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W BA 11 79 _V 1. 0 ESCRITÓRIO DE PROJETOS ÁGIL (TAILORING, MODELOS, MÉTODOS E ARTEFATOS) 2 Yane Ribeiro de Oliveira Lobo São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2022 ESCRITÓRIO DE PROJETOS ÁGIL (TAILORING, MODELOS, MÉTODOS E ARTEFATOS 1ª edição 3 2022 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Head de Platos Soluções Educacionais S.A Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Ana Carolina Gulelmo Staut Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Coordenador Ana Carolina Gulelmo Staut Revisor Eduardo Viana de Almeida Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Lobo, Yane Ribeiro de Oliveira Escritório de projetos ágil (tailoring, modelos, métodos e artefatos) / Yane Ribeiro de Oliveira Lobo. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2022. 32 p. ISBN 978-65-5356-419-0 1. Gestão de projetos. 2. Escritórios ágeis. 3. Tailoring. I. Título. 3. Técnicas de speaking, listening e wrg. I. Título. CDD 658.404 _____________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 010289/O L799e © 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 Fundamentos dos modelos, métodos e artefatos ____________ 06 Modelos, métodos e artefatos por domínio de desempenho ______________________________________________ 16 Fundamentos do Tailoring ___________________________________ 26 Criação do framework adequado para o Tailoring _____________ 36 ESCRITÓRIO DE PROJETOS ÁGIL (TAILORING, MODELOS, MÉTODOS E ARTEFATOS) 5 Apresentação da disciplina A disciplina de Escritório de Projetos Ágil aborda, no primeiro tema, o fundamento dos modelos, métodos e artefatos. Os objetivos são a definição do que é um escritório de projetos e o estabelecimento dos fundamentos de modelos, métodos e artefatos. Além disso, são apresentadas as atualizações realizadas no guia do PMBoK. O segundo tema trata dos modelos, métodos e artefatos por domínio de desempenho. Seus objetivos são a apresentação dos valores e princípios da sétima versão do PMBoK, a definição do domínio de desempenho e o estabelecimento do papel do Escritório de Projeto para alcançar as metas de desempenho esperadas. O terceiro tema apresenta os fundamentos do Tailoring. Seus objetivos são explicar o que é o processo de Tailoring, apresentar suas etapas de aplicação e estabelecer os critérios para aplicação do processo de Tailoring pelo Escritório de Projeto. O quarto tema mostra a criação de um framework adequado para o Tailoring, cujos objetivos são o conhecimento dos fatores de sucesso de um projeto na aplicação do processo de Tailoring, a apresentação da elaboração do framework e a definição das atividades realizadas em cada etapa do processo. 6 Fundamentos dos modelos, métodos e artefatos Autoria: Yane Lobo Leitura crítica: Eduardo Viana de Almeida Objetivos • Apresentar a atualização do PMBoK. • Definir Escritório de Projetos. • Estabelecer os fundamentos de modelos, métodos e artefatos. 7 1. Introdução O Project Management Institute (PMI), através do guia Project Management Body of Knowledge (PMBoK), recomenda a existência do Escritório de Projetos (Project Management Office – PMO). Principalmente em empresas de desenvolvimento de softwares, é comum encontrar uma estrutura voltada para projetos, e logo surge a necessidade do Escritório de Projetos. Este setor gerencia seus projetos através de metodologias ágeis, as quais estão cada vez mais populares e, com isso, as empresas precisam se adequar a esta nova realidade. As empresas de menor porte se adequam muito mais rápido, mas as empresas de maior porte precisam de mais controle sobre o andamento de suas atividades. Por isso, criar uma estrutura de projeto tem uma relevância a estratégias destas empresas. 2. Escritório de Projetos (PMO) Inicialmente, veremos o que é o PMBoK. Ele é um guia de boas práticas de gerenciamento de projetos, e não uma metodologia. Este guia é revisado e atualizado a cada quatro anos. A partir da sexta edição, as metodologias ágeis começaram a surgir. Com isso, a nova edição, a sétima, traz estas metodologias de forma híbrida, ou seja, se misturam com as tradicionais. Mas, quais são as principais mudanças no guia? • Os cinco processos, que são iniciação, planejamento, execução, monitoramento e encerramento, deixam de existir e passam a existir os princípios de entrega do projeto. • As áreas de conhecimento, que são escopo, cronograma, custos, recursos, riscos, comunicação, aquisições, qualidade, partes 8 interessadas e integração, também deixam de existir em si e entram no domínio de desempenho do projeto. • O guia não tem mais exemplos de ferramentas e técnicas, e estas passam a ser disponibilizadas em uma plataforma interativa. E o que não mudou? O guia, nesta edição, continua reconhecendo que o Gerenciamento de Projetos é uma evolução e uma adaptação. Ele também continua percebendo a evolução dos modelos organizacionais. O foco é maior nos resultados, em que a palavra-chave é valor. As empresas que são focadas em projetos adotam a prática de criar, planejar, executar e monitorar seus projetos. Isso traz resultados mais tangíveis, que estão de acordo com a estratégia estabelecida por estas empresas. Estas procuram agregar valor ao negócio da organização e, dessa forma, todos estão compromissados com a garantia da conclusão dos projetos de forma satisfatória. Mas, o que é satisfatório em um projeto? É cumprir o escopo, o prazo, o custo e a qualidade esperados, conforme apresentado na Figura 1. Figura 1 – Satisfação de um projeto – pontos-chave Fonte: elaborada pela autora. 