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MOR
FOS
SIN
TÁ
TI
COS
ESTUDOS
MORFOSSINTÁTICOS
VERÔNICA DANIEL KOBS
E
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 M
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R
F
O
S
S
IN
T
Á
T
IC
O
S
V
E
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A
 D
A
N
IE
L
 K
O
B
S
Código Logístico
58561
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6481-6
9 788538 764816
Estudos 
Morfossintáticos
IESDE BRASIL S/A
2019
Verônica Daniel Kobs
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
K79e Kobs, Verônica Daniel
Estudos morfossintáticos / Verônica Daniel Kobs. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019. 
96 p.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6481-6
1. Língua portuguesa - Morfologia. 2. Língua portuguesa - 
Sintaxe. I. Título.
19-57059
CDD: 469.59
CDU: 811.134.3’366/.’367
© 2019 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor 
dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Woters/iStockphoto
Verônica Daniel Kobs
Pós-Doutorado na área de Intermidialidade pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). 
Doutora em Estudos Literários (UFPR). Mestre em Literatura Brasileira (UFPR). Licenciada em 
Letras Português-Latim (UFPR). Autora de materiais didáticos e instrucionais de Língua Portuguesa, 
na modalidade EAD. Professora de Língua Portuguesa, Metodologia de Ensino e Revisão de Texto 
em cursos de especialização. Revisora de texto e consultora de Língua Portuguesa e Linguagens 
em emissoras de televisão, no estado do Paraná. Editora e revisora de revista científica indexada 
de Literatura. Pesquisadora credenciada, atuante em grupos de pesquisa de literatura e intermídia. 
Autora de livros sobre língua portuguesa, linguagens e argumentação. Criadora do site Interartes: 
Blog de Artes & Mídias. Atualmente, é professora do curso de mestrado em Teoria Literária e do 
curso de graduação em Letras.
Sumário
Apresentação 7
1 Tipos e classificações dos morfemas 9
1.1 Palavra e morfema 9
1.2 Principais elementos mórficos 11
1.3 Morfemas nominais 13
1.4 Morfemas verbais 14
2 Morfologia nominal e verbal 19
2.1 Análise morfológica do substantivo 19
2.2 Análise morfológica do adjetivo 21
2.3 Análise morfológica do verbo 23
2.4 Neologismos 25
3 Principais processos de formação de palavras 29
3.1 Processos derivativos 29
3.2 Processos composicionais 31
3.3 Processos de base lexical 32
3.4 Processos de base estrutural 35
4 Da Morfologia à Sintaxe 39
4.1 Funções sintáticas substantivas 39
4.2 Funções sintáticas adjetivas 41
4.3 Mudanças estruturais nos casos de colocação pronominal 43
4.4 Funções sintáticas na colocação pronominal 47
5 Funções sintáticas no período simples 51
5.1 Tipos de sujeito 51
5.2 Tipos de predicado 54
5.3 Complementos do verbo 55
5.4 Complementos do nome 55
6 Funções sintáticas no período composto 59
6.1 Tipos de períodos compostos 59
6.2 Sintaxe do período composto por coordenação 60
6. 3 Sintaxe do período composto por subordinação 61
6.4 Sujeito e predicativo nas orações subordinadas substantivas 61
6.5 Objeto direto e objeto indireto nas orações subordinadas substantivas 62
6.6 Objeto indireto e complemento nominal nas orações subordinadas 
substantivas 63
7 Os verbos e os nomes nas regras de concordância 67
7.1 Sintaxe e registro formal 67
7.2 Substantivos e verbos 67
7.3 Verbos e adjetivos 70
7.4 Substantivos e adjetivos 71
7.5 Adjetivos e advérbios 73
8 Forma e função da preposição nos casos de regência 77
8.1 Preposição e sentido 77
8.2 Regência nominal 78
8.3 Regência verbal 79
8.4 Casos de regência e uso do acento grave 81
Gabarito 87
Apresentação
Sob o título de Estudos morfossintáticos, este livro trata de duas áreas fundamentais 
da Gramática: a Morfologia e a Sintaxe. Desse modo, os primeiros capítulos abrangem a 
estrutura, formação e classificação dos nomes e dos verbos, ao passo que os capítulos finais 
apresentam as funções sintáticas nos diferentes tipos de períodos e os casos essenciais de 
regência e concordância dos nomes e dos verbos. Esses conteúdos foram divididos em oito 
capítulos:
1. Tipos e classificações dos morfemas.
2. Morfologias nominal e verbal.
3. Principais processos de formação de palavras.
4. Da morfologia à sintaxe.
5. Funções sintáticas no período simples.
6. Funções sintáticas no período composto.
7. Os verbos e os nomes nas regras de concordância.
8. Forma e função da preposição nos casos de regência.
Cada um deles irá privilegiar tanto a teoria quanto a prática, oferecendo aos leitores: 
apresentação de conceitos gramaticais; análise de exemplos; discussões sobre estilo e registros, em 
uma perspectiva que associa a Gramática à Linguística; dicas de materiais extras, que permitem 
maior aprofundamento dos conteúdos; e exercícios variados, com respostas comentadas.
O primeiro capítulo estabelece a distinção entre palavra e morfema, ao mesmo tempo em 
que apresenta a divisão mórfica de alguns nomes e verbos. Esse assunto é aprofundado no capítulo 
dois, que exemplifica e diferencia as desinências nominais e verbais, além de conceituar radical, 
infixos e afixos. Completando a parte referente à Morfologia, o capítulo três fornece os principais 
casos de formação de palavras, com ênfase aos processos tradicionais de derivação e composição, 
mas sem deixar de mencionar outros tipos de procedimento, como empréstimo, braquissemia etc.
O capítulo quatro, de transição, demonstra a relação múltipla e complexa entre classes 
de palavras e funções sintáticas. A partir disso, nos capítulos cinco e seis, os diversos elementos 
sintáticos são exemplificados e analisados, em períodos simples e em períodos compostos, com o 
objetivo de estabelecer uma ordem progressiva e geral, a fim de facilitar a aplicação dos conceitos 
e das regras gramaticais, em contextos associados aos níveis básico, intermediário e avançado do 
ensino-aprendizagem de nossa língua.
Nos capítulos sete e oito, são comentadas as principais normas de concordância e regência, 
respectivamente. Focalizando os aspectos nominal e verbal dos dois conteúdos, as discussões 
incluem comentários e orientações sobre os registros formal e informal, as situações de uso e os 
perfis de diferentes públicos-alvo.
Esperamos que esta obra auxilie os leitores na retomada e no aprimoramento de questões 
de base da língua portuguesa. Idealizamos este livro não apenas para estimular o debate acerca dos 
aspectos gramatical e linguístico, mas também para facilitar o uso da língua como instrumento 
fundamental, na comunicação diária – oral ou escrita; formal ou informal. 
Boa leitura e bons estudos a todos!
1
Tipos e classificações dos morfemas
Neste capítulo, vamos começar a tratar da Morfologia, parte da gramática que nos ajuda a 
entender como são formadas as palavras de nossa língua. Geralmente, em um texto escrito, pensamos 
que as palavras são as unidades mínimas. Porém, há partículas muito menores, chamadas morfemas. 
São elas que originam as palavras usadas em todos os processos comunicativos. Conhecendo mais 
sobre os morfemas, saberemos mais sobre o sentido das palavras e sobre a evolução linguística 
do português. Atualmente, nossa língua tem passado por inúmeras transformações. Com certeza, 
analisando com mais atenção as palavras e os elementos que as formam, poderemos compreender 
e avaliar melhor essas mudanças.
A Morfologia estuda a formação das palavras, dividindo-as e analisando-as principalmente no 
aspecto estrutural. Entretanto, o sentido estabelecido por muitos morfemas também é fundamental 
nessa área da Gramática. A partir da desmontagem de algumas palavras, vamos conhecer os vários 
tipos de morfemas usados na constituição dos nomes e dos verbos.
1.1 Palavra e morfema
A palavra e o morfema são indissociáveis, pois são os morfemas que, 
isoladamente ou em conjunto, dão forma à palavra. Por essarazão, a maioria dos 
morfemas não tem sentido completo. Entretanto, há exceções, porque existem 
termos que equivalem a um elemento mórfico único. Exemplos: “sol” e “mar”. 
Nesse caso, então, os conceitos de palavra e de morfema são correspondentes. As 
diferenças ficam mais claras quando analisamos palavras compostas de dois morfemas ou mais. 
Vejamos alguns exemplos:
leal
radical
des
prefixo
dade
sufixo
deslealdade:
 
sapat
radical
inho
sufixo
sapatinho:
No primeiro exemplo, havia a palavra “deslealdade”. Porém, quando ela foi decomposta 
e dividida em morfemas, verificamos três partes fundamentais ou três morfemas: prefixo, 
radical e sufixo. No termo seguinte, “sapatinho”, também há apenas uma palavra, mas que 
foi dividida em dois morfemas principais: radical e sufixo. Além disso, observe que o sufixo 
“inho”, que indica diminutivo, termina com a vogal “o”, considerado pela gramática como 
desinência que caracteriza o gênero masculino e o número singular. Sendo assim, uma divisão 
mais detalhada é possível, resultando em três morfemas na mesma palavra:
sapat
radical
inh o
sufixo desinência de gênero
sapatinho:
Vídeo
Estudos Morfossintáticos10
Analisando com mais atenção nossa prática diária da língua portuguesa, considerando o que 
ouvimos, lemos, falamos e escrevemos, podemos perceber que há morfemas que nos auxiliam a 
compreender o sentido das palavras. Isso ficou claro nos exemplos anteriores, principalmente pelos 
usos do prefixo “des-” e do sufixo “-inho”. Tais elementos são bastante recorrentes e já sabemos 
que eles significam, respectivamente: falta ou ausência de (“deslealdade” = “falta de lealdade”) e 
tamanho pequeno (“sapatinho” = “sapato pequeno”). Quando isso ocorre, estamos tratando de 
morfemas lexicais.
No que diz respeito ao principal morfema, o radical, pode-se afirmar que ele assegura que as 
palavras da mesma família (e, portanto, com o mesmo radical) tenham o mesmo sentido essencial. 
Por isso, os radicais também são morfemas lexicais. Exemplos:
amor, amado, amante, amável,...
amora, amorinha, amoreira,...
Nas duas famílias de palavras dadas como exemplo, percebemos que o radical é o que se 
mantém. Na lista iniciada pelo termo “amor”, o radical é “am-”. Já na segunda lista, cujo primeiro 
termo é “amora”, conclui-se que o radical é “amor-”. A escolha de famílias de palavras tão semelhantes 
serve para destacarmos que o radical deve ser analisado com cuidado, por meio da comparação 
de várias palavras do mesmo grupo. Embora sejam parecidos e nos induzam ao erro, verificamos 
facilmente que os radicais são diferentes e essa característica garante que “amora” e “amor” tenham 
significados ou sentidos distintos, justamente porque o radical não é o mesmo.
Com base na estrutura dos termos que integram as duas famílias de palavras, chegamos a dois 
conceitos fundamentais na Gramática: palavras primitivas e palavras derivadas. As primitivas são o 
ponto zero, originando os demais termos da lista. Consequentemente, as derivadas desenvolvem- 
-se a partir da palavra primitiva. Exemplos:
amor
palavra primitiva
amado, amante, amável,...
palavras derivadas
amora
palavra primitiva
amorinha, amoreira,...
palavras derivadas
Também no que se refere à estrutura, observe que todas as palavras aqui analisadas têm 
apenas um radical. Isso significa que elas são simples. Contudo, tanto “amora” quanto “amor” 
podem se tornar palavras compostas. Basta que, para isso, acrescentemos mais uma palavra 
(e, portanto, mais um radical). Exemplos:
amor-do-campo: amor 
radical 1
do
preposição
campo
radical 2
amora-da-mata: amora 
radical 1
da
preposição
mata
radical 2
Tipos e classificações dos morfemas 11
Com o acréscimo de um novo radical, as palavras simples “amor” e “amora” tornaram-se 
compostas: “amor-do-campo” e “amora-da-mata”.
Aprofundando a diferença entre palavra e morfema, é preciso conhecer os conceitos de 
forma livre e forma presa. A primeira delas é uma palavra e, portanto, pode ser usada isoladamente 
no discurso, como demonstra este diálogo:
— Que tipo de presente você irá comprar?
— Chocolate.
As formas presas são os morfemas, pois não têm sentido completo. Elas precisam se associar 
a outros morfemas para completar a significação. Exemplos: “geo-” e “pneumo-”. Isolados, esses 
radicais de origem grega nos remetem, respectivamente, às ideias de “terra” e “pulmão”, mas 
ambos não podem ser usados sozinhos. Eles precisam integrar uma palavra (pois estão presos a 
outros morfemas), como ocorre em “geografia” e “pneumonia”. As formas presas são dependentes. 
Sendo assim, além do exemplo anterior, há um segundo tipo de forma dependente, composto por 
algumas palavras, geralmente usadas como elos em nossa língua, porque conectam um termo a 
outro. Vejamos dois exemplos:
Preciso de ajuda para consertar tudo.
Nesse período, há quatro palavras: “preciso”, “ajuda”, “consertar” e “tudo”, interligadas 
por dois termos dependentes, “de” e “para”. De acordo com a gramática tradicional, as formas 
dependentes não são palavras propriamente ditas, pois servem apenas de “instrumento” para 
encadear as ideias. Desse modo, os termos dependentes ou instrumentos não gozam do mesmo 
status da palavra que serve como forma livre: “Toda palavra é vocábulo, mas nem todo vocábulo é 
palavra” (MONTEIRO, 2002, p. 12). Há, portanto, vocábulos, tais como preposições, conjunções, 
entre outros, que não são palavras, são apenas instrumentos gramaticais, cujo significado – que é 
meramente gramatical – só é possível perceber na relação com outros vocábulos.
O uso de morfemas para formar palavras é chamado de “lexicalização” (ROCHA, 2003, p. 86). 
Entretanto, vale ressaltar que não há uma regra que se destaque na Morfologia. Embora existam palavras 
com formação semelhante a outras, sempre há exceções. Isso pode ser percebido na comparação a seguir:
revisar > revisor dirigir > diretor (e não dirigidor)
Os casos em análise são distintos, pois o primeiro segue o paradigma e mantém a identidade 
mórfica. Porém, no segundo exemplo, ocorre a “lexicalização estrutural” (ROCHA, 2003, p. 89), porque 
a formação do substantivo “diretor” altera significativamente o morfema-base, recusando o padrão.
1.2 Principais elementos mórficos
Quando analisamos a diferença entre palavra e morfema, apresentamos o 
conceito de radical com base em famílias de palavras. Agora, a fim de aprofundar 
esse conhecimento, veremos os radicais de outras palavras:
cortador – radical: “cort-”, considerando também “corte”, “cortadeira”,...
Vídeo
Estudos Morfossintáticos12
arranhão – radical: “arranh-”, considerando também “arranhador”, “arranhadura”,...
Desde o início deste capítulo, estamos usando o hífen na indicação dos morfemas. Isso ocorre 
para sinalizar como um elemento mórfico associa-se a outros. Nos exemplos anteriores, como em 
“arranh-ão”, o hífen vem depois do radical, para indicar que em seguida está outro morfema: o 
sufixo “-ão”. Analisando agora a colocação do hífen antes do sufixo, concluímos que isso ocorre 
porque antes desse morfema há outro, o radical.
Além do radical, que alguns gramáticos denominam “semantema” (TERRA, 2011, p. 50), 
existe a raiz, que depende da origem da palavra. Dessa forma, o radical está associado à Morfologia, 
enquanto a raiz relaciona-se à Etimologia. 
Na palavra “livro”, por exemplo, o radical é “livr-”, considerando também “livraria”, “livrinho”, 
etc., mas a raiz é “libr-”, pois, de acordo com o dicionário Novo Aurélio século XXI, a palavra “livro” 
originou-se do latim libru.
Muitas palavras de nossa língua são de origem latina, como também é o caso de “paz”, que 
se originou do latim pace, segundo o Novo Aurélio século XXI (HOLANDA, s/d). Portanto, esse 
é outro exemplo de lexicalização estrutural, como vimos anteriormente, afinal “paz” e “pazes” 
obedecem a um paradigma, enquanto “pacífico” e “pacificador” apresentam um radical distinto, 
que se identifica mais com a raiz “pac-”.
A distinção entre radical e raiz é importante para definiro que são derivados e cognatos. 
De acordo com Napoleão Mendes de Almeida, as palavras derivadas têm o mesmo radical, como 
“cândid-o” e “candid-a-mente” (ALMEIDA, 2009, p. 194). Já as palavras cognatas têm a mesma 
raiz: “cand-ura”, “când-ido” e “in-cand-escência” (ALMEIDA, 2009, p. 194).
Associados aos radicais, estão os afixos, que podem ser de dois tipos: prefixos e sufixos. 
Quando são usados, eles auxiliam a flexibilidade linguística, ampliando a palavra primitiva, porque 
criam inúmeros termos derivados dela. Anteriormente, já vimos um exemplo de prefixo e outro de 
sufixo. Porém, vejamos agora diferentes tipos de cada um deles:
ferimento oleoso fielmente antigamente
inalterado hipermercado contradizer superdivertido
Na primeira lista temos apenas sufixos, afixos que são colocados depois do radical. Em 
“ferimento”, o sufixo é responsável por transformar o verbo “ferir” em substantivo. Em “oleoso”, o 
sufixo “-oso” indica abundância e é usado para transformar o substantivo “óleo” em adjetivo. Por 
fim, temos o sufixo “-mente”, muito relacionado aos advérbios de modo. Contudo, há exceções: em 
“fielmente” temos, de fato, um advérbio de modo; mas, em “antigamente”, temos uma circunstância 
de tempo (Quando? Antigamente).
Na lista número dois, há exemplos de prefixos. Por isso, eles vêm sempre antes do radical. 
Nos exemplos dados, quase todos os prefixos são de origem latina, apenas “hiper-” tem origem 
grega. Como se vê, os prefixos são quase sempre morfemas lexicais, pelo fato de nos darem pistas 
importantes sobre o sentido da palavra: “in-” indica negação; “hiper-” e “super-” indicam tamanho 
grande; e “contra-” caracteriza oposição.
Tipos e classificações dos morfemas 13
O uso dos prefixos em nossa língua sofreu inúmeras alterações em razão do novo acordo 
ortográfico. As regras são muitas e a consulta é necessária para evitar erros. Veja, por exemplo, o 
caso de “superdivertido”, que agora se escreve junto e sem hífen.
1.3 Morfemas nominais
Os morfemas nominais servem especificamente para as classes de palavras 
que a gramática denomina “nomes” (adjetivos e substantivos). Com exceção do 
radical, as desinências são consideradas morfemas gramaticais, porque não 
estabelecem exatamente um sentido. Ao contrário, as desinências permitem que as 
palavras sejam flexionadas, variando em número – singular ou plural – e em gênero 
– masculino ou feminino.
Para aprofundar o exemplo já visto anteriormente (“sapatinho”), observe alguns termos 
distintos:
Adjetivos
interessado: interess-ad-o; radical + sufixo “-ado”, usado para transformar 
substantivos em adjetivos + desinência de gênero masculino, incluída no 
final do sufixo; a ausência do “-s” indica número singular. Dessa forma, 
nesse exemplo, há uma palavra e três morfemas.
interessadas: interess-ad-a-s; radical + sufixo “-ada”, usado para transformar 
substantivos em adjetivos + desinência de gênero feminino, incluída no final 
do sufixo + desinência de número plural. Sendo assim, trata-se de uma palavra 
e quatro morfemas.
Substantivos
moço: moç-o – radical + desinência de gênero masculino; a ausência do “-s” 
indica número singular. Portanto, temos uma palavra e dois morfemas.
moças: moç-a-s – radical + desinência de gênero feminino + desinência de 
número plural. Nesse caso, temos uma palavra e três morfemas.
Em nossa língua, há palavras que não possuem um termo específico para cada gênero. 
Alguns exemplos são: “caderno”, “leite” e “carta”. Nos dicionários, essas palavras são classificadas, 
respectivamente, nos seguintes gêneros: masculino, masculino e feminino. Entretanto, temos 
“caderno”, mas não “caderna”. Quando isso ocorre, ou seja, quando não existe flexão de gênero, a 
palavra não apresenta uma desinência de gênero. Sendo assim, as vogais destacadas nos exemplos 
dados aqui são denominadas “vogais temáticas nominais”. A fim de fixar a diferença entre desinência 
de gênero e vogal temática, vejamos a seguinte comparação:
cadeir a
vogal temática nominal
o “-a” é vogal temá-
tica nominal, pois 
não existe “cadeiro”.
Vídeo
Estudos Morfossintáticos14
estagiári o
desinência nominal de gênero
o “-o” é desinência nominal de gênero, 
pois existe a forma oposta: “estagiária”, 
que corresponde ao gênero feminino.
Muitos substantivos precisam utilizar vogais ou consoantes de ligação para permitir a 
conexão adequada entre os morfemas, facilitando, inclusive, a pronúncia. Exemplos:
eletricidade – radical + vogal de ligação “-i-” + sufixo “-dade”
paulada – radical + consoante de ligação “-l-” + sufixo “-ada”
chaleira – radical + consoante de ligação “-l-” + sufixo “-eira”
Para verificar como as letras de ligação influenciam positivamente a pronúncia das palavras, 
basta tentarmos pronunciar em voz alta os três termos de nossa lista, eliminando as letras de ligação. 
Dessa forma, teríamos: “eletricdade”, “pauada” e “chaeira”. A pronúncia não é impossível, mas com 
certeza é dificultada e alongada. O aparelho fonador (em especial os lábios, os dentes e a língua) 
tem muito mais trabalho quando não pode contar com a valiosa ajuda das vogais e consoantes de 
ligação. Quando elas aparecem, criam-se pontes que facilitam a dicção.
1.4 Morfemas verbais
Como qualquer palavra, o verbo precisa de um radical. Entretanto, a formação 
verbal tem um elemento específico: o tema, resultante da soma do radical com a vogal 
temática. Para compreender esses elementos mórficos, vejamos a estrutura a seguir:
tema = soma-
somar
som
radical
a
vogal temática
r
desinência de infinitivo
Observe que a vogal temática vem imediatamente antes da desinência de infinitivo. Além 
disso, é a vogal temática que determina a qual conjugação o verbo pertence (letra “a”: 1ª conjugação 
/ letras “e” ou “o”1: 2ª conjugação / letra “i”: 3ª conjugação). Outra conclusão importante é que o 
tema também pode ser obtido com a eliminação do “-r”. Estes exemplos podem esclarecer melhor 
tais constatações: 
1 O verbo “pôr” e seus derivados pertencem à 2ª conjugação verbal, por causa da origem latina. Historicamente, o 
verbo passou por quatro principais estágios: ponere, poner, poer e “pôr”.
Vídeo
Tipos e classificações dos morfemas 15
tema = possui-
possuir
possu
radical
i
vogal temática
r
desinência de infinitivo
3ª conjugação
tema = (re)po-
repor
pre
radicalprefixo
o
vogal temática
r
desinência de infinitivo
2ª conjugação
tema = corre-
correr
corr
radical
e
vogal temática
r
desinência de infinitivo
2ª conjugação
tema = para-
parar
par
radical
a
vogal temática
r
desinência de infinitivo
1ª conjugação
Assim como os nomes, os verbos também têm desinências. Há dois tipos de desinências 
verbais: número-pessoal (NP) e modo-temporal (MT)2. Dessa forma, cada uma dessas partes, 
como o nome já anuncia, indica, respectivamente: o número e a pessoa do verbo (1ª, 2ª ou 3ª 
pessoa do singular / 1ª, 2ª ou 3ª pessoa do plural); o modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e 
o tempo verbal. Veja alguns exemplos de como a Morfologia indica tais características dos verbos:
á
VT
am
R
sse
MT
mos
NP
amássemos
2 Junto com as abreviaturas NP e MT, serão usadas aqui: “VT” para “vogal temática” e “R” para “radical”.
Estudos Morfossintáticos16
A desinência “-sse-” sinaliza que o verbo está conjugado no tempo pretérito imperfeito do 
modo subjuntivo. Já a desinência “-mos” indica que o verbo está flexionado na 1ª pessoa do plural. 
Outros exemplos são:
e
VT
dev
R
ria
MT (futuro do pretérito do indicativo)
m
NP (3ª pessoa do plural)
deveriam
a
VT
est
R
va
MT (pretérito imperfeito do indicativo)
Ø
NP (1ª/3ª pessoa do singular)
estava
As formas nominais de verbos (infinitivo, particípio3 e gerúndio) apresentam especificidades. 
Nelas não existem desinências de modo e tempo, nem de número e pessoa. Isso fica claro nas divisões 
que se seguem:
a
VT
sonh
R
r
desinência de infinitivo
sonhar
e
VT
viv
R
ndo
desinência de gerúndio
vivendo
Considerações finais
A partir dos temas abordados neste capítulo,percebemos a importância de pensarmos 
sobre as partes que compõem as palavras que usamos, diariamente, em nossa língua. Existe uma 
coerência interna nos nomes e nos verbos, pois toda língua é um sistema organizado. Dessa forma, 
se aplicarmos a Morfologia mental e rapidamente, nos termos mais recorrentes de nossos textos, 
o resultado será imediato: nosso vocabulário será ampliado. Além disso, o domínio dos morfemas 
lexicais irá possibilitar não apenas um conhecimento maior da estrutura linguística, mas também 
do significado de muitas palavras, sem a necessidade de consultas frequentes a dicionários ou a 
outros materiais de apoio. Usamos a língua portuguesa no dia a dia, em qualquer situação. Portanto, 
se optarmos pelo uso mais consciente, com certeza nosso conhecimento e nossa aprendizagem 
serão aprimorados.
3 O particípio quase sempre equivale a um adjetivo. Para ver essa forma nominal de verbo dividida em morfemas, 
retome a análise dos adjetivos, na seção 1.3 deste capítulo.
Tipos e classificações dos morfemas 17
Ampliando seus conhecimentos
Para saber mais sobre os principais assuntos deste capítulo, algumas dicas podem ser de 
grande ajuda:
• ROCHA, L. C. Estruturas morfológicas do português. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
Nesse livro, o Capítulo 4, intitulado O surgimento de um novo vocábulo, põe em prática o 
conteúdo de Morfologia ao apresentar os diferentes modos de formação das palavras em 
nossa língua.
• ROCHA, R. Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias. Rio de Janeiro: Salamandra, 1999.
O conto Marcelo, marmelo, martelo geralmente é classificado como literatura infantil, 
mas é uma experiência de leitura muito interessante e divertida para qualquer idade. 
Discutindo a arbitrariedade dos signos e conteúdos da Morfologia, a escritora Ruth Rocha 
apresenta como protagonista da história uma criança curiosa e questionadora, que não 
entende por que o cachorro não se chama “latildo”; por que a língua canina não é o latim 
(afinal, todo cachorro late o tempo todo); por que “cadeira” não se chama “sentador”; e 
por que usamos a palavra “travesseiro”, em vez de “cabeceiro”.
