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livro terapias Ayurveda

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Prévia do material em texto

AyurvedA
Prof.ª Fabiana Rodrigues Mandryk
TerApiA
Indaial – 2022
1a Edição
Impresso por:
Elaboração:
Prof.ª Fabiana Rodrigues Mandryk
Copyright © UNIASSELVI 2022
 Revisão, Diagramação e Produção:
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
M273t
Mandryk, Fabiana Rodrigues
Terapia ayurveda. / Fabiana Rodrigues Mandryk – Indaial: 
UNIASSELVI, 2022.
153 p.; il.
ISBN 978-85-515-0533-5
ISBN Digital 978-85-515-0534-2
1. Tradição védica. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 615.5
Olá, acadêmico! 
Seja bem-vindo ao Livro Didático Terapia Ayurveda!
A partir de agora, seremos conduzidos a uma incrível viagem histórica com o 
objetivo de adentrarmos nos meandros de uma das mais antigas tradições do mundo, a 
tradição védica: yoga, vedanta, jyotish, ayurveda.
De todas essas opções, abordaremos o ayurveda e a abhyanga. Ayurveda é 
uma palavra em sânscrito composta por duas palavras, veda e ayuhu, e usualmente 
encontramos uma tradução literal desses dois termos, que nos diz: veda é conhecimento, 
e ayuhu é vida. Portanto, neste momento, vamos considerar que ayurveda é o 
conhecimento da vida. Já abhyanga significa “esfregar os membros do corpo com óleo 
quente” – logo, podemos dizer que é uma massagem, todavia, somente neste momento, 
entenderemos essa palavra com o significado de “massagem”; abhyanga é um dos métodos 
terapêuticos mais utilizados no ayurveda. No decorrer do nosso processo de aquisição de 
conhecimento, desdobraremos esse conceito que é mundialmente conhecido.
Na Unidade 1, abordaremos a contextualização histórica da tradição védica, 
sendo esse tópico muito interessante e importante, pois, ao adentrarmos em um 
conhecimento tão antigo e sagrado, o entendimento da sociedade local e mundial é 
essencial. Faremos uma breve viagem pelo continente asiático e daremos ênfase 
à república da Índia, então estaremos habilitados a conhecer as bases filosóficas da 
tradição védica. Convidamos você a esvaziar sua xícara de todo conhecimento prévio 
que porventura tenha, independentemente do estilo do conhecimento que já tenha 
recebido ou experimentado, tal qual uma criança que passa a conhecer a vida com 
novos olhos. Por fim, abordaremos os conceitos básicos do ayurveda.
Em seguida, na Unidade 2, usaremos muitas palavras em sânscrito e, apesar 
de elas parecerem inicialmente estranhas e confusas, trarão as chaves necessárias 
para a construção do pensamento ayurvédico. Conheceremos os doshas, que são os 
responsáveis pela organização e desorganização de nosso corpo e de nossa mente.
Por fim, na Unidade 3, aprenderemos a abhyanga, que não é a massagem 
ayurvédica. Na verdade, esse termo é uma forma usada para vender massagens corporais 
onde usam óleos para facilitar os deslizamentos das mãos do massoterapeuta pelo corpo 
do cliente. Abhyanga é um conceito, e essa unidade será dedicada ao aprofundamento 
dele e abordaremos todas as possibilidades terapêuticas que o abhyanga se propõe.
Bons estudos!
Prof.ª Fabiana Rodrigues Mandryk
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – 
e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR 
Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite 
que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, 
é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
QR CODE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 — MEDICINA AYURVÉDICA E MASSAGEM AYURVÉDICA ................................. 1
TÓPICO 1 — CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA TRADIÇÃO VÉDICA .............................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 A TRADIÇÃO DAS TRADIÇÕES ...........................................................................................3
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................... 7
AUTOATIVIDADE ....................................................................................................................8
TÓPICO 2 — A ÍNDIA ..............................................................................................................11
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................11
2 A ÍNDIA MODERNA ............................................................................................................ 12
3 IDIOMA ............................................................................................................................... 15
4 SÂNSCRITO ....................................................................................................................... 16
RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................18
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................19
TÓPICO 3 — FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS ....................................................................... 21
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 21
2 MUITO ALÉM DO INCENSO .............................................................................................. 22
3 OS SEIS DARSANAS ........................................................................................................ 24
4 ENUMERAR ...................................................................................................................... 26
RESUMO DO TÓPICO 3 ......................................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 32
TÓPICO 4 — INTRODUÇÃO BÁSICA AO AYURVEDA .......................................................... 35
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 35
2 PANCHAMAHABHUTAS................................................................................................... 36
3 ESTRELANDO: AKASHA, VAYU, AGNI, JALA E PRITHVI ................................................37
4 GUNAS .............................................................................................................................. 38
4.1 GUNAS DA MENTE...............................................................................................................................45
4.2 ÓRGÃOS DE PERCEPÇÃO E DE AÇÃO ...........................................................................................45
4.3 INTER-RELAÇÃO DOS ELEMENTOS ...............................................................................................46
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................47
RESUMO DO TÓPICO 4 ........................................................................................................ 52
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 53
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 55
UNIDADE 2 — ABHYANGA ...................................................................................................57
TÓPICO 1 — DOSHAS ...........................................................................................................59
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................59
2 DEFINIÇÃO ........................................................................................................................59
3 O CORPO DENSO E OS DOSHAS ...................................................................................... 61
4 OS TRÊS DOSHAS ............................................................................................................ 64
5 OS 15 SUBDOSHAS .......................................................................................................... 68
5.1 VATA DOSHA .........................................................................................................................................68
5.1.1 Prana vata ....................................................................................................................................69
5.1.2 Udana vata .................................................................................................................................69
5.1.3 Vyana vata ..................................................................................................................................69
5.1.4 Apana vata ..................................................................................................................................69
5.1.5 Samana vata ..............................................................................................................................70
5.2 PITTA DOSHA .......................................................................................................................................70
5.2.1 Sadhaka pitta ..............................................................................................................................71
5.2.2 Alochaka pitta ............................................................................................................................71
5.2.3 Bhrajaka pitta .............................................................................................................................71
5.2.4 Ranjaka pitta ............................................................................................................................. 72
5.2.5 Pachaka pitta ............................................................................................................................ 72
5.3 KAPHA DOSHA .................................................................................................................................... 73
5.3.1 Tarpaka kapha ........................................................................................................................... 74
5.3.2 Bodhaka kapha ......................................................................................................................... 74
5.3.3 Avalambaka kapha .................................................................................................................. 74
5.3.4 Kledaka kapha ........................................................................................................................... 75
5.3.5 Shleshaka kapha ...................................................................................................................... 75
RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 77
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................78
TÓPICO 2 — AGNI ..................................................................................................................81
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................81
2 DEFINIÇÃO ........................................................................................................................81
3 OS AGNIS .......................................................................................................................... 83
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 90
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 91
TÓPICO 3 — DHATUS ........................................................................................................... 93
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 93
2 DEFINIÇÃO ....................................................................................................................... 94
3 DHATUS: UM POR TODOS E TODOS POR UM .................................................................. 94
4 FORMAÇÃO DE MALAS .....................................................................................................97
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................100
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................102
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................103REFERÊNCIAS ....................................................................................................................105
UNIDADE 3 — COMPONENTES E MANOBRA .....................................................................107
TÓPICO 1 — RITUCHARYA ..................................................................................................109
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................109
2 DEFINIÇÃO ......................................................................................................................109
2.1 MUDARAM AS ESTAÇÕES.................................................................................................................110
2.2 TEMPO ...................................................................................................................................................111
2.3 MEDICINA INDIANA ...........................................................................................................................113
2.4 MENTE SÃ E CORPO SÃO ................................................................................................................113
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 115
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 116
TÓPICO 2 — ABHYANGA .................................................................................................... 119
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 119
2 DEFINIÇÃO ...................................................................................................................... 119
2.1 NUTRIÇÃO ...........................................................................................................................................120
2.2 O SABOR DA PAIXÃO ........................................................................................................................121
2.3 A ORQUESTRA DE SABORES ......................................................................................................... 122
2.4 A PELE ................................................................................................................................................. 127
2.5 OS CORPOS SUTIS ...........................................................................................................................128
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 131
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................132
TÓPICO 3 — ABHYANGA NA PRÁTICA ..............................................................................135
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................135
2 SNEHANA E PREPARAÇÕES TERAPÊUTICAS COM ÓLEOS ESSENCIAIS ...................136
3 BENEFÍCIOS DA ABHYANGA ..........................................................................................138
4 SARVANGA ABHYANGA .................................................................................................138
5 HORA DA ABHYANGA .....................................................................................................139
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................142
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................149
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................150
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................153
1
UNIDADE 1 — 
MEDICINA AYURVÉDICA E 
MASSAGEM AYURVÉDICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• entender a contextualização histórica da tradição védica;
• compreender a Índia na ancestralidade e na atualidade;
•	 identificar	quais	são	os	fundamentos	filosóficos	que	direcionam	a	sociedade	indiana;
•	 refletir	sobre	a	introdução	básica	ao	ayurveda.
	 Esta	unidade	está	dividida	em	quatro	tópicos.	No	decorrer	dela,	você	encontrará	
autoatividades	com	o	objetivo	de	reforçar	o	conteúdo	apresentado.
TÓPICO	1	–	CONTEXTUALIZAÇÃO	HISTÓRICA	DA	TRADIÇÃO	VÉDICA
TÓPICO	2	–	A	ÍNDIA
TÓPICO	3	–	FUNDAMENTOS	FILOSÓFICOS
TÓPICO	4	–	INTRODUÇÃO	BÁSICA	AO	AYURVEDA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA 
DA TRADIÇÃO VÉDICA
TÓPICO 1 — UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Tempo	 imemorial	 é	 uma	 expressão	 que	 define	 com	 perfeição	 a	 jornada	 que	
estamos iniciando agora. Ousaremos trazer o termo em sânscrito satsanga,	 que	 é	
traduzido	 como	 o	 encontro	 com	 a	 verdade,	 pois,	 por	meio	 desse	 encontro	 e	 desse	
estudo,	daremos	o	primeiro	passo	ao	direcionamento	da	possibilidade	da	expressão	de	
nossa natureza essencial.
Pela	 conscientização	 da	 nossa	 natureza	 essencial,	 seremos	 capazes	 de	
construir	nosso	ser	e	habilitá-lo	com	presença	para	cuidar	e	servir	às	pessoas	que	nos	
buscarão	como	terapeutas.
O ayurveda é	considerado	um	conhecimento	eterno	que	sobreviveu	e	sobreviverá	
a	todas	as	transformações	que	ocorreram	e	ocorrerão	no	mundo.	Considerando	essa	
afirmativa,	 podemos	 ter	 a	 noção	 da	 importância	 desse	 estudo	 e	 da	 aplicação	 dessa	
ciência	em	nosso	dia	a	dia.
Neste	tópico,	então,	abordaremos	as	origens	do	ayurveda,	 tendo	como	base	
a	 tradição	 védica.	 Com	 isso,	 seremos	 capazes	 de	 nos	 despir	 de	 equívocos	 que	 se	
popularizam,	especialmente	nos	países	ocidentais,	devido	à	interpretação	equivocada	
das	traduções	dos	livros	clássicos	de	ayurveda.