9 Faz-se necessária uma gestão estratégica do projeto, para criar valor para a organização. Quem faz esta gestão e o seu controle é o Escritório de Projetos (PMO). Ele fornecerá apoio, ferramentas, recursos e diretrizes para o time de projetos. Logo, ele é essencial para que um projeto seja bem-sucedido. Os objetivos principais de um Escritório de Projetos são criar e coordenador os recursos; utilizar as melhores práticas, normas e procedimentos de gerenciamento de projetos; analisar e gerir os riscos; fazer a comunicação entre os projetos; monitorar o andamento do projeto; garantir o atendimento das necessidades dos clientes (escopo) no tempo estabelecido (prazo) e com custos compatíveis (custo). Os termos modelos, métodos e artefatos são colocados para serem o meio de demonstrar como fazer, como chegar ao resultado e o que será entregue. Pensando nestes pontos, a sétima edição do PMBoK sofreu uma modificação. Ela incluiu o item Modelos, Métodos e Artefatos. Esta versão apresenta a relação existente entre estes três itens e as ferramentas e técnicas já utilizadas nas versões anteriores. O conceito de ferramenta é algo tangível, como um modelo ou um programa que pode ser utilizado na execução de uma tarefa para produzir um produto ou um resultado. Já a técnica é um procedimento sistemático, um processo definido, que é utilizado pelo recursohumano para realizar uma tarefa para produzir também um produto ou um resultado, ou ainda entregar um serviço. Uma técnica pode usar uma ou mais ferramentas. A Figura 2 apresenta os passos para gestão de um projeto. 10 Figura 2 – Passo a passo da gestão de projetos Fonte: elaborada pela autora. 3. Fundamentos dos modelos, métodos e artefatos 3.1 Modelos Os modelos representam a estratégia para explicar um processo, um framework ou mesmo uma experiência. Este termo foi bastante utilizado nas edições anteriores do PMBOK, com uma relação com ferramentas e técnicas. Os modelos podem ser: • Modelos de liderança situacional: o líder ajusta seu estilo de acordo com o nível de desenvolvimento das pessoas que ele está liderando. O estilo pode ser controlador, orientador, apoiador ou delegador. 11 • Modelos de comunicação: todo projeto necessita de informações exatas no tempo correto. Para isso, é necessário um modelo de comunicação, no qual se esclarecem as partes interessadas e o ciclo de vida destas informações. Além disso, é importante relatar para estas partes a situação do projeto com seus pontos de destaques. • Modelos de motivação. • Modelos de mudança: o modelo de mudanças abrange o processo em que se realiza o controle de mudança, a gestão do engajamento dos stakeholders, as solicitações das mudanças, o registro das mudanças, seus motivadores e os componentes- chave. • Modelos de complexidade: a complexidade de um projeto já deve ser analisada na fase de planejamento. Um projeto pode ter diferentes níveis de complexidade nos seguintes aspectos: organizacional, estrutural, técnico, temporal ou direcional. É importante ressaltar que a complexidade não é proporcional ao tamanho do projeto, e sim as incertezas e os riscos. • Modelos de desenvolvimento da equipe do projeto: este modelo possui os seguintes passos. Primeiro, forma-se a equipe; em seguida, avalia-se onde há conflito e onde já há acordo; depois, mede-se o desempenho desta equipe, para verificar se há necessidade de acerto de rota. O principal objetivo deste modelo é que os membros da equipe trabalhem juntos da melhor maneira possível e com maior eficiência. • Outros (conflito, negociação, planejamento, grupos de processos). Os modelos podem atingir vários propósitos. No modelo conceitual, faz- se um levantamento de requisitos para entender melhor o problema. Ele consiste em realizar um breve levantamento do sistema ou produto desejado e uma lista de requisitos funcionais e não funcionais. 12 Vamos a um exemplo: um time deseja desenvolver um programa para avaliar o desempenho de um portfólio de investimentos a longo prazo. O indicador que será utilizado é o Retorno no Investimento. Logo, o primeiro passo será levantar os requisitos funcionais. Algumas perguntas podem ser feitas: • Será uma aplicação para uso próprio? • Deseja-se apenas um sistema de simples rastreio do valor líquido? • O sistema deve aceitar outros tipos de investimentos, por exemplo, a curto prazo? • Onde será utilizado? • Por que este sistema é necessário? Há vários tipos de modelos, e estes são alocados em sete grupos. A Figura 3 mostra o percentual de alocação dos modelos nos escritórios de projetos. Figura 3 – Alocação dos modelos nos escritórios de projeto Fonte: PMI (2017). 3.2 Métodos Os métodos são os meios de alcançar um resultado, uma saída ou mesmo a entrega do projeto. Os métodos são as ferramentas e técnicas para executar ou construir um modelo. 