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Pedro Lucas Cariri Moura – 2º Período FMIT – Faculdade de Medicina de Itajubá, 2020/1. Semana 6 – 12/03/2020 Habilidades e Atitudes Médicas – HAM II Marcha, Coordenação Motora e Equilíbrio Marcha ou equilíbrio dinâmico Observando-se a maneira pela qual o paciente se locomove, é possível, em algumas afecções neuro- lógicas, suspeitar-se ou fazer-se o diagnóstico sin- drômico. A todo e qualquer distúrbio da marcha dá-se o nome de disbasia, a qual pode ser uni ou bilateral, e os tipos mais representativos são os seguintes: 1. Marcha helicópode, ceifante ou hemiplé- gica: ao andar, o paciente mantém o membro superior fletido em 90° no cotovelo e em adu- ção e a mão fechada em leve pronação. O membro inferior do mesmo lado é espástico, e o joelho não flexiona. Por essa razão, a perna tem de se arrastar pelo chão, descrevendo um semicírculo quando o paciente troca o passo. Este modo de caminhar lembra o movimento de uma foice em ação, daí o nome de marcha cei- fante. Ocorre nos pacientes que apresentam hemiplegia, cuja causa mais comum é acidente vascular cerebral. Figura 1. Representação da marcha ceifante, heli- cópode ou hemiplégica. 2. Marcha anserina ou de pato: para caminhar, o paciente acentua a lordose lombar e in- clina o tronco ora para a direita ora para a esquerda, lembrando o andar de um pato. É observada em doenças musculares e traduz uma diminuição da força dos músculos pélvi- cos e das coxas. Figura 2. Representação da marcha anserina ou de pato, comumente associado a mulheres grávidas. 3. Marcha parkinsoniana: o doente anda como um bloco, enrijecido, sem o movimento auto- mático dos braços. A cabeça permanece in- clinada para frente e os passos são miúdos e rápidos, dando a impressão de que o doente “corre atrás do seu centro de gravidade” e que irá sofrer uma queda para frente. Ocorre na síndrome parkinsoniana. Figura 3. Representação da marcha parkinso- niana, comumente associada a Doença de Parkinson (DP). 4. Marcha cerebelar ou marcha do ébrio: ao caminhar, o doente ziguezagueia como uma pessoa embriagada. Este tipo de marcha tra- duz incoordenação de movimentos em decor- rência de lesões do cerebelo. Figura 4. Representação da marcha cerebelar ou marcha do ébrio, comum em lesões cerebe- lares. 5. Marcha tabética: para se locomover, o paci- ente mantém o olhar fixo no chão; os membros inferiores são levantados abrupta e explosi- vamente e, ao serem recolocados no chão, os calcanhares tocam o solo de modo intenso. Com os olhos fechados, a marcha piora acen- tuadamente ou se torna impossível. Indica perda da sensibilidade proprioceptiva por lesão do cordão posterior da medula. Um exemplo é a tabes dorsalis (neurolues). Figura 5. Representação da marcha cerebelar, comum em lesão do cordão posterior da me- dula. 6. Marcha vestibular: o paciente com lesão ves- tibular (labirinto) apresenta látero pulsão quando anda; é como se fosse empurrado para o lado quando tenta se mover em linha reta. Se o paciente é solicitado a ir de frente e voltar de costas, com os olhos fechados, em um ambiente amplo, ele descreverá uma figura se- melhante a uma estrela, daí ser denominada também marcha em estrela. Figura 6. Representação da marcha vestibular, como em lesão vestibular (labirinto). 7. Marcha escarvante: quando o doente tem paralisia do movimento de flexão dorsal do pé, ao tentar caminhar toca com aponta do pé o solo e tropeça. Para evitar isso, levanta acentuadamente o membro inferior, lem- brando o “passo de ganso” dos soldados prus- sianos. Figura 7. Representação da marcha escarvante. 8. Marcha em tesoura ou espástica: os dois membros inferiores enrijecidos e espásticos per- manecem semifletidos, os pés se arrastam, e as pernas se cruzam uma na frente da outra quando o paciente tenta caminhar. O movi- mento das pernas lembra uma tesoura em ação. Este tipo de marcha é bastante frequente nas formas espásticas da paralisia cerebral. Figura 8. Representação da marcha em tesoura. 9. Marcha claudicante: ao caminhar, o paciente “manca” para um dos lados. Ocorre na insufi- ciência arterial periférica e em lesões do aparelho locomotor. Figura 9. Representação da marcha claudicante, comum na insuficiência arterial periférica ou em le- sões do aparelho locomotor. 