberdade, quando notamos que o potencial de 
crescimento corporal é subitamente convertido em potencial reprodutivo, e o aumento 
de massa e o tamanho do corpo começam a desacelerar. O organismo desenvolve 
características sexuais distintas, e o shukra dhatu (tecido reprodutor) torna-se ativo, 
gerando sêmen no homem e óvulo na mulher. A qualidade transformadora desse 
estágio continua a se manifestar até a meia-idade, mas, após a puberdade, ela segue 
uma natureza mais psicológica.
Durante esses anos pitta, o aumento do "fogo" dá ambição, competência, 
energia e motivação das pessoas para alcançar seus objetivos e superar obstáculos. 
Vemos principalmente distúrbios relacionados à pitta surgindo durante esse tempo, 
incluindo problemas de pele, alergias alimentares, hiperacidez e distúrbios digestivos.
Por fim, o vata se manifesta com mais ímpeto na meia-idade, quando percebemos 
que algo novo está surgindo para a mente e o corpo. Nossos impulsos começam a 
diminuir, a pele fica seca e enruga, o corpo fica mais frágil e pode perder peso, os 
músculos começam a perder um pouco de seu tônus e sua flexibilidade, os cabelos 
afinam e se tornam grisalhos. O sistema está começando a sentir os efeitos da secagem, 
separação e imobilização do vata dosha. A influência do vata traz uma tendência natural 
à desidratação: os tecidos desaparecem, e os ciclos naturais da atividade metabólica 
são interrompidos.
As doenças que mais frequentemente aparecem nos distúrbios relacionados 
à vata são insônia, depleção sensorial (perda de audição e visão enfraquecida), perda 
de memória, ansiedade, variação de humor e disposição, problemas degenerativos e 
neurológicos. Para prevenir desequilíbrios e doenças dóshicas, esse estágio exige que 
prestemos muito mais atenção à dieta e ao ciclo de vida do que durante o primeiro 
estágio da vida.
Todos os seres vivos, sem exceção, crescem, se reproduzem e morrem, sendo 
que essa afirmação vale para o reino vegetal, animal e humano.
Agora, podemos considerar essa influência dos três doshas na compleição dos 
corpos humanos.
As pessoas que têm predominância vata são geralmente mirradas: o peito é 
plano, as veias e os tendões musculares aparentes são visíveis. A tez é azeitonada, a 
pele é fria, áspera, seca e rachada, podendo ser muito altas ou muito baixas, revelam 
articulações e extremidades ósseas proeminentes devido ao desenvolvimento muscular 
deficiente. 
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O cabelo é crespo, seco, ralo e escasso, os cílios são finos e os olhos sem brilho, 
podendo ser afundados, pequenos, secos, hiperativos e a conjuntiva é seca e opaca. As 
unhas são ásperas e quebradiças. A forma do nariz é pouco harmoniosa, dando ar de 
austeridade à face. Fisiologicamente, o apetite e a digestão são variáveis. As pessoas 
vata anseiam por sabores doces, azedos e salgados, e gostam de bebidas quentes.
A produção de urina é escassa, e as fezes são secas, duras e em pequena 
quantidade. Tendem a transpirar menos do que outros doshas. Seu sono pode ser 
perturbado e dormem menos do que os outros dois doshas. As mãos e os pés costumam 
estar frios. São pessoas criativas, ativas, alertas e inquietas, falam e andam rápido e 
cansam facilmente.
Psicologicamente, têm memória parca, mas são rápidas no raciocínio e na 
compreensão mental, entendem algo imediatamente, mas esquecem. Apresentam 
pouca força de vontade, tendem à instabilidade mental e têm pouca tolerância, 
autoconfiança e ousadia, são nervosas, medrosas e afligidas por muita ansiedade. 
Cada tipo constitucional também exibe certos padrões nas interações com o ambiente 
externo. Tendem a ganhar dinheiro rapidamente e a gastá-lo também rapidamente. 
Assim, tendem a permanecer pobres.
Já as pessoas pitta são de estatura mediana, esbeltas e a estrutura corporal 
pode ser delicada. Seu peito não é tão plano quanto os das pessoas vata e mostram uma 
proeminência média de veias e tendões. Têm sardas, que são azuladas ou vermelho-
amarronzadas, os ossos não são tão proeminentes como no indivíduo vata.
O desenvolvimento muscular é moderado, e sua tez pode ser acobreada, 
amarelada, avermelhada ou rosa-clara. A pele é macia, quente e bem hidratada, o cabelo 
é fino, sedoso, vermelho ou acastanhado e há uma tendência para o envelhecimento 
prematuro e para a perda do cabelo. Os olhos podem ser acinzentados, verdes ou cor de 
cobre, com o olhar penetrante, cujos globos são de proeminência média. A conjuntiva é 
úmida e quente, são aqueles olhos claros com ternura, as unhas são macias e fortes. A 
forma do nariz é afilada e a ponta tende a ser avermelhada.
Fisiologicamente, essas pessoas têm um metabolismo forte, com boa digestão e 
apetite voraz, ingerem grandes quantidades de água e alimentos líquidos, pois têm muita 
sede. Os tipos pitta têm um desejo natural por sabores doces, amargos e adstringentes, 
e amam bebidas geladas. Seu sono é de duração média, mas ininterrupto e profundo. 
Produzem um grande volume de urina, e as fezes são amareladas. Há uma tendência à 
transpiração excessiva, e a temperatura do corpo pode ficar um pouco alta e as mãos 
e os pés tendem a ficar quentes e úmidos. Não toleram a luz do sol, se queimam com 
facilidade, seja com o calor, seja com o trabalho árduo. Psicologicamente, as pessoas 
pitta têm um bom poder de compreensão, são muito inteligentes e perspicazes, 
tendendo a ser boas narradoras, com tendências emocionais para o ódio, a raiva e o 
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ciúme. São arbitrárias e geralmente gostam de ser líderes. Apreciam a prosperidade 
material e tendem a ser moderadamente bem-sucedidas financeiramente, gostando de 
exibir sua riqueza e suas posses luxuosas.
As pessoas de constituição kapha têm corpos bem desenvolvidos; no entanto, 
há uma forte tendência para sofrerem com oscilação de peso e obesidade. Seu peito é 
amplo e largo, as veias e os tendões não são aparentes por causa de sua pele grossa e 
sua massa muscular, e os ossos não são proeminentes. Sua tez é clara e brilhante, com 
pele macia, lustrosa, oleosa, fria e pálida. O cabelo é grosso, escuro, macio e ondulado, 
os olhos são densos, sendo castanhos bem escuros ou azuis, a esclera é geralmente 
muito branca, brilhante, grande e atraente.
Fisiologicamente, as pessoas kapha têm apetite regular, a digestão funciona 
de forma relativamente lenta. Tendem a se mover lentamente, anseiam por alimentos 
pungentes, amargos e adstringentes, as fezes são moles e podem ser de cor pálida, 
e a evacuação é lenta. Sua transpiração é moderada. O sono é bom e prolongado. Há 
uma forte capacidade vital evidenciada pela boa resistência e geralmente são muito 
saudáveis, naturalmente felizes e tranquilas. Psicologicamente, tendem a ser pessoas 
tolerantes, calmas, conciliadoras, perdoam com facilidade e são amorosas, no entanto 
também exibem traços de ganância, apego, inveja e possessividade. Sua compreensão 
e seu raciocínio são lentos, mas definitivos: uma vez que entendem algo, esse 
conhecimento é retido e memorizado. Tendem a ser ricas, ganham dinheiro e são boas 
em mantê-lo.
5 OS 15 SUBDOSHAS
De acordo com a sabedoria ayurveda, nosso corpo e suasfunções são governados 
por uma mistura única dos três doshas – vata, pitta e kapha. Dentro de cada um dos três 
doshas, funcionam mais cinco subdoshas e eles são responsáveis por supervisionar e 
executar ações, gerenciar órgãos e emoções específicas. O desequilíbrio relativo dessas 
subcategorias tende a ser a causa raiz das doenças e mazelas que judiam do corpo e 
da mente.
5.1 VATA DOSHA
Muitas vezes, é conhecido como dosha rei. Em nossa fisiologia, vata é composto 
de espaço vazio e vento, sendo responsável pelo movimento, pela ação (karma), pelo 
transporte, pela inspiração e pelo entusiasmo. Ele realmente governa toda a nossa 
fisiologia, ou seja, sem o vata os outros dois doshas não podem se mover e exercer suas 
funções. Assim, aonde quer que o vata vá, o pitta e o kapha o seguem – por isso que é 
tão importante mantar vata e seus subdoshas em equilíbrio.
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5.1.1 Prana vata
Governa o cérebro, a cabeça, os pulmões e o coração, sendo responsável pelas 
percepções sensoriais, pela inalação, pelos batimentos cardíacos, pela ingestão de 
alimentos sólidos ou líquidos, pelo tossir, pelo cuspir, pela felicidade, pelo contentamento, 
além de governar a conexão mente-coração. Prana, nesse contexto, pode ser também 
traduzido como “energia vital” ou “respiração que entra”. Em desequilíbrio, traz falta de 
ânimo para viver e descrença.
5.1.2 Udana vata
É responsável pela região do peito, se move para cima, do umbigo para cima, 
em direção aos pulmões, ao coração, à garganta e chega ao cérebro. Causa o despertar 
da energia, da ativação da mente, da fala e da respiração, especialmente do exalar. 
A exposição ao frio causa o desequilíbrio nesse upadosha (subdosha), assim como 
alimentos crus, secos e amargos. Esses sinais de desequilíbrio podem ser observados 
em problemas respiratórios, aperto no peito, congestão, rouquidão, desconforto na 
garganta, gagueira, indecisão e inabilidade em se expressar corretamente. Udana 
significa “para cima”.
5.1.3 Vyana vata
Regula a circulação e o coração, representando a consciência, pois o coração 
é a sede da consciência e do amor incondicional. Vyana circula por todo o corpo por 
intermédio do tecido sanguíneo (rakta dathu) e por isso também controla as emoções, 
os impulsos nervosos, motores e sensoriais, a contração e o relaxamento muscular. 
Pode ser traduzido como “selvagem” ou “primal”. Em desequilíbrio, traz abrupta alteração 
de humor, bradicardia, taquicardia, embotamento dos sentidos e fraqueza muscular.
5.1.4 Apana vata
Tem sua sede no intestino grosso. Lembrando que vata se relaciona ao espaço 
vazio e ao vento, esse upadosha (subdosha) governa toda a cavidade pélvica, incluindo 
os órgãos reprodutores. Sua direção é para baixo, do umbigo para baixo, fortalecendo a 
musculatura abdominal e favorendo os peristaltismos pélvicos, governando a liberação 
ou constrição de urina, fezes, sangue menstrual, ejaculação, qualidade do sêmen, 
concepção, parto etc. Apana significa “respiração que sai”. Em desequilíbrio, pode 
causar constipação ou diarreia, questões menstruais e aquelas referentes à ejaculação.
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5.1.5 Samana vata
Governa os órgãos digestivos e de todos que se encontram baixo do peito 
e acima do umbigo: estômago, intestino delgado e uma parte do intestino grosso, 
fígado, pâncreas, baço e vesícula biliar. Ele representa agni (fogo digestivo), sendo 
responsável não apenas por digerir como também separar os nutrientes em nosso trato 
digestivo. Sua direção é em espiral. Ele separa o que deve ser absorvido e o que deve 
ser excretado. Quando se desequilibra, podemos observar indigestão, por exemplo. 
Significa “homogêneo”.
QUADRO 1 – SUBDOSHAS DE VATA
FONTE: A autora
Subdosha 
de vata
Significado Direção Atribuições Desequilíbrio
Prana "Energia vital"
De fora do corpo 
para dentro do 
corpo
Equilíbrio da mente, 
do coração e dos 
pulmões, acuidade 
sensorial, inspiração 
de ar
Perda de ânimo de 
viver e descrença
Udana "Para cima"
Para cima por 
meio da boca
Fala, exalação de ar, 
ativação do cérebro
Gagueira, indecisão, 
rouquidão
Vyana "Selvagem"
Movimento 
descendente 
e ascendente 
com a circulação 
sanguínea
Coordenação 
motora, contração 
e relaxamento 
muscular
Alteração de humor, 
fraqueza muscular, 
embotamento dos 
sentidos
Apana
"Respiração 
que sai"
Do umbigo 
para baixo
Força pélvica, 
excreções
Problemas sexuais, 
menstruais e intestinais
Samana “Homogêneo" Em espiral Digestão
Problemas digestivos 
e de absorção
Observando a ideia concatenada de vata e seus cinco subdoshas, percebemos 
que a função de cada um, de fato, é a respiração. Os cinco se tratam exclusivamente 
de movimentos que devem ocorrer com sentido, direção e força corretos. Assim, 
conseguimos entender a importância na respiração na vida de qualquer ser humano.
5.2 PITTA DOSHA
Tem tudo a ver com transformação, calor e energia, representando todas as 
formas de atividades metabólicas que geram energia. É composto principalmente 
de elementos agni  (fogo) e  jala  (água). É aquela qualidade evolutiva e em constante 
mudança de nossa fisiologia, que pode parecer estática às vezes, mas está passando por 
transformações a cada segundo. As pessoas costumam associar pitta ao fogo digestivo 
e à digestão, mas, como veremos, também governa outros sistemas.
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5.2.1 Sadhaka pitta
Governa o cérebro e o coração, estando associado à digestão de emoções, às 
experiências de vida e ao manejo de estresse. Ele nos ajuda a alcançar as coisas que 
desejamos, energizando a mente, o intelecto e o ego, portanto esse pitta é importante 
para enriquecer as qualidades da própria consciência interior. Mantém a mente alerta, 
desperta e limpa  tamas (escuridão) ao redor do coração. O cérebro e o coração estão 
intimamente ligados e, quando sadhaka pitta está desequilibrado, impede o florescimento 
da felicidade no coração.
Pessoas com desequilíbrio de sadhaka pitta podem ter a tendência de 
experimentar ondas de emoções de maneiras diferentes. É difícil de liberarem e 
expressarem as emoções ou apenas lidar com elas. Na prática, chamamos isso de 
ama  emocional ou emoções não digeridas. A psicologia reichiana se refere a essa 
situação como as couraças que armazenamos em nosso corpo por não manifestar 
nossas emoções. Significa “verdade”.
5.2.2 Alochaka pitta
Governa o sentido da visão e os olhos, incluindo o funcionamento dos bastonetes 
e dos cones dentro da retina. A palavra sânscrita  alochaka – derivada de  lochana, 
que significa "olhos" – se traduz em “aquilo que vê ou analisa”. Embora esse subdosha 
influencie amplamente os órgãos da visão e seu funcionamento geral, também tem 
influências mais sutis. Em um significado mais profundo, alochaka pitta também é 
entendido como tendo essa qualidade distintiva de ver o que é certo e o que é errado. 
Dá clareza, compreensão e luz, ou seja, discernimento. Aqueles que têm problemas com 
esse subdosha podem não entender claramente uma pessoa ou uma situação. Sendo 
governados por pitta, os olhos são de natureza muito agneya  (ardente) e é por isso que 
a ayurveda recomenda evitar qualquer exposição de calor aos olhos. Quando esse pitta 
está fora de equilíbrio, podem surgir problemas como visão fraca e infecções oculares 
recorrentes.
5.2.3 Bhrajaka pitta
Governa o local do sentido do tato, portanto, rege a pele, o maior órgão do corpo. 
O bhrajaka pitta governa essa cobertura externa e interna de todo o corpo, que fornece 
proteção, ajuda a circulação, regula a temperatura e enfrenta todos os estímulos externos 
e internos. Como parte mais externa do nosso corpo, a pele é a primeira resposta ao 
ambiente, seja garoa, Sol quente ou clima seco e árido, pois é por meio desse órgão 
que experimentamos todas essas sensações. Em uma fina camada de pele, existem 
muitas estruturas, como capilares, glândulas sebáceas, folículos pilosos etc., que ajudam 
a manter a umidade, proporcionam brilho, regulam o calor e mantêm a cor. Quando 
72
esse subdosha está desequilibrado, dependendoda predominância do dosha de uma 
pessoa (prakriti) ou de qualquer desequilíbrio, pode levar a vários problemas de pele. 
Significa “brilho”.
5.2.4 Ranjaka pitta
Está localizado nos órgãos internos, que são responsáveis pela formação do 
plasma e das células sanguíneas, e sua circulação pelo fígado, baço, estômago e coração. 
Em sânscrito,  ranjaka  significa “aquele que tinge”. Esse subdosha transforma  rasa 
dhatu (plasma) em rakta dhatu (sangue). 
Embora esse subdosha seja amplamente entendido como o  componente 
heme  do sangue, que é responsável por sua cor, ele também é responsável por todos 
os diferentes pigmentos da fisiologia – seja a coloração dos líquidos intestinais, da urina, 
dos olhos, do cabelo e a compleição da pele. Em desequilíbrio, altera a cor da pele e 
das excreções do indivíduo. 
5.2.5 Pachaka pitta
Governa o estômago, mas também está localizado em todas as partes do canal 
alimentar onde ocorre o processo de digestão. Como o ayurveda considera a digestão 
a causa raiz da boa saúde e, inversamente, do desequilíbrio, é o mais importante dos 
subdoshas. As pessoas tendem a associá-lo principalmente à digestão, pois pachaka pitta 
significa “aquilo que digere” e definitivamente governa aquele aspecto do fogo digestivo – 
jaṭharagni ou pachaka agni –, que é o responsável principal pela maior parte da digestão 
dos alimentos que comemos.
Também rege as enzimas, como a ptialina em nossa saliva, até a assimilação 
final e a excreção de nutrientes no intestino delgado. Em desequilíbrio, permite que 
os nutrientes de nossa comida às vezes sejam processados de forma inadequada, 
assumindo a forma de ama (produto não digerido).
73
QUADRO 2 – SUBDOSHAS DE PITTA
FONTE: A autora
Subdosha 
de pitta
Significado Direção Atribuições Desequilíbrio
Sadhaka "Verdade"
Cérebro e 
coração
Estimulação dos 
desejos e das 
intenções
Dificuldade em lidar e 
expressar emoções
Alochaka "Olhos" Olhos e visão
Discernimento 
sobre o que é visto
Problemas gerais 
de visão
Bhrajaka "Brilho" Pele Percepções táteis
Alergias e problemas 
de pele
Ranjaka "Tingir"
Fígado, baço, 
estômago e 
coração
Transformação 
de rasa dhatu em 
rakta dhatu
Alteração de cor nas 
excreções e na pele
Pachaka
"Aquilo que 
digere"
Canal alimentar e 
estômago
Digestão dos 
alimentos
Produção de ama
Ao observarmos e analisarmos pitta e seus subdoshas, somos capazes de 
entender a importância do discernimento. Existem muitas divindades no panteão 
hindu e cada uma tem um animal que auxilia sua locomoção e em sua comunicação, 
especialmente com os homens. Uma dessas deusas, chamada Saraswati, que é a deusa 
da música e do conhecimento, tem um cisne como animal de transporte. Esse animal 
também é associado à capacidade de discernimento, pois é dito que, se oferecermos 
leite e água misturados para essa ave beber, ela beberá apenas a água, deixando no 
pote somente o leite. Ter esse discernimento significa aprimorar nossas habilidades de 
conhecimento: tendo ciência, saímos da área da ignorância, que também é atribuída 
à escuridão. Logo, pitta e seus subdoshas podem ser considerados como a luz do 
conhecimento. O fogo (pitta) se alimenta com oxigênio (vayu) que, quando errático, 
pode causar grandes incêndios.
Você se lembra que anteriormente comentamos sobre a interdependência dos 
doshas? Pois bem, o quebra-cabeça está recebendo mais peças, e as imagens em nossa 
mente começam a ficar claras.
5.3 KAPHA DOSHA
De modo geral, o kapha tem uma qualidade de ligação no corpo e governa 
a estrutura, lubrificação e nutrição. Ele modera peso, crescimento, lubrificação dos 
pulmões e formação dos sete tecidos: fluidos nutritivos, sangue, gordura, músculo, osso, 
medula e tecido reprodutivo. Também tem uma influência refrescante. Como os outros 
dois doshas, kapha contém cinco subdoshas distintos que regulam regiões e processos 
corporais específicos. Entendê-los nos ajudará a obter percepções sobre as nuances 
sutis da influência do kapha dosha na mente, no corpo e nas emoções.
74
5.3.1 Tarpaka kapha
Está localizado na cabeça e nutre todo o sistema nervoso. O cérebro humano é 
o centro do sistema nervoso, onde todos os nervos sensoriais e motores surgem, sendo 
responsável por lidar com todos os órgãos dos sentidos e da ação – indriyas. O tarpaka 
kapha fornece lubrificação aos tecidos cerebrais e, com a perspectiva ocidental, muitas 
vezes está correlacionado com o líquido cefalorraquidiano.
Quando está em desequilíbrio, esse subdosha pode levar a uma falta de clareza 
na mente, prejudicando a aprendizagem, os reflexos e o raciocínio, assim como memória 
enfraquecida e problemas emocionais, como irritabilidade, raiva, ganância e inveja. A 
palavra sânscrita tarpaka significa “aquele que sacia ou nutre”.
5.3.2 Bodhaka kapha
Está localizado principalmente na boca, na língua, na região da garganta e na 
raiz da língua. Como a língua é o órgão do sentido do paladar, esse subdosha também 
está conectado ao lobo parietal do cérebro, que processa os sabores. Como sabemos, 
a consciência é primordial em tudo – sem essa qualidade diferenciadora em relação à 
consciência é impossível para o bodhaka kapha agir. Portanto, esse subdosha atua não 
apenas no nível físico da saliva e das enzimas como também em um nível mais profundo 
de inteligência. É responsável pela qualidade da voz e é muito sensível às oscilações das 
emoções.
Quando está desequilibrado, esse subdosha faz o processo de digestão ser 
perturbado em seus estágios iniciais. A regulação da saliva é interrompida, o que diminui 
a produção de enzimas, e a qualidade da voz e da fala também pode ser prejudicada. 
A palavra bodhaka significa “conhecimento”, e esse subdosha é responsável pela 
inteligência sutil necessária para identificar corretamente os sabores.
5.3.3 Avalambaka kapha
Mantém os órgãos na parte superior ou na região do tórax do nosso corpo. Estas 
estruturas são a localização de avalambaka kapha: os pulmões e as suas estruturas 
internas, as camadas que cobrem os pulmões, a traqueia, os brônquios e o pericárdio, que 
é a pele fibrosa que envolve o coração. Os pulmões se expandem e contraem à medida 
que respiramos, e esse subdosha entre as camadas pleurais fornece a lubrificação e a 
nutrição. O coração também funciona continuamente.
Para fazer funcionar todo esse mecanismo sem problemas, o avalambaka kapha 
nas camadas pericárdicas desempenha um papel vital, tanto no nível emocional quanto 
no físico. Pense em como o padrão respiratório de uma pessoa se modifica quando ela 
75
está em perigo ou como um choque repentino na mente pode levar a dores no peito ou 
problemas cardíacos. Quando está desequilibrado, podem surgir problemas nos pulmões 
e no coração. A palavra avalambaka significa “segurar”.
5.3.4 Kledaka kapha
Está localizado na parte superior do estômago e no revestimento interno 
das paredes estomacais. É responsável pelas secreções que auxiliam o processo de 
digestão do alimento. No processo de digestão, os alimentos precisam ser umedecidos 
e amolecidos para se decomporem adequadamente e avançarem para o trato 
gastrointestinal. Como o ambiente do estômago é altamente ácido, o kledaka kapha 
protege as paredes internas do estômago, evitando que o ácido danifique esse órgão. 
Então, se houver muito ácido, ele o neutraliza, pois é de natureza alcalina.
O kledaka kapha representa o aspecto alcalino da digestão, que está localizado 
no estômago. Quando esse subdosha é excessivamente aumentado, perturba o ácido 
e pode causar digestão atrasada e ineficiente, resultando na produção de ama (produto 
não digerido). Também pode ocasionar náusea, superprodução de saliva, paladar 
enfraquecido, agni maçante ou mandagni, gosto de comida na boca horas depois de 
comer, peso e até movimentos intestinais viscosos ou carregados de muco. 
Por outro lado, quando ele está diminuído, o estômago produz muito ácido, 
o que leva a sintomas como refluxo ácido ocasional ou hiperacidez estomacal, gosto 
ácido na boca, desconfortoabdominal e outros sinais de aumento do fogo digestivo 
(tikshna agni). 
A palavra sânscrita shleshaka significa “ligar” ou “abraçar”.
5.3.5 Shleshaka kapha
É responsável pela lubrificação em todas as pequenas e grandes articulações 
do corpo humano. Ao todo, existem 260 ossos e 360 articulações em nosso corpo, e a 
articulação é um lugar onde dois ossos se unem, mas ligamentos e tendões também 
desempenham um papel vital nessa conexão. O movimento em todas essas articulações 
seria impossível sem o shleshaka kapha, que as lubrifica. É por isso que, do ponto de 
vista da medicina ocidental, esse kapha é às vezes comparado com o líquido sinovial 
localizado em muitas articulações.
Esse subdosha ajuda a lubrificar as articulações e como amortecedor, seja nas 
articulações menores, como nos dedos, seja nas grandes articulações, como no osso 
do quadril ou na coluna vertebral. Sem a ação adequada desse kapha, toda a estrutura 
do corpo não seria forte e móvel o suficiente. Quando desequilibrado, podem surgir 
76
problemas nas articulações, tais como secura ou excesso de lubrificação. Então, o 
resultado do aumento pode deixar as articulações inchadas e irritadas, e, se estiver 
reduzido, suas articulações podem estalar e ocorrer desgastes ósseos e cartilaginosos. 
Significa “oleosidade”.
QUADRO 3 – SUBDOSHAS DE KAPHA
FONTE: A autora (2022).
Subdosha 
de kapha
Significado Localização Atribuições Desequilíbrio
Tarpaka "Nutrição"
Líquido 
cefalorraquidiano
Lubrificação dos 
tecidos cerebrais
Problemas de 
aprendizagem
Bodhaka "Conhecimento"
Garganta, raiz da 
língua e língua
Saliva, inteligência 
e qualidade da voz
Problemas 
de digestão e 
discernimento
Avalambaka "Segurar”
Pulmões, 
traqueia, 
brônquios e 
pericárdio
Lubrificação e 
nutrição
Secura nas 
mucosas ou 
excesso de 
lubrificação
Kledaka
"Ligar", 
“conectar”
Revestimento 
interno do 
estômago
Proteção do 
estômago dos 
ácidos digestórios
Acidez estomacal, 
úlcera, azia
Shleshaka “Oleosidade"
Articulações e 
coluna vertebral
Proteção e 
amortecimento de 
impacto dos ossos
Rompimento de 
bolsas sinoviais
A observância dos subdoshas de kapha trazem, em sua maioria, a capacidade de 
nutrição e manutenção da estrutura do corpo e da mente estáveis e saudáveis. Graças à 
quantidade ideal de líquidos e fluidos em nosso corpo, ficamos em homeostase.