• SLIDE SERVE. Verbo. Disponível em: https://www.slideserve.com/peyton/verbo. Acesso 
em: 21 jan. 2019.
O site https://www.slideserve.com/peyton/verbo oferece um material resumido sobre 
verbos, incluindo dois eslaides com as tabelas das desinências verbais (modo-temporais e 
número-pessoais). Os quadros são muito úteis na hora de tirarmos dúvidas sobre as divisões 
dos verbos e seus inúmeros morfemas. Na língua portuguesa, temos vários tempos, modos 
verbais e diversas pessoas conjugam os verbos. Portanto, para dar conta de um conteúdo tão 
extenso, as tabelas oferecidas pelo Slide Serve são indispensáveis.
Atividades
1. Em: “O sapateiro reformou a sapatilha e deu a uma menininha”, selecione apenas as palavras que 
têm afixos, identificando-os e explicando a função semântica que eles desempenham na palavra.
2. Nas orações a seguir, analise com atenção os nomes, marcando as desinências de gênero e 
número. Depois, reescreva cada item, invertendo todas as desinências nominais.
a) A dona da pensão estava aflita.
b) O amigo das minhas primas era rico.
Estudos Morfossintáticos18
Modelo:
A boneca era nova. (As desinências nominais marcadas indicam feminino singular)
Os bonecos eram novos. (Na inversão, as desinências passaram a indicar masculino e plural)
3. Separe os elementos dos verbos a seguir, identificando radical, vogal temática, tema, 
desinências modo-temporais e desinências número-pessoais. Em cada caso, defina a 
conjugação, o tempo, o modo, a pessoa e o número dos verbos flexionados:
a) Cantávamos
b) Partíssemos
Referências
ALMEIDA, N. M. de. Gramática metódica da língua portuguesa. São Paulo: Saraiva, 2009.
HOLANDA, A. B. Livro. In: HOLANDA, A. B. (org). Novo Aurélio século XXI. Nova Fronteira, [s. l.: s. n.] 1 
CD ROM.
HOLANDA, A. B. Paz. In: HOLANDA, A. B. (org). Novo Aurélio século XXI. Nova Fronteira, [s. l.: s. n.] 
1 CD ROM.
HOLANDA, A. B. Pedra. In: HOLANDA, A. B. (org). Novo Aurélio século XXI. Nova Fronteira, [s. l.: s. n.] 1 
CD ROM.
MONTEIRO, J. L. Morfologia portuguesa. São Paulo: Pontes, 2002.
ROCHA, L. C. Estruturas morfológicas do português. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
TERRA, E. Curso prático de gramática. São Paulo: Scipione, 2011.
2
Morfologia nominal e verbal
Pelo fato de a Morfologia constituir uma parte da gramática, é fundamental identificar 
e compreender as formas fixas e tradicionais que compõem cada grupo de palavras. Em nossa 
língua, há dois conjuntos: o dos nomes e o dos verbos. Para estudarmos detalhadamente essas 
estruturas e aprofundarmos o que vimos no capítulo anterior, vamos analisar outros exemplos 
de nomes, que compreendem duas classes de palavras: substantivos e adjetivos. Além disso, os 
elementos mórficos dos verbos serão reforçados e ampliados, nos diferentes tempos e modos 
verbais. Por fim, trabalharemos com alguns exemplos de neologismo, processo necessário para a 
renovação contínua do vocabulário da língua. Em essência, cada novo termo retoma os principais 
elementos mórficos da língua, aliando inovação e tradição.
2.1 Análise morfológica do substantivo
O substantivo é a principal classe de palavras de qualquer língua. Junto 
com os verbos, são os substantivos que garantem uma comunicação básica. 
Exemplo: “meninos correm”. A rigor, os substantivos podem designar objetos e 
seres (genéricos ou específicos). Isso nos auxilia na diferenciação entre substantivo 
comum e substantivo próprio, como se vê a seguir:
mesa: subst. comum (objeto) 
meninos: subst. comum (seres genéricos / todos os meninos) 
Lucas: subst. próprio (ser específico / um menino apenas: Lucas) 
Retomando os exemplo dados, observe que a letra inicial também serve para estabelecer 
a diferença entre os dois tipos de substantivos. Os comuns iniciam-se com letra minúscula e os 
próprios, com maiúscula. 
De acordo com Ernani Terra, há diversos tipos de sufixos nominais. Vejamos alguns deles, 
nestes exemplos citados pelo autor: “de valor aumentativo: [...] vozeirão” (TERRA, 2011, p. 59); 
“de valor diminutivo: [...] lugarejo” (TERRA, 2011, p. 59); “que formam substantivos a partir de 
adjetivos: [...] velhice [de velho]” (TERRA, 2011, p. 60); e “que formam substantivos a partir de 
verbos: [...] exportação [de exportar]” (TERRA, 2011, p. 60). Nessa breve lista, temos apenas 
substantivos comuns e palavras derivadas, pois surgiram a partir de outra (palavra primitiva), por 
meio do acréscimo de um sufixo. 
O prefixo desempenha a mesma função, na derivação. Alguns exemplos são: 
recalibragem [re + calibr + agem]
descuido [des + cuido]
Vídeo
Estudos Morfossintáticos20
No primeiro exemplo, o prefixo “re-” indica ação repetida, mas há também um sufixo 
(“-agem”). No segundo termo, o prefixo “des-” significa negação (descuido = falta de cuidado).
É importante verificarmos que, nos sufixos, aparecem as desinências nominais de gênero e 
de número. Isso ocorre em: 
confeiteiro lutadoras
Em “confeiteiro”, o sufixo “-eiro” indica ofício ou profissão. Acoplada a ele está a desinência 
nominal “-o”, que indica gênero masculino e número singular (pela ausência do “s”). No caso da 
palavra “lutadoras”, há algumas diferenças, porque o sufixo é outro (“-dor”), apesar de também 
indicar ofício ou profissão. Quanto às desinências nominais, nesse caso elas não modificam o sufixo 
“-dor”; apenas são acrescentadas a ele. Dessa forma, verificamos que a letra “-a-”, que encerra a 
palavra, marca o gênero feminino e a consoante “-s” estabelece o número: plural. 
Até aqui, vimos exemplos de substantivos simples, porque apresentam apenas um radical. 
Porém, quanto ao critério da estrutura, existem também os substantivos compostos, formados por 
mais de um radical. Exemplos:
agricultura [agri + cultura] couve-flor [couve + -flor]
No primeiro exemplo (“agricultura”), foram somados dois radicais latinos (agri + cultura), 
sem o auxílio do hífen, o que torna maisdifícil sabermos que se trata, de fato, de um substantivo 
composto. Nesse caso, é importante consultar uma gramática, buscando as tabelas de radicais e 
prefixos (gregos e latinos), para evitar erros e classificações apressadas. Já o termo “couve-flor” 
utiliza o hífen para justapor duas palavras, cada uma com seu radical (“couve” + “flor”).
Distinguir o radical de outros elementos mórficos torna-se fundamental na classificação dos 
substantivos. Na língua portuguesa, existem inúmeros prefixos que se ligam ao radical com hífen. 
Entetanto, o uso do hífen não basta para podermos classificar o substantivo como composto, afinal, 
estamos somando prefixo e radical, e não dois radicais. A seguir, em conformidade com o novo 
acordo ortográfico, em vigor desde 2016, exemplificamos substantivos que podem utilizar o hífen 
em sua grafia, mas que não são compostos:
contrarregra arqui-inimigo
Em ambos os casos, há apenas uma palavra-base – “regra” e “inimigo” – e, portanto, um 
só radical. Os afixos “contra-” e “arqui-”, pelo fato de estarem antes do radical, são prefixos. De 
acordo com as normas ortográficas vigentes, devemos levar em conta a vogal final dos prefixos e 
a letra inicial da palavra primitiva. Sendo assim, quando o prefixo termina com vogal e o termo-
base inicia-se com “r”, essa consoante deve ser dobrada, para que a pronúncia da primeira sílaba 
da palavra primitiva (“regra”, no exemplo dado) seja preservada. Se escrevêssemos “contraregra”, 
leríamos em voz alta usando apenas um “r”, e não dois, o que descaracterizaria a palavra original e 
primitiva (“regra”). Outra norma do novo acordo aparece aplicada em “arqui-inimigo”, que separa 
com hífen as duas vogais idênticas (o “i” final do prefixo e o “i” inicial da palavra primitiva). Nos 
Morfologia nominal e verbal 21
dois casos, houve mudança total na grafia, pois, antes do novo acordo de 2016, escrevíamos assim: 
“contra-regra” e “arquiinimigo”.
2.2 Análise morfológica do adjetivo
Junto com os substantivos, os adjetivos integram o conjunto dos nomes. 
Geralmente, os adjetivos têm função secundária, pois são usados em função de 
algo ou alguém que é caracterizado (ou adjetivado). Exemplo:
amigo jovem
Aqui, temos um substantivo, “amigo”, que é especificado pelo adjetivo “jovem”. Evidentemente, 
há ocasiões em que o adjetivo eleva seu status, podendo assumir a função de um substantivo. Basta 
que, para isso, ele seja antecedido por um artigo, como, por exemplo – O jovem trabalha / Um 
jovem está desaparecido –, ou simplesmente assuma a função substantiva, sem artigo antes, como 
ocorre na linguagem jornalística: – Jovem é encontrado depois de uma semana.
Voltando à função adjetiva de “jovem”, perceba que esse nome não varia, independentemente 
do gênero do substantivo a que ele se refere. Exemplos:
amiga jovem amigo jovem
No que se refere à função, tipicamente o adjetivo é atributo, seja ele positivo ou negativo. 
Conforme Faraco e Moura: “Adjetivo é a palavra variável que expressa característica, qualidade, 
aparência ou estado [...]” (FARACO; MOURA, 2003, p. 132). Exemplificando esse conceito, temos:
filme ruim flor bonita palestra interessante
No que se refere à estrutura, a exemplo dos substantivos, os adjetivos também podem ser 
simples ou compostos. Exemplos:
diretor inglês seriado norte-americano
O adjetivo simples (“inglês”) é formado apenas por uma palavra e, portanto, tem um só 
radical. Já em “norte-americano”, há duas palavras e dois radicais. Além disso, o hífen é utilizado 
para indicar a justaposição dos termos. Retomando um dos exemplos anteriores – diretor inglês –, 
constatamos que o adjetivo caracteriza o substantivo, assim como ocorreu nos exemplos anteriores 
(“filme ruim”, “flor bonita” e “palestra interessante”). Porém, a palavra “inglês” apresenta uma 
peculiaridade, pois indica a nacionalidade de alguém. Tais adjetivos são denominados “pátrios” ou 
“gentílicos”. Observe outros exemplos:
acordo nipo-brasileiro atleta holandês
Analisando mais detidamente os adjetivos “brasileiro” e “ holandês”, verifica-se o uso dos 
sufixos “-eiro” e “-ês”, que indicam a formação de adjetivos a partir de substantivos próprios: “Brasil” 
e “Holanda”, respectivamente. Além disso, perceba que o adjetivo pátrio composto que define o termo 
“acordo” utiliza a forma “nipo”, em vez de “japonês”. Isso sempre caracteriza o primeiro termo do 
Vídeo
Estudos Morfossintáticos22
composto pátrio ou gentílico. A gramática chama essa forma diferenciada de “reduzida” ou “erudita”. 
Segue mais um exemplo desse tipo de adjetivo:
subst.
cinema franco-brasileiro
adjetivo pátrio composto
forma reduzida + forma normal 
Como mencionado na parte dos substantivos, algumas palavras podem gerar dúvida 
quanto à estrutura, pela confusão que existe entre prefixos e radicais. Nos adjetivos “extrasseco” 
e “socioeconômico” isso fica evidente, mas atenção: a) “extra” é um prefixo, o que faz de 
“extrasseco” um adjetivo simples, derivado de “seco”; b) “socioeconômico”, por outro lado, é um 
adjetivo composto, pois associa duas palavras (e dois radicais)1. 
Outro tipo de adjetivo corresponde ao particípio, que é uma forma nominal de verbo. 
A princípio, verbos e nomes pertencem a grupos distintos, mas é preciso considerar a classificação 
do particípio (forma nominal de verbo). Essa condição torna possível a correspondência do 
particípio com o adjetivo. Inclusive, tal como já visto no Capítulo 1, o particípio também apresenta 
desinências nominais. Observe:
assinado:
Em "assinado", o radical "assin-" soma-se ao sufixo “-ado”, usado para 
transformar o verbo “assinar” em adjetivo e que, por isso, já inclui 
as desinências "-o", de gênero masculino, e de número singular, pela 
ausência do “s”.
assin
radical
ado
sufixo
decretadas:
Na palavra "decretadas", há o radical "decret-", também somado ao sufixo 
"-adas", que transforma o substantivo “decreto” e o verbo “decretar” em 
adjetivo, incluindo as desinências "-a-", de gênero feminino, e "-s", de 
número plural.
decret
radical
aad s
sufixo desinência de número plural
desinência de gênero feminino
1 As formas usadas seguem o novo Acordo Ortográfico de 2009. Na grafia antiga, usávamos “extra-seco” e “sócio- 
-econômico”. A falta do hífen na grafia atual tornou necessárias a duplicação do “s” em “extrasseco” e a queda do acento 
agudo, em “sócio”.
Morfologia nominal e verbal 23
2.3 Análise morfológica do verbo
Nesta seção do capítulo, vamos retomar os verbos, para analisarmos outras 
estruturas, destacando os elementos mórficos de tempos e modos verbais diferentes 
daqueles exemplificados no Capítulo 1. Na língua portuguesa, há três modos 
verbais: indicativo, subjuntivo e imperativo. Entre eles, o imperativo é bastante 
específico, pois não apresenta tempos verbais. Em vez disso, ele se conjuga em duas 
formas: afirmativa e negativa. Como o nome já anuncia, esse modo dá uma ordem. Exemplos: 2
faça:
faç
R
a
DM2
(você)
não parem:
não par
R
e
DM
m
DNP
(vocês)
No primeiro exemplo: “faça”, o modo imperativo está na forma afirmativa. Entre parênteses, 
lemos “você”, que indica o interlocutor, ou seja, aquele a quem damos a ordem. No segundo 
exemplo, há duas diferenças: a forma negativa, marcada pelo advérbio “não” na frente do verbo; e a 
presença da desinência número-pessoal, afinal, agora, o interlocutor é representado pela 3ª pessoa 
do plural (“vocês”).
Um detalhe importante, no aspecto morfológico do primeiro verbo mencionado, é o radical 
“faç-”, considerando-se que o infinitivo do verbo é “fazer”. Isso ocorre porque se trata de um verbo 
irregular. Na flexão verbal a seguir, fica demonstrada essa característica, que nos permite identificar 
se um verbo é regular ou irregular:
Presente do indicativo
Eu escrevo
Tu escreves
Ele escreve
Nós escrevemos
Vós escreveis
Eles escrevem
Escrever
Tu fazes
Ele faz
Nós fazemos
Vós fazeis
Eles fazem
Fazer
oEu faç
Como se vê, o verbo regular – “escrever” – mantém o radical em todas as pessoas. O mesmo 
nãoocorre com o verbo irregular – “fazer” –, que apresenta a forma da 1ª pessoa do singular com 
radical distinto das outras pessoas. 
2 Porque o modo imperativo não tem tempos verbais, não usamos DMT; usamos apenas DM (desinência de modo).
Vídeo
Estudos Morfossintáticos24
Voltemos agora ao imperativo afirmativo exemplificado anteriormente, pois ele tem muita 
semelhança com a flexão que aparece no modo subjuntivo, composto por três tempos verbais: 
Presente:
que eu faça
faç
R
a
DMT
Presente:
que ele faça
faç
R
a3
DMT
Pretérito imperfeito:
se eu partisse
i
VT
part
R
sse
DMT
r
DMT
a
VT
fal
R
em
DNP
Futuro:
quando eles falarem
O presente do indicativo utiliza o verbo “faça” para a 1ª e a 3ª pessoas do singular. A diferença é 
que esse tempo do modo subjuntivo faz uso do “que” para auxiliar a conjugação do verbo, enquanto 
no imperativo há apenas a ordem afirmativa ou negativa e a indicação da pessoa que recebe o 
pedido. Outra coincidência está no fato de o modo imperativo e o presente do modo subjuntivo 
não apresentarem a vogal temática. Esse detalhe pode ser facilmente percebido, comparando-se as 
flexões apresentadas anteriormente, que exemplificam os três tempos do modo subjuntivo.
Os prefixos, afixos que sempre antecedem o radical, são frequentes também nos verbos. 
Exemplos:
recriar
a
VT
re
prefixo
cri
R desinência de infinitivo
r
antepor
o
VT
ante
prefixo
p
R desinência de infinitivo
r
Nas divisões citadas, temos, respectivamente: prefixo, radical, vogal temática e, por fim, 
a desinência do infinitivo. Pois bem, vamos agora utilizar o verbo “recriar” para analisarmos as 
partes mórficas de alguns tempos verbais do modo indicativo4 (diferentes daqueles que vimos no 
capítulo anterior): 
3 O verbo “fazer” foi conjugado na primeira e na terceira pessoas do singular do presente do subjuntivo, para 
demonstrar que ambas têm a mesma morfologia. Isso ocorre também em outros tempos e modos. Utilizando como 
exemplo o verbo “andar”, verificamos essa semelhança: no pretérito imperfeito do indicativo (eu andava / ele andava); 
no pretérito mais-que-perfeito do indicativo (eu andara / ele andara); no futuro do pretérito do indicativo (eu andaria / 
ele andaria); no pretérito imperfeito do subjuntivo (se eu andasse / se ele andasse); e no futuro do subjuntivo (quando eu 
andar / quando ele andar).
4 O modo indicativo apresenta os seguintes tempos: presente, pretérito imperfeito, pretérito perfeito, pretérito mais- 
-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito.
Morfologia nominal e verbal 25
Pretérito perfeito5:
eles recriaram
a
VT
re
prefixo
cri
R DMT
ra m
DNP (3ª pessoa do plural)
5
Pretérito mais-que-perfeito:
nós recriáramos
á
VT
re
prefixo
cri
R DMT
ra mos
DNP (1ª pessoa do plural)
2.4 Neologismos
O neologismo é um processo que resulta na formação de novas palavras. 
Atuando diariamente sobre a língua, os indivíduos, ao realizarem os atos de fala 
e escrita, de modo consciente ou inconsciente, buscam meios de se comunicar, 
adaptando a língua ao contexto social de cada época. Dessa forma, a sociedade e a 
língua evoluem juntas. Além disso, a criação de novas palavras revela necessidade e 
certo grau de amadurecimento linguístico. Segundo Antônio Sandmann:
a competência lexical do usuário de uma língua se compõe de dois momentos: 
o da análise e interpretação das unidades estabelecidas no léxico, isto é, já 
formadas, e o da formação ou entendimento de novas palavras de acordo com 
modelos ou regras que a gramática da língua põe à disposição. (SANDMANN, 
1998, p. 23) 
Podemos relacionar o primeiro momento descrito pelo autor à Morfologia de um modo geral. 
Depois, no segundo estágio, após conhecer e classificar os elementos mórficos de diferentes classes de 
palavras, o indivíduo torna-se capaz de usar os padrões apreendidos de modo criativo, com variações. 
Isso resume e define o processo de neologismo.
Considerando nossa sociedade atual, podemos enumerar alguns termos novos, surgidos a 
partir da necessidade de nomear coisas, pessoas e verbos circunscritos em situações que caracterizam 
nosso comportamento e nosso modo de vida, em pleno século XXI. São eles:
1) dvdoteca
2) gatil
3) piscitariano
4) ecojoia
5 Observe que o verbo “recriar”, na 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito e do pretérito-mais que-perfeito do modo 
indicativo, tem a mesma divisão morfológica: 
Pretérito mais-que-perfeito: 
eles
prefixo
re
R
cri a
VT DMT
ra m
DNP
Vídeo
5) chocólatra
6) invitar
7) empoderar
8) navegar (na Internet)
Estudos Morfossintáticos26
Aplicando os conceitos básicos da Morfologia nos exemplos de neologismo listados, é 
possível fazermos as seguintes análises:
1. Dvdoteca: Substantivo comum que nomeia o lugar onde se guardam DVDs. A palavra 
primitiva é “DVD”, que se associa ao falso sufixo “-teca”, por analogia com outras 
palavras comuns em nossa língua (brinquedoteca, biblioteca, videoteca...).
2. Gatil: Novamente temos um substantivo comum que designa lugar. Porém, nesse caso, 
significa o local projetado especificamente para os gatos. Sendo assim, a palavra de origem 
é “gato”, que, somada ao sufixo “-il” (a exemplo de “canil”), resulta no neologismo “gatil”.
3. Piscitariano: Esse substantivo, também comum, nomeia a pessoa que se alimenta de 
peixe, recusando, portanto, outros tipos de carne. A palavra em questão funde elementos 
que aparecem em outros termos da língua portuguesa. A forma “pisci-”, de “piscicultura”, 
une-se ao final “-tariano”, de “vegetariano”6.
4. Ecojoia: Aqui temos mais um substantivo comum. Nesse caso específico, a junção de 
“eco-”, – de “ecologia”, – e “joia” atende às práticas da sustentabilidade e do respeito à 
natureza. Portanto, a inclusão do elemento mórfico “eco-”, um falso prefixo, indica a 
diferença em relação às joias tradicionais, afinal uma ecojoia é feita de materiais inusitados, 
como plástico, alumínio e até mesmo papel, todos eles reciclados (garrafa PET, lata de 
refrigerante e jornal, respectivamente).
5. Chocólatra: Essa forma funde um elemento mórfico da palavra “chocolate” com o falso 
sufixo “-latra”, que indica mania, culto excessivo ou vício. O mesmo morfema está presente 
em outras palavras de nossa língua, como “autólatra”, “idólatra” e “alcoólatra”.
6. Invitar: O verbo é a forma aportuguesada do inglês to invite, que significa “convidar”. 
Ao mesmo tempo em que se manteve o radical da palavra estrangeira, acrescentou-se a 
terminação “-ar”, típica de nossa língua e que, por sua vez, caracteriza a 1ª conjugação 
verbal e a forma nominal chamada “infinitivo”. O uso de “invitar” surgiu no universo 
on-line, mais especificamente na modalidade RPG (Role-playing game).
7. Empoderar: Esse é outro verbo muito comum atualmente. Ele foi criado a partir da 
palavra “poder”, à qual foram acrescentados, simultaneamente: a desinência verbal 
“-ar” (responsável por transformar o substantivo comum “poder” em verbo: “poderar”); 
e o prefixo “em-”, que indica “colocar dentro” ou “encher de”. Outros verbos da língua 
portuguesa que utilizam o afixo “em-” são: “embarcar”, “emparedar” e “empedrar”.
8. Navegar (na Internet): Nesse exemplo de neologismo, o que importa não é a forma (afinal, 
o verbo “navegar” não é novo em nossa língua), mas o sentido. Antigamente, “navegar” 
restringia-se à navegação por mar ou por rio, fazendo uso de embarcações adequadas. 
Porém, hoje, quando dizemos que “navegamos” em um site, estamos utilizando o sentido 
figurado, a partir das analogias mar/tela do computador e barco/cursor do mouse. 
6 Etimologicamente, o morfema “-teca” é um radical grego. Contudo, como veremos no Capítulo 3, existe o processo 
de recomposição, no qual novas palavras surgem, a partir do uso de radicais, como se esses fossem prefixos ou sufixos. 
O mesmo processo ocorre em palavras que a seguir serão analisadas aqui: “ecojoia” e “chocólatra”.
Morfologia nominal e verbal 27
Com base nas análises feitas aqui, podemos constatar que o neologismo dizrespeito à 
identidade social de um povo e ao contexto histórico. Nesse sentido, as palavras de Aderlande Ferraz 
resumem essa ideia, enfatizando a renovação da língua: “léxico é o conjunto aberto, organizado 
por regras produtivas, das unidades lexicais que compõem a língua de uma comunidade [...]” 
(FERRAZ, 2008, p. 146). Sendo assim, com o uso contínuo da língua, nas comunicações escrita e 
oral, fazemos inovações e adaptações, as quais refletem as características gerais da sociedade.
Considerações finais 
Considerando as análises morfológicas desenvolvidas neste capítulo, abrangemos os aspectos 
nominal e verbal, os quais, por sua vez, correspondem a três classes de palavras distintas: substantivos, 
adjetivos e verbos. Essa divisão serviu para dar destaque aos elementos mórficos característicos de 
cada classe. No último item, sobre neologismos, a reflexão acerca dos novos termos nos auxiliou 
a retomar as especificidades estruturais das palavras que compõem a nossa língua, propiciando a 
atualização de nosso vocabulário e uma revisão geral dos conceitos da Morfologia.
Ampliando seus conhecimentos
A fim de aprofundar os assuntos aqui apresentados, outros materiais podem ser consultados 
por você:
• SLIDE SHARE. Hífen. Disponível em: https://pt.slideshare.net/Crispaixaolopes/novo-
acordo-ortogrfico-tabela-hifenizao. Acesso em: 6 fev. 2019.
No link acima, você pode acessar uma tabela feita pela editora Abril e atualmente divulgada 
no site Slide Share. O material é essencial para quem precisa tirar dúvidas de grafia, sobretudo 
quando se trata do uso do hífen, item que mais sofreu alteração no novo acordo ortográfico. 
• HOLANDA, A. B. de. Novo Aurélio século XXI. Nova Fronteira, [s. l.: s.n.]. 1 CD-ROM.
Na versão eletrônica do Novo Aurélio século XXI, é possível digitar qualquer verbo e depois 
acionar a tecla de conjugação. Dessa forma, aparece um quadro com a flexão completa do 
verbo pesquisado, em todos os tempos e modos, incluindo as formas nominais.
• ALVES, I. M. Neologismo: criação lexical. São Paulo: Ática, 2007.
Esse livro, de Ieda Maria Alves, é referência na língua portuguesa, desde a década de 1990. 
Na obra, a autora analisa diferentes exemplos e processos de neologismos, ilustrando o 
aspecto linguístico da diacronia7, que possibilita a evolução constante de nosso vocabulário.
7 A diacronia (Cf. SAUSSURE, 2012) analisa a transformação das línguas, comparando diversos estágios ou períodos 
de tempo. Esse conceito foi difundido pelo linguista Ferdinand de Saussure, no livro Curso de linguística geral.
https://pt.slideshare.net/Crispaixaolopes/novo-acordo-ortogrfico-tabela-hifenizao
https://pt.slideshare.net/Crispaixaolopes/novo-acordo-ortogrfico-tabela-hifenizao
Estudos Morfossintáticos28
Atividades
1. Diferencie os termos a seguir, classificando-os como: substantivos ou adjetivos; simples ou 
compostos. Além disso, defina o tipo de substantivo ou adjetivo, quanto à natureza ou função:
a) quarta-feira
b) norte-americano
c) cadeira
d) alegre
2. Divida os nomes a seguir, indicando e nomeando todos os elementos mórficos que os compõem:
a) desligado
b) nervoso
c) cozinheiras
3. Faça a análise morfológica completa dos verbos a seguir, dividindo e classificando os 
elementos que os formam. Indique também conjugação, modo e tempo verbais de cada item:
a) comprarás
b) (que eles) estudem
c) (não) bata
Referências
FARACO, C. E.; MOURA, F. M. de. Gramática nova. São Paulo: Ática, 2003.