10. Marcha do idoso: nos idosos a marcha pode apresentar-se alentecida, com passos curtos e diminuição dos movimentos associados de membros superiores. Alterações no equilíbrio, coordenação, sensibilidade e força muscular aumentam os riscos de queda, podendo levar a diversas complicações. Figura 10. Representação da marcha do idoso. Coordenação Coordenação adequada traduz o bom funciona- mento de pelo menos dois setores do sistema ner- voso: o cerebelo (centro coordenador) e a sensi- bilidade proprioceptiva. À sensibilidade propri- oceptiva cabe informar continuamente ao centro coordenador as modificações de posição dos vá- rios segmentos corporais. A perda de coordenação é denominada ataxia, a qual pode ser de três tipos: cerebelar, sensitiva e mista. • Prova indicador-nariz: Com o membro supe- rior estendido lateralmente, o paciente é soli- citado a tocar a ponta do nariz com o indi- cador. Repete-se a prova algumas vezes, pri- meiro com os olhos abertos, depois, olhos fe- chados. O paciente deve estar preferencial- mente de pé ou sentado. • Prova calcanhar-joelho: Na posição de de- cúbito dorsal, o paciente é solicitado a tocar o joelho com o calcanhar do membro a ser examinado. A prova deve ser realizada várias vezes, de início com os olhos abertos, depois, olhos fechados. Nos casos de discutível alte- ração, “sensibilizase” a prova mediante o des- lizamento do calcanhar pela crista tibial, após tocar o joelho. 1. Diz-se que há dismetria (distúrbio na medida do movimento) quando o paciente não con- segue alcançar com precisão o alvo, er- rando para mais ou para menos. • Prova dos movimentos alternados: Deter- mina-se ao paciente que realize movimentos rápidos e alternados, tais como abrir e fechar a mão, movimento de supinação e pronação, extensão e flexão dos pés. 2. Denomina-se diadococinesia estes movimentos. A capacidade de realizá-los é chamada eu- diadococinesia. Sua dificuldade é designada disdiadococinesia, e a incapacidade de rea- lizá-los recebe o nome de adiadococinesia. 3. O registro das alterações encontradas é feito anotando-se a sede e o grau de ataxia. A velocidade e a coordenação dos movimentos declinam com a idade avançada. Desse modo, atividades da vida diária (vestir-se, levantar-se de uma cadeira, por exemplo) podem requerer 30 a 40% mais tempo em idosos. Figura 11. Exame de coordenação motora. A e B Prova indicador-nariz. C e D. Prova calcanhar-joelho. Equilíbrio • Prova de Romberg - solicita-se ao paciente que continue na posição vertical, com os pés juntos, olhando para a frente. Nesta postura, deve permanecer alguns segundos. Em seguida, ordena-se a ele que feche as pálpebras du- rante alguns segundos. No indivíduo livre de qualquer acometimento, nada se observa, ou apenas ligeiras oscilações do corpo são notadas (prova de Romberg nega- tiva). Na vigência de determinadas alterações neuro- lógicas, ao cerrar as pálpebras, o paciente apre- senta oscilações do corpo, com desequilíbrio e forte tendência à queda (prova de Romberg po- sitiva). 1. Para qualquer lado e imediatamente após in- terromper a visão, indicando lesão das vias de sensibilidade proprioceptiva consciente; 2. Sempre para o mesmo lado após transcorrer pequeno período de latência, traduzindo le- são do aparelho vestibular. Em algumas ocasiões, sobretudo nas lesões cere- belares, o paciente não consegue permanecer de pé (astasia) ou o faz com dificuldade (dista- sia), alargando,então, sua base de sustentação pelo afastamento dos pés para compensar a falta de equilíbrio. Tais manifestações não se modificam quando se interrompe o controle visual (prova de Romberg negativa). Referências 1. PORTO, Celmo Celeno; PORTO, Arnaldo Lemos (Ed.). Exame clínico: Porto & Porto. 7. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, c2012. 2. PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 7.ed. Guanabara Koogan, 2013 Marcha, Coordenação Motora e Equilíbrio Marcha ou equilíbrio dinâmico Coordenação Equilíbrio Referências
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