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DESCRIÇÃO Introdução à Farmacoeconomia e suas análises de avaliação econômica dos medicamentos e dos resultados. PROPÓSITO Compreender conceito e análises da Farmacoeconomia para fins de conhecimento de suas teorias e práticas empregadas no âmbito farmacêutico, sendo um tema de extrema importância para a sua formação e atuação profissional, pois facilitará o seu desempenho em diversas áreas de atuação farmacêutica. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos um dicionário de Termos Técnicos em Saúde para entender termos específicos da área. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever o histórico e a evolução do conceito de Farmacoeconomia MÓDULO 2 Reconhecer a análise de avaliação econômica dos medicamentos MÓDULO 3 Identificar a análise dos resultados farmacoeconômicos INTRODUÇÃO Farmacoeconomia é o emprego dos conhecimentos da economia para estudar os medicamentos, visando melhorar os gastos com esses produtos sem, no entanto, prejudicar o tratamento do paciente. Muitas análises farmacoeconômicas podem ser empregadas, todas elas com a intenção de melhorar e racionalizar os gastos com medicamentos. Neste tema, você aprenderá o que é Farmacoeconomia, sua relevância e suas aplicações. Também será apresentado à regulação e ao financiamento de medicamentos nos sistemas se saúde. Veremos igualmente a análise de minimização de custos ou simples análise (AMC), análise custo-efetividade (ACE), análise custo-utilidade (ACU) e análise custo-benefício (ACB) e como essas análises são aplicadas. Outros pontos abordados neste tema são razão custo-efetividade e razão incremental. Desse modo, poderá entender a importância das análises em Farmacoeconomia para a gestão de medicamentos no sistema de saúde. MÓDULO 1 Descrever o histórico e a evolução do conceito de Farmacoeconomia HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE FARMACOECONOMIA Desde muito tempo, a sociedade produz e consome diversos bens e serviços. A economia é aqui entendida como o estudo da maneira pela qual os recursos fixos ou a produção satisfazem o consumo ilimitado. Inicialmente, essa área de conhecimento usou as noções familiares de análise de oferta e demanda para encontrar relações entre produção e consumo e determinar, para qualquer bem ou serviço específico ou subconjunto do mercado, como ele e seus arranjos de provisão pública eram otimizados. Autor: Santyaga / Fonte: Shutterstock Autor: CalypsoArt / Fonte: Shutterstock Desde que se pensou em economia para a área da saúde, até meados da década de 1980, as ferramentas-padrão (ferramentas como o estudo da oferta e da demanda) utilizadas eram as mesmas que os economistas utilizavam, pois a maioria dos profissionais desse ramo eram formados em Economia e, por acaso, estavam interessados nas forças de mercado que dirigem o sistema de saúde. Naquela época, os estudos econômicos eram usados para informar as políticas governamentais, que lidavam principalmente com o reembolso de serviços de saúde ou de medicamentos, além de outras questões políticas. Os governos e, em menor grau, as associações de provedores de saúde usaram esses estudos. Alguns foram encomendados a consultores privados e acadêmicos. Em outros casos, esses grupos contrataram diretamente economistas em saúde para o trabalho. Então, veio o surgimento do novo movimento chamado "saúde baseada em evidências". Esse movimento, que começou em meados da década de 1980, ganhou popularidade ao longo da última década e baseava-se no princípio de que as ações em saúde não eram diferentes de nenhuma outra ciência ou de qualquer tratamento ou terapia, e deveriam ser justificáveis usando-se regras científicas (padrão de evidência), que deveriam ser estatisticamente sólidas. Por causa desse movimento, os medicamentos e outras terapias têm sido cada vez mais cobrados a "provar sua capacidade", tanto terapeuticamente quanto economicamente. Desde 1993, na Austrália, as empresas farmacêuticas têm de apresentar um estudo econômico sobre as implicações da introdução de novos medicamentos, para que o governo considere colocar o medicamento no