Nesse contexto, podemos dizer que um kapha em equilíbrio no corpo e na 
mente é o resultado de vata e pitta trabalhando em harmonia.
77
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Há lógica por trás dos doshas e sua importância no ayurveda, bem como da maneira 
de os antigos sábios encontrarem para observar a vida e os seus desequilíbrios.
• O aprofundamento na percepção pessoal ao utilizar doshas e gunas no entendimento 
e na avaliação do indivíduo percebendo comportamentos e características inerentes 
e de desarmonia traz facilidade de distinção em cada dosha.
• Doshas e gunas não estão apenas associados a fatores externos e materiais, pois o 
indivíduo analisa de maneira integral, conferindo a possibilidade de oferecer cuidados 
individualizados.
• Cada indivíduo apresenta uma constituição única, e manter essa constituição 
organizada, limpa e equilibrada promove cura e longevidade, garantindo vida longa e 
de qualidade.
RESUMO DO TÓPICO 1
78
AUTOATIVIDADE
1 Dosha, além de sua definição etimológica, pode ser considerado uma grande 
invenção, pois ele é uma plataforma dinâmica de observação da dança dos cinco 
grandes elementos na trajetória de vida das pessoas. Sobre essa afirmação acerca do 
dosha, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Dosha é uma palavra de origem asiática e se refere a um idoma extinto.
b) ( ) Podemos ter um bebê que receba 70% de vata, 20% de pitta e 10% de kapha, 
bem como podemos ter outro bebê que apresente 30% de vata, 30% de pitta e 
40% de kapha.
c) ( ) Na fase vata, o estágio inicial do desenvolvimento humano é caracterizado pela 
nutrição e pelo crescimento do corpo.
d) ( ) Ele é chamado de tridhatus quando está em estado de desequilíbrio e quando 
sustenta o corpo, fornecendo a nutrição e a energia necessárias.
2 Na idade adulta, que segundo o ayurveda se manifesta a partir dos 21 anos, adentramos 
na fase pitta, quando permanecemos até os 60 anos, quando novamente entramos 
no período de aclimatação da idade adulta para a velhice. Com base nas definições 
dos enfoques das fases da vida, analise as afirmativas a seguir:
I- A velhice se manifesta efetivamente a partir dos 85 anos e perdura até o fim da 
nossa vida.
II- Na fase kapha, o estágio inicial do desenvolvimento humano é caracterizado pela 
nutrição e pelo crescimento do corpo.
III- Assim como dividimos o corpo em três segmentos distintos de acordo com a 
influência dominante de um determinado dosha, também podemos dividir nosso 
tempo de vida.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.
3 Dentro de cada um dos três doshas, funcionam mais cinco subdoshas e eles são 
responsáveis por supervisionar e executar ações, gerenciar emoções e órgãos 
específicos, e as perturbações nessas subcategorias são consideradas a causa raiz 
das doenças que afligem o indivíduo. Relacionando os conceitos de subdoshas, 
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
79
( ) Os cinco subdoshas de vata são: prana, udana, samana, vyana e apana.
( ) O apana governa os impulsos descendentes, como micção, menstruação e 
evacuação.
( ) O pachaka é um subdosha de kapha.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) V - V - F.
d) ( ) F - F - V.
4 Ainda falando sobre upadoshas (subdoshas) e suas funções no corpo, é sabido que 
cada um deles tem funções específicas, bem como localização específica no corpo; 
além disso, quando algo não permite que eles funcionem corretamente, ocorrem os 
desequilíbrios. Assim, descreva cada um dos 15 subdoshas e discorra sobre suas 
funções, sua localização no corpo e os desequilíbrios que podem causar quando não 
estão funcionando adequadamente.
5 O ayurveda, baseado nos doshas, nos traz uma bela ferramenta de observação de 
expressão dos próprios doshas nas pessoas. Quando associamos os formatos de 
corpo e mente aos doshas, facilmente identificamos padrões. Sabendo disso, escolha 
um dos três doshas e descreva as suas características associando-as aos indivíduos 
que apresentam a predominância do dosha escolhido.
80
81
AGNI
UNIDADE 2 TÓPICO 2 — 
1 INTRODUÇÃO
Agni é uma palavra sânscrita que significa “fogo” e se refere a uma divindade 
hindu de mesmo nome. Agni, o deus do fogo, sacrifício e conhecimento divino, é um 
dos principais deuses védicos e é considerado o segundo mais importante, ficando atrás 
apenas de Indra, o rei dos deuses.
Representa a centelha de vida e energia dentro de todas as pessoas. Como 
essa centelha, agni está presente em tudo que tem vida, ou seja, em todos os seres 
animados. 
Também representa o conhecimento divino que guia os iogues em direção aos 
deuses. Ele é o fogo do Sol e do relâmpago e aquele que oferece sacrifícios aos deuses.
Agni também é o senhor protetor do lar, da casa e, como tal, é um mediador 
entre deuses e pessoas. Hoje, na Índia, ele ainda é adorado e recebe oblações. Suas 
bênçãos são procuradas em casamentos, mortes e outras ocasiões.
2 DEFINIÇÃO
De acordo com o ayurveda, o universo e o ser humano são manifestados pela 
expressão dos cinco elementos (panchamahabhutas). Esses elementos e a atma 
(elemento vital, alma) participam da nossa compleição (nossa forma física) e da nossa 
mente. Portanto, o corpo humano é considerado um universo em miniatura.
Anteriormente, estudamos o motivo pelo qual os doshas foram criados, e 
essa ideia brilhante nos oportuniza rapidez de raciocínio na observação dadança dos 
elementos e de suas características em cada indivíduo.
Hoje é sabido que, graças ao advento da utilização do fogo para preparar nossos 
alimentos, nosso cérebro pôde crescer e se desenvolver. Podemos acompanhar esse 
raciocínio no seguinte texto:
Que invenção ancestral teria modificado mais o curso de vida da 
humanidade? A roda? Ferramentas de caça? Nada disso. Segundo 
as últimas pesquisas que buscam desvendar o curso da evolução 
humana, o que permitiu que, hoje, você seja suficientemente 
inteligente para ler estas linhas foi o surgimento da cozinha: a 
combinação do carnivorismo com o uso do fogo. Tal explicação, que 
ganhou força no meio científico nos últimos anos, é compartilhada 
82
por um grupo de pesquisadores do Laboratório de Neuroanatomia 
Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 
especializado em investigar a diversidade do sistema nervoso de 
animais, sua evolução e as origens do desenvolvimento.
Manter um cérebro como o humano tem um alto preço. Apesar de o encéfalo 
representar apenas 2% da massa corporal, ele utiliza cerca de 25% da energia produzida 
no organismo. Ou seja, para chegar ao seu estágio atual, o homem precisou encontrar 
uma forma de ingerir mais calorias. Como fez isso? Levando o alimento ao fogo. “Cozinhar 
é uma forma de pré-digerir o que se come. Isso facilita a mastigação e a deglutição. 
Consequentemente, o tempo necessário para ingerir calorias é muito menor”, explica a 
neurocientista Suzana Herculano-Houzel, professora e pesquisadora do Departamento 
de Anatomia do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ [...] (COTTA, 2012, s. p.).
O corpo humano também precisa do fogo para que os mecanismos da vida 
continuem a funcionar, e o elemento vida depende da qualidade e quantidade do fogo 
localizado no sistema. Há uma atividade em cada célula e, de acordo com o ayurveda, 
essa atividade é dependente do fogo, ou seja, sua qualidade e quantidade em cada uma 
dessas células.
E como o agni é criado? “वायोः अग्निः। (तैत्तरीय उपनिषद्) vayoho agnihi” 
(SANKARACHARYA, 1903, p. 138), ou seja, o fogo é criado a partir de vayu (vento).
De akasha, vayu (vento) é criado. Este terá componentes do akasha, seu antecessor, 
e criará agni (fogo), tendo os componentes de seus antecessores (vayu e akasha). De 
agni, cria-se a água (jala), pelo fenômeno da condensação. Jala terá componentes dos 
elementos anteriores (agni, vayu e akasha), levando à formação de prithvi (terra). Assim, 
prithvi terá componentes de jala, teja, vayu e akasha.
Agni requer espaço e movimento para poder se expressar corretamente.
Esfregando as mãos uma contra a outra, quanto mais atrito ou fricção, mais 
calor ou fogo é produzido. Quando fazemos esse ato, ocorre uma fricção não apenas 
entre as mãos, mas também no ar presente entre elas.
Praticamente o vento ou o ar tem grandes quantidades de gases de oxigênio 
e hidrogênio. Esses elementos participam da combustão e, portanto, da produção do 
fogo. Podemos dizer que o fogo (tendência para acender fogo ou produzir combustão) 
existe naturalmente no ar de forma latente. Esse fogo se manifesta quando há gati 
(movimento) no elemento vayu.
Relembrando os atributos de agni, temos o seguinte: “तेज रूप स्पर्शवत्। 
(वै.द.२/१/३१) Teja rupa sparshavat” (NANDALAL, 1923, p. 166), ou seja, o teja ou o agni têm 
as propriedades de rupa (visão) e sparsha (toque): rupa é uma propriedade natural de 
agni, e sparsha é herdado de seu antecessor vayu. Assim, contamos que vayu fabrica 
agni e deixa seu componente em agni.
83
“तेजसः उष्णता। {वै.द.२/२/४} Tejasaha ushnataa” (NANDALAL, 1923, p. 166), ou seja, 
o sinal de existência de teja tatva (fator fogo) é a presença de calor explica a presença de 
fogo. Assim, o calor é a principal evidência da presença de fogo, a segunda é luminosidade. 
Além dessas características, temos a capacidade de separação, transformação e fluidez.
3 OS AGNIS
De maneira geral, o agni se divide em dois tipos: em sua forma atômica e em 
sua forma funcional. Aqui, inicialmente, discutiremos sobre sua forma funcional, que se 
divide nos seguintes tipos:
• tejo shareera (corpo do fogo): está sempre localizado no universo e temos contato 
com ele por intermédio do Sol;
• tejo indriya (sentido do fogo): está localizado no corpo e tem a forma de nossos 
olhos e nossa capacidade de visão, ou seja, é o nosso sentido da visão e toda a parte 
estrutural e mecânica do olho;
• bhauma teja (o fogo que está presente na terra): tem sua manifestação no núcleo da 
Terra, onde há magma e se expressa por meio das erupções vulcânicas;
• divya teja (fogo sutil na água): é o fogo que percebemos na condução de eletricidade 
por meio da força da água;
• udarya teja (fogo na barriga): o fogo que favorece nossa digestão de alimentos no 
estômago;
• aakaraja teja (fogo mineral): o fogo que confere brilho aos minérios;
• abhyantagni (fogo externo): manifesta-se em nosso corpo e tem quase todas as 
mesmas funções do fogo interno. Este agni é responsável pela digestão, metabolização, 
inteligência, cor, tez e pelo ânimo na vida. Quando em equilíbrio, permite nossa estima 
ficar elevada, sentirmos fome, termos coragem, inteligência e prontidão, todavia, se 
por alguma perturbação emocional ou física ele se desequilibrar, causa doenças e 
pode levar à morte.
O agni em nosso corpo se manifesta pelo pitta dosha e as funções de ambos 
são as mesmas. Quando pitta está em equilíbrio, é profundamente benéfico ao corpo e 
à mente. Todas as funções do corpo, como segregação, digestão, absorção, assimilação, 
conversão de alimentos em elementos e tecidos do corpo, bem como os processos de 
eliminação dos resíduos corporais, ocorrem de forma harmoniosa e imperturbável.
Quando o mesmo pitta fica mórbido, pode levar a consequências desagradáveis, 
como problemas de saúde, no metabolismo e na imunidade, além da morte. O pitta 
mórbido pode se manifestar de forma aumentada (vriddhi/prakopa) ou diminuída, em 
termos de qualidade e quantidade.
Rao (1982, p. 159), em sua obra Sushruta samhita, declarou que “Não podemos 
encontrar nenhum outro agni ou fogo no corpo que não seja pitta. Agni ou fogo no 
corpo prevalece na forma de pitta”. Isso fundamenta e esclarece todas as confusões.
84
विसर्ग आदान विक्षेपणैः सोम सूर्य अनिला यथा।
धारयन्ति जगत् देहं कफ पित्त अनिलाः 
Visarga aadaana vikshepaihi soma soorya anilaa yathaa
Dhaarayanti jagat deham kapha pitta anilaaha tathaa (VAGBHATA, 
1939, p. 163).
O trecho em sânscrito indicado recebe a interpretação que se segue:
A lua faz a função de visarga, ou seja, fornecer energia e vitalidade ao 
mundo. Kapha representa a lua no corpo e faz o trabalho de dar, ou 
seja, atua como um bloco de construção e é o elemento construtivo, 
nutre, fortalece e possibilita a imunidade.
O Sol faz a função de adana, ou seja, obter a força, a energia e os 
nutrientes de toda a vida devido ao seu calor. Pitta representa o Sol 
no corpo e faz o trabalho de obter, ou seja, atua como agente de 
eliminação e extração. Assim, equilibra o kapha eliminando o excesso 
de fluidez e sua estagnação causada pelo kapha.
O vento faz a função de vikshepa, ou seja, distribuição de elementos 
de frio e calor por toda parte. Vata ou vayu representa o vento no 
corpo e distribui calor e frio por todo o corpo, além da distribuição 
de vários elementos necessários para construção e manutenção e 
também ajuda na eliminação de excreções.
Agni então, como foi dito, é representado no corpo na forma de pitta. 
Uma vez que pitta é todo-penetrante, também se entende que agni 
presente no pitta também é todo-penetrante. Assim, pitta e seus 
subtipos estão presentes em todo o corpo (VAGBHATA, 1939, p. 163).
De acordo com Vagbhata (1939), uma pequena parte de kayagni (fogo do 
trato gastrointestinal) é representada em todos os dhatus (tecidos e todas as células 
incluídas nesses tecidos). Assim, agni está presente em cada célula do corpo. Esse agni é 
chamado de dhatuagni (fogo tecidual). O aumento de dhatuagni leva ao esgotamento e,consequentemente, ao desaparecimento dos tecidos. Já a diminuição de dhatuagni leva 
ao acúmulo e aumento de tecidos, de acordo com a manifestação irregular desse agni.
O pitta localizado no intestino grosso e o pitta localizado no estômago, 
embora sejam ligeiramente diferentes, têm funções similares de digestão, e esse 
arranjo possibilita que a digestão aconteça de forma adequada nos alimentos que são 
mastigáveis, engolíveis, bebíveis e lambíveis. 
Essa especialização do intestino grosso e do estômago auxilia a formação de 
dathus, por intermédio do rasa (essência do alimento), e a eliminação adequada de 
excreções saudáveis mutra (urina) e pureesha (fezes) a partir do alimento digerido.
Estando situado em seu lugar, esse pitta (agni) nutre e controla outros 
pittas: bhrajaka, ranjaka, sadhaka e alochaka, e mantém os locais de pitta pelo corpo 
organizados, harmoniosos e saudáveis. Há, assim, quatro tipos de digestão:
• vishama agni: produz oscilação de apetite, isto é, ora há voracidade, ora não há fome. 
Isso indica oscilação de pitta, ora muito potente, ora ineficiente ou excessivamente 
brando;
85
• teekshna agni: quando há voracidade e muita fome o tempo todo. É importante garantir 
que haja alimento a ser digerido para que não ocorra a digestão dos tecidos corporais 
por agni;
• manda agni: manda significa “lento” ou “débil”. Neste caso, a pessoa dificilmente sente 
fome e, quando se alimenta, o processo digestivo se prolonga por muitas horas;
• sama agni: essa capacidade digestiva é a adequada e equilibrada, havendo poder de 
digestão adequado.
Quando, por alguma razão, a eficiência de agni é perturbada, o corpo produz 
algo definido como ama. Em sânscrito, essa palavra significa “produto não digerido” 
que, quando ocorre com frequência, desenvolve uma similaridade com os doshas. Ele 
é considerado um verdadeiro veneno para o organismo, pois quando se apropria da 
característica de um ou dos três doshas começa a promover bloqueios celulares, nos 
canais, nos tecidos e provocar retenção de excreções no corpo.
Rosseau (1979, p. 342) nos traz que “A felicidade requer três coisas: uma boa 
conta no banco, um bom cozinheiro e boa digestão”. Considerando a visão do ayurveda 
sobre a importância de pitta e agni associados ao discernimento e ao conhecimento, 
o filósofo francês foi muito feliz no seu comentário, colocando a importância de ter 
uma boa comida e uma boa digestão, pois estamos estudando que a grande maioria 
das doenças e dos desequilíbrios que afligem nossa população são as indigestões que 
permeiam nosso dia a dia.
Lembrando-nos de Bhattacharya (1987), teremos os agnis do corpo divididos, 
enumerados e relacionados ao corpo humano, nossa usina físico-química, aos cinco 
elementos e aos sete tecidos.
O agni principal do corpo humano é jatharagni, que se localiza no estômago e 
no duodeno. Jaṭhar significa “intestino” ou “barriga” (a zona de digestão), e agni, como 
sabemos, significa “fogo”. 
Assim, significa "fogo na barriga" e representa os elementos fisiológicos da 
digestão e do metabolismo que ocorrem no estômago e nos intestinos. É o fogo que 
governa o processo preliminar da digestão antes que o alimento seja convertido em 
uma forma na qual possa ser absorvido, assimilado e distribuído por várias regiões do 
corpo. Ele funciona de forma independente e ajuda a digestão primária, que se inicia 
na boca, durante a mastigação dos alimentos. Os outros tipos de agni dependem da 
qualidade e da quantidade de jaṭharagni. 
O jaṭharagni é o governo central de todos os outros agnis (microagnis que 
controlam os processos micrometabólicos nas células e nos tecidos). Se esse fogo se 
torna exacerbado ou diminuto, o metabolismo se perturba. Isso, por sua vez, dá origem 
a uma cadeia de eventos patológicos que levam a muitas doenças sistêmicas. Se for 
86
adequado, equilibrado e saudável, as outras formas de agni sob sua regência também 
estarão em equilíbrio. Assim, proteger e cuidar do nosso fogo intestinal é obrigatório 
para que sejamos saudáveis.
Por outro lado, se jaṭharagni ficar viciado, ele perturba todos os outros agnis no 
corpo. Isso resulta na diminuição da imunidade celular e na formação de ama (produto 
inadequadamente digerido). Assim, as células não podem absorver nutrição nem as 
identificar como nutrição. Em vez disso, as células identificam a nutrição como produtos 
inadequados, logo indesejados, todavia esse produto inadequadamente digerido, devido 
à sua natureza pegajosa, adere às células e se torna contumaz. Isso é chamado de 
dhatugata ama (indigestão celular), e as células ficam fracas e letárgicas. A consequência 
de jaṭharagni fraco seguido por dhatu-agni fraco (fogo celular) e formação de ama 
sistêmica e celular forma uma plataforma ideal para muitas doenças se manifestarem. O 
jaṭharagni ajuda a digestão primária dos alimentos e a equaliza para que o metabolismo 
ocorra em nível celular com o mesmo sucesso.
Existem mais alguns tipos de agni que basicamente dependem de jaṭharagni. 
Eles estão presentes nos tecidos e nos níveis celulares, e trabalham sob a orquestração 
de jaṭharagni. Seu status é diretamente proporcional ao quão bom ou ruim ele é em 
termos de qualidade e quantidade.
O agni relacionado aos cinco grandes elementos se chama bhutagni, e existe 
um agni para cada um dos cinco elementos. Conforme apontado por Rao (1982, p. 86), 
Eles são os fogos estruturais ou anatômicos relacionados ao pancha 
mahabhutas ou cinco elementos básicos da criação responsáveis 
por nosso ser físico.
As conversões e combinações desses cinco elementos constituem 
diferentes tecidos (dhatus) e órgãos em nosso sistema. Da mesma 
forma, os desequilíbrios desses cinco elementos (um ou mais) 
podem perturbar a dinâmica corporal, levando a uma ampla gama de 
problemas de saúde.
Esses agnis pegam as partes essenciais da nutrição e as 
metabolizam para se sustentarem. Portanto, temos cinco bhutagnis. 
Bhutagni indica os cinco agnis elementares e metaboliza o quilo em 
componentes elementares.
O fígado é o seu principal orquestrador. Os agnis reagem bioquimicamente aos 
alimentos parcialmente digeridos por jaṭharagni, quebrando moléculas em átomos, de 
modo que os dhatu-agnis possam convertê-los em sete camadas de tecido, os dhatus.
É preciso lembrar que cada célula do nosso corpo é composta pelos cinco 
elementos básicos. Naturalmente, cada célula também recebe a capacidade digestiva 
apropriada por meio dos cinco bhutagni. Todos os nutrientes que comemos nesse 
mundo também são formados dos mesmos cinco elementos básicos com seus 
respectivos agnis. Assim, eles são completamente semelhantes no que diz respeito aos 
cinco elementos básicos, bem como em todos os nutrientes externos que ingerimos 
para a nutrição do nosso corpo.
87
Charaka (1972) mencionou que os cinco bhutagni digerem sua própria parte 
do elemento presente nos alimentos. Após a digestão dos alimentos pelo bhutagni 
específico, os materiais digeridos contendo os elementos e as qualidades semelhantes 
a cada elemento nutrem seus próprios elementos do corpo, por exemplo: a parte do 
elemento terra ou parte sólida do alimento é digerida primeiramente pelo jaṭharagni (fogo 
intestinal). Quando esse alimento digerido chega aos tecidos, ele é posteriormente digerido 
e microprocessado pelo parthivagni (fogo do elemento terra) localizado nos tecidos.
Após esse microprocessamento, a parte com elemento terra do alimento nutre 
a parte desses dhatus (tecidos), srotas (canais ou sistemas de transporte do corpo 
que são novamente formados pelos tecidos) e todo o corpo que tem a sua parte do 
elemento terra.
A parte microprocessada do alimento sustenta e nutre todas as células e 
todos os tecidos, mas nutre principalmente os tecidos que são predominantemente 
constituídos por prithvi mahabhuta (elemento terra), como os tecidos duros do corpo, 
ou seja, os ossos, os músculos etc.
O mesmo processo ocorre com o apya amsha (elemento água), taijasa amsha 
(elemento fogo), vayavya amsha(elemento vento) e nabhasa amsha do alimento 
(elemento espaço vazio). Em primeiro lugar, eles são digeridos pelo jaṭharagni. Mais 
tarde, suas diminutas partes atingem os tecidos e lá elas são acionadas por seus 
respectivos bhutagnis. As partes processadas dos alimentos nutrem ainda mais os 
tecidos, os canais e o corpo.
Em condições normais, os bhutagnis digerem e microprocessam as minúsculas 
frações dos alimentos fornecidos a eles após a ação e a digestão do jaṭharagni em todos 
os tipos de alimentos que consumimos. Cada bhutagni atua sobre as frações da comida 
que dizem respeito a eles.
O efeito geral da digestão dos bhutagnis sobre os alimentos no nível celular/
tecido os converte em componentes nutritivos que nutrem os tecidos, os canais 
do corpo, o vayu, o calor e o corpo como um todo. O alimento, se assim digerido 
adequadamente, flui nos canais do corpo ininterruptamente e nutre (fornece átomo 
sutis) todos os tecidos, além de fornecer upachaya (construção de tecidos), bala (força, 
resistência, imunidade), varna (cor e tez), sukha (contentamento) e ayush (vida plena 
e boa).
Quando os bhutagnis sofrem perturbação (depleção ou excesso), os benefícios 
que mencionamos anteriormente não são obtidos: a micrometabolização dos alimentos 
não ocorre, levando ao esgotamento e subsequente à contaminação dos tecidos com 
ama estagnada. Isso forma um ambiente ideal para o cultivo de doenças.
Logicamente, eles recebem a referência do elemento no qual esse agni atua:
88
• akasheeya agni (capacidade digestiva do espaço vazio, akasha): responsável por 
nutrir o órgão da audição nos ouvidos, ele também está presente no tecido epitelial e 
nas mucosas intestinais, principalmente;
• vayaveeya agni (capacidade digestiva do vento ou ar, vayu): responsável por nutrir o 
órgão do tato na pele;
• taijasa ou agneya agni (capacidade digestiva do fogo, tejas): responsável por nutrir o 
órgão da visão nos olhos;
• apya agni (capacidade digestiva da água, jala): responsável por nutrir o órgão do 
paladar na língua;
• parthiva agni (capacidade digestiva da terra, pṛithvi): responsável por separar os 
átomos terrenos de partículas de comida parcialmente quebradas, estes são então 
oferecidos como nutrientes ao órgão do olfato no nariz.
Por fim, abordaremos os sete dhatuagnis. Dhatu significa “tecido” e agni 
significa “fogo”. Assim, dhatuagni indica a capacidade digestiva que está localizada 
dentro dos tecidos corporais, atuando na parte nutritiva do quilo (essência do alimento 
digerido) que recebe do estômago e este passa pela metabolização, que o converte em 
componentes mais finos.
Os componentes assim formados após a ação de dhatuagni sobre o alimento 
(em circulação) auxiliam a formação do mesmo tecido, nutrem o próximo tecido em 
sequência, produzem energia e produtos teciduais ou resíduos que devem ser expelidos. 
Então, dhatuagnis são as capacidades digestivas fisiológicas relacionadas aos sete 
dhatus ou tecidos do corpo; portanto, os responsáveis pela metabolização que ocorre 
no nível celular.
Quando o jaṭharagni está funcionando normalmente, os dhatuagnis também 
funcionam normal e harmoniosamente. Já se o jaṭharagni estiver hiperativo, os 
dhatuagnis também se tornarão hiperativos. Isso leva ao esgotamento ou à depleção 
do tecido. Por outro lado, se o jaṭharagni for fraco, o dhatuagni também será fraco.
Esse dhatuagni enfraquecido não será capaz de metabolizar os nutrientes 
disponíveis, então ocorre um acúmulo de alimentos não digeridos (ama), dhatu e ama, 
derivando de alimentos mal processados e agregados na formação das células do 
tecido. Isso trará bloqueios celulares, pois a ama é adesiva, não pode ser expelida. Como 
resultado, a nutrição dos tecidos do corpo será reduzida, levando ao enfraquecimento 
da formação e da imunidade dos tecidos, o que leva à formação de várias doenças 
sistêmicas. Nessa condição, a quantidade e a massa dos tecidos aumentam (dhatu 
vriddhi), agregando ao corpo as condições patológicas.