2 A TRADIÇÃO DAS TRADIÇÕES
O ayurveda	tem	origens	antiquíssimas:	há	registro	de	que	se	iniciou	seu	uso	e	
sua	aplicação	no	fim	da	Idade	da	Pedra	na	região	do	Vale	do	Indo,	atual	Paquistão.
Com	 a	 efervescência	 natural	 das	 tribos	 em	 suas	 excursões	 e	 peregrinações	
exploratórias,	a	Bacia	do	Ganges	ganhou	espaço	e	passou	a	receber	e	acolher	todos	os	
interessados em seguir e estudar a tradição védica.
A	fabulosa	terra	das	especiarias,	das	pedras	preciosas,	dos	pavões	e	das	sedas	
sempre	 ofereceu	 uma	 perspectiva	 atraente	 para	 mercadores	 e	 conquistadores.	 O	
altruísmo	dos	indianos	anuiu-lhes	absorver	influências	do	mundo	exterior,	preservando	
suas próprias particularidades culturais.
4
Assim,	apesar	das	invasões	de	Genghis	Khan	e	dos	mongóis	no	século	XIII,	e	da	
conquista	de	grande	parte	da	Índia	pelos	mongóis	no	século	XVI,	o	ayurveda se manteve 
como	o	antídoto	favorito	para	a	maioria	das	pessoas	e	até	desfrutou	de	chancela	 igual	 
ao de unani,	medicina	árabe	durante	o	reinado	do	imperador	Akbar.
O ayurveda	trouxe	profundidade	de	raciocínio	pela	base	filosófica	que	explica	
e	orienta	sua	forma	de	observação	do	mundo	e	para	o	entendimento	dos	processos	
naturais	da	vida	e	da	morte.	Isso	possibilitou	que	expressões	arcaicas	de	superstição	
caíssem	por	terra	e	adquirissem	clareza.
Os	livros	clássicos	do	ayurveda	recebem	o	nome	de	samhitas,	sendo	a	junção	
de duas palavras: sam,	que	significa	“juntos”,	e	hita,	que	significa	“colocar”,	ou	seja,	é	
a	combinação	e	a	conexão,	a	coleção	de	textos	e	versos.	A	data	do	surgimento	desse	
compêndio	remonta,	aproximadamente,	1200-900	a.C.
A	Índia	abriga	muitos	mistérios	ainda	nos	dias	de	hoje.	Esse	povo	desempenhou	
um	papel	proeminente	no	comércio	de	especiariase	outros	bens	durante	muito	tempo.	
Mantinha	um	porto	cobiçado	chamado	Kerala,	o	Jardim	das	Especiarias	da	 Índia,	desde	 
pelo	menos	3000	a.C.	
A	trajetória	histórica	desse	país	se	mistura	com	a	história.	Certamente	a	herança	
hindu desperta imenso encantamento e curiosidade a respeito do misticismo e da 
cultura,	especialmente	na	população	ocidental.
A	civilização	do	Vale	do	Indo	é	considerada	uma	das	primeiras	do	mundo,	com	
registro	de	surgimento	em	3300	a.C.	Tempos	de	tradição,	de	uma	raça	que	nutre	os	
que	dela	se	aproximam	com	algo	muito	particular,	muito	singular:	a	cultura	do	sagrado.	
Segundo	Feuerstein	(2005,	p.	99),	 "[...]	vem	da	Índia	a	maior	contribuição	à	espiritualidade	
mundial,	inspirando	inclusive	muitas	nações	ocidentais,	tão	carentes	nesse	sentido".
Na	atual	apreciação	ocidental	sobre	filosofia,	percebemos	a	cisão	entre	metafísico	 
e	fé,	mas	na	Índia	essa	divisão	nunca	existiu	–	o	que,	de	certa	maneira,	justifica	tamanha	
admiração	 do	 Ocidente	 pelo	 Oriente,	 considerando	 que	 o	 homem	 guarnece	 uma	
tendência	natural,	uma	carência	de	pertencimento	a	um	grupo,	especialmente	quando	
há	base	na	sacralidade	da	direção	ao	se	relacionar	com	a	espiritualidade.
Podemos	observar	na	Figura	1	que,	originalmente,	essa	região	incluía,	além	da	
própria	Índia,	o	que	hoje	é	o	Paquistão	e	o	Afeganistão.
5
FIGURA 1 – TERRITÓRIO DA ÍNDIA NA ANTIGUIDADE
FONTE: <https://shutr.bz/3MgJzLY>. Acesso em: 2 mar. 2022.
O	interesse	ocidental	na	tradição	védica	se	inicia	de	fato	a	partir	dos	anos	de	
1970,	especialmente	com	a	influência	que	a	banda	The	Beatles	inspirou.	A	conexão	com	
a	música	indiana,	a	raga,	o	yoga e o ayurveda	possibilitou	que	muitos	mestres	indianos	
passassem a visitar o Ocidente. 
Em	1968,	os	músicos	da	banda	The	Beatles	foram	para	Rishikesh,	na	Índia.	Essa	
ideia	partiu	de	George	Harrison:	tudo	começou	no	set	de	filmagem	de	Help,	quando	ele	
viu	 um	 estranho	 instrumento,	 a	 sítar,	 ficando	 hipnotizado	 pelo	 som	 produzido	 por	 ela.	
Pouco	 tempo	 depois,	 por	mera	 curiosidade,	 os	 integrantes	 da	 banda	 foram	 até	 a	 Índia	
comprar	instrumentos	musicais:	Ringo	comprou	uma	tabla,	John	um	sarod,	Paul	um	sítar 
e uma tambura,	George	um	sítar,	um	sarod,	um	surmandal e uma tambura.	 Inebriados	
pela	Índia,	permaneceram	por	algum	tempo	lá,	fizeram	amizade	com	Ravi	Shankar,	tiveram	 
aulas	de	yoga	e	meditação.	Durante	a	viagem,	compuseram	quase	50	canções,	que	
fazem	parte	do	chamado	Álbum branco	(PAIVA,	2016).
Ninivaggi	(2015,	p.	27)	comenta	que	“[...]	a	fome	espiritual	e	a	solidão	existencial	
são	fatores	subjacentes	ao	mal-estar	de	uma	vida	sem	significado”.	Todavia,	no	Oriente,	
podemos	 informar	 os	 seguintes	 marcos	 importantes	 do	 estudo	 dessa	 ciência	 por	
culturas	 distintas:	 durante	 o	 período	 da	 iluminação	 de	Siddhārtha Gautama	 (século	V	
a.C.),	conhecido	por	nós	como	Buda,	um	vaidya	(aquele	que	ensina)	chamado	Jivaka	foi	
um	famoso	cirurgião	que	cuidava	do	próprio	Buda,	de	outros	reis	e	imperadores.	Jivaka	
era	o	médico	pessoal	de	Buda	e	do	rei	indiano	Bimbisara.	Esse	médico	viveu	em	Rajgir	 
(cidade	dos	reis)	e	era	conhecido	como	o	“rei	do	ayurveda”.
6
Para	Saini	(2016,	p.	256),	“Todo	vaidya	dá	a	mesma	ênfase	à	doença	e	à	cura”.	
Os	 egípcios	 estudaram	 ayurveda	 graças	 às	 incursões	 de	 Alexandre,	 o	 Grande;	 em	
1827,	o	primeiro	curso	superior	de	ayurveda	começou	a	ser	ministrado	na	Government	
Sanskrit	College	 (Faculdade	de	Sânscrito),	em	Kolkata,	na	 Índia,	e	daquele	tempo	até	
hoje,	 como	a	 água,	 o	ayurveda	 segue	permeando	nossa	 curiosidade,	 especialmente	
por	ser	tão	antigo	e	tão	aplicável	à	vida	moderna;	em	2003,	o	governo	federal	indiano	
repaginou	o	Ministério	do	Ayurveda	(AYUSH)	e,	atualmente,	o	AYUSH	se	responsabiliza	
pela	ampliação	de	universidades,	pesquisas	e	chancelamento	de	medicamentos	que	
englobam	ayurveda,	unani	(compêndio	de	medicina	árabe),	yoga,	naturopatia,	siddha 
(compêndio	de	manipulação	de	minerais)	e	homeopatia.
7
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
•	 A	 forma	como	essa	 civilização	 toca	 a	humanidade,	 de	 fato,	 tem	algo	de	 especial,	
pois	mesmo	sendo	tão	ancestral,	seu	modo	de	vida	ainda	ressoa	de	forma	positiva	
em	nossa	alma,	aguçando	nossa	curiosidade	e	mantendo	viva	a	intenção	de	buscar	
e	aprofundar	nosso	conhecimento	a	respeito	da	tradição	védica	e	a	busca	de	nossa	
realização pessoal.
•	 Ao	perceber	a	 influência	histórica	que	a	civilização	do	Vale	do	 Indo	exerceu	sobre	
todas	 as	 outras	 sociedades	 com	 que	 tiveram	 contato,	 apesar	 de	 se	 tratar	 de	 um	
conhecimento	ancestral,	ele	permeia	a	história	de	todas	as	épocas.
•	 Somos	 capazes	 de	 observar	 o	 universo	 por	 meio	 da	 percepção	 da	 influência	 do	
sagrado,	 do	 poético,	 do	 filosófico	 e	 da	 aplicação	 de	 sua	 percepção	 no	 cotidiano	
ancestral	e	sua	influência	na	vida	contemporânea.
RESUMO DO TÓPICO 1
8
AUTOATIVIDADE
1	 O	interesse	do	Ocidente	na	tradição	védica	se	inicia	de	fato	a	partir	dos	anos	1970,	
pois	uma	banda	de	música	britânica	teve	a	oportunidade	de	viajar	para	lá	a	fim	de	
participar	de	um	retiro	espiritual.	Considerando	isso,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 A	 banda	 Led	 Zeppelin	 trouxe	 ensinamentos	 da	 Índia	 para	 o	 Ocidente	 após	
passarem	três	meses	nesse	retiro.
b)	 (			)	 A	banda	Deep	Purple	foi	quem	estreitou	os	laços	entre	o	Ocidente	e	o	Oriente.
c)	 (			)	 A	banda	The	Beatles	inspirou	a	conexão	com	a	música	indiana,	a	raga,	o	yoga 
e o ayurveda,	e	possibilitou	que	muitos	mestres	indianos	passassem	a	visitar	o	
Ocidente.
d)	 (			)	 A	banda	Pink	Floyd	escreveu	a	música	The wall	 inspirada	na	viagem	que	fizeram	 
à	Índia.
2	 O	governo	 indiano	ajustou	o	que	era	então	 identificado	como	Ministério	da	Saúde	
indiano	para	um	totalmente	novo	ministério,	chamado	AYUSH.	Esse	ajuste	ocorreu	
devido	 à	 necessidade	 de	 enfatizar	 modelos	 de	 cuidados	 da	 saúde	 tradicionais.	
Considerando	isso,	analise	as	afirmativas	a	seguir:
I-	 Ayurveda,	yoga,	naturopatia,	unani,	siddha	e	homeopatia	fazem	parte	das	disciplinas	
e	das	modalidades	contempladas	pelo	AYUSH.
II-	 Unani	é	o	sistema	de	medicina	tradicional	árabe.
III-	 Na	Índia,	não	se	estuda	homeopatia.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	III	está	correta.
3	 Com	 a	 efervescência	 natural	 das	 tribos	 em	 suas	 excursões	 e	 peregrinações	
exploratórias	à	Bacia	do	Ganges,	o	povo	 indiano	passou	a	receber	e	acolher	todos	
os	interessados	em	seguir	e	estudar	a	tradição	védica.	Considerando	essa	afirmação,	
classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	A	civilização	do	Vale	do	Indo	é	considerada	uma	das	primeiras	civilizações	do	mundo:	
seu	registro	de	surgimento	se	refere	a	3300	a.C.