13 Existem oito principais métodos de gerenciamento de projetos. São eles: • Ágil: permite que os projetos sejam processados em pequenos ciclos. É uma metodologia bem flexível e dinâmica, cujo objetivo é adaptar-se facilmente a mudanças. Esta metodologia é essencialmente colaborativa, rápida, iterativa, baseada em dados e valoriza mais os indivíduos do que os processos. • Cascata: é uma metodologia tradicional e é mais utilizada no setor industrial ou de construção. Este método é um processo linear que flui similarmente a uma cascata, por isso o nome. Segue uma ordem sequencial, em que, primeiramente, são levantados os requisitos; depois, realiza-se uma análise e desenvolve-se um projeto. O passo seguinte são os testes e, caso tudo ocorra bem, já começa a operação. • Scrum: o planejamento nesta metodologia é simples o suficiente para iniciar o projeto. É baseado na metodologia ágil. É um processo iterativo e colaborativo. A ideia é ter ciclos curtos e entregas intermediárias. • Prince: Projetos em Ambientes Controlados. A metodologia se concentra na saída ou no resultado, que deve ser claramente bem definido. O passo a passo desta metodologia é: iniciar um projeto, direcionar este projeto, começar a execução, supervisionar, gerir as entregas e dividi-las em fases e, por fim, encerrar o projeto. • PERT: Project Evaluation Review Technique (Técnica de Revisão de Avaliação de Projetos). Esta metodologia, geralmente, é combinada com o método do caminho crítico. • Adaptive Project Framework: a metodologia de Estrutura de Projeto Adaptável procura especificar completamente os requisitos já no início do projeto. 14 • Extreme Programming (XP): é uma metodologia baseada na estrutura ágil. É utilizada para produtos com ciclo de vida curto e tem como objetivo a melhoria da qualidade do produto e a satisfação do cliente. • Kanban: é uma metodologia que não utiliza os sprints e as metas do Scrum, pois está baseada em uma abordagem mais visual da gestão do tempo e do orçamento. Nesta metodologia, busca-se entregar produtos continuamente. O objetivo principal é melhorar a visualização dos fluxos de trabalho, procurando reduzir os gargalos do processo. 3.3 Artefatos Artefatos podem ser um modelo, um documento, uma saída ou uma entrega do projeto. Definindo a entrega do produto, este artefato deve ser quantificável. O artefato é um entregável. Alguns exemplos de artefatos são os documentos de estudos de casos, orçamentos, cronograma, especificação de requisitos funcionais e não funcionais. Os artefatos e as cerimônias são itens característicos da aplicação das metodologias ágeis. Por exemplo, na metodologia Scrum, os artefatos são o Product Backlog, o Sprint Backlog e o incremento. O Product Backlog é a lista de requisitos que o produto deve ter. O Spring Backlog é o escopo que deve ser trabalhado pelo time na próxima interação. Deve compor o Spring Backlog os itens priorizados do Product Backlog. Para que se concretize e se torne um entregável, deve descrever quais são as tarefas que devem ser executadas e qual será o esforço estimado do time. Isso é necessário para se ter uma noção da velocidade e do tempo de desenvolvimento como um todo. 15 O incremento é um artefato que deriva do resultado do esforço do time. Ele é composto pelo potencial de ser liberado para produção. Logo, pode-se concluir que a nova versão do PMI trouxe alguns elementos da aplicação da metodologia ágil. Referências DUARTE, L. Agile Coaching: um guia prático. [S. l.]: LuizTools, 2019. DUARTE, L. Scrum e Métodos Ágeis: um guia prático. [S. l.]: LuizTools, 2016. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Guia PMBOK®: um Guia para o Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 6. ed. Pennsylvania: PMI, 2017. https://amzn.to/3fSLF3n http://amzn.to/2FdIA0w http://amzn.to/2xiCc3X http://amzn.to/2xiCc3X 16 Modelos, métodos e artefatos por domínio de desempenho Autoria: Yane Lobo Leitura crítica: Eduardo Viana Almeida Objetivos • Apresentar os valores e princípios da sétima versão do PMBoK. • Definir o que é domínio de desempenho. • Estabelecer o papel do Escritório de Projetos na nova edição do PMBoK, para alcançar as metas de desempenho esperadas. 17 1. Domínio de desempenho Domínio de desempenho é um grupo de atividades que são críticas para que a entrega seja eficaz e o resultado do projeto seja satisfatório. Isso significa que o domínio de desempenho representa o sistema de gerenciamento do projeto,já que são as atividades que farão que o resultado seja atingido. Como já visto anteriormente, a nova versão do PMBoK foca muito mais na entrega do valor do que na produção de artefatos ou planejamentos. Logo, o desempenho está muito alinhado com este conceito de entrega de valor. Para que o domínio de desempenho seja efetivo, é necessário possuir medidas que estejam focadas em resultado em vez dos processos ou dos artefatos. Já sabemos que a versão 7 do PMBoK tem uma nova seção que fala sobre Modelos, Métodos e Artefatos e que não relaciona mais as ferramentas e técnicas, como a edição anterior. Embora o guia não diga qual ferramenta utilizar, ele aborda a necessidade de utilização das mesmas ferramentas pela equipe de projeto. Ele também foi alterado para trazer as ideias das metodologias ágeis, já que estas estão sendo cada vez mais utilizadas pelas organizações em geral, e não só pelas empresas de tecnologias. Esta edição traz os princípios que orientam a mentalidade, as ações e o comportamento no gerenciamento de projeto, buscando uma entrega ágil, enxuta e centrada no cliente. Além disso, aborda o domínio de áreas de atividades interdependentes com o resultado do desempenho, sempre alinhado às ferramentas e técnicas, bem como aos artefatos e à estrutura do projeto. 18 2. Valores, princípios e áreas de desempenho 2.1 Valores O PMI, em seu código de ética e conduta profissional, destaca quatro valores para os escritórios de projetos. São eles: • Responsabilidade. • Respeito. • Equidade. • Honestidade. O sistema de valor entregue se baseia na estratégia da empresa, em que são definidos a missão, a visão e os objetivos ou metas da organização. Isso servirá como base para as decisões de investimentos no portfólio da empresa. A gestão deste valor se inicia no projeto do produto, da entrega ou do resultado final esperado. Depois disso, para que este valor se realize, é necessário cuidar da operação e do desempenho desta, conforme mostra a Figura 1. Figura 1 – Ambiente organizacional Fonte: elaborada pela autora. 