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Cristina Maranhão
PROCESSOS 
FOTOGRÁFICOS
E-book 1
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3
REFLEXÕES SOBRE A FOTOGRAFIA: 
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA IMAGEM �������4
HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA: A TÉCNICA 
QUE PRODUZ O REAL�������������������������������������������12
Momento e condições históricas �������������������������������������������14
Precursores da fotografia �������������������������������������������������������22
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������������� 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & 
CONSULTADAS �������������������������������������������������������36
2
INTRODUÇÃO
Neste módulo, iremos investigar os aspectos iniciais 
da fotografia. Propomos a você que comece por uma 
reflexão em relação ao universo da imagem. Como 
nos relacionamos com o mundo imagético? Essa 
pergunta pode parecer muito fácil, mas, conforme 
compreendemos a complexidade da construção das 
imagens e de como elas se relacionam com o mun-
do, fica cada vez mais interessante indagar como 
essa relação acontece. Assim, na primeira parte, 
analisaremos os conceitos filosóficos da imagem, 
e discutiremos a relação entre homem e imagem.
Na segunda parte serão apresentadas as condições 
históricas que permitiram o surgimento da fotogra-
fia. Nesse momento, a técnica fotográfica demanda 
muita pesquisa de diversas áreas. Surge na forma 
daguerreotipada, um processo lento e muito dife-
rente do instantâneo a que estamos acostumados. 
É a partir dessa forma rudimentar de fotografia que 
se inicia o desenvolvimento da técnica fotográfica – 
que revolucionou a representação e o universo das 
imagens do mundo�
3
REFLEXÕES SOBRE A 
FOTOGRAFIA: INTRODUÇÃO 
À FILOSOFIA DA IMAGEM
Neste tópico, vamos compreender como a imagem, 
de forma geral, está presente em nossas vidas. A 
partir de reflexões que envolvam o universo da ima-
gem, iremos descobrir como ela é importante para 
nossa relação e experiência com o mundo em que 
vivemos, e também estudaremos como a relação 
entre nós e o universo imagético é antigo e norteia 
nossa forma de estarmos no mundo�
Nos dias atuais, falar sobre a imagem pode pare-
cer algo banal, afinal de contas, estamos rodeados 
por elas; seja em formato de propagandas, filmes, 
revistas ou mesmo nas redes sociais. Além disso, 
nossos telefones trazem câmeras geralmente de boa 
qualidade, o que nos permite tirar milhares de foto-
grafias e produzir vídeos. Na sequência, já fazermos 
upload da nossa produção nas redes sociais – tudo 
isso como num passe de mágica�
Produzimos e observamos imagens em demasiado 
e, de certa forma, esse excesso de imagens experi-
mentado hoje em dia proporcionou um afastamento 
e a perda de compreensão do universo imagético. 
Portanto, é de extrema relevância nos reconectarmos 
à nossa capacidade de ler imagens, de decodificar 
os signos e simbologias presentes nelas; pois é a 
partir delas que nos relacionamos com o mundo em 
4
que vivemos e, dessa forma, construímos a nossa 
história. A própria história da humanidade pode ser 
contada a partir de imagens, suas relações e como 
afetam cada comunidade�
Antes de continuarmos, proponho um pequeno exer-
cício: acesse a “galeria” do seu telefone celular e 
verifique quantas imagens você já registrou. Observe 
quantas dessas fotos são efetivamente interessan-
tes, e quantas são imagens repetidas, ou seja, pro-
duzidas sem que tenhamos consciência do nosso 
ato de registrá-las. Acredito que você descobriu que 
muitas dessas imagens poderiam ser apagadas, pois, 
com um olhar mais cuidadoso, percebemos que al-
gumas não nos dizem nada, ou nem lembramos o 
que nos motivou a produzir o registro, e podemos 
até perceber que somente uma ou duas imagens do 
mesmo tema já seria suficiente.
Esse exercício é importante, pois com ele retomamos 
a consciência de “ver imagens”. Percebemos que, 
até agora, tiramos muitas fotografias que não nos 
dizem nada; não nos trazem nenhum sentimento ou 
mesmo não registram a emoção do momento. Esse 
é o primeiro passo para nos reconectarmos ao ato 
de ver imagens. O segundo estágio refere-se a ter 
conhecimento do universo que as imagens possuem, 
ou seja, começar a entender conceitos filosóficos 
da imagem e como a relação entre o homem e a 
imagem começou e, assim, chegar às tecnologias 
como registro fotográfico.
5
Podemos observar essa relação entre homem e 
imagem por dois prismas: o primeiro, e muito usado 
pelos filósofos da fotografia, é o Mito da Caverna, 
de Platão – este foi um dos principais filósofos da 
Grécia Antiga e usava a dialética para argumentar e 
pensar as questões do mundo.
