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PLANEJAMENTO FAMILIAR - UMA ABORDAGEM CRITICA A LEI 9 263-96

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*Acadêmicas de Direito da Faculdade Presidente Antônio Carlos – FUPAC Mariana MG. 
Artigo relativo à apresentação do trabalho de pesquisa realizado no primeiro semestre de 
2023, sob orientação do professor Raphael F. Carminate. 
PLANEJAMENTO FAMILIAR 
UMA ABORDAGEM CRÍTICA A LEI 9.263/96 
 
Bruna Carneiro* 
Bruna Figueiredo* 
Natália Silva* 
Yasmin Dias* 
 
RESUMO 
O Planejamento Familiar, numa visão de saúde tem sido entendido como 
uma necessidade do indivíduo, pois contribui para questões como liberdade 
e autonomia da mulher e diminuição da fertilidade, além de ser um 
programa que visa informar e orientar a população sobre métodos 
contraceptivos, mas em uma análise crítica, podemos perceber que nem 
tudo que o Estado propõe enquanto norma, é realmente ofertado pelos 
serviços de saúde e efetivamente aplicados na sociedade. O objetivo do 
presente artigo é analisar o contexto histórico-político do Planejamento 
Familiar desde a colonização até os dias atuais e sua relação com a 
autonomia da mulher ou até mesmo do casal e concluir se existe uma 
eficácia ou não da lei. O resultado aponta para importantes marcos que 
consolidaram a construção do conceito atual de Planejamento Familiar, 
como a conquista da autonomia da mulher, mudança no perfil da sociedade 
e a consequente queda da fecundidade, posicionamento do país quanto ao 
controle de natalidade com a criação de politicas públicas voltadas ao 
controle demográfico, correlacionada com o Planejamento Familiar, mas 
que apesar de serem questões comuns na assistência básica e primária de 
saúde, há muito que se discutir sobre o tema. 
 
Palavras chaves: planejamento familiar, saúde, controle demográfico, 
fecundidade, família, métodos contraceptivos. 
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*Acadêmicas de Direito da Faculdade Presidente Antônio Carlos – FUPAC Mariana MG. 
Artigo relativo à apresentação do trabalho de pesquisa realizado no primeiro semestre de 
2023, sob orientação do professor Raphael F. Carminate. 
 
ABSTRACT 
Family Planning, from a health point of view, has been understood as an 
individual need, as it contributes to issues such as women's freedom and 
autonomy and reduced fertility, in addition to being a program that aims to 
inform and guide the population about contraceptive methods, but in a 
critical analysis, we can see that not everything that the State proposes as 
a rule is actually offered by health services and effectively applied in society. 
The purpose of this article is to analyze the historical-political context of 
Family Planning from colonization to the present day and its relationship 
with the autonomy of the woman or even the couple and to conclude 
whether the law is effective or not. The result points to important milestones 
that consolidated the construction of the current concept of Family Planning, 
such as the achievement of women's autonomy, change in the profile of 
society and the consequent drop in fertility, the country's position regarding 
birth control with the creation of policies public policies aimed at 
demographic control, correlated with Family Planning, but which despite 
being common issues in basic and primary health care, there is much to be 
discussed on the subject. 
 
Keywords: family planning, health, demographic control, fertility, family, 
contraceptive methods. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O estudo deste artigo trata sobre a trajetória do Planejamento 
Familiar e qual seu verdadeiro objetivo, de um lado, numa perspectiva 
constitucional e do outro, numa visão do contexto histórico político do País, 
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2023, sob orientação do professor Raphael F. Carminate. 
abordando o papel da mulher e o impacto que a educação tem nas 
famílias. 
A ideia de Planejamento Familiar foi criada ao longo dos anos em meio 
a várias tensões políticas, sociais e econômicas. 
Inicialmente o Planejamento Familiar tinha uma visão controlista da 
população, com o objetivo exclusivo de controle demográfico, justificando 
que a miséria nos países pobres era oriunda do crescimento populacional. 
Com o passar do tempo passou-se a perceber a necessidade de 
políticas voltadas ao desenvolvimento e não mais políticas populacionais 
controlistas, fazendo com que esse debate entre controlismo e 
desenvolvimentismo fosse marcado por uma disputa ideológica, onde 
aqueles que defendiam o controle de natalidade eram considerados de 
direita, e aqueles que defendiam o desenvolvimento como forma de 
solucionar a miséria, eram vistos como da esquerda. 
