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Farmacologia Aplicada Turma 106 Letícia Iglesias Jejesky 1 Sulfas ou Sulfonamidas A primeira classe de substâncias com atividade contra bactérias gram-positivas e gram-negativas introduzida na terapêutica humana. Papel relativamente secundário no arsenal terapêutico atualmente Patente em 1932 Gerhard Domagk – Corante (vermelho) Prontosil e o metabólito sulfanilamida Atividade contra infecções estreptocócicas em camundongos 1933 – paciente de 10 meses com sepse estafilocócica Resultado favorável em sepse puerperal e nas infecções meningocócicas – sepse puerperal tem relação com gram-negativos do trato genital feminino; infecções meningocócicas (Neisseria meningitidis – meningococo). Ou seja, desde o início a sulfa sempre teve uma boa atividade contra gram-positivos, mas também contra gram-negativos. Hoje em dia a grande maioria das bactérias (estafilos, estreptos, meningococo, etc) são resistentes a sulfa. Primeiro ATB usado comercialmente Prêmio Nobel de medicina em 1938 Não é um antibiótico tão potente, sendo somente bacteriostático. Sulfa é primeira linha para doenças causadas por protozoários, como a toxoplasmose, por exemplo. Ela pode ser usada para ITU, infecções respiratórias e no TGI, mas não é a primeira opção para tratamento. Atualmente em nenhuma infecção bacteriana a droga de primeira linha é sulfa. Estrutura Química A sulfa mais utilizada atualmente tem nome comercial de Bactrim – combinação da de Sulfametroxazol com Trimetoprima (que é um outro antibiótico). Sulfadiazina de Prata: é a sulfa associada a prata, sendo usada para formar uma barreira mecânica na pele. Usada em situações de queimadura, úlcera de pressão, escaras, etc. Os seres primitivos (bactéria, fungo e protozoário) não são capazes de adquirir ácido fólico do alimento, precisando sintetizar o próprio ácido fólico, fazendo isso a partir do PABA – eles pegam PABA no ambiente e transformam em ácido fólico. Animais adquirem ácido fólico pronto dos alimentos. Estruturalmente, as sulfas são semelhantes ao PABA, tendo diferença química porque as sulfas possuem radical de enxofre. A partir disso, o que podemos imaginar que a sulfa vai fazer em bactérias, fungos e protozoários? A sulfa serve como um substrato falso, ocupando o lugar do PABA. Ao invés desses seres captarem o PABA para sintetizar ácido fólico, eles captam sulfa. O ácido fólico é matéria-prima para a síntese de ácidos nucleicos – sem o substrato necessário para a síntese do material genético, a bactéria, fungo ou o protozoário, deixam de se replicar. A sulfa funciona como falso substrato para os microrganismos, ocupando o lugar do PABA na cadeia metabólica do ácido fólico. A sulfanilamida tratava as infecções bacterianas estreptocócicas. Mecanismo de Ação São bacteriostáticos Inibidores Competitivos da diidropteroato- sintetase, enzima bacteriana responsável pela incorporação do PABA ao ácido diidropteroico, precursor do ácido fólico. Impedem que as bactérias utilizem o PABA para sintetizar ácido fólico Microrganismos sensíveis são aqueles que precisam sintetizar seu próprio ácido fólico. As células de mamíferos necessitam do ácido fólico pre-formado, não tem capacidade de sintetiza-lo. NÃO são sensíveis às sulfas. Sinergismo com Trimetoprim Inibidor competitivo potente e seletivo da diidrofolato redutase reduz o diidrofolato a tetraidrofolato. Farmacologia Aplicada Turma 106 Letícia Iglesias Jejesky 2 Todos antibióticos vistos até agora eram bactericidas ao causar a lise da parede celular. A sulfa é um antibiótico bacteriostático, impedindo que bactéria sintetize ácido fólico. A matéria-prima do ácido fólico bacteriano é o PABA (ácido paraminobenzênico). A sulfa entra na cadeia metabólica da bactéria, por exemplo, e por ter estrutura semelhante ao PABA, a sulfa “finge” que é ele e é captada pela bactéria. No metabolismo de bactérias, fungos ou protozoários o PABA precisa ser sintetizado em ácido fólico (folato ou dihidrofólico) – é a enzima citoplasmática dihidropteroato-sintetase que transforma