Os dhatus, na condição de bhutagnis, estão envolvidos na digestão e no 
microprocessamento das frações dos alimentos que estão atribuídos a eles, e os 
dhatuagnis estão envolvidos na utilização das porções de alimentos de uma maneira 
diferente, pois é necessário que considerem seus elementos respectivamente.
89
Com a ajuda do calor autogerado, os dhatuagnis se digerem e se processam 
em uma operação denominada dhatuagni paka (ponto de cozimento) e nas frações 
fornecidas após a ação dos bhutagnis. Esse processo leva à formação de duas porções: 
sara bhaga (essência da nutrição, também chamada de prasada bhaga, isto é, parte do 
nutriente) e kitta bhaga (resíduos de tecido).
O prasada bhaga, mais uma vez, é dividido em três fragmentos: a primeira 
parte forma o sthanika dhatu (tecido local) ou nutrição; a segunda forma o poshaka 
dhatu (tecido de suporte ou responsável pela formação de seu dhatu subsequente); e a 
terceira ajuda a formar os upadhatus (subtecidos).
O kitta bhaga é eliminado como resíduos de tecido e é finalmente eliminado 
do corpo após se juntar aos principais resíduos metabólicos da digestão. Durante o 
processo de dhatupaka, calor e energia são liberados, sendo usados para as funções 
do corpo.
O dhatuagni, em estado normal, auxilia a formar os tecidos e participa de sua 
alimentação e manutenção, ajudando também na formação de upadhatus, calor e 
energia, além de executar a eliminação de ama do tecido. Quando o dhatuagni diminui 
sua intensidade, os dhatus se acumulam com a ama e causam aumento patológico 
nos dhatus. 
Quando o dhatuagni aumenta o calor metabólico, os dhatus são queimados e 
sofrem deterioração ou são destruídos. Ambas as condições levam à formação de várias 
doenças. Além disso, os produtos mal metabolizados dos tecidos não são eliminados, os 
upadhatus e os tecidos subsequentes não são formados adequadamente e, portanto, a 
imunidade e a força diminuem, tornando-o suscetível a uma ampla gama de problemas 
de saúde.
Temos sete dhatuagnis:
• rasa dhatuagni (tecido do plasma);
• rakta dhatuagni (tecido sanguíneo);
• mamsa dhatuagni (músculo ou tecido da carne);
• meda dhatuagni (gordura ou tecido adiposo);
• asthi dhatuagni (tecido ósseo);
• majja dhatuagni (tecido da medula óssea);
• shukra dhatuagni (tecido reprodutivo).
Então, segundo o ayurveda, nossa digestão não acontece apenas no estômago. 
Saber disso é um fator norteador espetacular no entendimento dos processos de 
adoecimento e nos processos de cura e reequilíbrio.
90
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Agni é essência da vida e é por meio dele que produzimos aquilo que temos de melhor 
quando está em equilíbrio. Graças a ele podemos nos reorganizar, tanto na mente 
quanto no corpo.
• A visão do ayurveda é muito distinta da visão da digestão moderna: tudo o que é 
recebido por nossos cinco sentidos deve ser processado, metabolizado e excretado. 
Assim, conhecer as 13 capacidades digestivas proporciona maior entendimento 
sobre a importância de manter a disgestão equilibrada.
• Agni é a inteligência em cada célula, cada tecido e em cada sistema do corpo humano. 
Ele determina o que deve ser mantido ou excretado do nosso sistema.
• Quando agni se apaga, temos o fim da vida. Na avaliação do indivíduo, é importantate 
considerarmos agni como pitta, pois ambos compartilham de ushna guna.
RESUMO DO TÓPICO 2
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AUTOATIVIDADE
1 Quando os dhatuagnis diminuem sua intensidade, os dhatus se acumulam com a 
ama e causam aumento patológico nos dhatus. Quando os dhatuagnis aumentam o 
calor metabólico, os dhatus são queimados e sofrem deterioração ou são destruídos. 
Sobre essa afirmação acerca dos dhatus, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Quando os produtos bem metabolizados dos tecidos não são eliminados, os 
upadhatus não são formados adequadamente.
b) ( ) Os produtos mal metabolizados dos tecidos são eliminados com facilidade.
c) ( ) Ambas as condições levam à formação de várias doenças.
d) ( ) O hiperaquecimentodo dhatus favorece a digestão dos tecidos.
2 É o fogo que governa o processo preliminar da digestão antes que o alimento seja 
convertido em uma forma na qual possa ser absorvido, assimilado e distribuído por 
várias regiões do corpo. Ele funciona de forma independente e ajuda a digestão 
primária, que se inicia na boca, durante a mastigação dos alimentos. Com base nas 
definições de agni, analise as afirmativas a seguir:
I- Se jaṭharagni for adequado, equilibrado e saudável, as outras formas de agni sob 
sua regência também estarão em equilíbrio.
II- Proteger e cuidar do nosso fogo intestinal são ações obrigatórias para que sejamos 
saudáveis.
III- No total, o ayurveda fala sobre 17 tipos de agni.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.
3 O fígado é o principal orquestrador de buthagni. Os agnis reagem bioquimicamente 
aos alimentos parcialmente digeridos por jaṭharagni, quebrando moléculas em 
átomos, de modo que os dhatuagnis possam convertê-los em sete camadas de 
tecido, os dhatus. Sobre o assunto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F 
para as falsas:
( ) O efeito geral da digestão dos bhutagnis sobre os alimentos no nível celular/tecido 
o convertem em componentes nutritivos que nutrem os tecidos, os canais do corpo, 
o vayu, o calor e o corpo como um todo.
92
( ) Em condições normais, os bhutagnis digerem e macroprocessam as minúsculas 
frações dos alimentos fornecidos a eles após a ação e a digestão do jaṭharagni em 
todos os tipos de alimentos que consumimos.
( ) Cada um dos cinco bhutagni atua sobre as frações da comida que dizem respeito 
a cada um dos elementos, que são correspondentes aos cinco grandes elementos. 
Portanto, cada buthagni precisa estar equalizado.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) V - V - F.
d) ( ) F - F - V.
4 Quando pitta está em equilíbrio, é profundamente benéfico ao corpo e à mente. Todas 
as funções do corpo, como segregação, digestão, absorção, assimilação, conversão 
de alimentos em elementos e tecidos do corpo, bem como os processos de eliminação 
dos resíduos corporais, ocorrem de forma harmoniosa e imperturbável. Sabendo 
disso, descreva com suas palavras o que ocorre quando pitta está em desequilíbrio.
5 O ayurveda considera basicamente quatro tipos de digestão considerando a 
capacidade de agni. O agni equilibrado é a chave para a vida longa, saudável e 
gratificante, e ele estando instável é uma forma infalível de problemas. Com suas 
palavras, discorra sobre a importância de conhecer esses tipos de digestão e explique 
cada uma delas.
93
TÓPICO 3 — 
DHATUS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A manifestação do corpo humano se dá pela expressão dos doshas, e a palavra 
dhatu significa “se manter unido, coeso, coerente”. Então, todos os dhatus fazem o corpo 
e o mantêm coeso. Considerando a ciência moderna, a descrição do corpo humano 
começa com as células: um grupo de células forma os tecidos, um grupo de tecidos 
forma um órgão, um grupo de órgãos forma o sistema e um grupo de sistemas é o corpo 
humano (TECIDOS [...], 2022). Entretanto, o ayurveda explica o corpo humano de uma 
maneira diferente: nosso organismo se manifesta por meio dos doshas – vata, pitta e 
kapha –, suas expressões físicas, densas e sutis, bem como a influência externa dos 
ciclos naturais da vida.
Ao longo de nosso desenvolvimento, as alterações em nossa base de formação 
recebem o nome de vikrti, que significa “a forma patológica de vata”. A prakrti influencia 
o corpo e a mente, sendo que, no corpo, receberemos as características associadas aos 
doshas e seus elementos, e na mente a influência também será dos elementos, todavia 
por meio de suas energias sutis, chamadas de satwa, rajas e tamas. De acordo com o 
ayurveda, somos compostos por sete tecidos corporais, sendo que o funcionamento 
deles é gerenciado por cada um dos doshas. Os dhatus são a plataforma dinâmica para 
a expressão plena dos doshas. Dosha, dhatu e mala (produtos residuais) formam a raiz 
do corpo.
Órgãos como fígado, estômago, intestino etc. são o local onde os dhatus são 
formados por meio da metabolização dos alimentos. Um ou os três doshas, quando 
desequilibrados, alojam-se nos dhatus. Os dhatus recebem seus nomes de acordo com 
aquilo que produzem e, a partir da essência do alimento digerido, que conhecemos por 
quilo, temos a seguinte construção:
• rasa dhatu – parte da essência logo após a digestão/plasma/linfa;
• rakta dhatu – tecido sanguíneo;
• mamsa dhatu – tecido muscular;
• meda dhatu – tecido adiposo;
• asthi dhatu – tecido ósseo;
• majja dhatu – medula óssea (tutano);
• shukra dhatu – sistema reprodutor masculino e feminino (espermatozoide e óvulo).
Portanto, os dhatus (tecidos) constituem e formam a estruturação física e a 
natureza anatômica do corpo, sendo os blocos de construção da compleição.
94
2 DEFINIÇÃO
Considerando a definição da palavra dhatus, podemos anuir que eles são 
os responsáveis pela manutenção da coesão em nosso sistema corporal. Por meio 
dessa coesão, toda a estrutura física é criada e mantida pela alimentação, nutrição, 
digestão, assimilação e excreção. Segundo o ayurveda, nossa manifestação depende 
da expressão dos cinco elementos e dos três doshas nos sete tecidos.
3 DHATUS: UM POR TODOS E TODOS POR UM
Para entendermos a formação dos tecidos, começaremos a falar sobre o rasa, 
que significa “essência”.
तत्र पञ्च भौतिकस्य चतुः विधस्य षड् रसस्य द्वि विध वीर्यस्य अष्ट विध 
वीर्यस्य वा अनेक गुणोपेतस्य उपयुक्तस्य आह्हारस्य सम्यक् परिणतस्य यः 
तेजो भूतः सारः परम सूक्ष्मः स रस इति उच्यते.
Tatra pancha bhoutikasya chatuhu vidhasya shad rasasya dvi 
vidha veeryasya ashta vidha veeryasya vaa aneka gonopetasya 
upayuktasya aahaarasya samyak parinatasya yaha tejo bhootaha 
saaraha parama sookshmaha sa rasa iti uchyate (RAO, 1982 apud 
RAGHURAM, 2016, s. p.).
O extrato ou a essência do alimento que está em forma ultrafina ou diminuta é 
chamado de rasa. O rasa dhatu, primeiro tecido a se formar, é constituído diretamente 
da essência do alimento que ingerimos. A comida que ingerirmos será enriquecida 
com shad rasas (seis sabores): madhura (doce), amla (azedo), lavana (salgado), katu 
(pungente), tikta (amargo) e kashaya (adstringente). Nós consumimos os alimentos em 
quatro formas: ashita (mastigável), khadita (engolível), peeta (bebível) e leeda (lambível). 
Essas formas de comida são pancha bhoutika na natureza (apresentam os cinco 
elementos). Nosso alimento deve conter e respeitar algumas características (gunas) 
para ter o aproveitamento adequado pelo corpo. Considerar essas recomendações é 
uma das maneiras de favorecer o agni em nossa digestão.
• Shat rasa: seis sabores.
• Dwividha veerya: dois tipos de potência. Observando a natureza da temperatura dos 
alimentos, temos a sheeta veerya (potência fria) e a ushna veerya (potência quente).
• Ashta vidha veerya: oito tipos de características físicas, ou seja, sheeta (potência 
fria), ushna (quente), guru (pesado), laghu (leve), mrudu (suave), teekshna (afiado), 
snigdha (untuoso ou oleoso) e ruksha (seco).
Quando o alimento atende às qualidades mencionadas, ele é submetido à 
digestão adequada pelo jaṭharagni (fogo da barriga): ele é convertido em um extrato 
ou uma essência microfino (assim como o suco extraído do alimento) chamada de rasa.
तस्य हृदयं स्थानम्।(सु.सू.१४/३)
Tasya hridayam sthaanam (RAO, 1982 apud RAGHURAM, 2016, s. p.)
95
Diz-se que a localização ou sede de rasa dhatu é hridaya ou coração. A comida 
é digerida no estômago e nos intestinos. Após a digestão adequada, o ahara rasa 
(poshaka rasa dhatu – a essência do alimento cuja função é nutrir) é formado. Esse 
rasa sendo empurrado pelo vyana vayu (subtipo de vata) atinge o hridaya (coração).
O rasa de hridaya entra nos 24 dhamanis (aorta e seus ramos,ramos arteriais 
principais) e atinge diferentes partes do corpo, bombeado pelo coração com a ajuda de 
vyana vayu.
Por meio dos dez dhamanis viajando em direção ascendente, o rasa dhatu 
viaja e nutre as partes superiores do corpo. Pelos dez dhamanis viajando em direção 
descendente, o rasa dhatu viaja e nutre as partes inferiores do corpo, e viajando por 
quatro dhamanis indo lateralmente, o rasa dhatu nutre as partes laterais do corpo.
Viajando por todo o corpo por meio dos dhamanis, o rasa dhatu nutre os tecidos, 
órgãos, doshas e malas (excretas). Embora o rasa esteja circulando por todo o corpo, 
dizemos que o seu local principal é hrudaya, porque é onde se distribui o rasa por meio 
dos dhamanis. É controlado por kapha dosha, conforme mancionado por Vagbhata 
(1939, p. 36): “Normalmente, o aumento do kapha dosha causa aumento do rasa dhatu 
e a diminuição do kapha leva à diminuição do rasa dhatu. A ação nutritiva é provocada 
por kapha”.
De modo recíproco, o aumento de pitta dosha leva ao aumento de rakta dhatu 
(segundo tecido a se formar). Rakta significa vermelho, que é a cor desse tecido, e ele 
adquire a cor vermelha devido à ação do pitta. O pitta, em boas condições, confere um 
tecido sanguíneo de boa qualidade. Segundo Vagbhata (1939, p. 37),
O termo rakta implica o líquido que é nutrido pela essência (rasa) 
dos alimentos, que é a causa da tez da pele, força e imunidade do 
corpo. O ayurveda opina que o sangue se origina do fígado e do baço. 
Portanto, sangue, pitta, doenças hepáticas e doenças da pele estão 
relacionados.
Pessoas com sangue normal apresentam clareza e uniformidade 
na tez da pele, funcionamento normal dos órgãos dos sentidos, 
digestão desobstruída e evacuação intestinal fluida, felicidade, 
contentamento, nutrição e força.
O sangue é responsável pela força e imunidade, tez da pele, 
felicidade, conforto e longevidade do indivíduo. Ele desempenha um 
papel muito importante no sustento da força vital.
Mansa dhatu é o terceiro tecido a se formar. É comparado ao tecido muscular e 
obtém sua nutrição de rakta dhatu. Os músculos são ocomo uma cobertura gelatinosa – 
a palavra mansa significa “carne macia”. Então, denota a própria carne e o tecido 
muscular, dá estrutura e força aos ossos, determina tamanho, forma e dimensão ao 
corpo, e nutre o próximo tecido.
96
É constituído predominantemente do elemento terra. Esse tecido é responsável 
por promover a locomoção musculoesquelética, promover o batimento cardíaco, 
estabelecer o funcionamento de órgãos, como vasos sanguíneos, bexiga urinária, rins, 
esôfago, estômago, intestino delgado etc.
Meda dhatu é o quarto tecido a se formar. A palavra meda significa “gerar 
untuosidade” e pode ser associada à gordura presente na medula, à obesidade. Tem 
presença de terra, água e fogo e por isso é oleoso. Esse tecido está presente na camada 
subcutânea profunda na pele, em torno do coração e dos rins, na medula amarela dos 
ossos longos, no acolchoamento ao redor das articulações, dentro da órbita ocular, 
posteriormente ao globo ocular. Ele atua como uma camada isolante, ajudando a reduzir 
a perda de calor pela pele, tendo também uma função protetora, fornecendo proteção 
mecânica "acolchoamento" e suporte em torno de alguns dos principais órgãos – por 
exemplo, dos rins –, sendo igualmente um meio de armazenamento de energia. O 
alimento que excede as necessidades é convertido em gordura e armazenado no tecido 
adiposo do corpo.
Asthi dhatu é o quinto tecido a ser formado e é relacionado ao tecido ósseo. 
É nutrido por meda dhatu. Sua principal função é manter o corpo ereto, recebendo 
influência de vata dosha. Mas o aumento de vata dosha leva à diminuição do asthi 
dhatu, e a diminuição do vata dosha leva ao aumento do asthi dhatu. É por isso que, na 
velhice, quando o vata é aumentado, ocorre a degeneração do tecido ósseo. Esse é o 
dhatu mais duro e firme do corpo.
É predominantemente composto por prithvi mahabhuta (terra), tendo os gunas: 
solidez, aspereza, secura e durabilidade. Todas as estruturas moles – como músculos, 
vasos e nervos – são encontradas em torno desse dhatu. Ele dá forma ao corpo 
esquelético e protege os órgãos vitais – como o coração e os pulmões – e todos que se 
alojam na cavidade torácica. Ele é o local principal de vata dosha. 
O sexto tecido a ser criado se relaciona à medula óssea e todo o tecido que 
preenche a cavidade óssea. Os tecidos oculares e cerebral também são formados por 
majja dhatu. Sua principal função é preencher as cavidades ósseas. O tecido ósseo 
nutre o majja dhatu. É predominantemente feito de água e terra, sendo controlado por 
kapha dosha.
Também tem a função de gerar glóbulos vermelhos e brancos. A medula 
óssea produz gordura, cartilagem, tecido conjuntivo fibroso (encontrado nos tendões e 
ligamentos), assim como remove células velhas da circulação sanguínea.
O sétimo tecido a ser criado é associado ao sistema reprodutor masculino e 
feminino e suas secreções, sendo que sua principal função é a reprodução. É controlado 
por kapha dosha e obtém nutrição de majja dhatu. A palavra shukra é derivada da 
palavra sânscrita shucha, que significa “puro”.
97
Ele permeia todo o corpo, promove a criação do tecido reprodutivo masculino e 
feminino e se envolve na qualidade dos hormônios sexuais: estrogênio, progesterona e 
testosterona, e na qualidade do sêmen, esperma e óvulo.
Chamamos de upadhatus os subtecidos ou tecidos secundários do corpo que 
servem como componentes importantes e têm certas funções específicas a cumprir. 
Eles estão associados aos principais dhatus, pois derivam e são nutridos por eles. Assim, 
a palavra upadhatu significa “um tecido imediatamente inferior” ao dhatu principal, 
que tem propriedades de constituição do corpo. Eles podem ser considerados como 
blocos de suporte para os principais blocos principais (dhatus) no nosso organismo 
e com exceção do asthi (osso), do majja (medula óssea) e do shukra (sêmen ou fluido 
reprodutivo), todos os outros quatro dhatus têm seus upadhatus:
• o rasa dhatu (essência da nutrição, linfa, plasma, nutrição em circulação) tem como 
upadhatus o stanya (leite materno) e o aartava (sangue menstrual, óvulo);
• o rakta dhatu (sangue) tem como upadhatus os siras (vasos sanguíneos, veias) e os 
kandaras (tendões);
• o mamsa dhatu (músculo) tem como upadhatu o vasa (gordura muscular) e o twak 
(pele);
• o medas (gordura) tem como upadhatus os nayus (ligamentos, nervos) e os sandhis 
(articulações ósseas).
Os upadhatus não suportam o corpo nem implicam a responsabilidade de 
construção tão importante quanto os dhatus. Portanto, eles não podem ser considerados 
como dhatus. 
Lembrando os significados: 
• upa = sub, subordinado, adjunto, subsidiário, secundário; 
• dhatu = tecido.
NOTA
4 FORMAÇÃO DE MALAS
Ao pé da letra, são os “resíduos” dos tecidos. A seguir, listamos os malas 
produzidos pelo corpo:
• sara rasa: fezes e urina;
• rasa: catarro;
• rakta: bile do fígado;
98
• mamsa: produtos residuais excretados das cavidades, como orelhas, olhos, nariz, 
boca e órgãos genitais;
• medas: suor;
• asthi: kesha (cabelo) e loma (cabelo pequeno/pelos do corpo);
• majja: substância untuosa presente nos olhos, nas fezes e na pele.
Os processos metabólicos no corpo convertem essas substâncias alimentares 
em minúsculos componentes para atender às necessidades do corpo e para se tornarem 
compatíveis com os elementos, tecidos e órgãos do corpo.
Os malas podem ser associados às excreções corporais, formam-se diariamente 
e naturalmente também devem ser expelidos do corpo diariamente, pois, se esse 
procedimento não ocorrer, o corpo inicia um processo de desequilíbrio.
As substâncias residuais não são formadas apenas nos processos de digestão 
e de metabolismo no intestino, mas também como resultado do metabolismo do tecido, 
especialmente porque cada tecido tem sua própria capacidade digestiva.
Depois que o alimento é digerido, os nutrientes essenciais (ahara rasa) são 
colocados em circulação.Essa essência do alimento finalmente chega aos dhatus. 
Os tecidos absorvem essa nutrição e a convertem em formas mais refinadas, que se 
tornariam compatíveis com o ser. No processo, a comida é dividida em:
• prasada bhaga (parte dos nutrientes): uma porção dela se torna tecido local. Essa é 
a “reposição”, a nutrição desse tecido. A outra parte se torna poshaka dhatu, que é a 
porção nutridora do próximo tecido, que também nutre os upadhatus (subtecidos);
• mala bhaga (excreta): é eliminado dos tecidos. Esses malas ou produtos residuais 
formados nas células durante o metabolismo celular (dhatu paka) são chamados de 
dhatu malas (resíduos dos tecidos) ou upa malas (resíduos dos tecidos acessórios) 
ou sukshma mala (resíduos sutis). Mesmo esses malas devem ser limpos e expulsos 
do corpo de vez em quando.
Esse conhecimento sobre dhatu malas é necessário, porque eles são os materiais 
indesejáveis do corpo que precisam ser excretados e limpos regularmente. São dhatus, 
seus acessórios e suas excreções:
• rasa: excreta a kapha;
• rakta: excreta a pitta;
• mamsa: excreta a cera, a remela e a coriza;
• asya (saliva): excreta os detritos orais, o tártaro e o emegma;
• meda: excreta o suor;
• asthi: excreta os pelos e as unhas;
• majja: excreta o sebo e os mucos, incluindo as fezes.
99
Se não forem limpos, eles ficam para trás e danificam o tecido e as suas funções. 
Quando o metabolismo do tecido é perturbado, isso causa um grande impacto em todos 
os tecidos, na saúde geral e na imunidade.
O tecido produz esses malas e tenta expulsá-los de vez em quando. Precisamos 
apenas facilitar o processo. Podemos ter que remover manualmente as descargas e 
secreções impactadas do olho, do nariz, da língua, do ouvido etc. Podemos ter que 
limpar nossa pele regularmente e facilitar o processo de suor.
É também nosso dever aparar regularmente os pelos e as unhas do nosso corpo. 
Isso não apenas ajuda a expulsar os malas como também a ter uma boa aparência e 
saúde.
100
LEITURA
COMPLEMENTAR
MEDICINA INTEGRATIVA: A CURA PELO EQUILÍBRIO
Paulo de Tarso Lima 
A medicina moderna, associada ao avanço da ciência no último século, 
desmembrou-se em uma série de especialidades que produzem conhecimento sobre 
cada pequena parte do corpo humano. Ao terminar seus estudos, o médico tende a se 
aprofundar em uma destas divisões – cardiologia, ortopedia, endocrinologia, anestesia, 
oftalmologia, oncologia etc. Encontra técnicas variadas de exames de diagnóstico por 
imagem, de cirurgias invasivas extremamente sofisticadas, de marcadores que indicam 
células doentes, de medicamentos de última geração que tendem a se tornar cada vez 
mais individualizados.
Mesmo assim falta alguma coisa. Continuamos sendo acometidos per doenças 
crônicas, perdendo qualidade de vida e fazendo fila nos consultórios e hospitais. E, 
mais importante, não nos sentimos cuidados e atendidos plenamente nesse processo 
convencional nem conseguimos conviver melhor com a doença. Ele não previne o 
adoecimento: reage aos sintomas. Não busca entender o paciente inteiro, somente 
parte do seu corpo que está acomentida por alguma patologia. Mas não precisamos 
continuar assim.
Uma nova abordagem, chamada medicina integrativa, tem conquistado espaço 
em instituições de pesquisa, hospitais, unidades de saúde e consultórios médicos ao 
propor transformações nesse cenário fragmentado e nem sempre eficiente. Organizada 
como movimento em universidades norte-americanas de pesquisa a partir dos anos 
1970, uma de suas grandes inovações está na mudança de paradigma: sai a doença 
como foco principal da atenção e entra o paciente inteiro – mente, corpo e espírito – no 
centro do cuidado. Parece simples, mas é um deslocamento gigantesco que modifica 
toda a prática médica, numa reação em cascata: o paciente é visto como agente 
responsável por sua melhora, a consulta inclui atenção diferenciada, a relação médico-
paciente se fortalece, a escolha de terapias se expande. Até mesmo o conceito de cura 
é ampliado, deixando de ser entendido apenas como ausência de doença (visão ainda 
comum hoje em dia) para ser visto como restauração do bem-estar físico, mental e 
espiritual – definição, aliás, da Organização Mundial da Saúde (OMS).
101
Outro diferencial da medicina integrativa é a ênfase na capacidade inata de 
recuperação do organismo. Em outras palavras, isso significa dizer que somos capazes 
de participar ativimente do nosso processo de cura, apesar de não sermos educados 
para saber disso. 
A cura não vem de fora, mas de dentro – remédios, tratamentos e cirurgias são 
necessários para auxiliar e acelerar essa recuperação, mas não são tudo nem podem 
fazer todo o trabalho sozinhos. Condicionados como estamos ao pensamento racional e 
cartesiano, que primeiro divide em partes para depois tentar compreender e racionalizar, 
temos mais dificuldade do que uma criança para entender a capacidade de recuperação 
do corpo – um garoto de 10 anos, ao observar um machucado cicatrizando, entende 
melhor do que muitos adultos.