19 2.2 Princípios A declaração de princípios do PMI aborda os seus objetivos e as suas funções. São eles: • Administrar diligentemente, respeitosamente e de forma atenciosa. É necessário que a administração seja inspiradora, que cuide das pessoas, principalmente em momentos de mudanças, para com isso gerar confiança. • Criar um ambiente colaborativo. • Envolver as partes interessadas desde o início do projeto. • Focar no valor. A entrega do resultado deve ser mensurável por este valor. • Reconhecer, avaliar e reagir às interações do sistema. • Possuir comportamento de liderança, pois esta tem papel fundamental para motivação e inspiração da equipe. • Processar e entregar com qualidade, realizando o controle dos processos e do resultado final. • Saber lidar com a complexidade. • Otimizar as respostas aos riscos. • Ser capaz de se adaptar – resiliência. • Aceitar mudanças, mais do que isso, ser favorável às mudanças. 2.3 Áreas de desempenho Os princípios vistos no item anterior atuam nos seguintes domínios ou áreas de desempenho: 20 • Partes interessadas (stakeholders) O primeiro passo para engajar as partes interessadas é identificá-las, classificá-las e priorizá-las. Em seguida, desenvolver uma estratégia para aumentar este engajamento. Esta estratégia pode variar de acordo com o fator ambiental empresarial, com as características e expectativas dos stakeholders. Na maioria das vezes, as partes interessadas são os clientes do projeto, o patrocinador, o time de desenvolvimento e o PMO. • Time O time de projeto é formado por pessoas com diferentes funções e atribuições. Para gerenciar os recursos humanos do projeto, as seguintes etapas devem ser seguidas: • Identificação e documentação das funções e atribuições. • Mobilização do time. • Desenvolvimento do time, melhorando a competência e a interação do time. • Gerenciamento do time, acompanhando o desempenho e fornecendo feedback. • Ciclo de vida do produto ou serviço O ciclo de vida é fundamental para estruturar um projeto, facilitando o gerenciamento do projeto com os stakeholders. O ciclo de vida de um produto vai da fase de desenvolvimento até o produto ser tirado do mercado e se inicia com um estudo de viabilidade. 21 Em seguida, desenvolve-se o produto, controlando os custos e prazos e passa para a fase de operação e vendas. • Planejamento É a área mais importante, ou seja, o principal objetivo de um projeto. O plano do projeto deve ser no nível de detalhe necessário. Nesta fase, serão definidos o escopo, o custo e o prazo deste projeto, bem como como será feito o seu controle. Caso haja mudanças significativas, afetará bastante este planejamento. • Projeto O gerenciamento do projeto, segundo o guia PMBoK, inclui processos de comprar produtos, serviços ou resultados. Nesta fase, toma-se a decisão do que será feito ou se será adquirido e selecionam-se os fornecedores e controlam-se as aquisições. Uma das ferramentas utilizadas nesta fase são os 5W2H. São eles: • WHAT? O que adquirir. • WHY? Por quê? Análise de fazer ou comprar. • WHEN? Quando? O início e término do contrato. • WHERE? Onde? • WHO? Quem deve participar? Montar a matriz de responsabilidades. • HOW? Como? Definir o tipo de contrato e termos. • HOW MUCH? Quanto custará? 22 • Entrega (escopo e qualidade) O gerenciamento do escopo assegura que o projeto inclua todas as necessidades do cliente. Nesta fase, definem-se quais metas devem ser atingidas e o que será feito para atendê-las. Não se pode esquecer que o escopo define o que será feito no projeto, uma descrição detalhada do produto ou serviço, as características e as funcionalidades. A Figura 2 apresenta um resumo do que é a entrega de um projeto. Figura 2 – Entrega de valor Fonte: elaborada pela autora. • Medição e monitoramento A medição e o monitoramento do desempenho buscam identificar as mudanças e variações que ocorrem durante a realização de um projeto. Nesta fase, deve-se certificar que as entregam estão de acordo como o escopo que foi definido na fase de planejamento. 23 • Incertezas e riscos O gerenciamento dos riscos e incertezas avalia-os para mitigar ao máximo a exposição a estes eventos. Outro ponto importante é o planejamento das respostas aos riscos. 3. Domínio de desempenho no Escritório de Projetos Como podemos observar, os Escritórios de Projetos passam a ser focados no valor, ou seja, no porquê, e não mais no como. O Quadro 1 apresenta o resultado esperado em cada domínio de desempenho. Quadro 1 – Ambiente organizacional DOMÍNIO DE DESEMPENHO RESULTADO ESPERADO Stakeholders Relação de trabalho produtivo com os stakeholders. Acordo dos stakeholders com as metas de projeto. Apoio dos stakeholders. Equipe Propriedade compartilhada. Alto desempenho. Liderança. Ciclo de vida Projeto consistente com o resultado. Entrega de valor ao longo do ciclo de vida. Planejamento Organizado e coordenado. Informações sobre evolução. Detalhamento na medida certa para o projeto. Projeto Projeto eficaz e eficiente. Comunicação adequada. Melhoria da capacidade da equipe. 