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E-Book - Apostila Esse arquivo é uma versão estática. Para melhor experiência, acesse esse conteúdo pela mídia interativa. Unidade 4 - Terapias de estimulação cerebral E-Book - Apostila E-Book - Apostila 2 - 47 Introdução da unidade Os tópicos abordados nesta unidade serão: terapias de estimulação cerebral (eletroconvulsoterapia, estimulação magnética transcraniana, estimulação magnética transcraniana e psicoterapia como “agente” epigenético); psicofarmacologia nos transtornos por uso de substâncias — casos clínicos; construção e resolução dos casos clínicos; psicofarmacologia e ética no contexto da atuação profissional do psicólogo; e conclusão da disciplina. As terapias de estimulação cerebral são estratégias que não utilizam medicamentos para maximizar a capacidade cerebral na reconstituição dos sentidos, cognição e movimentação. Há diversos ensaios clínicos que evidenciam os benefícios entre a associação da estimulação cerebral com outras terapias adjuvantes, como a fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. Os transtornos por uso de substâncias são um tipo de transtorno relacionado ao uso de substâncias que envolvem um padrão patológico de comportamento. Apesar desse comportamento patológico, os pacientes mantêm o medicamento, mesmo com o desenvolvimento de problemas significativos relacionados ao uso dele; nesse contexto, pode haver, também, manifestações fisiológicas, incluindo alterações no circuito cerebral Nesta unidade, traremos, também, a discussão sobre a ética na atuação do psicólogo na psicofarmacologia, fazendo reflexões sob o ponto de vista ético do profissional, considerando as relevâncias da formação acadêmica e a atuação clínica. Bons estudos! Terapias de estimulação cerebral Distúrbios encefálicos podem ser muito difíceis de tratar, e nesses casos, as terapias úteis são contraintuitivas. Destruição e estimulação são estratégias alternativas com os mesmos objetivos terapêuticos — aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais. As cirurgias para os distúrbios do movimento começaram na década de 1880, com Victor Horsley, pioneiro neurocirurgião britânico, que tratou os movimentos espontâneos incontroláveis de um paciente por meio da remoção de parte de seu córtex motor. Os movimentos anormais cessaram, mas o membro do paciente ficou paralisado. E-Book - Apostila 3 - 47 Entre os anos de 1940 e 1970, cirurgiões descobriram que, fazendo pequenas lesões no globo pálido, no tálamo ou no núcleo subtalâmico, muitas vezes, poderiam melhorar o tremor, a rigidez e a acinesia da doença de Parkinson, sem induzir à paralisia. Atualmente, lesões cirúrgicas pontuais nos núcleos da base e no tálamo ainda são utilizadas em alguns pacientes com Parkinson (BEARS; CONNORS; PARADISO, 2002). Os antigos gregos e egípcios foram os primeiros defensores do poder terapêutico de choques elétricos, seus equipamentos médicos eram enguias elétricas e arraias, e dizia-se que a aplicação direta do dito peixe estimulante poderia ajudar a aliviar dores e cefaleia, hemorroidas, gota, depressão e até mesmo epilepsia. A moderna utilização das terapias para distúrbios do movimento começou na década de oitenta. Em pacientes com doença avançada pouco responsiva à farmacoterapia, a talamotomia (para o tremor evidente) ou a palidotomia posteroventral podem ser acompanhadas de benefício válido. Entretanto os procedimentos cirúrgicos ablativos foram, de modo geral, substituídos por lesões funcionais e reversíveis induzidas por estimulação cerebral profunda de alta frequência, que apresenta menor morbidade (KATZUNG; TREVOR, 2017). Eletroconvulsoterapia A eletroconvulsoterapia (ECT) é o tratamento mais controverso da psiquiatria moderna, pois nenhum outro tratamento gerou uma reação tão feroz e debate público polarizado. Os críticos da ECT dizem que é uma ferramenta grosseira de coerção psiquiátrica; defensores dizem que é o tratamento psiquiátrico mais eficaz e que salva milhares de vidas atualmente. ECT é a uma terapia utilizada na estimulação cerebral no transtorno da depressão, sendo altamente efetivo, porém seu mecanismo de ação ainda não é totalmente conhecido, entretanto acredita-se que esteja relacionado com a provável mobilização dos neurotransmissores causada pela convulsão; perda de memória e estigmas sociais constituem os principais problemas associados à ECT, que limitam seu uso. A técnica constitui o único agente terapêutico para o tratamento da depressão, com a possível exceção de agentes experimentais, cetamina, escopolamina e privação do sono, que é rápido no seu início antidepressivo, com ações terapêuticas que podem começar, até mesmo, após uma única aplicação e dentro de alguns dias. A ausência de uma resposta fisiológica do paciente com o arsenal de antidepressivos utilizados na depressão (monoterapia ou associados) é um dos fatores fundamentais para a utilização da terapia ECT, embora possa ser utilizada em casos de alto risco, como depressões psicóticas, suicidas ou pós-parto (STAHL, 2017). Na ECT, é um método seguro e eficaz de tratamento para uma variedade de condições psiquiátricas e algumas condições médicas, podendo haver redução do tempo de permanência e o custo da hospitalização, devido à eficácia e rapidez de resposta (MHECCU, 2002). E-Book - Apostila 4 - 47 Principais Indicações do uso de ECT são para os casos de episódio depressivo maior, mania e esquizofrenia. A seleção de pacientes é fundamental para garantir um alto grau de confiança de que a ECT será mais eficaz do que outros tratamentos, minimizando o risco de morbidade e de mortalidade, que provavelmente são de natureza cardiopulmonar se ocorrer, e é considerada de acordo com o risco associado a outros procedimentos de baixo risco sob uma anestesia geral (MHECCU, 2002). No vídeo abaixo, falaremos sobre a estimulação magnética transcraniana. Acompanhe! Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo A partir do vídeo assistido, você consegue identificar quais outros conhecimentos foram adquiridos com ele? Estimulação cerebral profunda A Estimulação Cerebral Profunda (ECP) é um procedimento que se desenvolveu como resultado de décadas de trabalho em orientação estereotáctica, neurofisiologia e neuroanatomia. Atualmente, a ECP é um tratamento validado e aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) para vários transtornos neurológicos e psiquiátricos, incluindo: doença de Parkinson, tremor essencial, distonia, transtorno obsessivo compulsivo e epilepsia. Aplicações complementares permanecem como área de investigação em andamento. Mais uma vez, a lesão ganha interesse, especialmente com o desenvolvimento de técnicas minimamente invasivas, como a terapia térmica intersticial a laser e a ultrassonografia transcraniana focada (STAHL, 2017). E-Book - Apostila 5 - 47 Há vários métodos para inserção de derivações e as técnicas procedurais continuarão a evoluir com o tempo. Uma equipe multidisciplinar é essencial para melhor avaliação possível do paciente, seleção de alvo e acompanhamento pós- operatório. A ética médica é parte essencial do tratamento multidisciplinar, particularmente no caso de crianças, pacientes com transtornos psiquiátricos e pacientes gravemente debilitados por causa de seus transtornos de movimento (WILLIAM, 2021). A ECP é um tratamento experimental para a depressão mais grave (Ilustração 2). A estimulação cerebral profunda de neurônios, em certas áreas do encéfalo, mostrou ser eficaz no tratamentodas complicações motoras da doença de Parkinson e, atualmente, está sendo estudada para as depressões que são resistentes à tratamentos. Um marcapasso é um gerador de pulso nutrido por bateria que é implantado na parede torácica como um marcapasso. Um ou dois eletrodos são colocados sob o couro cabeludo e direcionados para o encéfalo guiados por neuroimagem e gravação de estimulação cerebral durante o processo de implantação para facilitar a colocação precisa do eletrodo na área cerebral alvo. A ponta de cada eletrodo consiste em várias áreas de contato, que geralmente se expandem sequencialmente para cobrir outras partes do alvo anatômico. O gerador de pulsos emite pulsos de corrente curtos e repetitivos, que são ajustados de acordo com a impedância do tecido (STAHL, 2017). FIGURA 1 - Estimulação Cerebral Profunda Fonte: STAHL, 2017, p. 695. E-Book - Apostila 6 - 47 ECP é a implantação de eletrodos em regiões profundas do cérebro, com a finalidade de modular a função neural, a fim de tratar condições neurológicas/psiquiátricas. Os eletrodos são implantados usando técnicas estereotáxicas e são fixados a um implante gerador de pulso (IPG), que normalmente é colocado subdermicamente abaixo da clavícula. Os mecanismos fisiológicos precisos do ECP ainda não são totalmente compreendidoS, mas geralmente acredita-se que funcione por meio de excitação e/ou inibição de corpos celulares neuronais locais ao eletrodo e de axônios passando nas proximidades. A estimulação de baixa frequência excita geralmente os neurônios próximos, enquanto a estimulação de alta frequência pode reduzir a atividade local e induzir um efeito reversível a lesões funcionais (PYCROFT; STEIN; AZIZ, 2018). A estimulação ECP fornece benefícios clínicos para pacientes com tremor, doença de Parkinson, distonia, síndrome de Tourette, depressão e transtorno obsessivo- compulsivo. A estimulação elétrica do cérebro mostrou influenciar uma variedade de mecanismos envolvidos na