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o filósofo Platão e suas rela-
ções com outros filósofos da Grécia Antiga, acesse: 
https://www.youtube.com/watch?v=tL36cKPQzsw�
Para encontrar o Mito da Caverna, leia Platão: A 
República – Livro VII.
No Mito da Caverna, Platão descreve uma situação 
hipotética, na qual alguns homens (prisioneiros) só 
conheciam o mundo por intermédio de sombras pro-
jetadas na parede da caverna que habitavam des-
de a infância� Nunca haviam visto o mundo fora da 
caverna, e toda a relação com as coisas, animais e 
objetos ocorria através da projeção de suas sombras. 
Em determinado momento, um desses prisioneiros 
saiu da caverna e o mundo externo foi revelado a 
ele, vindo a descobrir que as sombras – que, até en-
tão, eram as formas do seu mundo – eram somente 
simulacros das coisas, dos bichos, da natureza. Ou 
seja, as sombras não eram os objetos reais, mas 
uma simulação de sua imagem. Na sequência, esse 
prisioneiro teria de decidir se retornava à prisão das 
sombras ou se ficaria na liberdade na vida “real”.
6
Nesse mito, Platão apresenta algumas discussões, 
entre elas, a política e a liberdade. Porém, nós que es-
tudamos imagem usamos essa alegoria para pensar 
outras questões, tais como o mundo real, se existe 
a realidade ao construímos imagens (podendo ser 
pintura, fotografia, cinema), e como o homem se re-
laciona com as imagens construídas e seus avatares 
(simulações).
A segunda relação filosófica para começarmos a 
“ver imagens” são os conceitos de outro filósofo – 
porém este contemporâneo. Vilém Flusser foi um 
dos principais pensadores da fotografia e questionou 
a produção das imagens técnicas, como a fotogra-
fia, que produz imagens usando os raios luminosos, 
que, ao atravessar um conjunto de lentes, projeta 
uma imagem invertida dentro de uma caixa preta 
para registrar o mundo – produzindo imagens de 
um mundo construído a partir do olhar de um ex-
pectador. Ou seja, Flusser começa a questionar a 
fotografia e qualquer imagem que use um aparato 
tecnológico (podendo ser um pincel, uma fotografia, 
um holograma, por exemplo) não produz o real, mas 
constrói uma nova realidade�
FIQUE ATENTO
A ideia da caixa preta, apresentada pelo filosofo 
Vilém Flusser, remete à ideia trazida por Platão na 
Alegoria da Caverna, ou seja, as imagens criadas 
pelas sombras na parede da caverna e a imagem 
criada dentro da caixa preta (câmera) referem-se 
7
a imagens construídas e não à realidade vivida 
pelas pessoas. Ambos os autores nos ajudam a 
pensar como as imagens (fotografias, hologramas, 
pinturas) são uma maneira que a humanidade en-
controu para criar e resolver sua relação com o 
mundo que a cerca.
Outra ideia que o autor apresenta é a capacidade que 
o homem tem de imaginação, ou seja, nós criamos 
relações com as imagens e essas se transformam 
em realidade e podem influenciar e pautar as nossas 
escolhas e ações. Essa relação é subjetiva, não é 
racional e, muitas vezes, imbuímos às imagens po-
deres mágicos� E, devido essa capacidade subjetiva 
própria das imagens, nós (a humanidade) utilizamos 
as construções imagéticas para nos relacionar, repre-
sentar e explicar os acontecimentos que nos cercam.
Para facilitar a compreensão dessa relação mágica 
existente nas imagens, vamos pensar em duas situ-
ações. A primeira situação apresentada refere-se às 
pinturas rupestres�
8Figura 1: P i n t u ra R u p e s t re Fo n t e : h t t p s : // w w w.
