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Regime Geral de Previdência Social: teses revisionais W B A 0 2 1 1 _ V 1 .0 2/261 Regime Geral de Previdência Social: teses revisionais Autoria: Rafaela da F. Lima Rocha Farachet Como citar este documento: FARACHE, Rafaela da F. L. Rocha. Teses Revisionais. Valinhos, 2017. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios 05 Assista a suas aulas 28 Unidade 2: Cumulação de Benefícios Previdenciários 36 Assista a suas aulas 64 Unidade 3: Revisão dos Benefícios por Incapacidade 71 Assista a suas aulas 93 Unidade 4: Desaposentação 103 Assista a suas aulas 123 2/201 3/2613 Unidade 5: Aplicação de novos tetos dos benefícios 130 Assista a suas aulas 158 Unidade 6: Revisões Envolvendo o Fator Previdenciário 167 Assista a suas aulas 192 Sumário Unidade 7: Conhecimento de outras Revisões 199 Assista a suas aulas 223 Unidade 8: Benefícios Extintos e Teses Superadas 232 Assista a suas aulas 253 Regime Geral de Previdência Social: teses revisionais Autoria: Rafaela da F. Lima Rocha Farachet Como citar este documento: FARACHE, Rafaela da F. L. Rocha. Teses Revisionais. Valinhos, 2017. 4/261 Apresentação da Disciplina Todo advogado que atua na área previden- ciária trabalha com processos envolvendo teses revisionais, seja no âmbito adminis- trativo do próprio INSS, seja nas inúmeras ações judiciais ajuizadas objetivando a revi- são dos benefícios. Busca-se tanto a revisão da renda mensal inicial, com o incremento do valor do benefício, ou mesmo o simples reajuste do valor do benefício, com funda- mento no art. 201, § 4°, da Constituição Federal. Para tanto, valem-se os causídicos de diversas teses, algumas já reconhecidas pelos tribunais superiores, outras ainda em discussão, sem julgamento deinitivo. Seja qual for a revisão que se busque, há de se ter em mente alguns fatores determinantes em qualquer revisão que se postule. Primei- ramente, é imperioso saber que o benefício será concedido com base na legislação vi- gente à época do seu deferimento, ou seja, na DIB (data de início do benefício). Por ou- tro lado, faz-se necessária a observância do prazo decadencial de 10 anos para se pos- tular judicialmente a revisão de qualquer benefício previdenciário, nos termos do art. 103, da Lei 8213/91. Com a presente dis- ciplina, será apresentada a atual forma de cálculo dos benefícios previdenciários, pre- vista pela Lei 9.786/99, assim como a regra de transição insculpida no art. 3º do mesmo diploma legal. O estudo visa propiciar a me- lhor compressão da legislação previdenciá- ria, permitindo um atuar mais benéico ao segurado. 5/261 Unidade 1 Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios Objetivos • Estudar a sistemática de cálculo dos benefícios previdenciários; • Tomar conhecimento da legislação aplicável e dos principais conceitos utilizados pelo INSS; • Entender como se dá os reajustes dos benefícios. Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios6/261 Introdução As ações revisionais dos benefícios são um tema recorrente no cotidiano das lides pre- videnciárias. Diversas são as teses dedu- zidas em juízo, buscando alterar ou incre- mentar o valor do salário de benefício rece- bido pelos segurados. Muitas dessas teses revisionais já foram pa- ciicadas pelos tribunais superiores ou caí- ram em desuso pela decadência do direito de revisão. Não obstante, diuturnamente novas doutrinas e teorias surgem no cená- rio do direito previdenciário e passam a ser ajuizadas em massa pelos causídicos. Ponto crucial ao se requerer a revisão de um benefício previdenciário é a observância do prazo de decadência. Com efeito, o art. 1036 6 Art. 103. É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneiciário para a revisão da Lei nº 8.213/1991 cuida do prazo deca- dencial de dez anos para o pleito judicial de qualquer causa previdenciária. Conta-se tal prazo, no caso das revisões de concessão de benefício, do primeiro dia do mês seguinte ao do recebimento da primei- ra prestação. Já no caso das concessões de benefícios previdenciários, inicia-se o prazo a partir do momento em que o segurado to- mar conhecimento da decisão de indeferi- mento de seu requerimento. Outra questão essencial na revisão do be- nefício previdenciário é a DIB do benefício (Data de Início do Benefício). Isso porque o do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitó- ria deinitiva no âmbito administrativo (Redação dada pela Lei nº 10.839, de 2004). Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios7/261 benefício será deferido com base na legis- lação legal vigente à época do seu deferi- mento. O marco inicial para o deferimento do benefício é a data do requerimento ad- ministrativo (DER). Savaris (2009) diferencia dois tipos de ação de revisão de benefício previdenciário, quais sejam, aquelas ajuizadas para impugnar o ato de concessão do benefício previdenci- ários e aquelas propostas buscando impug- nar o ato de reajustamento do benefício. 1. Reajuste dos Benefícios Quanto às ações para reajustamento do be- nefício, é comum que a irresignação seja deduzida de forma genérica, apenas fazen- do alusão ao disposto no art. 201, § 4º, da CF/88. Tal dispositivo constitucional trata da preservação do valor real dos benefícios previdenciários, de modo que muitas ações insurgem apenas contra a metodologia em- pregada pelo INSS para cumprir o coman- do constitucional e acabam sendo extintas pela inépcia da inicial, com base no art. 321, § 3º do CPC (SAVARIS, 2009). Ao discorrer sobre o reajuste dos benefí- cios previdenciários, Tavares (2012, p. 226) aponta o que se delui da interpretação do art. 201, §4º, da CF/88: Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios8/261 Constituição, ao contemplar o princípio da preservação do valor real dos benefícios, deixou ao encargo do legislador ordinário a ixação efetiva dos índices a serem aplica- dos na majoração dos proventos. Sendo assim, a preservação do valor real dos benefícios, em caráter permanente, obedece a regramentos especíicos durante o passar do tempo. Na legislação previdenciária atual há previ- são legal de que os reajustes dos benefícios se darão apenas de forma anual pelo INPC, conforme se observa do art. 41-A da Lei 8213/91, verbis: para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios deinidos em lei”. A Constituição assegura o reajustamento dos benefícios - as prestações de previ- dência social devem ser corrigidas mone- tariamente; A regra constitucional tem por objetivo a garantia permanente da manutenção do valor real - o poder de compra dos bene- fícios previdenciários deve ser protegido contra os efeitos depreciativos da infla- ção; Os critérios para garantir a manutenção serão definidos em lei. Assim, no tocante aos reajustes dos bene- fícios previdenciários, o art. 201, § 4°7 da 2 “Art. 201- § 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios9/261 cios previdenciários, faz-se necessário, ini- cialmente, compreender como se dá o cál- culo do salário dos benefícios, assim como conceitos especíicos utilizados pela legis- lação previdenciária. Assim, salário de benefício é a base de cál- culo da renda mensal inicial (RMI) da maioria dos benefícios previdenciários. Já o salário de contribuição é a base de cálculo utiliza- da pelo INSS, sobre a qual incide a alíquo- ta para o cálculo da contribuição social dos segurados (TAVARES, 2012). Savaris (2009) diferencia, didaticamente, salário de contribuição e valor da contri- buição. Esclarece que o primeiro tem dupla inalidade: de um lado informa o valor da contribuição previdenciária do segurado e de outro informa o valor dos benefícios Art. 41-A. O valor dos benefíciosem ma- nutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário-míni- mo, pro rata, de acordo com suas respec- tivas datas de início ou do último reajus- tamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Ge- ografia e Estatística - IBGE. 2. Revisão dos Benefícios Busca-se alterar as condições em que o be- nefício foi concedido, seja para alterar a RMI (renda mensal inicial) ou para alterar a DIB (data de início do benefício). Para entender as diversas teses sobre a revisão dos benefí- Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios10/261 previdenciários, seguindo-se relativamen- te uma lógica de que tanto mais elevada for a contribuição para o sistema, maior será o valor da cobertura previdenciária. Castro e Lazzari (2013) destacam, contudo, que algumas espécies de benefícios não têm o salário de contribuição como base de cál- culo, por exemplo: salário-família, cuja re- muneração é estabelecida por cotas e varia de acordo com a remuneração do segura- do, salário-maternidade, pensão por morte (calculada com base na aposentadoria que o segurado recebia ou a que teria direito) e o auxílio-reclusão (calculado com base no valor da aposentadoria por invalidez a que o segurado faria jus). Lazzari et al. (2016, p. 505) enumeram algu- mas importantes deinições para a compre- ensão dos cálculos dos benefícios do RGPS: • Salário de Contribuição (SC): É o va- lor sobre o qual incide a contribuição previdenciária, em regra relacionado à remuneração recebida pelo segu- rado, mas que deve respeitar limites máximos (teto) e mínimos (salário- -mínimo) legalmente previstos. O sa- lário de contribuição servirá de base de cálculo da maioria dos benefícios disponíveis no RGPS. • Salário de Benefício (SB): É o valor bá- sico usado para cálculo da renda men- sal inicial dos principais