FONTE: LIMA, P. T. Princípios e conceitos. In: LIMA, P. T. Medicina integrativa: a cura pelo equilíbrio. São 
Paulo: MG Editores, 2009. p. 19-25.
102
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O raciocínio ayurvédico nos conduz a outros patamares de entendimento da 
manifestação da vida. Avançando nessa percepção, alcançamos o índice avançado 
do conhecimento.
• Cada tecido tem seu papel no metabolismo, na formação, na regeneração e na 
manutenção do corpo humano.
• A formação dos dhatus é a expressão perfeita da elegância da natureza e da natureza 
divina que existe em cada ser. A formação de cada tecido e a interdependência de cada 
um deles opera de maneira incrível a possibilidade de restabelecimento da saúde.
• Os updhatus e os malas manifestados indicam como está a saúde do indivíduo e 
onde podemos atuar para restabelecer o equilíbrio.
RESUMO DO TÓPICO 3
103
AUTOATIVIDADE
1 O shukra permeia todo o corpo, promove a criação do tecido reprodutivo masculino e 
feminino e se envolve na qualidade dos hormônios sexuais – estrogênio, progesterona, 
testosterona, e na qualidade do sêmen, esperma e óvulo. Sobre o shukra, assinale a 
alternativa CORRETA:
a) ( ) É controlado por vata dosha.
b) ( ) Obtém nutrição diretamente exclusivamente de mamsa dhatu.
c) ( ) A palavra shukra é derivada da palavra sânscrita shucha, que significa “impuro”.
d) ( ) Algumas pessoas acreditam que o smashrus (bigode) é o mala de shukra.
2 Depois que o alimento é digerido, os nutrientes essenciais (ahara rasa) são colocados 
em circulação. Essa essência do alimento finalmente chega aos dhatus. Os tecidos 
absorvem essa nutrição e a convertem em formas mais refinadas que se tornariam 
compatíveis com o ser. Com base nas definições de dhatus, analise as afirmativas a 
seguir:
I- Uma porção de prasada bhaga torna-se tecido local. Essa é a “reposição”, a nutrição 
desse tecido.
II- Os malas não devem ser limpos e expulsos do corpo.
III- O mala bhaga ou excreta é eliminado dos tecidos.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.
3 Os processos metabólicos no corpo convertem as substâncias alimentares em 
minúsculos componentes para atender às necessidades do corpo e para se tornarem 
compatíveis com os elementos, tecidos e órgãos do organismo. Os malas são as 
excreções do corpo. Sabendo disso, classifique V para as sentenças verdadeiras e F 
para as falsas:
( ) O prasada bhaga é a parte dos nutrientes.
( ) O mala bhaga também é chamado de dhatu mala ou upa mala ou sukshma mala.
( ) O sweda (suor) é a excreta de asthi dhatu.
104
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) V - V - F.
d) ( ) F - F - V.
4 O rakta dahtu é formado logo após o rasa dhatu, então é o segundo tecidoa ser 
formado. É comparado diretamente com o sangue e seus componentes, e só é bem 
formado se receber a nutrição de rasa dhatu adequadamente. Sua principal função é 
vivificar. Além de vivificar, descreva quais são as suas outras funções.
5 O corpo mostra alguns sinais em termos de impulsos ou reflexos quando são 
produzidos resíduos. À medida que os malas se acumulam e estão prontos para 
serem eliminados, esses reflexos ficam incontroláveis. A eliminação do excesso ou 
do déficit desses malas pode levar a patologias graves e causar muitas doenças. 
Descreva sobre quais são os desequilíbrios e as doenças que podemos associar ao 
problema de eliminação de malas.
105
REFERÊNCIAS
BHATTACHARYA, R. S. Samkhya: encyclopedia of indian philosophies. Varanasi: Motilial 
Banarsidass, 1987.
CHARAKA, A. Charaka samhita. Bombaim: Chakpori, 1972.
COTTA, C. Preparo de alimentos no fogo ajudou na evolução do homem, indica 
estudo. Correio Braziliense, Brasília, DF, 25 set. 2012. Disponível em: https://www.
correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2012/09/25/interna_ciencia_
saude,324269/preparo-de-alimentos-no-fogo-ajudou-na-evolucao-do-homem-
indica-estudo.shtml. Acesso em: 29 jan. 2022.
LIMA, P. T. Princípios e conceitos. In: LIMA, P. T. Medicina integrativa: a cura pelo 
equilíbrio. São Paulo: MG Editores, 2009. p. 19-25.
NANDALAL, S. Vaisheshika darsana. 2. ed. New Delhi: Kashinath! Bajpaya at the 
Vijaya, 1923.
RAGHURAM, Y. S. Rasa dhatu: definition, formation, circulation, imbalance diseases, 
treatment. Easy Ayurveda, [s. l.], 2016. Disponível em: https://www.easyayurveda.
com/2016/07/21/rasa-dhatu-definition-formation-imbalance-diseases-treatment/. 
Acesso em: 4 mar. 2022.
RAO, V. S. K. R. Sushruta Samhita. Varanasi: Chaukhambha Vishwabharati, 1982. 2 v.
ROSSEAU, J. J. Émile ou de l´éducation. Paris: Garnier Frères, 1979.
SANKARACHARYA, S. Taittiriya upanishad. Benares: The G. T. A. Printing Works, 1903.
TECIDOS, órgãos e sistemas de órgãos. Khan Academy, Mountain View, CA, c2022. 
Disponível em: https://pt.khanacademy.org/science/biology/principles-of-physiology/
body-structure-and-homeostasis/a/tissues-organs-organ-systems. Acesso em: 30 
jan. 2022.
VAGBHATA, A. Ashtanga hrudayam – sutrasthana. Varanasi: Jaikrishnadas Haridas 
Gupta, 1939. (Capítulo 1).
Sushruta sootra 14/3
106
107
COMPONENTES E MANOBRA
UNIDADE 3 — 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
•	 identificar	os	óleos	adequados	a	cada	cliente;
•	 preparar	óleos	medicados	com	óleos	essenciais;
•	 entender	os	benefícios	da	recepção	da	abhyanga;
•	 executar	as	manobras	da	técnica.
	 Esta	unidade	está	dividida	em	três	tópicos.	No	decorrer	dela,	você	encontrará	
autoatividades	com	o	objetivo	de	reforçar	o	conteúdo	apresentado.
TÓPICO 1 – RITUCHARYA
TÓPICO 2 – ABHYANGA
TÓPICO 3 – ABHYANGA NA PRÁTICA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
108
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 3!
Acesse o 
QR Code abaixo:
109
TÓPICO 1 — 
RITUCHARYA
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Uma	das	características	definidoras	do	ayurveda	 é	 a	 relação	que	mantém	com	
a	sabedoria	da	natureza,	nos	ensinando	que	nossos	corpos	não	existem	em	exceção	ao	
mundo	natural	e	são,	em	vez	disso,	parte	dele,	integrados	a	ele	e	dependentes	dele	para	 
a	nossa	saúde	e	o	nosso	bem-estar.	
Na	era	moderna,	no	entanto,	vivemos	em	um	estado	tão	separado	da	natureza	
que	esquecemos	as	maneiras	naturais	e	instintivas	de	nos	nutrir.	Com	a	industrialização	
disponibilizando	alimentos	sazonais	durante	todo	o	ano,	e	o	fato	de	passarmos	cada	vez	
mais	de	nossas	vidas	dentro	de	casa,	é	fácil	esquecer	como	é	viver	verdadeiramente	em	
harmonia	com	os	ritmos	das	estações.
Acadêmico,	neste	tópico,	vamos	acompanhar	como	se	dá	a	ritucharya,	elemento	
essencial	para	uma	vida	equilibrada	e	feliz.
2 DEFINIÇÃO
A	palavra	ritu	significa	“estações”	e	charya	significa	“rotina”.	No	ayurveda,	ritu 
são	 importantes	 para	 trazer	 um	 estilo	 de	vida	 saudável	 e	 adequado,	 ao	mesmo	 tempo	
que	 promovem	 a	 felicidade.	 As	 diretrizes	 ayurvédicas	 prescrevem	 uma	 dieta	 saudável	
e	 mudanças	 no	 estilo	 de	 vida	 ao	 longo	 do	 ano,	 incluindo	 várias	 desintoxicações	
ayurvédicas.	 Isso	 possibilita	 espíritos	 e	 corpos	 elevados,	 mantendo	 nossas	 vidas	
realizadas,	como	orienta	Vagbhata	(2016).
Cada	estação	tem	um	efeito	diferente	em	nossos	corpos.	Há	uma	razão	pela	
qual	nosso	corpo	reage	a	sugestões,	como	a	de	tomar	um	caldo	quente	de	 legumes	
em	um	dia	 sufocante	de	verão:	diferentes	tipos	de	alimentos	ajudam	o	organismo	a	
voltar	 ao	 equilíbrio	 durante	 as	 diferentes	 épocas	 do	 ano.	 Agir	 contra	 essas	 inclinações	
naturais	 pode	 realmente	 prejudicar	 o	 corpo,	 tanto	 por	 dentro	 quanto	 por	 fora.	 Quando	
você	come	fora	de	sincronia	com	a	natureza,	mesmo	que	tenha	uma	dieta	“saudável”,	as	
consequências	 podem	 incluir	 um	 sistema	 imunológico	 comprometido,	 ganho	 ou	 perda	
de	peso	insalubre,	má	qualidade	da	pele	e	do	cabelo	e	até	mesmo	um	risco	aumentado	
de	doenças	mais	 graves.	Alimentar-se	de	 acordo	 com	as	 estações	do	 ano	não	 apenas	
faz	você	 se	 sentir	 bem	no	momento,	mas	 também	é	uma	poderosa	medida	preventiva	 
de	saúde.
110
De acordo com o ayurveda, o ano é dividido em dois períodos: 
uttarayana, que significa a jornada do Sol para o inverno (os meses 
frios) e dakshinayana, que significa a jornada do Sol para retornar do 
inverno (os meses quentes), sendo aquilo que conhecemos como 
solstício e equinócio (VAGBHATA, 2016).
ATENÇÃO
2.1 MUDARAM AS ESTAÇÕES
Na	 Índia,	 existem	 seis	 estações	 bem-marcadas	 e	 naturalmente	 podemos	 fazer	 
a	correlação	com	nossas	estações	também.	Para	eles,	as	seis	estações	consideram	o	
período	de	transição	entre	inverno	e	primavera	e	do	outono	para	o	inverno.
Sharath ritu	 é	 o	 período	de	 outono	 (sharath	 significa	 “nublado”),	 sendo	marcado	
por	 uma	 forte	 presença	 de	agni,	 ou	 fogo	 digestivo,	 devido	 ao	 qual	 a	 água	 e	 o	 fogo	 são	
energias	 proeminentes	 associadas	 a	 essa	 estação.	 Esse	 é,	 portanto,	 o	melhor	momento	 
para	 pacificar	 as	 energias	 pitta.	 O	 principal	 objetivo	 dessa	 temporada	 é	 fazer	 uma	
transição	suave	para	o	 inverno.	 Isso	ajuda	a	 limpar	e	purificar	o	corpo	e	a	preparar	o	
sistema	digestivo	para	a	próxima	estação.
Hemantha ritu	é	o	período	do	inverno	(hemantha	significa	“inverno”),	durante	
o	qual	o	agni	é	mais	forte.	As	energias	da	terra	e	da	água	são	altamente	dominantes,	
o	que,	por	sua	vez,	pacifica	o	pitta dosha.	Essa	temporada	visa	manter	o	corpo	bem	
nutrido,	então	é	o	momento	de	comer	comida	quente	para	que	o	agni	digestivo	continue	
queimando.	Abhyanga e swedana,	 são	alguns	tratamentos	ayuvérdicos	 que	podem	ser	
realizados	nesse	período.
Shishira ritu	é	um	dos	períodos	que	não	temos	associados	às	estações	do	ano	
aqui	 no	 Ocidente	 (shishira	 significa	 “frio”).	 Essa	 temporada	 é	 úmida	 e	 fria,	 sendo	 rica	
em	energia	kapha	 e,	 portanto,	agni	 precisa	 se	manter	vívido	para	manter	o	corpo	em	
equilíbrio.	 Alimentos	 adstringentes	 e	 frios	 devem	 ser	 evitados.	Abhyanga,	 swedana e 
patra potli	são	alguns	tratamentos	ayurvédicos	que	devem	ser	realizados	durante	essa	 
temporada.
व्यधित यां हिमचन्दनमण्डिताम्
अवनतो रसिकः शिशिरः स्वयम्।
विशदकुन्दनिभात् प्रमदोदयाद्
इह सती हसतीव मही स्म सा॥
vyadhita yāṃ hima-candana-maṇḍitām
avanato rasikaḥ śiśiraḥ svayam |
viśada-kunda-nibhāt pramadôdayād
iha satī hasatîva mahī sma sā
111
A estação fria, como um amante humilde,
adornou pessoalmente a terra, sua amada,
com neve, como se fosse pasta de sândalo.
A terra, como uma boa esposa, parecia rir,
sua alegria aparecendo na forma de jasmim branco (ANSELL, 2010, s. p.).
Vasanta ritu	é	o	momento	da	primavera	(vasanta	significa	“primavera”),	a	hora	em	
que	a	vida	retorna,	os	meses	passam	a	ser	mais	quentes,	predominando	as	energiasde	
terra	e	ar.	As	energias	de	kapha	começam	a	se	dispersar	e	 isso	traz	muita	oscilação	de	
agni.	Nesse	período,	são	recomendados	tratamentos	de	nasya	(relativos	ao	nariz),	com	o	 
objetivo	de	tratar	alergias	e	muco.
Grishma ritu	é	o	verão	 (grishma	significa	 “verão”),	quando	as	energias	do	fogo	
e	do	ar	tomam	conta	do	nosso	entorno,	secam	tudo	e	aumentam	as	energias	de	pitta 
e de vata.	O	corpo	está	com	o	nível	de	agni	mais	baixo,	comparado	com	qualquer	outra	
estação.	Nesse	período,	a	abhyanga	é	uma	das	principais	recomendações	terapêuticas.
Varsha ritu	é	a	estação	chuvosa	(varsha	significa	“chuva”).	Nesse	período,	nossa	
capacidade	digestiva	começa	a	aumentar	novamente	e	há	presença	de	água	e	ar.	Os	
tratamentos	mais	intensos,	como	panchakarma	(cinco	ações),	são	recomendados.
QUADRO 1 – ESTAÇÕES E RECOMENDAÇÕES TERAPÊUTICAS
FONTE: A autora
Estação do ano Palavras-chave Recomendação
Sharath ritu Nublado,	outono.	agni	forte Pacificação	de	pitta
Hemantha ritu Inverno,	ápice	de	agni Nutrição.	abhyanga e swedana
Shishira ritu Frio,	umidade Estimular agni, abhyanga, swedana, patrapotal 
Vasanta ritu Primavera Tratar	alergias	e	excesso	de	muco
Grishma ritu Verão Aumento	de	pitta e vata,	abhyanga
Varsha ritu Chuva Panchakarma
Agora,	 sabendo	 essas	 alterações	 e	 oscilações	 que	 as	 estações	 do	 ano	
trazem	para	os	cinco	grandes	elementos,	ganhamos	um	trunfo	para	nos	adaptarmos	
corretamente	ao	momento	que	iremos	vivenciar.
A	cada	dia,	você	experimenta	seis	fusos	horários	de	quatro	horas:	três	durante	o	
dia	e	três	à	noite.	Cada	período	do	tempo	é	regido	por	um	dosha	específico	e,	portanto,	 
é	influenciado	pelas	qualidades	desse	dosha.	Em	geral,	vemos	cada	dosha	duas	vezes	
em	um	dia	de	24	horas.
2.2 TEMPO
112
QUADRO 2 – RELÓGIO AYURVÉDICO
FONTE: A autora
• Kapha	(das	6h	às	10h):	está	relacionado	à	estabilidade.	O	peso	ao	acordar	pode	ser	
curado	 por	meio	 de	 alongamento,	 caminhada	 ou	 treino	 para	 estimular	 e	 aquecer	
o	 corpo.	 Segundo	 o	ayurveda,	 devemos	 acordar	 alguns	minutos	 antes	 da	 aurora.	
Despertar	no	período	kapha	tende	a	nos	trazer	baixa	energia	e	letargia	ao	longo	do	
dia.	No	entanto,	esse	não	é	o	melhor	momento	para	 refeições	pesadas,	pois	pode	
fazer	você	se	sentir	mais	lento	e	indisposto	ao	logo	do	dia.	Deve	ser	feito	um	café	da	
manhã	leve,	nutritivo	e	revigorante.
• Pitta	(das	10h	às	14h):	está	relacionado	à	metabolização.	Durante	as	horas	de	pitta,	
você	deve	fazer	a	refeição	principal	do	dia.	O	corpo	está	ativo	e	você	pode	facilmente	
estimular	o	agni.	Portanto,	deve	comer	muito	bem	durante	essas	horas	para	que	o	
seu	corpo	possa	digerir	bem	os	alimentos.
• Vata	 (das	 14h	às	 18h):	 está	preocupado	com	os	movimentos	corporais	e	mentais.	
Refere-se	ao	sistema	nervoso	e	à	experiência	 sensorial,	 estimula	a	criatividade.	É	
necessário	descanso	suficiente	para	altos	níveis	de	energia	e	funcionamento	mental.	
Tente	 reduzir	 o	 estresse	 mental	 por	 meio	 de	 um	 passeio,	 tomando	 um	 chá	 quente	 
ou	simplesmente	descansando,	lembrando	que	vata	é	o	dosha	mais	sensível	e	pode	
facilmente	sair	do	equilíbrio.
• Kapha	 (das	18h	às	22h):	durante	esse	tempo,	o	kapha	tenta	nos	preparar	para	um	
bom	sono	e	descanso,	por	meio	do	aumento	de	tamas	em	nossa	mente.	É	melhor	
comer	cedo	e	em	pequenas	proporções	para	estimular	a	digestão,	relaxar	o	corpo	e	
prepará-lo	para	o	dia	seguinte.	Atitudes	simples,	como	deixar	a	luz	mais	amena,	ouvir	
uma	música	suave	e	acender	uma	vela	perfumada	podem	ter	um	impacto	relaxante	 
e	positivo,	favorecendo	o	período	de	preparo	para	o	descanso.
• Pitta	 (das	22h	às	2h):	dormir	cedo	estimula	o	bom	funcionamento	do	corpo,	então	
permanecer	 acordado	 não	 é	 aconselhável,	 pois	 pode	 estimular	 a	 fome.	 Como	
resultado,	 comer	 à	 meia-noite	 pode	 afetar	 drasticamente	 o	 funcionamento	 do	 corpo	 
e	naturalmente	desequilibrar	os	doshas.	Portanto,	evite	se	alimentar	depois	das	20h.
• Vata	(das	2h	às	6h):	os	sonhos	são	mais	comuns	nesse	momento	e	podem	conter	
percepções	 e	 interpretações	 significativas.	 Se	você	 acordar	 durante	 esse	período,	
poderá	 ter	 dificuldade	 para	 dormir	 novamente,	 pois	 os	 hormônios	 naturais	 que	
induzem	o	sono	começarão	a	diminuir	por	conta	do	estímulo	sensorial	recebido.
Kapha Das	6h	às	10h Das	18h	às	22h
Pitta Das	10h	às	14h Das	22h	às	2h
Vata Das	14h	às	18h Das	2h	às	6h
A	 beleza	 da	 rotina	 é	 que	 essas	 recomendações	 são	 flexíveis	 e	 podem	 ser	
ajustadas	de	acordo	com	as	suas	prioridades	e	o	seu	estilo	de	vida	atual.
113
2.3 MEDICINA INDIANA
Conforme	pudemos	perceber	e	entender	a	abrangência	do	ayurveda,	chamá-lo	
de	medicina,	conforme	a	definição	moderna,	o	tornaria	extremamente	limitado.	Por	isso,	
gostamos	de	dizer	que	o	ayurveda	é	mais	que	um	estilo	de	vida:	é	uma	atitude	que	nos	
possibilita	encontrar	a	saúde,	a	plenitude	e	o	equilíbrio	em	qualquer	local	do	planeta,	em	
qualquer	fase	de	nossa	vida,	estação	do	ano	ou	hora	do	dia.
Saúde,	 para	 o	 ayurveda,	 pode	 ser	 descrita	 como	 o	 estado	 de	 equilíbrio	 dos	
doshas,			o	funcionamento	normal	dos	tecidos	e	produtos	residuais	em	conjunto	com	a	
alma	alegre,	os	sentidos	controlados	e	nutridos,	e	o	bem-estar	da	mente.	O	ayurveda 
cobre	os	aspectos	espirituais,	sociais,	mentais	e	físicos	da	saúde	sob	essa	definição.
O	 estado	 saudável	 é	 o	 bem-estar	 físico,	 aspecto	 social	 e	 mental	 da	 vida.	
Vagbhata	 (2016)	define	que	a	busca	da	mente	virtuosa	deve	ser	pela	compaixão	por	
todas	as	criaturas,	pelo	sacrifício,	pelo	controle	da	mente	em	ações	físicas,	verbais	e	
mentais	com	a	ajuda	da	sabedoria	e	considerando	os	outros	sentimentos	como	seus	 
e	agindo	de	acordo	com	os	valores	elevados.
2.4 MENTE SÃ E CORPO SÃO
Segundo	 o	 ayurveda,	 o	 corpo	 é	 uma	 cristalização	 da	 mente.	 Assim	 como	
o agni e	a	indigestão	estão	na	raiz	de	todas	as	doenças,	a	mente	também	desempenha	
um	papel	crítico	em	nossa	saúde	geral.	Na	verdade,	o	ama	mental	(produtos	emocionais	
não	digeridos)	e	as	emoções	não	resolvidas	podem	levar	a	doenças	de	maneiras	muito	 
concretas.
Por	exemplo,	 a	 raiva	não	 resolvida	pode	se	acumular	no	 fígado	e	prejudicar	o	
funcionamento	 desse	 órgão,	 a	 tristeza	 não	 processada	 pode	 perturbar	 os	 pulmões	 e	
a	ansiedade	crônica	pode	perturbar	a	saúde	do	cólon.	Além	dessas,	existem	 inúmeras	
outras	maneiras	 pelas	 quais	 os	 desequilíbrios	 na	mente	 podem	 se	manifestar	 como	
doenças	físicas.
Quando	 se	 trata	disso,	 a	mente	é	 incrivelmente	 influente	e	 tem	um	 impacto	
muito	direto	e	potente	em	nossa	saúde	e	nosso	bem-estar	geral	–	tornando	o	canal	da	
mente	genuinamente	digno	de	nosso	cuidado	e	de	nossa	atenção	sinceros.
Em	última	análise,	nossos	esforços	focados	para	apoiar	o	canal	da	mente	não	
podem	deixar	de	se	espalhar	para	impactar	positivamente	todas	as	células,	os	tecidos	e	
os	caminhos	sutis	em	toda	a	nossa	usina	físico-química	da	mente	e	do	corpo.
114
Substâncias	e	energias	se	movem	por	todo	o	corpo	por	meio	de	canais	distintos	
–	 tanto	 físicos	 quanto	 energéticos	 –	 conhecidos	 como	 srotamsi.	 Notavelmente,	 um	 dos	
principais	canais	nomeados	na	tradição	ayurvédica	é	o	da	mente,	conhecido	em	sânscrito	
como mano vaha srotas.	O	simples	fato	de	ele	existir	nos	diz	o	quão	importante	é	o	papel	
que	 a	 mente	 desempenha	 em	 nossa	 saúde	 geral	 e	 em	 nossa	 longevidade.	 Quanto	
mais	explorarmos	as	particularidades	desse	canal,	mais	veremos	quão	significativo	e	
influente	ele	realmente	é.
Nossa	 cultura	 tende	 a	 associar	 a	mente	 ao	 próprio	 cérebro	 e,	 portanto,	 somos	
naturalmente	 inclinados	 a	 imaginar	 a	 “mente”	 residindo	 dentro	 dos	 limites	 do	 crânio.	
No	 entanto,	 de	 forma	 alguma	 o	 ayurveda	 concorda	 com	 essas	 mesmas	 limitações.	
Estudamos	 esse	 ponto	 na	 cosmogênese	 do	 samkhya	 (RADHAKRISHNAN,	 1989).	 Então,	
o	ayurveda	 revela	 de	 forma	muito	 elegante	 o	 significado	 e	 a	 importância	 da	mente	
em	 uma	 visualização	 bem	 mais	 ampla	 de	 quem	 somos,	 tanto	 em	 relação	 ao	 seu	
nível	de	 importância	quantoem	relação	ao	seu	vasto	campo	de	 influência	em	nossa	 
manifestação	mente	e	corpo.
115
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O ayurveda	 é	 a	 essência	 da	 possibilidade	 de	 viver	 uma	 vida	 bem	 vivida.	 Este	
conhecimento	 disponibiliza	 orientações	 e	 sugestões	 que	 englobam	 os	 elementos	
mais	inusitados,	todavia,	isso	é	curioso	apenas	na	percepção	ocidental.
•	 O	bem	viver	é	a	capacidade	de	apreciar	e	entender	os	ciclos	naturais.
•	 O	 conhecimento	 das	 estações	 e	 suas	 influências	 no	 corpo,	 nos	 elementos	
externamente	 se	 movimentando,	 favorece	 o	 entendimento	 para	 a	 conduta	 e	 a	
escolha	do	protocolo	de	tratamento.
•	 Perceber	a	 influência	dos	doshas	nas	horas	do	dia	proporciona	a	possibilidade	de	
entendimento	de	desequilíbrios	e	seus	antídotos.
•	 Estar	consciente	da	movimentação	dos	doshas	ao	longo	do	dia	e	da	noite	nos	oferece	 
a	oportunidade	de	perceber	pontos-chaves	para	o	tratamento.
•	 Corpo	e	mente	são	dois	lados	da	mesma	moeda,	reforçando	as	teorias	de	conexão	
corpo	e	mente	que	muitas	doenças	se	instalam	no	organismo	por	influência	direta	
das	alterações	psicoemocionais.
RESUMO DO TÓPICO 1
116
AUTOATIVIDADE
1	 No	ayurveda,	ritu	(estações)	são	importantes	para	trazer	um	estilo	de	vida	saudável	
e	adequado,	ao	mesmo	tempo	que	promovem	a	felicidade.	As	diretrizes	ayurvédicas 
prescrevem	 uma	 dieta	 saudável	 e	 mudanças	 no	 estilo	 de	 vida	 ao	 longo	 do	 ano.	