FERRAZ, A. P. Os neologismos no desenvolvimento da competência lexical. In: HENRIQUES, C. C.; 
SIMÕES, D. Língua portuguesa, educação e mudança. Rio de Janeiro: Europa, 2008. p. 146-162.
SANDMANN, A. J. Competência lexical: produtividade, restrições e bloqueio. Curitiba: UFPR, 1998.
SAUSSURE, F. de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2012.
TERRA, E. Curso prático de gramática. São Paulo: Scipione, 2011. 
3
Principais processos de formação de palavras
Agora que conhecemos os morfemas básicos de nossa língua, incluindo os nominais e os 
verbais, é fundamental verificarmos os principais modos de criação das palavras. Relacionando léxico 
e estrutura, este capítulo irá apresentar todos os processos derivativos e composicionais. Além disso, 
serão abordados outros processos formadores de palavras, a fim de propiciar a aplicação consciente 
dos conteúdos que vimos até aqui.
Neste livro, os processos tradicionais de formação de palavras (de derivação e de composição) 
vão retomar a importância dos afixos: prefixos e sufixos. Os demais procedimentos, bastante 
comuns no uso diário da língua portuguesa, serão exemplificados com palavras formadas a partir 
de duas perspectivas, uma de base lexical e outra de base estrutural, envolvendo, respectivamente: 
recomposição, empréstimo e onionimia, no primeiro grupo; além de braquissemia, acrossemia e 
hipocorismo, no segundo conjunto.
3.1 Processos derivativos
Os processos de formação de palavras baseados na derivação sempre partem 
de um termo primitivo. Sendo assim, dependendo do tipo de afixo acrescentado à 
palavra-base ou da mudança de classe, eles compreendem seis tipos:
a) derivação prefixal: um prefixo é acrescentado ao radical da palavra 
primitiva. Exemplos: 
superamigo
pré-escola
inter-relação
Os prefixos em destaque transformam não apenas a estrutura das palavras originais, “amigo”, 
“escola” e “relação”, mas também o significado delas. O prefixo “super-” indica superioridade ou 
intensidade1. “Pré-” indica anterioridade. E o afixo “inter-” sinaliza posição intermediária. Nos 
exemplos dados é imprescindível observarmos a ortografia, que obedece ao padrão estabelecido 
pelo novo acordo, de 2016. O “r” de “super-” une-se ao “a” de “amigo”, com o qual forma uma sílaba 
(“su-pe-ra-mi-go”). Nos dois termos restantes, os prefixos “pré-” e “inter-” unem-se à palavra 
primitiva por meio do hífen, que serve de intervalo, separando os dois “e” de “pré-escola” e os dois 
“r” de “inter-relação”2.
1 Apesar de o senso comum diferenciar os prefixos “super-” e “hiper-”, afirmando que o segundo amplia o significado 
do primeiro, essa distinção não existe. Para a Gramática, ambos significam a mesma coisa. A única diferença está na 
origem dos afixos: “super-” veio do latim; e “hiper-”, do grego.
2 O prefixo “inter-” é latino. Por significar “entre”, é incorreto usar “inter-relação entre os países...”. Tal exemplo 
apresenta redundância, problema que pode ser corrigido desta forma: “inter-relação dos países...”.
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Estudos Morfossintáticos30
b) derivação sufixal: ocorre quando um sufixo é acrescentado ao radical da forma primitiva. 
Exemplos:
ferroso [ferr + oso] ferrinho [ferr + inho} ferraria [ferr + aria]
As palavras sugeridas aqui variam os sufixos, que modificam o sentido da palavra, quando 
se unem ao radical (“ferr-”, nos exemplos em análise). Desse modo, embora todos os termos sejam 
relacionados a “ferro”, por terem o mesmo radical, em “ferroso” o sufixo indica abundância, em 
“ferrinho” o sufixo forma um diminutivo e em “ferraria” o afixo indica que se trata do local em que 
o ferro é trabalhado ou vendido.
c) derivação prefixal e sufixal: esse processo ocorre quando o radical recebe um prefixo e um 
sufixo, em diferentes momentos. Exemplos:
deslealdade
infelizmente
inoportunamente
Para nos certificarmos de que temos um caso de derivação dupla (prefixal e sufixal), é preciso 
avaliar se a palavra tem sentido apenas com o prefixo e apenas com o sufixo. Nos três casos em 
análise existe possibilidade de dupla leitura. Observe: “desleal” e “lealdade” / “infeliz” e “felizmente” 
/ “inoportuna” e “oportunamente”.
d) derivação parassintética: é um processo similar ao de derivação prefixal e sufixal. 
A única diferença é que, na parassíntese, os dois afixos (ou seja: o prefixo e o sufixo) são 
acrescentados à forma-base ao mesmo tempo. Isso significa que, se tentarmos suprimir o 
prefixo ou o sufixo, a palavra perderá sua integridade semântica. Exemplos:
ensolarado
envenenamento
inoportunamente
Emtodos os exemplos apresentados, não faz sentido se utilizarmos apenas um dos afixos. 
Para comprovar isso, veja esta separação: “apartid” e “partidário” (somente uma forma apresentou-
-se de modo coerente). Entretanto, é preciso que ambas sejam coerentes e compreensíveis. Como 
isso não ocorreu, sem dúvida estamos tratando de um processo típico de parassíntese.
e) derivação regressiva: como o nome desse processo indica, ocorre uma regressão. Há perda 
de letras e fonemas, o que resulta no encurtamento da palavra. Geralmente, isso se dá na 
transição de um verbo para um substantivo. Exemplos:
mesclar > mescla caçar > caça jantar > janta
f) derivação imprópria: a estrutura da palavra é mantida, entretanto o termo é 
recontextualizado, o que provoca mudança na classe de palavra. Exemplos:
O barato daquele jogo é a interatividade.
Principais processos de formação de palavras 31
Ninguém pode prever o amanhã.
O jantar está pronto.
No primeiro exemplo, o termo “barato” é usado como substantivo comum, invertendo o uso 
tradicional, em que aparece como advérbio (“O livro custou barato”). O segundo período faz o 
mesmo tipo de alteração, porque usa “amanhã” como substantivo também, ao passo que, geralmente, 
esse termo tem valor adverbial de tempo (“Amanhã, farei todas as compras”). Já o terceiro exemplo 
faz uso do verbo “jantar”, como se ele fosse um substantivo. Tradicionalmente, o mesmo termo 
aparece em locuções verbais (“Vou jantar com meus pais”).
3.2 Processos composicionais
Nos processos de composição, deve haver a união de dois radicais ou mais. 
Nesse caso, é importante diferenciar os termos “palavra” e “radical”. É certo que todas 
as palavras de nossa língua têm um radical, mas nem todos os radicais, tais como os 
usamos hoje, constituem palavras. Exemplos:
vale-gás agricultura
Em “vale-gás”, temos duas palavras (e dois radicais) que formam um termo novo. Entretanto, 
o mesmo não ocorre em “agricultura”, que contém dois radicais, embora apenas “cultura” seja uma 
palavra autônoma em nossa língua.
Nos exemplos vistos acima, uma questão gráfica é facilmente notada: o uso do hífen. Alguns 
processos composicionais utilizam-no, ao passo que outros não apresentam esse sinal diacrítico, 
dificultando a identificação da palavra como composta.
Existem dois processos de composição e ambos podem ser assim explicados e exemplificados:
a) composição por justaposição: união de dois ou mais radicais, sem que haja perda gráfica 
e fonética. Exemplos:
ator-mirim
flor-de-lis
girassol
Nos primeiros dois termos da lista dada, o hífen é utilizado. Segundo o gramático Evanildo 
Bechara, isso assegura a individualidade dos termos envolvidos na composição (BECHARA, 2009, 
p. 340). “Ator-mirim” compreende duas palavras e dois radicais. Segundo o novo acordo ortográfico, o 
hífen é necessário, pela origem tupi do segundo radical, “mirim”. Em “flor-de-lis” temos duas palavras 
e também dois radicais. O “de”, como vimos no Capítulo 1, não é uma palavra, mas um vocábulo 
(MONTEIRO, 2002). No exemplo final: “girassol”, percebe-se o acréscimo de um “s”. Isso ocorre para 
garantir que “sol” tenha sua pronúncia preservada na composição. Como sabemos, entre vogais o “s” 
é pronunciado com som de “z”. Portanto, a duplicação do “s” em “girassol” é necessária.
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b) composição por aglutinação: processo em que há união de dois ou mais radicais, com 
perda gráfica e fonética. Exemplos:
pernilongo
vinagre
fidalgo
O termo “pernilongo”, originado da junção de “perna” e “longa”, apresentou mudanças 
gráficas e fonéticas nas vogais finais de cada palavra. O segundo item, resultante da soma de “vinho” 
e “acre”, também traz alterações significativas. Considerando a forma latina vino ou a portuguesa 
“vinho”, verificamos que houve perda da(s) letra(s) e do(s) fonema(s) que encerram a palavra. 
De modo semelhante, “agre” adaptou a consoante, levando-se em conta que o termo original era 
“acre”. Finalmente, em “fidalgo” temos a associação de duas palavras e um vocábulo (“filho” + “de” 
+ “algo”). Isso demonstra que as perdas foram maiores nesse caso: a palavra “filho” perdeu a última 
sílaba; e a preposição “de” perdeu a última letra. Apenas o termo “algo” manteve sua integridade 
ortográfica e fonética.
3.3 Processos de base lexical
Nos processos de base lexical, os significados dos elementos mórficos são 
postos à prova. Há uma reformulação de sentido e de status, como ocorre na 
recomposição, ou o próprio significado estimula e motiva a formação das palavras, 
como exemplificam os processos denominados empréstimo e onionimia. Vejamos 
agora as definições e alguns exemplos de três processos específicos:
a) recomposição: nesse tipo de procedimento, utilizam-se radicais que são convencionalmente 
usados e classificados como prefixos ou sufixos. A gramática tradicional chama esses 
morfemas de falsos prefixos e falsos sufixos3, por terem “uma significação mais ou menos 
delimitada e presente à consciência dos falantes, de tal modo que o significado do todo a que 
pertencem se aproxima de um conceito complexo, e, portanto, de um sintagma” (CUNHA; 
3 Embora, na recomposição, o uso de um radical como prefixo seja mais comum, há casos em que o radical é 
tomado como sufixo. Isso ocorreu nos termos “dvdoteca” e “chocólatra” (ver Capítulo 2) e ocorre também na palavra 
“websitegrafia”, que analisaremos aqui. “Websitegrafia” abrange vários conceitos vistos no Capítulo 2 e, principalmente, 
no Capítulo 3. Além de ser um neologismo, pois é um termo recente em nossa língua, é um empréstimo, por causa das 
origens estrangeiras (os termos web e site, da língua inglesa, fundem-se ao radical grego grafia — que hoje constitui um 
falso sufixo). Como se vê, a palavra em questão é um híbrido e também pode exemplificar o processo da recomposição 
(pelo uso de um radical como sufixo). Entretanto, a complexidade desse termo ainda guarda outras classificações. Web 
é uma braquissemia de world wide web, cujo significado é “rede de alcance mundial” (LEÃO, 2019), e, quando somada à 
palavra site, constitui exemplo de composição por justaposição (website). Na breve existência desse termo composto, 
houve rápida transformação e ocorreu novamente uma braquissemia: website passou a ser apenas site. Semanticamente, 
a nova redução foi pertinente, porque evita redundância (antes, dizíamos ou escrevíamos, por exemplo: “Acesse o website 
www.iesde.com.br”, sem atentarmos para o fato de que o “www” já estava representado em web, termo resultante da 
braquissemia de world wide web). Finalmente, no último estágio, o de aportuguesamento, criou-se o termo “websitegrafia”, 
cuja análise, nesta nota, resumiu boa parte dos processos de formação de palavras.
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Principais processos de formação de palavras 33
CINTRA, 2001, p. 114). Por essa razão, frequentemente empregam-se radicais que, na 
composição, assumem a posição inicial ou final na estrutura da palavra. Exemplos:
autobiografia4 aeromoça agroindústria5
Nos três termos apresentados aqui, um radical grego é utilizado como se fosse prefixo. 
O primeiro tem valor reflexivo, o segundo remete ao ar e o último, ao campo. Na explicação a seguir, 
parte-se da palavra “automóvel” para classificar “autódromo” como recomposição. Conforme o 
autor, o primeiro termo abrange “dois elementos, o primeiro dos quais pode ser empregado sozinho 
com o mesmo valor do conjunto, ou seja, auto em vez de automóvel. Acrescentando-se outra base, 
teremos autódromo, que constitui um caso de recomposição” (MONTEIRO, 2002, p. 170, grifos 
no original). Portanto, verificamos que a recomposição apresenta um desgaste na função do radical 
e a prova disso é que, na nova palavra (ou seja, em “autódromo”), não é mais possível a utilização 
apenas do radical para representar o termo todo. Em função dessa impossibilidade, o morfema 
“auto-” passa a ser entendido como prefixo, que tem função secundária na Morfologia. 
Em nossa língua, há inúmeros casos de radicais que são usados comoprefixos. De filiação 
latina, temos como exemplos “multi-”, “mini-” e “pluri-”, que podem ser aplicados em palavras 
como: “multimodalidade”, “mini-isqueiro” e “plurilinguismo”. Do mesmo modo, alguns dos radicais 
de origem grega privilegiados no processo de recomposição são “mega-”, “micro-”, “neo-” e “poli-”, 
que contam com as seguintes exemplificações, respectivamente: “megapromoção”, “microssaia”, 
“neomodernismo” e “policromático”. 
b) empréstimo: compreende o uso de palavras estrangeiras em nossa língua, seja na forma 
da grafia original ou de aportuguesamento. Exemplos:
site uísque bandeide
O termo site deve ser grafado em itálico porque mantém a grafia da língua inglesa. Pela 
gramática tradicional, sempre que é criada a forma aportuguesada, esta deve prevalecer em relação 
à grafia estrangeira. Entretanto, site constitui uma exceção. Já existe a palavra “sítio”, mas ela não é 
usada com frequência, pela confusão que pode provocar, afinal, em nossa língua, “sítio” também 
significa uma pequena propriedade rural. Por essa razão, consagrou-se o uso de site. No segundo 
item (“uísque”), temos um exemplo de empréstimo e aportuguesamento, simultaneamente. 
O dicionário Novo Aurélio século XXI apresenta a origem do termo: 
uísque
[Do ingl. whisky ou whiskey.]
S. m. 
1. Aguardente feita de grãos fermentados de centeio, milho ou cevada, e que 
contém 40 a 50% de álcool. (HOLANDA, [20-], n. p., grifo no original)
4 Observe que a palavra “autobiografia” é composta, originalmente, por três radicais gregos: auto-, -bio- e -grafia. No 
entanto, com o passar do tempo, auto- tornou-se um falso prefixo.
5 Embora sejam parecidos na grafia, os radicais agro- e agri- têm etimologias distintas. Ambos significam “campo”, 
mas o primeiro é de origem grega, enquanto o segundo é latino.
Estudos Morfossintáticos34
No caso de “bandeide”, há a mesma duplicidade, porque se trata de um empréstimo e 
também de um aportuguesamento. Entretanto, essa forma ortográfica é bastante recente na língua 
portuguesa, razão pela qual ainda é desconhecida por muitas pessoas.
bandeide
(ban.dei.de)
S. m. 
Curativo adesivo pequeno, us. para proteger pequenos ferimentos.
[F.: Da marca registrada Band-Aid.]. (AULETE, 2019, grifo no original) 
Outro aspecto de “bandeide” é informado por Caldas Aulete, no verbete transcrito anteriormente. 
O dicionarista menciona que a palavra resulta da “marca registrada Band-Aid” (AULETE, 2019). Isso é 
fundamental para a conceituação do processo que será apresentado a seguir: a onionimia. 
c) onionimia: processo que utiliza a forma original ou aportuguesada/adaptada de uma 
marca ou do nome de um produto. Exemplos:
— No nosso aniversário de casamento, a gente comprou um fogão, né?
— Foi. Não é assim nenhum Brastemp, mas é um fogão. (BRASTEMP, 
2019, grifo nosso)
Comprei uma bic nova.
Costumo tomar nescau todas as manhãs.
O primeiro exemplo é um diálogo entre um casal. Trata-se de um comercial veiculado na 
década de 1980, na TV, em rede nacional. Sem dúvida, a campanha publicitária da época colaborou 
para a instituição do termo “brastemp” como exemplo de onionimia. Pelo texto transcrito, percebe-
-se que a marca é usada como sinônimo de “fogão muito bom”. 
Outro detalhe que ocorre em todos os oniônimos é a variação na letra inicial da palavra. 
Embora alguns ainda utilizem a inicial maiúscula, a onionimia permite a grafia com letra minúscula 
no início, pois o processo em questão indica que a marca, antes um substantivo próprio, tornou-se 
tão famosa que passou a ser um nome comum, sinônimo não apenas dos produtos daquela marca, 
mas de outros, similares, das marcas concorrentes. Isso fica mais claro nos outros dois exemplos 
apresentados anteriormente. A marca Bic resultou na formação do substantivo comum “bic”, que 
não apenas qualifica o tipo de caneta, mas que também é usado como sinônimo da palavra “caneta” 
de modo geral, como demonstra o exemplo acima. Dessa forma, “bic” não designa somente as 
canetas da marca Bic, mas qualquer caneta. 
Quanto ao último exemplo, percebe-se que o mesmo procedimento é desencadeado. Sendo 
assim, “nescau” é um nome comum, que veio da marca registrada Nescau. Contudo, atualmente, a 
palavra já está desvinculada da marca que a originou, razão pela qual o termo nescau abrange todos 
os tipos de achocolatado, independente da marca.
Principais processos de formação de palavras 35
3.4 Processos de base estrutural
Nesta parte, os processos de formação provocam alterações significativas 
na forma, ou seja, na estrutura da palavra. Vejamos três tipos de processos que se 
caracterizam dessa maneira:
a) braquissemia: também chamado de “abreviação”, esse procedimento 
trabalha com a redução da palavra6. Altera-se a forma, mas o significado se 
mantém. Entretanto, linguisticamente, cria-se um diferencial que diz respeito ao estilo. 
As formas originais (que apresentam a palavra integralmente) são mais usadas no 
registro formal, enquanto os novos termos, resultantes da braquissemia, constituem 
um modo mais informal de fala e de escrita. Exemplos:
moto odonto biju
Analisando as palavras listadas, concluímos que todas sintetizam um termo mais longo: 
“motocicleta”, “odontologia” e “bijuteria”, respectivamente. No primeiro caso, há algumas décadas, 
era usado outro tipo de braquissemia: “motoca”. Entretanto, essa palavra caiu em desuso, dando 
lugar ao termo “moto”. Quanto a “odonto”, destaca-se a coincidência entre esse exemplo de 
braquissemia e o radical grego odonto-. Isso nos permite afirmar que, ao longo dos anos, embora o 
radical tenha conservado seu significado, elevou seu status. 
A consequência natural dessa transformação é que o morfema deixou de ser o principal 
formador de palavras para ser um termo autônomo. Apesar disso, a braquissemia que se percebe 
em “odonto” ainda não é unanimidade nos principais dicionários da língua portuguesa. “Biju”, a 
exemplo de “odonto”, também é uma palavra usada como gíria, sendo privilegiada, portanto, em 
contextos informais de fala e de escrita.
b) acrossemia: compreende palavras formadas a partir de letras, as quais, na maioria das 
vezes, correspondem às iniciais de um nome maior, quase sempre resultante de um 
conjunto de termos. Exemplos: 
Enem Detran Sisu
Os acrônimos citados reduzem nomes complexos, usando somente uma ou várias 
letras iniciais de cada palavra. Sendo assim, na ordem em que aparecem, os exemplos da lista 
anterior correspondem a: “Exame Nacional do Ensino Médio”, “Departamento de Trânsito” e 
“Sistema de Seleção Unificada”. Verificamos que a acrossemia diferencia-se da sigla pelo modo 
de organização e pela pronúncia. Enquanto os acrônimos são escritos e lidos como palavras 
normais, pois as letras que os compõem formam sílabas, em razão da alternância entre vogais 
e consoantes, a sigla compreende um conjunto de letras sem conexão e que devem ser lidas 
isoladamente. Exemplificando essa distinção, temos:
6 A braquissemia ou abreviação constitui processo completamente diverso da abreviatura. Embora esta também reduza a 
estrutura da palavra, não tem a mesma autonomia das palavras geradas por meio da braquissemia. A título de exemplificação, 
seguem algumas abreviaturas bastante usadas em nosso dia a dia: “etc.” (et cetera), “R.” (“rua”) e “Av.” (“avenida”).
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Estudos Morfossintáticos36
INSS Bope
“INSS” (“Instituto Nacional do Seguro Social”) é uma sigla, porque as letras não formam 
sílabas. Por essa razão, para acentuar a individualidade das letras, a grafia utiliza maiúsculas. Em 
contrapartida, “Bope” (“Batalhão de Operações Policiais Especiais”), por ser acrônimo, apresenta 
apenas a primeira letra maiúscula. Há, ainda, veículos de comunicação de massa que escrevem essa 
palavra toda em caixa alta (“BOPE”). Porém, essa grafia é considerada ultrapassada, dando lugar à 
forma “Bope”, que vai ao encontro da rapidez na digitação, critério fundamental hoje em dia. 
c) hipocorismo: processo que modifica uma palavra para gerar um novo termo, como 
indicativode carinho ou proximidade. Exemplos:
Carlinhos Lulu mamãe
No primeiro caso, o nome “Carlos” recebe um sufixo típico de diminutivo. No segundo 
nome, uma sílaba é duplicada (“Lulu” serve de apelido para “Luciano” ou para outro nome iniciado 
com “Lu”). Como último exemplo, não temos um nome próprio, mas um substantivo comum. 
Entretanto, há diferença bastante expressiva entre as formas “mãe” e “mamãe”. Sem dúvida, a 
segunda forma, oriunda do hipocorismo, reflete um tratamento especial, menos formal e mais 
carinhoso. Segundo Cristina Brito: “Hipocorístico é a palavra que traduz a intenção de carinho e 
[...] designa [...] a pessoa na intimidade, estendendo-se a animais de estimação. [...] por exemplo 
maninho, benzinho, ‘mozinho’ [...] ou, ainda, palavras da linguagem infantil: papai, teteia, [...]” 
(BRITO, 2019).
Considerações finais 
Os tipos de processos vistos neste capítulo ilustram a conexão entre Gramática e Linguística, 
abrangendo diversas áreas da Língua Portuguesa. Questões de estilo, que exemplificam variações 
do português formal e informal, estão implícitas na onionomia, no empréstimo e em todos os 
processos de base estrutural. Do mesmo modo, o aspecto ortográfico se sobressai nos processos 
composicionais. Até mesmo a Fonética tem grande importância na aglutinação e na derivação 
regressiva. Na perspectiva semântica, destacam-se os processos de base lexical e os modelos 
de derivação que se caracterizam pelo acréscimo de afixos. No que se refere à Morfologia, os 
elementos mórficos associam-se às classes de palavras, como demonstram, de modo específico, 
as derivações regressiva e imprópria. Essa integração reforça a ideia de que a língua é um sistema, 
complexo, múltiplo e extremamente flexível.
Ampliando seus conhecimentos
• GALVÃO, W. N. Hipocorísticos e suarabáctis. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.
br/materia/hipocoristicos-e-suarabactis/. Acesso em: 17 fev. 2019.
No texto indicado, a autora Walnice Galvão apresenta o hipocorismo como característica 
tipicamente brasileira. Além disso, ela também discute e apresenta o processo linguístico 
Principais processos de formação de palavras 37
denominado suarabácti, que faz uso de vogais de apoio, a fim de facilitar a pronúncia de 
algumas palavras (“pineu” ou “peneu”).
• ANDRADE, K. E.; RONDININI, R. B. Cruzamento vocabular: um subtipo da composição. 
Disponível em: https://revistas.pucsp.br/delta/article/view/27231/22228. Acesso em: 17 
fev. 2019.
Os autores do artigo apresentado neste item, publicado na revista D.E.L.T.A. de 2016, 
relativizam as fronteiras que a gramática tradicional estabelece entre cada processo de 
formação das palavras. Desse modo, o que eles chamam de “cruzamento vocabular” 
(ANDRADE; RONDININI, 2019) e que outros estudiosos da língua portuguesa classificam 
como palavra-valise é associado aos procedimentos derivacionais e de composição.
• CORREIA, P. et al. A folha: boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. 
Disponível em: http://ec.europa.eu/translation/portuguese/magazine/documents/folha48_
pt.pdf. Acesso em: 17 fev. 2019.
Nessa dica, você pode acessar um documento oficial, que regulamenta e diferencia os 
usos de abreviaturas, siglas e acrônimos. Embora os dois primeiros não tenham sido 
aprofundados aqui, eles complementam os exemplos e as explicações relativos ao processo 
da acrossemia. Além disso, pelo fato de apresentar algumas abreviaturas, o material 
reforça a distinção natural que existe entre elas e as abreviações, conforme comentamos 
no processo de braquissemia.
Atividades
1. Para cada uma das formas primitivas listadas a seguir, sugira uma palavra derivada, 
classificando o processo de formação que a define:
a) pedra
b) ferro
c) fazer
2. Classifique os processos composicionais dos itens a seguir, explicando a diferença entre eles:
a) samba-enredo
b) doravante
3. Enumere os termos da segunda coluna, a partir da correspondência das palavras com os 
processos que as classificam corretamente: 
(1) recomposição ( ) shorte
(2) empréstimo ( ) gilete
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(3) onionimia ( ) CEP
(4) braquissemia ( ) Dudu
(5) acrossemia ( ) autoestima
(6) hipocorismo ( ) fone
Referências
AULETE, C. Bandeide. Disponível em: http://www.aulete.com.br/bandeide. Acesso em: 26 fev. 2019.
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. 
BRASTEMP. Anos 80 – Brastemp. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eKKJjNaQSgc. Acesso 
em: 26 fev. 2019.
BRITO, C. Hipocorístico: um identificador ou apenas um tratamento carinhoso? Disponível em: http://www.
filologia.org.br/viicnlf/anais/caderno06-09.html. Acesso em: 27 fev. 2019.
CUNHA, C.; CINTRA, L. F. L. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 
2001. 
HOLANDA, A. B. Uísque. In: HOLANDA, A. B. de. Novo Aurélio século XXI. Nova Fronteira, [s. l.: s.n.]. 
1 CD-ROM.
LEÃO, T. O que é a World Wide Web? Disponível em: http://www.estrategiadigital.pt/o-que-e-world-wide-
web/. Acesso em: 28 fev. 2019.