(			)	A	fabulosa	terra	das	armas,	de	exímios	guerreiros	e	belíssimas	dançarinas	sempre	
ofereceu	uma	perspectiva	atraente	para	mercadores	e	conquistadores.
(			)	Os	persas	estudaram	ayurveda	graças	às	incursões	de	Alexandre,	o	Grande.
9
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	-	F	-	F.
b)	 (			)	 V	-	F	-	V.
c)	 (			)	 F	-	V	-	F.
d)	 (			)	 F	-	F	-	V.
4	 Segundo	 Feuerstein	 (2005,	 p.	 99),	 "[...]	 vem	 da	 Índia	 a	 maior	 contribuição	 à	
espiritualidade	 mundial,	 inspirando	 inclusive	 muitas	 nações	 ocidentais,	 tão	 carentes	
nesse	sentido”.	O	Oriente,	especialmente	a	 Índia,	 reflete	a	 importância	da	sacralidade.	
Considerando	a	afirmação,	disserte	sobre	o	motivo	pelo	qual	a	cultura	do	sagrado	
passou a ganhar espaço em nossa sociedade.
FONTE: FEUERSTEIN, G. A tradição do yoga. 2. ed. São Paulo: Pensamento, 2005.
5	 Além	da	 busca	 do	 entendimento	 de	 si	 poder	 ser	 proporcionada	pelos	 estudos	 da	
tradição	védica	e	pelo	amor	ao	conhecimento	que	vem	do	uso	da	filosofia	em	nosso	
dia	a	dia,	acessamos	as	matrizes	mais	diversas	sobre	tudo	o	que	faz	parte	de	nossavida	privada	e	em	sociedade.	Nesse	sentido,	disserte	porque	os	ensinamentos	da	
tradição védica são considerados atemporais.
10
11
A ÍNDIA
UNIDADE 1 TÓPICO 2 — 
1 INTRODUÇÃO
Como	era	a	vida	na	região	da	Índia	há	7	mil	anos?	Essa	ainda	é	uma	pergunta	
que	não	quer	se	calar	e	existem	muitas	variações	nas	 respostas	que	tangem	a	essa	
questão.	Uma	visão	que	podemos	considerar	é	a	colonialista,	datada	do	século	XIX.	
O	maior	linguista,	orientalista	e	mitólogo	alemão,	Max	Müller	(1859),	defende	que	
a	civilização	do	Vale	do	Indo	teria	entrado	em	conflito	com	um	povo	nômade	e	bárbaro,	
chamado	arianos	védicos.	Esse	suposto	conflito	teria	acontecido	por	volta	do	século	II	
a.C.,	e	foi	 identificado	nessa	 região	o	hinduísmo	primitivo	ou	brahmanismo,	 segundo	
Renou	(1979	apud	TINOCO,	2005).
Em	1921,	chegou	até	nós	a	ciência	das	descobertas	de	vestígios	arqueológicos	
nas	regiões	de	Mohenjo-daro	e	Harappa,	às	margens	do	rio	Indo,	onde	atualmente	se	
situa	o	Paquistão.	Isso	fortaleceu	a	teoria	defendida	por	hindólogos,	eruditos,	estudiosos	
do	 Oriente,	 entre	 eles	 Georg	 Feuerstein	 (2005):	 a	 de	 que	 nunca	 houvera	 qualquer	
invasão	de	povos	bárbaros.	Essa	descoberta	também	contribuiu	para	elucidar	que	os	
arianos	seriam	também	naturais	da	região	do	Vale	do	Indo,	e	não	nômades.	Era	um	povo	
de	hábitos	pacíficos	e,	por	conta	dessa	característica,	estabeleceu,	de	forma	natural	e	
gradual,	a	sua	cultura	a	outros	povos	que	por	ali	passavam.
O brahmanismo	não	seria,	portanto,	uma	 religião	 "clandestina",	à	margem	da	
tradição	védica,	e	o	sânscrito	 já	era	a	 língua	nativa	 local.	Esse	novo	cenário	permitiu	
inferir	 que	a	cultura	védica	 sempre	pertenceu	à	cultura	ancestral	 da	 Índia,	 e	que	os	
vedas	representam	o	que	há	de	mais	legítimo	acerca	das	tradições	espirituais	existentes	
nessa região.
Os	 vestígios	 encontrados	 nas	 escavações	 desconstroem	 a	 teoria	 da	 existência	
de	batalhas	 ou	de	um	processo	de	 "descontinuidade"	 defendido	 anteriormente.	 Se	não	
houve	conflitos	e	se	os	povos	conviviam	na	região	pacatamente,	o	que	ocorreu	foi	uma	
constância,	uma	progressão	 instintiva	na	permuta	cultural,	alcançando	a	predominância	 
de	uma	dessas	culturas	sobre	as	demais.
Os	grupos	étnicos	que	formaram	a	Índia	eram	os	aborígenes,	classificados	como	
proto-australoides,	 por	volta	 de	 7000	 a.C.;	 segundo	Aghorananda	 (2006,	 p.	 35),	 “[...]	
os	proto-australoides,	ou	aborígenes	da	 Índia,	falavam	línguas	características	munda	 
ou	kolárias”.	
12
Aproximadamente	 em	 3000	 a.C.,	 o	 Vale	 do	 Indo	 foi	 ocupado	 e	 explorado	 por	
uma	civilização	conhecida	como	dravídica,	a	qual	deu	origem	às	cidades	do	eixo	do	Vale	 
Indo-Sarasvati	(os	dois	principais	rios	da	região).	
Em	1800	a.C.,	foi	 registrada	a	chegada	dos	arianos,	não	de	uma	vez	só,	mas	
em	grupos,	que	foram	estabelecendo	uma	supremacia	cultural	e	linguística	(falavam	o	
sânscrito)	sobre	as	demais	culturas.
Alguns	aspectos	da	pré-história	dravidiana,	com	base	no	vocabulário,	abordam	a	
história	das	tribos	dravidianas.	Está	aberto	com	um	resumo	útil	da	história	 linguística	de	
dravidianos.	Com	base	em	um	extenso	e	bem-organizado	vocabulário	protodravidiano	
de	termos	culturais,	Southworth	(2004,	p.	255)	reconstrói	vários	aspectos
[…]	 da	 cultura	 protodravidiana,	 como	 agricultura;	 relações	 políticas,	
sociais	e	econômicas;	cultura	material;	e	tecnologia.	Uma	conclusão	
importante	 que	 se	 pode	 tirar	 desta	 análise	 é	 que	 o	 vocabulário	
reconstruído	do	proto-sul	dravidiano	 implica	uma	sociedade	que	é	
muito	mais	 avançada	do	que	qualquer	 encontrado	no	 sul	 da	 Índia	
antes	do	início	do	final	do	período	de	antes	de	Cristo.	
Há	muita	 divergência	 entre	 as	 teorias,	muita	 vanglória	 na	 interpretação	 dos	
textos	que	as	sustentam.	Afinal,	o	que	é	mais	 importante	para	a	humanidade:	datas	
exatas	que	satisfariam	muito	mais	egos	do	que	a	ciência	ou	os	benefícios	que	essa	
cultura	trouxe	para	o	mundo	ocidental?
Adiante	entenderemos	os	aspectos	da	 Índia	na	atualidade	e	como	toda	essa	
influência	ancestral	 ainda	permeia	a	vida	moderna,	marcando	e	determinando	ainda	
certos comportamentos sociais e crenças.
2 A ÍNDIA MODERNA
A	 Índia	 está	 localizada	 no	 sul	 da	 Ásia	 e	 é	 o	 segundo	 país	 mais	 populoso	 e	
democrático	do	mundo.	
Segundo	o	colunista	Jorge	Fonseca	de	Almeida,	do	Jornal de Negócios (2021,	
s.	p.),	“A	Índia	é	a	maior	democracia	do	mundo.	As	suas	instituições	foram	herdadas	do	
colonialismo	britânico.	Como	em	Portugal	existe	um	parlamento	eleito	e	o	presidente	é	
escolhido	pelo	voto	dos	cidadãos”.	
Ela	é	banhada	por	água	em	três	lados:	a	Baía	de	Bengala	a	sudeste,	o	Oceano	
Índico	a	sul	e	o	Mar	Arábico	a	sudoeste.	Os	países	vizinhos	incluem	China,	Nepal	e	Butão	
a	nordeste,	Paquistão	a	oeste,	Bangladesh	e	Mianmar	a	leste.	Várias	fronteiras	do	norte	 
da	 Índia	estão	em	disputa,	com	a	China	e	o	Paquistão	 reivindicando	algum	território	
(ÍNDIA,	2022).
13
Hoje temos muitos filmes indianos disponíveis, faz muito sentido assisti-
los. Isso porque a cultura indiana tem um quê de autoestima fortalecida; 
embora, em muitos momentos históricos, têm sido subjugados por outras 
culturas e sociedades, os indianos jamais se afastam das suas crenças e 
do seu estilo de vida. Recomendamos o filme Pad man, que é baseado em 
uma história real.
DICA
A	 Índia	 tem	 uma	 população	 de	 aproximadamente	 1,5	 bilhão	 de	 pessoas	 e	 deve	
se	tornar	o	mais	populoso	do	mundo	(COUNTRY	METERS,	2022).	Ela	também	tem	a	maior	
população	de	jovens	e	o	maior	número	de	indianos	que	vivem	no	exterior	(15,6	milhões).	
Estima-se	 que	 a	 Índia	 tenha	 mais	 de	 2	 mil	 grupos	 étnicos	 que,	 para	 fins	
governamentais,	 são	 separados	 com	 base	 nas	 famílias	 linguísticas,	 com	 o	 povo	
dravidiano	ao	sul	e	o	indo-ariano	ao	norte.	
É	um	país	peculiar	por	várias	razões	e	uma	delas	é	a	grande	semelhança	com	o	
Brasil,	não	sendo	à	toa	que	em	nosso	“descobrimento”	os	portugueses	pensaram	que	
tinham	chegado	à	Índia.
Há	 algumas	 histórias	 engraçadas	 como,	 por	 exemplo,	 a	 origem	 da	 manga	
(Mangifera indica L.):	segundo	os	indianos,	essa	fruta	foi	levada	para	o	território	indiano	
depois	que	um	cozinheiro	indiano	de	uma	nau	portuguesa	levou	um	caroço	para	a	sua	
terra natal.
A	 diversidade	musical	 e	 artística	 é	 extremamente	 encantadora,	 percorrendo	 as	
clássicas,	 as	 folclóricas	 e	 as	 populares,	 sendo	uma	 joia	 real.	 Os	 dois	 tipos	principais	 de	
música	clássica	são	a	hindustani e a carnatic,	sendo	esta	também	conhecida	por	raga,	
e estão relacionados ao sul da Índia e remontam aos vedas,	assim	como	o	ayurveda 
(NEUMANN,	2015).
No filme O discípulo, é possível observar a intenção de aprender 
música clássica indiana. Esse comportamento na busca pela 
excelência é algo que às vezes conduz às pessoas a crises 
existenciais. No contexto indiano da história, é possível fazer 
muitos paralelos com os dilemas que também afligem aos 
ocidentais. Então, em vez de a música ser uma forma de acessar 
o estado da arte e se conectar com o divino, se transforma em 
um algoz de perfeccionismo.