Dentro ainda desse cenário de disputas ideológicas, enquanto se 
falava em desenvolvimento e população, as pessoas começam a se 
preocupar com regulação da fecundidade, trazendo à tona termos que 
demonstram quais eram as verdadeiras preocupações da população, como 
“controle de natalidade”, “planejamento familiar”, bem-estar da família”, 
“direitos reprodutivos”. 
Uma nova pauta acadêmica se insere na política brasileira, logo 
surgindo inúmeros estudos, criação de Conferências, Centros de Pesquisas, 
aberturas de clínicas, todos voltados para o tema planejamento familiar, 
controle de prole, bem estar da família, métodos contraceptivos, todas 
essas entidades com objetivo claro de controle demográfico. 
Como o governo não tinha, até então, nenhuma política pública que 
tratasse sobre esse controle demográfico, o mercado, através de farmácias 
e redes de saúde privadas, passa a ocupar essa lacuna, trazendo à tona 
métodos contraceptivos como o anticoncepcional. 
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2023, sob orientação do professor Raphael F. Carminate. 
Então, na década de 80, num momento histórico de retomada da 
democracia e de movimentos sociais feministas, informações sobre saúde 
reprodutiva passa a ser vastamente disseminadas, e as mulheres passam 
a dissociar sexualidade de procriação, aderindo a contracepção hormonal, 
mesmo que sem nenhuma assistência adequada. 
É nesse marco temporal que se passa a acreditar num planejamento 
familiar voltado à saúde, uma forma de regulação da procriação e não mais 
um controle demográfico coercitivo. 
Somente em 1988 com a criação da Constituição Federal é que se 
tem um conceito de planejamento familiar sendo livre decisão do casal, 
cabendo ao Estado o dever apenas de amparar a todos, e que em 
consequência, em 1996 é elaborado a Lei 9.263 do planejamento familiar, 
que traz critérios para a esterilização voluntária por exemplo e penalidades 
ao não cumprimento dessa lei. 
Que tal lei representa um avanço e marco na história dos direitos 
sexuais e reprodutivos não há dúvidas, mas em que pese, existe uma 
verdadeira eficácia na sociedade? Passaremos a tratar agora do tema 
central aqui proposto – fazermos uma análise critica a Lei 9.263/96, sob a 
luz da autonomia da mulher, direito de liberdade e o impacto da educação 
para a toda a sociedade. 
 
2. TRAJETÓRIA HISTÓRICA 
 O planejamento familiar é o direito que todo cidadão tem de planejar 
o número de filhos e o momento em que deseja, dessa forma, para Lei 
Federal nº 9.263/96, “entende-se planejamento familiar como o conjunto 
de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de 
constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou 
pelo casal”. 
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Dessa forma, para que aconteça uma melhor absolvição do que é o 
atual planejamento familiar é necessário perpassar por seu contexto 
históricoe entender o que levou aos avanços na legislação atual, sobre esse 
tema. 
A história do planejamento familiar está diretamente associada à crise 
do crescimento populacional. 
A história brasileira tem como lema “governar é povoar”, que como 
muito bem sabemos, se inicia pela colonização através da lavoura 
canavieira que garantiu uma boa base econômica, mas que devido à fatores 
de doenças e inúmeras epidemias, a população indígena e africana acabou 
por se diminuir. 
Livi-Bacci (2002) descreve a população do Brasil à época da seguinte 
maneira: 
“O povoamento do Brasil deve-se principalmente – pelo menos até a grande 
imigração europeia da segunda metade do século XIX – ao tráfico de escravos 
africanos. Na época do primeiro recenseamento (1872), 58% dos quase 10 
milhões de brasileiros eram de origem africana, pura ou mestiça. Até a abolição 
do tráfico negreiro (1850), 3,5 milhões de escravos haviam sido transportados em 
navios negreiros para o Brasil, o que representava 38% de todo o tráfico 
transatlântico” (p. 147). 
Mas, com o fim da escravidão em 1988, o país passa a criar politicas 
que muito atraiam imigrantes estrangeiros, a fim de substituir a mão de 
obra escrava, conforme explana Camargo (1980): 
“A grande migração estrangeira só ocorreu, entretanto, nas décadas 
posteriores a 1880 até 1920. O Estado de São Paulo, grande produtor de café 
quando em 1888 ocorreu a abolição da escravatura, participou ativamente do 
processo de migração da mão-de-obra estrangeira, que veio substituir o 
trabalhador agrícola escravo e iniciar, nas cidades, pequenas oficinas e indústrias 
de pequeno porte” (p. 309). 