c a n t a b r i a . e s / d o c u m e n t s / 2 1 6 8 9 1 1 / 2 2 4 0 6 6 4 /
a l t a m i r a - 2 / 2 8 4 e c 3 a d - 5 e 8 0 - 4 2 8 8 - b 1 0 2 -
-2056d78c0c4d?t=1382535369574
Essa é a imagem de um bisão – um tipo de búfalo 
que os homens pré-históricos caçavam para se ali-
mentar� Essas pinturas rupestres nas paredes das 
cavernas eram, entre outras coisas, a forma de co-
municação daquele grupo social. Ao pintar, ou seja, 
construir uma representação da imagem do bisão, 
eles criavam uma relação com a caça real e com o 
momento em que eles iriam enfrentar o animal. De 
certa forma, a representação da caçada proporcio-
nava uma relação mágica entre o acontecimento 
real e o imaginado e, assim, os homens conseguiam 
capturar seu alimento, mesmo que as condições 
fossem adversas. A imagem tornava-se ação, ato 
concreto do imaginar: imagem + ação�
Logo, a imagem ganhava aspectos subjetivos, mági-
cos, que proporcionavam força, coragem e a certeza 
da vitória. A imagem tornou-se, dessa forma, uma 
9
simulação da ação real para eles. Para nós, essas 
pinturas são registros, indícios simbólicos da vida 
há cerca de 2,5 milhões anos�
Já a outra forma de pensar as relações propostas 
até aqui, da imagem/imaginação e sua potência 
representativa, é só lembrarmos que a história da 
humanidade foi toda construída por imagens. Cada 
período possui sua relação estética; podemos visu-
alizar como cada civilização viveu, quais foram suas 
relações com seus deuses, como moravam, e assim 
por diante. A partir de registros imagéticos, vivencia-
mos cada momento histórico, cada história particular, 
e não podemos viver sem nos relacionarmos com 
elas – ou mesmo produzir imagens.
Agora, vamos pensar em como a fotografia relacio-
na-se com o mundo imagético. Já estudamos que 
as imagens (de forma generalizada) fazem parte 
da nossa existência e são responsáveis pela forma 
como nos relacionamos com as coisas no mundo� 
Assim, o universo fotográfico também é responsável 
por construir essa relação do imaginário individual e 
coletivo. Especialmente por ser uma técnica que já 
está em uso por cerca de 180 anos e, hoje em dia, 
é cada vez mais presente em nossas vidas. Nossas 
relações, desejos, interesses estão armazenados 
em imagens nas redes sociais e em nuvens virtuais�
É importante ressaltar que, se as imagens são si-
mulacros do real, as fotografias também são; e po-
demos então afirmar que vivemos, neste momento, 
uma era de imagens não reais, simulacros digitais. 
10
Precisamos estar conscientes desse poder que as 
imagens têm de construir nosso imaginário para, 
assim, tornarmos novamente consciente o ato de 
construir imagens, seja uma fotografia, seja uma 
pintura. Essa retomada de consciência proporcionará 
maior qualidade na forma de vivenciar e experimentar 
as imagens no mundo�
SAIBA MAIS
A discussão das imagens como simulacro do real 
aparece em Matrix, estrelado por Keanu Reeves 
(dirigido por Lana e Lilly Wachowski), de 1999. No 
filme, as personagens descobrem que vivem uma 
realidade construída e programada, a Matrix, uma 
simulação do mundo real, onde só é possível se 
relacionar com aquela realidade moldada. Assim, 
podemos refletir sobre como as imagens e a vir-
tualidade podem moldar nossas ações diárias e 
construir o nosso mundo visível.
11
HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA: 
A TÉCNICA QUE PRODUZ O 
REAL
Neste tópico, entraremos em contato com a história 
da fotografia. Já é sabido que a imagem possui uma 
relação íntima com a humanidade; pois, por meio 
delas, explicamos e nos relacionamos com a com-
plexidade do mundo. Assim, com esse conhecimento 
prévio, descobriremos como se deu o surgimento da 
fotografia e todos os acontecimentos que envolvem 
o seu aparecimento. Esses acontecimentos são va-
riados e envolvem diversas áreas – o universo das 
ciências sociais, com fatos importantes da histó-
ria mundial, e o empolgante universo da física e da 
química.
Em 1839, a fotografia foi apresentada para o mun-
do como uma técnica que reproduzia fielmente o 
real� Porém, para esse momento acontecer foram 
necessários anos de pesquisas de diversos perso-
nagens históricos e também a consolidação de um 
grupo que demonstrasse interesse por essa forma 
de representação.
Quando a técnica fotográfica surgiu, o estilo estéti-
co que predominava no universo das imagens era 
o Realismo. Essa estética, ou movimento artístico, 
buscava representar o “mundo real” como o artista 
enxergava. Os temas das pinturas deixaram de lado 
o sentimentalismo e a subjetividade do movimento 
12
romântico para focar a vida ordinária e o homem co-
mum. O camponês e as diferenças sociais passaram 
a ser retratados nas pinturas desse grupo. O mundo 
real era tema de artistas, escritores e escultores�
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o movimento artístico 
conhecido como Realismo, indico o capítulo 
Revolução Permanente, do livro A história da 
arte, de Ernst Gombrich (pp. 499-534). E também 
o site do MASP – Museu de Arte de São Paulo, em 
que há obras de artistas como Gustave Courbet. 
Acesse: www.masp.org.br. 