benefícios previdenciários de pagamento conti- nuado (art. 28 da Lei n° 8.213/1991). Desde as legislações anteriores cos- Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios11/261 tuma ser relacionado à média de salá- rios de contribuição, mas cada legis- lação deine a quantidade de SC que formarão a média a ser obtida no SB. Já tivemos a média das últimas trinta e seis contribuições, sendo que para aposentadoria por idade e por tempo de contribuição também se inclui em seu cálculo a aplicação do Fator Previ- denciário, conforme redação atual do art. 29, I da Lei n° 9.876/1999. • Período Básico de Cálculo (PBC): É o período temporal no qual a lei deter- mina que sejam procurados salários de contribuição para a apuração do salário de benefício (média) e poste- rior determinação da RMI. Difere de- pendendo da Lei vigente. Já foi de 48 meses, e atualmente é de todo o perí- odo contributivo, mas existe também previsão de julho de 1994 em dian- te pela regra de transição da Lei n° 9.876/1999. • Coeiciente de Cálculo (%): É um per- centual deinido pela Lei Previdenciá- ria (8.213/1991, ou leis especíicas, como a de aposentadoria do deicien- te) referente a cada benefício. Tal per- centual será aplicado sobre o SB para a apuração da Renda Mensal Inicial. • Renda Mensal Inicial (RMI): É o re- sultado do cálculo para a apuração do benefício, ou seja, o valor a ser pago com a concessão do benefício. A maioria dos benefícios do RGPS adota a seguinte fórmula: RMI = SB X coei- Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios12/261 ciente de cálculo. 3. Valor do Salário de Benefício Para o cálculo da RMI do salário de benefício o INSS, utiliza-se os dados constantes no CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais, e do PLENUS/PRISMA, além de todos os períodos de trabalho registrados na CTPS do autor. Quanto aos salários de contribuição, devem ser utilizados os salários fornecidos pelas empresas onde o autor trabalhou, já que o cálculo do salário de benefício é feito segundo art. 29 da Lei 8.213/91. Importa mencionar, também, que a Constituição Federal estabelece no § 3º do art. 2018 que 8 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de iliação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio inanceiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneiciários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deiciência, nos termos deinidos em lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) (Regulamento) (Vigência) Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios13/261 todos os salários de contribuição conside- rados para o cálculo de benefício serão de- vidamente atualizados, na forma da lei. A teor do disposto no § 2º do art. 29, da Lei 8.213/91 o valor do salário de benefício não será inferior ao de um salário-mínimo, nem superior ao do limite máximo do salário de contribuição na data de início do benefício. § 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios deinidos em lei. Ademais, se no período básico de cálculo o segurado tiver recebido benefícios por inca- pacidade, sua duração será contada, consi- derando-se como salário de contribuição, no período, o salário de benefício que ser- viu de base para o cálculo da renda mensal, Para saber mais Segundo o art. 170 da IN nº 77/2015, na apu- ração do salário de benefício, serão utilizadas as remunerações ou as contribuições constantes no CNIS. Caso no CNIS não existam informações so- bre contribuições ou remunerações, o INSS consi- dera o valor do salário-mínimo, mas pode o segu- rado solicitar revisão do valor do benefício com a comprovação do valor das remunerações faltan- tes. Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios14/261 reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser infe- rior ao valor de 1 (um) salário-mínimo. Ao dispor sobre o cálculo do valor do bene- fício, a Instrução Normativa INSS/PRES nº 77/2015 estabelece o PBC (período básico de cálculo) de acordo com a época em que o segurado ou seus dependentes imple- mentam as condições para a concessão dos benefícios. Assim, o PBC pode ser ixado de acordo com os seguintes critérios: Art. 169. O Período Básico de Cálculo - PBC é ixado, conforme o caso, de acordo com a: I. data do afastamento da atividade ou do trabalho - DAT; II. data de entrada do requerimento - DER; III. data do início da incapacidade - DII, quando anterior à DAT; IV. data da publicaçãoda Emenda Cons- titucional nº 20, de 1998 - DPE; V. data da publicação da Lei nº 9.876, de 1999- DPL; VI. data de implementação das condi- ções necessárias à concessão do be- nefício - DICB. Antes do advento da Lei 9.876/99, o salário de benefício era a média aritmética simples de todos os últimos salários de con- tribuição ou de benefícios dos meses ime- diatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou da data de protocolo do re- querimento, até o máximo de 26 contribui- ções, tomadas num intervalo nunca supe- http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/30/1998/20.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/30/1998/20.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1999/9876.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1999/9876.htm Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios15/261 rior a 48 meses (CASTRO; LAZZARI, 2013). Com o advento da Lei 9.876/99, o PBC dei- xou de ser 36 meses para abranger toda a vida contributiva do segurado, apenas sen- do excluída a quinta parte dos menores sa- lários de contribuição. A referida lei apenas não alcançaria quem já tivesse adquirido o direito à aposentadoria, quando de sua en- trada em vigor, isto é, quem tivesse preen- chido todos os requisitos, de tempo de con- tribuição e de idade, consagrando o direito adquirido para exercício do direito subjetivo de aposentar-se. Somente quem estivesse nessa condição, de acordo com o artigo art. 6º da Lei nº 9.876/99 poderia optar entre o critério antigo e o fator previdenciário, o que lhe for mais favorável. Nesse sentido, dispõe o art.178 da INSS nº 77/2015, verbis: Art. 178. Fica garantido ao se- gurado que até o dia 28 de no- vembro de 1999, véspera da pu- blicação da Lei nº 9.876, de 26 de novembro de 1999, tenha cum- prido os requisitos necessários para a concessão do benefício, o cálculo do valor inicial segun- do as regras até então vigentes, considerando como PBC os últimos 36 (trinta e seis) salários de contribuição, apurados em perío- do não superior a 48 (quarenta e oito) meses imediatamente ante- riores àquela data, assegurada a opção pelo cálculo na forma pre- vista nos arts.180, 185 e 187. http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1999/9876.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1999/9876.htm Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios16/261 Cada benefício terá seu valor apurado de forma diversa, em conformidade com o dis- posto nos arts. 28 e 29 da Lei 8213/91. O salário de benefício é o valor básico usado para o cálculo da renda mensal inicial dos principais benefícios previdenciários de pa- gamento continuado (CASTRO; LAZZARI, 2013). Em verdade, após o advento da Emenda Constitucional nº 20/98 e da Lei 9.876/99, as normas de concessão e apuração do be- nefício vão depender da época em que o se- gurado adquiriu o direito à aposentadoria. Assim, cumpre ao INSS demonstrar ao se- gurado qual forma de cálculo é mais favo- rável ao segurado (LAZZARI et al., 2016). Nesse sentido, o art. 29 da Lei 8.213/91, na redação dada pela Lei 9.876/99, estabe- lece que nos casos dos benefícios de apo- sentadoria por idade e por tempo de contri- buição, o salário de benefício será a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, mul- Para saber mais No julgamento do Recurso Extraordinário nº 575089 (Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 10/09/2008), o STF decidiu que não assiste direito ao segurado às regras de cálculo anterio- res à Emenda Constitucional nº 20/1998, quan- do pretender somar período trabalhado após 16.12/1998. Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios17/261 tiplicada pelo fator previdenciário. Já nos casos dos benefícios de aposenta- doria por invalidez, aposentadoria especial, auxílio-doença e auxílio-acidente, o salário de benefício será a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição cor- respondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo. Não haverá a incidên- cia do fator previdenciário, portanto. Assim, no cálculo do salário de benefício será considerada a média aritmética sim- ples dos maiores salários de contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decor- rido desde a competência, julho de 1994, sendo desprezados os menores salários de contribuição integrantes do PBC (20% do total), bem como será considerado os salá- rios de contribuição efetivamente percebi- dos pelo segurado. O fator previdenciário será calculado consi- derando-se a idade, a expectativa de sobre- vida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar, segundo a fórmula cons- tante do Anexo da Lei nº 8213/91. Quanto ao fator previdenciário, sua inci- dência sofreu signiicativa mudança com o advento da Lei nº 13.183/2015, que incluiu o art. 29-c na Lei 8.213/91 e será objeto de tema especíico mais adiante. 