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Ocorre que, nas primeiras décadas do século XX, surgiram na Europa 
e nos Estados Unidos movimentos sob a influência da teoria malthusiana, 
que associavam a miséria ao crescimento populacional, acreditando-se que 
a população cresceria em um ritmo acelerado, comparado com a produção 
de alimentos, juntamente com a diminuição da taxa de mortalidade infantil, 
em conjunto com os avanços da medicina, o que gerava grande temor de 
possível explosão geográfica, consequentemente aumentando a 
desigualdade social. 
A tabela abaixo mostra dados da população brasileira e vários 
indicadores demográficos entre 1920 e 2000. 
 
Nota-se que o crescimento populacional a cada década aumentara, e 
que esse aumento se dava devido à redução da TBM (taxa bruta de 
mortalidade. Observa-se também que a Taxa de Natalidade (TBN) e a Taxa 
de Fecundidade (TFT) caem bruscamente após a década de 80, causando 
uma diminuição no crescimento demográfico. 
Até esse período, o alto crescimento populacional, ainda não era 
obstáculo ao crescimento econômico, pois ainda não existia essa 
preocupação entre a população e o desenvolvimento. 
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Conduto, as transformações do país levavam a uma nova estrutura 
familiar, que tinham características de uma sociedade mais urbana-
industrial. 
No final dos anos de 1970 o movimento feminista ganhou força, na 
abertura política e reorganização dos movimentos sociais. Nesta época se 
utilizou dos jornais como forma de defesa e a fim de expandir as ideias, 
organizar e trazer novas ativistas para o movimento. 
A principal ideia trazida pelos jornais era de uma perspectiva 
feminina, trazendo questões supostamente privadas e denunciando a 
intervenção do poder público na esfera privada, destacando a divulgação 
de estudos acadêmicos relacionados às discussões de gênero e de direito 
das mulheres. Vale ressaltar que, na década de 1980, as mulheres 
começaram a obter alguns direitos, quanto às escolhas dentro do 
planejamento familiar. 
Mas enquanto as discussões sobre população e desenvolvimento se 
aqueciam no mundo político, cada vez mais se pensava em formas de 
regulação da fecundidade, mesmo que as leis, até então, ainda proibissem 
esterilização, aborto ou mesmo métodos contraceptivos. 
Com essa crescente procura por meios de regulação da fecundidade 
e na ausência de uma política pública que versasse sobre o assunto, o 
mercado, aproveitando essa lacuna, passa a mostrar que o planejamento 
familiar não é mais um controle coercitivo demográfico, mas sim uma forma 
de planejar a procriação de acordo com as condições e vontade de cada 
casal, e com isso, médicos e instituições privadas criam uma ideia mais 
positiva sobre planejamento familiar e inúmeras clínicas passam a oferecer 
serviços de fecundidade. 
Com a crescente atuação dessas empresas, o governo que ainda se 
mantinha como pró-natalista, começa a sentir pressionado pelas 
necessidades de se atender a demanda por métodos de regulação de 
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fecundidade, tendo que se posicionar sobre o assunto na Conferência 
Mundial de População em 1974. 
O documento oficial que foi levado à Conferencia, segundo Merrick 
(1981): 
“O texto principal do documento brasileiro é acentuadamente pró-natalista. 
Denuncia o controle da população como solução para os problemas do Terceiro 
Mundo e 27 critica a interferência estrangeira nos assuntos relacionados com a 
população. Mas o último parágrafo do discurso do embaixador contém uma 
declaração surpreendentemente positiva (tendo em vista os parágrafos que o 
precederam) sobre os direitos das pessoas a terem acesso ao planejamento 
familiar e a responsabilidade do Estado em proporcioná-lo” (Merrick, Graham, 
1981, p. 343). 
E é a partir dessa Conferência, que o país sofre uma mudança 
extrema, sendo uma consonância dizer que planejamento familiar é um 
direito de todo cidadão, cabendo ao Estado fornecer meios adequados para 
atender a demanda por métodos contraceptivos adequados e seguros. 