o PABA em folato. Enzima citoplasmática dihidropteroato- sintetase: função de transformar PABA em ácido fólico. Quando a sulfa é administrada, ela entra na ligação da dihidropteroato-sintetase no lugar do PABA – então, a sulfa é um inibidor enzimático. Até chegar à síntese do material genético, é necessário que uma segunda reação enzimática que vai transformar o ácido fólico em ácido folínico (ácido tetrahidrofólico ou tetrahidrofolato) – a segunda enzima que faz isso é a dihidrofolato redutase. A dihidrofolato redutase é inibida pelo Trimetoprima, que é o antibiótico associado com a Sulfametroxazol. Por esse motivo a sulfa mais utilizada atualmente é o Bactrim (Sulfametroxazol + Trimetoprima). Sulfametroxazol inibe a primeira enzima do metabolismo do ácido fólico = dihidropteroato- sintetase Trimetoprima ou Pirimetamina inibem a segunda enzima do metabolismo do ácido fólico = dihidrofolato redutase. Normalmente, sistemicamente a sulfa é sempre utilizada associada a algum outro antibiótico, para que aconteça a inibição da síntese do ácido fólico e do ácido folínico. Quando dois pontos da cadeia são inibidos acontece sinergismo, potencializando a ação dos dois antibióticos. No uso tópico é comum o uso da sulfa sozinha, como é no caso da Sulfodiazina de Prata. Essa inibição acontece por competitividade, ou seja, a sulfa fica em maior quantidade do que o PABA e por isso a ligação é feita e o mecanismo de ação acontece. A primeira reação enzimática (transformação de PABA em ácido fólico) é inibida pela dihidropteroato- sintetase, mas os seres humanos não são susceptíveis a essa inibição – porque são animais complexos e adquirem ácido fólico por meio da alimentação. Porém, o organismo humano precisa transformar o ácido fólico em ácido folínico para que o material genético seja sintetizado, principalmente para replicar as células de rápida replicação (leucócitos, plaquetas, enterócitos, etc). Por esse motivo o uso crônico de Trimetoprima ou Pirimetamina (são os que inibem a dihidrofolato redutase) causa reação adversa. Exemplo: na toxoplasmose o tratamento padrão dura 6 semanas e o paciente fica susceptível a redução das células de replicação rápida, podendo ter anemia, leucopenia, diarreia, queda de cabelo, etc. Tanto que em muitos pacientes com toxoplasmos, neurotoxoplasmose, etc em que a Pirimetamina será usada por muito tempo, também é feita a reposição de ácido folínico. Espectro de Ação Início de seu emprego Sulfas mostravam atividade sobre ampla gama de bactérias gram-positivas e gram- negativas: incluindo estreptococos, estafilococos, neissérias, hemófilos, brucelas, vibriões, pasteurelas, salmonelas, shigelas e outras enterobactérias, actinomicetos, clamídias. Com o passar do tempo, grande influência da resistência bacteriana adquirida, na atualidade, muitas bactérias não mais respondem à terapia sulfamídica, como ocorre, frequentemente, com o Staphylococcus aureus, a Neisseria meningitidis e a Salmonella typhi. Farmacologia Aplicada Turma 106 Letícia Iglesias Jejesky 3 A resistência às sulfas é observada em praticamente todos os agentes bacterianos e é variável de país para país, de cidade para cidade, bem como de acordo com a origem urbana ou rural do germe infectante e a característica intra- ou extra-hospitalar da infecção. Melhora do espectro quando associado a Trimetoprima – sendo usada como droga de segunda ou terceira opção; já que a sulfa associada com o trimetoprima tem seu efeito potencializado, pois acontece a inibição de duas enzimas diferentes no metabolismo do ácido fólico – esse efeito de potencialização em que dois antibióticos agem na mesma bactéria em locais diferentes é chamadode SINERGISMO! Ação contra agentes infecciosos não bacterianos Paracoccidioides brasiliensis, Toxoplasma gondii, Isospora belli, Nocardia e Pneumocystis jiroveci. Também aqui, a ação das sulfas é especialmente notável quando associadas à pirimetamina ou à trimetoprima. Plasmódios já se mostraram sensíveis às sulfas, e a associação da sulfadoxina com pirimetamina já foi utilizada