função neuronal e na sinalização. A sensibilidade de diferentes elementos depende sobre a amplitude e as características temporais da estimulação, propriedades fisiológicas de células individuais, geometria do estímulo campo, geometria dos elementos estimulados e possivelmente a fisiopatologia subjacente de diferentes estados de doença. Nenhum mecanismo único surgiu para explicar o efeito de ECP em diferentes regiões do cérebro e em diferentes doenças. No entanto está se tornando cada vez mais claro que os diferentes tipos de centrais neurônios do sistema nervoso (SNC) têm diferentes tipos de canais iônicos que podem ter ativação e inativação sensíveis à voltagem diferente propriedades (PERLMUTTER; MINK, 2006). Os efeitos colaterais mais comuns decorrem do próprio método. Tem havido um debate sobre onde os eletrodos de estimulação devem ser colocados para tratar a depressão e se tal estimulação pode tratar a depressão em pacientes que não respondem bem aos antidepressivos. Atualmente, no tratamento da depressão com estimulação cerebral profunda, a localização sugerida dos eletrodos é a região subgenual do Córtex Cingulado Anterior, parte do Córtex Pré-frontal Ventromedial (CPFVM). Essa região do cérebro tem conexões importantes com outras áreas do córtex pré-frontal, como o CPFVM, Córtex Orbitofrontal (COF) e outras áreas do Córtex Pré-frontal Dorsolateral, bem como a amígdala (Figura 2) (STAHL, 2017). É possível que a estimulação elétrica dessa área do cérebro leve à ativação de circuitos que retornam aos centros monoaminérgicos do tronco encefálico, atuando como moduladores de monoaminas em pacientes doentes (STAHL, 2017). Psicoterapia como “agente” epigenético E-Book - Apostila 7 - 47 Tradicionalmente, a psicoterapia compete com a psicofarmacologia. À medida que os medicamentos se tornam a base do tratamento, as abordagens farmacológicas são cada vez mais criticadas por serem limitadas em escopo, sem resultados consistentes e por serem muito influenciadas pela indústria farmacêutica. No entanto drogas e psicoterapia podem compartilhar um vínculo neurobiológico comum, pois ambos podem alterar os circuitos cerebrais. Portanto não surpreende que a psicoterapia e a psicofarmacologia sejam clinicamente eficazes no tratamento de transtornos psiquiátricos ou que suas associações sejam terapeuticamente sinérgicas (STAHL, 2017). A partir de tudo o que foi visto até o momento, sugerimos, agora, o vídeo abaixo, para desenvolver e adentrar um pouco mais do panorama de estudos proposto na unidade. Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo A “terapia cognitiva processual” é uma nova versão da psicoterapia cognitiva, que é intuitiva, facilmente adaptada por psiquiatras e terapeutas cognitivo- comportamentais sofisticados e que pode ser “fácil, leve e divertida”. Nessa terapia, o paciente literalmente coloca em julgamento seus sintomas psiquiátricos e crenças nucleares. Essa ideia é baseada no princípio retratado na obra de Franz Kafka "O Processo", no qual relata que o ser humano é autoacusador por sua própria natureza, causando ao ser a confusão, a ansiedade e o sofrimento existencial. O personagem central desse romance da obra do autor é detido, julgado e condenado sem nunca saber o crime do qual foi acusado. A técnica da verdade é universal e a adapta em um paradigma moderno de tribunal, e durante a psicoterapia, as autoacusações do paciente são julgadas como esquemas distorcidos e crenças nucleares que foram desenvolvidos sobre o “promotor interno” do doente. Com isso, convence o paciente que suas crenças são de verdade e que, devido a isso, ele sofre. Essa terapia busca evidenciar ao doente que seus sintomas e sofrimento são devidas às crenças nucleares, e podem ser contestadas ativando seu “advogado de defesa interno” do próprio paciente, para enxergar as coisas de maneira equilibrada e realista, e, como consequência, alivia os sintomas e melhora a qualidade de vida do doente. Quando essa terapia é bem-sucedida, forma-se uma nova abordagem e perspectiva do “advogado de defesa interno” para o combate e inibição do circuito que medeia a ativação da primeira aprendizagem, a crença nuclear distorcida do próprio “promotor interno”. E-Book - Apostila 8 - 47 REFLITA Onde você vê "Onde você vê um obstáculo, alguém vê o término da viagem e o outro vê uma chance de crescer. Onde você vê um motivo pra se irritar, Alguém vê a tragédia total E o outro vê uma prova para sua paciência. Onde você vê a morte, Alguém vê o fim E o outro vê o começo de uma nova etapa… ...Onde você vê a fortuna, Alguém vê a riqueza material E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total..." (PESSOA apud DIAS, 2011, on- line) E-Book - Apostila 9 - 47 A terapia cognitiva processual é uma das psicoterapias com potencial para serem utilizadas em combinação com antidepressivos químicos no tratamento no transtorno da depressão maior, indo além da farmacoterapia. A combinação da psicoterapia com medicamentos antidepressivos tem o potencial de tornar os resultados muito satisfatório, tanto para o profissional da saúde, como ao paciente, com esse sinergismo terapêutico (STAHL, 2017). Psicofarmacologia nos transtornos por uso de substâncias – casos clínicos Nessa categoria, tem-se o uso contínuo e recorrente de uma substância química (que deve ser especificada no diagnóstico); quando mantidos, apresentam problemas significativos, sendo que os indivíduo podem apresentar: (Passe o mouse no (+) e confira o conteúdo abaixo) A categoria “transtorno poruso de substâncias” vem substituir, no DSM-5, a noção mais restrita de “dependência química” (que é fenômeno farmacológico, podendo ou não estar rigorosamente presente nesses transtornos) (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). A perda do controle sobre o uso das substâncias químicas é o elemento básico desses transtornos. Ela se expressa pelo fracasso das tentativas de reduzir ou regular o consumo pelo próprio doente. O indivíduo doente gasta muito tempo do seu dia para obter a "substância", e grande parte das atividades diárias gira em torno da droga, e o vício o mantem na rua, em constante agitação para consegui-la. Há, em geral, fissura (forte desejo ou necessidade intensa de usar a droga) para o uso, normalmente desencadeada por um ambiente em que a droga foi consumida ou obtida anteriormente. dificuldade no controle sobre a utilização da substância; prejuízos psicológicos e sociais com a sociedade; riscos físicos ao corpo e psicológicos a mente; fenômenos farmacológicos e fisiológicos, como a tolerância e a abstinência. E-Book - Apostila 10 - 47 Os prejuízos sociais se caracterizam pelas dificuldades em cumprir tarefas básicas de um cidadão normal, como nos estudos e em casa, e no abandono de importantes atividades sociais, profissionais e recreacionais em virtude do uso da substância química. O indivíduo doente continua usando a substância química, apesar de todos os problemas interpessoais e sociais discutidos anteriormente. Além disso, o uso envolve riscos à integridade física e/ou psicológica da pessoa, podendo a levar a morte, pelo uso em excesso como a overdose, ou um combate fisíco com outros usuários e traficantes. Contudo o indivíduo não consegue manter- se abstinente apesar de tais riscos; pode haver critérios farmacológicos que caracterizam o transtorno, mas que não são um diagnóstico pelo DSM-5, que são a tolerância e a abstinência causada pela substância química (DALGALARRONDO, 2018). As terapias medicamentosas para os indivíduos com transtornos relacionados a substâncias, apesar de necessárias e benéficas, raramente são suficientes para curar a doença. Muitas vezes, drogas são usadas em excesso por um paciente com depressão, para reduzir a dor psíquica, por um indivíduo com mania, que se manifesta como hiperatividade e hedonismo incontrolado ou, ainda, por uma pessoa com algum outro transtorno comórbido importante do eixo I (SCHATZBERG; DEBATTISTA, 2017). As categorias de abuso de substância e dependência de substância foram eliminadas e substituídas por uma nova categoria mais abrangente de transtornos por uso de substâncias (em que a substância específica usada define o transtorno específico). “Dependência” é facilmente confundida com o termo “adição”, mas a tolerância e a abstinência que anteriormente definiam dependência são, na verdade, respostas bastante normais a medicamentos prescritos que afetam o sistema nervoso central (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). E-Book - Apostila 11 - 47 A tolerância é determinada pelo fato de que são necessárias dosagens significativamente maiores da substância para atingir o efeito desejado, ou que o efeito da substância diminua significativamente ao longo do tempo das dosagens. Com certos medicamentos, como álcool, opioides e benzodiazepínicos, muitas vezes, há um fenômeno de tolerância. A síndroma de abstinência pode ocorrer quando a concentração da droga no sistema da pessoa diminui e o indivíduo começa a apresentar sintomas como tremores, ansiedade, sudorese, insônia ou sonolência (sintomas específicos dependem muito do tipo de substância). Os sintomas de abstinência geralmente resultam de álcool, opioides, cafeína, tabaco, estimulantes (como cocaína e a anfetaminas) e sedativos (como benzodiazepínicos) (DALGALARRONDO, 2018). Não há apenas uma única razão que explique — e que se encaixe para todas as pessoas doentes que utilizam determinadas substâncias — quando e por qual motivo