24 Entrega Projeto em sintonia com a estratégia. Entrega = Valor. Equipe com claro entendimento dos requisitos. Medição Dados para tomada de decisão. Monitoramento do desempenho. Atingimento das metas. Incerteza Proatividade. Conscientização da interdependência. Capacidade de antecipação. Fonte: elaborado pela autora. Lembrando as principais mudanças da sexta para a sétima edição do PMBoK, a Figura 3 nos leva a observar a evolução das áreas de conhecimento para os domínios de desempenho. Figura 3 – Sexta edição versus sétima edição Fonte: elaborada pela autora. Esta mudança foi necessária para adequar os Escritórios de Projetos às metodologias ágeis utilizadas cada vez mais no gerenciamento de 25 projetos. As novas tecnologias mudaram a maneira de se trabalhar,trazendo uma abordagem híbrida para o gerenciamento de projeto, com foco no cliente, em que se busca atender aos seus requisitos desde o início do projeto. Esta abordagem híbrida, preditiva ou adaptável é uma abordagem que traz tanto ferramentas tradicionais quanto ferramentas ágeis de gestão de projetos. Além disso, para esta nova edição, foi trazido o feedback dos gerentes de projetos de diversos setores econômicos e de todas as partes do mundo para melhorar ainda mais o conteúdo e a estrutura do guia. Concluindo, a mudança de foco passa de eficiência e eficácia para efetividade. Altera também o foco nas entregas, avaliando, principalmente, os recursos e a capacidade para resultado, avaliando os impactos para uma gestão orientada a resultado. Referências PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Guia PMBOK®: um Guia para o Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 6. ed. Pennsylvania: PMI, 2017. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Guia PMBOK®: um Guia para o Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 7. ed. Pennsylvania: PMI, 2021. http://amzn.to/2xiCc3X http://amzn.to/2xiCc3X https://amzn.to/3srt9H3 https://amzn.to/3srt9H3 26 Fundamentos do Tailoring Autoria: Yane Lobo Leitura crítica: Eduardo Viana de Almeida Objetivos • Apresentar os fundamentos do Tailoring. • Apresentar as etapas de aplicação do processo Tailoring. • Estabelecer critérios para aplicação do processo de Tailoring pelo Escritório de Projeto. 27 1. Fundamentos do Tailoring A nova edição do guia do PMBoK apresenta a grande importância do Tailoring. Tailoring é a adaptação na abordagem, na governança e nos processos, com o intuito de tornar mais adequado o ambiente e o projeto que a empresa realiza. Pode-se dizer que é a customização das ferramentas de gestão de projetos. Este processo requer uma mentalidade de compreensão do ambiente, da capacidade de escolha de ferramentas e de se ter processos apropriados durante o desenvolvimento de um projeto. Não podemos esquecer que o gerenciamento de projetos utilizando a metodologia ágil ganhou muito destaque no mercado e veio com muita força para as organizações. Cada vez, mais empresas se tornaram ágeis e deixaram de lado os sistemas mais tradicionais, como a metodologia em cascata. É claro que a escolha de metodologias e ferramentas influenciam no sucesso do desenvolvimento de projeto. Logo, ela deve ser feita de acordo com as características de cada projeto. Alguns fatores devem ser considerados na tomada de decisão da metodologia que será utilizada, tipo: recursos, requisitos do cliente, prazo, orçamento, tamanho do projeto, entre outros. O processo de Tailoring pressupõe que nada é fixo, ou seja, nada é imóvel, tudo precisa ser adaptado à situação. Este processo pode- se dizer que é resiliente a potenciais imprevistos e riscos que podem aparecer durante o desenvolvimento do projeto. O redesenho do plano acontece sempre que as circunstâncias mudam, é necessário sair da zona de conforto. 28 Portanto, uma das competências mais valiosas de um Escritório de Projeto é a de se adaptar na execução de cada projeto, fazendo com que ele seja único, deixando de lado os processos padrões. Porém, para se adaptar tão bem assim, é necessário um conhecimento profundo dos sistemas de gestão de projetos, desde o convencional ou tradicional até os sistemas ágeis. 2. Etapas do processo de Tailoring Como já visto, cada projeto é único e, por isso, há a necessidade de adaptação no gerenciamento dele. Mas, o que é um projeto? Um projeto é um esforço temporário realizado para criar um produto, serviço ou um resultado único. Ele é temporário, pois deve ter começo e fim bem definidos, e deve ser encerrado quando as metas são atingidas ou consideradas não atingíveis. Já o resultado é único ou exclusivo, pois as características ou o escopo do produto ou serviço são bem definidas. Os casos de sucesso de Escritórios de Projetos, em grande parte, têm a ver com as lições aprendidas relacionadas ao processo de Tailoring. Pode-se citar alguns fatores-chave para este sucesso: • Apoio da alta gerência. • Cultura organizacional que permite a utilização de práticas de gerenciamento de projetos. • Cultura organizacional que valoriza o gerenciamento de projetos. • Utilização de boas práticas como guia. • Elaboração de uma metodologia própria de gestão de projetos. 29 • Capacitação de toda organização nesta metodologia própria de gestão de projetos. • Elaboração de um plano de treinamento para esta capacitação. • Escolha de uma solução que monitore os projetos, os programas e o portfólio. • Comemoração das conquistas do Escritório de Projeto. • Elaboração de um plano de melhoria contínua. O processo de adaptação dos Escritórios de Projeto, segundo a sétima edição do PMBoK, é apresentado na Figura 1. Figura 1 – Etapas de adaptação do PMO Fonte: elaborada pela autora. Assim, fica ainda mais clara esta necessidade de adaptação. Este processo de Tailoring é realizado em quatro etapas. São elas: • Escolha da abordagem inicial. 