Assim, com o surgimento da fotografia, as pessoas 
já estavam acostumadas com temas que buscavam 
traduzir o mundo real, isto é, o conteúdo das futuras 
fotografias já era conhecido e esperado pelo público, 
uma vez que os realistas retratavam as pessoas co-
muns em suas pinturas. A fotografia apropriou-se das 
discussões e dos pilares estéticos do movimento e 
recebeu o status de ser a única técnica que poderia 
mostrar a realidade, mudando o rumo dos movimen-
tos artísticos e da pintura.
Isso aconteceu porque, no início da fotografia – e de 
certa forma até hoje –, acreditava-se que, por usar 
um aparato tecnológico, como a máquina fotográfica, 
não haveria intervenção (interpretação) do homem 
na confecção da imagem; sendo uma imagem pura-
mente técnica. A fotografia encontra uma sociedade 
13
que apostava nas novas tecnologias e nas máquinas 
para construir a representação visível do mundo.
Momento e condições históricas
Com o surgimento das câmeras fotográficas digi-
tais, o ato de tirar uma fotografia se tornou “quase” 
mecânico� Em muitos casos, nem percebemos e já 
registramos nossos momentos. Até chegar a essa 
tecnologia, foram necessários anos de pesquisas nos 
campos da física e da química para o aparecimento 
da técnica como a conhecemos hoje�
Podemos resumir a mecânica básica da fotografia 
da seguinte forma: uma caixa preta que tem em uma 
das superfícies um pequeno orifício. Este deve ser 
menor do que a ponta de uma agulha. Dentro dessa 
caixa preta, a luz atravessa o pequeno orifício e pro-
jeta na face oposta a imagem do ambiente externo.
Essa simples descrição da câmera escura – também 
conhecida como pinhole – é a base da fotografia. 
Posteriormente, com avanços tecnológicos, surgiram 
as lentes e as superfícies fotossensíveis que permiti-
ram maior qualidade nas imagens e em sua captura.
14
Figura 2: Câmera escura Fonte: https://upload.wikimedia.
org/wikipedia/commons/a/a2/Camera_obscura_1.jpg
FIQUE ATENTO
Apresentamos aqui a pinhole, como é chamada 
uma das técnicas fotográficas. Nos dias atuais, ela 
ainda é bastante utilizada por artistas e fotógrafos 
em suas investigações estéticas. Como descrito 
anteriormente, é o princípio básico e mais “cru” 
da fotografia, já que não precisa de um conjunto 
ótico (lentes), somente uma caixa e a luz. Para 
obter a imagem que se forma dentro da caixa é 
necessário colocar um material fotossensível, isto 
é, que reaja à luminosidade, imprimindo a imagem 
na sua superfície. O nome em inglês refere-se ao 
orifício, que deve ser muito pequeno, como um 
“buraco de agulha” para que a luz, ao passar, não 
produza distorções e possamos ter foco na super-
fície oposta. Essa caixa preta pode ser de qualquer 
material: uma lata, uma caixa de sapato, uma caixa 
de fósforos, ou mesmo o quarto de sua casa.
15
Observaremos agora como as evoluções da caixapreta, das lentes e dos materiais fotossensíveis, 
aconteceram e quais foram os períodos históricos 
em que cada uma dessas inovações tecnológicas 
ocorreu. É importante ficarmos atentos aos aconteci-
mentos sociais de cada época – às conjunturas que 
permitiram que as inovações surgissem e fossem 
assimiladas ao nosso dia a dia�
A câmera escura foi inventada no período do 
Renascimento Italiano (entre os séculos 15 e 16), 
por Leonardo da Vinci (1452-1519), que é consi-
derado uma das figuras mais importantes do Alto 
Renascimento, e responsável por quase todas as 
invenções da humanidade. Suas pesquisas abrangem 
diversas áreas do conhecimento (anatomia humana, 
engenharia civil, arquitetura, matemática, física, entre 
outras) e já foram bastante divulgadas em exposi-
ções pelo mundo inteiro, inclusive no Brasil�
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre Leonardo da Vinci, indica-
mos dois livros: a biografia do artista,
Leonardo da Vinci, de Walter Isaacson; e Da Vinci 
e Maquiavel, um sonho renascentista, de Roger 
Masters�
A invenção de Da Vinci passou a ser usada pelos 
pintores do período e dos séculos posteriores, pois 
permitia que o pintor entrasse na câmera escura e 
16
construísse seus esboços, decalcando a imagem 
criada dentro da caixa preta.
Figura 3: Câmera escura com pintor Fonte: https://
en.wikipedia.org/wiki/File:1646_Athanasius_Kircher_-_
Camera_obscura.jpg
Assim, estava criada a parte estrutural da fotografia, 
porém faltava ainda fixar a imagem projetada den-
tro da câmera escura. As descobertas referentes 
aos materiais sensíveis à ação luminosa só aconte-
ceram no século seguinte, quando se descobriu as 
propriedades da prata – que em forma de cristais, 
ao reagirem à luz, escurecem.