esse uso se transforma em um transtorno destrutivo para o paciente e para a sociedade. Em muitos casos, principalmente para os adolescentes, o início da utilização das substâncias está relacionado aos fatores: curiosidade; convivência e pressão dos pares ou companheiros que já fazem o uso da substância; tentativa de ser aceito pelo grupo ao qual pertence; sensação de fazer parte de uma subcultura em que se encaixa; excitação por fazer algo ilegal e secreto; expressão de hostilidade e independência em relação aos próprios pais e aos professores; e tentativa de reduzir sensações desagradáveis de uma pessoa normal como a tensão, ansiedade, solidão, tristeza, sensação de impotência sobre algo como trabalho, estudo ou relacionamentos (DALGALARRONDO, 2018). (Clique na imagem para interagir com o conteúdo) E-Book - Apostila 12 - 47 Fonte da figura: TINNAKORNLEK / 123RF. Essas regiões interagem com estruturas subcorticais (como o sistema límbico e o sistema de recompensa, o NAc), que estão relacionadas a recompensas imediatas. A ativação do sistema de recompensa é modulada pelos níveis de dopamina não apenas durante a realização de atividades percebidas como prazerosas mas também em sua antecipação. A diminuição da autoestima é um aspecto importante dos transtornos por uso de substâncias. Ocorre em relação à diminuição do interesse, deterioração no autocuidado, perda de vínculos sociais (não relacionados à aquisição e ao uso de substâncias) e eventual participação em atividades ilegais e criminosas para obtenção de substâncias. Essa queda na autoestima também está associada a sentimentos de vazio e de solidão. Algumas pessoas negligenciam suas roupas, higiene e dentes durante o curso de sua doença (usando álcool, cocaína em pó ou crack), ficam desnutridas e podem ter relações sexuais promíscuas para obter a substância (no caso do transtorno relacionado ao uso de crack). Isso pode ser um fator importante na contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, como HIV e sífilis. Assim, com a participação física tornando-se obrigatória, o processo de recuperação significa envolver-se emocionalmente em outras atividades e se conectar com outras pessoas importantes para recuperar a autoestima, habilidades sociais positivas e o desejo de permanecer vivo dessa maneira. As teorias sobre dependência ou dependência de substâncias vão desde possíveis mecanismos neurobiológicos, teorias de comportamento aprendido e mecanismos de memória até teorias psicanalíticas, psicossociais, sociológicas e antropológicas. Não poderemos, no espaço deste livro, abordar todas as substâncias envolvidas nos transtornos. Optamos, então, por apresentar as mais importantes, por sua frequência em nosso meio e por sua relevância psicopatológica: álcool, maconha e cocaína/crack (o tabaco e a cafeína, apesar de representarem uso importante do ponto de vista epidemiológico, não acarretam consequências psicopatológicas na mesma intensidade que essas três substâncias) (DALGALARRONDO, 2018). ATENÇÃO E-Book - Apostila 13 - 47 Evidências atuais sugerem que a maioria das drogas exerce seus efeitos potenciadores iniciais ativando circuitos de recompensa no cérebro. No entanto, com o consumo continuado, ocorrem danos cerebrais: esse órgão torna-se cada vez mais sensível aos estressores, interfere no autocontrole e, eventualmente, transita para o consumo automático e compulsivo. Essa evolução é mais provável de ocorrer em indivíduos com vulnerabilidade genética, doença mental, uso precoce de drogas na adolescência e estresse crônico (CORDEIRO, 2018).O uso/abuso de drogas como cocaína, crack, maconha, psicodélicos, álcool e substâncias psicotrópicas é considerado um problema de saúde pública com impactos negativos à saúde psicológica (cognitiva e emocional), social, econômica, ocupacional e física, assim como ao bem-estar da família. O problema indica a necessidade de políticas de assistência (incluindo avaliação, reabilitação e a reinserção social do indivíduo), controle e combate a esse uso/abuso, envolvendo diferentes setores da sociedade. O uso e abuso de drogas, de modo geral, tem repercussão em áreas límbicas e no centro de recompensa do cérebro, apresentando relação com agressividade, distúrbios comportamentais e de humor, alterações em memória, em funções executivas e na aprendizagem, dentre outras, havendo alguns instrumentos úteis na avaliação neuropsicológica desses pacientes, sendo que tais alterações interferem na adesão ao tratamento e inserção social (BARNHILL, 2015). No diagnóstico segundo o DSM-5, qualquer tipo de padrão de uso de substância que cause sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo, anteriormente designado pelos termos "abuso" e "dependência", foi substituído por "transtorno de uso de substância". Então, nessa nova classificação, pessoas que antes eram “abusadores”, mesmo aqueles diagnosticados com uma doença mental chamada “dependência química”, passaram a ter a mesma seita, mas seu nível de comprometimento varia e agora se divide em leve, moderado e grave. De acordo com o DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014), o diagnóstico é baseado nas seguintes evidências. Padrões problemáticos de uso de substâncias que causam danos ou angústia clinicamente significativos, percebido por, pelo menos, dois dos critérios que mencionaremos a seguir, com ocorrência de um período de, no mínimo, 12 meses entre eles (CORDEIRO, 2018). (Clique nas setas para avançar ou retornar o conteúdo) a substância/droga é consumida em maiores quantidades ou por um período maior que a pretensão inicial; a cobiça persistente ou esforços malsucedidos na tentativa de diminuir ou conter a utilização da substância prejudicial; muito tempo do dia é gasto em atividades relacionadas à obtenção, à utilização ou à recuperação dos efeitos colaterais causados pelo uso da substância; E-Book - Apostila 14 - 47 a fissura, um desejo intenso ou a simples necessidade de se utilizar a substância; o uso periódico da substância, resultando em uma diminuição no desempenho de atividades no cotidiano da casa, do trabalho ou da escola; o uso contínuo da substância, apesar dos problemas psicossociais, sociais e interpessoais persistentes e/ou recorrentes movidos ou agravados por seus efeitos; a abdicação ou diminuição das atividades sociais, profissionais ou recreativas importantes do paciente devido ao consumo das substâncias; o uso continuado da substância mesmo em ocasiões nas quais esse consumo represente riscos à integridade física; o consumo é nutrido apesar da consciência de se ter um problema físico ou psicológico constante e periódica que tende a ser causado ou acentuado por essa utilização; Abstinência manifestada por: características de síndrome de abstinência da substância usada e/ou uso da substância ou substâncias similares para evitar sintomas de abstinência; tolerância, definida como uma diminuição significativa da eficácia com o uso continuado da mesma quantidade da substância e/ou a necessidade de quantidades cada vez maiores da substância para atingir o mesmo grau de intoxicação. Desenvolver o conhecimento sobre o contexto das drogas mais importantes que estimulam a atividade mental, depressores e interrupções e as consequências de seu uso desse cenário, incluindo experimentação e dependência, conceitos-chave e aspectos culturais do consumo de álcool na sociedade atual. Princípios e modelos de terapia cognitivo-comportamental e treinamento de habilidades sociais também são introduzidos na indicação da dica. E-Book - Apostila 15 - 47 DICA Livro: Terapia cognitivo-comportamental para dependência química e adicções contemporâneas. (SANTOS, 2020, p. 9-19). Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicaca o/185654 A discussão sobre o assunto do uso de substâncias psicoativas e transtornos relacionados a elas é de suma importância na sociedade moderna, pois buscam a redução e um maior conhecimento sobre o assunto, mitos e a verdadeira realidade atualmente. As pessoas precisam refletir sobre a simples cervejinha de um final de semana, até as pessoas que vivem nas ruas, como as diferenças que são a frequência de uso e o nível de destruição que elas causam. https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/185654 E-Book - Apostila 16 - 47 SAIBA MAIS A dependência a uma ou mais substâncias pode acontecer logo no primeiro uso. Não existe uma regra ou causa única, pois há pessoas que já têm certa predisposição para a dependência química, enquanto outras podem estar sujeitas a ela após alguns usos. Segundo especialistas, existe uma somatória de fatores de risco que influenciam a vida do indivíduo, fazendo com que a probabilidade dele se tornar um dependente químico aumente. Esses aspectos são de ordem: biológica; psicológica; social. Saiba mais sobre essa temática ao assistir ao vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6hK9PM1uM8U Vamos conferir alguns casos abaixo. Clique nas sanfonas e leia as descrições. Caso 1 "AFS, sexo masculino, 29 anos, pardo, solteiro, natural e procedente de Recife- PE, em situação de rua. Segundo seu relato é o caçula de dois irmãos, sem vínculos familiares, referia ter conhecimento apenas do irmão mais velho, contudo sem qualquer contato; pai falecido na infância e desconhecia nome e paradeiro da mãe. Relatou vivência em ambiente hostil, sofrendo agressões de sua genitora, motivo pelo qual alega ter saído de casa e ido morar nas ruas, aos oito anos de idade. Correlaciona