4. Lei 9.876/99: Regra De Transi- ção Ao entrar em vigor, a Lei 9.876/99 previu regra de transição no art. 3°, no qual foi es- Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios18/261 tabelecida uma limitação temporal do pe- ríodo básico de cálculo a julho de 1994 em relação aos que já eram iliados ao RGPS na data da publicação da lei. No mesmo senti- do, a IN nº 77/2015 prevê no art. 169, § 1º que se considera PBC: I. para os iliados ao RGPS até 28 de no- vembro de 1999, véspera da publi- cação da Lei nº 9.876, de 1999, que tenham implementado todas as con- dições para a concessão do benefício até essa data, o disposto no art. 178; II. para os iliados ao RGPS até 28 de no- vembro de 1999, véspera da publi- cação da Lei nº 9.876, de 1999, que tenham implementado as condições para a concessão do benefício após essa data, todas as contribuições a partir de julho de 1994, observado o disposto no art. 3º da Lei nº 9.876, de 1999; e III. para os iliados ao RGPS a partir de 29 de novembro de 1999, data da publi- cação da Lei nº 9.876, de 1999, todo o período contributivo. Após a Lei 9.876/99, diversas ações têm sido ajuizadas objetivando a revisão do benefício mediante o afastamento da regra prevista no art. 3º da Lei nº 9.876/1999, para que na apuração do valor do salário de benefício seja considerado o período contributivo an- terior à competência julho de 1994. http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1999/9876.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1999/9876.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1999/9876.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1999/9876.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1999/9876.htm Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios19/261 Como norma, alega-se que a regra de tran- sição não poderia prejudicar o segurado, de modo que nos casos em que a consideração de todo o período contributivo fosse favo- rável ao mesmo, a norma do art. 3º deveria ser afastada. São comuns também processos nos quais se pugna pelo afastamento da regra prevista no §2º do art. 3 da Lei 9.876/1999, de for- ma que não seja aplicado o divisor mínimo de cálculo do salário de benefício previsto naquele dispositivo. Com a vigência da Lei, o período base de cálculo corresponderá a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo para os segurados que se iliarem a par- tir de então. Para os segurados que tenham cum- prido os requisitos para a con- cessão de benefício até o dia an- terior à data de sua publicação, a Lei 9.876/1999 garantiu-lhes o cálculo segundo as regras até então vigentes (artigo 6º). Para os demais segurados iliados à Previdência Social antes da Lei Link Conira na íntegra a Lei n° 9876/99. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L9876.htm>. Acesso em: 19 jun. 2017. Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios20/261 9.876, esta determinou que seu período contributivo será com- putado a partir de julho de 1994 até a data do início dobene- fício, sendo que, nesses casos, quando, nas aposentadorias por tempo de contribuição, especial e por idade, o segurado possuir contribuições em menos de 60% (sessenta por cento) dos meses contados desde julho de 1994 até a data do início do benefício, a média de todos os salários de contribuição será dividida não pelo próprio número dos mesmos, mas sim pela variável que cor- responde ao número de meses de- corridos de julho de 1994 até a data do início do benefício (MANFRIM, 2010, s.p.). Para saber mais A data de julho de 1994 foi escolhida em razão das contribuições referentes a este período esta- rem nos bancos de dados e sistemas do INSS e por representar um período de estabilização de pre- ços. Ainda não restou paciicado a discussão, pois há diversos julgados do TRF da 4ª Re- gião que defendem ser a regra de transição direcionada para regulamentar a mudan- ça de normatização, de modo a minimizar eventual prejuízo ao cidadão. Não poderia, portanto, tornar-se mais prejudicial do que Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios21/261 a própria nova regra permanente.9 Outros diversos julgados, entretanto, são no sentido de que não há direito adquiri- do à aplicação da legislação anterior. As- sim, se o benefício foi requerido após a en- trada em vigor da lei, deverão incidir para ins de apuração da RMI, as disposições da Lei 9.876/99, art. 3º que determina, para apuração do cálculo do salário de benefício, a observância da média aritmética simples dos maiores salários de contribuição, cor- respondentes a, no mínimo, 80% de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho/1994, observados os in- cisos I e II do caput, do art. 29 da Lei de Be- nefícios. 9 Vide TRF-4 - APELAÇÃO CIVEL AC 50433560620134047000 PR 5043356-06.2013.404.7000 Importa dizer, entretanto, que a constitu- cionalidade da Lei 9.876/99 já foi discutida pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal que, ao analisar a Medida Cautelar na Ação Di- reta de Inconstitucionalidade nº ADI 2.111 MC/DF. Nesse julgado, com apenas um voto contrário, restou decidido ser constitucio- nal a aplicação do fator previdenciário, e foi indeferido o pedido de declaração da in- constitucionalidade dos artigos 2º e 3º da Lei nº 9.876/99. Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios22/261 Link para consultar o teor do acórdão na Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº ADI 2.111 MC/DF conira o link indicado. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/ paginador.jsp?docTP=AC&docID=347438>. Acesso em: 19 jun. 2017. Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios23/261 Glossário DIB: Data de início de benefício. PBC: Período básico de cálculo. CPC: Código de Processo Civil. Questão reflexão ? para 24/261 Com base no que foi estudado, como se daria o cálculo de uma aposentadoria se o segurado começou a traba- lhar (e a recolher ao RGPS) em 1988? 25/261 Considerações Finais • Existem dois tipos de ação de revisão de benefício previdenciário: aquelas ajuizadas para impugnar o ato de concessão do benefício previdenciário e as propostas buscando impug- nar o ato de reajustamento do benefício; • No tocante aos reajustes dos benefícios previdenciários, o art. 201, § 4°, da Constituição, ao contemplar o princípio da preservação do valor real dos benefícios, deixou ao encargo do legislador ordinário a ixação efetiva dos índices a serem aplicados na majoração dos proventos; • Antes do advento da Lei 9.876/99, o salário de benefício era a média aritmética simples de todos os últimos salários de contribuição ou de benefícios dos meses imediatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou da data de protocolo do requerimento, até o máximo de 26 contribuições, tomadas num intervalo nunca superior a 48 meses; • Com o advento da Lei 9.876/99, o período básico de cálculo deixou de ser 36 meses para abranger toda a vida contributiva do segurado, apenas sendo excluída a quinta parte dos menores salários de contribuição. Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios26/261 Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 8 jun. 2017. _________. Lei 8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/leis/L8213cons.htm>. Acesso em: 8 jun. 2017. _________. Lei 9.876 de 26 de novembro de 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L9876.htm>. Acesso em: 8 jun. 2017. ________. Lei 13.183 de 4 de novembro de 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13183.htm>. Acesso em: 8 jun. 2017. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013. LAZZARI, João Batista et al. Prática processual previdenciária: administrativa e judicial. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. MANFRIM, Cristiano Aurélio. Regras de transição do fator previdenciário: a escorreita aplicação do artigo 3º da Lei 9.876, de 26 de novembro de 1999. Revista de Doutrina da 4ª Região, Por- to Alegre, n. 37, ago. 2010. Disponível em: <http://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/artigos/edi- cao037/cristiano_manfrim.html>. Acesso em: 8 jun. 2017. http://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/artigos/edicao037/cristiano_manfrim.html http://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/artigos/edicao037/cristiano_manfrim.html Unidade 1 • Regras Gerais sobre Cálculos de Benefícios27/261 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário. Niterói: Impetus, 2012. SAVARIS, José Antônio. Direito processual previdenciário. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2009. Referências 28/261 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Regras Gerais Sobre Cálculos De Benefícios. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/8834357a1b967d4d4f4d13035a16ee56>. Aula 1 - Tema: Regras Gerais Sobre Cálculos De Benefícios. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/5771a51e3d89d57041d6282ec3f66f2c>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/8834357a1b967d4d4f4d13035a16ee56 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/8834357a1b967d4d4f4d13035a16ee56 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/8834357a1b967d4d4f4d13035a16ee56 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/5771a51e3d89d57041d6282ec3f66f2c http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/5771a51e3d89d57041d6282ec3f66f2c http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/5771a51e3d89d57041d6282ec3f66f2c 29/261 1. Com relação à Lei 9876/99, assinale a alternativa INCORRETA. a) Antes do advento da Lei 9.876/99, o salário de benefício era a média aritmética simples de todos os últimos salários de contribuição ou de benefícios dos meses imediatamente ante- riores ao do afastamento da atividade ou da data de protocolo do requerimento, até o máxi- mo de 26 contribuições, tomadas num intervalo nunca superior a 48 meses. b) A Lei 9.876/99 alterou a forma de cálculo dos benefícios previdenciários. c) Com o advento da Lei 9.876/99, o PBC deixou de ser 36 meses para abranger toda a vida contributiva do segurado, apenas sendo excluída a quinta parte dos menores salários de contribuição. d) A Lei 9.876/99 resguardou o direito adquirido. e) Com o advento da Lei 9.876/99, o PBC deixou de ser 36 meses para abranger os últimos 10 anos da vida contributiva do segurado. Questão 1 30/261 2. Sobre a previsão constitucional de reajuste dos benefícios previdenciá- rios, assinale a alternativa correta. Questão 2 a) Na legislação previdenciária há previsão legalde que os reajustes dos benefícios se darão apenas de forma anual, conforme se observa do art. 41-A da Lei 8.213/91. b) O reajuste será mensal. c) O reajuste será trimestral. d) Os benefícios previdenciários não sofreram reajustes. e) Há previsão legal de que os reajustes dos benefícios se darão apenas a cada 2 anos. 31/261 3. Assinale a alternativa correta. Conforme o art. 29 da Lei 8.213/91, na re- dação dada pela Lei 9.876/99, o cálculo do salário de benefício de aposen- tadoria por idade e por tempo de contribuição: a) Será a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a oi- tenta por cento de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário. b) Será a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 90% de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário. c) Não haverá a incidência do fator previdenciário. d) Será a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a oi- tenta por cento de todo o período contributivo, dividido pelo fator previdenciário. e) Será a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a toda vida contributiva do segurado. Questão 3 32/261 4. Sobre os cálculos do salário de benefício nos casos dos benefícios de apo- sentadoria por invalidez, aposentadoria especial, auxílio-doença e auxílio-a- cidente, assinale a alternativa INCORRETA. a) O salário de benefício será a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo. b) O valor do salário de benefício não será inferior ao de um salário-mínimo, nem superior ao do limite máximo do salário de contribuição na data de início do benefício. c) Na apuração do salário de benefício, serão utilizadas as remunerações ou as contribuições constantes no CNIS. d) Caso no CNIS não existam informações sobre contribuições ou remunerações, o período não será considerado. e) Não haverá a incidência do fator previdenciário. Questão 4 33/261 5. O período básico de cálculo pode ser fixado de acordo com alguns cri- térios, EXCETO: a) Data do afastamento da atividade ou do trabalho. b) Data de ciência do requerimento. c) Data do início da incapacidade, quando anterior à DAT. d) Data da publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. e) Data da publicação da Lei nº 9.876, de 1999- DPL. Questão 5 http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/30/1998/20.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1999/9876.htm 34/261 Gabarito 1. Resposta: E. Antes do advento da Lei 9.876/99, o salário de benefício era a média aritmética simples de todos os últimos salários de contribuição ou de benefícios dos meses imediatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou da data de protocolo do requerimento, até o máximo de 26 contribuições, tomadas num intervalo nunca superior a 48 meses. Com o advento da Lei 9.876/99, o PBC dei- xou de ser 36 meses para abranger toda a vida contributiva do segurado, apenas sen- do excluída a quinta parte dos menores sa- lários de contribuição. 2. Resposta: A. Na legislação previdenciária atual, há previ- são legal de que os reajustes dos benefícios se darão apenas de forma anual, conforme art. 41-A da Lei 8213/91. 3. Resposta: A. Conforme texto expresso do art. 29 da Lei 8213/91. 4. Resposta: D. Caso no CNIS não existam informações so- bre contribuições ou remunerações, irá se considerar o salário-mínimo. 35/261 5. Resposta: B. Texto expresso do art. 169 da IN 77/2015. Gabarito 36/261 Unidade 2 Cumulação de Benefícios Previdenciários Objetivos • Entender quando é possível a cumulação de benefícios previdenciários; • Estudar os casos em que é vedada a cumulação de benefícios previdenciários; • Procedimentos cabíveis em caso de cumulação indevida dos benefícios. Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários37/261 Introdução O ordenamento previdenciário estabelece determinadas hipóteses em que é autoriza- da a cumulação de benefícios previdenciá- rios pelo mesmo segurado. Por outro lado, o maior número são os casos em que é ex- pressamente vedada a percepção simultâ- nea de dois benefícios. A legislação, entretanto, ressalva o direi- to adquirido, de modo que se o segurado cumpriu os requisitos necessários ao rece- bimento de mais de um benefício com base em legislação anterior, faz jus à manutenção dos mesmos, ainda que após a Lei 8.213/91. 1. Dois Benefícios de Pensão por Morte No benefício de pensão por morte o risco social que se busca proteger é a subsistência dos dependentes após a morte do segurado do RGPS. Trata-se, portanto, de prestação de pagamento continuado, substituidora da remuneração do segurado falecido (LA- ZZARI et al., 2016, p. 449). Assim, em tese, é possível a cumulação de pensão por morte em decorrência do falecimento de esposo/ companheiro, com pensão por morte devi- do ao falecimento de ilho. Na prática, o INSS acaba não concedendo administrativamente a pensão por morte aos pais, sob o argumento de que já pos- suem renda, ainda que seja outro benefício de pensão por morte. Isso porque a depen- dência econômica dos pais em relação aos ilhos deve ser comprovada (art. 16 da Lei 8.213/91). Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários38/261 No entanto, conforme consta no inciso VI do art. 124, da Lei 8.213/91, é vedada a per- cepção de mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro. Em tais casos, é o(a) pensionista intimado(a) para optar pelo benefício mais vantajoso. Nesse ponto, cumpre ressalvar que até o ad- vento da Lei 9.032/95 era possível cumular tais pensões. Assim, se o óbito tenha ocorri- do até 28 de abril de 1995, véspera da publi- cação da Lei 9.032, de 28 de abril de 1995, será permitida a acumulação. Ressalva-se ainda os casos de óbito de se- gurados que recebiam duas ou mais apo- sentadorias concedidas por institutos ex- tintos (IAPs, por exemplo), caso em que será autorizado o recebimento das duas pen- sões. Nesse sentido, dispor o art. nº 376 da IN nº 77/2015 do INSS: Art. 376. Excepcionalmente, no caso de óbito anterior a 29 de abril de 1995, data da publi- cação da Lei nº 9.032, de 28 de Para saber mais O STJ6 decidiu no sentido da possibilidade de cumulação, ao julgar o REsp: 666749 SP. 6 PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS. PENSÃO POR MORTE DO MARIDO, TRABALHADOR RURAL E PENSÃO POR MORTE DO FILHO, TRABALHADOR URBANO. POSSIBILIDADE. 1. Não havendo vedação legal para a percepção conjunta de pensão de natureza rural, proveniente da morte do cônjuge, com pensão de natureza urbana, decorrente do falecimento do descendente, faz jus a parte autora ao restabelecimento do benefício. 2. Recurso especial desprovido. (STJ - REsp: 666749 SP 2004/0121132-7, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 08/11/2005, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 05/12/2005 p. 361 RNDJ vol. 76 p. 100) http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1995/9032.htm Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários39/261 aposentadoria, benefícios por incapacida- de, auxílio-reclusão ou salário-maternida- de. Nesse sentido, é expresso o Artigo 529, da IN INSS/PRES n° 77/2015: “É admitida a acumulação de auxílio-doença, de auxílio- -acidente ou de auxílio suplementar, desde que originário de outro acidente ou de ou- tra doença, com pensão por morte e/ou com abono de permanência em serviço”. abril de 1995, para o segura- do que recebia cumulativamen- te duas ou mais aposentadorias concedidas por ex-institutos, observado o previsto no art. 124 da Lei nº 8.213, de 1991, será devida a concessão de tan- tas pensões quantos forem os benefícios que as precederam. 2. Pensão por Morte + outro Be- nefício Também se faz possível o recebimento si- multâneo de pensão por morte com qual- quer outro benefício do RPGS6, podendo ser 6 Exceto outra pensão por morteem decorrência de falecimento de esposo/companheiro. http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1995/9032.