DICA
14
O estilo hindustani	 teve	 influências	 da	 Pérsia	 e	 da	 Carnatic,	 focando	 em	
composições	 védicas	 (samaveda e rgveda),	 sendo	 orações	 e	 louvores	 à	 vida.	 Para	
a	 execução	 dessas	 músicas,	 são	 utilizados	 a	 veena	 (instrumento	 de	 cordas	 que	 é	
dedilhado),	a	cítara	 (uma	variação	da	veena),	a	tabla	 (instrumento	de	percussão)	e	o	
taus	(instrumento	de	corda)	(NEUMANN,	2015).
Como	 todas	 as	manifestações	 artísticas	 na	 cultura	 indiana,	 a	música	 clássica	
desse	 país	 é	 considerada	 sagrada	 e	 se	 originou	 dos	devas e devis	 (deuses	 e	 deusas	
hindus).	Antigos	postulados	também	descrevem	a	conexão	da	origem	dos	swaras,	 ou	 
notas	musicais,	com	os	sons	de	animais,	como	os	pássaros,	e	as	tentativas	do	homem	
em	 simular	 esses	 sons	 por	 meio	 de	 um	 delicado	 senso	 de	 observação	 e	 acuidade	
auditiva	(NEUMANN,	2015).
FIGURA 2 – MÚSICA CLÁSSICA INDIANA
FONTE: <https://shutr.bz/3IEKcga>.Acesso em: 2 mar. 2022.
A	Índia	também	tem	uma	próspera	indústria	de	música	contemporânea	e	é	o	
lar	de	muitos	estilos	de	dança,	como	a	clássica	nritya sangam,	a	folclórica,	a	tribal	e	a	
contemporânea,	popularmente	conhecida	como	Bollywood (NEUMANN,	2015).
A	dança	é	tão	variada	que	a	Sangeet	Natak	Akademi	 (Academia	Nacional	de	
Música,	 Dança	 e	 Drama)	 reconhece	 oito	 estilos	 diferentes	 de	 dança	 clássica,	 sendo	
um deles o kathak,	 em	que	o	dançarino	 representa	as	histórias	de	deuses	e	deusas	
(NEUMANN,	2015).
15
FIGURA 3 – ATORES DE KATHAK
FONTE: <https://shutr.bz/3HDlPOO>. Acesso em: 2 mar. 2022.
Tal	qual	a	dança	e	a	música,	a	culinária	indiana	é	um	verdadeiro	espetáculo,	pois	
eles	 têm	habilidades	 incríveis	 de	 combinar	 especiarias	 na	 composição	 de	 cada	 prato.	
Contam	com	uma	grande	variedade	de	alimentos,	ervas,	especiarias,	frutas	e	vegetais	
cultivados	localmente.	Na	base	da	alimentação	da	população,	temos	o	arroz	basmati,	a	
farinha	de	trigo	e	muitas	lentilhas.
Grande	parte	da	população	indiana	é	vegetariana.	Um	prato	popular	da	região	norte	
é	o	frango	tandoori,	que	é	marinado	em	buttermilk	e	temperado	com	pimenta-vermelha	em	
pó,	açafrão	e	pimenta-caiena	antes	de	ser	cozido	em	um	forno	de	barro	(conhecido	como	
tandoor).	Já	na	região	sul	um	prato	típico	é	a	masala dosa,	feito	com	arroz,	lentilha,	batata,	
feno	grego	e	folhas	de	curry,	sendo	servido	com	chutneys e sambhar.
3 IDIOMA
O	idioma	mais	falado	na	Índia	é	o	híndi,	embora	o	inglês	seja	importante	para	a	
comunicação	nacional,	política	e	comercial.	Há	uma	diversidade	de	línguas	faladas,	com	
no	mínimo	122	línguas	principais	e	mais	de	1.500	outras	línguas.
Christopher	Moseley	(2010),	editor	do	Atlas das línguas em perigo,	publicado	pela	
Organização	das	Nações	Unidas	para	Educação,	Ciência	e	Cultura	(Unesco)	em	2010,	
reconhece	o	seguinte	idioma	como	oficial:	Híndi.
•	 Língua	oficial	da	administração	federal:	inglês.
•	 Línguas	oficiais	reconhecidas	pelo	governo	federal:
◦ Assamês	–	língua	oficial	de	Assam.
◦ Bengalês	–	língua	oficial	de	Bengala	Ocidental.	
◦ Bodo	–	língua	oficial	de	Assam.
◦ Canará	–	língua	oficial	de	Karnataka.
◦ Caxemira	–	língua	oficial	de	Jammu	e	Caxemira.	
16
◦ Concânio	–	língua	oficial	de	Goa.
◦ Dogri	–	língua	oficial	de	Jammu	e	Caxemira.
◦ Guzerate	–	língua	oficial	de	Dadrá,	Nagar-Aveli,	Damão,	Diu	e	Guzerate.
◦ Híndi	 –	 língua	 oficial	 de	 Arunachal	 Pradesh,	 Ilhas	 Andamão	 e	 Nicobar,	 Bihar,	
Chandigarh,	Chhattisgarh,	Deli,	Haryana,	Himachal	Pradesh,	Jharkhand,	Madhya	
Pradesh,	Rajastão,	Uttar	Pradesh	e	Uttaranchal.	
◦ Maithili	–	língua	oficial	de	Bihar.	
◦ Malaiala	–	língua	oficial	de	Kerala	e	das	Laquedivas.
◦ Manipuri ou Meithei	–	língua	oficial	de	Manipur.	
◦ Marata	–	língua	oficial	de	Maharashtra.	
◦ Nepali	–	língua	oficial	de	Siquim.	
◦ Oriá	–	língua	oficial	de	Orissa.	
◦ Panjabi	–	língua	oficial	do	Panjabe,	segunda	língua	oficial	de	Deli	e	Haryana.
◦ Sânscrito	–	língua	do	hinduísmo,	obrigatória	em	muitas	escolas.	
◦ Tâmil	–	língua	oficial	de	Tâmil	Nadu	e	Pondicherry.
◦ Telugo	–	língua	oficial	de	Andhra	Pradesh.	
◦ Urdu	–	língua	oficial	de	Jammu	e	Caxemira,	alguns	distritos	em	Andhra	Pradesh,	
Deli	e	Uttar	Pradesh.
4 SÂNSCRITO
Sanskritam	 é	 um	 adjetivo	 composto	 por	 duas	 palavras:	 sam,	 que	 significa	
“bem”,	“bom”,	“perfeito”,	e	krta,	que	significa	“feito”,	“formado”,	“funciona”.	Essa	preciosa	
etimologia	 indica	 uma	 obra	 que	 foi	 bem	 preparada,	 pura	 e	 perfeita,	 polida,	 sagrada	
(HART,	2006).
O estudo do sânscrito agrega muito conhecimento à estruturação 
do pensamento ayurvédico, pois, além de promover as conexões 
necessárias entre os termos, proporciona benefícios fisiológicos, 
por ser o único idioma que utiliza todos os nervos da língua, 
melhora consideravelmente a irrigação sanguínea dessa região, 
da face e do crânio. Uma bela curiosidade é que o estudo 
do sânscrito é recomendado como processo terapêutico na 
recuperação de pessoas com doenças neurodegenerativas.
INTERESSANTE
17
Segundo	Hart	 (2006,	p.	7),	 “[...]	o	sânscrito	talvez	seja	o	único	fio	que	une	as	
muitas	 culturas	 díspares	 da	 Índia”,	 logo	 isso	 seria	 motivo	 suficiente	 para	 qualquer	
estudante	da	 Índia	 aprendê-lo,	mas	há	 outras	 razões	que	 são	 igualmente	válidas.	O	
sânscrito ou samskritabhāsa	 (a	 língua	 refinada)	 evoluiu	 da	 língua	 em	 que	 os	 vedas 
foram	escritos	 em	algum	momento	na	última	metade	do	 segundo	milênio	 a.C.,	 uma	
língua	conhecida	como	védico	ou	sânscrito	védico.
Cogitamos	que	o	sânscrito	védico	poderia	nunca	ter	sido	realmente	uma	língua	
falada	pelas	pessoas	comuns,	sendo	padronizado	de	uma	vez	por	todas	pelo	grande	
gramático	Păpini	e	seus	predecessores	por	volta	do	século	V	a.C.	Daquela	época	até	a	
hegemonia	dos	muçulmanos,	permaneceu	como	a	principal	língua	usada	na	Índia	para	 
a	comunicação	de	uma	região	para	outra.	Além	disso,	foi	a	 língua	usada	para	grande	
parte	da	atividade	cultural	da	região	por	quase	2	mil	anos.	Como	o	chinês,	o	árabe,	o	
grego	e	o	latim,	foi	uma	das	poucas	línguas	portadoras	de	uma	cultura	por	um	longo	
período	de	tempo.
Assim,	 a	 importância	 e	 a	 quantidade	 desses	 escritos	 são	 impressionantes	 e	
podemos citar os vedas,	as	upanishads,	a	literatura	clássica,	a	literatura	erótica,	a	filosofia,	
a	religião,	a	medicina,	a	matemática,	as	leis,	os	rituais,	a	arquitetura,	a	história	etc.	Sobre	a	
maioria desses assuntos existe uma imensa literatura ainda existente.
De	fato,	há	uma	estimativa	aproximada	das	obras,	que	são	listadas	em	um	total	
de	cerca	de	160	mil	que	ainda	estão	somente	em	sânscrito,	muitas	delas	tão	difíceis	
que	 seriam	necessários	 anos	de	estudo	para	 compreendê-las	 adequadamente.	Como	
exemplo	de	obra	literária,	citamos	o	Mahabharata,	que	pode	ser	considerado	como	a	
Ilíada e a Odisseia.
Todas	as	línguas	indianas	(exceto	o	tâmil e o urdu)	utilizam	o	sânscrito	para	a	
maior	parte	de	seu	vocabulário	técnico,	pois	esse	vocabulário	tem	dezenas	de	milhares	 
de	palavras	inalteradas.	A	Índia	antiga	e	a	medieval	conhecem	apenas	o	sânscrito.
18
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
•	 A	percepção	e	o	entendimento	da	preservação	da	cultura	social,	religiosa	e	artística	
fazem	 com	 que	 reforcemos	 a	 percepção	 da	 força	 dessa	 cultura.	 Dessa	 forma,	
podemos	entender	que,	de	fato,	toda	tradição	védica	resiste	e	perdura	às	invasões	
que	a	região	sofreu.
•	 A	 identidade	 cultural	 e	 educacional	 é	 preservada	 pelo	 sânscrito,	 além	 de	 toda	 a	
importância	que	esse	idioma	tem	para	a	preservação	do	estudo	da	tradição	védica.
•	 O	sagrado	é	fundamental	em	tudo	o	que	tange	a	vida,	logo,	a	partir	do	momento	em	
que	nos	tornamos	terapeutas,	nos	vemos	capazes	de,	ao	menos	durante	o	processo	
terapêutico,	a	pessoa	que	nos	buscou	acesse	um	local	sagrado.
•	 Mesmo	 a	 Índia	 sendo	 um	país	 que	 está	 se	modernizando,	 os	 registros	 ancestrais	
permanecem	preservados	e	são	transmitidos	a	todos	que	buscam	se	aprofundar	na	
essência	desse	povo	e	dessa	cultura.