esse fato ao início do uso de inalante (cola), e refere ter feito uso de outras substâncias psicoativas na vida (maconha, álcool, crack, Rohypnol®, Artane® e tabaco), e segundo relato em prontuários, abstinente para estas. Relatou episódios de transgressões sociais e desvios de conduta, sendo resgatado diversas vezes pelas instituições de acolhimento. Apresentou histórico de internamentos psiquiátricos... https://www.youtube.com/watch?v=6hK9PM1uM8U E-Book - Apostila 17 - 47 ...apresentava quadro clínico comprometido, tremores, agitação psicomotora e irritabilidade, comprometimentos motor e mental importantes, refletidos em incoordenação motora (ataxia global), dificuldade de raciocínio, instabilidade emocional e déficit de compreensão (atraso cognitivo). Associava-se, ainda, grave comprometimento visual, poliparasitose intestinal,Sífilis e alterações renais. Nos grupos terapêuticos, mostrava-se bastante sonolento, déficit de atenção, dificuldades em seguir regras e rotinas, comportamento agitado e irritado" (LINS; PIMENTEL; UCHÔA, 2010, p. 19). Caso 2 "Oliver Vincent nunca se viu como um adito. Sempre “esteve no controle”. Aos 35 anos, estava bem de vida como proprietário de várias franquias de roupas, morava com o ex-companheiro em um apartamento mais do que confortável na cidade de Nova York, exercitava-se todos os dias, gozava da companhia de um grupo de amigos afetuosos e, embora fosse solteiro, não havia desistido da ideia de algum dia (de preferência logo) encontrar o homem perfeito para compartilhar a vida... ... o sr. Vincent assumiu sua homossexualidade perante a família católica de origem irlandesa quando tinha 19 anos. Seus pais já imaginavam que ele fosse gay muito antes que se revelassee encararam bem a “novidade”. A maior preocupação deles era que o filho sofresse discriminação devido à sua sexualidade, se machucasse e vivesse uma vida solitária. A realidade se tornou o oposto: o sr. Vincent era “assumido de carteirinha” e curtia a vida. Quando o sr. Vincent percebeu que tinha um problema com uso de substância, lidou com a situação do mesmo modo que havia lidado com praticamente tudo: de frente. Pela primeira vez na vida, ele decidiu consultar um psiquiatra. O sr. Vincent descreveu um padrão que orbitava em atividades; nas noites de sexta-feira e sábado – e eventualmente durante a semana – saía para jantar com amigos e depois ia a uma casa noturna ou a uma festa particular. Normalmente bebia dois ou três coquetéis e de quatro a cinco copos de vinho durante a noite. Sem álcool, percebia que facilmente conseguia dizer “não” ao uso de substâncias, mas “depois de ficar alto, se alguém tem coca – e sempre tem alguém por perto que tem coca – eu uso. Então meu coração dispara e faço de tudo para não ficar sozinho. Antes eu entrava na internet, mas agora é tudo no "Grindr” (aplicativo de namoro homossexual)... E-Book - Apostila 18 - 47 ... de modo geral, o sr. Vincent bebia álcool e usava cocaína de três a quatro vezes por semana e “eventualmente usava tina e sais de banho”. Ele mal conseguia ir a reuniões na segunda-feira de manhã, muito menos se preparar para elas, e estava tentando reduzir seu uso de cocaína há seis meses, sem sucesso. Desde que havia começado a usar cocaína regularmente, o sr. Vincent perdera peso e tinha problemas de sono. Ele preocupava- se que seu esforço na academia estava sendo desperdiçado. Seus negócios continuavam a ter sucesso, mas sua própria eficiência havia diminuído. O mais importante era que ele não praticava sexo seguro quando estava sob o efeito de estimulantes, de modo que se preocupava com a possibilidade de soroconversão de HIV" (BARNHILL, 2015, p. 257-258). Caso 3 "Shaun Yates, um estudante universitário, afro-americano, de 34 anos, se apresentou para avaliação de instabilidade crônica do humor. Seus sintomas persistiram e se agravaram nos 10 anos seguintes ao retorno de um período de 12 meses de serviço militar no Iraque... ... o sr. Yates negou apresentar sintomas psiquiátricos antes do alistamento. Durante a convocação, trabalhou em transportes e, embora não estivesse diretamente envolvido em combates, “perdeu muitos companheiros”. Essa era sua primeira avaliação psiquiátrica. Preferia “não falar sobre essas coisas”, mas cedeu à insistência da esposa. Durante a apresentação, o sr. Yates relatou que seu humor estava “para baixo”. Sentia-se “um sonâmbulo” durante a maior parte do tempo e não tinha prazer na companhia da esposa e dos dois filhos pequenos. Relatou inquietude, bem como um estado de alerta desnecessário sempre que ia a locais públicos. Evitava dirigir, especialmente sobre pontes, e preferia “ficar pelas redondezas”. Seu sono era interrompido regularmente por sonhos vívidos e perturbadores com “bombas e minas terrestres”... ... depois de vários anos de subemprego, uma situação parcialmente decorrente desses sintomas, sua esposa o convencera a voltar para a faculdade para ter mais flexibilidade de emprego no futuro. O sr. Yates relatou dificuldades de concentração desde seu retorno do serviço militar. A cocaína o ajudava inicialmente, mas sua capacidade de estudar reduziu com o aumento do uso de cocaína. Ele relatou sentir culpa sobre seu comportamento sexual quando usava a substância, mas negou sentimentos de desvalia ou desesperança. Tinha uma história remota de ideias suicidas passivas (“pensamentos fugazes”), mas negou ideação suicida ativa e tentativas de suicídio. Seu apetite era bom, e ele negou história de ataques de pânico, mania, psicose ou sintomas obsessivo-compulsivos. Negou história de hospitalização psiquiátrica ou de tratamento ambulatorial. Não havia história psiquiátrica na família, exceto pelo pai, com abuso de álcool. O sr. Yates começou a consumir álcool nos fins de semana quando tinha 14 anos... E-Book - Apostila 19 - 47 ... no início, tinha alta tolerância e precisava de quase meio litro de álcool para “ficar bêbado”. Ele relatou que seu consumo aumentou um pouco no exército – “talvez tenha fugido um pouco do controle” – e que sofria apagões regularmente. Depois de ser dispensado, normalmente bebia meio litro a cada dois ou três dias, mas às vezes bebia mais. Durante períodos de uso intenso, tinha eventuais tremores pela manhã que se resolviam com ingestão de álcool. Negou outros sintomas de abstinência, mas beber pela manhã o fazia lembrar do pai, que acabou morrendo de cirrose aos 56 anos, de forma que começou a limitar o consumo de álcool aos fins de semana. Desde o início de seu uso frequente de cocaína, ele começara a usar álcool para “baixar a bola” do barato da cocaína. Negou uma história de complicações legais ou prisões... ...Com início no ensino médio, o sr. Yates fumava Cannabis socialmente, mas nunca fumava mais do que duas vezes por mês. Durante o ano anterior à avaliação, ele descobriu que a maconha ajudava com a insônia, e começou a sentir fissura pela droga todas as noites. Sua esposa era contra, alegando que ele acabaria sendo pego pela polícia ou pelos filhos. Continuou a usá-la, apesar das discussões todas as noites, porque a Cannabis ajudava a evitar pesadelos. O sr. Yates identificou a cocaína como sua primeira opção geral de droga. Usou cocaína pela primeira vez alguns anos depois de ter deixado o exército. O método de consumo principal era “cheirar” a droga, embora tenha experimentado fumar crack. Negou ter usado drogas via intravenosa. No decorrer do ano anterior, seus custos com cocaína aumentaram para US$ 200 por semana, e começou a empenhar objetos de valor e a perder aulas e trabalho, especialmente quando ficava deprimido após o uso. Embora a esposa não soubesse sobre a cocaína ou sua influência no desempenho geral do marido, ele não avançava em direção ao diploma e havia perdido pelo menos três empregos devido a absenteísmo relacionado à cocaína. No ano anterior, o sr. Yates começou a usar fenciclidina (PCP) para baixar seus custos. Mergulhava cigarros de maconha em PCP antes de fumá-los... ...O sr. Yates consumia outras substâncias quando as conseguia facilmente, geralmente em festas. Entre elas estavam o ecstasy (estimativa de 10 usos na vida), os benzodiazepínicos (estimativa de 20 usos na vida) e os opioides prescritos (estimativa de cinco usos na vida). Também fumava de 3 a 5 cigarros por dia desde os 16 anos. Seus esforços para parar de fumar foram mal-sucedidos por causa da fissura persistente e de sintomas de abstinência" (BARNHILL, 2015, p. 266-267). Caso 4 E-Book - Apostila 20 - 47 "Vance Orren era um homem de 28 anos que foi preso depois de empurrar um estranho na frente do metrô. Disse à polícia que acreditava que o homem fosse “dizer a todo mundo que eu era bicha” e que estava tentando se proteger da “conspiração homossexual”. Ele tinha uma história de transtorno psicótico, transtorno por uso de cocaína e falta de adesão a medicamentos e psicoterapia no momento do incidente. Ele pleiteou inocência devido à doença mental “defesa por insanidade” e passou por uma avaliação psiquiátrica completa, incluindo uma verificação de história e desejos sexuais... ...Como parte do processo legal, o sr. Orren foi submetido a uma avaliação estruturada de agressor sexual. Relatou uma longa história de sexo com menores deidade. Seu primeiro contato sexual – com um tio e um primo de 18 anos – foi aos 12 anos. Quando tinha 14 ou 15 anos, fazia sexo regularmente com indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino com idades que variavam de “uns 10 anos até a faixa dos 30”. Não