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1991/8213.htm Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários40/261 3. Benefício por Incapacidade + Benefício por Incapacidade O benefício de auxílio-acidente7 devido como 7 Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas indenização ao segurado, a partir do dia se- guinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remune- ração ou rendimento auferido pelo aciden- tado8. Já que a concessão do auxílio-acidente pressupõe o anterior recebimento de um benefício de auxílio-doença, será indevida a cumulação de ambos em razão de lesões decorrentes do mesmo fato gerador. Porém, se, em razão de qualquer outro aci- dente ou doença, o segurado izer jus ao auxílio-doença, o auxílio suplementar9 ou que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) 8 Lei 8213/91, art. 86, caput e §2º. 9 Na sistemática da Lei nº 6.367/76 existiam dois tipos de benefícios acidentários: o auxílio suplementar do art. 9º (lesões mínimas, o qual dava direito a uma renda de 20%) e o auxílio- Para saber mais A proibição de acumulação de benefícios diz res- peito apenas ao RGPS, de modo que é permitido que o segurado acumule prestações do RGPS com valores recebidos em outros regimes. Segundo a Súmula nº 36 da TNU, não há vedação legal à cumulação da pensão por morte de trabalhador rural com o benefício da aposentadoria por in- validez, por apresentarem pressupostos fáticos e fatos geradores distintos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9528.htm#art2 Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários41/261 auxílio-acidente será mantido, concomi- tantemente com o auxílio-doença. A teor do art. 338 da IN nº 77/15 do INSS, o auxílio-acidente será suspenso quando da concessão ou da reabertura do auxílio-do- ença, em razão do mesmo acidente ou de doença que lhe tenha dado origem. De ou- tro lado, será restabelecido após a cessação do auxílio-doença concedido ou reaberto, salvo se concedida ao segurado benefício de aposentadoria subsequente ao auxílio- -doença. Registra-se, entretanto, a impos- sibilidade de receber dois auxílios-doença, ainda que um deles seja por motivo aciden- tário. acidente do art. 6º (lesões médias e graves, o qual dava direito a uma renda de 40%). Com a Lei 8.213/91, essa sistemática "dualista" foi abolida e passou a existir somente o auxílio-acidente... 4. Aposentadoria + Salário-Ma- ternidade Em conformidade com os ditames do art. 103 do Decreto 30348/99, a segurada aposentada que retornar à atividade fará jus ao pagamento do salário-maternidade. Assim, é possível acumular aposentadoria com salário-maternidade, caso a segurada aposentada continue trabalhando ou vol- te a exercer atividade remunerada. Lazzari et al. (2016) destacam que raros são os ca- sos de seguradas aposentadas na condição de mães biológicas, mas o dispositivo legal tem importância nos casos de adoção. Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários42/261 4. Benefícios Indezinatórios + Benefícios do RGPs Também é permitido o recebimento de de- terminados benefícios de natureza indeni- zatória, regidos por legislação especial, com os benefícios previstos no RGPS. É permitida a acumulação dos benefícios previdenciários com o benefício de que trata a Lei nº 7.070, de 20 de dezembro de 1982, concedido aos portadores da deici- ência física conhecida como “Síndrome da Talidomida”. De igual modo, o recebimento da pensão especial hanseníase não impede o recebi- mento de qualquer benefício previdenciá- rio. O art. 528, inciso XVI, da IN nº 77/2015 enu- mera quais benefícios podem ser cumula- dos, são eles: a. espécie 54 - Pensão Indenizatória a Cargo da União; Para saber mais A partir de 23/01/2014, data do início da vigên- cia do artigo 71-B da Lei nº 8.213/1991, o salá- rio-maternidade que seria devido ao cidadão(ã) que veio a óbito, poderá ser pago ao cônjuge ou companheiro,(a) sobrevivente mesmo que de for- ma concomitante com a Pensão por Morte daque- le que faleceu, não icando caracterizado, neste caso, uma acumulação indevida. 10 6 10 Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/servicos-ao- cidadao/informacoes-gerais/acumulacao-de-beneicios/. Acesso em 15 de fevereiro de 2017. http://www.previdencia.gov.br/servicos-ao-cidadao/informacoes-gerais/acumulacao-de-beneficios/ http://www.previdencia.gov.br/servicos-ao-cidadao/informacoes-gerais/acumulacao-de-beneficios/ Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários43/261 Para saber mais Art. 762 da IN nº 77/2015: É vedada a acumulação da Pensão Especial da Talidomida com qualquer ren- dimento ou indenização por danos físicos, inclusive os benefícios assistenciais da LOAS e Renda Mensal Vitalícia que, a qualquer título, venha a ser pago pela União, ressalvado o direito de opção. Porém, é acu- mulável com outro benefício do RGPS ou ao qual, no futuro, a pessoa com Síndrome possa vir a iliar-se, ainda que a pontuação referente ao quesito trabalho seja igual a dois pontos totais (Nova redação dada pela IN INSS/PRES nº 85, de 18/02/2016). Art. 767 da IN nº 77/2015: É vedada a percepção cumulativa da pensão mensal vitalícia com qualquer outro benefício de prestação continuada mantido pela Previdência Social, ressalvada a possibilidade de opção pelo benefício mais vantajoso. b. espécie 56 - Pensão Especial aos Deicientes Físicos Portadores da Síndrome da Talidomida - Lei nº 7.070, de 1982; c. espécie 60 - Benefício Indenizatório a Cargo da União; d. espécie 89 - Pensão Especial aos Dependentes das Vítimas da Hemodiálise - Caruaru - PE - Lei nº 9.422, de 24 de dezembro de 1996; e. espécie 96 - Pensão Especial (Hanseníase) - Lei nº 11.520, de 18 de setembro de 2007; http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1982/7070.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1996/9422.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/2007/11520.htm Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários44/261 5. Impossibilidade de Cumula- ção De acordo com a legislação em vigor, diver- sos benefícios são inacumuláveis. Segundo consta do art. 124, da Lei 8.213/91, salvo no caso de direito adquirido, não é permi- tido o recebimento conjunto dos seguintes benefícios da Previdência Social: I. aposentadoria e auxílio-doença; II. mais de uma aposentadoria; III. aposentadoria e abono de permanên- cia em serviço; IV. salário-maternidade e auxílio-doen- ça; V. mais de um auxílio-acidente; VI. mais de uma pensão deixada por côn- juge ou companheiro, ressalvado o di- reito de opção pela mais vantajosa; VII. Parágrafo único. É vedado o re- cebimento conjunto do seguro-de- semprego com qualquer benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-acidente. Além da lei de benefícios, outros di- plomas também tratam de casos que não se autoriza a cumulação. Por exemplo, a Lei 8.742/93, que trata do benefício assisten- cial LOAS, que veda, em seu art. 20, § 4º, a sua cumulação com qualquer outro no âm- bito da seguridade social ou de outro re- gime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários45/261 A instrução normativa IN nº 77/2015 tam- bém prevê de forma expressa os benefícios inacumuláveis: Art. 528. Salvo no caso de direito adquiri- do, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes benefícios, inclusive quando decorrentes de acidentes do trabalho: I. aposentadoria com auxílio-doença; II. auxílio-acidente com auxílio-doença, do mesmo acidente ou da mesma do- ença que o gerou; III. renda mensal vitalícia com qualquer outra espécie debenefício da Previ- dência Social; IV. pensão mensal vitalícia de seringueiro (soldado da borracha), com qualquer outro Benefício de Prestação Conti- nuada mantido pela Previdência So- cial; V. auxílio-acidente com aposentadoria, quando a consolidação das lesões de- correntes de acidentes de qualquer natureza ou o preenchimento dos re- quisitos da aposentadoria sejam pos- teriores às alterações inseridas no § 2° do art. 86º da Lei nº 8.213, de 1991, Link O art. 102 do Decreto nº 3048/99 menciona que: O salário-maternidade não pode ser acumulado com benefício por incapacidade. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/de- creto/d3048.htm>. Acesso em: 6 jun. 2017. http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1991/8213.htm Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários46/261 pela Medida Provisória nº 1.596-14, convertida na Lei nº 9.528, de 1997; VI. mais de uma aposentadoria, exceto com DIB anterior a janeiro de 1967, de acordo com o Decreto-Lei nº 72, de 21 de novembro de 1966; VII. aposentadoria com abono de permanência em serviço; VIII. salário-maternidade com auxí- lio-doença ou salário-maternidade com aposentadoria por invalidez, ob- servado o disposto no § 4º do art. 342; IX. mais de um auxílio-doença, inclusive acidentário; X. mais de um auxílio-acidente; XI. mais de uma pensão deixada por côn- juge ou companheiro, facultado o di- reito de opção pela mais vantajosa, exceto se o óbito tenha ocorrido até 28 de abril de 1995, véspera da publi- cação da Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995, período em que era permi- tida a acumulação, observado o dis- posto no art. 359; XII. pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro com auxílio- -reclusão de cônjuge ou companhei- ro, para evento ocorrido a partir de 29 de abril de 1995, data da publicação da Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995, facultado o direito de opção pelo mais vantajoso; XIII. mais de um auxílio-reclusão de instituidor cônjuge ou companheiro, para evento ocorrido a partir de 29 http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1997/9528.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/24/1966/72.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/24/1966/72.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1995/9032.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1995/9032.