30 • Realização do Tailoring pela organização. • Realização do Tailoring no projeto. • Implementação de melhorias contínuas. Detalharemos cada uma destas etapas. 2.1 Escolha da abordagem inicial As abordagens ou metodologias que podem ser utilizadas no gerenciamento do projeto são a preditiva, a adaptativa ou a híbrida. A abordagem preditiva parte do escopo para depois definir a qualidade, o prazo e o custo. O escopo é fixo, os requisitos são detalhados no início do projeto. As incertezas são acomodadas no prazo, no custo e na qualidade. Já a abordagem adaptativa parte do prazo, do custo e da qualidade definidos para depois definir o escopo possível a se adaptar a estes termos. Não há tolerância para mudanças no prazo e custos, com isso as incertezas são acomodadas no escopo, ou seja, este precisa ser flexível. A abordagem híbrida é um misto das outras duas abordagens. Vamos a um exemplo: uma empresa de desenvolvimento de software está participando de um projeto para um software que será desenvolvido e instalado em uma empresa pública. Neste caso, para se escolher a abordagem utilizada, pode-se considerar os seguintes aspectos, conforme a Figura 2. 31 Figura 2 – Características do projeto Fonte: elaborada pela autora. Pode-se concluir que, para o desenvolvimento, deve-se utilizar uma abordagem adaptativa, e na instalação, uma abordagem preditiva. 2.2 Realização do Tailoring na organização Em seguida, deve-se iniciar o processo de Tailoring na organização. Para ajudar, pode-se construir um checklist, conforme mostra a Figura 3. Figura 3 – Checklist do processo de Tailoring Fonte: elaborada pela autora. 32 2.3 Realização do Tailoring no projeto A adaptação que deve ser realizada no projeto é a criação de valor. Mas, o que tem que fazer para criar valor? Pode-se desenvolver um novo produto ou serviço; desenvolver contribuições positivas, sociais ou ambientais; aprimorar a eficiência, produtividade, eficácia ou capacidade de resposta; viabilizar as mudanças que são necessárias para uma transição organizacional. Para isso, existem alguns componentes, como portfólios, programas, projetos, produtos e operações que podem criar este valor esperado alinhado à estratégia da organização. Existem três níveis de aplicação do Tailoring nesta fase. Figura 4 – Sistema de entrega de valores Fonte: elaborada pela autora. O primeiro nível é do portfólio. Os portfólios podem ser gerenciados ou coordenados por profissionais de gerência de programa. Eles são criados para manter os processos necessários para o portfólio agregado. 33 O sucesso é medido pelo desempenho agregado dos componentes do portfólio. O segundo nível é do programa. Os programas possuem um escopo mais abrangente e fornecem benefícios mais significativos. Eles são criados em alto nível para fornecer diretrizes aos projetos. O sucesso é medido em termos do retorno sobre o investimento,novas capacidades e entrega dos benefícios esperados. O terceiro nível é do projeto propriamente dito. Os projetos possuem escopo restrito à entrega específica. Eles são conduzidos por um planejamento detalhado para que a entrega do produto seja realizada. O sucesso é medido pelo atendimento ao planejado em termos de custo, prazo, escopo e qualidade. Nesta etapa, também pode ser realizado um checklist, conforme mostra a Figura 5. Figura 5 – Checklist baseado em fatores Fonte: elaborada pela autora. 34 2.4 Melhoria contínua A última etapa é a de melhoria contínua, na qual se busca a melhoria da eficiência do desenvolvimento do projeto, sendo flexível e adaptável e documentando as lições aprendidas para serem utilizadas em um futuro projeto. A figura apresenta os princípios de gerenciamento de projetos e como os Escritórios de Projetos devem se adaptar a estas novas abordagens trazidas na sétima edição do PMBoK. Figura 6 – Princípios de gerenciamento de projetos Fonte: elaborada pela autora. Os modelos levam em consideração a liderança situacional, a comunicação, a motivação, as mudanças necessárias a serem implementadas, a complexidade do projeto e o desenvolvimento do time. Para se realizar estes modelos, os métodos devem definir como será a coleta e análise de dados, as estimativas de prazo e custos e os marcos do desenvolvimento. Já na saída, têm-se os artefatos, que devem estar em sintonia com as estratégias da organização. Aqui, são definidos os planos, as linhas de 35 base, os relatórios que serão necessários, os acordos e contratos, entre outros. Conclui-se que, cada vez mais, os Escritórios de Projetos ajudam a entregar mais valor para a organização, seja com o lançamento de um produto ou serviço, seja na melhoria de um processo. Referências PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Guia PMBOK®: um Guia para o Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 6. ed. Pennsylvania: PMI, 2017. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Guia PMBOK®: um Guia para o Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 7. ed. Pennsylvania: PMI, 2021. http://amzn.to/2xiCc3X http://amzn.to/2xiCc3X https://amzn.to/3srt9H3 https://amzn.to/3srt9H3 36 Criação do framework adequado para o Tailoring Autoria: Yane Lobo Leitura crítica: Eduardo Viana de Almeida Objetivos • Conhecer os fatores de sucesso de um projeto na aplicação do processo de Tailoring. • Apresentar as etapas de elaboração de um framework para o processo de Tailoring. • Definir as atividades que são realizadas em cada etapa do framework para o processo de Tailoring. 