MONTEIRO, J. L. Morfologia portuguesa. São Paulo: Pontes, 2002.
4
Da Morfologia à Sintaxe
Com o objetivo de estabelecer as diversas relações entre Morfologia e Sintaxe, associação que 
caracteriza o título deste livro e deste capítulo, apresentamos aqui as diferentes funções sintáticas 
que as classes de palavras podem desempenhar no texto.
No presente capítulo, vamos constatar que uma mesma classe de palavra pode assumir funções 
sintáticas variadas. Com base nisso, faremos uso de uma divisão: funções sintáticas substantivas e 
funções sintáticas adjetivas. No primeiro grupo, de importância primária, serão apresentados termos 
classificados como sujeito ou como predicado. Já o segundo conjunto, de aspecto secundário, vai 
abranger os termos integrantes e acessórios da oração (complemento nominal, objetos, agente da 
passiva e adjunto adnominal). Por fim, relembraremos as normas gramaticais que dizem respeito 
às especificidades morfológicas e sintáticas dos pronomes pessoais do caso oblíquo, com ênfase aos 
átonos, que se ligam ao verbo no processo denominado “colocação pronominal”.
4.1 Funções sintáticas substantivas
O sujeito e o predicado são as duas funções básicas na Sintaxe. De acordo 
com a gramática tradicional, o sujeito é aquele que pratica a ação, além de também 
poder ser definido como a pessoa ou o objeto de que se fala.
Na área da Morfossintaxe, analisam-se as diversas classes de palavras e as 
funções sintáticas que elas podem desempenhar, dependendo do contexto. Em 
razão disso, veremos a seguir exemplos dessa variação, demonstrando que, independentemente do 
nível de hierarquia, diferentes classes podem assumir a posição de sujeito:1
A empresa | decretou falência1.
O inigualável | deve ser o principal critério.
No primeiro caso, temos como sujeito um substantivo comum, “empresa”. No exemplo 
seguinte, embora também tenha sido usado um substantivo (como demonstra o artigo definido 
“o”, que antecede a palavra “inigualável”), é importante ressaltarmos que, originalmente, o termo 
em questão é um adjetivo. Sendo assim, o uso corrente dessa palavra pode ser exemplificado em:
Um prato inigualável | foi o vencedor do concurso.
No período acima, “inigualável” também compõe o sujeito. Entretanto, como adjetivo, ele 
não desempenha a função mais importante. O termo apenas caracteriza o substantivo comum 
“prato”, que é considerado o núcleo do sujeito. Para tornar mais clara essa estrutura, observe o 
diagrama a seguir:
1 Nesta seção do capítulo, será usada uma barra para indicar a separação entre sujeito e predicado.
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Figura 1 – Elementos composicionais do sujeito
Um prato inigualável
Sujeito
Um
Artigo
prato
Substantivo (núcleo)
inigualável
Adjetivo
Fonte: Elaborada pela autora.
Dessa forma, quando não é substantivado, o adjetivo “inigualável” cumpre sua função 
tradicional, de adjunto adnominal (elemento sintático que será apresentado na segunda seção deste 
capítulo).O numeral é outra classe de palavras que pode figurar como sujeito. Os exemplos a seguir 
representam isso:
Dez | são presos em operação policial.
Dez pessoas | são presas em operação policial2.
Esse par segue a mesma dinâmica do anterior, porque o numeral (a exemplo do adjetivo 
“inigualável”) pode desempenhar função sintática de primeira ou de segunda ordem. No primeiro 
caso, o numeral “dez” é sujeito. Porém, no segundo período, ele perde status: a palavra “dez” 
continua a integrar o sujeito, mas não é mais o núcleo. Nessa segunda proposição, o substantivo 
comum “pessoas” é o termo fundamental. O numeral passa a funcionar, então, como elemento 
secundário, que detalha ou especifica o substantivo. Isso significa que “dez” é adjunto adnominal 
de “pessoas”.
Frequentemente, também a classe dos pronomes assume a posição de sujeito. Os períodos a 
seguir trazem dois tipos distintos de pronomes nessa função sintática:
Eles | aguardavam o resultado da entrevista.
Ninguém | faltou ao encontro.
No primeiro exemplo, o sujeito é um pronome pessoal do caso reto – “Eles”. Já no segundo 
exemplo, a função privilegiada de sujeito é desempenhada por um pronome indefinido – “Ninguém”.
Depois do sujeito, o predicado adquire função primordial em um período. A rigor, esse 
elemento sintático de base é a informação que se dá a respeito do sujeito. Dessa maneira, o verbo 
possui papel fundamental em todos os tipos de predicado, como podemos ver nestes períodos:
O casaco | é azul.
A editora | publicou vários títulos.
2 Note que, nos dois exemplos que envolvem a classe dos numerais, há duas características bastante específicas da 
linguagem jornalística: a ausência do artigo (usa-se “em operação policial”, em vez de “em uma operação policial”); e o 
verbo no presente (em se tratando de ação relativa ao tempo passado, utiliza-se o verbo “são”, em vez de “foram”).
Da Morfologia à Sintaxe 41
Os exemplos apresentados aqui trazem os verbos “é” e “publicou” como elementos que dão 
início aos dois predicados, os quais são classificados, respectivamente, como: predicado nominal 
(por causa do verbo de ligação “é”); e predicado verbal (pelo uso do verbo de ação “publicou” e pela 
ausência de predicativo).
Entretanto, há casos em que o verbo também pode ser usado como sujeito:
Refletir | é essencial.
Pelo fato de responder à clássica pergunta: “O que é essencial?”, o verbo “refletir” desempenha 
a função de sujeito e, no período citado, completa a estrutura do período nominal, formado por: 
sujeito (“Refletir”) + verbo de ligação (“é”) + predicativo do sujeito (“essencial”)3.
4.2 Funções sintáticas adjetivas
As funções sintáticas adjetivas, por oposição às substantivas, têm importância 
secundária no período. Sendo assim, neste capítulo, elas irão corresponder aos 
termos integrantes e acessórios da oração. Em outras palavras, podemos afirmar 
que, embora as funções sintáticas adjetivas não atuem como sujeito ou predicado, 
podem fazer parte desses dois elementos básicos da Sintaxe.
A classe dos substantivos, que já analisamos na parte anterior, pode assumir as funções 
secundárias destacadas nestes exemplos:
O currículo | foi analisado pelo diretor.
A identificação dos assaltantes | é necessária.
Eles | compraram uma casa.
Depois de observar a utilização da barra para separar sujeito e predicado, verifique como 
os substantivos comuns apresentados nos três exemplos acima variam sua função sintática. 
O primeiro exemplo utiliza a voz passiva analítica, que apresenta um sujeito paciente (que sofre 
a ação = “O currículo”), uma locução verbal com a forma nominal do particípio (“foi analisado”) 
e o agente da passiva (quem pratica a ação = “pelo diretor”). O agente da passiva, por sua vez, é 
formado pela preposição “por” isolada ou em forma combinada com os artigos definidos (“pelo(s)” 
e “pela(s)”) e pelo termo que apresenta o agente em si (que, nesse caso, corresponde ao substantivo 
comum “diretor”). Como última informação, perceba que é relevante o fato de o agente da passiva 
aparecer dentro do predicado:
Predicado: foi analisado pelo diretor.
agente da passiva
3 No Capítulo 5 deste livro, veremos de modo mais detalhado os tipos de sujeitos, predicados e predicativos. Por ora, basta 
verificarmos que, no exemplo dado, o adjetivo é considerado um predicativo, porque nos fornece uma qualidade do sujeito.
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Estudos Morfossintáticos42
No outro exemplo, “dos assaltantes” reúne a forma combinada “dos” com o substantivo 
comum “assaltantes”, para apresentar o complemento nominal do período. Podemos comprovar 
isso pela análise de três critérios básicos, afinal, o complemento nominal: 1) apresenta preposição 
(que está na forma combinada “de” + “os” = “dos”); 2) vem logo após um substantivo, adjetivo ou 
 advérbio (“identificação” é um substantivo comum); e 3) tem sentido passivo (os assaltantes serão 
identificados por alguém). Sobre esse último quesito, o gramático Luiz Antonio Sacconi afirma: 
“O complemento nominal corresponde a um complemento objetivo” (SACCONI, 2004, p. 321). 
A terminologia usada pelo autor faz menção ao sentido passivo, já que o termo que desempenha a 
função de complemento nominal nunca pratica a ação. Por fim, quanto à estrutura, comprovamos 
facilmente que o complemento nominal tem função independente do sujeito, mas o integra:
Sujeito: A identificação dos assaltantes
complemento nominal
Para completar nossa análise, temos o exemplo três, no qual o substantivo comum “casa” 
desempenha a função de objeto direto do verbo “compraram”. Isso fica demonstrado pela estrutura 
do período, já que o verbo liga-se ao objeto sem o auxílio de preposição. Retomando o exemplo, 
temos: “Eles | compraram uma casa”. Veja que, logo após o verbo, há um artigo indefinido (“uma”) 
e, finalmente, o substantivo “casa”. Como o objeto é um complemento verbal, ele vem sempre 
próximo ao verbo e, por essa razão, integra o predicado.
Variando, agora, a classe de palavras, vejamos um exemplo em que um pronome pessoal do 
caso reto desempenha a função de objeto:
Nossos amigos | precisam de nós.
O pronome “nós” assume a função de objeto indireto da palavra “precisam”, porque o verbo 
liga-se ao objeto com o auxílio da preposição “de”. Aliás, a preposição é fundamental para que um 
pronome pessoal do caso reto possa desempenhar a função sintática analisada aqui. Observe que, 
ao retirarmos a preposição, na tentativa de formular um período que apresente um objeto direto 
(em vez de indireto), cometemos um grave erro gramatical:
Eles nunca viram ela.
O período acima está incorreto e, para corrigi-lo, precisamos utilizar um pronome oblíquo átono:
Eles nunca a viram4.
Na Gramática Houaiss da língua portuguesa, encontramos a seguinte constatação: “Mesmo 
os falantes mais escolarizados tendem a substituir as formas oblíquas átonas o/a/os/as por ele/
ela/eles/elas, quando relativas à pessoa de quem se fala” (AZEREDO, 2008, p. 259). No entanto, 
enfatize-se que, embora a construção “Eles nunca viram ela” seja bastante comum no uso cotidiano 
4 Casos como esse, de colocação pronominal, serão abordados nas seções 4.3 e 4.4 deste capítulo.
Da Morfologia à Sintaxe 43
da língua, tanto na fala quanto na escrita, essa forma só é adequada ao registro informal, em 
conformidade com a perspectiva da Linguística.
Escolhendo, agora, outro tipo de pronome, exemplificamos como essa classe de palavras 
pode também assumir a função sintática de adjunto adnominal5:
Eu | vendi aqueles livros.
Integrando o predicado, o pronome demonstrativo “aqueles” especifica o substantivo 
comum “livros”, caracterizando-se como adjunto adnominal, categoria que sempre vem junto de 
um nome6 (junto de um substantivo, exclusivamente7).
4.3 Mudanças estruturais nos casos de colocação pronominal
Chamamos de “colocação pronominal” o processo em que um pronome 
pessoal átono do caso oblíquo junta-se a um verbo. Existem duas razões para essa 
associação. A primeira deve-se ao fato de o pronome ser átono. Então, ele tentaemprestar a tonicidade do verbo. O segundo motivo é textual, pois o uso de um 
pronome oblíquo átono evita repetições excessivas, ao mesmo tempo em que 
facilita a ordem progressiva na apresentação das ideias, possibilitando maior aprimoramento à 
linguagem. Vejamos um exemplo de colocação pronominal:
Texto-base:
Gostei do livro que li durante as férias. Por isso, indiquei o livro aos meus colegas.
Texto reescrito com o auxílio do pronome oblíquo átono:
Gostei do livro que li durante as férias. Por isso, indiquei-o aos meus colegas.
 
Podemos perceber que a escolha do pronome “o” obedece às regras de concordância, para 
combinar com o gênero e o número do substantivo “livro”, que foi substituído, na reescrita. Outro 
fator importante é o uso do hífen, sinal diacrítico que permite a formação de uma nova unidade, 
com a união entre verbo e pronome oblíquo átono.
No que diz respeito à estrutura do período, é fundamental verificar a pontuação, pois a 
vírgula depois de “Por isso” provoca uma pausa. Embora essa ruptura não seja tão grande como 
aquela provocada pelo ponto, trata-se de uma interrupção. Portanto, o pronome oblíquo deve 
necessariamente vir depois do verbo, formando o processo denominado “ênclise”. Passando agora 
à estrutura da ênclise formada (“indiquei-o”), perceba que o verbo termina com um ditongo oral, 
permitindo que o pronome “o” seja utilizado em sua forma original, sem acréscimo de outras letras.
Depois dessa breve introdução, passemos aos três casos de colocação pronominal, 
diferenciados pela posição do pronome oblíquo átono em relação ao verbo:
5 Na seção 4.1, já analisamos essa função sintática, mas relacionada a outras classes: a dos adjetivos e a dos numerais.
6 Analisando morfologicamente os termos que compõem “adjunto adnominal”, podemos afirmar que a proximidade é 
sinalizada pelos morfemas “-junto” e pela preposição latina ad-, que, aliás, é usada duas vezes.
7 Nesse caso, o adjunto adnominal é diferente do complemento nominal, pois este pode seguir um substantivo, um 
adjetivo ou um advérbio.
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Estudos Morfossintáticos44
a) Ênclise: como mencionado anteriormente, esse processo apresenta o pronome depois do 
verbo. Ocorre, portanto, no início de períodos, depois de ponto, após a vírgula e quando 
não há nenhum tipo de palavra atrativa8. Exemplos:
Texto-base: Esqueci minha caneta. Empreste a sua caneta para mim, por favor.
Reescrita: Esqueci minha caneta. Empreste-a para mim, por favor.
Na reformulação do período, foi usada a ênclise (“Empreste-a”), porque o verbo e o termo 
repetido (a ser substituído) vinham logo no início do segundo período do texto. Além disso, para 
manter a coerência textual, não era possível escolher qualquer pronome oblíquo. Desse modo, 
levando-se em conta o número (singular) e o gênero (feminino) da palavra “caneta”, optou-se pelo 
pronome “a”9.
Considerando o aspecto linguístico, há dois usos comuns de ênclise que merecem maior 
aprofundamento. Um deles pode ser exemplificado desta forma: “Me empreste a sua caneta”. 
Conforme a gramática tradicional, esse período constitui erro, porque não leva em conta a norma 
da colocação pronominal que proíbe a utilização do pronome oblíquo átono como primeiro termo, 
em uma sentença. Entretanto, a forma “Me empreste” é permitida pela Linguística, desde que a 
situação e o público sejam informais.
Já o outro caso deve-se ao uso gratuito e desnecessário da ênclise, inclusive em casos nos 
quais a presença de palavras atrativas obriga o uso da próclise. De acordo com o gramático Pasquale 
Cipro Neto:
O resultado é que, na hora de escrever, as pessoas adoram enfiar o pronome 
depois do verbo. Não é à toa que vemos por aí coisas como “A chave não encontra-
se em poder da empresa” [...], [...] em que a colocação natural seria a próclise 
(“A chave não se encontra”; [...]). É a tal da hipercorreção (ou ultracorreção, ou 
ainda hiperurbanismo), que é a “preocupação de falar bem que redunda em 
erro”, como define o “Aurélio”. (CIPRO NETO, 2019)
A citação acima é bastante adequada para a apresentação do segundo caso de colocação 
pronominal, descrito a seguir.
b) Próclise: ocorre quando há uma palavra atrativa na oração, como, por exemplo, o advérbio 
“não”, comentado por Cipro Neto, na passagem transcrita no item a). Existem inúmeras 
classes de palavras que têm esse poder atrativo e que, exatamente por isso, exigem o uso 
da próclise. Entre elas, estão os advérbios, as palavras negativas, vários tipos de pronomes 
(relativos, interrogativos e indefinidos, principalmente), além de algumas preposições e 
conjunções. Exemplos:
Não me é permitido dirigir à noite. 
(“não” = palavra negativa e advérbio)
Comprou o carro que lhe convinha. 
(“que” = pronome relativo)
8 As palavras atrativas serão comentadas no caso de colocação que será apresentado em seguida: a próclise.
9 A lista completa dos pronomes oblíquos átonos será apresentada mais adiante, na seção 4.4.
Da Morfologia à Sintaxe 45
Sempre me exercito pela manhã. 
(“sempre” = advérbio)
Por que me disse isso? 
(“Por que...?” = pronome interrogativo)
À medida que se distanciava do local, ele ficava mais calmo. 
(“à medida que” = locução conjuntiva)
Alguém o atrapalhou. 
(“alguém” = pronome indefinido)
Escolheu o presente certo para me agradar. 
(“para” = preposição)
c) Mesóclise: é usada quando há verbos no futuro do presente ou no futuro do pretérito e 
quando não há palavras atrativas no período. Exemplo:
Texto-base: Darei mais uma chance a ti.
Reescrita: Dar-te-ei mais uma chance.
Na transformação demonstrada, o verbo foi dividido em duas partes, para permitir a 
colocação do pronome oblíquo átono “te” entre elas. Evidentemente, o corte não pode ser feito 
em qualquer ponto do verbo. Pela regra, a divisão deve ser feita antes das vogais que distinguem a 
conjugação dos dois tipos de futuro. Enquanto o futuro do presente é caracterizado pelo ditongo 
“-ei”, o futuro do pretérito é marcado pelas vogais “-ia”. Além disso, perceba que a primeira parte do 
verbo corresponde à forma nominal do infinitivo (“dar”). Na última etapa, o pronome oblíquo átono 
“te” (escolhido para concordar com “ti”) é inserido entre as duas partes do verbo, posicionando-se 
no meio da palavra.
Além dos três casos de colocação pronominal, algumas características ortográficas interferem 
decisivamente na estrutura da nova palavra, que associa verbo e pronome oblíquo. Exemplo:
Texto-base: Decidi poupar o dinheiro.
Reescrita: Decidi poupá-lo.
Na reformulação, eliminamos o “-r” do verbo “poupar” e usamos a letra “l” para unir o 
pronome oblíquo ao verbo. Essa regra vale para as formas verbais terminadas em “-r”, “-s” ou “-z” 
e apenas para os pronomes oblíquos “o(s)” e “a(s)”. Sendo assim, no lugar de “Alugamos o carro” e 
“Fez um bolo”, temos, respectivamente: “Alugamo-lo” e “Fê-lo”.
Essa regra é fundamental para compreendermos melhor este outro exemplo de mesóclise, 
agora formada com um verbo conjugado no futuro do pretérito:
Texto-base: Eu responderia a pergunta.
Reescrita: Respondê-la-ia
Estudos Morfossintáticos46
Na mesóclise formada, a letra “l” une-se ao pronome oblíquo átono “a”. Em função de o 
pronome usado nesse exemplo ser o “a”, precisamos aplicar a regra descrita, que exige também o 
corte da letra “r”, na primeira parte do verbo. Ao final, sobram as vogais “i” e “a”, que caracterizam 
o futuro do pretérito.
Outra norma da colocação pronominal diz respeito ao uso de verbos que terminam com 
ditongo oral (conforme exemplificamos no início desta parte do capítulo, na forma “indiquei-o”) e 
com ditongo nasal. Exemplo:
Texto-base: As filhas dão as rosas para a mãe.
Reescrita: As filhas dão- nas para a mãe.
Como se vê, o ditongo nasal é mantido, mas exige o acréscimo da consoante “n” ao 
pronome oblíquo “as”. Isso também vale para os verbos terminados em “m” (“Pediram um favor.” 
> “Pediram-no.”).
Por meio da análise de todos esses casos de colocação pronominal, você deve ter percebido o 
alto nível de formalidade quea ênclise e a mesóclise podem emprestar à nossa fala ou escrita. Celso 
Luft refere-se a isso, quando afirma que a próclise corresponde a um “tom coloquial, intimista, ou 
descontraído. Por contraste, a ênclise soa à cerimônia, linguagem objetiva, técnica [...]” (LUFT, 
2002, p. 39). De fato, sabemos que, linguisticamente, aquelas formas consideradas eruditas demais 
não devem ser usadas no dia a dia, com o público médio. Sendo assim, às vezes é necessário 
buscarmos alternativas mais simples, sem, no entanto, desrespeitar as normas gramaticais, se 
estivermos privilegiando uma situação e um interlocutor formais, mas que não requerem excessos. 
Exemplo:
Texto-base: 
Levei uma maçã para a escola. 
Comerei a maçã na hora do lanche.
Reescrita com mesóclise: 
Levei uma maçã para a escola. 
Comê-la-ei na hora do lanche.
Reescrita sem mesóclise:
Levei uma maçã para a escola. 
Comerei a fruta na hora do lanche.
A mesóclise deixou o texto formal demais. Portanto, para diminuir a formalidade e manter 
a correção gramatical, a proposta mais simples sugere o uso de um termo sinônimo (“fruta”). 
A estratégia é bastante eficiente, pois evita a repetição e neutraliza o tom excessivo da primeira 
reescrita.
Da Morfologia à Sintaxe 47
4.4 Funções sintáticas na colocação pronominal
Neste subitem de nosso capítulo, vamos tratar da correspondência entre os 
pronomes oblíquos átonos e as funções sintáticas de objeto direto e objeto indireto. 
Existem pronomes que podem desempenhar apenas a função de objeto direto. 
Outros, porém, são usados exclusivamente para substituir um objeto indireto. Por 
fim, em um terceiro grupo, que reúne a maioria dos oblíquos átonos, aparecem 
os pronomes que podem assumir ambas as funções sintáticas. Para entender melhor essa divisão, 
observe o quadro a seguir:
Quadro 1 – Morfossintaxe dos pronomes oblíquos átonos
Função(ões) sintática(s) Pronomes oblíquos átonos
Objeto direto o, a, os, as
Objeto indireto lhe, lhes
Objeto direto ou Objeto indireto me, te, se, nos, vos
Fonte: Elaborado pela autora.
Em seguida, vejamos na prática as correspondências que foram apresentadas no quadro. 
Para tanto, a análise sintática do período é a primeira etapa a ser cumprida, a fim de identificarmos 
o(s) tipo(s) de objeto(s) apresentado(s) em cada exemplo:
Texto-base: Devolveu as chaves.
Reescrita: Devolveu-as.
No texto proposto, há um objeto direto (“as chaves”). Não há preposição e o objeto é 
facilmente identificado a partir da pergunta: “Devolveu o quê?” Sendo assim, na reescrita devemos 
optar pelo pronome “as”, para concordar com o gênero e o número do substantivo “chaves”. Além 
disso, como o verbo termina com ditongo oral, a grafia se mantém e nenhuma letra deve ser 
acrescentada ao pronome.
Alterando o tipo do objeto, neste novo exemplo temos:
Reescrita: Pagou-lhe o cachê.
Texto-base: Pagou o cachê ao artista.
No período apresentado, o pronome “lhe” foi escolhido, porque é adequado para substituir 
um objeto indireto (“ao artista”). Tanto na pergunta (“Pagou o cachê a quem?”) como na resposta 
(“Ao artista”) a preposição “a” está presente, indicando que se trata de um objeto indireto. Essa 
mesma função sintática é privilegiada neste par:
Texto-base: Informou a data para mim.
Reescrita: Informou-me a data.
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Estudos Morfossintáticos48
O objeto indireto “para mim” (que traz a preposição “para”) é substituído pelo oblíquo átono 
“me”. Entretanto, no caso apresentado a seguir, o mesmo pronome demonstra sua flexibilidade 
sintática (assim como já sinalizava o quadro apresentado anteriormente), passando a assumir a 
função de um objeto direto:
Texto-base: Elas não acharam eu.
Reescrita: Elas não me acharam.
Nessa última reescrita, o uso do pronome oblíquo átono não é uma opção, mas uma 
necessidade. Isso ocorre pelo fato de o pronome pessoal do caso reto (“eu”) não poder desempenhar 
a função de objeto direto, conforme o conteúdo apresentado na parte 4.2. Dessa forma, a única 
possibilidade de manter a ideia do texto-base e responder a pergunta: “Eles não acharam quem?” é 
utilizar o pronome “me”, que corresponde à primeira pessoa do singular e à função de objeto direto, 
simultaneamente.
Considerações finais
Neste capítulo, discutimos temas que comprovam a flexibilidade da língua, procedimento em 
que uma única classe se multiplica, servindo a diversos contextos e, consequentemente, assumindo 
funções sintáticas distintas. Dessa forma, foi possível constatarmos que a hierarquia das classes 
de palavras não garante a hierarquia sintática. Em suma, uma palavra caracterizada inicialmente 
como secundária, como o numeral, por exemplo, não se restringe apenas às funções de menor valor 
sintático, como adjunto ou complemento nominal. Em vez disso, ela pode ser determinante no texto 
e assumir a posição privilegiada do sujeito.
Outra constatação fundamental que fizemos neste capítulo deve-se à complexa relação entre 
estilo e colocação pronominal, o que pode nos ajudar no uso cotidiano da língua portuguesa. Ao 
contrário do que geralmente pensamos, a forma mais culta nem sempre é a mais adequada. Da mesma 
maneira, aquelas modalidades informais de fala e de escrita não devem ser julgadas precipitadamente, 
pois quase sempre correspondem a um objetivo e a um público bastante específicos.
Ampliando seus conhecimentos
• BOLOGNESI, J. Pronomes: 4 regras práticas. Disponível em: https://exame.abril.com.br/
carreira/colocacao-pronominal-4-regras-praticas/. Acesso em: 4 mar. 2019.
O artigo em questão, escrito por João Bolognesi, faz um resumo muito útil das principais 
regras de colocação pronominal. Além disso, o autor apresenta uma lista com inúmeros 
exemplos de palavras atrativas, que têm fundamental importância nos casos de próclise.
• SILVA, R. V. M. e. O português brasileiro. Disponível em: http://cvc.instituto-camoes.pt/
hlp/hlpbrasil/index.html. Acesso em: 4 mar. 2019.
Da Morfologia à Sintaxe 49
Nesse material, divulgado pelo Instituto Camões, que é uma das entidades normatizadoras 
da língua portuguesa, nos diversos países em que ela é utilizada, a autora, Rosa Virgínia 
Mattos e Silva, menciona as principais diferenças entre o português brasileiro e o português 
europeu10. Em se tratando dos pronomes, deve ser privilegiada a leitura da seção 1.2, mas 
atenção: a pesquisadora utiliza uma terminologia específica. Trata-se da palavra “clítico”, 
que é definida desta forma, no dicionário Novo Aurélio século XXI: “palavra que depende 
fonologicamente de outra, comportando-se como se fosse uma de suas sílabas”. De fato, 
o uso do hífen, na maioria dos casos de colocação pronominal, exemplifica muito bem 
esse conceito.
• VERISSIMO, L. F. Papos. Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/
lportuguesa/lpe09/01.html. Acesso em: 4 mar. 2019.
