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Vanessa Coelho - atividade 2

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VANESSA COELHO DE ANDRADE
A inCONSTITUCIONALIDADE DOS REQUISITOS PARA A ESTERILIZAÇÃO VOLUNTÁRIA CONSTANTES NO ARTIGO 10 DA LEI Nº9.263/1996
betim-mg
2022
 VANESSA COELHO DE ANDRADE
A inCONSTITUCIONALIDADE DOS REQUISITOS PARA ESTERILIZAÇÃO VOLUNTÁRIA CONSTANTES NO ARTIGO 10 DA LEI Nº9.263/1996
Projeto apresentado ao Curso de Direito da Instituição Centro Universitário Pitágoras de Betim.
Orientador: Rodrigo Bonfim
BETIM-MG
2022
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	5
1.1 O PROBLEMA	6
2 OBJETIVOS	8
2.1 OBJETIVO GERAL OU PRIMÁRIO	8
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS OU SECUNDÁRIOS	8
3 JUSTIFICATIVA	9
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA	10
5 METODOLOGIA	20
6 CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO	21
REFERÊNCIAS	21
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1 INTRODUÇÃO
1.1 O PROBLEMA
O estabelecimento de critério etário superior ao da maioridade civil e de um critério de obrigatoriedade de um número mínimo de filhos para viabilizar a esterilização cirúrgica voluntária é constitucional?
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL 
Analisar a constitucionalidade do estabelecimento de critério etário e de nº de filhos para a realização da esterilização cirúrgica voluntária, realizado pela Lei nº9.263/1996, considerando-se o princípio da dignidade humana, o direito à liberdade e os direitos sexuais e reprodutivos.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
· Identificar o conceito de família no Brasil, considerando a evolução da legislação brasileira no que tange a autonomia feminina em face do marido e dos pais.
· Identificar os métodos de esterilização cirúrgica existentes e suas consequências para a saúde dos pacientes do sexo feminino e masculino.
· Identificar o cenário de oferta de métodos anticoncepcionais no SUS e de programas de planejamento familiar, tendo em vista a abrangência e conteúdo dos direitos sexuais e reprodutivos.
· Analisar a relação entre a criminalização da interrupção voluntária da gestação e a proibição da esterilização cirúrgica para pessoas menores de 26 anos sem filhos para fins de concretização do livre planejamento familiar.
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3 JUSTIFICATIVA
A instituição da família sofreu diversas alterações conceituais ao longo dos dois últimos séculos no Brasil, período em que houve uma ampliação dos seus meios de constituição, passou-se a permitir a dissolução do casamento, o poder patriarcal deu lugar à igualdade de poderes entre homens e mulheres, a finalidade de procriação foi substituída pela busca da felicidade e da satisfação pessoal e o afeto alcançado ao principal elemento das relações familiares.
Todos esses fatores somados a uma grande evolução da ciência também constada no período e a um interesse cada vez maior do Estado no controle demográfico desencadearam no surgimento do direito ao livre planejamento familiar, para alguns, nos modos como conduzido no Brasil, livre planejamento reprodutivo, tendo alcançado status constitucional em 1988. Nesse contexto foi aprovado a Lei nº9.263/1996, que ao regulamentar o planejamento familiar no país, dispôs sobre a esterilização voluntária, estabelecendo requisitos para sua realização.
Ocorre que os requisitos estabelecidos somados a ausência de oferta de métodos anticoncepcionais, a criminalização voluntária da gestação e a necessidade de autorização conjugal criam um cenário em que se evidencia a percepção por parte do Estado de uma obrigação de reprodução pelos cidadãos e dificulta extremamente a realização do livre planejamento familiar, a concretização dos direitos sexuais e reprodutivos e a busca do ideal de vida boa por parte das pessoas que não pretendem ter filhos.
Dessa forma, considerando-se tal cenário, faz-se necessário investigar a constitucionalidade os requisitos legais para a viabilização da esterilização cirúrgica voluntária.
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4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Lei 9.263/1996 tem como finalidade regulamentar o planejamento familiar, dispondo sobre a esterilização voluntária, estabelecendo através desta legislação requisitos para sua realização. Ao abordarmos tal assunto e decorrer sobre a inconstitucionalidade da legislação supracitada, faz-se necessário atentar para alguns pontos específicos, tornando assim possível tal fundamentação.