Então, em 1988 é criado a Constituição da República Federativa do 
Brasil e logo em seguida, a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 
1990, estabelecendo agora em Lei que cabe ao Estado proporcionar meios 
educacionais e científicos para prática do direito ao planejamento familiar, 
conforme vemos em seu artigo 226, §7º. 
“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade 
responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao 
Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, 
vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.” 
Finalmente, em 1996, surgiu a lei nº 9.263 regulamentando o 
planejamento familiar, trazendo mais força para as mulheres sobre suas 
escolhas, sendo ainda um conjunto de ações integral a saúde e que proíbe 
qualquer medida coercitiva. 
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Não há que se discordar de tamanha relevância que a Lei do 
Planejamento Familiar tem na sociedade, seu texto trás proibições estatais 
de controle demográfico e exige do Estado apoio e assistência à concepção 
e a contracepção, sempre respeitando a autonomia do casal, mas devemos 
entender que o país não adotou uma política populacional voltada para o 
controlismo ou para o natalismo, o país apenas passou a reconhecerque a 
população demandava meios para um controle de natalidade. 
Com isso é necessária uma análise crítica para percebemos que ficou 
uma questão não resolvida nesse processo de transição do país, quanto a 
essa alta demanda sobre regulação de fecundidade, pois o Estado não 
forneceu meios adequados nem informações suficientes que atendessem as 
necessidades da população. 
Voltando um pouco no texto, foi naquele período de ausência de uma 
política pública que versasse sobre controle de natalidade que o mercado 
de farmácias e redes privadas introduziu seus produtos. Todos queriam ter 
um controle de fecundidade, mas apenas as camadas sociais mais 
favorecidas e que tinham acesso às informações, conseguiam comprar 
esses meios contraceptivos, notando-se rapidamente a dificuldade que 
mulheres pobres enfrentavam para acesso a esses métodos. 
Como mostrou Medici e Beltrão (1996): “Dado o quadro de carência, 
a forte prevalência de esterilização, abortos e mortes maternas nas 
populações mais pobres, urge melhorar a qualidade dos programas de 
atenção à saúde dessa população o que deverá envolver melhor 
acompanhamento técnico e aconselhamento e a oferta de um mix mais 
diversificado de meios contraceptivos” (p. 46). 
Podemos afirmar então que, as camadas sociais menos favorecidas 
não podem exercer plenamente seus direitos no que tange a decisões sobre 
regulação de fecundidade, sendo a gravidez indesejada na adolescência por 
exemplo, uma realidade frequente. 
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3. UMA ANÁLISE CRÍTICA A LEI 9.263/96 
Aprovada em 1996, essa lei que regulamenta o planejamento familiar, 
estabelece que o Sistema Único de Saúde (SUS), em todos os seus níveis, 
estão obrigadas a garantir à mulher, ao homem ou ao casal, em toda a sua 
rede de serviços, assistência à concepção e contracepção. Uma questão 
fundamental desta Lei é a inserção das práticas da laqueadura de trompas 
e da vasectomia dentro das alternativas de anticoncepção, definindo 
critérios para sua utilização e punições para os profissionais de saúde que 
as realizarem de maneira inadequada e/ou insegura. 
Composta por 25 artigos e compreendidas entre três capítulos que 
abordam singularidades do planejamento familiar e estabelece que nenhum 
programa deve ser realizado visando o controle demográfico, apenas 
propiciando o direito a todos para controle ou aumento de sua prole, porém, 
na prática muitas das vezes o acesso a todos esses métodos ainda não é 
uma realidade. 
A grande questão é que, nem sempre a criação e aprovação de uma 
Lei é suficiente para que a ideia pretendida seja respeitada e aplicada. 
De uma analise meramente formal, a lei visa democratizar os meios 
contraceptivos nos serviços públicos, sendo tratada com o objetivo de 
garantir a todos o direito básico previsto em Constituição, de ter ou não 
filhos, mas realizando brevemente uma análise de alguns de seus artigos, 
podemos notar regras que limitam e restringem a liberdade individual, 
ousando-nos a questionar e refletir alguns pontos, especificamente seu 
artigo 10, que trata das principais regras sobre a esterilização cirúrgica. 
O inciso I, viola a liberdade como princípio, ao determinar que equipes 
multidisciplinares desencoraje a esterilização, impondo as pessoas a um 
comportamento favorecido pelo Estado — a procriação. O Estado deve se 
abster, porque isso é vontade privada, então qual a justificativa para 
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desencorajar a esterilização? Isso faz a gente voltar lá trás, na ideologia 
natalista. 