No link indicado, a crônica de Luis Fernando Verissimo, que também pode ser lida em 
coletâneas impressas publicadas pelo autor, a exemplo do livro Comédias para se ler na 
escola, parte do uso dos pronomes oblíquos átonos para debater a diferença entre os registros 
formal e informal. Durante a leitura, fique atento ao perfil dos falantes, à linguagem que 
cada um utiliza e ao laço de amizade que existe entre os personagens. Os dois são amigos 
e essa proximidade autoriza e até mesmo exige o uso de uma linguagem cotidiana e mais 
descontraída.
Atividades
1. Nos períodos a seguir, classifique morfológica e sintaticamente os termos sublinhados, 
identificando a classe da palavra e a função sintática:
a) O carro apresentou problemas.
b) Duas pessoas foram assaltadas no centro.
c) O síndico apresentou aquilo a todos os condôminos.
d) O terreno foi medido por eles.
2. Faça a substituição dos termos grifados, utilizando pronomes oblíquos átonos adequados. 
Depois, indique a função sintática que eles desempenham no período:
a) Hoje reencontrarei meus filhos.
b) Verei meu avô amanhã.
c) Expliquei tudo a você.
d) Emprestou a mim o dinheiro.
e) Nada surpreendeu os convidados.
10 Inclusive alguns gramáticos,como Ataliba Castilho, analisam essas distinções. Talvez a principal delas esteja no fato 
de o português brasileiro ser caracterizado como “proclítico” (porque privilegia as próclises), ao passo que o português 
europeu é considerado como sendo de natureza “enclítica” (pelo uso frequente das ênclises) (Cf. CASTILHO, 2010, p. 484).
Estudos Morfossintáticos50
3. Substitua as palavras marcadas por pronomes oblíquos, observando as regras de estrutura e 
ortografia:
a) Vendemos o carro.
b) Desenharam os mapas.
c) Empilhou as revistas.
Referências
AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008.
CASTILHO, A. T. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.
CIPRO NETO, P. “Multa para quem superá-la”. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2604200103.htm. Acesso em: 5 mar. 2019.
HOLANDA, A. B. Clítico. In: HOLANDA, A. B. de. Novo Aurélio século XXI. Nova Fronteira, [s. l.: s.n.]. 
1 CD-ROM.
LUFT, C. P. Moderna gramática brasileira. São Paulo: Globo, 2002.
SACCONI, L. A. Nossa gramática: Teoria e prática. São Paulo: Harbra, 2004.
VERISSIMO, L. F. Comédias para se ler na escola. São Paulo: Objetiva: 2001.
5
Funções sintáticas no período simples
Nesta parte de nosso estudo, usaremos o período simples como ponto de partida para 
a análise sintática. Em cada seção do capítulo, serão apresentados e exemplificados diferentes 
elementos, tais como: a) os diferentes tipos de sujeito; b) as três classificações de predicado; 
c) os complementos verbais – especificamente os objetos direto, indireto e o predicativo 
do sujeito; d) os complementos exigidos pelos nomes, com ênfase a predicativo do objeto, 
complemento nominal, adjunto adnominal e agente da passiva.
Para facilitar a compreensão dos principais elementos sintáticos de nossa língua, todos eles 
serão analisados em períodos simples. Essa estrutura básica possibilita uma diversidade razoável, 
em termos de flexibilidade e organização do texto, sem deixar de lado a questão da hierarquia, que 
é fundamental na Sintaxe. Evidentemente, se o período simples será usado para fins analíticos, em 
todos os exemplos e exercícios, é imprescindível retomar esse conceito. Então, vamos a ele.
Estruturalmente, um período corresponde ao intervalo que vai desde a inicial maiúscula até 
o ponto. Além disso, cada período é definido pelo número de orações que o compõem. As orações, 
do mesmo modo, estabelecem-se pelo número de verbos ou locuções verbais. Isso significa que um 
período simples deve apresentar somente uma oração, ou seja: apenas um verbo ou uma locução 
verbal. Consequentemente, um período composto é formado por duas ou mais orações (e por dois 
ou mais verbos ou locuções verbais). Observe o par a seguir, que exemplifica essa distinção:
Período simples: 
(1 oração = 1 locução verbal)Vou comprar um carro novo. 
(1 oração = 1 verbo)Comprarei um carro novo. 
Período composto:
(2 orações = 1 locução verbal e 1 verbo)Vou economizar dinheiro para comprar um carro novo.
(2 orações = 2 verbos)Economizarei dinheiro para comprar um carro novo.
Neste primeiro momento, usaremos o período simples para fixarmos conceitos, tipologias e 
funções sintáticas. Entretanto, o período composto também será abordado neste livro, no Capítulo 6.
5.1 Tipos de sujeito
Gramaticalmente, o sujeito pode ser definido como “unidade ou sintagma 
nominal que estabelece uma relação predicativa com o núcleo verbal para constituir 
uma oração” (BECHARA, 2009, p. 409). Sendo assim, as normas de concordância 
Vídeo
Estudos Morfossintáticos52
do verbo dependem essencialmente do sujeito. Neste outro conceito, Mário Perini ressalta essa 
particularidade: “Sujeito é o termo da oração que está em relação de concordância com o núcleo 
do predicado” (PERINI, 2003, p. 76).
Existem cinco tipos principais de sujeito na língua portuguesa. Nos itens que seguem, 
analisaremos alguns exemplos1:
a) Simples: apresenta apenas um núcleo. Exemplo:
Cantores brasileiros | fazem turnê no exterior.
O sujeito completo é “Cantores brasileiros”, mas existe apenas uma palavra que é de fato 
importante e necessária para uma comunicação razoável: “Cantores”. Por esse motivo, esse termo 
é chamado de “núcleo do sujeito”.
b) Composto: apresenta dois ou mais núcleos. Exemplo:
Os pais, os alunos e os professores | promoveram a peça de teatro.
Nesse período, há três núcleos (que correspondem aos termos em destaque). Isso significa 
que o sujeito é composto. Além disso, observe que as afirmações de Bechara e Perini, citadas 
anteriormente, consolidam-se nos exemplos apresentados aqui, já que o verbo “promoveram” 
concorda com o sujeito (“Os pais, os alunos e os professores” = “Eles”).
c) Oculto: também chamado “implícito”, “simples implícito”, “elíptico” ou “desinencial”, esse 
tipo de sujeito leva em consideração a flexão do verbo. Exemplo:
[Nós] | Pedimos mais prazo à seguradora.
Perceba que o pronome pessoal do caso reto (“Nós”) não aparece no período, que começa 
diretamente com o verbo (“Pedimos”). Sendo assim, precisamos analisar a desinência número- 
-pessoal do verbo para definir o sujeito2.
d) Indeterminado: utiliza verbos flexionados na terceira pessoa, podendo apresentar as 
seguintes estruturas: verbo na terceira pessoa do plural; ou verbo na terceira pessoa do 
singular + “se”, que, nesse contexto, assume a função denominada “PIS” (Partícula de 
Indeterminação do Sujeito). Exemplos:
[Eles/Elas] | Chegaram cedo à reunião3.
[Ele/Ela] | Trata-se de um assunto urgente.
1 Neste capítulo (a exemplo do que foi feito no Capítulo 4), será usada uma barra para indicar a separação entre 
sujeito e predicado.
2 O sujeito oculto é frequentemente confundido com o sujeito indeterminado. Para não errar, basta seguir esta 
diferenciação: o sujeito oculto omite os pronomes pessoais “eu”, “tu”, “ele(a)” sem o “se”, “nós” e “vós”; em contrapartida, 
o indeterminado traz verbos conjugados por dois pronomes apenas: “ele(a)” + “se” e “eles(as)”.
3 O sujeito indeterminado, assim como o sujeito oculto, não aparece expresso no período. Isso significa que há 
distinção entre os sujeitos das orações apresentadas a seguir. Observe: “Eles chegaram cedo à reunião” (= sujeito 
simples: “Eles”); “Chegaram cedo à reunião” (= sujeito indeterminado).
Funções sintáticas no período simples 53
Os exemplos demonstram os dois casos de sujeito indeterminado. Sem dúvida, o segundo é 
o mais complexo e, para não errar na classificação, é preciso saber diferenciar PIS e PA (Pronome 
Apassivador). Em: “Trata-se de um assunto urgente”, é utilizada a partícula de indeterminação do 
sujeito (PIS). Desse modo, a transição para a voz passiva analítica é impossível. Essa mudança, 
aliás, é dificultada pelo verbo “trata”, que, nesse contexto, é transitivo indireto.
Contudo, quando temos o uso do “se” como pronome apassivador (PA), a passagem para a 
voz passiva analítica torna-se possível. Vejamos isso na prática:
Notificou-se | o motorista. O motorista | foi notificado.
Dessa maneira, alteram-se a função do “se” e o tipo de sujeito, pois, em “Notificou-se o 
motorista”, o sujeito é simples – “o motorista”4. Confirmamos isso quando utilizamos a ordem 
direta (propiciada pela voz passiva analítica).
Outro detalhe fundamental sobre o sujeito indeterminado é o fator que o determina. 
O termo-chave é sempre o verbo. Isso significa que o valor semântico de algumas palavras nunca 
deve ser levado em conta. Algumas gramáticas explicitam essa regra:
Quando o sujeito da oração é um indefinido, há apenas indeterminação psicológica. 
Na análise sintática de – “Alguém terminou o trabalho” – por exemplo, devemos 
declarar: sujeito simples, representado pelo pronome indefinido alguém. Não 
podemos esquecer que a análise sintática se fundamenta na sintaxe, que é uma das 
partes em que se divide a Gramática. (GÓIS; PALHANO apud HAUY, 1987, p. 58)
Para fixarmos esse critério de diferenciação, fornecemos outro exemplo:
Qualquer um | sabe disso.
No períodoanterior, temos um sujeito simples (“Qualquer um”), apesar de não sabermos 
claramente de que pessoa se trata.
e) Oração sem sujeito: antigamente, utilizava-se a terminologia “sujeito inexistente”. Porém, 
essa nomenclatura caiu em desuso, por ser considerada contraditória pela maioria dos 
estudiosos da língua. Desde então, usamos a classificação nova: “oração sem sujeito”. 
Entre todos os tipos de sujeito, essa categoria obedece a diversos critérios, que serão 
apresentados e exemplificados a seguir:
Nevou no norte do país.
Esse período não tem sujeito, porque utiliza um verbo impessoal (“nevou”, que indica um 
fenômeno natural). Dessa forma, o verbo não pode ser conjugado em nenhuma outra pessoa. 
Existe apenas a forma neutra, que corresponde à terceira pessoa do singular.
São duas horas da tarde. Está muito frio.
4 Nesse exemplo, além de simples, o sujeito é também paciente (porque sofre uma ação, em vez de praticá-la). Essa 
categoria foi mencionada anteriormente, nas análises do Capítulo 4.
Estudos Morfossintáticos54
Nesse par de exemplos, os verbos “ser” e “estar” indicam tempo e por isso também são 
considerados impessoais. No primeiro período, destaca-se o aspecto cronológico. No segundo, o 
meteorológico.
Há uma boa chance.
No período acima, o verbo “haver” é utilizado no sentido de “existir” e, por isso, não 
apresenta sujeito. Porém, é necessário ter muita atenção nesse caso, pois, se for usado o verbo 
“existir”, o período apresentará um sujeito:
Existe | uma boa chance.
Alterando o verbo, modificamos também o tipo de sujeito. A oração agora passou a ter 
sujeito simples.
5.2 Tipos de predicado
Em nossa língua, a classificação dos predicados depende de dois fatores: a) 
tipo de verbo; b) presença (ou ausência) de predicativo. Vejamos a análise de alguns 
exemplos:
a) Predicado verbal: apresenta como núcleo um verbo de ação. Isso significa que, 
nesse tipo de predicado, não pode ser usado um verbo de ligação. Exemplos:
Os cachorros | latem. Eu | investiguei o caso.
Nos períodos apresentados, há um verbo intransitivo (ou seja: que não exige nenhum objeto: 
“latem”) e um verbo transitivo direto (“investiguei”, porque esse exige um objeto direto: “o caso”).
b) Predicado nominal: utiliza um verbo de ligação5 e, consequentemente, traz um nome 
(predicativo) como núcleo. Exemplo:
O vizinho | estava irritado.
O predicado traz um verbo de ligação – “estava” – e um predicativo – “irritado” –, que diz 
respeito ao núcelo do sujeito – “vizinho”.
c) Predicado verbo-nominal: combina as características das duas tipologias anteriores. Sendo 
assim, esse predicado utiliza dois núcleos: um verbo de ação e um predicativo. Exemplo:
A reação do público | deixou o artista apreensivo.
O predicado em destaque é verbo-nominal, porque combina o verbo “deixou” ao predicativo 
“apreensivo”. É importante notar que o predicativo (do sujeito ou do objeto) é sempre um adjetivo ou 
um adjetivo/particípio. Além disso, observe que, no caso do período apresentado, o termo “apreensivo” 
constitui o predicativo do objeto, já que define “o artista” (objeto direto do verbo “deixou”).
5 Conforme Ernani Terra, esses verbos não possuem “conteúdo significativo, exprimem estado ou mudança de 
estado e servem como elemento de ligação entre um sujeito e seu atributo (predicativo do sujeito). [...]. Os principais 
verbos de ligação são: ser, estar, parecer, permanecer, ficar, andar, continuar” (TERRA, 2011, p. 213, grifo no original).
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Funções sintáticas no período simples 55
5.3 Complementos do verbo
Como vimos na parte anterior deste capítulo, o verbo de ligação exige um 
adjetivo como complemento. Dessa forma, a qualidade (ou o defeito) desempenha 
a função sintática de predicativo do sujeito. Observe mais um exemplo:
O corredor | parecia machucado.
O verbo de ligação “parecia” usa como complemento um adjetivo/particípio – “machucado”.
No que diz respeito aos verbos de ação, importam, neste item, os chamados “transitivos”, que, 
“por sua vez, são subclassificados em transitivos diretos, transitivos indiretos e transitivos diretos e 
indiretos [...]. Há dois tipos de complementos verbais: o objeto direto e o objeto indireto” (CIPRO 
NETO; INFANTE, 2003, p. 361). Exemplos:
Ela | comprou roupas novas.
O aluno | precisa de nota.
Avisou o chefe sobre o prejuízo.
O primeiro exemplo traz o verbo “comprou” (transitivo direto). Consequentemente, o 
complemento dado ao verbo é um objeto direto (“roupas novas”). O objeto indireto (que se une a verbos 
transitivos, com auxílio de preposição) é exemplificado no segundo período. Nele, o objeto indireto “de 
nota” surge como complemento do verbo “precisa”. Por fim, o terceiro exemplo apresenta transitividade 
diferenciada, porque menciona dois objetos: um direto (“o chefe”) e outro indireto (“sobre o prejuízo”). 
Veja que “sobre” é preposição e por isso esse termo é determinante na classificação do segundo objeto. 
Como resultado da estrutura desse último exemplo, o verbo é chamado de “transitivo direto e indireto”, 
anunciando em seu nome os tipos de complementos exigidos.
5.4 Complementos do nome
Nesta seção, revisaremos funções sintáticas que já foram apresentadas 
anteriormente (neste capítulo e também no Capítulo 4). Entretanto, elas ainda não 
tinham sido classificadas como “complementos do nome”, tal como faremos agora, 
com dois exemplos distintos:
Eles | recusaram o convite inesperado.
A área | foi preservada pelos biólogos.
O primeiro período tem em destaque o termo “inesperado”, que desempenha a função de 
predicativo do objeto. Quando analisamos a oração inteira, constatamos que o verbo (transitivo 
direto: “recusaram”) já foi completado com um objeto direto (“o convite”). Sendo assim, esse tipo de 
predicativo não é exigido pelo verbo, mas pelo nome. Contudo, a complementação não é obrigatória, 
mas opcional. Se tivéssemos apenas “Eles / recusaram o convite”, a comunicação atingiria um nível 
satisfatório, pois o enunciado está completo. Todavia, ao acrescentarmos o adjetivo “inesperado”, 
detalhamos a informação, especificando o tipo de convite.
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Estudos Morfossintáticos56
No segundo caso, estruturado na forma de voz passiva analítica, o sujeito simples é também 
paciente, porque “A área” sofre a ação praticada pelos biólogos. Relacionado a isso, convém 
retomarmos a sequência já apresentada no Capítulo 4 deste livro e que reúne: verbo de ligação + 
particípio + agente da passiva. No exemplo em análise, temos o particípio6 “preservada” e, logo em 
seguida, o agente da passiva – “biólogos” – é introduzido pela preposição “por”, que, somada ao 
artigo “os”, resulta na forma combinada “pelos”.
Outros tipos de complementos do nome são o adjunto adnominal e o complemento nominal, 
ambos já introduzidos na segunda parte do Capítulo 4. Retomando esses conceitos e as diferenças 
essenciais entre eles, analisaremos aqui os seguintes exemplos:
Os meninos do interior | chegaram.
A prova do aluno | foi ótima.
Em ambos os períodos, destacamos apenas os adjuntos adnominais. De acordo com a gramática 
tradicional, essa função sintática pode ou não apresentar preposição. De fato, “Os” e “A” não passam 
de artigos, enquanto “do interior” e “do aluno” iniciam-se com a preposição “de” somada ao artigo 
“o” (= “do”). O adjunto adnominal “do interior” é uma locução adjetiva, por apresentar preposição e 
substantivo e pelo fato de esse conjunto de palavras poder ser substituído por um adjetivo (“interioranos”, 
nesse caso). Esse tipo de locução é uma especificidade do adjunto adnominal.
Já o adjunto “do aluno” inicialmente pode gerar alguma dúvida quanto à classifcação, mas 
há um meio bastante eficiente de resolver a questão. Como vimos, no Capítulo 4, o complemento 
nominal sempre tem sentido passivo. Em contrapartida, o adjunto adnominal tem função ativa. 
Aplicando esse raciocínio ao período em análise, concluímos que a prova foi feita pelo aluno. 
Portanto, “do aluno” corresponde a um sentido ativo, confirmando esta explicaçãode Sacconi: “O 
adjunto adnominal corresponde a um complemento subjetivo7” (SACCONI, 2004, p. 321). A título 
de comparação, analisemos agora um exemplo de complemento nominal:
A explicação aos jurados | foi convincente.
Diferentemente do adjunto adnominal, o complemento nominal pode seguir um adjetivo, 
um advérbio ou um substantivo. No período apresentado aqui, ele segue o substantivo “explicação”. 
Além disso, no complemento nominal a preposição é obrigatória8 e sempre prevalece o sentido 
passivo. Com base nisso, concluímos que “aos jurados” cumpre esses dois critérios, pois: apresenta 
a preposição “a” combinada ao artigo “os” (“a” + “os” = “aos”); e indica sentido passivo, porque os 
jurados recebem a explicação dada por alguém.
6 O particípio é um nome, por ser uma forma nominal de verbo.
7 O autor usa o termo “subjetivo” por associação à função ativa da maioria dos sujeitos.
8 Às vezes, a necessidade da preposição provoca confusão entre complemento nominal e objeto indireto. Para 
diferenciar essas duas funções sintáticas, é preciso verificar qual termo está sendo completado: o verbo ou o nome? 
Exemplos: “Eu confio em você” e “Eu tenho confiança em você”. Ambos os períodos têm preposição, mas há uma 
distinção essencial: no primeiro exemplo, temos um objeto indireto, porque completa o sentido do verbo (“confio”). Já, 
na segunda oração, identificamos um complemento nominal, porque segue um substantivo (“confiança”).
Funções sintáticas no período simples 57
Considerações finais
Com as análises feitas neste capítulo, cruzamos definitivamente uma fronteira. Isso significa 
que, depois de discutirmos temas pertinentes à Morfologia, nos capítulos anteriores, chegamos 
finalmente ao território da Sintaxe. A introdução aos conceitos de uma nova área de nossa gramática 
exige uma progressão gradual, razão pela qual as análises feitas aqui privilegiaram o conjunto do 
período simples, que é breve, mas essencial. A simplicidade dessa estrutura textual permitiu a 
retomada e a consolidação das principais funções sintáticas, assegurando que elas possam ser 
aprofundadas e verificadas em textos maiores e mais complexos, nos capítulos posteriores.
Ampliando seus conhecimentos
• RODRIGUES, S. ‘Foi difícil para EU fazer isso.’ E agora? Disponível em: https://veja.abril.com.
br/blog/sobre-palavras/foi-dificil-para-eu-fazer-isso-e-agora/. Acesso em: 17 mar. 2019.
Sérgio Rodrigues mantém uma coluna na revista Veja e faz uso desse espaço na mídia, 
para tirar dúvidas dos leitores e esclarecer questões pertinentes ao uso cotidiano da língua 
portuguesa. No texto indicado, o autor comenta as funções dos pronomes “eu” e “mim”, 
quando associados ao verbo e à posição de sujeito.
• BECHARA, E. Lições de português pela análise sintática. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
Esse livro relaciona as normas gramaticais à prática, priorizando a Sintaxe. O livro 
é indicado para quem já tem uma base razoável da organização sintática da língua. 
Desse modo, por meio dos exercícios propostos, é possível relembrar e aprofundar os 
conceitos mais elementares, fixando tipologias e classificações, em exemplos formulados 
especificamente para fins didáticos.
• FERREIRA, M. Aprender e praticar gramática. São Paulo: FTD, 2014.
Seguindo a mesma linha do livro indicado no item anterior, esse livro também propõe a 
associação entre teoria e prática. O autor Mauro Ferreira é uma referência, quando se trata 
dos aspectos técnico e didático de nossa língua. Inúmeras escolas utilizam há décadas as 
gramáticas desenvolvidas por ele, porque as obras são bastante claras e objetivas, atendo-
-se aos conteúdos mais relevantes, sem informações excessivas ou inusuais.
Atividades
1. Indique e classifique os sujeitos dos períodos simples a seguir:
a) Reformam-se roupas.
b) Viajamos para a Europa.
c) Voltaram o pai, a mãe e os filhos.
Estudos Morfossintáticos58
d) Escreveram um novo livro.
e) Existiam segredos na família.
2. Aponte os predicados das orações abaixo. Depois, defina o tipo de cada um deles:
a) O síndico apresentou o relatório.
b) Elas chegaram atrasadas ao espetáculo.
c) A candidata parecia confiante.
3. Defina a função sintática dos termos em destaque nas orações dadas:
a) O prefeito ofereceu auxílio aos desabrigados.
b) A empresa foi superada por seu principal concorrente.
c) A aprovação de novos empréstimos foi suspensa.
d) A decisão foi conveniente ao réu.
e) Minha tataravó nasceu na Inglaterra.
f) O turista estava animado.
Referências
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
BECHARA, E. Lições de português pela análise sintática. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
CIPRO NETO, P.; INFANTE, U. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Scipione, 2003.
FERREIRA, M. Aprender e praticar gramática. São Paulo: FTD, 2014.
HAUY, A. B. Da necessidade de uma gramática-padrão da língua portuguesa. São Paulo: Ática, 1987.
PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. São Paulo: Ática, 2003.
SACCONI, L. A. Nossa gramática: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 2004.
TERRA, E. Curso prático de gramática. São Paulo: Scipione, 2011.
6
Funções sintáticas no período composto
Neste capítulo, abordaremos os períodos compostos. Para tanto, começaremos pelas 
diferenças entre dois sistemas relacionais: o de coordenação e o de subordinação. Posteriormente, 
serão destacadas as funções sintáticas das orações subordinadas substantivas (subjetivas, 
predicativas, objetivas diretas, objetivas indiretas e completivas nominais).
6.1 Tipos de períodos compostos
Os períodos compostos devem apresentar um conjunto de duas orações, 
no mínimo. Dependendo da relação estabelecida por essas orações, o período é 
classificado de dois modos distintos:
a) Período composto por coordenação: Nessa unidade textual, existem 
apenas orações coordenadas, conceituadas como “aquelas que, no período, não 
exercem função sintática umas em relação às outras” (TERRA, 2011, p. 241, grifos 
nossos). Como exemplo, podemos citar: “Fui surpreendido, porque me distraí com a 
situação1”. Nesse período, temos duas orações. A primeira (“Fui surpreendido”) não 
apresenta conjunção e por isso recebe o nome de “oração coordenada assindética”. Na 
parte sublinhada, a conjunção aparece e dá nome à oração. A palavra “porque” tem valor 
explicativo, razão pela qual a segunda oração é assim denominada: “oração coordenada 
sindética2 explicativa”.
Apesar de as tipologias de orações coordenadas não constituírem o objetivo deste livro, é 
fundamental percebermos duas características no exemplo dado: a conjunção serve como elemento 
coesivo, unindo as orações, e isso comprova que as duas partes do período são essenciais para 
uma comunicação completa e eficaz; no entanto, as duas orações do período são independentes 
sintaticamente (ou seja: cada oração tem um sujeito próprio e, no caso em análise, temos uma 
coincidência, pois os dois sujeitos são ocultos e correspondem ao pronome “eu”).
b) Período composto por subordinação: É formado por uma oração principal e uma 
oração subordinada. As subordinadas podem ser de três tipos: substantivas, adjetivas e 
 adverbiais. Neste capítulo, trataremos apenas das substantivas, porque elas “exercem as 
funções próprias de um substantivo” (TERRA; NICOLA, 2006, p. 288). Isso quer dizer 
que a oração principal nunca está totalmente completa e cabe à oração subordinada 
fornecer uma parte que desempenhe a função sintática que não aparece na principal. 
Um exemplo disso pode ser verificado em: “Eles querem que eu vá à festa”. Observe que, 
1 Neste capítulo, as orações coordenadas sindéticas e as orações subordinadas substantivas serão sublinhadas, 
para que sejam identificadas mais facilmente.
2 O termo “sindética” é derivado de “síndeto”, que significa “conjunção”. Portanto, sempre que uma oração coordenada 
apresentar conjunção, ela receberá o nome de “oração coordenada sindética”.
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Estudos Morfossintáticos60
na oração principal, temos o sujeito (“Eles”) eo verbo transitivo direto (“querem”), mas 
não temos o objeto. Sendo assim, o objeto é dado pela oração subordinada substantiva 
(“Eles querem” o quê? “Que eu vá à festa”), que passa a se chamar “oração subordinada 
substantiva objetiva direta”.
6.2 Sintaxe do período composto por coordenação
A fim de aprofundarmos a diferenciação entre os períodos compostos por 
coordenação e por subordinação, é aconselhável analisarmos mais um exemplo, 
mas, desta vez, levando em conta outros pressupostos teóricos:
Tradicionalmente, é comum identificar unidades coordenadas com unidades 
independentes e unidades subordinadas com unidades dependentes. Esta 
identificação nada esclarece até que se defina a natureza dessa dependência, que 
para uns é puramente sintática, mas para outros deve dizer respeito antes ao 
sentido. (AZEREDO, 2006, p. 50-51)
Para definir essa questão, tomemos como base a conclusão de Ernani Terra, que caracteriza as 
coordenadas como “orações sintaticamente independentes, embora ligadas pelo sentido” (TERRA, 
2011, p. 241). Com essas informações, vamos à análise de um período:
Meus amigos encontraram uma garota linda, mas eu não a vi.