conseguia responder se o contato sexual sempre havia sido consentido e afirmou que “jamais alguém chamou a polícia”. Já adulto, disse que preferia fazer sexo com “meninas jovens, porque não brigam tanto”... ...Afirmou que normalmente só fazia sexo com adultos quando pagava por prostitutas ou se prostituía por dinheiro ou drogas, embora tenha dito que, às vezes, quando estava sob efeito de drogas, “posso ter feito coisas de que não me lembro”. A avaliação estruturada de agressor sexual incluiu pletismografia peniana, avaliação de tempo de reação visual usando Tempo de Visualização (Viewing Time – uma medida da quantidade de tempo que uma pessoa olha para uma foto ou outra representação visual específica de uma situação sexualmente estimulante), e uma entrevista detalhada sobre suas práticas sexuais; determinou-se que sua atração sexual principal era voltada para meninas dos 8 aos 13 anos de idade. A história pessoal do sr. Orren era relevante na forma de múltiplos distúrbios na infância que o levaram ao sistema de lares de acolhimento aos 7 anos de idade. Aos 9, sua primeira mãe adotiva o pegou várias vezes em flagrante roubando brinquedos e intimidando outras crianças. Quando o repreendeu, ele a agrediu com um tijolo e ela perdeu a consciência. O incidente levou à realocação em um segundo lar de acolhimento; ele começou a usar drogas e álcool aos 11 anos... ...Sua primeira prisão foi aos 13 anos, por furtar objetos em uma loja de eletrônicos para obter dinheiro e comprar maconha. Naquele momento, voltou a morar com a avó materna que, desde então, passou a lhe oferecer moradia ocasionalmente. Durante esses 15 anos, ele foi preso pelo menos uma dúzia de vezes, geralmente por posse de entorpecentes. O sr. Orren abandonou a escola na 9a série, mais ou menos na mesma época em que foi internado pela primeira vez em uma unidade psiquiátrica. Essa internação foi resultado do episódio em que bateu a cabeça contra uma parede “para calar as vozes”... E-Book - Apostila 21 - 47 ...Recebeu um diagnóstico de psicose sem outra especificação, foi tratado com risperidona e teve alta após uma semana. Logo após a alta, ele descontinuou a medicação antipsicótica. Dos 15 aos 28 anos, o sr. Orren abusou de cocaína e álcool regularmente, mas também usava qualquer droga a que tinha acesso. No momento em que foi preso, já contava com um mínimo de sete internações psiquiátricas, sempre devido a alucinações auditivas e delírios de perseguição (geralmente de natureza sexual). Não ficou claro quais substâncias ele estava usando antes e durante esses episódios de psicose e se elas poderiam ter contribuído para o desenvolvimento de seus sintomas psiquiátricos. Ele também havia sido internado duas vezes para desintoxicação de álcool, depois de sofrer abstinência por não conseguir adquirir álcool com facilidade. Sua falta de adesão a qualquer tipo de tratamento ambulatorial era sistemática. Seus únicos períodos de sobriedade ocorreram durante hospitalizações ou durante encarceramentos. Quanto contatada pelo psiquiatra da consulta, sua avó indicou que o sr. Orren sempre havia sido “imprudente, desonesto e raivoso. Acho que nunca o ouvi pedir desculpas. Adoro ele, mas provavelmente o lugar dele é na cadeia, por vários motivos” (BARNHILL, 2015, p. 337-338). Ainda clicando nas sanfonas, confira, abaixo, a construção e a resolução dos casos clínicos. Caso 1 "Mary R., de 27 anos de idade, é uma funcionária que procura o seu médico, o Dr. Lee, devido a uma perda de peso de 8 kg ocorrida nos últimos 2 meses. A Sra. R lamenta-se de que vem sendo atormentada por sentimentos quase constantes de tristeza e por uma sensação de desamparo e inadequação no trabalho. Sente-se tão mal que não consegue ter uma boa noite de sono há mais de um mês. Não sente mais prazer na vida e, recentemente, ficou assustada quando sua mente foi invadida por pensamentos suicidas. A Sra. R confessa ao Dr. Lee que ela já se sentiu assim há algum tempo, mas que isso passou... ...O Dr. Lee interroga a Sra. R sobre o seu padrão de sono, apetite, capacidade de concentração, nível de energia, humor, nível de interesse e sentimentos de culpa. Faz perguntas específicas sobre os pensamentos suicidas, em particular se ela arquitetou algum plano específico e se já alguma vez tentou suicídio. O Dr. Lee explica à Sra. R que ela tem transtorno depressivo maior, provavelmente causado por um desequilíbrio químico no cérebro, e prescreve o antidepressivo fluoxetina. Duas semanas depois, a Sra. R telefona para dizer que o medicamento não está surtindo efeito... E-Book - Apostila 22 - 47 ...O Dr. Lee a incentiva a continuar tomando o remédio e, depois de mais 2 semanas, a Sra. Mary começa a sentir-se melhor. Não se sente mais triste nem abatida; os sentimentos de desamparo e de inadequação que antes a atormentavam diminuíram. De fato, ao retornar ao médico 6 semanas depois, declara estar se sentindo muito melhor. Não sente mais a necessidade de tanto sono, e está sempre com muita energia. Agora, está convencida de que ela é a pessoa mais inteligente da companhia. Acrescenta orgulhosamente a seu médico que ela há pouco tempo comprou um novo carro esporte e fez muitas compras. O Dr. Lee explica à Sra. Mary que ela pode estar tendo um episódio maníaco e, após consultar um psiquiatra, prescreve lítio e diminui a dose de fluoxetina. A Sra. Mary hesita em tomar a nova medicação, argumentando que está se sentindo muito bem e que está preocupada com os efeitos colaterais do lítio" (GOLAN et al., 2009, p. 186-187). Caso 2 "Um estudante de ensino médio de 17 anos (Rafael F.) e encaminhado a uma clínica psiquiátrica para avaliação de suspeita de esquizofrenia. Após o estabelecimento do diagnóstico, o haloperidol e prescrito em uma dose gradualmente crescente, de modo ambulatorial. O fármaco diminui os sintomas positivos do paciente, porem acaba causando efeitos colaterais intoleráveis. Apesar de seu custo mais elevado, a risperidona e então prescrita; no decorrer de várias semanas de tratamento, a risperidona atenua os sintomas e tolerada pelo paciente. Quais os sinais e sintomas que sustentam um diagnóstico inicial de esquizofrenia? No tratamento da esquizofrenia, quais são os benefícios oferecidos pelos fármacos antipsicóticos atípicos em comparação com os agentes tradicionais, como o haloperidol? Além do tratamento da esquizofrenia, que outras indicações clínicas exigem a consideração de fármacos nominalmente classificados como antipsicóticos?" (KATZUNG; TREVOR, 2017, p. 490). Caso 3 "Felicia Allen, uma mulher de 32 anos, foi levada ao pronto-socorro pela polícia depois de aparentemente ter tentado roubar um ônibus. Como ela parecia ser uma “pessoa perturbada emocionalmente”, foi solicitada uma consulta psiquiátrica. De acordo com o relatório da polícia, a srta. Allen ameaçou o motorista com uma faca, assumiu o controle do ônibus de linha urbana quase vazio e causou uma colisão. Uma história mais completa foi obtida junto a uma amiga da srta. Allen, que estava no ônibus, mas não havia sido presa... E-Book - Apostila 23 - 47 ...De acordo com o relato, elas embarcaram no ônibus a caminho de um shopping center próximo. A srta. Allen ficou frustrada quando o motorista recusou o pagamento em notas. Ela remexeu em sua bolsa, mas em vez de procurar moedas, sacou uma facade cozinha que carregava para proteção. O motorista fugiu, então ela tomou o assento vazio e conduziu o ônibus para o lado oposto da rua e colidiu com um carro estacionado... ...Durante o exame, a aparência da srta. Allen era a de uma jovem corpulenta, algemada e com um curativo na testa. Ela estava irrequieta e se balançava para a frente e para trás na cadeira. Parecia estar resmungando consigo mesma. Ao ser perguntada sobre o que estava dizendo, a paciente fez contato visual momentâneo e apenas repetiu “Desculpe, desculpe”. Não respondeu a outras perguntas. Mais informações foram obtidas de um psiquiatra que havia ido ao pronto-socorro logo após o acidente. Ele afirmou que a srta. Allen e sua amiga eram residentes antigas do hospital psiquiátrico público onde ele trabalhava. Elas haviam recém começado a receber passes semanais como parte de um esforço para a recuperação social; essa fora a primeira viagem de ônibus da srta. Allen sem a companhia de um funcionário do hospital. De acordo com o psiquiatra, a srta. Allen havia recebido um diagnóstico de “esquizofrenia paranoide resistente a tratamento com início na infância”... ...Ela havia começado a ouvir vozes aos 5 anos de idade. Grande, forte, invasiva e psicótica, ela vinha sendo internada quase que constantemente desde os 11 anos. Suas alucinações auditivas geralmente consistiam em uma voz crítica comentando seu comportamento. Seu pensamento era concreto, mas quando relaxada, conseguia ser autorreflexiva. Era motivada a agradar os outros e afirmou várias vezes que seu maior objetivo era “ter meu próprio quarto na minha própria casa, com meus próprios amigos”... ...O psiquiatra disse que não tinha certeza sobre o que a motivara a sacar uma faca. Ultimamente, ela não tinha alucinações e sentia-se menos paranoide, mas ele se questionava se ela estaria mais psicótica do que havia deixado transparecer. Era possível que ela estivesse simplesmente impaciente e irritada. O psiquiatra também achava que ela praticamente não passara nenhum período de vida com desenvolvimento normal e, portanto, tinha muito pouca experiência com o mundo real... ...A srta. Allen estava sendo medicada com