no Brasil no tratamento da malária por P. falciparum. Na atualidade, este plasmódio não mais responde a esta terapêutica no país. A sulfa é a primeira opção terapêutica para doenças causadas por alguns protozoários – toxoplasmose e pneumocistose. Associação com trimetoprima é feita no caso da pneumocistose. Associação com pirimetamina no caso da toxoplasmose. Mecanismos de Resistência Menor afinidade da diidropteroato sintase (ou sintetase) pelas sulfonamidas Diminuição da permeabilidade bacteriana ou ao efluxo ativo do fármaco Via metabólica alternativa Produção aumentada de um metabólito essencial (PABA) – Estafilococos O mecanismo mais comum de resistência é a modificação do sítio de ação da sulfa, que é a enzima citoplasmática que metaboliza o PABA em ácido fólico = diidropteroato sintase. Ou seja, os microrganismos produzem diidropteroato sintetase com baixa afinidade pelas sulfas. Para executar o seu mecanismo de ação as sulfas precisam entrar nas bactérias, já que o seu sítio de ação são enzimas citoplasmáticas. Com isso, as sulfas também ficam susceptíveis a bomba de efluxo. Além disso, bactérias gram-negativas podem se tornar impermeáveis aos antibióticos por não produção ou modificação dos canais de porinas – impermeabilidade ou diminuição da impermeabilidade! Lembrar que esse mecanismo de resistência é exclusivo de bactérias gram-negativas. A bactéria pode produzir ácido fólico sem precisar da diidropteroato sintetase – ela consegue alternativas de produzir ácido fólico. Por esse motivo a sulfa é usada associada com trimetoprim ou piripetamina – pois, se a bactéria tiver outros meios de produzir ácido fólico, esses antibióticos conseguem impedir que esse ácido fólico seja convertido em ácido folínico. Superprodução de PABA – a inibição enzimática acontece por competição e uma maneira da bactéria se tornar resistente é uma produção maior de PABA, para que ela consiga se ligar ao sítio de ação ao invés da sulfa. A resistência ao trimetoprim e pirimetamina também pode acontecer – por modificação do sítio de ação (dihidrofolato redutase) que vai ter menor afinidade a esses antibióticos. Farmacocinética Algumas sulfas são feitas para não serem absorvidas e terem efeito local no intestino ou tópico. 70-100% da dose oral é absorvida Níveis plasmáticos máximo de 2-6 Absorvidas no Delgado e Estômago Ligam-se a Albumina Concentram-se em todos os líquidos corporais, incluindo líquor – droga de escolha para neurotoxoplamose Atravessam a placenta Sofrem metabolismo hepático Metabólio sulfonamida N4-acetilada. Excretadas pelo rim parte inalterada, parte metabólitos. Quantidades pequenas eliminadas nas fezes, bile e leite Farmacologia Aplicada Turma 106 Letícia Iglesias Jejesky 4 A sulfa sofre metabolismo hepático antes de ser eliminada na urina. O metabólito da sulfa se chama sulfonamida N4-acetilada – ele é excretado pelo rim, parte como metabólito e parte como droga inalterada. Como a sulfa sai pelo rim como droga inalterada, ela é utilizada para ITU. Sulfa pode trazer hepatotoxidade. Existe sulfa por todas as vias de administração, sendo um antibiótico bem absorvível. Sulfa retal: a sulfasalazina é feita na forma de enema ou supositório – quando ela cai na mucosa do cólon, a sulfasalazina é quebrada pelas bactérias intestinais em sulfapiridina + ácido salicílico. O ácido salicílico é um anti-inflamatório não esteroidal que inibe a enzima COX consequentemente, a formação de prostaglandinas é inibida. Portanto, o ácido salicílico age como anti-inflamatório na mucosa intestinal. O objetivo da sulfa nesse caso não é agir nas bactérias do cólon, mas que o ácido salicílico iniba a COX, reduzindo processo inflamatório da mucosa colônica. Essa é uma droga de primeira linha para doença inflamatória intestinal – EFEITO LOCAL NO INTESTINO. Sulfa não é teratogênica – tanto que observamos muitas grávidas com infecção urinária utilizando sulfametoxazol+trimetropim. A fração que sai no leite é muito pequena e não causa nenhum mal para o bebê, por isso pode ser usado por lactantes. A saída