O período apresentado tem dois verbos – “encontraram” e “vi” –, o que nos indica que ele 
é composto e traz duas orações. Na primeira parte, não há conjunções e isso define uma “oração 
coordenada assindética”. Porém, na segunda parte, a conjunção adversativa “mas” é utilizada, 
estabelecendo uma relação de contrariedade no período. Exatamente por isso, confirmamos que as 
orações são dependentes semanticamente. Se isolarmos a oração coordenada sindética – “mas eu 
não a vi” –, não haverá sentido completo. Isso demonstra a necessidade de um início (que é dado 
pela primeira oração).
Entretanto, no aspecto sintático, as orações do período composto por coordenação são 
autônomas. Observe:
Primeira oração:
encontraram
Verbo
Meus amigos 
Sujeito
uma garota linda,
Obj. direto
Segunda oração:
não
Adv. de negação
mas
Conjunção
eu
Sujeito
a
Obj. direto
vi.
Verbo
Em cada oração, estão presentes todos os elementos sintáticos necessários para uma informação 
completa. Além disso, veja que as duas partes do período têm sujeitos distintos e verbos também 
diferentes (que se unem adequadamente aos objetos correspondentes). 
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Funções sintáticas no período composto 61
6. 3 Sintaxe do período composto por subordinação
No período composto por subordinação, estudaremos apenas as orações 
subordinadas substantivas, que assumem valor sintático essencial, porque 
“são termos da frase desenvolvidos em oração” (KURY, 2003, p. 71). A fim de 
identificarmos facilmente a presença de uma subordinada substantiva em um 
período composto, aconselha-se aplicar esta dica: “Para efeito meramente didático, 
de simples reconhecimento, quase todas as orações substantivas podem substituir-se por um dos 
pronomes isto, isso, aquilo, este, esse, aquele, todos: ‘Peça-lhe que viva.’ = ‘Peça-lhe isso.’” (KURY, 
2003, p. 77, grifos no original). Vejamos outro exemplo:
Estive pensando sobre o que você me falou. > Estive pensando sobre isso.
Antes do pronome “isso”, tivemos de repetir a primeira oração, que apresenta uma locução 
verbal – “Estive pensando” –, e também reescrevemos a preposição – “sobre” –, necessária para 
introduzir um objeto indireto. Com esse processo, confirmamos que a oração subordinada cumpre 
a função sintática de objeto indireto da oração principal.
Existem inúmeros tipos de subordinadas substantivas, cada qual com uma função sintática 
específica. Nas partes seguintes deste capítulo, analisaremos a subjetiva, a predicativa, a objetiva 
direta, a objetiva indireta e a completiva nominal3.
6.4 Sujeito e predicativo nas orações subordinadas substantivas
Para compreendermos de que maneira uma oração pode desempenhar as 
funções de sujeito e predicativo, é importante retomarmos a estrutura de uma frase 
nominal, que abrange o verbo de ligação e os dois elementos sintáticos em análise, 
nesta parte do nosso capítulo. Exemplo:
É importante que façam todas as correções.
A oração principal nos fornece o verbo de ligação – “É” – e o predicativo (que corresponde 
ao adjetivo “importante”). Dessa forma, cabe à oração subordinada completar a estrutura, 
desempenhando a função de sujeito. Isso fica claro quando aplicamos a sugestão de Adriano da 
Gama Kury ao exemplo dado. Observe: “É importante isso”. Ou, utilizando a forma direta: “Isso é 
importante”. Com esse procedimento, concluímos que a oração subordinada é o sujeito da oração 
principal, razão pela qual ela recebe o nome de “oração subordinada substantiva subjetiva”.
Agora, para entendermos a função do predicativo, em um período composto, vejamos um 
novo exemplo:
3 A maioria das gramáticas traz um sexto tipo de subordinada substantiva, a oração apositiva. Entretanto, ela é 
associada ao uso dos dois-pontos e isso facilita bastante a identificação dessa oração substantiva. Por essa razão 
e também pelo fato de ela não corresponder a um elemento sintático fundamental, optamos por não a incluir neste 
capítulo. Contudo, a título de esclarecimento, citamos um exemplo de subordinada substantiva apositiva: “Meus amigos 
contaram a verdade: que não me avisaram sobre a data do evento.” A parte sublinhada é uma oração e esclarece o termo 
“verdade”, caracterizando-se como aposto.
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Estudos Morfossintáticos62
A verdade é que estou curado.
Diferentemente do exemplo anterior, no período atual temos um artigo e um substantivo – “A 
verdade” –, seguidos por um verbo de ligação – “é”. Isso significa que está faltando o adjetivo, classe 
de palavras que desempenha a função de predicativo do sujeito. Sendo assim, o primeiro teste é 
tentarmos substituir a oração subordinada por um adjetivo qualquer. Isso é possível em: “A verdade 
é boa” ou “A verdade é inacreditável”. Essas duas trocas confirmam que a oração subordinada 
substantiva está, de fato, cumprindo a função de predicativo do sujeito, o que a caracteriza como 
uma oração subordinada substantiva predicativa.
Com o objetivo de deixar mais clara a diferença entre as duas orações apresentadas neste 
item, analise comparativamente as orações subordinadas destes períodos:
Minha sugestão foi que todos se reunissem.
Era viável que terminássemos o trabalho no mesmo dia.
Oração Subordinada Substantiva Predicativa, que pode ser trocada por um adjetivo: “Minha sugestão foi péssima.”
Oração Subordinada Substantiva Subjetiva, que pode ser trocada por um substantivo: “Era viável o acordo.”
Oração Subordinada Substantiva Predicativa, que pode ser trocada por um adjetivo: “Minha sugestão foi péssima.”
Oração Subordinada Substantiva Subjetiva, que pode ser trocada por um substantivo: “Era viável o acordo.”
6.5 Objeto direto e objeto indireto nas orações 
subordinadas substantivas
Em todos os exemplos que vimos até agora, neste capítulo, foi utilizada a 
conjunção integrante “que”. No entanto, o “se” também pode desempenhar essa 
função, como demonstram os períodos transcritos a seguir:
“123 - O presidente declarou que não reformaria o ministério sob pressão
124 - Não sabíamos se ele desistiria da candidatura
Os gramáticos chamam de ‘conectivo’ (conjunção subordinativa integrante) 
o que e o se dos exemplos [...]”. (AZEREDO, 2006, p. 65, grifo no original)
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Funções sintáticas no período composto 63
O uso do “se”, em contextos similares aos propostos por Azeredo, é raro. Tudo depende 
da escolha do verbo e da certeza em relação à informação que é dada. Uma distinção pertinente 
entre as duas conjunções integrantes é que a “conjunção subordinativa se [...] revela incerteza, 
dúvida por parte do enunciador” (BARRETO, 2010, p. 302, grifo nosso), enquanto o “que” é uma 
“conjunção que tem valor semântico de afirmação, certeza” (BARRETO, 2010, p. 302). Para ilustrar 
essa diferenciação, vejamos estes exemplos, que irão demonstrar também outros dois tipos de 
oração subordinada substantiva:
Meu pai perguntou se eu sairia no fim de semana.Eu me referia ao que você disse ontem à noite.
O primeiro período composto traz uma oração principal e uma oração subordinada 
substantiva objetiva direta, já que esta funciona como objeto direto do verbo “perguntou” (“Meu 
pai perguntou” o quê? “Isso”, ou: “se eu sairia no fim de semana”). Perceba que a subordinada não se 
inicia com preposição. Além disso, a oração substantiva faz uso da conjunção integrante “se”, pois 
não há certeza. Retomando o exemplo, verificamos que o pai faz a pergunta justamente porque não 
sabe a resposta. Outro detalhe que sustenta a incerteza é o verbo conjugado no futuro do pretérito 
(“sairia”), que indica hipótese ou possibilidade, apenas.
No segundo exemplo, a conjunção subordinativa “que” combina perfeitamente com a certeza 
da informação transmitida, afinal, no contexto em questão, há uma ação passada, que inclui uma 
conversa. Desse modo, não há dúvida sobre os fatos. Os interlocutores mencionados no período 
falam sobre algo que já aconteceu. Quanto à função sintática da oração subordinada, fica claro o 
uso da preposição “a”, exigida pela regência do verbo “referir-se” (“Eu me referia” a quê? “ao que 
você disse ontem à noite”). Por essa característica, temos um objeto indireto, o que nos permite 
classificar a subordinada de modo completo: oração subordinada substantiva objetiva indireta.
6.6 Objeto indireto e complemento nominal nas orações 
subordinadas substantivas
As diferenças que vimos no Capítulo 5, e que diziam respeito especificamente 
ao objeto indireto e ao complemento nominal, são mantidas aqui, na análise sintática 
do período composto. Consequentemente, a oração substantiva objetiva indireta e 
a oração substantiva completiva nominal definem-se pela classe de palavras que 
completam, por meio da preposição e da conjunção integrante, que costumam 
iniciar essas duas subordinadas. Observe os exemplos dados:
Nós duvidamos do que ele nos apresentou.
Nós tivemos muitas dúvidas sobre o que ele nos apresentou.
Constatamos que, embora os períodos sejam muito parecidos, apresentam uma distinção 
evidente: enquanto, na oração principal, o primeiro exemplo reúne apenas o sujeito “Nós” e o verbo 
“duvidamos”, o segundo já apresenta uma ideia completa, com o sujeito “Nós”, o verbo “tivemos” 
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Estudos Morfossintáticos64
e o objeto direto “muitas dúvidas”. Assim, as orações subordinadas devem fornecer os elementos 
sintáticos que faltam na oração principal. Portanto, a primeira subordinada substantiva – “do que 
ele nos apresentou” – apresenta o objeto indireto, o que significa que ela completa o verbo – “Nós 
duvidamos” do quê? “do que ele nos apresentou”. No caso da segunda subordinada substantiva – 
“sobre o que ele nos apresentou” –, o processo se modifica, afinal a oração principal está razoavelmente 
completa. Por esse motivo, a oração substantiva somente detalha a informação, fornecendo um 
complemento nominal – “Nós tivemos muitas dúvidas sobre o que ele nos apresentou”. Desse modo, 
a subordinada completa o nome “dúvidas”, que é o objeto do verbo da oração principal.
Considerações finais
Este capítulo aprofundou os elementos sintáticos apresentados no Capítulo 5. Dessa forma, 
aliando a estrutura básica do período simples à complexidade do período composto, as principais 
categorias da Sintaxe foram experimentadas em exemplos que privilegiaram um nível de linguagem 
mais aprimorado.
Além disso, utilizamos o método comparativo, nas seções 6.3, 6.4 e 6.5, para sanarmos as 
dúvidas mais comuns na classificação das orações substantivas, com a aplicação de elementos 
diferenciadores. Entre subjetivas e predicativas, a distinção foi baseada na correspondência com 
substantivos e adjetivos. Para diferenciar objetivas diretas e objetivas indiretas, a preposição é 
sempre o elemento-chave. Finalmente, estabelecemos que as objetivas indiretas se distinguem das 
completivas nominais pela continuidade que dão – ao verbo e ao nome, respectivamente.
Ampliando seus conhecimentos
• STACK EXCHANGE. Portuguese language beta. Disponível em: https://portuguese.
stackexchange.com/questions/16/deve-se-evitar-usar-v%C3%ADrgula-entre-
ora%C3%A7%C3%B5es-subordinadas-substantivas-e-a-ora%C3%A7%C3%A3o-p. 
Acesso em: 31 mar. 2019.
No link indicado, você pode encontrar boas orientações sobre a pontuação, em diferentes 
tipos de textos, inclusive nas orações substantivas. O material revisa as principais normas 
do uso da vírgula, que, como sabemos, é um sinal de pontuação que interfere decisivamente 
nos aspectos semântico e sintático de um período.
• SOUZA, E. R. F. de. As orações completivas nominais nas variedades lusófonas. Disponível 
em: http://www.mundoalfal.org/CDAnaisXVII/trabalhos/R1167-1.pdf. Acesso em: 31 mar. 
2019.
Nesse artigo, o autor Edson Rosa Francisco de Souza demonstra que o uso das orações 
subordinadas substantivas completivas nominais constitui um traço comum na fala e na 
escrita dos povos que têm o português como língua oficial. Dessa forma, o material serve 
como um estudo comparativo, ao mesmo tempo em que possibilita a revisão de um tipo 
específico de oração subordinada.
Funções sintáticas no período composto 65
• HENRIQUES, C. C. Sintaxe: Estudos descritivos da frase para o texto. Rio de Janeiro: Alta 
Books, 2018.
O livro indicado neste item reúne diferentes áreas de conhecimento. O autor Claudio 
Cezar Henriques utiliza a Morfologia para dar base à Sintaxe. Além disso, a obra inclui 
comentários sobre os aspectos didático e linguístico dos conteúdos abordados. Outro 
diferencial é que você pode exercitar as normas e os conceitos gramaticais em uma 
variedade de questões que priorizam a análise sintática.
Atividades
1. Analise os períodos compostos a seguir e aponte as principais diferenças entre eles:
a) Procuro um emprego, mas preciso de qualificação.
b) A professora pediu que os alunos fizessem um trabalho.
2. Sublinhe e classifique as orações subordinadas substantivas dos períodos a seguir:
a) Convém que elas aprontem tudo.
b) Eles duvidavam do que o garoto contava.
c) Minha única chance é que o banco autorize o empréstimo.
3. Explique a diferença entre as orações subordinadas apresentadas em:
a) Necessito do que você comprou.
b) Tenho necessidade do que você comprou.
Referências
AZEREDO, J. C. de. Iniciação à sintaxe do português. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
BARRETO, R. G. (org.). Português – 3º ano: ensino médio. São Paulo: Edições SM, 2010. (Coleção Ser 
protagonista)
KURY, A. da G. Novas lições de análise sintática. São Paulo: Ática, 2003.
TERRA, E.; NICOLA, J. de. Português: de olho no mundo do trabalho. São Paulo: Scipione, 2006.
TERRA, E. Curso prático de gramática. São Paulo: Scipione, 2011.
7 
 Os verbos e os nomes nas regras de concordância
O conteúdo que será apresentado neste capítulo abrange os principais casos de concordâncias 
nominal e verbal. Esse tema talvez seja aquele que mais traz variações, nos diferentes tipos de 
gramáticas que existem, e também trataremos dessa discrepância, em muitos itens deste capítulo, a fim 
de não reduzir a complexidade desse tópico gramatical e de justificar o uso das regras recomendadas 
neste livro.
Nas quatro seções deste capítulo, apresentaremos, respectivamente, as regras descritas a 
seguir: a) concordância verbal, especificamente envolvendo substantivos e verbos; b) concordância 
verbal nas estruturas nominais, que associam obrigatoriamente verbos de ligação e adjetivos; c) 
concordância nominal, em relações distintas entre substantivos e adjetivos; e d) diferenças entre 
adjetivos e advérbios, já que essas duas classes têm características opostas, no que se refere ao tema 
da concordância.
7.1 Sintaxe e registro formal
Apesar de muitas pessoas argumentarem que o domínio das normas 
gramaticais preserva certo elitismo no uso da língua, é imprescindível conhecermos 
essa parte da Sintaxe. Conforme Cereja e Magalhães:
Em certas situações de interação verbal – por exemplo, numa entrevista para 
se conseguir um emprego, [...], numapalestra, etc. –, o desvio reiterado das 
regras de concordância pode causar a impressão de baixo nível cultural, pouca 
leitura, desleixo em relação à língua e até ser fonte de preconceito. Conhecer as 
regras de concordância do padrão culto serve, entre outros fins, como meio de 
adequação e interação social. (CEREJA; MAGALHÃES, 2013, p. 345)
De fato, a sociedade exige tanto o registro formal quanto o informal, nas diferentes 
circunstâncias com as quais nos deparamos, em nosso dia a dia. Por vezes, podemos abrir mão das 
prescrições da gramática, quando interagimos de modo mais descontraído, nas redes sociais ou em 
alguma situação doméstica. Contudo, em contextos não familiares, devemos seguir à risca a norma 
culta, sobretudo em se tratando do mercado de trabalho e da vida acadêmica.
7.2 Substantivos e verbos
Na concordância entre substantivos e verbos, a regra geral prescreve a 
concordância entre o(s) núcleo(s) do sujeito e o verbo. Exemplos:
Policial e médicos chegaram.
O investigador apurou informações relevantes.
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Estudos Morfossintáticos68
No primeiro exemplo, com sujeito composto, a concordância verbal se faz pela regra da 
predominância, segundo a qual o masculino prevalece sobre o feminino e o plural se sobrepõe ao 
singular1. No segundo período, que apresenta sujeito simples, o núcleo e o verbo estão no singular.
Referentes ao sujeito composto, mais duas regras são essenciais. Veja os exemplos:
Uma indisposição, um cansaço, uma exaustão afetou o competidor.
Roupas, decoração e convites – tudo foi providenciado com antecedência.
Primeiramente, temos um exemplo de sujeito composto, mas o verbo é flexionado no singular. 
Isso ocorre porque existe uma gradação que, no caso em análise, apresenta termos que aumentam 
progressivamente a “indisposição” do início. No outro caso, o sujeito composto, formado por três 
núcleos, é resumido por um pronome indefinido – “tudo” – e essa particularidade exige o uso do 
verbo no singular.
Quanto ao uso de conjunções, destaca-se a regra associada ao “ou”, cujo valor semântico 
pode ser de soma ou de exclusão. Essa diferença, consequentemente, servirá de critério para a 
concordância verbal. Exemplos:
Paris ou Las Vegas são boas escolhas.
Paris ou Las Vegas é uma boa escolha.
O primeiro período utiliza a conjunção “ou” como sinônimo de “e”, enfatizando a soma, razão 
pela qual o verbo é empregado no plural – “são”. Em contrapartida, no exemplo dois, prevalece o 
valor original de “ou”, que é alternativo. Portanto, nesse caso, o verbo é usado no singular – “é”.
Quando a palavra-chave é um “coletivo” ou “partitivo”, a língua portuguesa apresenta 
características específicas, como demonstram os exemplos a seguir:
A banca aprovou.
A banca de professores aprovou.
A maioria dos torcedores compareceu ao jogo2.
A norma gramatical orienta que o verbo deve vir sempre no singular, concordando com o 
coletivo ou com o partitivo3, independentemente de haver, no período, substantivos flexionados 
no plural.
1 As gramáticas tradicionais orientam que, quando o sujeito composto vem após o verbo, este deve concordar 
apenas com o elemento mais próximo. Exemplo: "Restou o aluno e os professores".
2 Existem gramáticas que aconselham esta construção: “A maioria dos torcedores compareceram ao jogo”. Entretanto, 
a gramática tradicional considera que, nesse caso, o uso do verbo no plural constitui desvio da norma. Napoleão Mendes 
de Almeida refere-se a esse processo como “silepse de número” ou “concordância lógica”: “Encontram-se nos clássicos 
exemplos de concordância não com o coletivo sujeito (concordância gramatical), mas com a ideia de plural que ele 
encerra (concordância siléptica ou lógica). Tal sintaxe não é, porém, para ser hoje imitada: ‘[...] ditosa gente, que não são 
de ciúmes ofendidos’ (Camões, 7; 41)” (ALMEIDA, 2009, p. 442).
3 O termo “partitivo” caracteriza todas as palavras que dividem um grande conjunto em grupos menores. Outros 
exemplos de partitivos são: “grande parte” e “a minoria”.
 Os verbos e os nomes nas regras de concordância 69
Quando o assunto é concordância, a flexão do verbo pode depender de um elemento 
secundário. Isso ocorre em exemplos que abrangem a presença/ausência do artigo:
[Sem artigo] Estados Unidos desenvolveu projeto inovador.
Os Estados Unidos desenvolveram projeto inovador.
Observamos que a ausência do artigo mantém o verbo no singular. Inversamente, quando 
o artigo plural é utilizado, o verbo deve ser flexionado no mesmo número. Essa regra aplica-se a 
outros termos, como: “férias”, “Alagoas” e “pêsames”.
No caso em que mais de um substantivo é associado ao verbo “ser”, a regra exige que o plural 
prevaleça:
As canções são o atrativo4.
A complexidade aumenta em períodos que apresentam verbos com “se”, porque, nesses 
casos, é preciso antes verificar a função do “se”. As regras que envolvem pronome apassivador e 
partícula de indeterminação do sujeito são distintas5. Vejamos dois exemplos:
[Ele/ela] Referia-se às lembranças da infância.
Divulgaram-se as novas leis de trânsito.
O primeiro período usa o “se” como partícula de indeterminação do sujeito, combinando 
com o verbo flexionado na terceira pessoa do singular. Isso significa que o sujeito é indeterminado. 
Além disso, o fato de a oração não admitir a forma da voz passiva analítica reforça nossa conclusão. 
De modo distinto, o segundo exemplo traz o “se” como pronome apassivador. Sendo assim, há um 
sujeito, que é simples e cujo núcleo é “leis”. Portanto, o verbo vem obrigatoriamente no plural, para 
concordar com o sujeito.
A última regra que apresentaremos nesta seção envolve os verbos “haver” e “existir”, que 
também correspondem a tipos de sujeitos diferentes, conforme vimos no Capítulo5. Para relembrar 
isso, vamos analisar comparativamente estes exemplos:
Há muitas oportunidades.
Deve haver muitas oportunidades.
Existem ações reprováveis.
Devem existir ações reprováveis.
Primeiramente, os exemplos com o verbo “haver” constituem orações sem sujeito. Nesse 
caso, independentemente de os substantivos aparecerem no plural, como “oportunidades”, o verbo 
fica inalterado, tanto em sua forma isolada – “Há” –, quanto em locuções verbais – “Deve haver”. 
4 Segundo Faraco e Moura: “a concordância do verbo ser é facultativa. Pode concordar com o sujeito ou com o 
predicativo, dependendo do termo que se quer enfatizar” (FARACO; MOURA, 2003, p. 293, grifo no original). Apesar dessa 
afirmação, ressalte-se que a ênfase é um recurso retórico. Portanto, para atender ao critério da correção gramatical, 
recomenda-se a concordância do verbo “ser” com o plural, quando houver substantivos de números diferentes no período.
5 Essa distinção já foi introduzida no Capítulo 5 deste livro.
Estudos Morfossintáticos70
Isso ocorre porque o verbo “haver” impede que os verbos auxiliares se flexionem no plural. Em 
contrapartida, nos exemplos que trazem o verbo “existir”, temos sujeito simples e, por essa razão, o 
verbo deve concordar com o substantivo – “ações”.
7.3 Verbos e adjetivos
Nesta seção, analisaremos especificamente as estruturas nominais, que 
utilizam verbo de ligação e adjetivo/predicativo. De início, vejamos um período 
básico:
As garotas pareciam nervosas.
Embora apenas o verbo de ligação e o adjetivo estejam destacados, indicando a concordância 
de número (plural), verificamos que o artigo “As” e o substantivo “garotas”, que compõem o sujeito, 
seguem o mesmo paradigma, pois também estão no plural. Contudo, as estruturas nominais 
nem sempre seguem essa regra geral de concordância, como demonstram os exemplos seguintes, 
formulados com as expressões “É proibido” e “É necessário”:
É proibido circulação de automotores.
É proibida a circulação de automotores.
É necessário atenção.
É necessária muita atenção.
Todos os períodos estão na ordem indireta, pois se iniciam com verbo de ligação e predicativo, 
para só depois apresentarem o sujeito. Em cada par de exemplos, temos o núcleo do sujeito flexionado 
nofeminino. Entretanto, o gênero do substantivo não é importante aqui, no que se refere às regras de 
concordância. Nesse caso, o elemento determinante é o artigo ou especificativo. Para comprovarmos 
isso, basta voltarmos aos exemplos dados. Percebemos facilmente que o termo “proibido” se mantém 
no masculino quando o substantivo “circulação” não vem antecedido por um especificativo. Porém, 
quando o artigo “a” é utilizado, o predicativo assume a forma do gênero feminino: “proibida”. O mesmo 
procedimento pode ser visto no segundo par de exemplos. Isso significa que a ausência de um artigo 
ou de outro especificativo antes de “atenção” corresponde ao masculino “necessário”. No entanto, 
quando a palavra “muita” é introduzida no período, para definir e especificar o substantivo “atenção”, 
automaticamente o gênero do predicativo é alterado, resultando na forma: “É necessária”. Essa mesma 
regra é utilizada com as expressões “É pouco”, “É bom”, entre outras. Vamos a mais um exemplo:
Água é bom.
Esta água é boa.
Enquanto, no primeiro período, o adjetivo “bom” é usado no masculino, pelo fato de o sujeito 
“água” não ter sido especificado, na segunda oração há um especificativo (o pronome demonstrativo 
“Esta”) e isso torna necessária a flexão da palavra “boa”, que assume o gênero feminino.
Vídeo
 Os verbos e os nomes nas regras de concordância 71
Outro caso de concordância que envolve verbo de ligação e predicativo diz respeito ao uso 
do particípio. Observe um exemplo:
Os materiais foram comprados.
Conforme comentado anteriormente, os períodos nominais, na maioria das vezes, não 
concordam apenas o verbo e o predicativo. Os termos que integram o sujeito também seguem o 
mesmo paradigma. É exatamente o que se evidencia no exemplo dado. Apesar de termos destacado 
apenas dois elementos da oração, verificamos que o artigo “Os” e o substantivo “materiais” 
obedecem ao número plural, alinhando-se sintaticamente, por meio da concordância, às demais 
palavras do período. Todavia, há um caso em que o particípio, embora exija concordância com o 
substantivo a que se refere, gera maior dificuldade, provocando erros constantes, tanto na escrita 
quanto na fala. Vejamos um exemplo:
Abandonada na rua, passando fome e frio, a cachorrinha foi acolhida pelos moradores.
Nessa formulação, existem dois adjetivos/particípios. O segundo –“acolhida” – mantém a 
estrutura clássica, enquanto o primeiro – “abandonada” – representa maior problema, pois está 
longe da palavra a que se refere – “cachorrinha”. Justamente por causa dessa distância, muitas 
pessoas desconsideram a regra de concordância, desviando-se da norma culta. Para Bechara, esse 
tipo de erro costuma ser mais frequente na oralidade:
Na língua oral, em que o fluxo do pensamento corre mais rápido que a formulação 
e estruturação da oração, é muito comum enunciar primeiro o verbo [...] para 
depois se seguirem os outros termos oracionais. [...], o falante costuma enunciar 
o verbo no singular, porque ainda não pensou no sujeito [...]; se o sujeito, 
neste momento, for pensado como pluralidade, os casos de discordância serão 
aí frequentes. O mesmo ocorre com a concordância nominal, do particípio. 
(BECHARA, 2009, p. 544)
Na fala, infelizmente, pela rapidez, pela necessidade de improviso e pela falta de registro 
escrito, a correção nem sempre é possível. Sendo assim, apenas a prática pode garantir acerto na 
formação de um período iniciado com particípio. Na escrita, uma maneira de evitar esse erro é 
analisar o período com mais atenção, interpretando-o e associando os termos, já que o particípio 
sempre irá concordar com o substantivo a que diz respeito, como exemplifica o termo “acolhida”, 
também aplicável à palavra “cachorrinha”.