A exigência de registro de manifestação de vontade em documento 
escrito e firmado (parágrafo 1º) dificulta a esterilização às pessoas 
analfabetas ou com baixa escolaridade, cabendo-nos indagar se é exigido a 
mesma formalidade para a realização de cirurgias em geral. 
A vedação da esterilização cirúrgica em mulher, nos períodos de parto 
e aborto (parágrafo 2º) infringe o princípio da isonomia (artigo 5º, caput), 
pois dificulta sobremaneira à mulher esterilizar-se, em comparação com o 
homem. Além de submeter a mulher a uma outra cirurgia, ofendendo sua 
dignidade, sujeitando-a a ser aberta e costurada novamente. 
Portanto podemos concluir que o Estado desempenha um forte papel 
diretivo nos direitos reprodutivos, fazendo com que os indivíduos tenham o 
“dever” de reprodução, uma vez que determina aos profissionais de saúde 
que desencorajem a esterilização além de dificultarem o procedimento para 
as mulheres. Ousamos dizer que essa lei viola a liberdade como um principio 
e direito, ferindo a dignidade da mulher quando desconsidera sua vontade. 
4. O PAPEL DA MULHER NO PLANEJAMENTO FAMILIAR 
Diante do marco histórico no planejamento familiar, nota-se que não 
houve uma isonomia dos papéis de gênero, com isso, entende-se que 
consequentemente ainda se percebe até a atualidade, apontamentos de que 
somente a mulher é a responsável pela contracepção da reprodução, em 
razão disso, o planejamento familiar está ligado a saúde feminina. 
Esse encargo voltado para as mulheres frente ao planejamento familiar, 
coloca a mulher como a principal responsável pela manutenção da prole, 
sendo interpretado pelo fato de que gerar o feto em seu ventre, torna-se 
ao encargo sexo feminino todos os cuidados para não ocorrer uma possível 
gravidez indesejada. 
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Com a falta de participação do homem no planejamento familiar, ocorre 
uma grande desigualmente entre os gêneros, pois com a negligência do 
sexo masculino ao uso do preservativo ou vasectomia, essa 
responsabilidade recai apenas para as mulheres, que não resta outra opção 
a não ser colocar os métodos de contracepção em ação. 
Cabe mencionar-se que, de acordo com GALASTRO E MARCOLINO 
(2001): 
“[...] de um lado, a não-colaboração do companheiro no que se refere ao 
uso do preservativo e à vasectomia e, de outro, a aceitação e incentivo para que 
suas mulheres mutilem seus corpos para livrarem-se de uma problemática que, 
apesar de envolver ambos, parece ser encarada por eles como sendo de âmbito 
exclusivo das mulheres [...].” 
É notório que, diante da cirurgia esterilizadora disponíveis para ambos 
os gêneros na mesma proporção fornecido pelo SUS (Sistema Único de 
Saúde), nota-se que as mulheres realizam mais a cirurgia que os homens, 
ainda que o sexo feminino requer mais cuidados com o pós-operatório da 
laqueadura do que os homens com o procedimento de vasectomia. 
Ressalta-se que, de acordo com BRAUNER (2002): 
“[...] são as mulheres que realizam a maior das esterilizações, em virtude 
do errôneo entendimento de que a esterilização masculina interfere na potência 
sexual do homem [...].” 
Dados levantados pelo Ministério da Saúde mostram que no caso de 
mulheres sem filhos ou com o status não informado, o número de 
laqueaduras vem aumentando a cada ano, em 2019 foram 653 cirurgias, já 
em 2022 o número saltou para 1.241. Insta salientar que, houve um avanço 
na garantia de direitos sexuais e reprodutivos em março de 2023 com a 
aprovação da Lei 14.443/2022 que dispensa o consentimento do cônjuge 
para realização da laqueadura e vasectomia, prevalecendo o direito de 
liberdade de escolha individual. 
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Portanto, conclui-se que, a sobrecarga de responsabilidade no 
encargo feminino é exaustiva para a mulher dentro do planejamento 
familiar. Ainda nos tempos modernos, presenciamos apontamentos de que 
a mulher é a tomadora de cuidados para a gravidez não desejada, 
consequentemente excluindo os papéis masculinos pela falta da 
participação. 