REFLITA
Durante o Renascimento, ascende na Itália a figura 
do mecenas, que patrocina os mestres artistas e 
proporciona uma mudança estrutural do poder 
social e econômico. A relação entre o clero, os reis 
e os comerciantes se modifica, aumentando o po-
der econômico da última categoria. Na Cidade de 
17
Florença, a influência dos bancos aumenta na or-
ganização social, e essa nova estrutura é refletida 
nas escolhas de representação da época. Além das 
encomendas com temas bíblicos – como os afres-
cos da Capela Sistina, no Vaticano; ou a Última 
Ceia –, são patrocinados diversos retratos dos 
nobres, ricos comerciantes, e banqueiros. Chamo a 
atenção para esses fatos, pois nesse período são 
germinadas mudanças que, nos séculos seguintes, 
contribuirão para o surgimento e consolidação de 
uma classe burguesa. E a confecção de retratos 
por encomenda também será importante para a 
aceitação da fotografia como técnica. É a partir da 
encomenda de retratos fotográficos, ou do desejo 
de adquirir um, que a fotografia irá encantar as 
pessoas três séculos após o Renascimento e a 
descoberta da câmera escura�
As pesquisas com os sais de prata e a sua proprie-
dade fotossensível contribuíram muito para o sur-
gimento da técnica fotográfica. Logo, um material 
que se modificava com a ação luminosa, misturado 
a emulsões, poderia ser exposto dentro da câmera 
escura. Dessa forma, o mundo real que passava pelo 
furo da caixa seria registrado sem a interferência do 
homem. A ideia de registrar o mundo real através da 
máquina começava a ser estruturada.
As relações econômicas e sociais mudaram mui-
to do Renascimento até a consolidação da ideia de 
registrar o mundo real como ele era visto. Essa não 
era uma necessidade do homem daquele período, 
18
nem mesmo das décadas seguintes� Mas foram as 
descobertas desses períodos, com as mudanças 
estruturais e sociais ocorridas no século 18, que con-
tribuíram para modificar e forjar no cidadão comum 
a necessidade de ver o mundo real – ou o que ele 
considerava ser a realidade�
No século 18, as duas principais revoluções ocorridas 
na Europa foram determinantes para o surgimen-
to da fotografia: a Revolução Francesa (1789) e a 
Revolução Industrial (1760), iniciada na Inglaterra. 
No primeiro caso, as mudanças dos rumos políticos, 
com o fim da monarquia absolutista e a implemen-
tação dos ideais iluministas, possibilitaram que o 
homem comum vislumbrasse o desejo de ser repre-
sentado. Agora não eram somente os nobres que 
estavam em destaque, o homem comum, o revolucio-
nário, passa a reivindicar um lugar no novo sistema 
social e político. Essa mudança de paradigma em 
relação à representação e ao estar no mundo será 
determinante no desejo de obter um retrato fotográ-
fico, após a consolidação da fotografia, quarenta 
anos mais tarde. O olhar do artista – que antes se 
relacionava com o Rei –, a partir da revolução, co-
meça a descobrir personagens e possibilidades na 
nova configuração social.
Já a Revolução Industrial, devido às características 
que estudaremos a seguir, foi fundamental para que 
as pesquisas relacionadas ao que seria conhecido 
como fotografia surgisse como técnica, além de 
forçar uma reestruturação social na sociedade in-
glesa. Enquanto as mudanças políticas e sociais na 
19
França permitiram que as pessoas modificassem 
a forma de olhar, as alterações inglesas firmaram 
novas posições dentro das classes sociais que se 
formavam. A estrutura social inglesa, já conhecida do 
poder monárquico e herança da estrutura medieval, 
modifica-se com a implementação das fábricas, e 
cria a necessidade de obter mão de obra para essa 
nova atividade. E, assim, surge nesse período uma 
classe operária, aumentando o poder da burguesia 
endinheirada. A implantação das fábricas e a produ-
ção de seus produtos industriais e manufaturados 
causa um esvaziamento no campo, favorecendo o 
êxodo e inflando as cidades. A estrutura social ingle-
sa, como a francesa, também se altera e firma novas 
divisões de classes com interesses próprios, poder 
aquisitivo, e anseios pelas novas tecnologias que a 
Era Industrial viria a fornecer.