RESUMO DO TÓPICO 2
19
AUTOATIVIDADE
1	 Na	história	da	Índia,	essencialmente,	o	mundo	naquela	região	vivia	a	efervescência	
do	 comércio	 de	perfumes,	 sedas	 e	 especiarias,	 e	 que	 tem	 registros	 de	mais	 de	 7	
mil	anos,	mesmo	parecendo	impossível	imaginar	essa	situação	em	um	momento	tão	
distante.	Nesse	contexto,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 A	 Índia	pré-histórica	foi	 confirmada	pelos	achados	arqueológicos	em	Mohenjo-
daro	e	isso	confirmou	que	essa	região	é	a	civilização	mais	antiga	da	história.
b)	 (			)	 Escavações	em	Mysore,	em	2900	a.C.,	indicam	que	a	Índia	é	a	civilização	mais	
antiga da história.
c)	 (			)	 Os	 épicos	 mais	 importantes	 da	 civilização	 indiana	 são	 o	 Mahabharata e o 
Horoshastra.
d)	 (			)	 Cada	um	dos	principais	vedas	se	divide	em	oito	seções.
2 O sânscrito ou samskritabhāsa	(a	língua	refinada)	evoluiu	da	língua	em	que	os	vedas 
foram	escritos	em	algum	momento	na	última	metade	do	segundo	milênio	a.C.,	uma	
língua	conhecida	como	védico	ousânscrito	védico.	Considerando	o	exposto,	analise	
as	afirmativas	a	seguir:
I-	 O	estudo	do	sânscrito	agrega	muito	conhecimento	à	estruturação	do	pensamento	
ayurvédico,	 pois,	 além	 de	 promover	 as	 conexões	 necessárias	 entre	 os	 termos,	
proporciona	benefícios	fisiológicos	por	ser	o	único	idioma	que	utiliza	todos	os	nervos	 
do nariz.
II-	 Objetivamente,	por	ser	o	único	idioma	que	utiliza	todos	os	nervos	da	língua,	melhora	
consideravelmente	a	irrigação	sanguínea	dessa	região,	da	face	e	do	crânio.
III-	 A	Unesco	reconhece	1.550	línguas	oficiais	na	Índia.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	III	está	correta.
3	 A	 manifestação	 artística	 indiana	 é	 riquíssima.	 Quando	 focamos	 nas	 execuções	
musicais,	nos	deparamos	com	uma	variedade	de	instrumentos,	além	da	influência	de	
outros	povos	nos	arranjos	da	Antiguidade	e	nos	contemporâneos.	Considerando	essa	
afirmação	e	nossos	estudos,	classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	 
as	falsas:
20
(  	)	O	 estilo	 hindustani	 teve	 influências	 da	 Pérsia	 e	 da	 Carnatic,	 sendo	 focado	 em	
composições	védicas	(samaveda e rgveda),	que	são	orações	e	louvores	à	vida.
(	  )	Para	a	execução	da	raga,	a	tabla	(instrumento	de	cordas	que	é	dedilhado),	a	cítara 
(uma	variação	da	veena),	a	tambura 	(instrumento	de	percussão)	e	o	taus	(instrumento	
de	corda)	são	alguns	dos	instrumentos	usados	nesse	tipo	de	música.
(   )	Como	todas	as	manifestações	artísticas	na	cultura	indiana,	a	música	clássica	desse	
país	é	considerada	sagrada	e	se	originou	dos	devas e das devis	(deuses	e	deusas	
hindus).
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	-	F	-	F.
b)	 (			)	 V	-	F	-	V.
c)	 (			)	 F	-	V	-	F.
d)	 (			)	 F	-	F	-	V.
4	 O	sânscrito,	em	algumas	fontes,	é	considerado	uma	 língua	morta.	Ele	surgiu	de	uma	
variedade	pré-clássica	chamada	de	sânscrito	védico,	língua	usada	no	compêndio	que	
compreende todos os vedas.	Disserte	sobre	o	sânscrito	ser	ou	não	ser	um	idioma	morto.
5	 As	descobertas	de	vestígios	arqueológicos	nas	regiões	de	Mohenjo-daro	e	Harappa,	
às	margens	do	rio	Indo,	onde	atualmente	se	situa	o	Paquistão,	indicou	a	hindólogos,	
eruditos,	 que	 nunca	houve	 qualquer	 invasão	 de	 povos	 bárbaros.	Disserte	 sobre	 o	
motivo	pelo	qual	você	acredita	que	essa	afirmação	é	coerente.
21
TÓPICO 3 — 
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A	Índia	realizou	muitas	manifestações	na	esfera	da	ciência,	astrologia,	cultura,	
arte,	 arquitetura,	 matemática	 e	 astronomia.	 Contudo,	 a	 realização	 mais	 importante	
ocorreu	no	campo	do	pensamento;	 com	um	compêndio	bem	composto,	 acomodava	
incumbências	práticas	da	existência	com	a	filosofia.
Usaremos muitos termos em sânscrito para nos aprofundar 
em seus significados, pois ele preserva a riqueza do significado 
da palavra e facilita a construção do pensamento ayurvédico no 
aprendizado. Tenha acesso a um bom dicionário de sânscrito em: 
https://estudesanscrito.com/.
DICA
A	 filosofia	 (do	 latim	 amor	 ao	 conhecimento)	 da	 Índia	 não	 seria	 apenas	 um	
exercício	da	 razão,	e	sim	a	manifestação	elegante	do	sutil	e	do	denso,	do	 racional	e	
do	 emocional,	 do	 lógico	 e	 do	 intuitivo.	 O	 objetivo	 do	 conhecimento	 não	 é	 o	 próprio	
conhecimento,	mas	sim	o	entendimento	da	importância	do	contato	interno,	da	própria	
soberania	adquirida	pela	luminosidade	do	exercício	da	sapiência	na	vida	cotidiana.
Como	obras	formidáveis,	podemos	citar:	brahmanas,	que	são	os	comentários	
feitos	por	estudiosos	dos	vedas	a	respeito	dos	mantras	e	hinos	védicos.	Grande	parte	
dos vedas	foi	escrito	em	verso,	para	facilitar	a	memorização	e	acessos	a	essas	chaves	de	
conhecimento,	e	as	explicações	associadas	têm	por	objetivo	esmiuçar	o	que	está	sendo	 
dito,	trazendo	o	significado	profundo	de	cada	sutra	(verso);	aranyakas,	que	também	derivam	
das	escrituras	definidas	como	os	brahmanas,	todavia	trazem	conteúdos	ritualísticos	que	
devem	 ser	 acessados	 somente	 pelas	 pessoas	 que	 passaram	 pelos	 ritos	 sagrados	 da	
iniciação	que	os	habilita	a	acessar	esses	versos	esotéricos;	por	fim,	upanishads,	que	
têm	o	significado	de	 “sentar-se	abaixo	e	próximo”	do	mestre	ou	professor	para	ouvir	
uma	instrução.	São	a	parte	mais	recente	dos	vedas e estão popularmente associados 
ao vedanta.	Podemos	afirmar,	então,	que	essas	são	as	principais	fontes	de	composição	
da	literatura	que	hoje	conhecemos	por	vedas.
22
2 MUITO ALÉM DO INCENSO
Darśana,	 em	 sânscrito,	 é	 o	 termo	 utilizado	 para	 filosofia,	 com	 raiz	 dṛś,	 que	
significa	“ver”	ou	“observar”,	e	pode	ser	traduzido	como	“ponto	de	vista”.
Os	 sábios	 indianos	 detinham	 discernimento	 para	 a	 percepção	 apurada:	 eles	
observavam	com	olhos	de	ver	e	ouviam	com	ouvidos	de	ouvir,	ou	seja,	estavam	atentos	
ao	que	era	autêntico,	espontâneo,	tanto	em	nível	sutil	quanto	no	físico.	O	objetivo	de	
estudar	filosofia	não	se	tratava	meramente	de	exercitar	o	intelecto,	e	sim	de	encontrar	
uma	visão	da	realidade.	Um	darśana	era	tradicionalmente	transmitido	de	forma	oral,	do	
professor	(guru)	para	o	aluno	(chela).	Após	um	darśana	ser	registrado	por	escrito,	ele	
passava	a	ser	classificado	como	sruti	(ouvido)	e	smriti	(memorizado)	(PAYNE,	1997).
Dentro	da	categoria	do	conhecimento	que	foi	ouvido,	os	brahmanas	 (compostos	
entre	os	séculos	VIII	e	VI	a.	C.)	são	obras	de	cunho	ritualístico,	em	que	são	descritos	
rituais	 solenes	 com	 oferendas,	 e	 a	 construção	 de	 um	 altar	 em	 forma	 de	 águia,	 por	
exemplo	(PAYNE,	1997).
Savitri	Dhawan	(1997)	ressalta	que	os	aranyakas	oferecem	técnicas	de	meditação	
(upasanas)	sobre	determinados	símbolos,	chamados	de	yantras,	bem	como	asceses	
específicas	a	fim	de	alcançar	realizações	também	específicas.
Por	 fim,	 as	 upanishads,	 “[...]	 que	 estão	 relacionadas	 com	 o	 caminho	 do	
conhecimento	 (jñanamarga)	 por	 meio	 da	 execução	 (karmamarga),	 do	 excessivo	
ritualismo	dos	atos	e	sacrifícios	rituais,	executados	pelos	sacerdotes	com	objetivo	de	
realização	 espiritual”	 (DHAWAN,	 1997,	 p.	 61).	Assim,	 podemos	 entender	 que	 estamos	
oficialmente	apresentados	ao	que	chamamos	hoje	de	tradição	védica.	Todo	conhecimento	
da	tradição	védica	era	e	é	até	hoje	transmitido	de	forma	oral,	conservando	seu	formato	
de	 memorizar	 em	 versos,	 que	 são	 sistematicamente	 ouvidos	 e	 reproduzidos	 pelos	 
que	 buscam	 esse	 conhecimento.	 Para	 complementar	 essa	 construção,	 a	 argamassa	
utilizada	é	a	possibilidade	de	ouvir	um	professor,	um	mestre,	um	guru,	se	aprofundar	no	
significado	de	cada	termo,	de	cada	palavra	e	de	cada	frase	que	compõe	um	sutra	(verso).
FIGURA 4 – SUTRA
FONTE: <https://shutr.bz/3sDd4A6>. Acesso em: 2 mar. 2022.
23
Os vedas	são	uma	compilação	de	obras	que	celebram	os	elementos	da	vida,	e	
vida	em	sua	manifestação	geral,	por	exemplo:	muitas	plantas,	algumas	agora	extintas	e	
algumas ainda usadas no ayurveda,	foram	originalmente	descritas	nos	vedas.
As	upanishads	 carregam	a	 essência	filosófica	dos	vedas,	 oferecem	explicações	
a	respeito	de	práticas	espirituais,	ensinamentos	herméticos,	elucubrações	relacionadas	à	
origem	do	ser	humano	(purusha),	do	absoluto	(Brahma)	e	do	eu	(atma).	As	mais	antigas	
upanishads são chamadas de vedanta	 (o	 último	 conhecimento).	 Na	 obra	 de	George	
Feuerstein	(2005,	p.	172,	grifo	nosso),	temos	a	explicação	sobre	o	que	é	a	upanishad e 
os seus temas principais:
[...]	 upanishd	 significa	 “sentar-se	 próximo	 ao	 chão	 perto	 de”	 é	
composta	por	três	palavras:
Upa	–	perto,	próximo.