 
5. O PAPEL DO HOMEM NO PLANEJAMENTO FAMILIAR 
A diferença entre os papéis de gênero no planejamento familiar, se 
deu pela construção histórica. Enquanto o homem exercia o papel de 
provedor das necessidades familiares no âmbito financeiro, a mulher ficava 
a cargo de cuidar e zelar pelo ambiente familiar. 
Entretanto, ao longo da história esses encargos tendem a ser 
distribuídos de forma igualitária, podendo a mulher ocupar o espaço no 
mercado de trabalho e o homem se tornar “do lar”. Porém, ainda existem 
muitos preceitos de forma contrária, que interferem na participação do 
homem no planejamento familiar. 
A falta do papel do gênero masculino, como em escolhas de métodos 
contraceptivos e/ou planejamento para ter filhos, acarreta o distanciamento 
do homem aos serviços de saúde, que tende a ser voltado mais para as 
mulheres. 
Em agosto de 2008, o Ministério da Saúde do Brasil lançou a Política 
Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), enquanto o das 
mulheres ocorreu em 1984, ou seja, isso refletiu o distanciamento da 
participação do gênero masculino. 
A procura do homem pelos serviços de planejamento familiar muitas 
das vezes está associada ao fato da companheira não poder utilizar algum 
método de contracepção por motivos de saúde, ou até mesmo por motivos 
econômicos, ocasião que geraria dificuldades financeiras com a vinda de um 
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filho. Diante do exposto, nota-se que os homens procuram os meios de 
contracepção devido às circunstâncias que se encontram, o que varia entre 
âmbito social. 
Existe uma grande resistência com alguns homens na utilização de 
contracepção, seja pelos mitos concretos pela sociedade, como por exemplo 
o fato de a vasectomia interferir na produção de hormônios masculinos nem 
no seu desempenho sexual, ou até mesmo a negativa de utilização de 
caminha. 
Posto isso, a participação do homem no planejamento familiar ainda 
é muito inferior frente às mulheres, deixando a cargo do gênero feminino a 
prevenção de uma gravidez não desejada, ou de medidas que contribuem 
a gravidez planejada. 
 
6. A (IN)EFICÁCIA DA LEI DO PLANEJAMENTO FAMILIAR NA 
SOCIEDADE 
O presente capítulo, almeja analisar a Lei do Planejamento Familiar 
no ordenamento jurídico brasileiro, de modo a comprovar sua ineficácia 
perante a sociedade, identificando o porquê da ineficiência, sobre a sua 
aplicabilidade social, principalmente na vida das mulheres, enfatizando a 
intervenção indevida estatal sobre a esterilização voluntária. 
Foi graças à Constituição Federal que o Planejamento Familiar passou 
a ser inserido no ordenamento jurídico e se tornou um direito fundamental 
de todos os cidadãos Brasileiros. Com acesso a informações precisas e 
serviços de qualidade, indivíduos e casais podem agora tomar decisões 
informadas sobre sua própria saúde reprodutiva garantido por lei. 
O Planejamento Familiar era previsto na Carta Magna, mas sua 
aplicação somente foi tratada com o advento da Lei 9.263, promulgada no 
dia 12 de janeiro de 1996, sob o projeto de Lei nº 209 de 1991, de autoria 
do Deputado Federal Eduardo Jorge. 
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Sancionada com a finalidade de regulamentar o Planejamento 
Familiar, garantindo aos cidadãos o direito à livre escolha para decidirem 
se pretendem ou não ter filhos. 
De acordo com o Ministério da Saúde, as ações voltadas ao direito 
pessoal de planejar a vida sexual e reprodutiva, devem ser ofertadas a 
adolescentes, jovens e adultos independente da orientação sexual, dando 
orientações a quem já tem uma vida sexual ativa, ou aqueles que se 
preparam para iniciá-la. (2010, p. 96) 
Todavia, ainda após a inserção do Planejamento Familiar no 
ordenamento jurídico brasileiro, a lei ainda é negligenciada devido à falta 
de conhecimento e recursos. Muitas vezes, as pessoas não estão cientes 
dos vários métodos contraceptivos recomendados por especialistas em 
saúde e dos benefícios potenciais de usá-los. 