Isso	 possibilita	 espíritos	 e	 corpos	 elevados,	 mantendo	 nossas	 vidas	 realizadas.	
Considerando	essas	informações,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 As	 consequências	 de	 não	 seguir	 as	 recomendações	 sazonais	 podem	 incluir	
um	sistema	imunológico	comprometido,	ganho	ou	perda	de	peso	insalubre,	má	
qualidade	da	pele	e	do	cabelo	e	até	mesmo	um	risco	aumentado	de	doenças	
mais	graves.
b)	 (			)	 Com	a	 industrialização	disponibilizando	alimentos	sazonais	durante	todo	o	ano,	
podemos	 escolher	 com	 mais	 certeza	 o	 alimento	 que	 se	 refere	 determinada	
estação	do	ano.	Essa	oferta	permanente	é	ótima	para	a	nossa	rotina.
c)	 (			)	 De	acordo	com	o	ayurveda,	o	ano	é	dividido	em	três	períodos,	cada	um	contendo	
seis	estações.	Essa	divisão	das	estações	favorece	o	terapeuta	nas	escolhas	dos	
tratamentos,	das	ervas	e	dos	óleos	necessários.
d)	 (			)	 Cada	 estação	 tem	 um	 único	 efeito	 em	 nossos	 corpos.	 Por	 isso,	 dificilmente	
sentimos	qualquer	tipo	de	alteração	física	no	período	que	engloba	a	época	de	
transição	de	uma	estação	à	outra.
2	 A	cada	dia	você	experimenta	seis	fusos	horários	de	quatro	horas:	três	durante	o	dia	
e	três	à	noite.	Cada	período	do	tempo	é	regido	por	um	dosha	específico	e,	portanto,	
é	 influenciado	 pelas	 qualidades	 desse	 dosha.	 No	 geral,	 vemos	 cada	 dosha	 duas	
vezes	em	um	dia	de	24	horas.	Com	base	nas	definições	dos	enfoques	dos	horários	
associados	aos	doshas,	analise	as	afirmativas	a	seguir:
I-	 Alimentar-se	à	noite	deveria	ser	algo	muito	bem	escolhido,	pois,	devido	ao	início	da	
predominância	do	horário	pitta,	às	18h,	nosso	corpo	precisa	estar	apto	a	digerir	os	
alimentos	antes	de	nos	deitarmos.
II-	 Os	sonhos	são	mais	comuns	entre	2h	e	6h	da	manhã.	Eles	podem	conter	percepções	e	
interpretações	significativas	quando	ocorrem	nesse	período.
III-	 Peso	ao	acordar	pode	ser	curado	por	meio	de	alongamento,	caminhada	ou	treino	
para	estimular	e	aquecer	o	corpo.	Segundo	o	ayurveda,	devemos	acordar	alguns	
minutos	antes	da	aurora.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 As	afirmativas	II	e	III	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	III	está	correta.
117
3	 Na	Índia,	são	consideradas	seis	estações	no	ano,	cada	uma	com	suas	influências	nos	
elementos	e	consequentemente	nos	doshas.	Conhecer	essa	dinâmica	nos	orienta	e	
embasa	para	fazer	as	melhores	escolhas	de	alimentos	e	tratamentos.	Sabendo	disso,	
classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	Sharath ritu	é	o	período	de	outono,	sendo	que	a	palavra	sharath	significa	“nublado”,	
marcado	por	uma	forte	presença	de	agni.
(			)	Hemantha ritu	 é	 o	 período	 do	 inverno,	 sendo	 que	 a	 palavra	hemantha	 significa	
“inverno”,	durante	o	qual	o	agni	é	mais	fraco.	
(			)	Varsha ritu	 é	 a	 estação	 chuvosa,	 sendo	 que	 a	 palavra	 varsha	 significa	 “chuva”,	
quando	nossa	capacidade	digestiva	começa	a	aumentar	novamente.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	-	F	-	F.
b)	 (			)	 V	-	F	-	V.
c)	 (			)	 F	-	V	-	F.
d)	 (			)	 F	-	F	-	V.
4	 Segundo	o	ayurveda,	o	corpo	é	uma	cristalização	da	mente.	Assim	como	o agni e	
a	indigestão	estão	na	raiz	de	todas	as	doenças,	a	mente	também	desempenha	um	
papel	crítico	em	nossa	saúde	geral.	Na	verdade,	o	ama	mental	(produtos	emocionais	
não	 digeridos)	 e	 as	 emoções	 não	 resolvidas	 podem	 levar	 a	 doenças	 de	maneiras	
muito	concretas.	Discorra	sobre	essa	afirmação.
5	 Nossa	 cultura	 tende	 a	 associar	 a	 mente	 ao	 próprio	 cérebro	 e,	 portanto,	 somos	
naturalmente	inclinados	a	imaginar	a	“mente”	residindo	dentro	dos	limites	do	crânio.	
No	entanto,	de	forma	alguma	o	ayurveda	concorda	com	essas	mesmas	limitações.	
Justifique	essa	afirmação.
118
119
ABHYANGA
UNIDADE 3 TÓPICO 2 — 
1 INTRODUÇÃO
“Abhyanga	deve	ser	feita	diariamente.	Afasta	a	velhice,	o	esforço	e	o	agravamento	
de vata”	(VAGBHATA,	2016,	p.	8-9).	Massagem,	quando	ouvimos	essa	palavra,	muitos	de	
nós	imaginamos	um	luxuoso	tratamento	de	Spa	reservado	para	ocasiões	especiais.	No	
ayurveda,	 no	entanto,	 a	prática	de	abhyanga	 (massagem	com	óleo)	é	 recomendada	
diariamente,	sendo	uma	forma	única	de	terapia,	originária	do	ayurveda.
É	 conhecida	por	beneficiar	 a	mente,	 o	 corpo,	 a	pele	 e	 o	 sistema	 imunológico.	
Envolve	grandes	quantidades	de	óleo	e	uma	sequência	única	de	um	ou	dois	terapeutas	
que	aplicam	o	óleo	pelo	corpo,	considerando	o	que	aquele	indivíduo	necessita	equilibrar.
2 DEFINIÇÃO
A	 palavra	 abhyanga	 é	 composta	 de	 duas	 palavras	 em	 sânscrito:	 abhi e anga,	
sendo	que	abhi	significa	“movimento	em	direção	a”,	e	anga	significa,	nesse	contexto,	“[...]	
os	seis	membros	principais	–	śiras	 (cabeça),	hasta	 (mãos),	uras	 (peito),	pārśva	 (lados),	
kaṭi	(cintura),	pada	(pés)	–	nos	quais	são	realizados	os	vários	āṅgika	(gestos),	de	acordo	 
com	o	nāṭyaśāstra”	(MANOMAHAM,	1959,	p.	149,	grifos	do	original).
Abhyanga é uma forma de esfregar o óleo no corpo, sincronizada 
ao movimento do sangue arterial. A explicação lógica por trás dessa 
convenção pode ser expandir a corrente sanguínea em direção às 
partes mais distais do corpo e abster-se de dominar o coração por 
meio do retorno venoso.
IMPORTANTE
Para	 as	 pessoas	 saudáveis,	 sua	 aplicação	 faz	 parte	 das	 rotinas	 diárias,	 pois	
garante	 o	 bem-estar	 das	 articulações,	 nutre	 os	dhatus	 (tecidos	 do	 corpo)	 e	 leva	 os	
doshas	perturbados	de	volta	ao	ajuste.	Muito	mais	que	uma	massagem,	a	abhyanga 
tem	por	principal	objetivo	nutrir	o	corpo	e	a	mente	por	meio	da	aplicação	de	óleos.
O	 processo	 de	 oleação	 do	 corpo	 estabelece	muitos	 benefícios,	 tanto	 físicos	
quanto	 emocionais.	 Em	 sânscrito,	 a	 palavra	 óleo	 é	 sneha,	 também	 sendo	 traduzida	
como	“amor”.	
120
2.1 NUTRIÇÃO
Certamente,	 há	 um	 momento	 adequado	 para	 fazer	 qualquer	 atividade	 e	 a	
ingestão	 de	 alimentos	 não	 é	 exceção.	 Precisamos	 seguir	 o	 tempo	 adequado	 para	
consumir	 alimentos.	 Da	mesma	 forma,	 os	 padrões,	 a	 quantidade	 e	 a	 qualidade	 dos	
alimentos	e	a	maneira	de	comermos	diferem	de	estação	para	estação.
Charaka	Samhita	cita	que	 “[...]	ahara	 (comida	ou	dieta)	 enfatiza	a	 ingestão	de	
alimentos	 na	 hora	 certa	 (kala bhoji)	 junto	 com	 a	 ingestão	 de	 alimentos	 compatíveis	
(conducentes,	hita ahara)	na	quantidade	certa	 (mita ahara)	de	alimentos	para	manter	
uma	boa	saúde	e	evitar	doenças”	(SHARMA,	1972,	p.	115,	grifos	do	original).
Quantas	vezes	por	dia	devemos	nos	alimentar?	Há	umditado	famoso	na	Índia	
sobre	o	número	de	vezes	que	devemos	nos	alimentar	e	ele	diz	mais	ou	menos	assim:
A	pessoa	que	come	uma	vez	é	um	yogi,	ou	seja,	um	santo.
Uma	pessoa	que	come	duas	vezes	é	um	bhogi,	ou	seja,	que	vive	de	acordo	com	as	
condições	disponíveis	com	um	pouco	de	disciplina.
Uma	pessoa	que	come	três	vezes	é	um	rogi,	ou	seja,	um	doente,	sempre	um	paciente.
Uma	pessoa	que	come	quatro	vezes	ou	mais	é	quase	considerada	morta.
Os	 alimentos	 só	 devem	 ser	 ingeridos	 quando	 os	 que	 foram	 ingeridos	
anteriormente	foram	digeridos	adequadamente.	A	fome	se	manifesta	apenas	quando	
o	rasa	(sucos	digestivos	em	circulação),	o	dosha	e	o	mala	(excrementos,	resíduos)	são	
eliminados	adequadamente.	O	aparecimento	deles	é	chamado	de	anna kala	ou	“hora	
adequada	para	comer”.
O	fogo	digestivo	presente	na	barriga	digere	a	comida	quando	está	equilibrado	
e	 no	 melhor	 de	 sua	 intensidade.	 Quando	 a	 comida	 não	 é	 fornecida	 na	 hora	 e	 na	
quantidade	certas,	o	fogo	digestivo	digere	doshas.	Na	ausência	de	doshas,			o	agni	digere	
os	dhatus	(tecidos).	Isso	leva	à	falha	do	sistema	de	suporte	do	corpo.	Em	última	análise,	
na	ausência	de	dhatus,	o	agni	digere	e	destrói	o	prana	(força	vital).	As	atividades	da	vida	 
serão	interrompidas	e	a	pessoa	acabará	enfrentando	a	morte.
O ayurveda	 foi	 a	 primeira	 ciência	 da	 saúde	 a	 defender	 "comer	 alimentos	 na	
hora	certa",	mantendo	em	vista	o	equilíbrio	entre	qualidade	e	quantidade.	A	etiqueta	
alimentar	explicada	pelo	ayurveda	é	exemplar	e,	quando	devidamente	seguida,	ajudaria	 
a	manter	a	saúde	física	e	mental	ideal.
Alimentar-se	 em	 horários	 inadequados	 é	 a	 origem	 de	 muitas	 doenças,	
desencadeia	e	agrava	muitos	distúrbios	sistêmicos	e	de	estilo	de	vida,	como	diabetes,	
obesidade,	insônia,	hipertensão,	problemas	relacionados	ao	colesterol,	úlceras	pépticas,	
indigestão,	anorexia,	doenças	inflamatórias	intestinais	etc.
121
Todas	 as	 pessoas	 precisam	 ser	 criteriosas	 em	 suas	 prioridades.	 Saúde	 é	
riqueza.	Se	a	saúde	for	mantida	da	melhor	maneira	possível,	qualquer	objetivo	pode	ser	
alcançado	na	vida.	Portanto,	a	alimentação	é	considerada	um	dos	pilares	importantes	de	
apoio	à	saúde	no	ayurveda.	Isso	porque	a	melhora	substancial	nas	condições	de	saúde	
daqueles	que	seguem	o	horário	da	alimentação	e	as	recomendações	do	ayurveda	são	
inquestionáveis.
A	causa	raiz	da	maioria	das	doenças	pode	ser	definida	como	ajeerna	(indigestão):	
à	medida	que	o	tempo	passa,	é	natural	que	nossa	capacidade	digestiva	fique	menor,	até	
porque	o	destino	natural	de	todo	ser	humano	é	a	morte,	então,	o	fogo	digestivo	e	o	
próprio	pitta	já	seguem	o	caminho	adequado	para	que	o	processo	de	finitude	se	inicie.
Para	manter	o	relógio	da	hora	da	alimentação	funcionando	em	favor	da	nossa	
saúde,	é	preciso	comer	na	hora	certa,	levando	em	consideração:
•	 a	qualidade	e	a	quantidade	da	comida;
•	 a	capacidade	digestiva.
Uma	 alimentação	 boa,	 equilibrada	 e	 oportuna	 é	 capaz	 de	 manter	 o	 ritmo	
circadiano	do	corpo	em	um	estado	de	equilíbrio.
2.2 O SABOR DA PAIXÃO
Você	recorda	que	a	visão	filosófica	do	ayurveda	nos	faz	enumerar	as	variáveis	
que	devem	ser	consideradas	para	obtermos	uma	vida	saudável	e	 longa,	certo?	Então,	
saiba	 que	 três	 sustentáculos	sempre	 devem	 ser	 considerados	 com	 extremo	 cuidado	
e	prioridade:	a	nutrição,	o	repouso/sono	e	a	busca	pelo	autoconhecimento.	Dos	três,	a	
nutrição	é	o	principal	eixo	de	sustentação	da	vida,	do	corpo	e	da	mente,	sendo	primordial	 
na	conquista	da	vida	saudável	e	plena.	Afinal,	como	se	vive	sem	comida?
Em	 sânscrito,	 ahara	 é	 comida	 e	 ela	 foi	 classificada	 no	 século	 XVII	 por	
Valmikiramayana.	Ele	definiu	que	existem	seis	formatos	de	comida:
• cosya:	que	precisa	ser	sugado	como	cana-de-açúcar	ou	romã;
• peya:	que	precisa	ser	bebida,	como	o	leite;
• rasala:	que	precisa	ser	lambida,	como	o	mel	envelhecido;
• polika:	que	precisa	ser	comida	sem	mastigação,	como	o	purê	de	
batata;
• ladduka:	que	precisa	ser	mordida,	como	a	maçã;
• carvya:	que	precisa	ser	mastigado,	como	quase	todos	os	alimentos	
(RAMASHARYA,	1971,	p.	232).
Ao	 longo	 da	 evolução	 da	 civilização,	 os	 seres	 humanos	 têm	 ampliado	 suas	
experiências	com	a	forma	da	comida	que	ingerem,	desde	comer	crus	os	animais	caçados	
até	formas	de	comida	adequadamente	processadas,	aparadas,	calculadas	e	medidas	e,	
nos	dias	modernos,	preparadas	com	extrema	cautela	e	precisão	pelos	melhores	chefs.
122
Não	 há	 inflexibilidade	 na	 escolha	 da	 comida,	 mesmo	 quando	 preparada	 em	
casa.	Todos	 nós	 temos	 diferentes	 gostos	 e	 opções	 de	 alimentos.	 Em	última	 análise,	
comemos	para	viver,	para	sustentar	a	vida	dentro	de	nós,	para	continuar	o	processo	de	
vida,	para	evoluir	e	viver	com	saúde.
Uma	 referência	 do	 taittariya upanishad	 (CHINMAYANANDA,	 2013)	 dá	 o	 status	
de	supremacia	ao	ahara	e	chama	ahara	de	Brahma	ou	o	criador.	Naturalmente,	todos	
nós	 somos	 criados	 e	 mantidos	 por	 ahara.	 Desde	 o	 ponto	 de	 nossa	 concepção	 no	
ventre	 de	 nossa	 mãe,	 somos	 nutridos	 pelo	 ahara rasa	 ou	 os	 nutrientes	 fornecidos	
incondicionalmente	e	compartilhados	conosco	por	nossa	mãe.	Esse	alimento	guarnecido	
de	amor	e	carinho	chega	até	nós	pela	circulação	fetal,	passando	pela	placenta.	O	feto	
cresce	e	amadurece	com	a	ajuda	desse	ahara rasa	vindo	da	mãe.	Se	essa	fonte	de	
ahara	for	cortada,	o	feto	não	sobreviverá	e,	portanto,	uma	vida	terminará.
Nenhum	 medicamento	 é	 equivalente	 ao	 alimento.	 Ahara	 é	 chamado	 de	
maha bhaishajya,	 o	maior	 e	melhor	medicamento.	Apenas	 com	 a	 administração	 de	
alimentação	e	dieta	adequada	é	possível	curar	as	doenças,	mesmo	sem	a	necessidade	de	
administração	medicamentosa.	Qualquer	doença	pode	ser	curada	de	forma	abrangente	
sem	qualquer	medicamento,	bastando	seguir	a	pathya ahara	(alimentação	equilibrada).
2.3 A ORQUESTRA DE SABORES
É	dito	que,	na	Índia,	nem	tudo	o	que	arde	é	pimenta.	As	especiarias	têm	um	lugar	
de	destaque,	 tanto	na	 culinária	 quanto	no	ayurveda,	 todavia	 a	 principal	 recomendação	
relacionada	aos	tratamentos	propostos	deve	seguir	 a	premissa	de	que	qualquer	 terapia	
poderia	ser	servida	como	uma	refeição.	E	por	quê?	Pois	a	chance	de	ocorrer	reações	
adversas	ou	efeitos	colaterais	é	reduzida	drasticamente.
Para	você,	o	que	é	sabor?
Muitas	das	ações	terapêuticas	dos	medicamentos	ayurvédicos	 são	explicadas	
pelo	sabor	do	medicamento	isolado	ou	combinado.	Por	exemplo,	ervas	amargas	atuam	
como	redutoras	de	febre.	O	sabor,	no	ayurveda,	não	serve	apenas	para	explicá-lo	como	
uma	característica,	mas	também	é	uma	ferramenta	para	explicar	a	farmacologia.	Outra	
observação	 importante	 é	 o	 fato	 de	 termos	 o	 paladar,	 um	 dos	 nossos	 sentidos,	 como	 
uma	das	bases	para	a	recepção	dos	tratamentos.
Todos	 os	 sabores	 têm	 suas	 raízes	 no	 elemento	 água.	 Logo,	 concluímos	 que	
mesmo	 ervas	 secas	 têm	 sabor,	 pois	 todos	 os	 objetos	 existentes	 têm	 a	 água	 como	
elemento	em	seu	nível	atômico	e	no	físico.
123
QUADRO 3 – ELEMENTOS
FONTE: A autora
Tanmatra Panchamahabhuta
Som Espaço	vazio:	akasha
Tato Vento: vayu
Visão Fogo:	agni
Sabor Água:	jala
Aroma Terra:	prthivi
Rasa	é	a	palavra	em	sânscrito	para	“sabor”,	 “gosto”,	ela	conta	com	mais	de	50	
definições,	como	“propriedade	das	ervas”,	“terra”,	“líquidos	transparentes	que	fluem	pelo	
corpo”,	“mercúrio”,	“sentimento”,	“emoção”	etc.
Rasa	é	o	sentido	especial	conhecido	por	 intermédio	do	rasna	ou	rasanendriya 
(língua	 ou	 papilas	 gustativas).	 O	 gosto	 é	 a	 ação	 direta	 de	 um	 medicamento	 nas	
terminações	 nervosas	 da	 membrana	 mucosa	 da	 boca.	 O	 sabor	 é	 identificado	 e	
decodificado	pelas	papilas	gustativas.
O	sabor	de	uma	erva	deve	ser	medido	tomando	a	amostra	seca.	A	erva	fresca	
terá	muita	umidade,	e	esse	excesso	de	umidade	diluirá	os	elementos,	diluindo,	assim,	
seu	sabor.
O	sabor	que	você	sente	e	percebe	claramente	no	início	e	no	fim	do	contato	com	
a	língua	é	o	sabor	da	substância.	Há	variação	do	sabor	de	acordo	com	o	lugar	e	a	hora	
em	 que	 as	 ervas	 foram	 analisadas.Às	 vezes,	 em	 diferentes	 livros	 de	 ayurveda,	 você	
pode	encontrar	a	mesma	erva	explicada	por	ter	gostos	diferentes.	Isso	pode	ser	porque	 
os	autores	podem	ser	de	diversos	lugares	com	diferentes	condições	climáticas.	
A	laranja	pode	ser	mais	azeda	em	algum	lugar,	assim	como	menos	azeda	e	mais	
doce	em	outro.	O	contexto	de	tal	explicação	também	deve	ser	levado	em	consideração.	
Por	exemplo:	se	um	autor	explica	“manga	azeda”,	ele	está	se	referindo	a	frutas	verdes.
Na	visão	do	ayurveda,	existem	apenas	seis	sabores:
• madhura:	doce;
• amla:	azedo;
• lavana:	salgado;
• katu:	picante;
• tikta:	amargo;
• kashaya:	adstringente.
124
Sim,	eles	também	derivam	dos	cinco	grandes	elementos.	Todavia,	 a	base	de	
todos	os	sabores	é	o	elemento	água,	que	orquestra	os	outros	elementos	para	dar	origem	
a	 sabores	 específicos.	Cada	um	dos	shadrasa	 (seis	 sabores)	 é	 constituído	 ou	 originado	 
pela	combinação	de	dois	dos	panchamahabhutas:
• sabor doce: madhura rasa = prithvi + jala	(terra	e	água);
• sabor azedo: amla rasa = prithvi + agni	(terra	e	fogo);
• sabor salgado: lavana rasa = jala + agni	(água	e	fogo);
• sabor picante: katu rasa = vayu + agni	(ar	e	fogo);
• sabor amargo: tikta rasa = vayu + akasha	(ar	e	éter);
• gosto adstringente: kashaya rasa = vayu + prithvi	(ar	e	terra).
Se	uma	substância	for	doce,	ela	terá	mais	terra	e	água.	Se	tiver	gosto	amargo,	
indica	que	contém	mais	ar	e	espaço	vazio.	No	caso	do	doce,	é	composto	de	terra	e	água,	
ambos	são	elementos	pesados.	Consequentemente,	as	substâncias	de	sabor	doce	são	
geralmente	pesadas	para	digerir.	Eles	trazem	estabilidade	ao	corpo.	Da	mesma	forma,	
as	substâncias	de	sabor	amargo	são	leves	para	digerir,	porque	o	ar	e	o	espaço	vazio	–	
ambos	são	de	natureza	muito	leve.	Consequentemente,	eles	trazem	leveza	ao	corpo.
O	doce	é	formado	por	terra	e	água,	então,	juntos,	eles	trazem	frescor	ao	corpo	e	
à	mente.	O	sabor	picante	tem	ar	e	fogo,	por	isso	alimentos	com	gosto	picantes,	como	a	
pimenta,	são	geralmente	quentes	por	natureza.
Nenhuma	 substância	 tem	 um	 único	 sabor,	 pois	 qualquer	 substância	 tem	
todos	os	cinco	elementos,	mas	alguns	são	dominantes.	Com	base	nesse	domínio,	um	
determinado	sabor	se	torna	mais	evidente	do	que	o	outro.	Uma	substância	não	precisa	
necessariamente	ter	um	sabor	particular,	por	exemplo:	a	groselha	indiana	(amla)	tem	os	
cinco	sabores,	exceto	o	salgado.
Em	determinadas	estações	do	ano,	há	a	predominância	de	sabores	particulares	
devido	 à	 necessidade	 natural	 do	 organismo	 naquela	 época.	 O	 que	 isso	 significa?	 A	
doçura	das	substâncias	é	maior	no	inverno,	por	isso	temos	a	oferta	natural	específica	
de	verduras,	frutas	e	legumes,	por	exemplo:	o	abacate	é	uma	fruta	que	tem	sua	colheita	
no	inverno.
• Os	 sabores	 doce,	 azedo	 e	 salgado	 aumentam	o	 kapha dosha	 e	 diminuem	o	vata 
dosha.
• Os	sabores	picantes,	amargos	e	adstringentes	aumentam	o	vata dosha	e	pacificam	o	
kapha dosha.
• Os	sabores	azedo,	salgado	e	picante	aumentam	o	pitta dosha.
• Os	sabores	doce,	amargo	e	adstringente	diminuem	o	pitta dosha.
O	 sabor	 doce	 é	 compreendido	 pela	 sua	 qualidade	 de	 aderir	 à	 cavidade	 oral,	
proporcionando	 uma	 sensação	 de	 contentamento	 e	 prazer	 ao	 corpo	 e	 conforto	 aos	
órgãos	dos	sentidos.	Esse	sabor	é	agradável	ao	corpo,	confere	saúde,	melhora	os	fluidos	
125
corporais,	 o	 sangue,	 os	músculos,	 a	 gordura,	 os	 ossos	 e	 a	medula,	 além	de	nutrir	 o	
sistema	 reprodutor	 e	 produzir	 ojas	 (imunidade),	 aumentar	 a	 expectativa	 de	 vida	 e	
acalmar	os	órgãos	dos	sentidos	e	a	mente.	Além	disso,	provoca	robustez	no	corpo,	faz	
bem	à	garganta,	aumenta	o	leite	materno,	une	os	ossos	fraturados.	Ele	não	é	facilmente	
digerível,	mas	prolonga	a	vida,	ajuda	nas	atividades	vitais.	
É	 untuoso,	mitiga	pitta,	vata	 e	 veneno.	 Pelo	 uso	 excessivo,	 produz	 doenças	
decorrentes	de	gordura	e	kapha,	obesidade,	asma,	 inconsciência,	diabetes,	aumento	
de	 glândulas	 do	 pescoço,	 tumores	 malignos	 (câncer)	 e	 outros.	 É	 composto	 pelos	
mahabhuta: prithvi	 (terra)	e	 jala	 (água).	Portanto,	suavidade	e	frieza	devido	à	água	e	
peso	devido	à	presença	de	 terra	 são	as	principais	qualidades	do	 sabor	doce.	Assim,	
as	substâncias	com	sabor	doce	são	geralmente	pesadas	para	digerir,	mas	são	macias,	
untuosas	e	frias.	Geralmente,	as	substâncias	de	sabor	doce	aumentam	o	kapha.