37 1. Framework para o processo de Tailoring Um dos maiores desafios das organizações é realizar a adequação das boas práticas e dos processos de gestão de projetos, ou seja, execução do processo de Tailoring. Como já vimos, o foco dos projetos está na criação de valor, com aumento de eficiência, eficácia e produtividade. Logo, são necessárias novas abordagens de gerenciamento de projetos. A busca por desenvolvimento de novos produtos, serviços ou resultados é ainda maior. Outro ponto é a incorporação dos conceitos das metodologias ágeis nesta gestão. A gestão de projetos está cada vez mais em sintonia com a gestão estratégica, e são nestas perspectivas que se baseiam as tomadas de decisão e a gestão de mudanças. No processo de mudança, o que mais agrega valor são as atividades que contêm inovação. Para que isso seja incorporado ao projeto, precisa de um melhor gerenciamento dos recursos, do tamanho e da complexidade do projeto. E cada projeto é único, por isso, a grande necessidade de adaptação do processo de gerenciamento, o processo de Tailoring. O mapeamento dos processos de gerenciamento de projeto ganha destaque na execução do Tailoring, pois, para fazer esta adequação, é preciso conhecer muito bem todo o processo de desenvolvimento. Mais uma vez, pode-se perceber que os conhecimentos, a habilidade e os processos de gerenciamento de projetos não podem ser executados de forma padrão. A equipe de projetos é responsável por adequar os processos. E o que é um processo? É um conjunto de atividades interrelacionadas que são realizadas para se obter um produto, serviço ou resultado. No caso de um projeto, essas atividades devem estar relacionadas ao escopo, custo e planejamento. Elas devem também estar orientadas 38 pelo ciclo de vida deste projeto. A Figura 1 apresenta um fluxo de processos de desenvolvimento. Figura 1 – Processo de desenvolvimento Fonte: elaborada pela autora. O início de um projeto é a etapa de levantamento de dados. Em seguida, vem a etapa de planejamento, na qual são definidas as atividades a serem executadas para agregar valor ao negócio. Neste ponto, é muito importante fazer o mapeamento do processo, pois ficará mais fácil definir as atividades que agregam valor ao negócio e as que não agregam, porém são imprescindíveis para completar o processo. Depois, inicia-se a execução destas atividades. As etapas de planejamento e execução devem ser monitoradas e controladas, para que não se desvie o prazo e o custo. Este loop deve ser realizado até o início da próxima fase, garantindo a qualidade do processo e do resultado. Por fim, a etapa de encerramento, na qual o produto ou serviço será implementado. Quando for fazer o mapeamento de processos e montar um framework único para o projeto, deve-se considerar alguns fatores que levarão ao sucesso. São eles: • Adequar os processos com a complexidade, o risco, o tamanho, o prazo, a experiência do time, a disponibilidade de recursos, o conhecimento do assunto e a maturidade do time. 39 • Adequar as funcionalidades do produto ao plano de requisitos levantados junto ao cliente/usuário. • Atender às expectativas dos stakeholders. • Balancear escopo, tempo, custo, qualidade, recursos e riscos. Para desenhar este framework de gestão de projetos, deve-se aplicar o conhecimento, as habilidades, as ferramentas e as técnicas que atingirão as metas estabelecidas e os requisitos do projeto. Isso é feito pelo Escritório de Projetos (PMO). O PMO deve ser composto por diversas áreas, como financeira, suprimentos, vendas, logística, tecnologia da informação, entre outras. Outro ponto é a comunicação efetiva em todas as atividades desempenhadas pelo PMO. Ele coordenará e gerenciará os projetos. As etapas de desenvolvimento devem ser interligadas com as áreas de desempenho, conforme mostra o Quadro 1. Quadro 1 – Processo de desenvolvimento Áreas de desempenho Início Planejamento Execução Término Stakeholders x x x x Time x x x x Ciclo de vida x x x x Planejamento x Projeto x x x x Entrega x x Medição x x Incerteza x x x Fonte: elaborado pela autora. 2. Etapas de elaboração de um framework Como visto, o ciclo de vida do projeto tem como primeiro processo o início. As atividades que pertencem a este processo são: 40 • Priorização das necessidades. • Priorização da demanda de recursos. • Análise de viabilidade. • Planejamento preliminar para aprovação inicial. • Definição de custo e prazo. Nesta etapa, é realizado o Termo de Abertura do Projeto. A Figura 2 apresenta os pontos fundamentais deste termo. Figura 2 – Processo de desenvolvimento Fonte: elaborada pela autora. Pode-se dizer que esta fase é a fase do descobrimento. Em seguida, vêm as fases de planejamento e execução. Nelas, as atividades realizadas são: • Definição de fluxogramas e checklists. 41 • Definição dos entregáveis, e que estes sejam mensuráveis e que possam ser verificados. • Interligação das atividades. • Levantamento dos envolvidos. • Análise de riscos. A Figura 3 apresenta a evolução de algumas variáveis durante o ciclo de vida do projeto. Figura 3 – Processo de desenvolvimento Fonte: elaborada pela autora. Este planejamento deve ser adaptativo. Esta é a fase de trazer valor para o negócio, através de um conjunto de funcionalidades que tornem o produto ou serviço utilizável pelo cliente. Esse desenvolvimento deveser incremental e iterativo. Essa é uma abordagem da metodologia ágil, que deve ser incorporada nos projetos. As metodologias ágeis não precisam ser totalmente aplicadas na gestão de projetos. Como já vimos, atualmente, a tendência é utilizar uma metodologia híbrida, na qual se aplicam conceitos da metodologia ágil 42 e da metodologia tradicional. Especialmente