clozapina há um ano, com bons resultados para as alucinações auditivas. Ela ganhou 16 quilos nesse período, mas tinha menos dificuldade em levantar-se todas as manhãs, esperava conseguir um emprego e viver de forma mais independente e insistia em continuar o tratamento com clozapina. O trajeto de ônibus até o shopping center era para ser um passo nesse sentido" (BARNHILL, 2015, p. 21-22). Caso 4 E-Book - Apostila 24 - 47 "Trevor Lewis, um homem solteirde 32 anos que mora com os pais, foi levado a uma consulta psiquiátrica por sua mãe. Ela indicou que, desde a adolescência, ele tinha preocupação com germes, o que levou, há muito tempo, a rituais de lavar as mãos e de banhos. Durante os seis meses anteriores, seus sintomas se agravaram acentuadamente. Ele começou a se preocupar em se infectar com HIV e passava os dias limpando não apenas o corpo como também todas as roupas e lençóis. Começou a insistir que a família também lavasse as roupas e os lençóis regularmente, o que culminou com essa consulta... ...No passado, o sr. Lewis havia sido tratado com um inibidor seletivo da recaptação de serotonina e terapia cognitivo-comportamental para seus sintomas, o que surtiu um efeito positivo e permitiu que ele conseguisse se formar no ensino médio. Ainda assim, os sintomas impediram que ele se formasse na faculdade e que trabalhasse fora de casa; há muito tempo achava que sua casa era relativamente livre de germes em comparação com o mundo exterior. Contudo, ao longo dos últimos seis meses, passou a considerar, cada vez mais, que a casa também estava contaminada, inclusive com HIV... ...No momento da apresentação, o sr. Lewis não apresentava nenhum outro sintoma obsessivo-compulsivo ou de transtornos relacionados, como obsessões sexuais, religiosas ou de outra natureza; ou preocupações com a aparência ou com aquisições; ou comportamentos repetitivos com enfoque corporal. No entanto, no passado, havia vivenciado obsessões relativas a danos para si e para terceiros, juntamente com compulsões de verificação (p. ex., verificar se o fogão estava desligado). Tinha uma história de tiques motores relativa à infância. Durante o ensino médio, descobriu que a maconha reduzia sua ansiedade. Devido a seu isolamento social, negou ter acesso à maconha ou a outro tipo de substância psicoativa nos últimos dez anos... ...Durante o exame de estado mental, a aparência do sr. Lewis era desgrenhada e descuidada. Ele estava totalmente convencido de que a casa estava contaminada com HIV e que seus banhos e limpezas eram necessários para evitar a infecção. Ao ser contestado com a informação de que o HIV se espalha apenas por meio de fluidos corporais, respondeu que o HIV pode ter entrado na casa por meio do suor ou da saliva de visitantes. De qualquer modo, segundo ele, o vírus poderia ter sobrevivido nas roupas ou lençóis e poderia entrar em seu corpo por meio da boca, olhos ou outros orifícios. Acrescentou que seus pais haviam tentado convencê-lo que se preocupava demais, mas ele não apenas não acreditava neles como também suas preocupações continuavam a retornar mesmo quando tentava pensar em outra coisa. Não havia evidências de alucinações ou de transtorno do pensamento formal. Negou intenção de ferir ou de matar a si mesmo ou a outros e sua cognição estava preservada" (BARNHILL, 2015, p. 130-131). Psicofarmacologia e ética no contexto da atuação profissional do psicólogo E-Book - Apostila 25 - 47 O QUE É ÉTICA? A ética é tradicionalmente um ramo da filosofia que lida e julga com problemas morais. A definição da ética é a avaliação das ações humanas; ao fazer isso, atribuímos julgamentos ao comportamento como “certo” ou “errado” e “bom” ou “ruim”, de acordo com alguma diretriz socialmente aceita. Descrever um ato como “ético” tem pouco significado, a menos que fundamentado em algum entendimento fundamental do que é bom. Os códigos de ética das organizações profissionais aspiram a criar a base para a prática da ética. No entanto os dilemas éticos são muitas vezes complexos e dependem do contexto situacional, e a “coisa certa a fazer” nem sempre é facilmente discernível. Nossas avaliações de situações podem ser distorcidas quando visto por meio de nossos próprios olhos e mentes. (Passe o mouse para visualizar o conteúdo) Preconceitos, proeminentes necessidades pessoais, racionalizações e treinamentos e experiências insuficientes estão entre os culpados mais comuns responsáveis pelas conclusões tendenciosas, decisões e ações lamentáveis (KOOCHER; KEITH-SPIEGEL, 2008). E-Book - Apostila 26 - 47 As ligações entre a Psicologia e a problemática da ética são bem anteriores à questão da ética profissional no campo de exercício das práticas psicológicas e passam, antes de tudo, pelo problema da conduta. Como ciência que se dedica, dentre outras coisas, ao estudo dos comportamentos, a Psicologia deve ocupar-se também desse tipo especial de comportamento que é a conduta, porque, do ponto de vista conceitual (apesar das semelhanças e confusões), o comportamento é diferente de conduta. Enquanto o comportamento como problema psicológico é considerado algo relativamente livre e individualmente motivado, a conduta encontra-se referida a valores e normas, colocando-se na condição de comportamento pautado porprincípios, no qual a moralidade e a normatividade sociais (as instâncias dos códigos) mostram sua força (PRADO-FILHO; TRISOTTO, 2006). A ética da Psicologia apresenta, ainda, grande proximidade e afinidade com uma ética biologista e médica do campo da saúde. Trata-se de uma ética de cuidado pelo outro, correlativa das “profissões de cuidado”, ligada ao modelo confessional do consultório médico (que é totalmente atravessado pelo problema do sigilo), posta em estreita relação com a problemática da norma: definição de faixas de normalidade, suas fronteiras e limites; poder discursivo-institucional de enunciar a normalidade dos sujeitos; e poder de reconduzir os sujeitos à faixa de normalidade, de reeducá-los. Sempre que nós ajudamos a aliviar o sofrimento emocional ou ensinar novas competências, cumprimos a dupla missão que nos atraiu para essa profissão de ajuda, ou seja, fazendo a diferença para os outros, enquanto lidamos com suas vidas e emoções. Respeitar os princípios éticos é uma característica integral de uma carreira de sucesso como psicólogo, assistente social, conselheiro ou outro profissional de saúde mental. Deve-se pensar positivamente sobre a ética, aspirando altos níveis de profissionalismo e padrão, que devem sempre orientar nossas ações. Portanto deve-se lembrar que a Psicologia, ao lado da Psicanálise e da Psiquiatria, compõe um conjunto de ciências socialmente reconhecidas e autorizadas a enunciar a normalidade dos sujeitos, bem como intervir sobre esses sujeitos a partir do conhecimento que se tem a respeito da sua posição em relação à norma (PRADO-FILHO; TRISOTTO, 2006). E-Book - Apostila 27 - 47 No entanto, apesar de se esforçar para ser responsável, competente e dedicado à integridade, incertezas podem surgir. Uma forma de demonstrar a importância de como responder a situações que ocorrem no dia a dia, na prática, é compartilhar vinhetas adaptadas de casos reais. Cada caso pode ter repercussões relativamente benignas ou malignas, dependendo em grande parte de como o terapeuta responde (psicólogo) (KOOCHER; KEITH-SPIEGEL, 2008). Nós respeitamos a nós mesmos e o que fazemos se permanecermos escrupulosamente autoconscientes e confiantes praticando dentro dos limites do nosso treinamento. Fazer isso nos permite não nos sentirmos envergonhados ou “menor que” quando a consulta externa é aconselhável. Princípios éticos são fundamentais a todos nós, idealmente nos conduzindo de acordo com os princípios fundamentais refletidos nos códigos de ética de todas as profissões que tratam da saúde mental dos pacientes (KOOCHER; KEITH-SPIEGEL, 2008). Veja os seguintes príncipios éticos no infográfico abaixo. Clique abaixo nas caixas em azul e confira. Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo Aristóteles falava da vida ética como uma vida feliz, e isso faz sentido em nossa estrutura. A manutenção de altos padrões éticos podem ser o pré-requisito para uma satisfação na carreira pessoal. O velho ditado “a virtude é sua própria recompensa” sugere que ser um profissional competente, responsável, ser humano virtuoso eleva tanto o autorrespeito, como ganha o respeito dos outros. Alcançar os mais altos padrões e encoraja-te diante das incertezas da ética. A ética é fundamental em todas as áreas e disciplinas de atuação, é multidisciplinar, é essencial, do cozinheiro ao médico, todos necessitamos desempenhar nossos papéis na sociedade de forma a mantermos nossas virtudes, porém sem prejudicar as outras pessoas. Considerações finais Nesta unidade, você teve a oportunidade de: E-Book - Apostila 28 - 47 compreendera terapia de estimulação cerebral; entendera psicofarmacologia nos transtornos por uso de substâncias; estudara construção e a resolução dos casos clínicos; aprender sobre a psicofarmacologia e ética no contexto da atuação profissional do psicólogo. Distúrbios encefálicos podem ser muito difíceis de tratar, as terapias úteis são contraintuitivas e a destruição e a estimulação são estratégias alternativas com os mesmos objetivos terapêuticos, que são aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais. As terapias de estimulação cerebral são estratégias não farmacológicas de aumentar a capacidade cerebral para recuperação