O	 sabor	 azedo	 é	 composto	 por	 elementos	 prithvi	 (terra)	 e	 agni	 (fogo).	 Suas	
qualidades	 são	pesadas,	untuosas	e	quentes.	Por	 causa	de	 seu	elemento	terra,	 tem	
qualidades	como	peso,	o	que	aumenta	o	kapha dosha.	Devido	ao	seu	elemento	fogo,	
aumenta	o	pitta dosha.	Por	não	conter	nenhum	elemento	ar	e	por	causa	do	calor	do	
fogo	e	do	peso	de	terra	–	ambos	opostos	às	qualidades	de	vata –,	o	sabor	azedo	acalma	
o	vata dosha.	
O	azedo	ou	amla	melhora	o	sabor	dos	alimentos,	força	a	digestão,	nutre	o	corpo,	
melhora	o	entusiasmo,	agrada	a	mente,	fortalece	os	órgãos	dos	sentidos,	causa	sensação	
de	formigamento	nos	dentes,	causa	a	salivação,	a	secreção	de	órgãos	internos,	induz	
o	 suor,	 limpa	 a	 cavidade	 oral,	 causa	 a	 sensação	de	 queimação	na	 boca	 e	 garganta,	
excita	 a	 língua,	 causa	 piloereção,	 sacia	 a	 mente,	 estabiliza	 os	 órgãos	 dos	 sentidos,	
aumenta	a	força	de	digestão,	é	carminativo,	promove	o	movimento	natural	de	fluidos	e	
substâncias	nos	canais	do	corpo,	promove	a	saúde	do	coração,	pode	causar	distúrbios	
hemorrágicos	de	pitta,	se	tomado	em	excesso,	esgota	a	qualidade	e	a	quantidade	de	
sêmen	e	esperma,	induz	a	formação	excessiva	de	urina,	aumenta	a	força,	é	nutritivo.	O	
gosto	azedo	dá	água	na	boca,	causa	horripilação,	leva	o	fechar	dos	olhos	e	enrijece	as	
sobrancelhas.
O	sabor	do	sal	diminui	o	vata,	aumenta	o	pitta	e	o	kapha dosha.	Não	é	muito	
pesado,	é	quente	e	oleoso.	Existem	diferentes	opiniões	sobre	a	composição	do	elemento	
básico	do	sabor	do	sal.	A	composição	da	água	e	do	fogo	é	amplamente	aceita	(terra	e	
água	=	amla rasa).	Por	causa	do	elemento	água,	é	pesado	e	untuoso,	e	por	causa	do	
fogo,	tem	qualidade	quente.	Devido	ao	seu	elemento	fogo,	aumenta	o	pitta dosha.	Por	
causa	de	seu	elemento	água	(peso),	ele	equilibra	o	vata	e	aumenta	o	kapha.	
Salgado	ou	lavana,	derrete	e	se	distribui	no	corpo	muito	rapidamente,	dá	umidade	
e	suavidade	ao	corpo,	melhora	o	sabor,	quebra	as	partículas,	favorece	o	movimento	dos	
doshas	 na	 direção	 descendente,	 causa	 leve	 sensação	 de	 queimação	 na	 boca,	 liquefaz	 
o	kapha dosha,	decompõe	o	kapha	e	causa	seu	movimento/sua	excreção,	aumenta	a	
força	de	digestão,	é	carminativo,	untuoso,	quente,	forte	e	penetrante.	
126
Nos	tratamentos	corporais,	os	sais	são	usados			para	unção,	oleação,	swedana 
(tratamento	de	suor),	em	decocção	e	enema	de	óleo,	como	parte	da	dieta,	no	tratamento	
nasya,	em	procedimentos	cirúrgicos,	em	supositórios	retais	etc.	Geralmente,	os	sais	são	
ruins	para	os	olhos	(visão),	exceto	o	saindhava	(sal-gema).
O	sabor	picante	diminui	o	kapha,	aumenta	o	pitta	e	o	vata dosha.	É	leve,	quente	
e	seco	por	natureza,	sendo	composto	pelos	elementos	vayu	 (ar)	e	agni	 (fogo).	Quando	
você	pensa	em	ar	e	fogo	juntos,	pode	imaginar	leveza,	calor	e	secura.	Essas	três	são	as	
qualidades	dos	alimentos	com	sabor	picante.	Por	causa	de	seu	elemento	ar,	aumenta	
o	 vata dosha	 e,	 quando	 esse	 elemento	 é	 aquecido	 pelo	 fogo,	 seu	 volume	 aumenta,	
portanto,	 o	 fogo	 também	 contribui	 para	 o	 aumento	 do	 vata dosha.	 Calor	 e	 a	 leveza	
são	contra	as	qualidades	do	kapha	 (frio	e	peso),	portanto	acalma	o	kapha dosha,	que	
pode	ser	comparado	ao	gelo.	Então,	se	você	expuser	o	gelo	à	qualidade	quente,	ele	vai	 
derreter,	ferver	e	evaporar.
O	sabor	picante,	ou	katu,	 estimula	a	 língua,	piora	a	 sensação	de	queimação,	
induz	a	 lacrimação	e	as	 secreções	do	nariz	 e	da	boca,	 limpa	a	cavidade	oral,	 aguça	
os	 órgãos	 dos	 sentidos,	 aumenta	 a	 força	 de	 digestão,	 é	 carminativo,	 ajuda	 a	 aliviar	
vermes	intestinais,	absorve	o	líquido,	estimula	o	coração,	 induz/piora	o	sangramento,	
diminui	 o	 interesse	 e	 o	 desempenhosexual,	 causa	 a	 perda	 de	 peso,	 desincrusta	 os	
canais	do	corpo,	é	desintoxicante,	acalma	o	crescimento	excessivo	de	úlceras,	raspa	o	
tecido	muscular,	ajuda	na	oleação,	no	suor,	na	eliminação	de	resíduos	pegajosos,	é	útil	
em	algumas	doenças	de	pele,	cura	doenças	como	indigestão,	 inflamação,	obesidade,	
urticária,	conjuntivite	crônica	e	coceira	–	esta	última	é	um	sintoma	de	kapha	e,	como	o	
katu rasa	diminui	o	kapha,	então	ajuda	a	aliviar	a	coceira.
O	sabor	amargo	é	composto	de	elementos	vayu	 (ar)	e	akasha	 (espaço	vazio).	
Quando	você	pensa	em	ar	e	espaço	vazio	juntos,	pode	imaginar	leveza,	frio	e	secura.	
Essas	são	as	qualidades	dos	alimentos	com	tikta rasa.	O	amargo	aumenta	o	vata dosha.	
Quando	você	sopra	o	ar	com	força	sobre	o	fogo	(pitta),	o	fogo	se	apaga.	Logo,	o	amargo	
acalma	o	pitta dosha.	Por	ser	oposto	ao	peso	(qualidade	kapha),	pacifica	o	kapha.
O	 sabor	 amargo	 (tikta)	 destrói	 outros	 sabores,	 todavia,	 com	 o	 tempo	 e	 o	
uso	 adequados,	 ajuda	 a	melhorar	 a	 capacidade	 de	 degustação	 da	 língua	 e	 a	 aliviar	
doenças	 relacionadas,	como	a	anorexia,	pois	 limpa	a	cavidade	oral,	 causa	secura	na	
boca,	 atua	 como	 refrigerante,	 causa	 felicidade,	 eleva	 o	 humor,	 aumenta	 a	 força	 de	
digestão,	é	carminativo,	diminui	o	interesse	e	o	desempenho	sexual,	ajuda	a	aliviar	os	
vermes	intestinais,	desintoxica	o	sangue,	não	é	bom	para	o	coração,	é	útil	para	aliviar	
a	expectoração	do	trato	respiratório,	alivia	a	 inflamação	na	ferida,	cura	feridas	sem	a	
formação	de	pus,	reduz	a	formação	de	pus,	diminui	a	umidade	e	o	colesterol,	é	antitóxico,	
alivia	a	sensação	de	queimação,	diminui	a	transpiração,	limpa	o	leite	materno,	alivia	a	
coceira,	portanto	é	útil	em	doenças	de	pele.	
127
A	maioria	das	ervas	usadas	em	doenças	de	pele	–	como	karanja,	neem	etc.	–	
tem	o	amargo	como	um	de	seus	sabores.	É	útil	na	febre,	pois	a	maioria	das	ervas	de	
sabor	amargo	–	como	nim,	giloy	etc.	–	tem	benefícios	antimicrobianos	e	antipiréticos.
O	 sabor	 adstringente	 é	 composto	 por	 elementos	 vayu	 (ar)	 e	 prithvi	 (terra).	
Quando	você	pensa	em	ar	e	espaço	vazio	 juntos,	você	pode	 imaginar	peso	(devido	à	
solidez),	frio	e	secura	(devido	ao	ar).	Essas	três	são	as	qualidades	dos	alimentos	com	
kashaya rasa.	
O	elemento	ar	aumenta	o	vata dosha.	Por	apresentar	ar	e	terra,	causa	aspereza	
e	ressecamento,	ambos	são	opostos	às	qualidades	de	kapha dosha	(que	tem	suavidade	 
e	oleosidade),	portanto	pacificam	o	kapha dosha.
Quando	você	coloca	areia	 (terra),	ou	sopra	o	ar	com	força	para	o	fogo	 (pitta),	o	
fogo	 se	apaga.	Portanto,	 o	 sabor	 adstringente	 também	acalma	o	pitta dosha.	Kashaya,	
ou	adstringente,	é	um	sabor	calmante,	curador,	absorvente,	constipativo,	causa	pressão,	
peso	em	partes	do	corpo,	seca	a	umidade,	higieniza	a	língua,	alivia	o	excesso	de	salivação,	
causa	secura	na	cavidade	oral	e	na	garganta,	pode	causar	ou	piorar	a	dor	no	peito,	traz	 
cura,	ajuda	a	aliviar	a	expectoração,	transmite	peso	ao	corpo,	causa	interrupção	do	fluxo	
sanguíneo	em	caso	de	sangramento,	causa	prisão	de	ventre,	diminui	o	 interesse	e	o	
desempenho	sexual,	é	útil	em	distúrbios	hemorrágicos,	usa	a	umidade	do	corpo.
2.4 A PELE
A twacha	 (pele)	 é	 um	 dos	 importantes	 jnananendriya	 (órgão	 dos	 sentidos)	
que	 cobre	 todos	 os	 outros	 indriyas	 e	 todo	 o	 corpo.	 É	 composta	 pela	 combinação	
de panchamahabhutas	 dos	 quais	 o	 vayu mahabhuta	 é	 o	 mais	 importante.	 O	
desenvolvimento	da	pele	ocorre	no	terceiro	mês	de	vida	 intrauterina.	Acharya	Charaka	
(apud	AGNIVESHA,	2001,	p.	529,	grifos	do	original)	descreveu:
[...]	 o	 desenvolvimento	 da	 pele	 por	 um	 exemplo	 adequado.	A	 pele	
desenvolve-se	como	uma	camada	de	creme	no	leite.	O	aquecimento	
do	 leite	 resulta	 na	 formação	 da	 pele	 resulta	 do	 calor	 gerado	 no	
processo	de	união	de	shukra e shonita	e	o	formação	de	outros	dhatus 
no	corpo	fetal.	Visões	diferentes	sobre	o	desenvolvimento.
Como	 já	 estamos	 acostumados,	 o	 ayurveda	 enumera	 tudo	 o	 que	 estuda	 e	
explana,	então	são	citadas	sete	camadas	da	pele,	cada	uma	com	sua	própria	estrutura	
e	função.	As	camadas	são	projetadas	para	que	cada	uma	forneça	suporte	as	camadas	
acima	dela.	A	pele	como	um	todo	é	capaz	de	desempenhar	efetivamente	suas	funções	
gerais	quando	todas	as	camadas	são	saudáveis			e	equilibradas.
Avabhasini	é	a	camada	mais	externa.	Reflete	a	tez	e	a	qualidade	do	rasa dhatu 
(fluido	nutritivo,	o	primeiro	dos	sete	tecidos	do	corpo).	Também	atua	como	um	espelho:	
indica	se	a	fisiologia	como	um	todo	está	equilibrada	ou	desequilibrada	e	se	há	saúde	ou	
128
desordem	interna.	A	camada	avabhasini	também	reflete	a	aura	do	indivíduo:	se	houver	
bem-aventurança	interior,	ela	aparece	nessa	camada.	Não	apresenta	cor	própria,	e	sim	
reflete	as	cores	das	camadas	internas.	A	reidratação	interna	e	externa,	e	a	massagem	
regular	apoiam	a	saúde	e	a	aparência	da	camada	avabhasini	da	pele.
Lohita	 é	 a	 camada	 que	 suporta	 a	 camada	mais	 externa.	 Indica	 a	 qualidade	
do	 rakta dhatu	 (sangue).	Se	houver	ama	 (impurezas)	no	sangue,	ela	afeta	a	aura	da	
camada	externa	e	acentua	a	sensibilidade	ao	Sol.	A	cor	dessa	camada	se	assemelha	ao	
ferro	fundido.
Shweta	é	uma	camada	branca	e	proporciona	equilíbrio	à	cor	da	pele,	iluminando	 
as	cores	mais	escuras	das	camadas	internas.
Tamra	é	a	camada	que	nutre	as	camadas	superiores	da	pele.	Suporta	o	sistema	
imunológico	e	ajuda	a	pele	a	desempenhar	sua	função	de	ser	uma	"barreira".	As	infecções	
de	pele	refletem	um	desequilíbrio	nessa	camada.	É	cor	de	cobre.
Vedini	 é	 a	quinta	camada	e	 liga	 sensualmente	a	pele	ao	 resto	do	corpo.	É	o	
centro	de	transformação	da	sensação,	como	a	dor,	por	exemplo.
Rohini	 é	a	camada	que	suporta	a	cura	e	a	 regeneração.	O	desequilíbrio	nessa	
camada	retarda	a	cura	e	o	desaparecimento	de	cicatrizes	ao	longo	do	tempo.	Uma	dieta	
equilibrada,	rica	em	valor	nutricional,	suporta	a	camada	de	rohini.
Mamsadhara	é	a	camada	mais	 interna	e	é	a	plataforma	para	a	estabilidade	e	
firmeza	da	pele.	Quando	ela	está	em	equilíbrio,	a	pele	fica	 jovem	e	macia.	Nutrir	essa	
camada	ajuda	a	retardar	o	processo	de	envelhecimento.
2.5 OS CORPOS SUTIS
Vata,	pitta e kapha	são	o	caminho	da	maioria	das	pessoas	para	compreender	
o	ayurveda.	 É	 fácil	 entender	 como	o	vata dosha	 pode	 ser	 responsável	 por	 todos	os	
movimentos,	o	pitta	 por	 todas	as	transformações	e	o	kapha	 por	 todas	as	estruturas	
de	nosso	corpo	e	do	mundo	ao	nosso	redor.	Porém,	há	um	nível	mais	profundo	desse	
entendimento,	 e	 os	 três	 doshas	 têm	 suas	 raízes	 ou	 formas	 mestras,	 que	 às	 vezes	
são	chamadas	de	as	três	essências	sutis:	prana	 (força	vital	e	energia),	tejas	 (brilho	e	
coragem)	e ojas	(vigor	e	força).
Prana	 é	 a	 nossa	 força	vital,	 energia	 e	vitalidade	 e	 é	 a	 raiz	 ou	 essência	 sutil	
de vata dosha.	Ele	é	a	inteligência	que	orienta	todas	as	nossas	funções	fisiológicas	e	
psicológicas,	governa	processos	–	como	respiração,	circulação,	digestão	e	excreção	–	e	
coordena	nossa	respiração,	nossos	sentidos	e	nossa	mente.	Em	um	nível	mais	profundo,	
ele	governa	o	desenvolvimento	e	a	integração	de	estados	superiores	de	consciência.
129
Tejas	é	o	nosso	brilho	interno,	brilho,	destemor,	inteligência	e	compreensão.	É	
a	essência	sutil	de	pitta	e	o	meio	pelo	qual	digerimos	e	metabolizamos	as	impressões	
que	 recebemos	 por	meio	 de	 nossos	 sentidos	 e	 os	 pensamentos	 e	 as	 emoções	 que	
ocupam	nossa	mente.	Em	um	nível	mais	profundo,	ele	governa	o	desenvolvimento	de	
habilidades	perceptivas	superiores.
Ojas	é	o	nosso	vigor,	a	nossa	força,	a	nossa	imunidade,	a	nossa	longevidade	e	
o	nosso	bem-estar	primordiais,	é	a	essência	sutil	de	kapha,	bem	como	de	todos	os	sete	
tecidos	de	nosso	corpo.	Ele	é	o	depósito	de	bala	 (força)	e	a	base	de	nossa	resistência	
física	e	mental.	Diz-se	que	cada	um	de	nós	nasce	com	oito	gotas	de	ojas	no	coração.	No	
entanto,	ele	também	é	visto	como	o	produto	final	da	digestão	e	está	presente	em	todos	
os	nossos	tecidos.	É	considerado	a	cola	que	mantém	tudo	unido,	incluindo	nossocorpo,	
nossa	mente	e	nossa	consciência.	Também	nutre	e	fundamenta	o	desenvolvimento	de	
estados	superiores	de	consciência.
De	acordo	com	o	ayurveda,	não	temos	apenas	um	corpo:	temos	cinco.	Enquanto	
os	doshas	têm	sua	principal	 influência	em	nosso	corpo	físico	denso,	prana,	tejas e ojas 
atuam	principalmente	no	nível	de	nossos	corpos	mais	sutis.	
Cada	um	dos	nossos	cinco	corpos	 (koshas)	 atua	como	uma	bainha,	que	cobre	
ou	oculta	nossa	natureza	essencial:	nosso	atman	ou	o	eu	interior.	Todos	os	cinco	koshas 
estão	 interconectados	e	em	constante	 interação	uns	com	os	outros.	Há	uma	sequência	 
em	 nossos	 koshas,	 		do	 grosseiro	 ao	 sutil,	 e,	 dentro	 dessa	 sequência,	 o	 kosha	 mais	
refinado	ou	sutil	tem	uma	influência	reguladora	no	kosha	anterior,	mais	grosseiro.
Dentro	 do	 estudo	 da	 tradição	védica,	 a	 taittiriya upanishad	 (CHINMAYANANDA,	
2013,	p.	383)	nos	conta	que	nossa	verdadeira	natureza	está	protegida	por	cinco	invólucros:	 
“Os	 cinco	 invólucros	 do	 não	 ego	 ou	 grupo	 objetivo	 constituem,	 respectivamente,	 as	
essências	 materiais	 de	 que	 são	 constituídos	 os	 cinco	 invólucros	 do	 ego	 ou	 grupo	
subjetivo.	Ao	perceber	a	natureza	dos	dez	koshas	do	ego	e	do	não	ego	[...]”.	
São	elas:
• annamaya kosha: anna	significa	“comida”,	e	annamaya kosha	é	o	corpo	que	construímos	
com	a	comida	que	comemos.	É	o	mais	grosseiro	e	o	mais	material	de	todos	os	nossos	
corpos	e	o	que	detectamos	por	meio	de	nossos	sentidos.	É	geralmente	 referido	como	
nosso	corpo	físico	e	está	associado	ao	elemento	terra	(prithvi);
• pranamaya kosha: prana	 é	 frequentemente	 traduzido	 como	 “força	 vital”.	 Este	
invólucro	é	nosso	prana	ou	corpo	de	energia	e	controla	o	fluxo	de	energia	por	meio	
de	nosso	corpo	físico	por	intermédio	de	um	sistema	de	canais	sutis	chamados	nadis.	
Nosso	corpo	também	tem	vários	centros	de	energia	chamados	marmas,	por	meio	
dos	quais	 nosso	 corpo	de	 energia	 interage	 com	nosso	 corpo	 físico.	 Esses	pontos	
(marma)	controlam	o	fluxo	de	energia	para	diferentes	sistemas	e	órgãos	do	corpo,	
como	coração,	cérebro,	estômago	e	fígado.	Esse	kosha	está	associado	ao	elemento	
água	(jala);
130
• manomaya kosha: manas	significa	“mente”	e	esse	kosha	atua	como	um	depósito	de	
memórias,	emoções,	gostos	e	desgostos	e	todas	as	informações	que	recebemos	por	
meio	dos	nossos	sentidos.	Manomaya kosha	é	frequentemente	referido	como	nosso	
corpo	emocional	ou	mental	e	está	associado	ao	elemento	fogo	(agni	ou	tejas);
• vijnanamaya kosha: vijnana	é	geralmente	traduzido	como	“intelecto”,	mas	também	
pode	 ser	 considerado	 o	 aspecto	 superior	 de	 nossa	 mente,	 nosso	 buddhi.	 Esse	
corpo	é	composto	por	nossa	faculdade	de	 inteligência,	discriminação,	sabedoria	e	
compaixão.	Quando	esse	invólucro	é	mais	proeminente	em	nossa	experiência,	nossa	
mente	e	nosso	coração	ficam	 livres	de	agitação,	equilibrados	e	claros.	Esse	kosha 
é	algumas	vezes	referido	como	nosso	corpo	de	conhecimento	e	está	associado	ao	
elemento	ar	(vayu);
• anandamaya kosha: ananda	 significa	 “felicidade”	e	esse	 invólucro	é	composto	de	
sattva,	 felicidade,	harmonia,	paz	e	contentamento.	Alguns	chamam	 isso	de	corpo	
causal,	outros	de	corpo	de	êxtase.	De	todos	os	nossos	corpos,	o	anandamaya kosha 
é	o	reflexo	mais	verdadeiro	de	nosso	atman	subjacente,	o	ser	cuja	natureza	é	sat-
chit-ananda	(pura	consciência	de	bem-aventurança).	Esse	kosha	é	o	mais	difundido	
e	está	associado	ao	espaço	ou	elemento	éter	(akasha).
Esses	 aspectos	 fisiológicos	 e	 sutis,	 abordados	 no	 ayurveda,	 são	 o	 grande	
diferencial	 na	 aplicação	 de	 qualquer	 terapia	 corporal	 em	 um	 indivíduo,	 sendo	 este	 
saudável	em	busca	da	manutenção	da	saúde	ou	adoecido,	buscando	a	redenção	da	cura.
131
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Abhyanga	 é	muito	mais	 do	 que	uma	 simples	massagem:	 é	 um	ato	 de	 nutrição	 e	
reorganização	da	capacidade	digestiva	do	indivíduo.
• É	importante	associar	a	nutrição	e	a	alimentação	à	capacidade	digestiva	do	indivíduo,	
considerando	sua	habilidade	de	assimilação	e	excreção.
• A	 alimentação	 saudável	 deve	 considerar	 muito	 mais	 variáveis	 do	 que	 sugere	 a	
nutrição	moderna.
• O ayurveda	traz	outro	ponto	de	vista	em	relação	à	anatomia	e	à	fisiologia	da	pele.
• É	necessário	correlacionar	os	sabores	de	forma	adequada	e	coerente	para	que	eles	
possam	ser	aplicados	de	forma	correta	nas	composições	terapêuticas.
• Um	tratamento	de	ayurveda	abrange	aspectos	sutis	e	densos.
• O	ato	mais	simples,	como	sanar	a	sede,	é	um	protocolo	terapêutico.
RESUMO DO TÓPICO 2
132
AUTOATIVIDADE
1	 Os	aspectos	fisiológicos	e	sutis	abordados	no	ayurveda,	são	o	grande	diferencial	na	
aplicação	de	qualquer	 terapia	 corporal	 em	um	 indivíduo,	 sendo	 este	 saudável	 em	
busca	da	manutenção	da	 saúde,	 ou	adoecido,	 buscando	a	 redenção	da	cura,	 um	
sistema	 elegante	 e	 completo	 de	 bem-estar.	 Sabendo	 disso,	 assinale	 a	 alternativa	
CORRETA:
a)	 (			)	 Anandamaya kosha	é	o	reflexo	mais	verdadeiro	de	nosso	atma	subjacente,	o	ser	
cuja	natureza	é	sat-chit-ananda	(pura	consciência	de	bem-aventurança).
b)	 (			)	 Ananda	significa	infelicidade	e	esse	invólucro	é	composto	de	sattva,	desarmonia,	
conflito	e	tristeza.
c)	 (			)	 Esse	kosha	é	o	mais	difundido	e	está	intimamente	ligado	a	rakta dhatu,	estando	
associado	ao	espaço	ou	elemento	água	(akasha).
d)	 (			)	 Esse	kosha	é	algumas	vezes	referido	como	nosso	corpo	de	conhecimento	e	está	
associado	ao	elemento	ar	(vayu).
2 Vijnana	é	geralmente	traduzido	como	“intelecto”,	mas	também	pode	ser	considerado	
o	 aspecto	 superior	 de	 nossa	 mente,	 nosso	 buddhi.	 Esse	 corpo	 é	 composto	 por	
nossa	faculdade	de	 inteligência,	discriminação,	 sabedoria	e	compaixão.	Com	base	
nas	 definições	 dos	 enfoques	 das	modalidades	 de	 análise	 do	ayurveda,	 analise	 as	
afirmativas	a	seguir:
I-	 Buddhi	deriva	de	prakrit	e,	com	o	desdobramento	dele,	temos	a	manifestação	de	
ahamkara.
II-	 É	frequentemente	referido	como	nosso	corpo	emocional	ou	mental	e	está	associado	
ao	elemento	fogo	(agni	ou	tejas).
III-	 Quando	esse	invólucro,	identificado	como	vijnanamaya kosha,	é	o	mais	proeminente	
em	nossa	experiência,	nossa	mente	e	nosso	coração	ficam	livres	de	agitação.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	III	está	correta.
3	 Todos	os	cinco	koshas	estão	interconectados	e	em	constante	interação	uns	com	os	
outros.	Há	uma	sequência	em	nossos	koshas,			do	grosseiro	ao	sutil,	e,	dentro	dessa	
sequência,	o	kosha	mais	refinado	ou	sutil	tem	uma	influência	reguladora	no	kosha 
anterior,	 mais	 grosseiro.	 Classifique	 V	 para	 as	 sentenças	 verdadeiras	 e	 F	 para	 as	
falsas:
133
(			)	Enquanto	 os	 doshas	 têm	 sua	 principal	 influência	 em	 nosso	 corpo	 físico	 denso,	
prana,	tejas e ojas	atuam	principalmente	no	nível	de	nossos	corpos	mais	sutis.
(			)	Ojas	é	considerado	a	cola	que	mantém	tudo	unido,	 incluindo	nosso	corpo,	nossa	
mente	e	nossa	consciência.
(			)	Cada	um	de	nós	tem	15	corpos	ou	koshas,	sendo	que	cada	um	deles	atua	como	uma	
bainha,	que	cobre	ou	oculta	nossa	natureza	essencial.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	-	F	-	F.
b)	 (			)	 V	-	V	-	F.
c)	 (			)	 F	-	V	-	F.
d)	 (			)	 F	-	F	-	V.