7.4 Substantivos e adjetivos
Embora a concordância nominal envolva principalmente substantivos 
e adjetivos, com o uso da regra geral de que todo adjetivo deve concordar com o 
substantivo a que se refere, os numerais, artigos e pronomes também obedecem 
à norma gramatical, garantindo regularidade. Respectivamente, isso pode ser 
observado em: “dois grandes amigos”, “os grandes amigos” e “aqueles grandes 
amigos”. Na prática da oralidade, quando há três classes de palavras, como nos exemplos dados, 
dificilmente o falante desobedece à norma geral de concordância. Entretanto, o mesmo não ocorre 
Vídeo
Estudos Morfossintáticos72
quando apenas duas classes são utilizadas. Desse modo, em uma situação cotidiana e informal de fala, 
é comum ouvirmos: “dois amigo” “os amigo” e “aqueles amigo”. Analisando essa característica de 
nossa língua, Scherre afirma que “o fenômeno da variação na concordância de número no português 
falado do Brasil, longe de ser restrito a uma região ou classe social específica, é característico de toda 
a comunidade de fala brasileira” (SCHERRE, 1994, p. 2).
No registro formal, a regra de concordância deve ser aplicada tanto na fala quanto na 
escrita. Assim, uma situação que exige cuidado é aquela que envolve um adjetivo e pelo menos 
dois substantivos de gêneros distintos. Normalmente, utilizamos a regra da predominância, em 
que devem prevalecer o plural e o masculino. Assim, teremos:
Cães e gatas perdidos
Gatas e cães perdidos
Enquanto o primeiro exemplo utiliza o critério simples da predominância, o segundo 
demonstra preocupação também com a eufonia6, razão pela qual os substantivos têm a posição 
invertida. O resultado disso é que a palavra “cães” fica mais perto do adjetivo “perdidos”, o que 
diminui a estranheza provocada no exemplo anterior, que usava o adjetivo masculino logo após 
um substantivo feminino. O uso está correto, mas a posição dos termos no período às vezes causa 
surpresa ou incômodo ao público em geral.
Existem muitas gramáticas que recomendam também esta construção: “Cães e gatas 
perdidas”, na qual o adjetivo concorda apenas com o substantivo mais próximo. Apesar da prescrição 
gramatical, sugere-se evitar essa forma, para que não haja problema de sentido, afinal as pessoas 
que desconhecem essa regra específica podem entender que houve erro de concordância, além de 
considerarem que apenas as “gatas” estavam “perdidas”, raciocínio que interpreta como gratuita a 
inclusão do termo “cães” no mesmo contexto.
Quanto ao uso de artigo na adjetivação distinta de um mesmo substantivo, as opções variam, 
conforme os seguintes exemplos:
As culinárias mineira e baiana
A culinária mineira e a baiana
O uso do artigo no plural, antes do substantivo, permite que os adjetivos venham isolados 
e unidos pela conjunção “e”. Porém, quando o substantivo é antecedido pelo artigo no singular, 
é necessário que o segundo adjetivo também seja acompanhado do artigo singular, para que a 
natureza do substantivo não seja alterada. Embora o artigo seja um detalhe textual, essa classe 
tem muito valor no exemplo em análise. A falta do artigo “a” antes de “baiana” resulta em sério 
problema de sentido, já que, nesse caso, afirmamos que existe uma “culinária” híbrida, ou seja, 
mineira e baiana ao mesmo tempo.
Atualmente, na escrita de e-mails profissionais ou acadêmicos, utilizamos frequentemente 
a expressão “documentos anexos”, que obedece à regra geral de concordância entre substantivo 
6 A eufonia é respeitada, quando o uso de um termo é considerado adequado ou normal pelo ouvinte.
 Os verbos e os nomes nas regras de concordância 73
e adjetivo, pois ambas as classes combinam em gênero e número. No entanto, há casos em que a 
forma usada é “documentos em anexo”. Apesar de estar correta, essa opção não é recomendada 
pela gramática tradicional. Isso ocorre porque, no exemplo em questão, “em anexo” é usado como 
advérbio, contrariando o fato de originalmente a palavra “anexo” ser um adjetivo: “As palavras 
anexo, obrigado, mesmo e incluso são adjetivos; portanto, devem concordar em gênero e 
número com o substantivo a que se referem” (FARACO; MOURA, 2003, p. 296, grifo no original). 
Assim, recomenda-se usar: “As planilhas estão anexas” ou “Envio a lista anexa”.
7.5 Adjetivose advérbios
Na seção anterior, vimos que a expressão “em anexo” não varia em gênero, 
nem em número, pelo fato de ser um advérbio. Em nossa língua, existem muitas 
palavras que são iguais na forma, mas que podem corresponder a duas classes 
diferentes. Nesse aspecto, temos como exemplos “só”, “bastante”, “muito” ou “meio”, 
que podem assumir tanto a função adjetiva quanto a função de advérbio. Dessa 
maneira, antes de fazermos a concordância gramatical, é preciso identificarmos o valor da palavra 
em questão, no contexto dado. Com base nessa análise, estabelecem-se duas regras gerais: a) os 
adjetivos são variáveis e devem concordar com o subtantivo a que se referem; b) os advérbios 
nunca variam. Vejamos, então, alguns exemplos dessa diferenciação:
A vítima parece meio desorientada.
Pediu meia taça de vinho.
Eles só queriam se divertir.
Eles estavam sós.
Nos dois conjuntos de exemplos, os advérbios se opõem aos adjetivos. Em “meio desorientada”, 
a palavra “meio” funciona como advérbio, sinônimo de “um pouco”, e por isso não varia. O mesmo 
não ocorre em “meia taça”, porque o numeral “meia” assume função adjetiva, acompanhando o 
substantivo “taça” e, portanto, concordando obrigatoriamente com ele, em gênero – feminino – 
e em número – singular. De modo similar, em “Eles só queriam”, “só” é advérbio, sinônimo de 
“apenas”. Por esse motivo, ele não se relaciona com o sujeito “Eles”, mas com o verbo “queriam”, 
afinal o advérbio, como o nome já anuncia, é um modificador do verbo. Finalmente, no exemplo 
“Eles estavam sós”, percebemos a concordância de número que se estabelece entre o sujeito “Eles” e 
o predicativo “sós”, ambos flexionados no plural. Isso se dá pelo fato de, nesse contexto específico, 
a palavra “sós” funcionar como adjetivo, sinônimo de “sozinhos”.
Vamos analisar agora a diferença entre “muito” e “bastante”, termos que também podem 
funcionar como adjetivos ou advérbios:
As meninas estavam bastante cansadas. As meninas estavam muito cansadas.
Comprei bastantes enfeites. Comprei muitos enfeites.
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Estudos Morfossintáticos74
Observe que, nos dois períodos relativos ao sujeito “As meninas”, os termos em destaque 
estão na função adverbial e, exatamente por isso, não devem ser usados no plural. A norma de 
concordância altera-se completamente nos exemplos finais, sobre os “enfeites”. Nesse novo contexto, 
as palavras “bastantes” e “muitos” vêm no plural, para concordar com o substantivo “enfeites”, já que 
ambos estão desempenhando função adjetiva. Quando pudermos escolher entre usar uma palavra 
ou outra, a dica é sempre adaptar a linguagem falada ou escrita ao nosso público-alvo e à situação. 
O adjetivo “muito” serve para os contextos formal e informal, enquanto o adjetivo “bastante” é mais 
sofisticado, exigindo um interlocutor de nível linguístico mais elevado.
Considerações finais
As regras de concordância apresentadas neste capítulo, além de atenderem ao aspecto 
instrumental da língua portuguesa, principalmente no contexto formal, propiciaram comparações 
com os usos informais, estabelecendo a necessária conexão entre Gramática e Linguística. Um 
segundo ponto fundamental corresponde à retomada e ao aprofundamento das partes morfológica 
e sintática, discutidas nos capítulos anteriores, já que as normas de concordância têm como 
determinantes as classes de palavras e os termos da oração.
Ampliando seus conhecimentos
• NEVES, F. Concordância verbal. Disponível em: https://www.conjugacao.com.br/
concordancia-verbal/. Acesso em: 14 abr. 2019.
Nesse material, bastante completo, Flávia Neves reúne regras essenciais e específicas da 
concordância verbal, tema fundamental da Sintaxe. Com os exemplos apresentados e 
analisados pela autora, é possível não apenas revisar os itens deste capítulo, mas também 
os dos Capítulos 4 e 5, que abordaram sujeito, predicado e outras funções sintáticas.
• CAMPEDELLI, S. Y.; SOUZA, J. B. Produção de textos & usos da linguagem. São Paulo: 
Saraiva, 1998.
Esse livro, de Samira Campedelli e Jésus Barbosa Souza, retoma as normas da gramática 
para trabalhar com a produção textual. Na escrita, a concordância é fator essencial e os 
autores nos orientam não apenas a usar a regra gramatical, mas também a adaptar nosso 
texto aos diferentes públicos e situações, a fim de privilegiar o aspecto linguístico da 
comunicação.
• ALBUQUERQUE, G. A regra para nunca mais errar a concordância nominal. Disponível 
em: https://exame.abril.com.br/carreira/a-regra-para-nunca-mais-errar-a-concordancia-
nominal/. Acesso em: 14 abr. 2019.
Nessa matéria da revista Você S/A, a autora Gleice Albuquerque analisa e corrige os 
problemas de concordância nominal identificados em um brevíssimo texto. O resultado 
 Os verbos e os nomes nas regras de concordância 75
desse processo é a formulação de uma regra única, centralizada no substantivo e que 
simplifica o uso correto da língua portuguesa, quando o assunto é concordância nominal.
Atividades
1. Considerando as normas gramaticais relativas à concordância, complete as lacunas com os 
termos indicados entre parênteses:
a) Parecia ..... aflita diante do ocorrido. (meio)
b) Todas as imagens estão ...... . (anexo)
c) É ...... cautela. (necessário)
d) Estudava ...... moderna e medieval. (história)
e) Salada é ...... . (bom)
f) Uma vez ...... os projetos, consegui a verba. (aprovado)
2. Corrija os períodos que apresentarem erro de concordância:
a) Férias dos famosos terão como cenário as praias paradisíacas de Fernando de Noronha.
b) Existiam muitos problemas naquele relacionamento.
c) Na rua, haviam buracos ainda não consertados pela prefeitura.
3. Passe para o plural, observando as normas de concordância:
a) Descobriu-se o segredo.
b) Precisa-se de secretária executiva.
c) É natural que se comente a notícia.
Referências
ALMEIDA, N. M. de. Gramática metódica da língua portuguesa. São Paulo: Saraiva, 2009.
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Gramática reflexiva: Texto, semântica e interação. São Paulo: Atual, 
2013.
FARACO, C. E.; MOURA, F. M. de. Gramática nova. São Paulo: Ática, 2003.
SCHERRE, M. M. P. Aspectos da concordância de número no português do Brasil. Revista Internacional em 
Língua Portuguesa, n. 12, Lisboa, dez. 1994. p. 37-49.
 8
Forma e função da preposição nos casos de regência
No que diz respeito à Sintaxe e à coesão, as regras de regência utilizam as preposições como 
elementos que completam alguns nomes e verbos, especificamente os verbos transitivos indiretos. 
Além disso, veremos que, assim como alguns nomes e verbos são extremamente flexíveis, aceitando 
mais de um tipo de preposição na elaboração de uma ideia, há outros que necessitam de uma 
preposição definida. Em suma, o uso correto das regências verbal e nominal garante a gramaticalidade 
das estruturas textuais, ao mesmo tempo em que estabelece um sentido próprio.
Neste capítulo, analisaremos os temas das regências verbal e nominal. Esse conteúdo abrange 
as relações dos verbos e dos nomes com as preposições. Desse modo, a classe das preposições receberá 
destaque em três aspectos fundamentais: sintático, coesivo e semântico.
8.1 Preposição e sentido
Nos assuntos de regência verbal e nominal, dois procedimentos são importantes: 
verificar se o verbo ou o nome exige preposição e, caso a preposição seja, de fato, obrigatória, 
escolher a mais adequada ao contexto, quando há mais de uma opção. Uma boa definição 
dessa classe de palavras ressalta que: “Tanto preposições como locuções prepositivas são 
palavras invariáveis, não flexionadas, [...]”, além de constituírem “categorias lexicais, 
porque selecionam complementos e estão-lhes associados valores semânticos” (MATEUS et al., 2003, p. 
392). Por essa razão, as preposições, além de servirem como conectivos, estabelecem sentidos bastante 
variados, como iremos demonstrar aqui, a partir de alguns exemplos comentados:
Quase morreu de sede. 
Passou o dia falando de política.
Costumavapassear de táxi.
A aliança era de prata.
O cachorrinho da menina estava perdido.
Nessa primeira lista de períodos, predomina o uso da preposição “de”. Entretanto, observe 
que, em cada exemplo, ela tem um sentido distinto: “de sede” indica causa; “de política” sinaliza o 
assunto; “de táxi” revela o meio − de transporte, nesse caso; “de prata” refere-se à matéria de que é 
feita a aliança; e, finalmente, em “da menina”, a preposição “de” junta-se ao artigo “a”, indicando posse.
Na próxima lista de exemplos, o destaque é dado à preposição “com”. Observe:
Viajei com minha mulher.
Treinei com rapidez e disciplina.
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Estudos Morfossintáticos78
Fiz cortes retos com uma faca.
Apesar de termos a mesma preposição, nos três exemplos, o sentido diverge: o primeiro 
período utiliza o “com” para apresentar o advérbio de companhia; o segundo informa o modo 
como o treino foi realizado; e o terceiro nos dá o instrumento usado para fazer os cortes.
Para enfatizarmos ainda mais a variedade semântica das preposições, vejamos um novo 
conjunto de frases:
Veio do norte para o sul.
De acordo com o mapa, a igreja ficava à esquerda.
Ofereci um jantar para comemorar a notícia.
O exemplo um reúne duas preposições, “de”, que aparece em combinação com o artigo “o”, e 
“para”. No contexto dado, ambas significam lugar. Contudo, de modo mais específico, observamos 
que elas indicam, respectivamente: origem e destino. Na expressão “à esquerda”, usamos o acento 
grave, que resulta da união da preposição “a” com o artigo “a”, e, no exemplo dado, estabelece-se o 
sentido de direção. Já, na última frase, de modo bastante diverso, o “para” indica finalidade1.
8.2 Regência nominal
Na regência nominal, as preposições associam-se a um nome, que geralmente 
é um adjetivo ou adjetivo/particípio: “Preposições são palavras que subordinam 
um termo da frase a outro [...]” (LIMA, 1999, p. 180). Essa união é responsável 
pela coesão e pela coerência do texto, além de estabelecer um sentido específico. 
Sendo assim, constatamos a impossibilidade de a preposição existir de modo 
isolado, como afirma Bechara: “Chama-se preposição a uma unidade linguística desprovida de 
independência [...]” (BECHARA, 2009, p. 47).
Dominar as regras de regência nominal exige a aplicação consciente dos conceitos gramaticais 
relativos a esse assunto, na prática diária, em tudo aquilo que lemos, falamos, escrevemos e ouvimos. 
Claro que existem listas que podem ser consultadas2, em manuais de língua portuguesa e até mesmo 
em sites, mas o uso efetivo é o melhor aliado. Nos exemplos que daremos aqui, receberão destaque os 
casos mais básicos ou aqueles mais complexos:
Fomos responsáveis pela absolvição do réu.
Estava acostumado com a vida no campo.
Os pais eram alheios às mudanças.
Ele era compatível com os amigos.
1 Nesse caso, não se trata de uma preposição, mas de uma conjunção, porque faz parte de uma oração subordinada 
adverbial final (= “para comemorar a notícia”). Diante disso, a conjunção passa a ser classificada de modo mais completo: 
“conjunção final”.
2 Os dicionários normais às vezes trazem indicação sobre a regência dos verbos e dos nomes. Entretanto, existem 
materiais que tratam apenas das normas de regência, a exemplo destas duas obras: Dicionário prático de regência 
nominal, de Celso Luft; e Dicionário de regimes de substantivos e adjetivos, de Francisco Fernandes.
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Forma e função da preposição nos casos de regência 79
Nos exemplos dados, aparecem sublinhados os nomes e as preposições exigidas por eles. 
O adjetivo “responsáveis” precisa da preposição “por”, que, no período em análise, combina-se 
com o artigo “a”3. O adjetivo/particípio “acostumado” precisa ser completado com a preposição 
“com”, conforme mostra o exemplo, ou com “a”: “Estava acostumado à vida no campo”. No caso 
do adjetivo “alheios”, exige-se a preposição “a”4 que, no período apresentado, soma-se ao artigo 
definido feminino plural (“as mudanças”), resultando na crase. Na última frase, a palavra-chave 
é “compatível”, adjetivo que utiliza a preposição “com” como complemento, padrão também 
seguido pelo termo antônimo: “incompatível”. Essa similaridade entre a regência nominal de 
palavras opostas pode ser demonstrada neste outro par: “Tinha simpatia / antipatia pelo chefe”, 
em que ambos os nomes fazem uso da preposição “por”.
Para encerrar esta seção, vejamos mais três exemplos:
Meu cargo era relacionado ao dele.
A garota estava ciente do perigo.
Os noivos estavam preocupados com a decoração da igreja.
O adjetivo/particípio “relacionado”, assim como “vinculado” e “associado”, sempre precisa da 
preposição “a”. Por isso, no exemplo analisado, temos a forma combinada “ao”. No período seguinte, 
“do”, outra forma combinada, é usada para completar o sentido do adjetivo “ciente”5. A última frase 
une o adjetivo/particípio “preocupados” com a preposição “com”, que também pode ser usada com 
o substantivo “preocupação”: “A preocupação com os avós era grande”6.
8.3 Regência verbal
Na regência verbal7, importa a relação do verbo com seus complementos, 
que exigem o uso de preposição, nos casos de transitividade indireta. Portanto, 
definir a necessidade ou não de preposição e escolher aquela mais adequada para 
completar o sentido do verbo são ações condizentes com as normas de regência 
verbal. Conforme Said Ali:
Evidentemente, apresentam-se casos em que o uso vacila. Assim, ao mesmo 
tempo em que se diz partir para algum lugar, dando ao complemento sempre 
a mesma preposição, junto a ir, caminhar, fugir, sinônimos de partir, é lícito 
optar entre a e para. (ALI, 1971, p. 216, grifos nossos)
Nesse caso específico, vale observar o efeito de cada preposição: enquanto o “a” eleva o nível 
de formalidade do texto, o “para” serve a duas finalidades, pois mantém a correção gramatical, ao 
mesmo tempo em que oferece um nível médio de formalidade, sem provocar excessos.
3 “Pela” é uma forma combinada que reúne a grafia arcaica da preposição “por” (per) e o artigo definido “a” (= “pela”).
4 Os nomes “avesso” e “imune” também exigem o uso da preposição “a”.
5 O substantivo “certeza” e o adjetivo “certo” seguem essa mesma regra. Observe: “A garota estava certa do perigo” e 
“A garota tinha certeza do perigo”.
6 O mesmo substantivo também pode ser completado com a preposição “de”: “A preocupação dos avós era grande”. No 
entanto, com essa alteração, o sentido passa a ser outro: os avós, que antes eram o motivo da preocupação, transformam-
se em agentes.
7 Cf.: Dicionário prático de regência verbal, de Celso Luft; e Dicionário de verbos e regimes, de Francisco Fernandes.
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Estudos Morfossintáticos80
Com o objetivo de privilegiar o uso correto da regência de alguns verbos, listamos, neste 
primeiro momento, estes exemplos:
Paguei a fatura. 
Perdoei ao meu melhor amigo.
Nós nos esquecemos da reunião.
 Ela lembrou nossa infância.
De início, foram demonstradas as normas de regência dos verbos “pagar” e “perdoar”, que 
admitem: objetos diretos – que, com esses verbos, devem ser apenas coisas (“a fatura”); e objetos 
indiretos – que, com os verbos apresentados aqui, devem abranger somente pessoas (“ao meu 
melhor amigo”). Posteriormente, os períodos dados exemplificaram a utilização correta dos verbos 
“esquecer” e “lembrar”, cujas regras são: ausência de preposição “de”, quando não há pronome 
oblíquo átono (ver quarto exemplo da lista); e uso obrigatório da preposição “de”, caso haja um 
pronome oblíquo átono (“nos”, conforme mostra o terceiro exemplo da lista).
Outros casos de regência verbal exigem uma estreita correspondência entre o tipo de objeto 
e o significado do verbo. Observe o quadro:
Quadro 1 – Regência verbal e variações semânticas
Objeto direto
Significado
do verbo
Objeto indireto
Significado
do verbo
Assistimos a turma. Ajudar Assisti8 ao filme. ver
Visou o documento. (1) /Visamos o alvo. (2) Vistar (1) / Mirar (2)
Os candidatos visavam 
à aprovação.
Objetivar
Aspirei aquele odor. Cheirar O ator aspirava ao sucesso.Desejar
Os contadores precisaram os números. Detalhar Todos precisam de oportunidade. Necessitar9
Fonte: Elaborado pela autora.
As informações fornecidas pelo quadro comprovam que, se trocamos a regência de um verbo, 
usando-o como transitivo direto ou indireto, sem prestar atenção ao contexto, podemos causar um 
erro grave de sentido. Para tornar mais clara essa questão, veja o que pode ocorrer, se dizemos ou 
escrevemos: “Assisti o filme”. Nessa hipótese, eliminamos a preposição “a” e, por isso, transformamos 
completamente o sentido da oração. Como resultado, não comunicamos que vimos o filme, mas que 
trabalhamos no filme, prestando auxílio junto ao elenco, cenário, figurino etc.
Para encerrar esta seção, é necessário analisarmos as regências dos verbos “implicar” (em duas 
acepções distintas), “gostar” e “preferir”. Além disso, vamos discutir o uso de verbos com regências 
diferentes em um mesmo período. Portanto, observe com atenção estes exemplos:
As crianças implicaram com os gatos.
8 Além dessas duas regências, o verbo “assistir” apresenta uma terceira, muito usada em documentos oficiais, como 
contratos, depoimentos, petições etc. Nesse caso, o verbo exige um advérbio de lugar como complemento: “O depoente 
assiste em Porto Alegre”. Perceba que, nesse sentido, de “morar” ou “residir”, o verbo exige a preposição “em”, isolada ou 
combinada com artigo − “O depoente assiste na cidade de Porto Alegre”.
9 O verbo “necessitar” segue o mesmo padrão regencial do verbo transitivo indireto “precisar”: “Necessitamos de dinheiro”.
Forma e função da preposição nos casos de regência 81
Desobedecer às leis implica punição10.
Gosto [mais] do automóvel preto.
Prefiro bala a chocolate.
Os humanos devem amar e respeitar a natureza.
O verbo “implicar”, quando usado com a preposição “com”, significa “chatear” ou “provocar”. 
Contudo, sem nenhuma preposição, o sentido do verbo se altera para “exigir”. No meio da lista, temos 
exemplos com os verbos “gostar” e “preferir”. No primeiro caso, não vemos dificuldade, porque o 
verbo aparece logo no início da oração. Porém, precisamos redobrar a atenção quando o mesmo 
verbo surge no meio de um período composto. Veja: “O prato de que mais gosto é macarronada”. 
Com o verbo “preferir”, observe que nunca devemos usar expressões de reforço, como “mais (do) 
que”, para evitar a redundância, afinal “preferir” já indica “gostar mais”. O último período, mais 
extenso, traz uma locução verbal associada a dois verbos – “devem amar e [devem] respeitar a 
natureza”. O segundo “devem” é omitido, para evitar repetição, mas o fator primordial, no exemplo 
dado, é a escolha dos dois verbos principais: “amar” e “respeitar”. Ambos exigem um objeto direto 
como complemento, o que significa que eles não exigem preposição e, exatamente por isso, podem 
aparecer lado a lado, em um período. Teríamos um erro básico, se optássemos por: “Os humanos 
devem amar e [devem] cuidar da natureza”. A incorreção resulta do fato de termos juntado o verbo 
“amar”, que é transitivo direto, com o verbo “cuidar”, que é transitivo indireto. Desse modo, a forma 
combinada “da” completa apenas a regência do verbo “cuidar”. Para corrigirmos isso, podemos 
propor esta reescrita: “Os humanos devem amar a natureza e [devem] cuidar dela”. Perceba que, 
agora, a regência do verbo “amar” é apresentada de modo adequado, antes da conjunção “e”, e, na 
parte final do período, obedecemos à regência do verbo “cuidar”.
8.4 Casos de regência e uso do acento grave
O acento grave obedece a uma regra geral, que envolve a preposição “a” exigida 
pelo verbo e o artigo definido feminino “a(s)”, admitido pelo nome que completa o 
sentido do verbo. Isso ocorre em: “Obedecia à professora”, pois o verbo em questão é 
transitivo indireto e sempre exige a preposição “a”. Além disso, a palavra “professora” 
aceita o uso do artigo11: “a professora” e “as professoras”.
Entretanto, há normas bastante específicas, quando o assunto é acento grave. Vejamos 
algumas delas:
À tarde, vou estudar para a prova.
Gostavam de escrever à caneta.
10 Muitas pessoas utilizam o verbo “implicar” com a preposição “em” (“A infração implicou em multa”), o que gera 
um erro grave de regência. O correto é: “A infração implicou multa”. Além disso, perceba que o período dois de nossa 
lista também exemplifica o uso correto do verbo “desobedecer”, que, assim como o antônimo “obedecer”, exige sempre a 
preposição “a”: “Obedece aos pais”.
11 Algumas palavras, como pronomes demonstrativos, pessoais do caso reto etc., não podem ser antecedidas por um 
artigo definido. Não podemos usar: “A esta garota é muito bonita”, nem “A ela está estudando”. Desse modo, quando 
esses pronomes aparecerem com verbos que precisam da preposição “a”, não ocorrerá crase. Exemplos: “Dei o presente 
a esta garota” (= “Dei o presente a alguém”); “Entregou o carro a ela” (= “Entregou o carro a alguém”).
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Estudos Morfossintáticos82
As expressões destacadas indicam circunstâncias: “À tarde” é um advérbio de tempo e “à 
caneta” é um advérbio de instrumento. Toda circunstância é opcional e secundária. Portanto, 
a maioria delas utiliza o acento grave para marcar a diferença de outros contextos, em que as 
mesmas palavras podem aparecer, mas em uma função sintática essencial. Em: “A tarde está 
ensolarada”, o acento grave não aparece, porque “A tarde” assumiu a posição fundamental de 
sujeito. Da mesma forma, se tivéssemos: “Compramos a caneta que ela pediu”, dispensaríamos 
o acento, já que, nesse novo contexto, “a caneta” passou a desempenhar um papel sintático 
primordial: o de objeto direto do verbo “Compramos”.