dos sentidos, cognição e movimentação. Há diversos ensaios clínicos que evidenciam os benefícios entre a associação da estimulação cerebral com outras terapias adjuvantes. As indicações atualmente aprovadas incluem: tremor essencial; distonia primária; doença de Parkinson; Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC); convulsões parciais; depressão maior (TDM); e dor crônica e síndrome de Tourette. O futuro dessas terapias é certamente uma das indicações em expansão nas quais a colaboração multidisciplinar e a atenção cuidadosa aos princípios éticos assegurarão ótimos resultados para o paciente individual com a evolução dessas ferramentas terapêuticas. Não há uma razão única que explique porque as pessoas começam a usar substâncias químicas ou quando e porque tal uso se torna um transtorno destrutivo para o indivíduo e para a sociedade. Para muitas pessoas, sobretudo adolescentes, verifica-se que o início do uso de substâncias está relacionado aos fatores como a curiosidade, convivência e pressão de pares ou companheiros que já utilizam substância, tentativa de ser aceito pelo grupo, sensação de fazer parte de uma subcultura, excitação por estar fazendo algo ilegal, secreto, expressão de hostilidade e independência em relação aos pais ou professores e tentativas de reduzir sensações desagradáveis. A evidência atual mostra que a maioria das drogas exerce seus efeitos de reforço inicial, ativando circuitos de recompensa no cérebro. Porém, com a continuidade do consumo, ocorrem prejuízos cerebrais, evoluindo para transtornos psiquiátricos. E-Book - Apostila 29 - 47 A ética é tradicionalmente um ramo da filosofia que lida e julga problemas morais; sua definição é a avaliação das ações humanas, atribuindo julgamentos ao comportamento como “certo” ou “errado” e “bom” ou “ruim”, de acordo com alguma diretriz socialmente aceitas. Descrever um ato como “ético” tem pouco significado, a menos que fundamentado em algum entendimento fundamental do que é bom. A ética da Psicologia apresenta grande proximidade e afinidade com uma ética biologista, médica, do campo da saúde. Trata-se de uma ética de cuidado pelo outro, correlativa das “profissões de cuidado”, ligada ao modelo confessional do consultório médico, posta em estreita relação com a problemática da norma: definição de faixas de normalidade, suas fronteiras e limites; poder discursivo-institucional de enunciar a normalidade dos sujeitos; e poder de reconduzir os sujeitos à faixa de normalidade e de reeducá-los. No entanto, os dilemas éticos são muitas vezes complexos e dependem do contexto situacional, e a “coisa certa a fazer” nem sempre é facilmente discernível. As avaliações dos psicólogos, podem ser distorcidas quando visto por meio dos próprios olhos. Preconceitos, proeminentes necessidades pessoais, racionalizações e treinamentos e experiências insuficientes estão entre os culpados mais comuns responsáveis pelas conclusões tendenciosas, decisões e ações lamentáveis. Agora que finalizamos este conteúdo, vamos testar seus conhecimentos com o quiz a seguir. QUIZ Distúrbios encefálicos podem ser muito difíceis de tratar, e as terapias E-Book - Apostila 30 - 47 úteis são contraintuitivas. Destruição e estimulação são estratégiasalternativas, com os mesmos objetivos terapêuticos. Sobre o assunto assinale a alternativa correta. Resposta Correta: Alternativa correta, pois a estimulação cerebral é utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais, dentre elas, as técnicas de eletroconvulsoterapia, estimulação magnética transcraniana e a estimulação cerebral profunda. As terapias de estimulação cerebral são utilizadas para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais, sendo elas a eletroconvulsoterapia, a estimulação magnética transcraniana e a estimulação cerebral profunda. a As terapias de estimulação cerebral são utilizadas para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente normais, sendo elas a craniotomia, a estimulação magnética transcraniana e a estimulação cerebral profunda. b E-Book - Apostila 31 - 47 Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta, pois a estimulação cerebral é utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais (e não normais). Dentre elas, temos as técnicas de eletroconvulsoterapia (e não craniotomia, que é uma cirurgia em que se retira uma parte do osso do crânio para operar partes do cérebro, sendo que, depois, essa parte é colocada novamente), que não é uma estimulação cerebral utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais. A lobotomia era usada em pacientes com certos tipos de doenças mentais, como forma de acalmá-los. Atualmente, nesses casos, a técnica cirúrgica foi substituída por medicamentos ou psicoterapia. A lobotomia pode ser usada, por exemplo, para extrair tumores, e não é uma estimulação cerebral utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais. A estimulação cerebral é utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais, não sendo utilizada em apenas últimos casos, mas, sim, muitas vezes, em paralelo aos tratamentos farmacólogicos As terapias de estimulação cerebral são frequentemente utilizadas para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente normais, sendo elas a craniotomia, a estimulação magnética transcraniana e a labotomia. c E-Book - Apostila 32 - 47 Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta, pois a estimulação cerebral é utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais (e não normais). Dentre elas, temos as técnicas de eletroconvulsoterapia (e não craniotomia, que é uma cirurgia em que se retira uma parte do osso do crânio para operar partes do cérebro, sendo que, depois, essa parte é colocada novamente), que não é uma estimulação cerebral utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais. A lobotomia era usada em pacientes com certos tipos de doenças mentais, como forma de acalmá-los. Atualmente, nesses casos, a técnica cirúrgica foi substituída por medicamentos ou psicoterapia. A lobotomia pode ser usada, por exemplo, para extrair tumores, e não é uma estimulação cerebral utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais. A estimulação cerebral é utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais, não sendo utilizada em apenas últimos casos, mas, sim, muitas vezes, em paralelo aos tratamentos farmacológicos As terapias de estimulação cerebral são utilizadas em últimos casos de tratamentos, quando o paciente já está em caso clínico próximo ao óbito, sendo elas a eletroconvulsoterapia, a estimulação magnética transcraniana e a estimulação cerebral profunda. d E-Book - Apostila 33 - 47 Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta, pois a estimulação cerebral é utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais (e não normais). Dentre elas, temos as técnicas de eletroconvulsoterapia (e não craniotomia, que é uma cirurgia em que se retira uma parte do osso do crânio para operar partes do cérebro, sendo que, depois, essa parte é colocada novamente), que não é uma estimulação cerebral utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais. A lobotomia era usada em pacientes com certos tipos de doenças mentais, como forma de acalmá-los. Atualmente, nesses casos, a técnica cirúrgica foi substituída por medicamentos ou psicoterapia. A lobotomia pode ser usada, por exemplo, para extrair tumores, e não é uma estimulação cerebral utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais. A estimulação cerebral é utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais, não sendo utilizada em apenas últimos casos, mas, sim, muitas vezes, em paralelo aos tratamentos farmacológicos As terapias de estimulação cerebral são utilizadas em últimos casos de tratamentos, quando o paciente já está em caso clínico próximo ao óbito, sendo elas: a craniotomia, a estimulação magnética transcraniana e a labotomia. e E-Book - Apostila 34 - 47 Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta, pois a estimulação cerebral é utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais (e não normais). Dentre elas, temos as técnicas de eletroconvulsoterapia (e não craniotomia, que é uma cirurgia em que se retira uma parte do osso do crânio para operar partes do cérebro, sendo que, depois, essa parte é colocada novamente), que não é uma estimulação cerebral utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais. A lobotomia era usada em pacientes com certos tipos de doenças mentais, como forma de acalmá-los. Atualmente, nesses casos, a técnica cirúrgica foi substituída por medicamentos ou psicoterapia. A lobotomia pode ser usada, por exemplo, para extrair tumores, e não é uma estimulação cerebral utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais. A estimulação cerebral é utilizada para aliviar os pacientes de seus movimentos gravemente anormais, não sendo utilizada em apenas últimos casos, mas, sim, muitas vezes, em paralelo aos tratamentos farmacológicos O “transtorno por uso de substâncias” substitui o termo “dependência química”. Nesse transtorno, tem-se o uso contínuo e recorrente de uma substância, mantido apesar de E-Book - Apostila 35 - 47 problemas significativos que dele decorrem. Podemos afirmar que, nele, o indivíduo apresenta: I. Dificuldade importante, porém sem falta de controle sobre tal uso. II. Prejuízos psicossociais e sociais evidentes. III. Riscos apenas psicológicos. IV. Fenômenos farmacológicos como tolerância e