4	 Vata, pitta e kapha	 são	 o	 caminho	 da	maioria	 das	 pessoas	 para	 compreender	 o	
ayurveda.	 É	 fácil	 entender	 como	 vata dosha	 pode	 ser	 responsável	 por	 todos	 os	
movimentos,	pitta	por	todas	as	transformações	e	kapha	por	todas	as	estruturas	de	
nosso	corpo	e	do	mundo	ao	nosso	redor.	Disserte	sobre	os	elementos	sutis	que	se	
associam	a	cada	dosha.
5	 As	camadas	da	pele,	segundo	o	ayurveda,	são	projetadas	para	que	cada	uma	forneça	
suporte	 às	 camadas	 acima	 dela.	A	 pele	 como	 um	 todo	 é	 capaz	 de	 desempenhar	
efetivamente	 suas	 funções	 gerais	 quando	 todas	 as	 camadas	 são	 saudáveis	 		e	
equilibradas.	Nessecontexto,	disserte	sobre	a	forma	como	o	ayurveda	divide	nossa	
pele.
134
135
TÓPICO 3 — 
ABHYANGA NA PRÁTICA
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
O	 saber	 de	 um	 médico	 é	 incompleto	 se	 não	 conhecer	 todo	 o	 corpo	 de	
conhecimento.	Na	Antiguidade,	a	abhyanga	(massagem	com	óleo)	era	a	parte	inseparável	
da	vida	cotidiana	por	causa	dos	enormes	benefícios	que	fornece	ao	corpo	humano	e	à	
mente	para	torná-lo	forte	e	livre	de	doenças.	Tanto	no	tratamento	quanto	na	prevenção	
de	desequilíbrios	e	doenças,	ela	tem	sido	utilizada	com	ótimos	resultados.
Manter-se	nas	melhores	condições	se	reflete	em	todas	as	atividades	de	nossa	
vida.	O	equilíbrio	diário	do	nosso	estado	físico	proporciona	não	apenas	desempenho	
máximo,	mas	também	uma	vida	emocional	mais	rica.
Todo	o	estresse	e	a	tensão	da	vida	moderna	atraem	muitas	pessoas	para	os	
centros	de	terapia	de	massagem	acessíveis	para	um	alívio	temporário.	Cerca	de	250	
tipos	de	terapias	corporais	estão	disponíveis	em	todo	o	mundo.
O ayurveda	tem	a	sua	própria	posição	sobre	a	importância	de	abhyanga,	pois	
é,	 principalmente,	 um	método	natural	 e	 poderoso	para	 reorganizar	 a	 saúde.	 Embora	
encontremos	com	facilidade	na	internet,	ou	em	muitos	livros,	vários	tipos	de	métodos	
para	“massagem	ayurvédica”,	a	abhyanga	segue	as	orientações	dos	textos	clássicos,	
sendo	um	dos	métodos	terapêuticos	mais	praticados	no	ayurveda.
Após	a	devida	consideração	de	prakriti	(compleição	pessoal),	satmya	(tradições	
de	ascendência),	ritu	(estação	do	ano),	dosha	(aquilo	que	desequilibra),	Desha	(região	
em	que	se	está	 localizado)	e	roga	 (doença),	a	abhyanga	deve	ser	realizada	com	taila 
(óleo	vegetal	de	gergelim),	ghrita	(ghee/manteiga	clarificada)	ou	qualquer	outro	sneha 
(óleo)	adequado.
Devido	à	aplicabilidade	e	aos	bons	efeitos,	a	abhyanga	com	taila	tem	o	seu	uso	
preferencial.	A	utilidade	da	abhyanga	se	dá	como	a	principal	modalidade	de	tratamento	
em	vários	distúrbios	neurológicos,	praticada	também	como	técnica	de	relaxamento	na	
maioria	dos	centros	de	saúde	da	Índia.	Pode	ser	praticada	em	um	indivíduo	saudável	
para	manter	a	saúde	e	em	doentes	para	combater	as	doenças.
Pode	 ser	 comparada	 à	massagem	 na	 linguagem	moderna,	 que	 significa	 um	
conjunto	de	procedimentos,	geralmente	feitos	com	as	mãos,	na	superfície	externa	do	
corpo	de	várias	maneiras,	seja	do	ponto	de	vista	curativo,	paliativo	ou	higiênico.	Produz	
efeitos	benéficos	nos	sistemas	nervoso	e	muscular,	na	circulação	 local	e	geral	do	sangue	 
e	da	linfa.
136
Por	meio	da	massagem	com	óleo,	o	corpo	humano	torna-se	forte	e	resistente	
às	doenças	de	vata	 e	 torna	a	pessoa	 resistente	a	esgotamentos	e	esforços.	O	vayu 
domina	no	órgão	sensorial	tátil,	que	está	alojado	na	pele.	Então,	uma	pessoa	saudável	
deve	receber	esse	procedimento	regularmente,	pois	auxilia	na	manutenção	da	saúde.
Ela	faz	parte	do	dinacharya	 (rotina	diária)	para	a	manutenção	e	a	promoção	da	
saúde.	Ao	realizar	a	sarvanga abhyanga	de	maneira	científica,	a	qualidade	de	vida	pode	
ser	melhorada,	sendo	que	esta	não	é	meramente	o	estado	geral	de	saúde,	mas	sim	o	
componente	coletivo	de	fatores	físicos,	psicológicos,	socioeconômicos	e	ambientais.
No	 atual	 estilo	 de	vida,	 é	 sempre	difícil	 de	manter	 intacto	 o	 estado	geral	 de	
saúde.	 O	 ser	 humano	 é	 assombrado	 por	 muitos	 distúrbios	 físicos.	 A	 própria	 vida	
“automática”	também	perturba	o	homem	psicologicamente	em	termos	de	depressão,	
insônia,	ansiedade	e	transtornos	relacionados	ao	estresse,	por	exemplo.	
Então,	ao	considerar	essas	situações,	é	 importante	frisar	que	a	abhyanga	pode	
ser	utilizada	nas	seguintes	situações:	na	rotina	diária,	em	indivíduos	saudáveis,	promove	
a	saúde	e	auxilia	a	manter	a	aptidão	física;	nos	períodos	de	transição	de	estações,	ajuda	a	
proteger	o	corpo	e	a	mente;	e	em	questões	de	desequilíbrios,	é	indicada,	principalmente,	 
em	estados	predominantes	de	doenças	vata.
2 SNEHANA E PREPARAÇÕES TERAPÊUTICAS COM 
ÓLEOS ESSENCIAIS
Charaka	 (apud	 AGNIVESHA,	 2001)	 menciona	 snehana	 como	 uma	 das	 shat-
upakrama	 (seis	terapias	básicas)	no	ayurveda.	Seu	significado	é	“óleo”,	“untuosidade”,	
“umidade”,	 “amor”.	 As	 ações	 ou	 os	 procedimentos	 que	 tornam	 o	 corpo	 untuoso	 são	
chamadas	de	sneha.
Snehana,	 ou	 ato	 de	 untar	 ou	 de	 tornar	 oleoso,	 ou	 de	 oferecer	 amor,	 alivia	 o	
vata	agravado,	suaviza	o	corpo	e	descarrega	(desintegra)	o	material	mórbido	aderido	
nos	canais	de	circulação.	Cada	óleo	tem	suas	propriedades	(gunas)	específicas	e	por	
isso	 é	 importante	 conhecer	 essas	 características	 e	 associá-las	 adequadamente	 ao	
tratamento.
As	principais	gorduras	ou	os	óleos	que	usamos	na	execução	da	abhyanga	são:
• gritha (ghee/manteiga clarificada):	sua	ação	alivia	e	acalma	o	pitta	e	nutre	o	vata,	
propicia	o	rasa dhatu,	o	sukra dhatu	e	o	ojas,	tem	efeito	refrescante	e	suavizante	
sobre	 o	 corpo,	 confere	 clareza	 à	 voz	 e	 brilho	 à	 pele,	 pois	 tem	 predominância	 de	
madhura rasa	e	deve	ser	usada	desde	o	nascimento;
• taila:	 deriva	de	 tila,	 que	significa	 “gergelim”,	 todavia	podemos	usar	a	palavra	 taila 
para	acompanhar	outros	óleos,	como	o	eranda taila,	que	é	o	óleo	de	rícino.	Quando	
estiver	apenas	a	palavra	taila	sem	outro	complemento,	ela	se	refere	ao	óleo	vegetal	
137
de	gergelim.	Ele	mitiga	todo	o	excesso	de	vata,	mas,	se	usado	em	excesso,	aumenta	
o	kapha.	Confere	força	e	disposição	ao	corpo,	características	bem	presentes	em	um	
kapha	equilibrado.	Também	é	quente	(usna),	por	isso	também	pode	agravar	o	pitta;
• vasa:	nesse	contexto,	significa	“gordura	muscular”.	Na	Índia,	usam	a	gordura	muscular	
da	cabra	para	efetuar	a	abhyanga,	sendo	utilizada	nas	injúrias	profundas	da	pele,	em	
fraturas,	no	prolapso	uterino,	para	dores	de	ouvido	e	de	cabeça;
• óleo de coco:	 tem	 o	 madhura rasa,	 é	 naturalmente	 refrescante	 e	 pesado,	 logo	
aumenta	 o	 kapha,	 nutre	 o	 vata,	 mas	 deve	 ser	 usado	 com	 cuidado,	 pois	 o	 vata 
também	tem	natureza	fria.	Acalma	o	pitta,	é	um	excelente	nutrido	de	todos	os	dhatus 
e	previne	a	queda	de	cabelo;
• eranda:	 tem	o	madhura rasa	 e	o	kashaya,	 é	quente,	ajuda	a	preservar	a	pele	do	
envelhecimento,	 é	 benéfico	 para	 a	 memória	 e	 muito	 utilizado	 no	 tratamento	 de	
artrite	reumatoide.	No	entanto,	aumenta	o	pitta,	nutre	o	vata	e	deve	ser	usado	com	
moderação	em	indivíduos	com	o	kapha	em	excesso.
A abhyanga	 pode	 ser	 aplicada	 no	 corpo	 (sarvanga abhyanga),	 na	 cabeça	 (shiro 
abhyanga)	 e	nos	pés	 (pada abhyanga)	 isoladamente,	de	acordo	com	a	necessidade	
terapêutica	do	indivíduo.	É	possível	medicar	os	óleos	vegetais	ou	de	animal	com	óleos	
essenciais	e,	seguindo	a	observação	dos	gunas,	dos	óleos	e	dos	desequilíbrios	a	serem	
tratados,	temos	composições	muito	eficientes.
Em	geral,	a	dosagem	se	refere	a	100	ml	de	óleo	vegetal	ou	animal	e	dez	gotas	
de	óleo	essencial.	Essa	proporção	deve	ser	respeitada	caso	haja	mais	óleos	essenciais	
na	composição.
A exceção para dez gotas de óleo essencial é referente a cravo, 
canela, capim-limão e outros óleos que queimem a pele. Nunca 
use óleo essencial diretamente na pele nem use em pele irritada 
com lesões ou alergias.
IMPORTANTE
Os	óleos	essenciais	que	 já	proporcionam	a	pacificação	dos	doshas	e	não	 lhe	
causam	perturbação	são:
•	 rosmarinus	oficinale:	pacifica	o	vata	e	o	kapha,	aumenta	o	pitta;
• juníperus virginiana:	nutre	o	vata	e	o	pitta,	aumenta	o	kapha;
• mentha spicata:	acalma	o	pitta,	é	neutro	para	o	vata,	aumenta	o	kapha;
•	 lavandula	oficinale:	pacifica	o	pitta	e	o	kapha,	aumenta	o	vata;
• melaleuca alternifólia:	equilibra	os	três	doshas.
Vejamos	agora	os	benefícios	da	massagem	com	óleo.
138
3 BENEFÍCIOS DA ABHYANGA
Vaidya	Haridas	(apud	KASTURE,	2004,	p.	104)	diz:	 “Aprofundando	o	significado	
do	termo	abhyanga,	temos	a	seguinte	proposição:	as	palavras	ang e abhi	podem	indicar	
o	 movimento	 do	 dhatu”.	 Então,	 considerando	 essa	 afirmação,	 a	 abhyanga	 não	 é	 um	
procedimento	 simples	 de	 aplicação	 de	 óleo	 por	meio	 de	 determinadas	manobras,	mas	
sim	mantém	a	 excelência	 dostecidos	do	 corpo,	 especialmente	 se	 o	 óleo	 aplicado	é	
adequado	para	a	prakriti	do	indivíduo.	Daí	é	recomendado	em	pessoas	saudáveis	para	 
a	prática	diária	de	rotina	de	manutenção	da	saúde.
Quando	o	óleo	é	selecionado	de	acordo	com	a	doença	no	doente,	ele	cura	os	
males	 também.	Além	disso,	 temos	 os	 seguintes	 benefícios:	melhora	 a	 tez	 do	 corpo,	
ajuda	 a	manter	 a	 elasticidade	da	pele,	 restaura	 a	 imunidade	natural,	 rejuvenesce	os	
tecidos	 do	 corpo,	 promove	 a	 saúde,	 previne	 o	 processo	 de	 envelhecimento,	 alivia	 o	
vata dosha,	alivia	o	kapha dosha,	ajuda	a	superar	a	ansiedade	e	o	estresse,	relaxa	os	
músculos,	alivia	a	fadiga,	melhora	a	força	física,	promove	a	excelência	dos	tecidos	do	
corpo,	induz	o	sono	profundo,	melhora	a	visão,	recupera	e	nutre	os	tecidos	do	corpo,	
prolonga	a	vida	de	uma	pessoa.
4 SARVANGA ABHYANGA 
Sarvanga	 significa	 “o	 corpo	 todo”,	 então	 sarvanga abhyanga	 é	 uma	 terapia	
eficaz	e	promotora	da	saúde.	Apesar	desses	benefícios	terapêuticos,	a	abhyanga	não	
deve	ser	aplicada	nas	seguintes	condições:	distúrbios	de	kapha,	 indigestão,	excesso	de	
ama,	dosha	viciado	e	com	ama,	febre,	câncer,	período	menstrual.
O	uso	de	óleos	medicados	na	pele	propicia	que	os	princípios	ativos	das	ervas	
sejam	absorvidos	pelos	poros	e	direcionados	ao	 segundo	tecido	 (rakta dhatu),	 e	 esse	
procedimento	amacia	a	musculatura,	aliviando	consideravelmente	as	dores.
A	cura	pelo	toque	é	definitivamente	uma	das	melhores	técnicas	para	qualquer	tipo	
de	enfermidade.	Além	das	questões	de	reflexologia,	o	toque	sempre	vem	manifestado	
por	 amor	 e	 é	 impossível	 performar	 adequadamente	 uma	 massagem	 se	 não	 nos	
concentrarmos	no	momento	presente.
Em	 cada	 uma	 das	 posições	 descritas	 a	 seguir,	 a	 pessoa	 que	 recebe	 o	
procedimento	deve	permanecer	de	dois	a	cinco	minutos.	Assim	que	o	procedimento	for	
finalizado,	é	importante	deixar	a	pessoa	descansar	na	maca	por	dez	minutos.
139
5 HORA DA ABHYANGA
Segundo	os	 livros	clássicos,	a	abhyanga	deve	sempre	começar	pela	cabeça,	
depois	seguir	para	os	pés	e	então	para	o	restante	do	corpo.	O	procedimento	total	de	
aplicação	deve	levar	48	minutos.
As	primeiras	horas	da	manhã	são	 ideais	para	a	abhyanga.	O	paciente	deve	estar	
com	o	estômago	vazio,	e	os	alimentos	consumidos	no	dia	anterior	devem	ser	digeridos	
adequadamente,	ou	seja,	a	evacuação	das	fezes	deve	ter	ocorrido	antes	da	recepção	
da	terapia.
As	posturas	comumente	empregadas	para	a	abhyanga	são	as	seguintes:
•	 sentado	ereto	com	os	joelhos	estendidos	sobre	a	maca;
•	 posição	supina;
•	 posição	lateral	esquerda;
•	 posição	supina;
•	 posição	lateral	direita;
•	 posição	supina;
•	 sentado	ereto	com	os	joelhos	estendidos	sobre	a	maca.
As	posturas	alternativas	são:
•	 sentado	ereto	com	os	joelhos	estendidos;
•	 posição	supina;
•	 posição	lateral	esquerda;
•	 posição	lateral	direita.
Depois	de	espalhar	o	óleo	morno,	cada	parte	do	corpo	é	massageada	uma	após	
a	outra.	O	terapeuta	move	as	palmas	das	mãos	na	superfície	do	corpo	da	pessoa,	no	
sentido	anuloma	(do	crescimento	dos	pelos	do	corpo).	Esse	é	o	princípio	geral	da	técnica	
abhyanga.
Os	movimentos	atribuídos	podem	ser	observados	e	aplicados	considerando	a	
Figua	1:
140
FIGURA 1 – ESQUEMA DE MASSAGEM
FONTE: A autora
Técnica
Movimento 
intenso
Movimento
suave
Profundidade
do tecido
Profundo
Superficial
Parte do 
corpo
Local
Geral
Pressão 
exercida
Profunda
Superficial
Então,	com	a	pessoa	disposta	na	maca	na	Posição	1,	começamos	colocando	um	
pouco	de	óleo	no	topo	da	cabeça,	na	sola	dos	pés	e	nas	palmas	das	mãos.
Auxiliamos	a	pessoa	a	ficar	na	Posição	2	e	iniciamos	as	manobras	após	aplicar	
óleo	morno	na	região	a	receber	a	terapia.	As	manobras	aplicadas	se	iniciam	no	crânio	e	
na	face	são:
•	 movimentos	suaves	e	gentis	nas	têmporas	dos	dois	lados	do	crânio	simultaneamente;
•	 movimentos	 suaves	 e	 gentis	 na	 testa	 e	 no	 couro	 cabeludo,	 a	 fim	 de	 promover	 o	
relaxamento	da	área;
•	 movimentos	com	pressão	média	no	couro	cabeludo	usando	a	ponta	dos	dedos	das	
duas	mãos;
•	 movimentos	deslizantes	com	as	pontas	dos	dedos,	com	pressão	suave	ao	longo	das	
orelhas.
As	manobras	nos	pés	devem	aplicar	a	terapia	em	um	pé	de	cada	vez:
•	 aplicar	óleo	morno	no	pé;
•	 fazer	 movimentos	 deslizantes,	 para	 cima	 e	 para	 baixo,	 com	 pressão	 suave	 e	
aumentando	a	pressão	gradativamente	até	que	a	pressão	seja	profunda,	a	fim	de	
trazer	relaxamento	muscular	da	região;
•	 aplicar	movimentos	circulares	e	suaves	nos	maléolos.
Manobras	no	restante	do	corpo:
•	 aplicar	óleo	morno	na	perna	a	ser	massageada;
•	 posicionar	 as	 palmas	 inteiras	 das	 duas	mãos	 sobre	 a	 perna,	 próximo	 ao	 tornozelo,	 e	
deslizar	a	mão	no	sentido	ascendente	com	pressão	suave	e	 intensificar	a	pressão	no	
movimento	descendente	(anuloma);
141
•	 nas	articulações,	não	exercer	pressão	e	promover	movimentos	circulares;
•	 aplicar	óleo	morno	no	tronco	e	no	braço;
•	 com	a	mesma	posição	das	mãos,	fazer	o	deslizamento	subindo	da	cintura	até	o	ombro	
com	pressão	suave	e	descendo	do	ombro	até	os	dedos	com	pressão	mais	intensa.	
Para	o	movimento	ascendente,	partir	dos	dedos	até	o	ombro	com	pressão	suave,	e	
do	ombro	até	a	cintura	com	pressão	mais	intensa.
Repetir	 as	manobras	 em	ambos	 os	 lados	 do	 corpo	 e	 em	 todas	 as	 posições	 do	
indivíduo	na	maca	conforme	indicamos.	A	pessoa	jamais	deve	ficar	de	barriga	para	baixo	 
na	maca,	pois	isso	interfere	na	digestão.
O subdosha de pitta bhrajaka	 está	 localizado	 na	 pele.	 Ele	 confere	 as	
características	de	cor	e	brilho,	gerencia	a	temperatura	do	corpo,	bem	como	a	cor	da	
pele.	As	variações	na	cor	da	pele	são	também	funções	de	bhrajaka pitta.
Jadavaji,	no	sushruta samhita,	descreveu	o	bhrajaka pitta	e	suas	funções	como	
deepana	 (ativador	 das	 capacidades	 digestivas)	 e	 pacana	 (capaz	 de	 digerir	 ama).	 Logo,	
as	 substâncias	aplicadas	na	pele	por	abhyanga,	 ou	qualquer	outro	procedimento,	 são	
digeridas	por	bhrajaka pitta,	pois	nenhuma	substância	pode	agir	corretamente	no	corpo	 
e	na	mente	sem	ser	digerida	(TRIKAMJI,	2007).
142
LEITURA
COMPLEMENTAR
PRANA: O SEGREDO DA CURA PELA YOGA
Atreya	
PRÓLOGO
Prana	é	a	energia	fundamental	que	vitaliza	tudo	no	universo.	É,	em	última	análise,	
a	 energia	 da	 consciência	 propriamente	 dita,	 responsável	 por	 todos	 os	 movimentos	
neste	mundo	consciente.	Todos	os	 sistemas	de	medicina	 atuam	por	meio	de	 algum	
aspecto	do	prana,	ainda	que	não	compreendam	o	que	vem	a	ser	isso.	Apesar	de	não	
ser	reconhecido	pela	medicina	alopática	como	uma	entidade	em	si	mesma,	ainda	assim	
o	 prana	 afeta	 nossa	 vitalidade	 de	 diversas	maneiras,	 as	 quais	 a	medicina	 alopática	
descreve	como	circulação	ou	homeostase.	Portanto,	poderíamos	dizer	que	toda	cura	é	
uma	cura	prânica.
Os	sistemas	naturalistas	de	medicina	baseiam-se	na	compreensão	da	energia	
vital	 e	 de	 como	mantê-la	 em	 equilíbrio.	 O	 próprio	prana,	 que	 em	 sânscrito	 significa	
força	vital,	é	a	base	do	ayurveda,	sistema	tradicional	de	cura	natural	originário	da	Índia.	
Ayurveda	significa	a	ciência	(veda)	da	vida	(ayur).	Ayur,	vida,	é	ele	mesmo	um	sinônimo	
de prana.	 O	ayurveda	 é	 uma	medicina	 prânica;	 e	 todas	 as	 suas	 terapias	 baseiam-se	 
num	reconhecimento	da	energia	vital	e	dos	vários	modos	de	equilibrá-la.
A	cura	prânica	também	está	 relacionada	com	o	sistema	da	yoga.	Esta	não	é	
apenas	um	sistema	de	exercícios	ou	mesmo	de	meditação.	E	uma	forma	de	trabalhar	
com	as	energias	sutis	do	corpo	e	da	mente,	e	a	principal	delas	é	o	prana.	A	ciência	yogue 
pranayama	e	seus	diversos	exercícios	de	respiração	baseiam-se	na	compreensão	do	
prana	e	das	maneiras	de	trabalhar	com	ele.	Sem	um	desenvolvimento	do	prana	não	
podemos	 avançar	 muito	 em	 qualquer	 caminho	 yogue,	 pois	 nos	 faltará	 a	 vitalidade	
necessária	para	percorrê-lo.
Os	 sistemas	 naturais	 de	 medicina	 utilizam	 diversas	 substâncias	 como	
veículos	para	o	prana,	 tal	como	alimentos	ou	ervas.	Essas	substâncias	são	definidas	
energeticamente	de	acordo	com	suacapacidade	de	aquecer	e	de	esfriar,	ou	de	acordo	 
com	seus	elementos	constituintes	e	qualidades;	ou	seja,	de	acordo	com	o	modo	pelo	
qual	elas	afetam	nosso	prana.	Tanto	o	ayurveda	quanto	a	medicina	chinesa	apresentam	
esses	 sistemas	 de	 classificação.	Todas	 as	 diversas	 dietas	 e	 ervas	 recomendadas	visam	
afetar	a	energia	vital	de	maneira	específica.
143
Quando	procuramos	um	médico	ou	um	agente	de	cura	não	é	apenas	o	que	eles	
nos	receitam	que	nos	ajuda.	Antes	de	mais	nada,	reagimos	à	força	de	cura,	ao	prana	ou	
à	vitalidade,	dos	médicos.	Podemos	sentir	essa	força	na	forma	pela	qual	eles	nos	falam	
ou	nos	tomam	o	pulso.	Penetramos	em	sua	aura	de	cura,	no	campo	de	seu	prana.	Se	o	
terapeuta	é	amigável,	gentil,	confiante	e	sensível	 (ou	seja,	se	ele	vibra	em	seu	prana),	
reagimos	positivamente	a	ele	e	lhe	seguimos	as	recomendações	alegremente.	Sem	que	
haja	alguma	relação	prânica	com	o	terapeuta,	o	tratamento	dificilmente	trará	um	bom	
resultado.
Os	sistemas	de	medicina	natural	empregam	diversos	métodos	que	trabalham	
com	o	prana,	tais	como	acupuntura,	trabalho	corporal,	ou	karma pancha	(práticas	de	
purificação	 do	 ayurveda).	 São	 casos	 nos	 quais	 lida-se	 com	 o	 prana	 de	 forma	mais	
direta.	O	toque,	propriamente	dito,	qualquer	que	seja,	transmite	o	prana,	pois	o	toque	é	a	
qualidade	sensorial	que	se	relaciona	com	o	elemento	ar,	ao	qual	o	prana	ou	a	respiração	
estão	ligados.
É	possível,	além	do	mais,	usar	o	prana	de	forma	direta,	com	objetivos	de	cura,	
seja	em	conjunto	com	outros	veículos	de	prana,	 como	os	alimentos	ou	as	ervas,	ou	
sozinho.	Podemos	aprender	a	projetar	a	força	do	prana	para	curar	a	nós	mesmos	ou	às	
outras	 pessoas.	 Existem	 inúmeras	 formas	 de	 trabalho	 direto	 com	 o	prana,	 tais	 como	
o	 pranayama	 (exercícios	 de	 respiração).	 Pode-se	 projetar	 diretamente	 a	 energia	 da	
respiração,	usando	o	poder	da	mente,	em	particular	por	meio	da	visualização.	Onde	quer	
que	 concentremos	 nossa	 atenção,	 estaremos	 também	 colocando	 algum	 aspecto	 de	
nosso	prana	ou	vitalidade.	Quanto	maior	nossa	concentração,	maior	o	poder	do	prana 
de	que	podemos	dispor.	Os	terapeutas	corporais	sabem	da	 importância	de	regular	sua	
respiração,	paralelamente	ao	tratamento	do	paciente,	pois	 isso	garante	um	fluxo	mais	
positivo	de	energia	de	cura.	Os	terapeutas	que	trabalham	com	acupuntura	e	acupressão	
sabem	da	importância	de	colocar	seu	chi	nesses	pontos	de	acupuntura.