Um desses pontos seria como se deu a evolução do conceito família, A Constituição Federal de 1988, nos traz a família como base da sociedade que tem por sua vez proteção do Estado (Art.226).
No que tange o contexto histórico relacionado a tal conceito e tendo em vista constituições antecedentes a vigente, torna-se importante destacar que o cenário social em que as famílias se encontravam à época, visto que o advento do Êxodo rural provocava algumas transformações. Essencialmente patriarcal, numerosa e rural, o êxodo rural acabou por trazer o “chefe de família” para as áreas urbanas em busca de melhores condições de vida e de uma estabilização familiar e financeira.
De acordo com Aguinaga, (1996), vê-se a preocupação com a assistência à maternidade, infância e juventude condizente com o cenário econômico e social da época, mas a disposição da Constituição, demasiadamente sucintas, evidenciavam que a família ainda não tinha adquirido o status de prioridade da atenção do Estado.
A realidade mostrou que famílias numerosas, de 6, 8, 10 filhos largados aos cuidados maternos, sem qualificação profissional alguma, na maioria analfabeta, subsistia em situação precária, subnutrida, presa fácil para as moléstias endêmicas. A mortalidade infantil cresceu de tal forma que tornou o Brasil campeão negativo das estatísticas mundiais. (AGUINAGA, 1996, p.67)
Em meio a um cenário de redemocratização no país que após promulgação da Constituição de 1988 que pela primeira vez na história constitucional do país mencionou o instituto do planejamento familiar.
Art.226, §7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.   
Vê-se que a CR/1988 atribuiu ao Estado o dever de proporcionar aos cidadãos as ferramentas necessárias à execução do planejamento familiar, resguardando a liberdade de sua execução e elegendo como seus princípios basilares a dignidade humana e a paternidade responsável. 
A ideia de dignidade humana, na concepção de Luis Roberto Barroso comporta como um dos elementos de seu conteúdo básico a autonomia, nas suas acepções públicas e privadas, sendo esta última relativa a intimidade das pessoas, especialmente no que tange ao alcance e formulação do seu ideal de vida boa. 
Embora não tenha como finalidade precípua o planejamento familiar, uma das grandes conquistas da população contidas na Constituição de República de 1988 foi a criação do Sistema Único de Saúde, que desde então assumiu um papel crucial na implementação do direito ao planejamento familiar, principalmente no que tange ao oferecimento e orientação sobre os métodos contraceptivos.
Nos anos seguintes à Constituição o Brasil participou de uma série de Conferencias internacionais sobre o tema, destacando-se a Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989, a Conferência das Nações Unidas sobre população e desenvolvimento que ocorreu em 1994 e a Quarta Conferência Mundial sobre a mulher de 1995.
Nesta última foram aprovados dois princípios de destaque sobre o livre planejamento familiar:
Princípio 15. A igualdade de direitos, de oportunidades e de acesso aos recursos, a divisão equitativa das responsabilidades familiares e a parceria harmoniosa entre mulheres e homens são fundamentais ao seu bem-estar e ao de suas famílias, bem como para a consolidação da democracia. 
Princípio 96. Os direitos humanos das mulheres incluem os seus direitos a ter controle sobre as questões relativas à sua sexualidade, inclusive sua saúde sexual e reprodutiva, e a decidir livremente a respeito dessas questões, livres de coerção, discriminação e violência. A igualdade entre mulheres e homens no tocante às relaçõessexuais e à reprodução, inclusive o pleno respeito à integridade da pessoa humana, exige o respeito mútuo, o consentimento e a responsabilidade comum pelo comportamento sexual e suas consequências. (PEQUIM, 1995)
Como o avanço científico foi muito grande no século XX, diversos métodos anticoncepcionais foram desenvolvidos, razão pela qual é válida uma análise de sua oferta pelo Estado brasileiro nas últimas décadas. 
A oferta de todos os tipos de métodos contraceptivos existentes é imprescindível para que se possa compatibilizar o planejamento familiar com outros aspectos da saúde, principalmente da mulher, uma vez que a desigualdade de gênero ainda persiste com relação a este âmbito, verificando-se no plano fático, que a realização do planejamento familiar no Brasil é atribuída em sua grande maioria às mulheres. (SILVA; et al, p. 2416)
Logo, podemos observar que longo é o caminho a ser percorrido e estudado a cerca de tal assunto. Analisando assim se tal legislação deve ser considerada inconstitucional ou não.
5 METODOLOGIA
 