da sulfa pelo rim está associada à elevação do pH, favorecendo a formação de cálculos. Indicações ITU – normalmente os pacientes que não podem fazer uso da quinolona são os que utilizam as sulfas para tratar ITU (gestantes e crianças). Nocardiose Toxoplasmose – sulfa + pirimetamina Infecções do trato respiratório (SMX+TRI) Infecções GI (SMX+TRI) Pneumocistose (SMX+TRI) Profilaxia e tratamento Profilaxia Estreptococos – pacientes que tem ou que já tiveram febre reumática precisam a cada 21 dias de uma dose de Penicilina G Benzatina. Só que existe uma parte da população com alergia a penicilina, nesses casos a profilaxia ao Estrepto pyogenes é feita de forma alternativa com sulfas. Uso tópico – não é usada como antibiótico, mas sim como barreira mecânica para lesões em que a epitalização da pele é perdida. Sulfassalazina na DII Degradação em sulfapiridina + ácido 5-aminossalicilato (5-ASA) – o objetivo não é agir como antibiótico, mas sim ser quebrada por bactérias colônicas em sulfapiridina + ácido salicílico; o objetivo que o ácido salicílico atue localmente como anti-inflamatório das mucosas intestinais. Bactrim = SMX+TRI Resumo O uso de sulfa é feito para infecções bacterianas como droga de segunda e terceira linha. ITU e no TGI é usada em populações que não podem usar quinolona – criança e gestante. Primeira linha: protozoário Toxoplasmose e pneumocistose – sempre associado a um inibidor enzimático (trimetoprim ou pirimetamina). Sulfa sozinha é usada muito de forma tópica para servir de barreira mecânica em lesões que perderam o epitélio. DII a sulfa não é usada como antibiótico, mas sim como veículo para levar o ácido salicílico para mucosa intestinal. Reações Adversas Aproximadamente 5% de Incidência Cristalúria – pH urinário – ela não é nefrotóxica mas aumenta a formação de cristal por elevação do pH urinário, favorecendo formação de cálculo renal. Anemia hemolítica – deficiência de G-6- P-D – glicose-6-fosfato-desaminase é uma enzima responsável por dar o formato de concavidade da hemácia. Algumas pessoas nascem com deficiência dessa enzima. Em situações de exposição a alguns fármacos, essas pessoas que tem menos quantidade dessas enzimas a hemácia perde o formato, o que faz com que ela sofra lise. Ou seja, pessoas que nascem com baixa produção da G-6-P-D em contato com a sulfa serão incapazes de manter o formato da hemácia e ela rompe, gerando anemia hemolítica. Agranulocitose Anemia aplásica – redução de todas as sérias hematológicas Reações de hipersensibilidade Cutâneas erupções, eritema, Stevens Johnsons, Behçet, fotossensibilidade Febre em 3% Hepatotoxicidade Farmacologia Aplicada Turma 106 Letícia Iglesias Jejesky 5 Quinolonas ou Fluorquinolonas Descrito pela primeira vez em 1949 – Ácido carboxílico. 1962, Lesher e col., dos Laboratórios Sterling-Winthrop, EUA, durante o processo de síntese da cloroquina, era produzida uma substância halogenada, a 7-cloroquinolina, a qual demonstrou alguma ação contra bactérias gram- negativas. Ácido nalidíxico, a primeira das substâncias atualmente conhecidas como quinolonas de uso clínico, e que mostrou ação bactericida contra bactérias gram- negativas – a primeira quinolonade uso clínico é o ácido nalidíxico, sendo conhecida como quinolona de primeira geração. Inúmeros derivados quinolônicos foram produzidos em laboratório, ocorrendo um grande avanço nesta classe de antimicrobianos a partir de 1980. Quinolona serve basicamente para todas as infecções comunitárias, possuindo versatilidade e capacidade de ação bem ampla. As quinolonas de segunda geração são divididas em subgrupo A e B. A diferença entre esses subgrupos é a potência. O subgrupo B é de 4 até 8 vezes mais potente do que o subgrupo A. Atualmente a primeira geração e o subgrupo A são drogas que tendem ao desuso, sendo mais comum o uso das quinolonas a partir do subgrupo B. A primeira geração só cobre gram-negativos de origem comunitária. A segunda geração é mais usada no subgrupo B e o espectro amplia bastante e só não cobre estafilos meticilina resistentes de