Outra situação que está associada ao uso do acento grave é a possibilidade de trocar o “à” por 
“para a”. Isso pode ser demonstrado neste exemplo, que reúne um verbo com regência transitiva 
direta e indireta (“Indiquei algo a alguém”) e um substantivo que admite o uso de artigo definido 
feminino (“a convidada” / “as convidadas”):
Indiquei um bom restaurante à convidada.
= Indiquei um bom restaurante para a convidada.
Em exemplos que envolvem verbos de movimento, essa substituição também é possível. 
Observe:
Fui à praia12.
= Fui para a praia.
No entanto, em períodos como: “Viajei a Londres”, o uso de “para a” é impossível. Quando 
usamos um verbo de retorno13, confirmamos isso facilmente, pelo fato de o substantivo próprio 
“Londres”, quando isolado, não admitir artigo definido. O acento grave só deve ser usado, se 
incluirmos um especificativo que se relacione à cidade. Exemplo:
Viajei à Londres antiga.
= Viajei para a Londres antiga.
O uso do “à” também não é permitido antes de plural ou de palavras antecedidas por artigo 
indefinido:
Concorri a uma viagem de férias.
Contei a história a amigas.
No primeiro exemplo, a crase não ocorre por causa da falta do artigo definido. Em vez do “a”, 
temos “uma viagem”. Portanto, usaremos somente a preposição “a”. Quanto ao segundo período, foi 
escolhido um verbo transitivo direto e indireto, porque tem: um objeto direto – “a história” – em que 
temos apenas o artigo definido “a”; e um objeto indireto – “amigas” – antecedido pela preposição “a”. 
12 Quando, no período, já existe uma preposição antes do artigo “a”, é vetado o uso do acento grave. Sendo 
assim, em vez de escrevermos: “Caminhei até à praia”, devemos usar somente “Caminhei até a praia”, sem crase.
13 Em: “Voltei de Londres”, usamos apenas a preposição “de”, o que serve para comprovar que o único “a” que 
existe em “Viajei a Londres” é também uma preposição.
Forma e função da preposição nos casos de regência 83
Sendo assim, como não existe um artigo definido concordando com o substantivo “amigas”, a fusão 
dos dois “a” não ocorre, tornando incorreto o uso do acento grave. A partir do momento em que o 
artigo definido é inserido no exemplo, concordando em gênero e número com o substantivo a que se 
refere, o acento torna-se obrigatório:
Contei a história às amigas.
= Contei a história para as amigas.
Evidentemente, essa alteraçãoprovoca um pequeno desvio de sentido. Os períodos “Contei 
a história a amigas” e “Contei a história às amigas” apresentam uma distinção. Enquanto o primeiro 
generaliza o termo “amigas”, o segundo investe na determinação. Isso significa que não se trata 
de amigas indeterminadas, mas de pessoas específicas, que talvez até sejam próximas do sujeito 
enunciador.
Considerações finais
Associando as preposições aos verbos e aos nomes, foi possível comprovarmos a flexibilidade 
estrutural e semântica de nossa língua. A partir dos exemplos analisados aqui, vimos que a mudança e 
até mesmo a presença ou ausência de preposição resultam em significados completamente distintos. 
Sem dúvida, essa percepção contribui para o aprimoramento no uso das ferramentas de elaboração 
de texto e de comunicação, de um modo geral, permitindo a produção de enunciados mais claros, 
assertivos e mais adequados a situações e públicos variados.
Ampliando seus conhecimentos
• TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. 101 usos das preposições de 
e em. Disponível em: https://bd.tjmg.jus.br/jspui/bitstream/tjmg/8111/1/101%20Uso%20
das%20preposi%C3%A7%C3%B5es%20de%20e%20em.pdf. Acesso em: 28 abr. 2019.
“De” e “em” são duas das preposições mais usadas em nossa língua. Em razão disso, o 
material indicado propõe e analisa vários exemplos. Os objetivos são demonstrar a regência 
correta, elucidar o sentido que as preposições assumem em diferentes contextos e propor 
a prática gramatical.
• ROSÁRIO, I. da C. do. Preposições – Itens destituídos de significado? Disponível em: 
http://www.filologia.org.br/cluerj-sg/anais/iii/completos/comunicacoes/ivodacosta.
pdf. Acesso em: 28 abr. 2019.
No artigo em questão, o autor apresenta as preposições não apenas como elementos 
coesivos, mas também como definidores de sentido. Associando a Morfologia à Sintaxe, 
o estudo revisa os conceitos propostos por diferentes gramáticos e estudiosos da língua 
portuguesa, em um levantamento crítico, que nos permite entender melhor a função da 
preposição, tanto na escrita como na fala.
Estudos Morfossintáticos84
• COSTA, J. M. da. Crase para evitar ambiguidade. Disponível em: https://www.migalhas.
com.br/Gramatigalhas/10,MI127653,31047-Crase+para+evitar+ambiguidade. Acesso em: 
28 abr. 2019.
Essa coluna discute o uso do acento grave, apresentando esse tema gramatical de modo 
fácil e descomplicado. Em vez de acumular regras, o autor demonstra que o processo 
denominado “crase” funciona como diferenciador de sentido, razão pela qual é usado, 
normalmente, para esclarecer significados e distinguir elementos sintáticos fundamentais 
e facultativos, dentro do mesmo período.
Atividades
1. Complete os espaços com a preposição correta, isolada ou em forma combinada:
a) Sentimos antipatia ..... vizinha nova.
b) O palestrante fez menção ...... dono da empresa.
c) O testemunho foi favorável ...... réu.
d) O acordo firmado ...... o banco foi cumprido.
e) O elenco fez referência ...... comportamento do público.
2. Reescreva os períodos substituindo os verbos em destaque pelos indicados entre parênteses 
e obedecendo às regras de regência verbal:
a) Vi o espetáculo. (assistir)
b) Apreciamos pratos salgados. (gostar)
c) Gosto mais de cinema do que de teatro. (preferir)
d) A voluntária foi ao asilo para cuidar dos idosos. (assistir)
3. Complete os espaços do texto com “a(s)” ou “à(s)”:
Ontem __ noite, __ três da madrugada, acordei e fui __ cozinha, pois não conseguia dormir. 
Fui até __ sala e liguei __ TV, para assistir __ mais um episódio de minha série preferida. __ 
horas passaram e voltei __ minha cama. Felizmente, consegui dormir. Na manhã seguinte, 
estava cansado, mas fui __ São Paulo, onde deveria comparecer __ uma reunião, no fim do dia.
Referências
ALI, M. S. Gramática histórica da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1971.
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
FERNANDES, F. Dicionário de regimes de substantivos e adjetivos. Porto Alegre: Globo, 2005.
FERNANDES, F. Dicionário de verbos e regimes. Porto Alegre: Globo, 2003.
Forma e função da preposição nos casos de regência 85
LIMA, C. H. da R. Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999.
LUFT, C. P. Dicionário prático de regência nominal. São Paulo: Ática, 2007.
LUFT, C. P. Dicionário prático de regência verbal. São Paulo: Ática, 2007.
MATEUS, M. H. et al. Gramática da língua portuguesa. Lisboa: Editorial Caminho, 2003.
Gabarito
1. Tipos e classificações dos morfemas
1. Em “O sapateiro reformou a sapatilha e deu a uma menininha”, as palavras que possuem 
afixos são: sapateiro (sufixo nominal que indica o ofício de fazer ou consertar sapatos); 
reformou (prefixo utilizado em um verbo e que indica repetição); sapatilha (sufixo 
nominal que indica tamanho pequeno ou sapato para fim específico, como a dança, no 
caso em questão); e menininha (sufixo nominal que indica tamanho pequeno e também 
afetividade, como demonstra o exemplo dado).
2. 
a) A dona da pensão estava aflita.
Os donos da pensão estavam aflitos. (As desinências nominais marcadas indicavam 
feminino singular. Na troca, passaram a indicar masculino plural.)
b) O amigo das minhas primas era rico.
As amigas do meu primo eram ricas. (As desinências nominais marcadas em “amigo” 
e “rico” indicavam masculino singular. Na substituição, passaram a indicar feminino 
plural. No caso da palavra “primas”, flexionada no feminino plural, a forma foi alterada 
para masculino singular.) Observe que as mudanças feitas exigiram que outros elementos 
fossem alterados (artigos, formas combinadas, verbos e pronomes possessivos), para 
obedecermos às regras de concordância da língua portuguesa.
3. 
a) Cantávamos: Cant (radical) / á (vogal temática da primeira conjugação verbal) / va 
(desinência do modo indicativo e do tempo pretérito imperfeito) / mos (desinência 
da 1ª pessoa do plural). O tema desse verbo é: “canta-”.
b) Partisse: Part (radical) / í (vogal temática da terceira conjugação verbal) / sse 
(desinência do modo subjuntivo e do tempo pretérito imperfeito) / mos (desinência 
da 1ª pessoa do plural). O tema desse verbo é: “parti-”.
2. Morfologias nominal e verbal
1. 
a) quarta-feira: substantivo composto. O hífen indica que a palavra é formada por dois 
radicais. Por nomear um dia da semana (e não uma pessoa, ou uma cidade, por 
exemplo), trata-se de um substantivo comum.
b) norte-americano: adjetivo composto. O hífen indica que a palavra é formada por 
dois radicais. Por informar uma qualidade (que informa a nacionalidade de algo ou 
alguém), trata-se de um adjetivo pátrio ou gentílico.
88 Estudos Morfossintáticos
c) cadeira: substantivo simples. Há apenas um radical. Por nomear um objeto, trata-se de 
um substantivo comum.
d) alegre: adjetivo simples. Há apenas um radical. O termo serve para qualificar algo ou 
alguém: “lembrança alegre” e “pessoa alegre”. Trata-se de um adjetivo típico, pois não 
corresponde à forma nominal (particípio) de um verbo.
2. 
a) 
des
prefixo
lig
radical
ado
sufixo formador de adjetivo-particípio
O termo é um adjetivo ou uma forma nominal de verbo (especificamente o particípio do 
verbo “desligar”). Por isso, ele possui as características de nome, ou seja, as desinências 
nominais: de gênero masculino (o “o” no sufixo “-ado”) e de número singular (pela falta do 
“s” no sufixo).
b)
nerv
radical
oso
sufixo que indica abundância
O termo é um adjetivo derivado do substantivo “nervo”. No sufixo, estão as desinências 
nominais: de gênero masculino (o “o” final de “-oso”) e de número singular (pela falta do “s” 
no sufixo).
c) 
cozinh
radical
eiras
sufixo que indica profissão
O termo é um substantivo derivado de “cozinha”. No sufixo, as desinências nominais 
sinalizam: gênero feminino (pelo “a” em “-eiras”) e número plural (pela presença do “s” no 
sufixo).
3. 
a) 
rá
DMT
a
VT
compr
R
s
DNP (2ª pessoa do singular)
O verbo faz parte da 1ª conjugação e está flexionado no futurodo presente do modo 
indicativo. 
Gabarito 89
b) 
(que eles) e
DMT
estud
R
m
DNP (3ª pessoa do plural)
O verbo faz parte da 1ª conjugação. A vogal temática “a” não aparece, mas faz parte do 
infinitivo “estudar”. No verbo dado, o início entre parênteses indica que o termo está 
flexionado no presente do modo subjuntivo. 
c)
 
bat(não)
R
a
DM
O verbo faz parte da 2ª conjugação. A vogal temática “e” também não aparece aqui, mas 
integra o infinitivo “bater”. O início entre parênteses indica que o verbo está flexionado na 
forma negativa do modo imperativo. Não há tempo verbal específico. Também não existe 
DNP, porque o verbo está conjugado na 3ª pessoa do singular: “não bata (você)”.
3. Principais processos de formação de palavras 
1. 
a) pedra: empedramento > Derivação parassintética, pois o prefixo “em-” e o sufixo “-mento” 
foram acrescentados simultaneamente ao radical da palavra primitiva “pedra”. 
b) ferro: ferraria > Derivação sufixal, pelo acréscimo do sufixo “-aria” ao radical da palavra 
primitiva “ferro”.
c) fazer: desfazer > Derivação prefixal, pois “desfazer” surge do acréscimo do prefixo “des-” 
ao radical da forma primitiva (o verbo “fazer”).
2. 
a) samba-enredo > Composição por justaposição, porque o hífen é utilizado, a fim de 
manter a forma e a pronúncia das duas palavras envolvidas no processo. 
b) doravante > Composição por aglutinação, pois a palavra é formada a partir de três termos: 
“de ora avante”. Na junção, ocorrem perdas de letras e fonemas: o “e” da preposição “de” 
é eliminado; e, como há dois “a” seguidos (um no final de “ora” e outro no início de 
“avante”), uma vogal assimila a outra, o que resulta na eliminação de uma delas.
3. 
(2) shorte > Empréstimo, pois a palavra veio do inglês short.
(3) gilete > Onionimia, porque esse substantivo comum surgiu do nome próprio Gillette, 
passando a designar qualquer lâmina de barbear pelo termo que designava a marca.
doravante: advér-
bio utilizado em 
textos formais 
ou de época e 
que significa “de 
ora avante” ou 
“de agora em 
diante”.
90 Estudos Morfossintáticos
(5) CEP > Acrossemia, pois as letras que iniciam “Código de Endereçamento Postal” podem 
ser lidas como palavra única, sem que cada letra seja pronunciada isoladamente.
(6) Dudu > Hipocorismo, já que a forma resulta do nome próprio “Eduardo”, duplicando 
uma sílaba para criar um modo carinhoso de chamamento.
(1) autoestima > Recomposição. A palavra é formada de dois radicais. Entretanto, 
frequentemente “auto” é aqui utilizado e interpretado como se fosse um prefixo.
(4) fone > Braquissemia, pelo fato de o termo constituir uma abreviação de “telefone”.
4. Da morfologia à sintaxe
1. 
a) O carro apresentou problemas. > Substantivo comum e sujeito
b) Duas pessoas foram assaltadas no centro. > Numeral e adjunto adnominal
c) O síndico apresentou aquilo a todos os condôminos. > Pronome demonstrativo e objeto 
direto
d) O terreno foi medido por eles. > Pronome pessoal do caso reto e agente da passiva
2. 
a) Hoje os reencontrarei. > Objeto direto
Embora haja verbo no futuro, a próclise é exigida, em função da palavra atrativa “hoje” 
(advérbio).
b) Vê-lo-ei amanhã. > Objeto direto
A mesóclise é obrigatória, por causa do verbo no futuro do presente.
c) Expliquei-lhe tudo. > Objeto indireto
d) Emprestou-me o dinheiro. > Objeto indireto
Nesse período, assim como no item c) deste exercício, foi usada a ênclise, para evitar o uso 
do pronome oblíquo átono no início do período.
e) Nada os surpreendeu. > Objeto direto
“Nada” é uma palavra negativa e funciona como termo atrativo. Portanto, foi usada a próclise.
3. 
a) Vendemo-lo.
O verbo termina com “-s”, razão pela qual essa letra é eliminada. Além disso, o “l” é usado 
junto com o pronome oblíquo “o”.
b) Desenharam-nos.
Nesse caso, a nasal “m” é mantida no final do verbo. Para combinar com ela, a letra “n” é 
acrescentada ao pronome oblíquo “os”, facilitando a pronúncia.
Gabarito 91
c) Empilhou-as.
A forma verbal acima termina com um ditongo oral, que também se mantém na colocação 
pronominal. Porém, existe diferença no uso do pronome oblíquo (“as”), que não exige 
acréscimo de nenhuma letra.
5. Funções sintáticas no período simples
1. 
a) Reformam-se roupas.
Sujeito simples, porque há apenas um núcleo (“roupas”) e porque o período pode ser passado 
para a voz passiva analítica: Roupas são reformadas.
b) [Nós] Viajamos para a Europa.
Sujeito oculto, pois o verbo está conjugado na 1ª. pessoa do plural.
c) Voltaram o pai, a mãe e os filhos.
Sujeito composto. O período privilegia a ordem indireta. Isso pode dificultar a identificação 
do sujeito, mas tudo fica mais claro, quando utilizamos a ordem direta (padrão). Veja: 
“O pai, a mãe e os filhos voltaram”. Há três núcleos: “pai”, “mãe” e filhos”.
d) [Eles] Escreveram um novo livro.
Sujeito indeterminado, pois o verbo está conjugado na 3ª. pessoa do plural.
e) Existiam segredos na família.
Sujeito simples, porque há apenas um núcleo (“segredos”) e porque foi utilizado o verbo 
“existir”.1
2. 
a) O síndico apresentou o relatório.
Predicado verbal, porque apresenta um verbo – transitivo direto, nesse caso – e o objeto exigido 
por ele.
b) Elas chegaram atrasadas ao espetáculo.
Predicado verbo-nominal, porque possui dois núcleos: um verbo (intransitivo, no caso) e um 
predicativo (do sujeito, nesse exemplo específico). Observe que “ao espetáculo” caracteriza-
-se como circunstâcia de lugar. Dessa forma, trata-se apenas de um advérbio.
c) A candidata parecia confiante.
Predicado nominal, pois traz um verbo de ligação e um predicativo do sujeito.
1 Se o período utilizasse o verbo “haver”, a classificação do sujeito sofreria alteração. Portanto, se tivéssemos “Há 
segredos na família”, teríamos uma oração sem sujeito. Além disso, perceba que o verbo “haver”, quando usado no sentido 
de “existir”, não se flexiona no plural. Apesar de o termo “segredos” estar no plural, o verbo “há” é mantido no singular.
92 Estudos Morfossintáticos
3. 
a) O prefeito ofereceu auxílio (objeto direto) aos desabrigados (objeto indireto). 
O verbo “ofereceu” tem dupla transitividade, exigindo, portanto, dois objetos para que a 
informação seja apresentada de modo completo.
b) A empresa foi superada por sua principal concorrente (agente da passiva).
É usada a preposição “por” e o elemento sintático sublinhado desempenha a ação sofrida 
pelo sujeito paciente: “A empresa”.
c) A aprovação de novos empréstimos (complemento nominal) foi suspensa.
O complemento tem sentido passivo, afinal os empréstimos são aprovados por alguém.
d) A decisão foi conveniente ao réu (complemento nominal).
O elemento sintático marcado segue um adjetivo: “conveniente”.
e) Minha (adjunto adnominal) tataravó nasceu na Inglaterra.
O pronome possessivo “Minha” apenas acompanha o substantivo “tataravó”.
f) O turista estava animado (predicativo do sujeito).
Trata-se de um adjetivo/particípio. Além disso, percebe-se que “animado” segue um verbo 
de ligação (“estava”) e diz respeito ao sujeito (“O turista”).
6. Funções sintáticas no período composto
1. 
a) Procuro um emprego, mas preciso de qualificação. > O período é composto por 
coordenação. A primeira oração (“Procuro um emprego”) é assindética, porque não 
traz nenhuma conjunção. A segunda (“mas preciso de qualificação”) é uma sindética 
adversativa, pois utiliza a conjunção “mas”, que, por sua vez, revela a dependência de 
sentido entre as duas orações coordenadas. Contudo, sob o ponto de vista sintático, há 
independência. Observe:
Primeira oração:
Procuro
Verbo
um emprego.
Obj. direto (Sujeito oculto: “eu”)
Segunda oração:
de qualificação.
Obj. indireto
mas
Conjunção
preciso
Verbo (Sujeito oculto: “eu”)
b) A professora pediu que os alunos fizessem um trabalho. > O período é composto por 
subordinação. A primeira oração (“A professora pediu”) é a principal, enquanto a segunda 
(“que os alunos fizessem um trabalho”) é a subordinada substantiva, já que fornece o 
objeto direto que completa a oraçãoprincipal, sintática e semanticamente. Podemos 
Gabarito 93
comprovar isso por meio da pergunta feita ao verbo da oração principal (“A professora 
pediu” o quê? “Que os alunos fizessem um trabalho”. Resumindo:
que os alunos fizessem um trabalho.
Or. Sub. Subst. e Obj. Direto da Or. Principal
A professora 
Suj. da Or. Principal
pediu
Verbo da Or. Principal
2. 
a) Convém que elas aprontem tudo.
Or. Principal + Or. Sub. Subst. Subjetiva, pois a subordinada é sujeito da oração principal: “Isso 
convém”.
b) Eles duvidavam do que o garoto contava.
Or. Principal + Or. Sub. Subst. Objetiva Indireta, já que a subordinada desempenha a função 
de objeto indireto da oração principal: “Eles duvidavam” do quê? “Do2 que o garoto contava”.
c) Minha única chance é que o banco autorize o empréstimo.
Or. Principal + Or. Sub. Subst. Predicativa, porque a subordinada funciona como predicativo 
da oração principal. A prova disso é que a segunda oração pode ser substituída por um adjetivo 
qualquer, afinal é essa classe que desempenha a função sintática do predicativo: “Minha única 
chance é excelente”. Além disso, perceba a estrutura clássica, que reúne sujeito, verbo de ligação 
e predicativo do sujeito.
3. 
a) Necessito do que você comprou.
b) Tenho necessidade do que você comprou.
A oração da letra a) apresenta uma oração subordinada substantiva objetiva indireta, porque 
“do que você comprou” serve de objeto indireto do verbo “Necessito”. Porém, o período da 
letra b) traz como oração subordinada uma substantiva completiva nominal. A diferença é 
que, no segundo exemplo, a segunda oração completa um nome (“necessidade”), e não um 
verbo.
7. Os verbos e os nomes nas regras de concordância
1. 
a) Parecia meio aflita diante do ocorrido. > “Meio” é advérbio, sinônimo de “um pouco”, e 
por isso não varia.
b) Todas as imagens estão anexas. > “Anexas” é um adjetivo, que, inclusive, no exemplo 
dado, vem após um verbo de ligação (“estão”). Dessa forma, a palavra em questão deve 
concordar com o verbo e com o núcleo do sujeito (“imagens”).
c) É necessário cautela. > A ausência de artigo ou de outro tipo de especificativo exige que 
o termo “necessário” fique invariável.
2 “Do” é uma forma combinada (preposição “de” + artigo “o”) e, como sabemos, todos os objetos indiretos devem 
apresentar preposição.
94 Estudos Morfossintáticos
d) Estudava histórias moderna e medieval. > O termo “histórias” está no plural, porque 
são duas matérias distintas: uma moderna e outra medieval. Como se trata de tipos bem 
diferentes, não é coerente utilizar o substantivo “história” no singular.
e) Salada é bom. > O adjetivo “bom” não pode variar, já que o substantivo “salada” não vem 
antecedido por artigo ou outro especificativo.
f) Uma vez aprovados os projetos, consegui a verba. > O adjetivo/particípio “aprovados” 
corresponde ao substantivo “projetos”. Portanto, ambas as palavras devem ser flexionadas 
no masculino plural.
2. 
a) “Férias dos famosos terá como cenário as praias paradisíacas de Fernando de Noronha” 
ou: “As férias dos famosos terão como cenário as praias paradisíacas de Fernando de 
Noronha”.
Enquanto a ausência do artigo antes de “Férias” exige o verbo no singular (“terá”), a 
inclusão do artigo “As” obriga a flexão do verbo no plural (“terão”).
b) Existiam muitos problemas naquele relacionamento. Está correto.
O sujeito está no plural – “muitos problemas” – e exige que o verbo “existir” concorde 
com ele.
c) Na rua, havia buracos ainda não consertados pela prefeitura.
Nesse período, sem sujeito, o verbo “haver” é invariável. Dessa forma, não importa o fato 
de a palavra “buracos” estar no plural.
3. 
a) Descobriram-se os segredos. > Trata-se do verbo “descobrir” com o apassivador “se”. Isso 
significa que o sujeito é simples (“os segredos”) e devemos fazer a concordância entre ele 
e o verbo.
b) Precisa-se de secretárias executivas. > Em “Precisa-se”, temos um verbo transitivo indireto 
e o “se”, que, nesse caso, é uma partícula de indeterminação do sujeito. Portanto, não é 
possível flexionar o verbo no plural. Apenas o objeto indireto, “de secretárias executivas”, 
vai para o plural.
c) É natural que se comentem as notícias. > Nesse exemplo, o “se” age como apassivador, 
razão pela qual podemos utilizar a voz passiva analítica: “... que as notícias sejam 
comentadas”. Essa possibilidade demonstra que o verbo deve ser flexionado no plural, 
para concordar com “notícias”.
8. Forma e função da preposição nos casos de regência 
1. 
a) Sentimos antipatia pela vizinha nova.
b) O palestrante fez menção ao dono da empresa.
c) O testemunho foi favorável ao réu.
d) O acordo firmado com o banco foi cumprido.
e) O elenco fez referência ao comportamento do público.
Gabarito 95
2. 
a) Assisti ao espetáculo. > No sentido de “ver”, o verbo “assistir” exige o uso da preposição “a”.
b) Gostamos de pratos salgados. > O verbo “gostar” sempre é usado com a preposição “de” 
para se unir a um objeto.
c) Prefiro cinema a teatro. > Nesse período, muitas alterações foram necessárias, pelo fato 
de o verbo “preferir” exigir a preposição “a” e repelir o uso da palavra “mais”.
d) A voluntária foi ao asilo para assistir os idosos. > Quando assume o sentido de “ajudar” 
ou “auxiliar”, o verbo “assistir” é transitivo direto. Portanto, nenhuma preposição deve 
ser utilizada.
3. 
Ontem à (1) noite, às (2) três da madrugada, acordei e fui à (3) cozinha, pois não conseguia 
dormir. Fui até a (4) sala e liguei a (5) TV, para assistir a (6) mais um episódio de minha série 
preferida. As (7) horas passaram e voltei à (8) minha cama. Felizmente, consegui dormir. Na 
manhã seguinte, estava cansado, mas fui a (9) São Paulo, onde deveria comparecer a (10) 
uma reunião, no fim do dia.
Nos casos 1 e 2, o acento grave é necessário, pois temos dois advérbios de tempo: “à noite” 
e “às três da madrugada”. Nos itens 3 e 8, o uso do “à” está correto e pode ser justificado 
pela possibilidade da troca por “para a”, que também reúne preposição e artigo. No item 4, 
apenas o artigo “a” é incluído, pelo fato de “até” já ser uma preposição. Outros artigos foram 
utilizados nas opções 5 e 7. Para averiguar esses dois casos, basta flexionarmos os trechos em 
questão no número oposto: “a TV” / “as TVs”; “As horas passaram” / “A hora passou”. Nos 
espaços 6 e 10, a preposição “a” é exigida pelos verbos “assistir” (= “ver”) e “comparecer”. Por 
fim, no item 9, apenas a preposição “a” é incluída, porque, quando usamos o verbo “voltar”, 
verificamos que somente a preposição é usada: “Fui a São Paulo” / “Voltei de São Paulo”.
MOR
FOS
SIN
TÁ
TI
COS
ESTUDOS
MORFOSSINTÁTICOS
VERÔNICA DANIEL KOBS
E
S
T
U
D
O
S
 M
O
R
F
O
S
S
IN
T
Á
T
IC
O
S
V
E
R
Ô
N
IC
A
 D
A
N
IE
L
 K
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B
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Código Logístico
58561
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6481-6
9 788538 764816

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