Ni	–	embaixo.
Shad – sentar.
Ela	 não	 era	 de	 acesso	 geral:	 as	 pessoas	 que	 queriam	 esse	 conhecimento	
deveriam	se	aproximar	dos	sábios	professores	com	o	respeito	e	a	humildade	necessários.	
A	doutrina	gira	em	torno	de	quatro	eixos	conceituais	interconectados:
Em	primeiro	lugar,	a	realidade	suprema	do	universo	é	absolutamente	
igual	à	nossa	essência	íntima;	Brahma	éatma e atma	é	Brahma.	
Em	segundo	lugar,	só	a	realização	de	Brahma/atma	libertará	o	ser	do	
sofrimento	e	da	necessidade	de	nascer,	viver	e	morrer.
Em	terceiro	lugar,	os	pensamentos	e	ações	do	ser	determinam	o	seu	
destino – a lei do karma:	cada	qual	se	transforma	naquilo	com	o	que	
se	identifica.	
Em	quarto	lugar,	a	menos	que	o	ser	se	liberte	e	realize	a	realidade	sem	
forma	de	Brahma/atma	em	decorrência	da	sabedoria	superior	(jñana),	
terá	necessariamente	de	 renascer	nos	mundos	celestes,	no	mundo	
humano	 ou	 nos	 mundos	 inferiores,	 dependendo	 dos	 seus	 karmas 
(FEUERSTEIN,	1998,	p.	172,	grifo	nosso).
Então,	 discorrendo	um	pouco	 sobre	 esses	 eixos,	 podemos	 esmiuçar	 cada	um	
deles	para	 refinar	nosso	entendimento: atma	pode	ser	considerado,	nesse	contexto,	a	
essência	divina	que	habita	o	ser	humano,	o	eu,	referenciado	na	Psicologia,	e	Brahma,	
que	também	é	associado	a	uma	divindade	hindu	cujo	nome	significa	“absoluto”,	sendo	
considerado	a	força	de	criação	do	universo	–	na	doutrina	católica,	é	feito	o	sincretismo	
com	Deus;	na	umbanda,	é	feito	com	Oxalá	etc.	
Na	segunda	afirmação,	há	a	indicação	de	que	a	realização	de	Brahma	e	atma 
libertarão	o	ser	do	sofrimento	que,	na	visão	da	tradição	védica,	essa	liberdade	pode	e	
deve	ser	alcançada	enquanto	estamos	vivos,	e	essa	é	a	única	forma	da	real	felicidade.	
Logo,	o	sofrimento	se	dá	pela	 incapacidade	de	percepção	que	eu	sou	Brahma	e	que	
Brahma	sou	eu.	Essa	é	uma	afirmação	que	nos	remete	ao	estudo	do	samkhya,	e	estudar	
essa	percepção	facilita	nosso	entendimento	da	divindade	em	cada	ser.
24
3 OS SEIS DARSANAS
Podemos	dizer	que	os	darsanas	são	ferramentas	muito	importantes	na	obtenção	
do	conhecimento	védico.	Essas	ferramentas	são	utilizadas	na	forja	do	ser	humano,	que	
caminha	pelo	autoconhecimento,	das	seis	visões:	as	primeiras	quatro	se	ocupam	de	
trabalhar	e	moldar	a	percepção	intuitiva,	tal	como	a	tautologia;	a	quinta	é	inspiradora	
e	 emocional;	 e	 a	 última	 traz	 as	 emoções	 e	 o	 intelecto	 para	 trabalhar	 juntos.	 Todas	
conectam	intelecto,	coração,	mente	e	espírito	na	intenção	de	fortalecer	a	perspicácia	na	
observação	e	no	entendimento	da	vida,	pois	seu	principal	objetivo	é	remover	a	ignorância	
e,	 consequentemente,	 seus	 efeitos	 colaterais	 e	 suas	 reações	 adversas	 associadas	 ao	
sofrimento	conduzindo	a	pessoa	à	liberdade,	à	perfeição	e	à	bênção	eterna	da	conexão	
suprema da alma terrena com a alma universal.
Essa	 abordagem	 se	 relaciona	 intimamente	 com	 a	 visão	 que	 recebemos	 hoje	
da	 chamada	 física	 quântica	 na	 teoria	 do	macrocosmo	 e	 do	microcosmo.	 No	 entanto,	
essa	 referência	 também	 já	 ficou	 famosa	 no	 livro	 Caibalion,	 cujos	 autores	 trazem	 os	
ensinamentos	 de	 Hermes	 Trismegisto,	 tal	 como	 foi	 ensinado	 nas	 escolas	 herméticas	
daquele	 tempo.	 Esses	 ensinamentos	 são	 compostos	 por	 sete	 princípios,	 sendo	 um	
deles	o	da	correspondência:	“[...]	o	que	está	em	cima	é	como	o	que	está	embaixo,	e	o	
que	está	embaixo	é	como	o	que	está	em	cima”	(TRISMEGISTO,	1908,	p.	56).
Então,	considerando	essa	ferramenta	como	algo	que	possibilite	aprimorar	nossa	
visão	e	percepção	do	mundo	e	de	todos	os	seres,	nos	habilitamos	a	essa	aptidão.	Sua	
sistematização	respeita	as	premissas	de	facilidade	de	memorização	e	escrita,	assim	o	
estudo	se	torna	eficiente.	
Um	 contraponto	 é	 a	 ortodoxia	 associada	 a	 algumas	 escolas	 na	Antiguidade	
e,	por	essa	razão,	a	Índia	criou	basicamente	duas	linhas	de	acesso	a	esses	conteúdos:	
uma	em	que	a	visão	tradicional	jamais	é	questionada,	e	a	outra	que	possibilita	a	revisão,	
a	reinterpretação	e	a	releitura	de	conceitos	tradicionais	para	que	possam	ser	aplicados	 
à	vida	contemporânea.
Segundo	Brown	 (1999),	 a	 forma	mais	 comum	de	 iniciar	 a	visão	e	 ideologia	 é	
chamada de pramana,	que	significa	“um	meio	válido	de	conhecimento”,	sendo	usada	
para	aquisição	do	novo	e	na	verificação	e	validação	daquilo	estabelecido	anteriormente.	
Logo,	 um	pramana	 é	 um	meio	 de	 provar	 uma	 percepção	 e	 revelar	 a	 existência	 e	 a	
natureza	de	algo	desconhecido,	 por	 exemplo:	 para	validarmos	um	objeto	visto	pelos	
olhos,	usamos	o	tato	para	a	validação	de	sua	existência.
Agora	veremos	uma	breve	definição	de	cada	um	dos	seis	darsanas.
Nyaya e vaiseshika: vaiseshika	é	considerado	o	 início	do	estudo	de	todos	os	
sistemas.	 Usa	 o	 significado	 de	 cada	 palavra	 como	 premissa	 de	 validação,	 pois	 todo	
conhecimento	tem	uma	palavra,	trazendo	em	sua	essência	o	realismo,	enfatizando	as	
diferenças,	associado	à	nyaya. 
25
Nyaya	 significa	 “um	método	para	 estabelecer	 julgamentos”.	 Juntos,	 aceitam	as	
questões	metafísicas	que	acessamos	atualmente	como	realidades	densas	e	sutis,	aliam	
a	 lógica	 e	 a	 percepção,	 e	 a	 palavra	 proferida	 como	um	elemento	 essencial	 na	 aquisição	 
do	conhecimento	(BROWN,	1999).
Samkhya e yoga:	 são	os	dois	meios	de	pensamento	mais	antigos.	A	samkhya 
considera	 o	 espírito	 e	 a	 matéria	 reais	 e	 admite	 a	 pluralidade	 dos	 seres.	 Desdobra	 o	
universo	manifestado	com	toda	a	variedade	e	resultada	em	prakrti,	o	ser	humano	em	sua	 
compleição	pura	e	harmônica.	Em	sua	poética	sutil,	determina	a	mente	em	três	estados:	
equilíbrio,	ousadia	e	 lassidão.	Corpo	e	mente	são	as	duas	faces	de	uma	mesma	moeda	e	
o	 processo	 de	 evolução	 ocorre	 graças	 a	 essa	 combinação.	 Esse	 período	 de	 evolução	 é	
seguido	 pelo	 período	 de	 dissolução,	 quando	 ocorre	 uma	 “latência”,	 em	que	 tudo	 silencia,	
tal	 qual	 uma	 semente	 sobre	 o	 solo,	 maturando	 o	 crescimento	 das	 raízes,	 crescimento	
interno	 para,	 enfim,	 poder	 brotar	 o	 crescimento	 externo.	 Para	 o	 ayurveda,	 samkhya é a 
visão	motriz	e	capaz	de	nos	trazer	toda	a	construção	de	percepção	do	mundo	que	arraiga	
e	 capacita	 a	 mente	 para	 o	 entendimento	 mais	 profundo	 da	 manifestação	 do	 mundo.	
A	 samkhya	 está	 desmembrada	 em	 25	 princípios,	 que	 derivam	 dos	 conceitos	 de	mahat 
(intelecto	divino),	ahamkara	(ego),	tanmatras	(condições	potenciais	das	qualidades,	o	estado	 
sutil	dos	elementos)	e	purusha	(verdade	vital	e	sensível,	ser	universal)	(BROWN,	1999).
Como	 elementos	 principais	 de	 todo	 esse	 desdobramento,	 citamos:	 manas 
(mente),	ahamkara	(desdobrado	em	egoísmo)	e	buddhi	(intelecto).	Sua	função	essencial	
é	receber	estímulos	e	impressões	externas	e	responder	adequadamente	a	elas,	e	essa	
resposta depende de um aparato chamado suksma sareera	(corpo	sutil)	e	sthula sareera 
(corpo	denso),	ou	seja,	a	alma	e	o	corpo	humano	(BROWN,	1999).
Yoga	está	de	mãos	dadas	com	samkhya.	No	bhagavagita,	são	chamados	de	um	
yoga	–	nesse	contexto,	yoga	deve	ser	entendido	e	 interpretado	como	união	de	algo.	No	
caso,	 o	 yoga	 de	 Patanjali,	 que	 conhecemos	 como	 os	 yogasanas	 (posturas),	 referindo-
se	à	união	do	corpo	e	da	mente	à	respiração.	Somente	por	essa	união	ou	por	esse	yoga 
que	os	yoginis	 (praticantes	de	yoga)	conseguem	permanecer	tanto	tempo	em	posturas	
desafiadoras.	Nesse	contexto,	yoga significa	ação	(prática),	e	samkhya é conhecimento 
(teoria).	 Assim,	 ambos	 têm	 por	 objetivo	 conduzir	 todo	 ser	 humano	 à	 liberação,	 ao	
desapego	(BROWN,	1999).
De	acordo	com	Brown	(1999),	os	sutras	(versos)	do	yoga	são	divididos	em	quatro	
partes:
•	 aquela	que	trata	da	natureza	e	do	objetivo	da	concentração;
•	 aquela	que	explica	os	meios	para	realizar	a	concentração;
•	 aquela	que	 lida	com	os	poderes	 incomuns	que	podem	ser	adquiridos	por	meio	da	
prática	da	concentração;
•	 aquela	que	descreve	a	natureza	da	liberação	e	a	realidade	do	eu	transcendente.