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1995/9032.htm Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários47/261 de abril de 1995, data da publicação da Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995, facultado o direito de opção pelo mais vantajoso; XIV. auxílio-reclusão pago aos depen- dentes, com auxílio-doença, aposen- tadoria ou abono de permanência em serviço ou salário-maternidade do segurado recluso, observado o dis- posto no § 3º do art. 383. (Nova reda- ção dada pela IN INSS/PRES nº 85, de 18/02/2016) XV. seguro-desemprego com qual- quer Benefício de Prestação Conti- nuada da Previdência Social, exceto pensão por morte, auxílio-reclusão, auxílio-acidente, auxílio suplementar e abono de permanência em serviço; XVI. benefício assistencial com bene- fício da Previdência Social ou de qual- quer outro regime previdenciário, ex- ceto: a. espécie 54 - Pensão Indenizatória a Cargo da União; b. espécie 56 - Pensão Especial aos De- icientes Físicos Portadores da Síndro- me da Talidomida - Lei nº 7.070, de 1982; c. espécie 60 - Benefício Indenizatório a Cargo da União; d. espécie 89 - Pensão Especial aos De- pendentes das Vítimas da Hemodiáli- se - Caruaru - PE - Lei nº 9.422, de 24 de dezembro de 1996; e) espécie 96 - Pensão Especial (Hanseníase) - Lei nº http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1995/9032.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/38/inss-pres/2016/85.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/38/inss-pres/2016/85.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1982/7070.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1982/7070.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1996/9422.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1996/9422.htm http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/2007/11520.htm Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários48/261 11.520, de 18 de setembro de 2007; XVII. auxílio suplementar com aposen- tadoria ou auxílio-doença, observado quanto ao auxílio-doença o ressalva- do no disposto no § 3º deste artigo. 6. Aposentadoria + Auxílio-Do- ença O ordenamento jurídico pátrio não impõe ao aposentado que se afaste do trabalho para obter o benefício de aposentadoria. Nesse sentido, o STF, ao julgar a Ação Dire- ta de Inconstitucionalidade nº 1.7701110 e a 11 “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. READMISSÃO DE EMPREGADOS DE EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA. ACUMULAÇÃO DE PROVENTOS E VENCIMENTOS. EXTINÇÃO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO POR APOSENTADORIA ESPONTÂNEA. NÃO CONHECIMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. Lei 9.528/1997, que dá nova redação ao § 1º do art. 453 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT -, prevendo a possibilidade Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.721, já decidiu que a aposentadoria voluntária não extingue o contrato de trabalho. Importante entender que caso continue trabalhando, o aposentado terá que con- tinuar recolhendo aos cofres do RGPS, mas não fará jus a todos os benefícios disponí- veis. Não faz jus, portanto, mesmo em caso de incapacidade, ao auxílio-doença. de readmissão de empregado de empresa pública e sociedade de economia mista aposentado espontaneamente. Art. 11 da mesma lei, que estabelece regra de transição. Não se conhece de ação direta de inconstitucionalidade na parte que impugna dispositivos cujos efeitos já se exauriram no tempo, no caso, o art. 11 e parágrafos. É inconstitucional o § 1º do art. 453 da CLT, com a redação dada pela Lei 9.528/1997, quer porque permite, como regra, a acumulação de proventos e vencimentos - vedada pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal -, quer porque se funda na ideia de que a aposentadoria espontânea rompe o vínculo empregatício. Pedido não conhecido quanto ao art. 11, e parágrafos, da Lei nº 9.528/1997. Ação conhecida quanto ao § 1º do art. 453 da Consolidação das Leis do Trabalho, na redação dada pelo art. 3º da mesma Lei 9.528/1997, para declarar sua inconstitucionalidade” (DJ 1º.12.2006 ). http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/2007/11520.htm Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários49/261 7. Auxílio-Acidente + Aposentadoria Dispõe a Lei 8.213/91, em seu art. 19, sobre os requisitos básicos para a concessão de qualquer benefício acidentário, quais sejam: lesão corporal ou perturbação funcional, sendo que em am- bos deve haver o nexo causal com o exercício da atividade laboral, e ainda, a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho, verbis: Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do traba- lho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o tra- Link Conira na íntegra a decisão do STF na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.770. Disponível em: <stf.jus.br/portal/processo/verProcessoTexto.asp?id=2612318&tipoApp=RTF>. Acesso em: 19 jun. 2017. Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários50/261 balho. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015) Ademais, o auxílio-acidente pode ser concomitante ao recebimento de salário ou concessão de outro benefício, desde que não seja aposentadoria. Em regra, o auxílio-acidente é devido desde o dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença. Durante muito tempo, doutrina e jurisprudência debateram acerca da possibilidade de cumula- ção dos benefícios de aposentadoria com auxílio-acidente. Chegou-se a ser defendido a possi- bilidade de cumulação quando o surgimento da moléstia que levou à concessão do auxílio-aci- dente tenha ocorridoantes da alteração promovida pela Lei nº 9.528/97. No entanto, o STJ, no julgamento do Resp nº 1.296.673/MG, relatado pelo Ministro Herman Ben- jamin, paciicou o entendimento de que a cumulação do benefício de auxílio-acidente com pro- ventos de aposentadoria só é permitida quando a eclosão da lesão incapacitante e a concessão da aposentadoria forem anteriores à edição da Lei 9.528/97. Segue ementa do julgamento rea- lizado em 22/08/2012, cujo acórdão foi destacado como representativo da controvérsia: “RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. MATÉ- RIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO RE- PRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS. AUXÍLIO-ACIDENTE E APOSENTADORIA. ART. 86, §§ 2º E 3º, DA LEI 8.213/1991, COM A REDAÇÃO Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários51/261 DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA 1.596- Poder Judiciário Conselho da Justiça Federal Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Fede- rais 3 14/1997, POSTERIORMENTE CONVERTIDA NA LEI 9.528/1997. CRITÉRIO PARA RECEBIMENTO CONJUNTO. LESÃO INCAPACITANTE E APOSENTADORIA ANTERIO- RES À PUBLICAÇÃO DA CITADA MP (11.11.1997). DOENÇA PROFISSIONAL OU DO TRABALHO. DEFINIÇÃO DO MOMENTO DA LESÃO INCAPACITANTE. ART. 23 DA LEI 8.213/1991. CASO CONCRETO. INCAPACIDADE POSTERIOR AO MARCO LEGAL. CON- CESSÃO DO AUXÍLIO-ACIDENTE. INVIABILIDADE. 1. Trata-se de Recurso Espe- cial interposto pela autarquia previdenciária com intuito de indeferir a concessão do benefício de auxílio-acidente, pois a manifestação da lesão incapacitante ocorreu depois da alteração imposta pela Lei 9.528/1997 ao art. 86 da Lei de Benefícios, que vedou o recebimento conjunto do mencionado benefício com aposentadoria. 2. A solução integral da contro- vérsia, com fundamento suiciente, não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC. 3. A acumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria pressupõe que a eclosão da lesão incapacitante, ensejadora do direito ao auxílio-acidente, e o início da aposentadoria sejam anteriores à al- teração do art. 86, §§ 2º e 3º, da Lei 8.213/1991 (“§ 2º O auxílio-aci- Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários52/261 dente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-do- ença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria; § 3º O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria, observado o disposto no § 5º, não prejudicará a conti- nuidade do recebimento do auxílio-acidente.”), promovida em 11.11.1997 pela Medida Provisória 1.596-14/1997, que posteriormente foi convertida na Lei 9.528/1997. No mesmo sentido: REsp 1.244.257/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 19.3.2012; AgRg no AREsp 163.986/ SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 27.6.2012; AgRg no AREsp 154.978/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 4.6.2012; AgRg no REsp 1.316.746/MG, Rel. Ministro Cesar As- for Rocha, Segunda Turma, DJe 28.6.2012; AgRg no AREsp 69.465/RS, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, Segunda Turma, DJe 6.6.2012; EREsp 487.925/ SP, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, DJe 12.2.2010; AgRg no AgRg no Ag 1375680/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, Dje 19.10.2011; AREsp 188.784/SP, Rel. Ministro Humberto Martins (decisão monocrática), Segunda Turma, DJ 29.6.2012; AREsp 177.192/MG, Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários53/261 Rel. Ministro Castro (decisão monocrática), Segunda Turma, DJ 20.6.2012; EDcl no Ag 1.423.953/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki (decisão monocrática), Primeira Turma, DJ 26.6.2012; AREsp 124.087/RS, Rel. Mi- nistro Teori Albino Zavascki (decisão monocrática), Primeira Turma, DJ 21.6.2012; AgRg no Ag 1.326.279/MG, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 5.4.2011; AREsp 188.887/SP, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho (decisão monocrática), Primeira Turma, DJ 26.6.2012; AREsp 179.233/SP, Rel. Ministro Francisco Falcão (decisão monocrática), Pri- meira Turma, DJ 13.8.2012. 