gram-negativos hospitalares. A terceira e quarta geração tem o mesmo espectro que a segunda geração, qual a diferença? As quinolonas de terceira e quarta geração foram feitas porque a segunda geração não tem adequada cobertura para Pneumococo (Streptococcus pneumoniae). A terceira e quarta gerações tem o espectro de ação ampliado para infecções pneumocócicas. O Pneumococo causa infecções importantes nas vias aéreas superiores e inferiores – tanto que as quinolonas de terceira geração e quarta geração são conhecidas como quinolonas respiratórias. O que melhora a quarta geração em relação a terceira? A quarta possui melhor cobertura para bactérias anaeróbias. O Norfloxacino tem como principal indicação a PBE (peritonite bacteriana espontânea) – a bactéria sai do cólon e migra para o líquido ascítico, gerando infecção. A profilaxia é feita com Norfloxacino. Por exemplo: uma paciente com otite recebe indicação de Ciprofloxacino. A indicação está correta? Não, pois Ciprofloxacino é um antibiótico de segunda geração que não é indicado para infecção de vias aéreas por não ter adequada cobertura para o Pneumococo. Teoricamente as quinolonas cobririam os causadores de meningite e meningoencefaltite. Só que as quinolonas não se concentram de forma adequada no líquor. Quinolona não pode ser usada para SNC. Por exemplo: pneumonia aspirativa em paciente acamado com dificuldade de deglutição que broncoaspirou conteúdo do TGI – há contaminação de anaeróbios. Nesse caso é viável o uso de quinolonas de quarta geração. Mecanismo de Ação 2 alvos DNA-girase e topoisomerase IV O cromossomo bacteriano é formado por uma única e longa molécula de DNA DNA encontra-se dobrado sobre si mesmo e super enrolado em espirais bem apertadas. A manutenção deste estado e a divisão, reunião das novas cadeias e enrolamento do novo DNA, ao ocorrer a replicação do cromossomo e a divisão celular, são controlados por meio de enzimas denominadas topoisomerases, entre as quais a topoisomerase II, também chamada DNA-girase e a topoisomerase IV. DNA girase nos gram - e Topoisomerase IV nos gram + A bactéria possui fita única de DNA que fica dobrado, espiralado e apertado sobre ele mesmo. Quem mantém o cromossomo bacteriano dessa maneira são enzimas: Gram-positivos: topoisomerase IV Gram-negativos: DNA girase/topoisomerase II Farmacologia Aplicada Turma 106 Letícia Iglesias Jejesky 6 A quinolona inibe essas enzimas dos gram-positivos e gram-negativos, isso faz com que o cromossomo bacteriano fique sem a capacidade de ficar dobrado, espiralado e apertado. Consequentemente, o cromossomo da bactéria expande e explode, o que gera a morte da bactéria. Quinolonas são antibióticos bactericidas que atuam por inibição de enzimas cromossômicas. Espectro de Ação Gram - : E. coli, Salmonella, Shigella, Enterobacter, Campylobacter e Neisseria*. Pseudomonas (a partir do ciprofloxacino 2ª Geração). Quinolonas cobrem bem gram-negativos comunitários. Neisseria*: lembrar que quinolonas não servem para meningococo (Neisseria meningitidis). Apesar de cobrir a Neisseria in vitro, a quinolona não tem adequada concentração no líquor. Pseudomonas: as quinolonas cobriram em dado momento os gram-negativos hospitalares, mas atualmente há afunilamento do espectro das quinolonas para esses agentes. Quinolonas não sai utilizadas em nenhuma infecção com origem dentro do ambiente hospitalar. Gram + : Estafilococos sensíveis a meticilina. Estreptococos (a partir do Levofloxacino 3ª geração). Há melhora de cobertura estreptocócica – especificamente o Streptococcus pneumoniae a partir da terceira geração de quinolonas. Ciprofloxacino para pneumonia, sinusite, otite, etc NÃO É INDICADO – é quinolona de segunda geração. Bactérias intracelulares: Chlamydia, Mycoplasma, Legionella, Brucella, Mycobatérias. Quinolonas possuem cobertura adequada para bactéria de vida intracelular. Quando cobre bactérias intracelular, também passa a fazer cobertura do trato genital – ou seja, a quinolona é boa para tratamentos de Chlamydia respiratória e também genital. Anaeróbios – principalmente a quarta geração. Tanto que cobre infecções do TGI como peritonite, colecistite, etc. EXCETO PANCREATITE! Nesses casos o ideal usar carbapenêmicos. Quinolonas cobrem bem gram-negativos comunitários! Resistência Mutação nos genes que codificam as topoisomerases. Modificações nos canais porínicos da membrana externa das bactérias Transporte ativo do fármaco para fora da bactéria Resistente crescente em Estafilococos e Pseudomonas Farmacologia Aplicada Turma 106 Letícia Iglesias Jejesky 7 Tendência é ter resistência crescente dos MRSA e gram-negativos hospitalares. O mecanismo de resistência mais comum é a modificação do sítio de ação – as enzimas cromossômicas. Gram-negativo: DNA-girase Gram-positivo: topoisomerase IV A mutação dos genes que sintetizam essas enzimas gera a diminuição da afinidade do antibiótico pelos eu sítio de ação. As quinolonas também vão precisar entrar dentro das bactérias, já que seu sítio de ação são enzimas que estão no cromossomo. Consequentemente, esses antibióticos ficam susceptíveis a bomba de efluxo – transporte ativo para fora da célula. Em gram-negativos pode acontecer como mecanismo de resistência a impermeabilidade por alteração ou não expressão dos canais de porinas da membrana externa. Há pouco tempo foi descrito um novo mecanismo de resistência: Pseudomonas foi capaz de modificar sequência dos aminoácidos no antibiótico (Ciprofloxacino). Farmacocinética Bem absorvidas por via oral Distribuem-se bem pelo corpo 1-3 horas atingem nível sérico máximo Biodisponibilidade > 50%, alguns > 95% Meia vida 3 a 5 horas Concentrações intracelulares boas Menores concentrações no líquor, ossos e próstata Eliminados pelo rim, exceto pefloxacino e moxifloxacino (metabolismo hepático). No geral, ela entra da mesma forma que sai. A grande vantagem das quinolonas é a alta biodisponibilidade, de modo que fazer quinolona oral ou IV não dá tanta diferença em questão de biodisponilidade – isso possibilita tratamento de infecções de forma ambulatorial sem que seja necessário internar o paciente. As quinolonas se distribuem por todo o corpo – líquor, ossos e próstata. No caso do SNC não é feito! Em casos de ossos e próstata há exigência de mudança terapêutica – maior tempo de uso. Então, para prostatite e osteomielite a quinolona é usada de 28 até 46 dias (4 até 6 semanas) – porque a concentração do antibiótico nesses locais é menor. No geral, as quinolonas são usadas até 10 dias, mas em casos de infecções nos ossos e próstata essa terapêutica muda. As quinolonas concentram muito bem dentro da célula humana, fazendo com que a gente ganhe as infecções atípicas de sistema respiratório, trato genital e a tuberculose. Indicações ITU Prostatite (4-6 semanas) DSTs – uretrites/cervicites (não são 1ª opção) Gastroenterites Infecções abdominais – exceto pancreatite Infecções respiratórias – 3ª e 4ª geração Osteomielite (4-6 semanas) Artrites Infecções de tecidos moles Tuberculose Importante: gastroenterites, infecções abdominais, ITU, infecções respiratórias, etc – quinolonas são usadas se essas infecções são de origem COMUNITÁRIA! Efeitos adversos Bem toleradas Náusea, vômito e dor abdominal 3-17% - mais comum Colite por C. difficile (pseudomembranosa) – no cólon há colonização por bactérias gram-positivos anaeróbias e gram-negativos aeróbios que convivem normalmente. Contudo, o uso de antibióticos com muita ação em gram- negativas, o anaeróbio gram-positivo replica mais. O C. difficile (anaeróbio gram+) prolifera, o que leva a formação de pseudomembranas no cólon, que impede a reabsorção de água e eletrólitos – gerando diarreia disarbsortiva. Isso pode acontecer durante ou depois do uso. Alterações da glicemia (gati – saiu do mercado) Efeitos no SNC – insônia, alucinação, etc Ruptura do tendão Aquileu Artropatias em crianças Gestantes – fechamento precoce de epífises O uso da quinolona gera riscos de ruptura de tendões e grandes vasos pela alteração de tecido conjuntivo denso – não precisa ser uso crônico.
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