26
Purvamimamsa	é	tido	como	o	mais	longo	tratado	filosófico	indiano	e	ele	considera	
como pramana	 a	 percepção,	 a	 inferência,	 o	 testemunho	 verbal,	 a	 comparação	 e	 a	
presunção,	e	isso	leva	esse	estudo	ao	que	hoje	chamamos	de	vivência,	ou	seja,	mesmo	
inefável,	é	preciso	ser	sentido,	experenciado,	vivenciado	(BROWN,	1999).
Por	fim,	uttara minamsa ou vedanta,	que	é	conhecido	como	o	último	conhecimento	
ou	 conclusões.	 É	 um	 elegante	 e	 harmonioso	 resultado	 descritopor	 muitos	 filósofos	 e	
pensadores	ortodoxos	anteriores	e	por	isso	é	considerado	a	expressão	mais	que	perfeita	 
do	pensamento	indiano	(BROWN,	1999).
Estudar os darsanas	 reflete	 a	 intenção	 de	 alcançar	 moksha	 (liberação	
e	desapego).	No	nyaya e no vaiseshica,	 o	 ser	 humano	 se	habilita	 a	 usar	 o	 intelecto	
corretamente	a	fim	de	discernir	as	verdades	das	falácias;	com	o	samkhya	é	possível	
aprender	a	origem	de	tudo	o	que	existe,	sendo	denso	e	sutil,	bem	como	os	resultados	
que	se	atingem	ao	utilizar	a	aplicação	dessa	visão	em	nosso	dia	a	dia;	pelo	yoga,	unimos	
corpo	e	mente	em	um	mesmo	objetivo,	ou	seja,	o	autoconhecimento;	o	purvamimamsa 
oferece	a	capacidade	de	vivenciar	cada	experiência	no	corpo	denso	ou	sutil;	e	a	vedanta 
nos auxilia a compreender e entender nossa verdadeira natureza. 
Svoboda	(2015,	p.	4)	nos	traz	que	“Uma	história	viva	nasce	quando	a	sabedoria	
viva	 encarna	 no	 matéria	 sutil	 de	 uma	 consciência	 humana”.	 Vejamos	 agora	 o	
conhecimento da enumeração no nosso estudo ayuvérdico.
4 ENUMERAR
Ao	pé	da	letra,	samkhya	significa	“conhecimento	enumerado”	e	se	caracteriza	
por	 classificar	 e	 descrever	 os	 princípios	 fundamentais	 que	 compõem	 a	 realidade	 na	
matéria.	A	quantidade	e	a	enumeração	são	recursos	muito	úteis	no	início	do	estudo	do	
ayurveda,	pois	pelas	conexões	estabelecidas	e	derivadas	uma	da	outra	a	compreensão,	
a	apreensão	e	as	correlações	florescem	na	mente	do	neófito.	Outro	sinônimo	samkhya 
que	se	aplica	nesse	contexto	é	conhecimento	perfeito	(RADHAKRISHNAN,	1989).
Seus	 conceitos	 fundamentais	 estabelecem	 a	 dualidade,	 em	 que	 se	 aceita	 a	
parceria de prakrti e purusha	na	criação	de	nosso	mundo.	Aceitando	a	enumeração	da	
verdade,	é	possível	estabelecer	três	pramanas:
• os trigunas	 (três	qualidades	da	matéria):	 existem	em	todas	as	 formas	de	vida	em	
diferentes	proporções;
• o processo evolutivo: envolve prakrti,	 purusha,	 buddhi,	 ahamkhara,	 pancha 
jnanendriyas,	 pancha karmendriyas,	 panchatanmatras,	 panchamahabhutas e manas. 
Todos	esses	conceitos	estão	explicados	em	detalhes	na	sequência	do	nosso	estudo;
• a moksha:	é	a	busca	natural	de	toda	alma.
27
Sua	fundação	é	atribuída	a	Maharshi	Kapila,	e	suas	 ideias	também	são	vistas	
em	livros	anteriores,	como	nas	upanishads anteriores e o bhagavadgita,	assim	como	no	
rigveda,	então	consideramos	essas	obras	como	fonte	de	inspiração	de	Kapila	para	trazer	 
a visão do samkhya.
Purusha	significa	“o	ser	que	está	além	da	prakrti”,	e	neste	darsana	significa	“a	
consciência”,	“a	testemunha”,	“o	observador”,	“a	verdade	vital	e	sensível”,	“o	ser	universal”.	
Suas	 características	 são:	 não	 fazedor,	 testemunha,	 solitário,	 imutável,	 espectador,	
inteligência,	onipresente,	sutil,	estar	além	da	mente,	do	 intelecto	ou	dos	sentidos,	do	
tempo,	 da	 causalidade	 e	 do	 espaço,	 ser	 eterno,	 perfeito,	 pura	 consciência,	 infinito,	
como um cristal transparente. Prakrti	 significa	 “produtor/fazedor”	 e	 é	 interpretado	
como	a	natureza,	como	tudo	o	que	constitui	a	 realidade	que	visualizamos.	Então,	de	
maneira	especulativa,	podemos	afirmar	que	purusha	 é	o	 sujeito	do	conhecimento,	 e	
prakrti	é	o	objeto	do	conhecimento.	Dessa	maneira,	o	senso	de	unidade	é	visto	como	
a	fonte	de	origem	da	manifestação	material,	não	tem	causa,	mas	tem	todos	os	efeitos,	
e	seus	efeitos	dependem	de	suas	propriedades	metafísicas,	que	chamamos	de	gunas 
(RADHAKRISHNAN,	1989).
Ela	 é	 feita	 de	 três	gunas: sattva,	 rajas e tamas,	 cada	 uma	 é	 independente,	
todavia	transitam	entre	cada	uma	e	se	misturam	entre	si	de	acordo	com	os	estímulos	
externos	e	internos	que	a	prakrti	recebe.	Essa	“dança”	dá	origem	a	várias	substâncias	e	
podem ser elucidadas como se segue: tamas	 (trevas,	 ignorância,	 imobilidade,	 inércia),	
rajas	 (força,	movimento,	 violência,	 egoísmo)	 e	 satwa	 (luz,	 equilíbrio,	 calma,	 sabedoria,	
beleza)	(RADHAKRISHNAN,	1989).
Em ahamkhara	 (aquele	 que	 produz	 o	 eu),	 encontramos	 todos	 os	 princípios	 da	
individualidade	 dos	 seres	 da	 natureza.	 Neste	 contexto,	 podemos	 associar	 ao	 ego	 e	 ele	 
vem acompanhado por buddhi	(intelecto).	
Sendo	buddhi	aquele	que	recebe	as	ideias	e	imagens	transmitidas	pelos	órgãos	
dos sentidos e de manas	 (mente),	 as	 constrói	 como	uma	 conclusão	 do	 eu.	A	 função	
do	intelecto	é	a	determinação:	anterior	à	vontade	de	se	envolver	em	qualquer	assunto,	
primeiro	observa,	considera,	então	reflete	e	só	então	determina,	e	aí	vem	a	ação	(karma)	
(RADHAKRISHNAN,	1989).
A	virtude,	a	sabedoria	e	o	desapego	são	características	de	sattva; o oposto a 
isso é tamas;	a	ousadia	e	a	paixão,	é	rajas	(RADHAKRISHNAN,	1989).
O intelecto é o mais importante de todos os produtos de prakrti. Os sentidos 
apresentam	seus	objetos	ao	 intelecto,	o	qual	os	exibe	para	o	purusha e discrimina a 
diferença	entre	purusha e prakrti.	O	intelecto	é	o	instrumento	ou	órgão	que	é	o	meio	
entre os outros órgãos e o self.	 Todas	 as	 ideias	 derivadas	 da	 sensação,	 reflexão	 ou	
consciência	são	depositadas	no	principal	 instrumento:	o	 intelecto,	antes	que	possam	
ser reveladas ao eu.
28
Pessoas	 atraídas	 pela	 autoinvestigação	 frequentemente	 já	 tiveram	
experiências	que	as	convenceram	de	que	existe	um	algo	“espiritual”	
além	daquilo	que	elas	percebem	com	os	sentidos,	com	as	emoções	e	
com	a	mente.	Mas	elas	estão	sempre	em	dúvida	quanto	ao	que	isso	
seja.	O	método	fundamental	para	a	realização	do	ser	é	a	discriminação	
entre	o	que	é	permanente...	o	ser...	e	o	que	não	é...	a	mente	e	o	mundo.	 
Ainda	que	essa	seja	uma	realidade	não-dualista	e	tudo	que	muda	seja	
também	o	ser,	esse	fato	é	desconhecido	para	o	iniciante.	Mesmo	que	
ele	fosse	conhecido	intelectualmente,	ele	ou	ela	teria	que	passar	pelo	 
longo	e	por	vezes	difícil	processo	introspectivo	de	separar	o	“eu”	–	o	
ser	–	de	todas	as	suas	formas	mutantes	(SRI,	2014,	p.	25).
Eles	transmitem	impressões	ou	ideias	com	as	propriedades	ou	efeitos	de	prazer,	
dor	e	 indiferença,	conforme	são	 influenciados	pelas	qualidades	de	sattva	 (pureza),	 rajas 
(paixão)	ou	tamas	(escuridão).
• Prakrti	é	a	raiz,	a	causa	material	e	eficiente	do	universo,	evolui	sob	a	 influência	de	
purusha.
• Buddhi,	ou	intelecto,	é	o	primeiro	produto	da	evolução	de	prakrti. 
• Ahankara surge após o buddhi. 
A	mente	(manas)	nasce	de	ahamkara e executa as ordens da vontade por meio 
dos	órgãos	de	ação	(karmendriyas).	Reflete	e	duvida	(sankalpa-vikalpa).	Ele	sintetiza	
os	dados	dos	sentidos	em	percepções.	A	mente	participa	tanto	da	percepção	quanto	 
da ação.
No	samkhya,	a	mente,	com	os	órgãos,	produz	os	cinco	ares	vitais.	Prana é uma 
modificação	dos	sentidos.	Não	subsiste	na	ausência	deles.
Cada	 indivíduo	 é	 dotado	 com	manas	 (mente),	 que	 é	 o	 órgão	 de	 sensação	 e 
ação,	e	dela	derivam	os	jñanaindryias	(órgãos	do	conhecimento),	que	são	nossos	cinco	
sentidos,	 estando	 associados	 a	 cinco	 tanmatras	 (elemento	 sutil):	 som	 (sabda),	 toque	
(sparsa),	aparência	(rupa),	sabor	(rasa),	odor	(gandha).	Deles	virão	os	panchamahabhutas 
(cinco	grandes	elementos):	akasha	 (espaço	vazio),	vayu	 (vento),	agni	 (fogo),	 jala	 (água)	
e prithivi	(terra).	Por	fim,	são	estabelecidos	os	karmaindryias	(órgãos	de	ação),	também	
cinco:	falar,	segurar,	andar,	excretar	e	se	reproduzir.
Acompanhe	a	Figura	5	para	verificar	esse	“organograma”.
29
FIGURA 5 – COSMOGÊNESE, CRIAÇÃO DO MUNDO
FONTE: A autora
Uma	prakrti	 pura	 é	 a	 condição	 equilibrada	de	sattva,	 rajas e tamas	 (sattva-
rajas-tamasāṁ-samyāvasṭhā-prakṛtiḥ).	 Antes	 da	 criação,	 a	 mudança	 em	 prakrti é 
homogênea,	na	qual	os	três	gunas	(sattva,	rajas e tamas)	são	mantidas	em	um	estado	
de	equilíbrio:
• da prakṛti harmoniosa ocorre buddhi	pela	perturbação	no	equilíbrio	dos	gunas;
• do buddhi evolui o ahamkara	cósmico	ou	o	princípio	do	egoísmo,	o	ego;
• da ahamkara	 emanam	 os	 dez	 sentidos	 e	 a	 mente	 no	 lado	 subjetivo,	 e	 os	 cinco	
tanmatras,	som,	toque,	aparência,	sabor	e	odor.