4. Para ins de ixação do momento em que ocor- re a lesão incapacitante em casos de doença proissional ou do trabalho, deve ser observada a deinição do art. 23 da Lei 8.213/1991, segundo a qual “considera-se como dia do acidente, no caso de doença proissio- nal ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro”. Nesse sentido: REsp 537.105/SP, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJ 17/5/2004, p. 299; AgRg Poder Ju- diciário Conselho da Justiça Federal Turma Nacional de Uniformização Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários54/261 dos Juizados Especiais Federais 4 no REsp 1.076.520/SP, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 9/12/2008; AgRg no Resp 686.483/SP, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJ 6/2/2006; (AR 3.535/SP, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Terceira Seção, DJe 26/8/2008). 5. No caso concreto, a lesão incapacitante eclodiu após o marco legal ixa- do (11.11.1997), conforme assentado no acórdão recorrido (l. 339/STJ), não sendo possível a concessão do auxílio-acidente por ser inacumulável com a aposentadoria concedida e mantida desde 1994. 6. Recurso Especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.” (grifei) (REsp nº 1.296.673. Órgão Julgador: Primeira Seção. Relator: Ministro Herman Benjamim. DJ: 22/08/2012). Percebe-se, portanto, que para a cumula- ção desses benefícios, a ixação das datas de concessão dos benefícios é de vital im- portância. Isso porque a alteração legisla- tiva que modiicou o caráter do auxílio-aci- dente foi proporcionada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97, que convalidou medidas pro- visórias sucessivamente editadas desde a MP nº 1.523, de 11/10/96. Assim, se os dois benefícios tiverem sido concedidos antes da alteração legislativa, haverá direito adquirido à cumulação. Se Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários55/261 os dois, por acaso, fossem posteriores à modiicação legal, forçoso concluir que o recebimento cumulativo não seria possível. Vejamos a nova redação dada ao art. 86 da Lei nº 8.213/91 pela Lei 9.528/97: Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao se- gurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar sequelas que impliquem redução da ca- pacidade para o trabalho que habitualmente exercia. § 1º. O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinquenta por cento do salário de benefício e será devido, observado o disposto no § 5º, até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado. § 2º. O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remunera- ção ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria. § 3º. O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exce- to de aposentadoria, observado o disposto no § 5º, não prejudicará a Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários56/261 continuidade do recebimento do auxílio-acidente. Registre-se, por im, a edição da Súmula nº 507 pelo STJ: “A acumulação de auxílio-acidente com aposentadoria pressupõe que a lesão incapacitante e a aposentadoria sejam anteriores a 11/11/1997, observado o critério do art. 23 da Lei nº 8.213/1991 para deinição do momento da lesão nos casos de doença proissional ou do trabalho”. Para saber mais A concessão de auxílio-doença acidentário antes do advento da Lei 9.528/97 não gera qualquer direto adquirido à percepção de auxílio-acidente cumulativamente com a aposentadoria, sendo a data deinício de ambos os benefícios (DIB) posterior à alteração legislativa. Súmula AGU nº 75, de 2 de abril de 2014: Para a acumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria, a consolidação das lesões decorrentes de acidentes de qualquer natureza, que resulte sequelas deinitivas, nos termos do art. 86 da Lei nº 8.213/91, e a concessão da aposentadoria devem ser anteriores às alterações inseridas no art. 86, § 2º da Lei nº 8.213/91, pela Medida Provisória nº 1.596-14, convertida na Lei nº 9.528/97. Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários57/261 8. Procedimento em Caso de Cumulação Indevida Conforme preconiza a IN nº 77/2015, em seu art. 531, comprovada a acumulação in- devida, após regular processo administra- tivo, no qual se permite ao segurado apre- sentação de defesa, deverá ser mantido o benefício concedido de forma regular e ces- sados ou suspensos os benefícios irregula- res. Deve, ademais, serem adotadas as provi- dências necessárias quanto à regularização e à cobrança dos valores recebidos indevi- damente, observada a prescrição quinque- nal. As importâncias recebidas indevidamente, nos casos de fraude ou erro da Previdência Social, deverão ser restituídas, observado o disposto nos §§ 2º e 3º do art. 154 do RPS e arts. 612 e 613: Art. 154. § 2º A restituição de im- portância recebida indevi- damente por beneiciário da Link INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRES Nº 77, DE 21 DE JANEIRO DE 2015. Disponível em: <http:// sislex.previdencia.gov.br/paginas/38/inss- -pres/2015/77.htm>. Acesso em: 19 jun. 2017. Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários58/261 previdência social, nos casos comprovados de dolo, fraude ou má-fé, deverá ser atualizada nos moldes do art. 175, e feita de uma só vez ou mediante acordo de parcelamento na forma do art. 244, independen- temente de outras penalidades legais (Redação dada pelo Decreto nº 5.699, de 2006). § 3º Caso o débito seja originário de erro da previdência social, o segurado, usufruindo de benefício regularmente concedido, poderá de- volver o valor de forma parcelada, atualizado nos moldes do art. 175, devendo cada parcela corresponder, no máximo, a trinta por cento do valor do benefício em manutenção, e ser descontado em número de meses necessários à liquidação do débito. A jurisprudência tem se inclinado no sentido de não permitir a cobrança pelo INSS dos valores indevidamente recebidos quando o segurado recebeu de boa-fé os benefícios, sob o argumento de que se trata de verba de caráter alimentar. Do mesmo modo, quando a cumulação indevida decorrer de erro do próprio INSS, sem partici- pação do segurado.1211 12 Nesse sentido, o julgado: Ementa: PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CUMULAÇÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIOS. BOA-FÉ. ERRO DA ADMINISTRAÇÃO. VERBA ALIMENTAR. REPOSIÇÃO AO ERÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. RESERVA DE PLENÁRIO. NÃO VIOLAÇÃO 1. A autora percebeu, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5699.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5699.htm#art2 Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários59/261 Existe expressa previsão legal que autori- za o INSS buscar o ressarcimento de valo- res pagos a mais ou indevidamente, a título de benefício previdenciário, conforme pre- visto no artigo 115 da Lei 8.213/91, verbis: Art. 115. Podem ser desconta- cumulativamente, renda mensal vitalícia e pensão por morte. Após fazer cessar o primeiro benefício, por cumulação indevida, o INSS emitiu cobrança do valor percebido indevidamente. 2. Na hipótese, a cumulação ocorreu por falha (não cessação da renda mensal vitalícia quando da implantação da pensão por morte) da autarquia na concessão dos benefícios, sem qualquer ato de má- fé ou mesmo participação ativa da autora na falha. Nesse contexto de boa-fé por parte do segurado, a jurisprudência do STJ é irme no sentido de dispensar a reposição ao erário. 3. Adiantando possível discussão acerca da violação da cláusula de reserva de plenário, o próprio STF tem se pronunciado no sentido de que a decisão judicial que reconhece a impossibilidade de desconto de valores indevidamente recebidos pelo segurado não implica declaração de inconstitucionalidade do art. 115, II, da Lei 8.213/91 4. Apelação e remessa necessária improvidas. Data da Decisão 11/04/2016 Data da Publicação 16/05/2016. Documento 7 - TRF1 - APELAÇÃO 00319052120114013800 Relator(a) JUIZ FEDERAL IVANIR CÉSAR IRENO JÚNIOR- Sigla do órgão TRF1 Órgão julgador 1ª TURMA SUPLEMENTAR Fonte e-DJF1 DATA:16/05/2016 dos dos benefícios: I - contribuições devidas pelo segurado à Previdência Social; II - pagamento de benefício além do devido; III - Imposto de Renda retido na fonte; IV - pensão de alimentos de- cretada em sentença judicial; V - mensalidades de associações e demais entidades de aposen- tados legalmente reconhecidas, desde que autorizadas por seus iliados. Por outro lado, em casos de fraude ou erro, a cobrança é autorizada. Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários60/261 Glossário LOAS: Lei Orgânica de Assistência Social. STJ: Superior Tribunal de Justiça. RPS: Regulamento da Previdência Social. Questão reflexão ? para 61/261 Diante do que foi exposto, em que casos será possível haver o recebimento simultâneo dos benefícios de apo- sentadoria e auxílio-acidente? 62/261 Considerações Finais • O ordenamento previdenciário estabelece as hipóteses em que é autorizada a cumulação de benefícios previdenciários, bem assim os casos em que é expressamente vedada a percepção simultânea de dois benefícios. A legislação, entretanto, ressalva o direito adquirido; • É admitida a acumulação de benefício por incapacidade com pensão por morte; • A acumulação de auxílio-acidente com aposentadoria pressupõe que a lesão incapacitante e a aposentadoria sejam anteriores a 11/11/1997; • Comprovada a acumulação indevida, o benefício concedido de forma regular será mantido e serão cessados ou suspensos os benefícios irregulares, adotando-se as providências necessá- rias quanto à regularização e à cobrança dos valores recebidos indevidamente. Unidade 2 • Cumulação de Benefícios Previdenciários63/261 Referências BRASIL. Lei 8.213 de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L8213cons.htm>. Acesso em: 5 jun. 2017. ________. Lei 9.032 de 28 de abril de 1995. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/leis/L9032.htm>. Acesso em: 5 jun. 2017. ________. Lei 7.070 de 20 de dezembro de 1982. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/1980-1988/L7070.htm>. Acesso em: 5 jun. 2017. ________. Lei 8.742 de 7 de dezembro de 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L8742.htm>. Acesso em: 5 jun. 2017. ________. Lei 9.528 de 10 de dezembro de 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L9528.htm>. Acesso em: 5 jun. 2017. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp nº 1.296.673. Órgão Julgador: Primeira Seção, Brasília, DF, 22 ago. 2012. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n° 507. In: <http://www.stj.jus.br/Súmulas> LAZZARI, João Batista et al. Prática processual previdenciária: administrativa e judicial. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. 64/261 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Acumulação de Benefícios Previ- denciários. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747afd3be431606233e0f1d/ 796f47d9581f886740e63af17ddf5016>. Aula 2 - Tema: Acumulação de Benefícios Previ- denciários. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/4bba630e550cf1009ad5c589b317979c>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/796f47d9581f886740e63af17ddf5016 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/796f47d9581f886740e63af17ddf5016 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/796f47d9581f886740e63af17ddf5016http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4bba630e550cf1009ad5c589b317979c http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4bba630e550cf1009ad5c589b317979c http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4bba630e550cf1009ad5c589b317979c 65/261 1. Com relação à acumulação de benefícios previdenciários, assinale a alter- nativa INCORRETA. a) A Lei 8.213/91, ao vedar a cumulação de benefícios, não ressalva qualquer direito adquirido. b) É vedada a percepção de mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro. c) Em caso de percepção de mais de uma pensão, é o(a) pensionista intimado(a) para optar pelo benefício mais vantajoso. d) Até o advento da Lei 9.032/95 era possível cumular pensões. e) Se o óbito tiver ocorrido até 28 de abril de 1995, véspera da publicação da Lei nº 9.032/95, será permitida a acumulação dos benefícios. Questão 1 http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/1995/9032.htm 66/261 2. Tendo em vista as regras sobre acumulação de aposentadoria com auxí- lio-acidente, assinale a alternativa correta. Questão 2 a) O benefício de auxílio-acidente é devido como indenização ao segurado, a partir do dia se- guinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado. b) Já que a concessão do auxílio-acidente pressupõe o anterior recebimento de um benefício de auxílio-doença, será devida a cumulação de ambos em razão de lesões decorrentes do mesmo fato gerador. c) Se, em razão de qualquer outro acidente ou doença, o segurado fazer jus ao auxílio-doença, o auxílio-suplementar ou auxílio acidente será cessado, concomitantemente como auxílio- -doença. d) A teor do art. 338 da IN nº 77/15 do INSS, o auxílio-acidente será cessado quando da con- cessão ou da reabertura do auxílio-doença, em razão do mesmo acidente ou de doença que lhe tenha dado origem. e) O auxílio-acidente será restabelecido após a cessação do auxílio-doença concedido ou rea- berto, mesmo se concedido ao segurado benefício de aposentadoria subsequente ao auxí- lio-doença. 67/261 3. É vedado o recebimento simultâneo dos seguintes benefícios, EXCETO: Questão 3 a) Aposentadoria e auxílio-doença. b) Mais de uma aposentadoria. c) Aposentadoria e abono de permanência em serviço. d) Salário-maternidade e aposentadoria. e) Mais de um auxílio-acidente. 68/261 Questão 4 a) Contribuições devidas pelo segurado à Previdência Social. b) Pagamento de benefício além do devido. c) Contribuição social sobre o lucro líquido-CSLL. d) Pensão de alimentos decretada em sentença judicial. e) Mensalidades de associações e demais entidades de aposentados legalmente reconhecidas, desde que autorizadas por seus iliados. 4. Podem ser descontados dos benefícios, EXCETO: 69/261 5. Sobre a cumulação de benefícios previdenciários, assinale a alternativa INCORRETA. Questão 5 a) O benefício de auxílio-acidente é devido como indenização ao segurado a partir do dia se- guinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado. b) A proibição de acumulação de benefícios diz respeito apenas ao RGPS, de modo que o segu- rado acumule prestações do RGPS com valores recebidos em outros regimes. c) Há vedação legal à cumulação da pensão por morte de trabalhador rural com o benefício da aposentadoria por invalidez, por apresentarem pressupostos fáticos e fatos geradores dis- tintos. d) Já que a concessão do auxílio-acidente pressupõe o anterior recebimento de um benefício de auxílio-doença, será indevida a cumulação de ambos em razão de lesões decorrentes do mesmo fato gerador. e) O salário-maternidade não pode ser acumulado com benefício por incapacidade. 70/261 Gabarito 1. Resposta: A. A legislação ressalva o direito adquirido, de modo que se o segurado cumpriu os requi- sitos necessários ao recebimento de mais de um benefício com base em legislação anterior, fará jus à manutenção dos mes- mos, mesmo após a Lei 8.213/91. 2. Resposta: A. O benefício de auxílio-acidente é devido como indenização ao segurado a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-do- ença, independentemente de qualquer re- muneração ou rendimento auferido pelo acidentado. 3. Resposta: D. É possível acumular aposentadoria com sa- lário-maternidade, caso a segurada apo- sentada continue trabalhando ou volte a exercer atividade remunerada. 4. Resposta: C. Conforme Lei 8.213/91, art. 115: Podem ser descontados dos benefícios: III - Imposto de Renda retido na fonte. 5. Resposta: C. De acordo com súmula nº 36 da TNU: Não há vedação legal à cumulação da pensão por morte de trabalhador rural com o be- nefício da aposentadoria por invalidez, por apresentarem pressupostos fáticos e fatos geradores distintos. 71/261 Unidade 3 Revisão dos Benefícios por Incapacidade Objetivos • Forma de cálculos dos benefícios por incapacidade; • Principais revisões na RMI dos benefícios por incapacidade; • Breve apanhado sobre a Medida Provisória nº 736. Unidade 3 • Revisão dos Benefícios por Incapacidade72/261 Introdução Dentre as diversas teses revisionais dedu- zidas nas ações previdenciárias, merecem destaque aquelas buscando a revisão da RMI dos benefícios por incapacidade, tendo em conta o grande número de benefícios desta qualidade concedidos e mantidos pelo INSS. Conforme dados extraídos do Anuário Es- tatístico da Previdência Social referente ao ano de 2015136, as espécies mais concedi- das no ano de 2015 foram o auxílio-doença previdenciário, a aposentadoria por idade e o salário-maternidade, com, respectiva- mente, 42,1%, 13,3% e 12,9% do total. Os benefícios por incapacidade são aqueles que tem como um de seus requisitos a cons- tatação da incapacidade pela perícia médi- 13 Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/wp- content/uploads/2015/08/AEPS-2015-FINAL.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2017. ca do INSS, além da qualidade de segurado e da carência. Pode ser tanto a aposentado- ria por invalidez, como o auxílio-doença ou o auxílio-acidente, cada um com peculiari- dades e formas de cálculo próprias. Antes de se veriicar as teses revisio- nais existentes nos benefícios por incapa- cidade, faz-se imperioso veriicar como se dá o cálculo do salário de benefício desses benefícios. 1. Forma de Cálculo dos Benefí- cios por Incapacidade Conforme estudado, o salário de benefício (SB) é utilizado pelo INSS para o cálculo da Renda Mensal Inicial (RMI), que será o valor da primeira parcela paga ao segurado ou Unidade 3 • Revisão dos Benefícios por Incapacidade73/261 dependente e será calculada aplicando-se uma alíquota ao valor do salário de benefí- cio. No caso do benefício de auxílio-doença, a RMI será 91% do salário de benefício, nos termos do art. 61, da Lei 8.213/91. Já a RMI da aposentadoria por invalidez consiste numa renda de 100% do salário de bene- fício, conforme disposto no art. 44 da Lei 8213/91. Por sua vez, a RMI do benefício de auxílio-acidente, conforme disposição do § 1º do art. 86 da Lei 8.213/91, corresponde- rá a 50% do salário de benefício. A Lei 9.876/99 modiicou substancialmen- te a forma de calcular o salário de benefício (SB), ampliando o termo inicial do período básico de cálculo, não mais o restringin- do os 36 últimos salários de contribuição e passando a considerar todo o período con- tributivo. Após a Lei 9.876/99, a redação do artigo 29 da LB passou a ser a seguinte: Art. 29. O salário de benefício consiste: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) I - para os benefícios de que tratam as alíneas b e c do in- ciso I do art. 18, na média aritmética simples dos maio- res salários de contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período con- tributivo, multiplicada pelo fator previdenciário; (In- cluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) Unidade 3 • Revisão dos
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