Este trabalho tem por base uma pesquisa jurídico-dogmática, predominantemente bibliográfica, com emprego de raciocínio dedutivo e análise qualitativa. Tendo em vista que, nossa Constituição é de 1988 e alguns assuntos tem fator histórico contido na mesma, vale ressaltar que em alguns momentos da respectiva pesquisa, abordaremos assuntos publicados em tempo superior aos últimos 10 anos.
Palavras-chave: Família. Planejamento familiar. Inconstitucionalidade. Esterilização voluntária
6 CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
Quadro 1 – Cronograma de execução das atividades do Projeto e do 
Trabalho de Conclusão de Curso.
	ATIVIDADES
	2022/1
	
	JAN
	FEV
	MAR
	ABR
	MAI
	JUN
	Escolha do tema. Definição do problema de pesquisa
	
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	Definição dos objetivos, justificativa.
	
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	Definição da metodologia.
	
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	Pesquisa bibliográfica e elaboração da fundamentação teórica.
	
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	Entrega da primeira versão do projeto.
	
	
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	Entrega da versão final do projeto.
	
	
	
	
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	Revisão das referências para elaboração do TCC.
	
	
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	Elaboração do Capítulo 1.
	
	
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	Revisão e reestruturação do Capítulo 1 e elaboração do Capítulo 2.
	
	
	
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	Revisão e reestruturação dos Capítulos 1 e 2. Elaboração do Capítulo 3.
	
	
	
	
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	Elaboração das considerações finais. Revisão da Introdução.
	
	
	
	
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	Reestruturação e revisão de todo o texto. Verificação das referências utilizadas.
	
	
	
	
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	Elaboração de todos os elementos pré e pós-textuais.
	
	
	
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	Entrega da monografia.
	
	
	
	
	
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	Defesa da monografia.
	
	
	
	
	
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REFERÊNCIAS
AGUINAGA, H. A saga do planejamento familiar no Brasil. Rio de Janeiro: Top Books, 1996.
BARROSO, Luís Roberto. A dignidade da pessoa humana no Direito Constitucional contemporâneo: a construção de um conceito jurídico à luz da jurisprudência mundial. 1ª reimpressão. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
BRASIL.  Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. 2022, disponível em https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10645133/artigo-226--da-constituicao-federal-de-1988 acesso em 16 mar. 22
PEQUIM. Declaração e Plataforma de Ação da IV Conferência Mundial Sobre a
Mulher. 1995. Disponível em: http://www.onumulheres.org.br/wpcontent/uploads/declaracao_pequim.pdf acesso em 17 mar. 
SILVA, Raimunda Magalhães da; Araújo, Kelly Nóbrega Cavalcante de; BASTOS, Lya Araújo Costa; MOURA, Escolástica Rejane Ferreira. Planejamento familiar: significado para mulheres em idade reprodutiva. In. Ciência & Saúde Coletiva, 16(5), 2415-2424, 2011.