em projetos complexos, a parte de documentação da metodologia tradicional deve ser utilizada. Para realmente trazer valor, precisa-se conhecer muito bem os requisitos e as necessidades do cliente. Uma boa maneira de coletar isso é estabelecer uma persona que represente os diferentes tipos de clientes que utilizarão este produto ou serviço. Conhecendo bem esta persona, pode-se traçar a sua jornada para simular qual será a experiência do usuário deste produto. Quanto mais dados puder reunir para definir a persona, menos riscos correrá no desenvolvimento. A análise do mercado e o conhecimento dos problemas dos usuários em potencial são essenciais para identificar as oportunidades. Essas ações são os primeiros passos para uma abordagem enxuta no desenvolvimento de produtos ou serviços. O desenvolvimento enxuto procura reduzir os desperdícios que podem ocorrer durante o processo. Pode-se observar aqui, mais uma vez, a importância de se utilizar uma abordagem híbrida, na qual os conceitos de várias metodologias são utilizados de forma adaptada. Isto é o processo de Tailoring na prática. Todos estes aspectos devem ser considerados no desenvolvimento do framework. Depois deste levantamento de requisitos, deve-se fazer uma priorização, a qual deve levar em conta os riscos, para que estes sejam mitigados. As atividades que representam mais riscos devem ser realizadas primeiro. Como visto na Figura 3, o ideal é pensar nos riscos logo no início do projeto. Em seguida, deve-se partir para a prototipação, para validação das funcionalidades, se estas estão suprindo os requisitos levantados. Esta fase de prototipação validará as funcionalidades desenvolvidas. Essa validação deve ser realizada pelo próprio usuário. Isso trará possíveis oportunidades de melhoria no produto ou serviço. Essa 43 testagem diminuirá os problemas que podem surgir no lançamento do produto ou serviço. A Figura 4 apresenta um esquema da descoberta e validação de um desenvolvimento de um produto ou serviço. Figura 4 – Esquema de descoberta e validação Fonte: elaborada pela autora. Cada um dos lados – descobrimento e prototipação e validação – podem ser considerados como um diamante, o qual está dividido no lado do pensamento divergente e no lado do pensamento convergente. Estes lados se complementam, pois o pensamento divergente ajuda a ser mais criativo, já o pensamento convergente permite às pessoas entenderem a hora de decidir e fazer. A importância do pensamento divergente é não limitar as ideias. Quanto mais ideias e oportunidades surgirem, melhor será para escolher uma boa ideia. Aqui, não pode haver julgamento, as pessoas devem estar livres para explorar e aprofundar caminhos bem diversos. Até esse momento, o trabalho deve ser individual, para não haver influência entre as pessoas e a ideia “rolar solta”. 44 O pensamento convergente permite saber a hora de discutir as opções e tomar decisões. É importante sair da análise e começar a realização. Nesta etapa, o trabalho é em grupo, todos expõem suas ideias e as decisões são tomadas em consenso. Não pode se esquecer de que deve sair a primeira parte do diamante – pensamento divergente, com a ideia bem estruturada para ser apresentada aos demais. O primeiro diamante é a descoberta. Nesta fase, o pensamento divergente está na descoberta das necessidades do cliente, através de coleta de dados e da imersão no mercado. Aqui, é essencial procurar oportunidades e não pular para solução, assim como fazer uma análise dos concorrentes. Em seguida, passa-se para o pensamento convergente. Aqui, os dados são compartilhados e se inicia a análise destes dados. O próximo passo é identificar as oportunidades no mercado sem pensar ainda na solução. O segundo diamante é a prototipação e validação. É necessário entrar nele sabendo quem é o usuário e qual é o problema dele. Com as oportunidades definidas, é hora de priorizar, para reduzir o número de protótipos. Pronto, chegou a hora da ideação e do pensamento divergente. Agora, pode-se pensar na solução. Após se obter muitas ideias e discussões divergentes, precisamos escolher a melhor ideia. Também, é necessário fazer uma análise de viabilidade técnica e financeira desta ideia. Nesta fase, o pensamento deve ser convergente. Depois, escolhemos a abordagem de prototipagem que permitirá testar as suposições. Todas essas etapas são iterativas. Não é possível encontrar o produto certo para o mercado certo da primeira vez. Este é um processo dinâmico. 45 Referências KERZNER, H. Gestão de projetos: as melhores práticas. 2. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2006. RABECHINI, R. J.; PESSÔA, M. S. de P. Um modelo estruturado de competências e maturidade em gerenciamento de projetos. Revista Produção, v. 15, n. 1, p. 34-43, jan./abr. 2005. VALERIANO, D. L. Gerenciamento Estratégico e Administração por Projetos. São Paulo, SP: Makron Books, 2001. 46 BONS ESTUDOS! Sumário Apresentação da disciplina Fundamentos dos modelos, métodos e artefatos Objetivos 1. Introdução 2. Escritório de Projetos (PMO) 3. Fundamentos dos modelos, métodos e artefatos Referências Modelos, métodos e artefatos por domínio de desempenho Objetivos 1. Domínio de desempenho 2. Valores, princípios e áreas de desempenho 3. Domínio de desempenho no Escritório de Projetos Referências Fundamentos do Tailoring Objetivos 1. Fundamentos do Tailoring 2. Etapas do processo de Tailoring Referências Criação do framework adequado para o Tailoring Objetivos 1. Framework para o processo de Tailoring 2. Etapas de elaboração de um framework Referências