abstinência. É correto o que se afirma em: Resposta Incorreta: Alternativa incorreta, pois: a alternativa I está incorreta, uma vez que os indivíduos não apresentam controle sobre tal uso. Apesar dessa perda ser consciente e o doente saber que isso não é beneficial para ele, sua rotina diária passa a ser em prol de conseguir a "substância" para o seu uso. A alternativa III está incorreta, pois os indivíduos apresentam riscos físicos, e não apenas psicológicos. Muitas vezes, eles podem ser mortos por outros dependentes químicos ou, até mesmo, por traficantes. Dependendo das substâncias, elas degradam todo o sistema nervoso, influenciando na locomoção e no raciocínio do doente. I, II e III.a II, III e IV.b E-Book - Apostila 36 - 47 Resposta Incorreta: Alternativa incorreta, pois: a alternativa I está incorreta, uma vez que os indivíduos não apresentam controle sobre tal uso. Apesar dessa perda ser consciente e o doente saber que isso não é beneficial para ele, sua rotina diária passa a ser em prol de conseguir a "substância" para o seu uso. A alternativa III está incorreta, pois os indivíduos apresentam riscos físicos, e não apenas psicológicos. Muitas vezes, eles podem ser mortos por outros dependentes químicos ou, até mesmo, por traficantes. Dependendo das substâncias, elas degradam todo o sistema nervoso, influenciando na locomoção e no raciocínio do doente. Resposta Incorreta: Alternativa incorreta, pois: a alternativa I está incorreta, uma vez que os indivíduos não apresentam controle sobre tal uso. Apesar dessa perda ser conscientee o doente saber que isso não é beneficial para ele, sua rotina diária passa a ser em prol de conseguir a "substância" para o seu uso. A alternativa III está incorreta, pois os indivíduos apresentam riscos físicos, e não apenas psicológicos. Muitas vezes, eles podem ser mortos por outros dependentes químicos ou, até mesmo, por traficantes. Dependendo das substâncias, elas degradam todo o sistema nervoso, influenciando na locomoção e no raciocínio do doente. I e II, apenas.c II e III, apenas.d E-Book - Apostila 37 - 47 Resposta Correta: Alternativa correta, pois: a alternativa II está correta, uma vez que os indivíduos apresentam prejuízos psicossociais e sociais evidentes com o uso de substâncias viciantes e perdendo os níveis psicossociais, sociais com a família, amigos e relacionamentos. A alternativa III está correta, pois podem apresentar fenômenos farmacológicos, como tolerância e abstinência, que acontece na maioria das vezes, agravando a doença, com problemas socioeconômicos, por exemplo, no qual não há medicamentos para o tratamento, apenas internação em clínicas específicas para auxiliar na reeducação do doente e reinseri-lo na sociedade. Resposta Incorreta: Alternativa incorreta, pois: a alternativa I está incorreta, uma vez que os indivíduos não apresentam controle sobre tal uso. Apesar dessa perda ser consciente e o doente saber que isso não é beneficial para ele, sua rotina diária passa a ser em prol de conseguir a "substância" para o seu uso. A alternativa III está incorreta, pois os indivíduos apresentam riscos físicos, e não apenas psicológicos. Muitas vezes, eles podem ser mortos por outros dependentes químicos ou, até mesmo, por traficantes. Dependendo das substâncias, elas degradam todo o sistema nervoso, influenciando na locomoção e no raciocínio do doente. III e IV, apenas.e E-Book - Apostila 38 - 47 A ética é tradicionalmente um ramo da filosofia milenar, que lida e julga os problemas morais. Como se caracteriza a ética do profissional psicólogo na área da psicofarmacologia? Assinale a alternativa correta. Resposta Incorreta: Alternativa incorreta, porque se trata do cuidado pelo outro, a todo momento (não apenas no momento da consulta), independentemente da opinião própria do psicólogo, que tem uma estreita relação com a problemática da norma: definição de faixas de normalidade (e não anormalidade), suas fronteiras e limites; poder discursivo-institucional de enunciar a normalidade (e não anormalidade) dos sujeitos; poder de reconduzir os sujeitos à faixa de normalidade (e não anormalidade) e de reeducá-los de acordo com cada caso, e não da maneira que ele bem entender. Trata-se do cuidado pelo outro, mas não sobrevalecendo a opinião do psicólogo, que tem uma estreita relação com a problemática: definição de faixas de normalidade, suas fronteiras e limites; poder discursivo-institucional de enunciar a normalidade dos sujeitos; poder de reconduzi-los à faixa de normalidade; e reeducá-los da maneira que ele bem entender. a Trata-se do cuidado pelo outro, mas apenas no E-Book - Apostila 39 - 47 Resposta Incorreta: Alternativa incorreta, porque se trata do cuidado pelo outro, a todo momento (não apenas no momento da consulta), independentemente da opinião própria do psicólogo, que tem uma estreita relação com a problemática da norma: definição de faixas de normalidade (e não anormalidade), suas fronteiras e limites; poder discursivo-institucional de enunciar a normalidade (e não anormalidade) dos sujeitos; poder de reconduzir os sujeitos à faixa de normalidade (e não anormalidade) e de reeducá-los de acordo com cada caso, e não da maneira que ele bem entender. momento da consulta com o psicólogo, que tem uma estreita relação com a problemática da norma, para: definição de faixas de normalidade, suas fronteiras e limites; poder discursivo-institucional de enunciar a normalidade dos sujeitos; e não os reconduzir à faixa de normalidade e reeducá-los. b Trata-se do cuidado pelo outro por meio do profissional da psicologia, que tem uma estreita relação com a problemática da norma: definição de faixas de normalidade, suas fronteiras e limites; poder discursivo-institucional de enunciar a normalidade dos sujeitos; poder de reconduzir os sujeitos à faixa de normalidade e de reeducá-los. c E-Book - Apostila 40 - 47 Resposta Correta: A alternativa está correta, pois a ética do profissional psicólogo é baseada no cuidado com o outro, uma relação de confiança e de lealdade com a verdade, sempre com sigilo, visando: definir faixas de normalidade, suas fronteiras e limites; poder discursivo-institucional de enunciar a normalidade dos sujeitos; poder de reconduzir os sujeitos à faixa de normalidade e de reeducá-los, buscando o melhor aconselhamento em cada caso. Resposta Incorreta: Alternativa incorreta, porque se trata do cuidado pelo outro, a todo momento (não apenas no momento da consulta), independentemente da opinião própria do psicólogo, que tem uma estreita relação com a problemática da norma: definição de faixas de normalidade (e não anormalidade), suas fronteiras e limites; poder discursivo-institucional de enunciar a normalidade (e não anormalidade) dos sujeitos; poder de reconduzir os sujeitos à faixa de normalidade (e não anormalidade) e de reeducá-los de acordo com cada caso, e não da maneira que ele bem entender. Trata-se do cuidado pelo outro por meio do profissional da psicologia, que tem uma estreita relação com a problemática da norma: definição de faixas de anormalidade, suas fronteiras e limites; poder discursivo-institucional de enunciar a anormalidade dos sujeitos; poder de reconduzir os sujeitos à faixa de anormalidade e de reeducá-los. d Trata-se do cuidado pelo outro, mas não E-Book - Apostila 41 - 47 Resposta Incorreta: Alternativa incorreta, porque se trata do cuidado pelo outro, a todo momento (não apenas no momento da consulta), independentemente da opinião própria do psicólogo, que tem uma estreita relação com a problemática da norma: definição de faixas de normalidade (e não anormalidade), suas fronteiras e limites; poder discursivo-institucional de enunciar a normalidade (e não anormalidade) dos sujeitos; poder de reconduzir os sujeitos à faixa de normalidade (e não anormalidade) e de reeducá-los de acordo com cada caso, e não da maneira que ele bem entender. Conclusão da Disciplina Concluímos, com a disciplina de psicofarmacologia, que as substâncias que são capazes de alterar o funcionamento do sistema nervoso central (SNC) são chamadas de drogas psicotrópicas, atuando principalmente no cérebro, afetando os processos mentais, motores e emocionais, de maneira que modificam a atividade psíquica e o comportamento do indivíduo. A farmacinetica trata especificamente do percurso de um determinado fármaco no organismo que recebeu o medicamento em questão, desde a sua administração, absorção, distribuição e metabolismo até a sua excreção. É uma parte essencial para o estudo da farmacologia, já que ajuda na compreensão da atuação de tais fármacos no organismo. sobrevalecendo a opinião do psicólogo, que tem uma estreita relação com a problemática, sendo capaz de: definir faixas de anormalidade, suas fronteiras e limites; poder discursivo-institucional de enunciar a anormalidade dos sujeitos; e poder de reconduzi-los à faixa de anormalidade e reeducá-los. e E-Book - Apostila 42 - 47 Esse ramo da farmacologia é fundamental para saber a verdadeira efetividade clínica de um medicamento, já que é a partir dela que conhecemos os caminhos percorridos pelos fármacos no organismo, se ele conseguiu ultrapassar barreiras fisiológicas e sobre sua distribuição nos órgãos-alvo, que, no caso da psicofarmacologia, normalmente, é o cérebro. Um dos objetivos da farmacocinética é a individualização da dose no paciente, com o intuito de obter o maior benefício do tratamento farmacoterapêutico estabelecido
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