Dos	cinco	taṇmatras,	evoluem	os	panchamahabhutas	(cinco	grandes	elementos	
densos:espaço	vazio,	vento,	fogo,	água	e	terra):
• akasa	(espaço	vazio)	tem	a	propriedade	de	som,	que	é	o	objeto	para	o	ouvido;
• vayu	(vento)	tem	a	propriedade	de	toque,	que	é	o	objeto	para	a	pele;
• agni	(fogo)	tem	a	propriedade	de	forma	ou	cor,	que	é	o	objeto	para	o	olho;
• jala	(água)	tem	a	propriedade	de	sabor,	que	é	o	objeto	para	a	língua;
• prithvi	(terra)	tem	a	propriedade	de	odor,	que	é	o	objeto	para	o	nariz.
Purusha
Prakrti
Buddhi Ahamkara
Satwa
Manas
Rajas Tamas
Jñanaindriyas Tanmatras
Karmaindriyas Panchamahabhutas
30
Cada	um	desses	elementos,	após	o	primeiro,	também	conserva	a	propriedade	
do	elemento	que	o	precede	além	das	suas	próprias	características.
• Pancha jnanendriyas	(cinco	órgãos	de	cognição	ou	dos	sentidos:	audição,	tato,	visão,	
paladar	e	olfato).
• Pancha karmendriyas	 (cinco	órgãos	de	ação:	mãos,	pés,	aparelho	fonador,	órgãos	
excretores,	órgãos	sexuais).
Portanto,	a	filosofia,	em	qualquer	tradição,	é	capaz	de	ser	transformadora,	pois	 
ela	traz	a	possibilidade	de	encontro	de	sentido	da	existência.
Com	 embasamento	 do	 estudo	 da	 filosofia	 da	 tradição	 védica	 é	 possível	
estabelecer	ajustes	de	percepção	da	vida	por	meio	do	corpo,	da	mente,	das	emoções	
e	 do	 espírito,	 além	 de	 preparar	 o	 intelecto	 para	 essa	 nova	 forma	 de	 visualização	 e	
entendimento do mundo.
O	fato	de	estarmos	conectados	e	atendendo	pessoas	que	nos	procuram	como	
terapeutas	se	torna	de	suma	importância	que	tenhamos	capacidade	de	ouvir	–	e,	na	
medida	do	possível,	orientar	o	cliente	–	da	melhor	maneira.	Logo,	ao	conhecermos	os	
conteúdos	 que	 tangem	 esse	 fundamento,	 nos	 tornamos	 aptos	 a	 ouvir	 e	 orientar	 os	
clientes	de	forma	holística	e	coerente.
31
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
•	 Caminhar	pelo	entendimento	da	visão	filosófica	da	percepção	do	mundo	por	meio	da	
conceituação de cada darsana	aguça	e	orienta	a	mente,	o	coração	e	os	sentidos	para	
a	nova	forma	de	visualização	de	mundo.
• Samkhya	 é	 a	 principal	 ferramenta	 utilizada	 na	 construção	 inicial	 do	 entendimento	
do ayurveda,	fortalece	nossa	capacidade	de	raciocínio	para	estabelecer	as	conexões	
adequadas	nas	elucubrações	pessoais	que	passarão	a	ocorrer	na	prática	profissional.
•	 O	conceito	e	o	entendimento	de	termos	essenciais	na	cosmogênese,	bem	como	o	
desdobramento	da	formação	do	mundo	na	visão	dessa	linha	filosófica.
•	 A	 construção	do	desdobramento	dos	elementos	que	 se	 formam	no	universo	está	
relacionada	 às	 correlações	 e	 interdependências,	 que	 conferem	 a	 liberdade	 e	 o	
entendimento da percepção da construção de um ser humano na visão do samkhya.
RESUMO DO TÓPICO 3
32
AUTOATIVIDADE
1	 As	upanishads	 carregam	 a	 essência	 filosófica	 dos	 vedas,	 oferecem	 explicações	 a	
respeito	de	práticas	espirituais,	 ensinamentos	herméticos,	 elucubrações	 relacionadas	 
à	origem	do	ser	humano	(purusha),	do	absoluto	(Brahma)	e	do	eu	(atma).	Quanto	ao	
significado	do	termo	upanishad,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 Querer	encontrar	atma.
b)	 (			)	 Calar	e	ouvir	o	que	o	professor	diz.
c)	 (			)	 Ficar	em	silêncio	e	encontrar	o	absoluto.
d)	 (			)	 Sentar-se	próximo	ao	chão.
2	 Outro	sinônimo	para	samkhya,	que	se	aplica	nesse	contexto,	é	conhecimento	perfeito.	
Seus	conceitos	fundamentais	estabelecem	a	dualidade,	em	que	se	aceita	a	parceria	
de prakrti e purusha	na	criação	de	nosso	mundo.	Aceitando	a	enumeração	da	verdade,	 
é	possível	estabelecer	três	pramanas.	Sobre	eles,	analise	as	afirmativas	a	seguir:
I-	 As	saptagunas	(sete	qualidades	da	matéria)	existem	em	todas	as	formas	de	vida,	
em	diferentes	proporções.
II-	 O	processo	evolutivo	envolve	apenas	panchamahabhutas e manas.
III-	 A	moksha	é	uma	busca	natural	de	toda	alma.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	II	está	correta.
c)	 (			)	 As	afirmativas	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	a	afirmativa	III	está	correta.
3	 Com	 a	 efervescência	 natural	 das	 tribos	 em	 suas	 excursões	 e	 peregrinações	
exploratórias	à	Bacia	do	Ganges,	o	povo	 indiano	passou	a	receber	e	acolher	todos	
os	interessados	em	seguir	e	estudar	a	tradição	védica.	Considerando	essa	afirmação,	
classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	Pancha Karmendriyas	(cinco	órgãos	de	ação:	mãos,	pés,	aparelho	fonador,	órgãos	
excretores,	órgãos	sexuais).
(			)	Dos	 trigunas evoluem os panchamahabhutas	 (cinco	grandes	elementos	densos:	
espaço	vazio,	vento,	fogo,	água	e	terra).
(			)	Ahamkara	significa	“mente”.
33
Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	 (			)	 V	-	F	-	F.
b)	 (			)	 V	-	F	-	V.
c)	 (			)	 F	-	V	-	F.
d)	 (			)	 F	-	F	-	V.
4	 Essas	 ferramentas	 são	 utilizadas	 na	 forja	 do	 ser	 humano,	 que	 caminha	 pelo	
autoconhecimento	das	seis	visões	ou	seis	darsanas,	que	são	essenciais	na	construção	
e	 no	 entendimento	 do	 pensamento	 védico.	 Disserte	 sobre	 por	 qual	motivo	 essas	
ferramentas	são	essenciais	em	nosso	estudo.
5	 Samkhya	 significa	 “conhecimento	 enumerado”,	 caracterizando-se	 por	 classificar	 e	
descrever	os	princípios	fundamentais	que	compõem	a	realidade	na	matéria.	Nesse	
darsana,	se	utiliza	a	dualidade	para	que	possamos	compreender	a	mente	universal	
que	propiciou	a	criação	do	mundo.	Disserte	sobre	o	motivo	de	estudarmos	samkhya 
para o entendimento inicial no estudo do ayurveda.
34
35
TÓPICO 4 — 
INTRODUÇÃO BÁSICA AO AYURVEDA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Viajamos	 da	 Índia	 antiga	 até	 a	 Índia	 contemporânea	 e	 apreciamos	 a	 forma	
única	que	esse	povo	tem	de	observar	a	vida	e	manifestar	essa	visão.	“O	indivíduo	é	o	
resumo	com	toda	matéria	e	fenômenos	espirituais	do	universo,	tudo	está	presente	no	
indivíduo	e	todos	aqueles	presentes	no	indivíduo	também	estão	contidos	no	universo”	
([Ca.Sa.Sutra	Sthana	5/4]	427	d.C.	apud	SHARMA,	2016,	s.	p.).
O	conhecimento	védico	aborda	o	cosmos	como	um	todo	com	as	profundezas	
de	nossa	própria	psique,	que	considera	a	unidade	do	macrocosmo	e	do	microcosmo.	
O	ser	humano	individual	é	um	modelo	ou	manifestação	de	todo	o	universo.	O	
universo	inteiro	habita	dentro	de	você	e	você	é	o	universo,	compartilhando	uma	essência	
comum	na	consciência.	
Corpos	e	mentes	são	apenas	nossos	veículos	de	ação	e	expressão.	“Os	antigos	
hermetistas	consideravam	esse	princípio	como	um	dos	mais	importantes	instrumentos	
mentais	por	meio	dos	quais	o	homem	pode	ver	além	dos	obstáculos	que	encobrem	à	
vista	o	desconhecido”	(TRISMEGISTO,	1908,	p.	58).
Ayurveda,	antes	de	qualquer	premissa,	é	uma	atitude,	é	muito	mais	do	que	um	
sistema	de	medicina,	é	muito	mais	do	que	um	estilo	de	vida.	Não	deve	ser	comparado	
ao	sistema	médico	moderno,	pois	este	último	lida	com	a	doença,	e	o	ayurveda se ocupa 
da	saúde	e	da	pessoa,	que	é	muito	mais	do	que	o	corpo	físico	e	a	mente.
Como	 vimos	 anteriormente,	 um	 ser	 humano	 é	 resultado	 do	 desdobramento	
de	muitos	elementos,	e	o	resultado	dessa	manifestação	se	traduz	no	corpo	físico,	na	
mente,	nos	órgãos	dos	sentidos	e	na	energia	vital,	que	é	uma	das	principais	dimensões	 
de ação do ayurveda.
Ayurveda	 é	 um	 compêndio	 de	 conhecimentos	 que	 visam	 garantir	 saúde	 e	
longevidade,	 prevenindo	 doenças	 em	 indivíduos	 saudáveis	 e	 erradicando	 as	 doenças	
dos	 indivíduos	enfermos.	É	considerado	um	upaveda	 (capítulo)	do	atharvaveda,	cujo	
principal	foco	é	a	manutenção	de	ayu	(vida),	mantendo	as	mazelas	e	doenças	afastadas.
Há	algumas	décadas,	aqui	no	Ocidente,	vivemos	a	necessidade	de	entender	e	
aprofundar	na	 importância	e	na	 relevância	do	conhecimento	oferecido	pelo	ayurveda,	
bem	como	o	propósito	por	trás	de	oferecer	o	conhecimento	da	vida	com	a	visão	do	
ayurveda.
36
	Acharya	Charaka	 (1978	apud	AYRES,	2020,	 s.	p.)	 esclarece	 isso	ao	escrever	que	
“आरोग्यम्। arogya	(saúde	e	bem-estar)	atua	como	a	raiz	de	धर्मः। dharma,	अर्थः। artha,	
कामः। kama e मोक्षः। moksha	que	resulta	em	श्रेयः। shreyas	(obtendo	melhor	fortuna)	e	
जीवितम्। jivitam	(longevidade)”.
Com	o	cumprimento

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