	Nem	sempre	é	fácil,	entretanto,	usar	o	prana	para	a	cura.	Para	isso,	é	necessário	
que	primeiramente	se	cultive	o	próprio	prana,	o	que,	por	sua	vez,	requer	disciplina	física,	
mental	e	espiritual.	Para	influir	diretamente	na	energia	vital	de	outra	pessoa,	precisamos	
estar	seguros	de	que	a	nossa	própria	energia	vital	e	as	nossas	motivações	são	puras.	
Nossa	meta	deve	ser	a	de	servir	de	veículo	para	o	prana,	não	o	de	obter	algum	tipo	
de	poder	ou	de	nos	glorificar	como	agentes	de	cura,	e	certamente	não	o	de	interferir	
no	fluxo	natural	de	energia	vital	do	paciente,	 segundo	nossos	próprios	conceitos	ou	
desejos.
O ayurveda	recomenda	uma	dieta	vegetariana	para	os	que	querem	ser	agentes	 
de	 cura	 prânicos.	 Se	 comemos	 carne,	 estamos	 ingerindo	 a	 energia	 da	 morte	 que	
interferirá	em	nossa	própria	energia	vital.	Deveríamos	também	praticar	ahimsa,	ou	não	
violência,	pois	qualquer	forma	de	violência	torna	nossa	energia	vital	negativa.
144
Todas	 as	 doenças,	 quer	 sejam	 físicas	 ou	 mentais,	 refletem	 algum	 tipo	 de	
bloqueio	 na	 energia	 prânica.	 O	 resultado	 é	 a	 debilidade,	 a	 depressão	 e	 as	 emoções	
tumultuadas,	todos	eles	sintomas	de	desequilíbrios	prânicos.	Por	essa	razão,	qualquer	
doença	 pode	 ser	 tratada	 através	 do	prana.	 Os	 terapeutas	 que	 podem	dispor	 de	 um	
prana	puro	para	transmitir	a	seus	pacientes	não	precisam	se	preocupar	com	detalhes	
do	diagnóstico.	Projetando	a	força	prânica,	eles	podem	atingir	com	precisão	o	âmago	de	 
todos	os	nossos	problemas	de	saúde.
Há	 atualmente	 na	 Índia	 um	 novo	 movimento	 que,	 como	 parte	 de	 um	
renascimento	da	medicina	natural,	está	 ligando	a	cura	prânica	a	terapias	semelhantes	
no	mundo	 todo.	No	Ocidente,	 entretanto,	 até	 o	momento,	 é	 bastante	 difícil	 encontrar	 
livros,	ou	mesmo	material	autêntico	acerca	da	cura	prânica.
Atreya,	em	seu	livro	Prana: o segredo da cura pela yoga,	apresenta	essa	ciência	
e	 preenche	 essa	 necessidade.	 Ele	 examina	 a	 natureza	 do	prana	 e	 suas	 funções	 no	
corpo	físico,	no	corpo	sutil,	e	na	mente,	descrevendo	sua	relação	com	os	chakras.	De	
maneira	notável,	ele	acrescenta	vários	exercícios	práticos	para	desenvolvermos	o	nosso	
próprio	prana	e	para	tratarmos	outras	pessoas	usando	essa	força	vital.	O	livro,	repleto	de	
informações,	 irradia	 entusiasmo	 e	 reflete	 o	 grande	 desenvolvimento	 prânico	 do	 próprio	
autor.	O	 livro	não	é	apenas	uma	excelente	 introdução	para	a	cura	prânica,	mas	também	
pode	ser	usado	como	um	manual.	E	útil	tanto	para	o	leigo	como	para	os	profissionais	
de	cura.
Atreya	 analisa	 a	 cura	 prânica	 do	 ponto	 de	vista	 espiritual	 e	 a	 relaciona	 com	
os	profundos	ensinamentos	dos	vedas,	visando	ao	autoconhecimento.	Dessa	forma,	
ele	orienta	o	 leitor	através	da	cura	prânica	 rumo	ao	autoconhecimento.	A	orientação	
espiritual	do	livro	realça	suas	qualidades	e	transporta	o	leitor	a	um	nível	mais	profundo	
de	compreensão	de	si	mesmo.
Dr.	David	Frawley
CAPÍTULO 1 – O QUE É PRANA?
A	espiritualidade	nada	mais	é	do	que	compreender	o	jogo	da	consciência	
tentar	descobrir	o	que	vem	a	ser	essa	fraude,	buscando-lhe	a	origem.	–	Sri	
Nisargadatta	Maharaj
Existe	uma	antiga	história	acerca	do	prana	no	prasna upanishad.	Um	grupo	de	
busca	 espiritual	 procurou	 um	mestre	 que	 os	 ajudasse	 a	 atingir	 a	 sabedoria	 suprema.	 
Para	responder	as	suas	perguntas,	o	professor	exigiu	que	eles	permanecessem	por	um	
ano	em	meditação	e	em	celibato.
145
	Agiu	dessa	forma	para	que	eles	pudessem	adquirir	controle	sobre	os	próprios	
sentidos.	Eles	concordaram.	Depois	de	passado	um	ano,	um	deles	perguntou:	"Do	que	
nascem	todos	os	seres	humanos?".	O	mestre	 respondeu	que	a	consciência,	buscando	
a	diversão,	criou	os	opostos,	matéria	e	energia,	com	a	ideia	de	que	essas	duas	coisas	
produziriam	todos	os	seres.	O	prana,	a	energia,	é	representado	pelo	Sol,	e	a	matéria	é	
representada	pela	Lua.	Esses	opostos,	energia	e	matéria,	criaram	juntos	o	universo.
Os	 estudantes	 fizeram	 outra	 pergunta:	 quantas	 "divindades"	 amparam	 uma	
pessoa	e	qual	delas	é	a	principal	e	mais	gloriosa?	Eis	a	resposta	do	professor:	quantas	
divindades	 (impulsos	 inteligentes)	 controlam	 o	 corpo	 e	 qual	 a	 principal	 dessas?	 As	
divindades	responderam	todas	ao	mesmo	tempo.	O	espaço	disse:	"Eu	sou	a	principal",	e	
também	disseram	o	Ar,	o	Fogo,	a	Água	e	a	Terra,	as	funções	da	Fala,	da	Mente,	da	Visão,	
da	 Sensação	 e	 da	Audição.	 Cada	 uma	 delas	 alegava	 ser	 a	 responsável	 por	manter	 a	
integridade	do	corpo	e	por	permitir	que	ele	funcionasse.
O	 chefe	 Prana	 disse	 a	 essas	 divindades:	 "Não	 se	 iludam.	 Sou	 eu	 quem	 não	
permite	que	o	corpo	se	desintegre".	As	outras	divindades	estavam	descrentes.	Notando	
essa	 atitude,	 o	 chefe	 Prana	 começou	 a	 estender-se	 acima	 do	 corpo.	 De	 imediato,	
todos	os	outros	o	acompanharam.	Em	seguida,	o	Prana	permaneceu	tranquilo	e	todas	
as	 outras	 divindades	 ficaram	 tranquilas.	 Percebendo	 a	 realidade,	 todas	 as	 divindades	
começaram	a	louvar	o	Prana	como	seu	chefe.	A	verdade	é	que,	assim	como	os	raios	da	 
roda	de	uma	carroça	se	fixam	no	centro	da	roda,	tudo	gira	em	torno	do	prana.
O	mestre	então	ampliou	essa	ideia:	o	prana	reside	com	os	órgãos	e	mantém	o	
corpo	numa	unidade.	O	prana	é	adorado	como	aquele	que	cria,	destrói	e	preserva	todo	
o	universo.	Ele	aparece	como	o	Sol,	a	chuva,	o	fogo,	o	ar,	como	a	força	que	controla	todo	
o	mundo	e	os	céus.	O	prana	 é	 louvado	como	a	entidade	que	a	tudo	permeia	e	como	
o	senhor	de	todas	as	criaturas.	Mais	uma	vez,	um	estudante	perguntou:	"De	onde	vem	
esse	 prana,	 como	 ele	 penetrano	 corpo	 e	 como	 ele	 sustenta	 o	 mundo	 psíquico?".	 O	
mestre	respondeu:	"O	prana	vem	do	Eu	(da	consciência	pura).	Ele	é	atraído	para	o	corpo	
pela	mente	e	se	divide	em	cinco	forças	que	governam	o	corpo.	O	prana	funciona	como	 
um	rei,	que	distribui	o	trabalho	entre	seus	ministros	–	nesse	caso,	cada	um	dos	cinco	
pranas	controla	uma	região	do	corpo".
Essa	história,	simbólica,	explica	a	natureza	e	as	ações	do	prana.	Quase	todas	as	
antigas	escrituras	usam	metáforas	e	símbolos	para	explicar	o	conhecimento	do	sábio,	
derivado	de	suas	percepções	imediatas	da	realidade.	
Os	 sábios	 antigos	 usavam	 um	método	 subjetivo	 para	 observar	 e	 perceber	 a	
realidade,	tal	como	os	cientistas	hoje	usam	métodos	objetivos	para	estudar	a	realidade.	
Ambos	 são	métodos	válidos,	mas,	 uma	vez	 que	 a	 ciência	 precisa	 ainda	 reconhecer	 o	
prana,	nosso	manual	seguirá	a	sabedoria	dos	antigos	yogues	ou	videntes	que,	muito	
tempo	atrás,	já	conheciam	os	segredos	do	prana.
146
O prana	 é	a	energia	vital	do	universo.	Os	seres	estão	vivos	devido	ao	prana.	
As	 tradições	 apresentam	nomes	 diversos	 para	 o	 prana:	 força	vital,	 ki,	chi,	 orgônio	 e	
simplesmente	"energia".	Embora	muitas	vezes	entendido	como	respiração,	prana	não	
é	 respiração;	o	prana	 cavalga	na	 respiração,	mas	é	diferente	da	 respiração.	O	prana 
penetra	no	corpo	e	sai	dele	seguindo	o	movimento	da	respiração.	Tal	é	a	natureza	do	
prana:	movimento.
O	termo	prana	vem	do	sânscrito;	 significa	antes	 (pra)	 da	 respiração	 (ana).	O	
prana	 é	 neutro;	 é	 pura	 energia,	 sem	 quaisquer	 qualidades.	 Essa	 energia	 pura	 pode	
adquirir	qualquer	qualidade	sem	perder	sua	pureza;	é	o	que	ocorre	conosco,	por	exemplo,	
quando	vestimos	nossas	roupas:	ao	fazê-lo,	nós	nos	adaptamos	a	um	modo	de	vestir,	
mas,	ainda	assim,	continuamos	sendo	a	mesma	pessoa.
O prana	 pode	 ser	 usado	 para	 facilitar	 a	meditação,	 o	 sexo,	 o	 combate	 ou	 a	
cura.	Ele	dá	vitalidade	ao	corpo	físico	e	nos	dá	também	forças	para	pensar.	Prana	é	 
energia	física	e	mental:	 "O	movimento	do	pensamento	na	mente	surge	do	movimento	
do	prana;	e	o	movimento	do	prana	surge	em	função	do	movimento	do	pensamento	na	
consciência.	Eles	 formam	assim	um	ciclo	de	dependência	mútua,	 como	o	movimento	
das	ondas	e	das	correntes	marítimas".	Essa	citação	encontra-se	numa	antiga	escritura,	
uma	das	mais	respeitadas	na	Índia,	e	tem	mais	de	5.000	anos.	Portanto,	a	 informação	
apresentada	aqui	não	é	nova.	Existe	há	milhares	de	anos	toda	uma	ciência	construída	
sobre	os	efeitos	do	prana.
Tradicionalmente,	 a	 yoga	 ensina	 que	 existem	 cinco	 tipos	 de	 prana	 no	 corpo:	
o	prana,	o	apana,	o	samana,	o	udana	e	o	vyana.	Existe	também	o	Prana	cósmico	que	
a	 tudo	permeia	e	que	é	a	 fonte	dos	cinco	pranas	 confinados	ao	corpo,	 cada	qual	 com	
uma	função	específica.	Dos	cinco	pranas	do	corpo,	em	geral	se	admite	que	o	prana	e	o	 
apana	são	os	mais	importantes.	
O prana	repousa	no	coração	e	na	cabeça;	o	apana	repousa	na	base	da	coluna	
e	é	conhecido	como	a	 "respiração	para	baixo".	Juntos,	o	prana	 e	o	apana	 formam	a	
polaridade	da	respiração.	Essas	duas	forças	são,	na	verdade,	o	que	dá	força	à	respiração.	
O prana	é	o	aspecto	solar	(masculino)	e	o	apana,	o	aspecto	lunar	(feminino).	
Dos	outros	pranas,	o	samana	repousa	na	região	do	umbigo	e	é	conhecido	como	
a	"respiração	para	cima";	o	udana	concentra-se	na	garganta,	porém	move-se	para	cima	
e	para	baixo	no	corpo	todo;	e	o	vyana	se	espalha	pelo	corpo	todo,	mantendo-o	unido.	
Ao	 longo	 deste	 livro,	 iremos	 nos	 referir	 aos	 cinco	pranas	 simplesmente	 como	prana;	
usaremos	a	inicial	maiúscula	quando	se	tratar	do	Prana	cósmico.
A	cura	prânica	é	um	ramo	da	yoga,	que	é	uma	das	ciências	védicas.	O	que	é	
exatamente	a	yoga?	Há	muitos	ramos	da	yoga.	Alguns	dizem	respeito	ao	corpo,	outros	
à	mente,	alguns	têm	poderes	ocultos	e	alguns	dizem	respeito	à	percepção	de	si	mesmo	
ou	à	iluminação.
147
Originariamente,	 os	 antigos	 videntes	 eram	 mestres	 em	 todas	 as	 ciências	
conhecidas:	ayurveda	 (medicina),	 posturas	 de	yoga,	meditação,	matemática,	 astrologia,	
geologia,	guerra	e	 religião.	Essas	eram	as	chamadas	ciências	védicas.	Normalmente,	
um	 sábio	 se	 especializava	 em	 um	 campo,	mas	 esperava-se	 que	 ele	 conhecesse	 os	
fundamentos	 de	 todos	 os	 oito	 ramos	 de	 conhecimento.	 Ayurveda,	 hatha-yoga e 
pranayama	estavam	relacionadas	com	corpo	físico.	A	cura	prânica	é	originária	desse	
ramo	da	tradição	védica.
Em	geral,	a	yoga	é	entendida	como	um	método	pelo	qual	se	atinge	uma	"união"	
com	o	divino	ou	com	Deus.	Embora	seja	possível	praticar	o	hatha-yoga	sem	estar	ciente	
do	divino,	 isso	não	é	yoga	em	seu	sentido	mais	puro,	mas	simplesmente	um	programa	
de	exercícios	indiano	para	conservar	a	saúde	física.	Se,	entretanto,	praticarmos	o	hatha-
yoga	conscientes	de	que	a	mente,	o	prana	e	o	corpo	se	originam	de	uma	mesma	fonte,	 
para	nós	desconhecida,	isso	é	yoga	em	seu	significado	mais	puro.
Yoga	não	é	o	método	nem	a	prática;	na	verdade,	yoga	é	nossa	busca	pela	fonte	
desconhecida.	A	cura	prânica	é	apenas	um	método;	ela	também	pode	ser	usada	como	
yoga,	para	nos	levar	à	fonte	de	nossa	força	vital	e	de	tudo	o	que	existe.
Yoga,	tal	como	usamos	nesse	livro,	é	a	tradição	de	sábios	e	textos	que	faz	a	pessoa	
transcender	o	corpo,	a	manifestação,	e	atingir	o	inalcançável,	que	está	além	tanto	do	que	é	
manifesto	quanto	do	que	é	não	manifesto.	"Eu	saúdo	o	Eu	Supremo.	Foi	o	Eu	que	primeiro	
me	ensinou	o	conhecimento	brilhante	do	hatha-yoga.	O	hatha-yoga	é	como	uma	escada:	 
aquele	que	desejar	pode	subir	até	o	estado	mais	elevado	de	raja-yoga".
A	cura	prânica	é	uma	abordagem	não	violenta	da	saúde	e	qualquer	pessoa	pode	
aprendê-la.	Não	agride	o	corpo,	a	mente	nem	as	emoções.	Não	tem	nenhum	sistema,	
nenhuma	classificação	e	não	é	nociva	à	saúde.	
Energizando	o	corpo,	o	prana	o	revitaliza	naturalmente,	deixando-o	apto	para	
lutar	contra	as	doenças	e	para	conservar	a	saúde.	Esse	é	um	método	de	cura	tão	antigo	
quanto	 a	 própria	 humanidade,	 um	método	 totalmente	 natural	 para	 a	 raça	 humana.	
A	 cura	 prânica	 é	 uma	 abordagem	holística;	 em	outras	 palavras,	 ela	 revitaliza	 todo	 o	
organismo	humano	–	corpo/mente/emoções.	Para	ser	mesmo	eficaz,	a	verdadeira	cura	
deve	trabalhar	não	apenas	com	a	doença	manifesta,	mas	com	a	raiz	do	problema.
Tal	qual	a	mente,	o	prana	tem	um	movimento	natural.	O	que	é	a	mente?	A	mente	
é	o	processo	pelo	qual	os	pensamentos	se	desenvolvem	e	se	desvanecem,	ou	aparecem	 
e	desaparecem,	na	consciência,	habitualmente	conhecido	como	o	ato	de	"pensar".
A	 mente	 é	 uma	 sequência	 de	 pensamentos.	 A	 mente	 e	 o	 prana	 são	 dois	
aspectos	do	mesmo	fenômeno;	ambos	existem	juntos	e	são	inseparáveis.	O	prana	é	o	
princípio	do	movimento	e	a	mente	é	o	princípio	da	inteligência.	Portanto,	todas	as	ações	
requerem	prana,	inclusive	a	ação	de	pensar.	Quando	tornamos	a	respiração	mais	lenta,	
148
os	pensamentos	também	diminuem	seu	 ritmo.	O	pranayama yoga,	 eficiente	técnica	de	
meditação,	 usa	 essa	 compreensão	 para	 aquietar	 a	mente	 em	 contínua	 atividade.	 "Pelo	
controle	da	energia	vital,	a	mente	também	é	refreada:	assim	como	a	sombra	desaparece	
quando	 a	 substância	 foi	 eliminada,	 a	 atividade	mental	 cessa	 quando	 a	 energia	vital	 
é	refreada".
Essa	compreensão	é	a	base	de	toda	cura	esotérica.	As	consequências	do	fato	
de	haver	uma	completa	interdependência	entre	a	mente	e	a	energia	são	tão	amplas,	que	
poucos	de	nós	nos	damos	conta	de	seu	potencial.
O	termo	consciência,	como	o	usamos	aqui,	é	sinônimo	de	Existência,	de	Fonte,	
de	Eu,	de	Amor	ou	de	Deus.	A	mente	é,	com	frequência,	confundida	com	Consciência.	A	
mente	é	aquilo	de	que	a	Consciência	tem	notícia.	O	que	é	então	consciência?	"Podemos,	
quem	sabe,	defini-la	nestes	termos:	A	Existência,	ou	consciência,	é	a	única	 realidade.	A	
Consciência	acompanhada	do	ato	de	despertar,	chama-se	estar	desperto.	A	Consciência	
acompanhada	do	ato	de	dormir,	chama-se	dormir.	A	Consciência	acompanhada	do	ato	
de	 sonhar,	 chama-se	 sonhar.	A	Consciênciaé	 a	 tela	na	qual	 as	figuras	 surgem	e	 se	
desvanecem".
FONTE: Adaptada de ATREYA. Prana: the secret of yogic healing. York Beach: Samuel Weiser, 1996.
149
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O ayurveda	apresenta	inúmeras	modalidades	terapêuticas,	sendo	a	abhyanga	a	mais	
aplicada.
•	 Na	técnica	de	abhyanga,	é	possível	associar	aromaterapia,	yogaterapia,	herbologia,	
terapias	de	som	e	cor,	terapias	de	desintoxicação,	exercício,	meditação,	técnicas	de	
respiração	e	estilo	de	vida.
• O ayurveda	 respeita	 os	 ciclos	 da	 natureza	 e	 a	 natureza	 que	 fornece	 tudo	 o	 que	
for	necessário	à	obtenção	da	plenitude	do	ser	humano,	pois	são	esses	ciclos	que	
sustentam	um	ritmo	de	vida	adequado.
•	 Viver	em	harmonia	com	os	ciclos	da	natureza	é	um	princípio	básico	do	ayurveda e 
isso	ainda	é	praticado	atualmente	em	muitas	culturas	tradicionais	e	modernas.
• A abhyanga	é	um	procedimento	terapêutico	que	promove	cura	e	reorganização	do	
corpo	e	da	mente,	bem	como	evita	que	pessoas	saudáveis	adoeçam.
RESUMO DO TÓPICO 3
150
AUTOATIVIDADE
1 A abhyanga	 não	 é	 um	 procedimento	 simples	 de	 aplicação	 de	 óleo	 por	 meio	 de	
determinadas	 manobras,	 mas	 sim	 mantém	 a	 excelência	 dos	 tecidos	 do	 corpo,	
especialmente	se	o	óleo	aplicado	é	adequado	para	a	prakriti	do	indivíduo.	Além	da	
prakriti,	quais	variáveis	devem	ser	consideradas	na	prática	da	abhyanga?	Assinale	a	
alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 Satmya,	ritu,	dosha,	desha e roga.
b)	 (			)	 Madhura,	roga,	rakta e pitta.
c)	 (			)	 Roga,	dhatu,	prana e vyana.
d)	 (			)	 Ritu,	dosha,	dushya e roga.
2 Snehana	é	uma	das	shat-upakrama	(seis	terapias	básicas)	mencionadas	no	ayurveda 
por	 Charaka	 (AGNIVESHA,	 2001).	 O	 significado	 de	 sneha	 é	 “óleo”,	 “untuosidade”,	
“umidade”,	 “amor”.	 As	 ações	 ou	 procedimentos	 que	 tornam	 o	 corpo	 untuoso	 são	
chamadas	de	sneha.	Considerando	o	exposto,	analise	as	afirmativas	a	seguir:
FONTE: AGNIVESHA. Charaka samhita de agnivesha com comentário. Varanasi: Chowkhamba 
Sanskrit Series Office, 2001.
I-	 A	abhyanga	 pode	 ser	 aplicada	no	 corpo	 (sarvanga abhyanga),	 na	 cabeça	 (shiro 
abhyanga)	e	nos	pés	(pada abhyanga)	isoladamente,	de	acordo	com	a	necessidade	
terapêutica	do	indivíduo.
II-	 Energizando	o	corpo,	o	prana	o	desvitaliza	naturalmente,	deixando-o	apto	para	lutar	
contra	as	doenças	e	para	conservar	a	saúde.
III-	 Segundo	os	livros	clássicos,	a	abhyanga	deve	sempre	começar	pela	cabeça,	depois	
seguir	para	os	pés	e	então	o	restante	do	corpo.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	III	está	correta.
3 A abhyanga	pode	ser	comparada	à	massagem	na	linguagem	moderna,	que	significa	
um	conjunto	de	procedimentos	geralmente	feitos	com	a	mão	na	superfície	externa	
do	corpo	de	várias	maneiras,	seja	do	ponto	de	vista	curativo,	paliativo	ou	higiênico.	
Classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
151
(			)	Produz	 efeitos	 benéficos	 no	 sistema	 nervoso,	 sistema	 muscular,	 bem	 como	 na	
circulação	local	e	geral	do	sangue	e	da	linfa.
(			)	Por	meio	da	massagem	com	óleo,	o	corpo	humano	torna-se	fraco	e	suscetível	às	
doenças	de	vata	e	torna	a	pessoa	favorecida	a	ter	esgotamentos.
(			)	Bhrajaka,	o	subdosha de pitta,	está	localizado	na	pele.	Ele	confere	as	características	
de	cor	e	brilho,	gerencia	a	temperatura	do	corpo,	bem	como	a	cor	da	pele.
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	-	F	-	F.
b)	 (			)	 V	-	F	-	V.
c)	 (			)	 F	-	V	-	F.
d)	 (			)	 F	-	F	-	V.
4	 O	termo	prana	vem	do	sânscrito	e	significa	antes	(pra)	da	respiração	(ana).	O	prana 
é	neutro;	é	pura	energia,	sem	quaisquer	qualidades.	Essa	energia	pura	pode	adquirir	
qualquer	qualidade	sem	perder	sua	pureza;	é	o	que	ocorre	conosco,	por	exemplo,	
quando	 vestimos	 nossas	 roupas:	 ao	 fazê-lo,	 nós	 nos	 adaptamos	 a	 um	modo	 de	
vestir,	mas,	ainda	assim,	continuamos	sendo	a	mesma	pessoa.	Considerando	essa	
premissa,	discorra	sobre	para	que	serve	o	prana.
5	 Segundo	Atreya	(1996),	a	mente	é	uma	sequência	de	pensamentos.	A	mente	e	o	prana 
são	dois	aspectos	do	mesmo	fenômeno;	ambos	existem	juntos	e	são	inseparáveis.	O	
prana	é	o	princípio	do	movimento,	e	a	mente	é	o	princípio	da	inteligência.	Portanto,	
todas	as	ações	requerem	o	prana,	inclusive	a	ação	de	pensar.	Sabendo	disso,	o	que	
nos	acontece	quando	tomamos	a	respiração	de	forma	mais	lenta?
FONTE: ATREYA. Prana: the secret of yogic healing. York Beach: Samuel Weiser, 1996.
152
153
REFERÊNCIAS
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Chowkhamba	Sanskrit	Series	Office,	2001.
ANSELL,	V.	The	seasons:	shishira.	Sanskrit Literature,	Bengaralu,	16	fev.	2010.	
Disponível	em:	https://venetiaansell.wordpress.com/2010/02/16/the-seasons-
shishira.	Acesso	em:	21	fev.	2022.
ATREYA.	Prana:	the	secret	of	yogic	healing.	York	Beach:	Samuel	Weiser,	1996.
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