Varella (2011, s.p) acrescenta a tudo isso mais um fator, 
(...) insisto em dizer que o planejamento familiar no Brasil é 
inacessível aos que mais necessitam dele. Os casais da classe média 
e os mais ricos, que podem criar os filhos por conta própria, têm 
acesso garantido a preservativos de qualidade, pílula, injeções e 
adesivos anticoncepcionais, DIU, laqueadura, vasectomia e, em caso 
de falha, ao abortamento; porque, deixando a falsidade de lado, 
estamos cansados de saber que aborto no Brasil só é proibido para a 
mulher que não tem dinheiro. 
Ademais, a família é a espinha dorsal de uma sociedade saudável, 
mas muitas vezes sofrem com a falta de preparo familiar. Isso leva a um 
aumento significativo da violência urbana e da marginalização, tendo em 
vista que, o empobrecimento, a falta de afeto familiar, bem como a ausência 
paterna e a falta de educação básica, estão diretamente ligados a 
criminalização de crianças e adolescentes, o que prejudica o progresso 
econômico e social do País. 
Evidencia-se que o Estado se posiciona de forma que as mulheres 
devem ser desencorajadas quanto a esterilização voluntária, bem como, 
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exige um mínimo de filhos, para que as mulheres consigam realizar a 
esterilização. Não obstante, embora esse posicionamento exista, a 
Constituição Federal é clara quando dizer que é direito do cidadão fazer a 
sua livre escolha, não cabendo ao estado desencorajar essa decisão. 
Segundo a revista Terra, a dona de casa Aline Lima da Silva, de 33 
anos, sabia que queria ter apenas dois filhos, mas acabou sendo mãe de 
três. Só depois do nascimento do último filho, em 2021, é que ela conseguiu 
fazer a laqueadura pelo SUS. "a única coisa é que precisei a autorização do 
meu marido. Na hora não pensei no quanto isso é opressor, porque ele 
também fez vasectomia e assinei autorização pra ele. Mas depois parei pra 
pensar e a mulher não tem livre escolha. É obrigada a ter filho para não ter 
mais filhos. O Brasil te obriga a ser mãe e isso é absurdo", defendeu. 
(Entrevista 2022). 
Nesse sentido, doutrinadores entendem que “a intervenção do Estado 
na família é fundamental, embora deva preservar os direitos básicos de 
autonomia. Essa intervenção deve ser protetora, nunca invasiva da vida 
privada”. (VENOSA, 2005, p.26). 
Entretanto, a ineficácia da lei não concerne apenas a esterilização 
voluntária, os outros meios contraceptivos e o acesso à informação também 
são prejudicados, assim sendo, o cidadão não consegue dispor de seus 
direitos reprodutivos, resultando muitas vezes em gravidez indesejada ou 
ainda mais grave, uma gestação na adolescência, tema que é recorrente no 
Brasil. 
Conforme pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos com a farmacêutica 
Organon, revela que a falta de conhecimento é o principal motivo para as 
brasileiras não planejaremsua vida reprodutiva. Foram entrevistadas 450 
mulheres de todas as classes sociais e regiões do país. O resultado: 52% 
delas usam algum método contraceptivo, mas só 13% afirmam ter domínio 
pleno de planejamento reprodutivo. 
17 
*Acadêmicas de Direito da Faculdade Presidente Antônio Carlos – FUPAC Mariana MG. 
Artigo relativo à apresentação do trabalho de pesquisa realizado no primeiro semestre de 
2023, sob orientação do professor Raphael F. Carminate. 
Ainda segundo a pesquisa do Ipsos, 43% das mulheres entrevistadas 
desejam ter mais informações sobre cada método e suas diferenças. Além 
disso, 45% querem que os métodos sejam mais acessíveis e 50% gostariam 
que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferecesse mais opções de 
contraceptivos. 
Pode ser observado a adversidade que a população enfrenta em face 
do conhecimento de tais métodos, bem como suas diferenças e 
acessibilidade, comprovando a enorme falha estatal no tocante a 
propagação de conhecimento acerca das políticas públicas voltadas para a 
saúde reprodutiva da mulher. 
Além desses fatores, toda a dificuldade enfrentada pelas pessoas ao 
acesso à informação sobre os procedimentos de esterilização, ou até mesmo 
da existência de métodos alternativos para quem não deseja ter filhos, é 
uma maneira de controle do corpo da mulher. Bem como, resulta em uma 
supressão do direito de escolha da mulher, e a condena a ter um filho 
indesejado. 