Com as mudanças e a nova estruturação de clas-
ses estabelecida pelo rastro da revolução de 1789, 
e com a consolidação dessas pela industrialização, 
cria-se uma conjuntura favorável para o surgimento 
da fotografia, pois ela possui muitas características 
desse novo momento: é técnica, mecânica e mais 
democrática�
Sabemos que a câmera escura era conhecida e, por 
mais de dois séculos, já era usada pelos pintores 
para criar esboços de suas pinturas; e, no século 18, 
foi aperfeiçoada a qualidade da luz que entrava na 
caixa, com a adição de um conjunto ótico na extre-
midade do furo�
20
Figura 4: Câmera escura com pintor e lente Fonte: https://
pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Camera_Obscura_box18thCen-
tury.jpg
Se prestarmos atenção, percebemos que a mecânica 
básica da fotografia já estava toda construída, só 
faltava descobrir como fixar e obter a imagem que 
era projetada no fundo da caixa. Essas pesquisas re-
lacionadas à fixação da imagem começam a ganhar 
força nesse período. As características técnicas – 
que na época enalteciam toda forma de máquina e 
tudo o que era mecanizado – ganhavam notoriedade 
em detrimento do fazer manual. Não seria diferente 
com a possibilidade de reter a imagem do mundo 
sem a ação do pincel do artista/artesão. E a própria 
implementação industrial – os avanços tecnológicos 
da indústria têxtil e as pesquisas na área da química 
– possibilitou a descoberta de materiais que foram 
21
testados pelos precursores da fotografia. Além de 
essa indústria fornecer matéria-prima para os in-
ventores da fotografia, outra descoberta do período 
industrial que é crucial para a fotografia é o uso do 
piche, que só seria possível pela nova ordem indus-
trial estabelecida�
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre os períodos das revoluções, 
leia A era das revoluções 1798-1848, de Eric J� 
Hobsbawm.
Precursores da fotografia
Para que uma nova invenção seja conhecida do 
grande público é necessário um longo processo de 
pesquisa. E, posteriormente, um novo caminho bu-
rocrático, a fim de registrar e patentear a invenção, 
ou seja, as grandes descobertas da humanidade 
sãoresultado de muito investimento, tanto pessoal 
quanto dos governos das grandes nações mundiais. 
Esse processo não foi diferente com a fotografia. 
Vamos entender como o processo ocorreu e, tam-
bém, descobrir algumas personalidades, bem como 
suas contribuições para o surgimento da fotografia.
É preciso recordar que as relações sociais e econô-
micas no século 19, época em que fotografia surge, 
já estavam alteradas pelas mudanças oriundas da 
Revolução Francesa e da Revolução Industrial. Outro 
aspecto importante para a fotografia e sua patente 
22
são as invenções e usos de produtos de indústrias, 
como a locomotiva a vapor (1804) e o uso do betume 
(piche).
A “corrida” pela patente da fotografia envolveu es-
pecialmente dois países, a França e a Inglaterra. 
Ambas as nações entraram para a história da foto-
grafia como os principais países que tiveram pesqui-
sadores em busca da fixação da imagem, que era 
perseguida por vários inventores, pois muitas de suas 
atividades seriam facilitadas, caso a alcançassem� 
É o caso do francês Hercules Florence (1804-1879), 
que estava no Brasil no século 19, participando da 
Expedição Langsdorff (1824-1829). Esta catalogou 
aspectos da fauna, da flora e da cultura do interior 
do país. Florence participou dessa expedição como 
cartógrafo e produziu diversos desenhos durante as 
viagens� E, no esforço por melhorar o processo de 
impressão dessas imagens e do trabalho que escre-
veu sobre elas, conseguiu fixar uma imagem com o 
uso da câmera escura, em 1833�
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre Hercules Florence e suas 
pesquisas, acesse: http://brasilianafotografica.
bn.br. 
Contudo, os olhares do mundo e das novas invenções 
estavam voltados para a Europa. Assim, as descober-
tas de Florence ficaram esquecidas durante décadas, 
até que, no século 20, o historiador e pesquisador 
23
Boris Kossoy publicou um trabalho mostrando como 
o processo fotográfico foi descoberto no Brasil, seis 
anos antes da sua patente na França.
A patente da técnica fotográfica aconteceu na França, 
em agosto de 1839, apresentada para o mundo na 
Academia de Ciências, na forma de daguerreótipo. 
Sua apresentação causou verdadeira comoção por 
parte dos artistas, críticos de arte e jornalistas. Uns 
ficaram maravilhados com a nova invenção, outros 
decretaram o fim da pintura.