O Planejamento Familiar é de extrema importância para os cuidados 
da saúde, mas seu acesso tem sido historicamente limitado, devido à falta 
de recursos. Significa dizer que, muitas mulheres e casais são incapazes de 
tomar decisões informadas sobre sua própria saúde reprodutiva. 
De acordo com a pesquisa da Bayer, em parceria com a Federação 
Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e 
realização pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), cerca de 62% 
das mulheres já tiveram pelo menos uma gravidez não planejada no Brasil. 
A incapacidade de tomar decisões informadas sobre o seu próprio 
corpo e sua própria saúde pode levar a consequências graves e 
irreversíveis, como o aumento do risco de gravidez indesejada, abortos 
inseguros, complicações gerais de saúde, bem como, mortes de mães e 
crianças, importante salientar que, esses fatores são prejudiciais não 
18 
*Acadêmicas de Direito da Faculdade Presidente Antônio Carlos – FUPAC Mariana MG. 
Artigo relativo à apresentação do trabalho de pesquisa realizado no primeiro semestre de 
2023, sob orientação do professor Raphael F. Carminate. 
somente para as mulheres e casais de forma individual, mas também toda 
a sociedade. 
No tocante, segundo Varella (2011,s.p)… 
(...) há pouco tempo, afirmei numa entrevista ao jornal “O Globo” que 
a falta de planejamento familiar era uma das causas mais importantes 
para a explosão de violência urbana ocorrida nos últimos vinte anos 
em nosso País. A afirmação era baseada em minha experiência na 
Casa de Detenção de São Paulo: é difícil achar na cadeia um preso 
criado por pai e mãe. A maioria é fruto de lares desfeitos ou que nunca 
chegaram a existir. O número daqueles que têm muitos irmãos, dos 
que não conheceram o pai e dos que foram concebidos por mães 
solteiras, ainda adolescentes, é impressionante. 
Posto isto, é de suma importância a Lei do Planejamento Familiar, 
todavia, a preocupação estatal deveria ser destinada na garantia da 
independência de escolha de cada um, e não na obrigatoriedade da 
maternidade, consequentemente, no tratamento do corpo da mulher como 
um bem público. 
Diante do exposto, a Lei do Planejamento Familiar é ineficiente 
quando persiste em exigir que as mulheres escolham a maternidade, 
ignorando sua autonomia e liberdade para optarem por ter ou não filhos, 
acarretando a prejuízos por direitos que as mulheres lutaram e ainda lutam 
para conquistar, reforçando erros cometidos no passado, onde o corpo da 
mulher era controlado pela sociedade e o Estado. 
 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Com base em todos o material estudado, podemos perceber a relação 
do planejamento familiar com a autonomia da mulher e o acesso a esses 
métodos. 
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*Acadêmicas de Direito da Faculdade Presidente Antônio Carlos – FUPAC Mariana MG. 
Artigo relativo à apresentação do trabalho de pesquisa realizado no primeiro semestre de 
2023, sob orientação do professor Raphael F. Carminate. 
A tentativa de implantação do programa de planejamento familiar de 
forma democrática, dando acesso a todos os cidadãos aos meios 
contraceptivos pelo sistema Único de Saúde nos mostra que sua eficácia 
não é aplicada em sua plenitude, ficando os direitos aqui mencionados, sem 
amparo legal. 
Não podemos deixar de mencionar as grandes dificuldades 
encontradas pelas mulheres, especialmente as pobres, mostrando que 
existe uma necessidade de provimento de um maior conhecimento e acesso 
aos meios para regulação da fecundidade. 
A Lei do Planejamento Familiar foi instaurada para que os direitos 
sexuais e reprodutivos fossem assegurados, mas conclui-se que não tem 
total eficiência, visto que alguns direitos constitucionais carecem de 
proteção legislativa, além de ser possível notar um viés controlista que 
acaba por desmoralizar os princípios basilares da lei quando coloca em 
segundo plano a autonomia da mulher. 
Assim, apesar do grande avanço ao longo da história sobre essa 
tratativa, ainda se faz necessário grandes mudanças por parte dos 
legisladores para garantir o exercício dos direitos fundamentais e a 
efetividade do planejamento familiar, que só será efetivo se houver um 
controle social eficaz. 
 
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*Acadêmicas de Direito da Faculdade Presidente Antônio Carlos – FUPAC Mariana MG. 
Artigo relativo à apresentação do trabalho de pesquisa realizado no primeiro semestre de 
2023, sob orientação do professor Raphael F. Carminate. 
8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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