REFLITA
Apesar das mudanças sociais significativas e apa-
rentemente benéficas ocorridas no século 18, a 
substituição do trabalho artesão pelas máquinas 
não foi uma transição tranquila. A perda de algu-
mas funções/trabalhos ocasionou bastante revol-
ta e desconfiança. E com a fotografia não seria 
diferente: sua aparição forçou diversos pintores 
(retratistas) a mudar de técnica. Outros que não 
conseguiram se adaptar ao processo fotográfi-
co passaram a trabalhar no atelier de fotógrafos 
como retocadores, colorizando imagens, uma fun-
ção menor da que tinham antes do surgimento da 
fotografia.
A técnica patenteada na França chamava-se da-
guerreótipo, nome derivado de seu inventor, Louis 
Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Além de in-
ventor, Daguerre foi pintor e iluminador, com grande 
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conhecimento de física. Ele já havia inventado outros 
processos que usavam a refração da luz para obter 
imagens em movimento, porém, com o processo e a 
patente do daguerreótipo, ele passou a ser conhecido 
como o “pai da fotografia”.
Suas pesquisas em torno da fixação da imagem só 
foram possíveis porque contou com a parceria de ou-
tro inventor: Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833), 
que conseguiu fixar uma imagem em um suporte 
a partir da câmera escura, em 1826. A base dessa 
imagem era uma placa de estanho revestida de “be-
tume branco” (piche), banhado em uma emulsão com 
nitrato de prata; a fixação foi feita com uma solução 
que continha alfazema. Essa imagem – a vista de sua 
janela – demorou mais de oito horas de exposição e 
não possui boa nitidez. Logo, seu processo não foi 
patenteado�
Figura 5: A vista da janela em Les Gras (1826) Fonte: ht-
tps://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:View_from_the_Window_
at_Le_Gras,_Joseph_Nic%C3%A9phore_Ni%C3%A9pce,_un-
compressed_UMN_source.png
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Os avanços que Niépce fez em suas pesquisas au-
xiliaram tanto Daguerre que os dois se tornaram só-
cios, com contrato assinado. Uma imagem de boa 
qualidade só seria conseguida pela dupla de pesqui-
sadores após alguns ajustes. Primeiro diminuíram o 
tempo de exposição (cerca de vinte minutos), desco-
briram uma forma de transformar a prata em íons de 
prata e, por fim, alcançaram uma melhor qualidade 
de fixação, sendo a base do fixador o sal de cozinha. 
Assim, surgiu a primeira imagem no formato que 
chamamos hoje da primeira fotografia oficial:
Figura 6: O atelier do artista (1837) Fonte: https://
fr.wikipedia.org/wiki/Fichier:Daguerreotype_Daguerre_
Atelier_1837.jpg
A fotografia foi apresentada na Academia de 
Ciências, em Paris, porém, Niépce faleceu antes de 
ver sua invenção patenteada. E Daguerre recebeu 
toda a horaria, produzindo uma briga judicial entre 
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os descendentes de seu sócio que só terminaria com 
um acordo milionário�
O processo de produção de um daguerreótipo era 
bastante complicado� Eram necessários alguns mi-
nutos de exposição, o que produzia nas feições dos 
retratados uma aparência dura e estática. Na cadei-
ra nos ateliers fotográficos, existia um suporte que 
imobilizava a coluna e prendia a nuca do cliente. Isso 
garantia a imobilidade das pessoas, mas a cadeira 
lembrava um objeto de tortura. Os primeiros retra-
tos em daguerreótipos eram extremamente caros e, 
por isso, somente as pessoas abastadas – como os 
membros da aristocracia e a nova classe estabele-
cida, a burguesia – podiam pagar por um exemplar. 
Outra característica do daguerreótipo é que não se 
produzia cópias. Conforme a luz refletia no retrato, 
via-se a imagem positiva ou negativa, sendo uma 
imagem única. As imagens eram guardadas em 
pequenos estojos de couro ou metal, revestidos de 
tecido, como joias� Esse formato fomentou uma ca-
deia produtiva em torno da produção das imagens 
daguerreotipadas�
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Figura 7: Foto feita em daguerreotipo Fonte: https://com-
mons.wikimedia.org/wiki/File:Unidentified_woman_c1850_da-
guerreotype_by_Southworth_%26_Hawes.jpg
28
Figura 8: Câmara de daguerreotipo Fonte: https://
pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Susse_Fr%C3%A9re_
Daguerreotype_camera_1839.jpg
Com a ascensão da nova forma de retrato, sugiram 
diversos ateliers fotográficos pela cidade de Paris 
e pelo mundo. A fotografia no formato daguerreoti-
pado passa a ser objeto de desejo. Mas, para ficar 
acessível a todos, surgem novos processos que se 
assemelhavam ao de Daguerre. Um deles chamava-
-se ambrótipo. O princípio era o mesmo, mas com 
qualidade inferior, em relação à nitidez da imagem. 
Foi muito difundido nos EUA, durante a Guerra Civil 
Norte-Americana (1861-1865), e era usado pelas fa-
mílias dos soldados como recordação de seu parente 
que estava na guerra.
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Figura 9: Ambrótipo da Guerra Civil Americana Fonte: ht-
tps://commons.wikimedia.org/wiki/File:Unidentified_African_
American_soldier_in_Union_uniform_with_wife_and_two_dau-
ghters.png
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o ambrótipo e a guerra civil 
norte-americana, acesse: https://jubiloemancipa-
tioncentury.wordpress.com/2012/12/29/colored-
-african-american-soldier-and-family-in-civil-war-
-era-photo-identified� 
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Outra característica do ambrótipo era a colorização 
das imagens� Nos ateliers, os assistentes observa-
vam a cor da roupa, o tom dos cabelos e olhos para 
depois pintar sobre a imagem�
Figura 10: Ambrótipo de Princesas Leopoldina e Isabel 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Princess_
Isabel_and_Leopoldina_1855_frame_removed.jpg
Outro inventor desse período e corrida pela paten-
te do processo de fixação da imagem foi o inglês 
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William Henry Fox-Talbot (1800-1877). Mesmo que 
seu experimento não tenha sido considerado a “pri-
meira fotografia”, sua contribuição para o desenvol-
vimentoda técnica é imenso�
Seu processo inicial consistia em produzir imagens 
por contato� Emulsionava um papel e colocava uma 
folha, um galho ou um objeto na superfície, posterior-
mente expondo-o ao sol. O papel reagia à emulsão 
que depois era fixada também com uma solução de 
sal de cozinha.
Figura 11: Processo de Talbot (1860) Fonte: https://
sh.wikipedia.org/wiki/Datoteka:Talbot_Gravur.jpg
Já em um segundo momento, ele utilizou a câme-
ra escura para produzir uma imagem negativada. 
Posteriormente, por meio do processo de contato 
produziu uma cópia positiva. Seu invento foi patente-
ado, em 1841, na Academia Real Inglesa e chamado 
de calótipo�
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Figura 12: Negativo em calótipo da Abadia de Locock – 
Henry Talbot (1835) Fonte: https://de.wikipedia.org/wiki/
Datei:Talbot_Erkerfenster.jpg
Esses experimentos de Talbot já indicavam duas 
características da fotografia com as quais temos 
mais familiaridade: a ideia de um negativo, que pode 
gerar mais de uma cópia� E isso começa a mostrar 
que a fotografia possui potencial reprodutível, ou 
seja, uma técnica que está de acordo com o tempo 
33
em que foi criada – o tempo industrial e da produção 
de produtos seriados�
Muitos foram os inventores que buscaram fixar a 
imagem produzida através da lente e da câmera es-
cura. Cada uma das invenções posteriores ao da-
guerreótipo contribuiu para o aperfeiçoamento da 
técnica, diminuindo o tempo de exposição, melho-
rando o suporte e as emulsões. Esses inventos aqui 
mencionados possuem o que de mais primordial a 
fotografia representa: registrar o mundo visto e a 
possibilidade de produzir cópias. Não é por coinci-
dência que a técnica surgiu na onda da Revolução 
Industrial – ela é fruto da mecanização do mundo e 
da seriação dos produtos. 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final deste módulo, e apresentamos 
aqui as condições em que a fotografia foi descoberta. 
Ficou claro que, para a nova tecnologia aparecer no 
mundo, foram necessárias condições sociais que 
pudessem reconhecer a descoberta. E isso não foi 
diferente com a fotografia.
A câmera escura era utilizada antes da implementa-
ção das indústrias, mas somente naquele momento 
alguns materiais surgiram e a nova organização so-
cial pôde aceitar e compreender a técnica que trazia 
uma imagem perfeita do mundo�
A fotografia surge, então, como a técnica fruto das 
inovações tecnológicas e seriadas, em uma socie-
dade que busca adquirir produtos e aceita que a re-
presentação seja produto da máquina. A fotografia 
é filha da industrialização e é a técnica perfeita para 
a nova sociedade que se forma. E agora compreen-
demos porque ela se adapta tão bem neste nosso 
mundo veloz e digital – em seu “DNA” encontra-se 
a velocidade dos novos tempos�
35
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Limiares da imagem: tecnologia e estética na cultu-
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VASQUEZ, P. K. A fotografia no Império. São Paulo: 
Zahar, 2002. [Minha Biblioteca]
	Introdução
	Reflexões sobre a fotografia: introdução à filosofia da imagem
	História da fotografia: a técnica que produz o real
	Momento e condições históricas
	Precursores da fotografia
	Considerações finais
	Referências Bibliográficas & Consultadas

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