formulário para reembolso. Logo depois, em Ontário, no Canadá, também introduziu-se esse requisito, que agora é o padrão em várias províncias canadenses. A Holanda também está implementando uma disposição semelhante. Esse movimento resultou na promoção da disciplina Farmacoeconomia, que envolve a aplicação da estrutura econômica ao estudo de utilização e eficácia dos medicamentos. Sendo assim, uma série de pesquisadores migraram para a disciplina e, devido ao seu assunto clínico, muitos deles eram das áreas clínica e farmacêutica. Como resultado, a disciplina começou a mudar, absorvendo novas ideias e novos métodos de farmácia, epidemiologia, medicina clínica e psicologia. Dessa forma, podemos entender a Farmacoeconomia como: A DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS CUSTOS DA TERAPIA MEDICAMENTOSA PARA OS SISTEMAS DE SAÚDE E A SOCIEDADE – ELA IDENTIFICA, MEDE E COMPARA OS CUSTOS E AS CONSEQUÊNCIAS DOS PRODUTOS E SERVIÇOS FARMACÊUTICOS. Com a evolução do conhecimento e das pesquisas, hoje a economia na saúde tem duas vertentes: VERTENTES DA ECONOMIA EM SAÚDE MACROECONÔMICA Mais tradicional, examina a provisão do governo e as questões da estrutura do mercado. Os profissionais dessa área são quase sempre economistas da saúde com formação tradicional e são contratados por governos, universidades e alguns grupos profissionais, como associações médicas e indústrias farmacêuticas. Entretanto, essa área não tem crescido muito. AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA SAÚDE Muito maior em termos de atividade. Hoje, essa disciplina é muito multidisciplinar. O campo absorveu vários farmacêuticos e médicos, bem como indivíduos de outras disciplinas biológicas. Esses indivíduos devem ter algum conhecimento em economia na saúde. O campo da avaliação econômica da saúde absorveu ideias sobre o uso de medicamentos, da qualidade de vida psicológica, da farmacoepidemiologia e a medição dos custos da contabilidade e economia — tudo apresentado em uma estrutura que foi adaptada da economia básica. Autor: Fahroni / Fonte: Shutterstock Na medida em que o movimento baseado em evidências se desenvolve e é adotado por órgãos de formulação de políticas públicas e associações profissionais, essa nova disciplina de avaliação econômica em saúde tornou-se ainda mais utilizada. As empresas farmacêuticas contratam economistas em saúde (na definição mais ampla) para apoiar e avaliar seus estudos relativos à justificativa de novos medicamentos. Organismos de formulação de listas de medicamentos essenciais (como RENAME e REMUME) exigem experiência em economia em saúde para avaliar as submissões e conduzir seus próprios estudos. Além disso, os governos estão começando a examinar as terapias não medicamentosas em termos de suas implicações econômicas. O campo da “avaliação de tecnologia em saúde” é aquele que absorve uma série de disciplinas diferentes na avaliação de um grupo mais amplo de terapias, e a pedra angular desse campo é a avaliação econômica em saúde. Autor: Dora Zett / Fonte: Shutterstock Com os governos expandindo suas ações em saúde e simultaneamente examinando seus orçamentos, e com os profissionais da saúde sendo cada vez mais solicitados a justificar suas atividades, o campo mais amplo da avaliação da economia em saúde proporciona vagas tanto para economistas tradicionalmente treinados quanto para pessoas com formação clínica e outras ciências, com algum trabalho adicional nesta área. RELEVÂNCIA E APLICAÇÕES A literatura farmacoeconômica é uma vasta e poderosa fonte de informações para farmacêuticos e outros tomadores de decisões sobre serviços e produtos. Um bom estudo pode ser usado para apoiar decisões em áreas diversas, como tratamento individual de pacientes, gerenciamento de formulários, desenvolvimento de diretrizes para uso de medicamentos, iniciativas de gestão de doenças e avaliação de serviço farmacêutico. A seleção de uma estratégia de aplicação deve ser baseadano impacto potencial da decisão sobre qualidade e custo do atendimento. Os dados farmacoeconômicos publicados podem ajudar os farmacêuticos a tomarem mais e melhores decisões sobre serviços e produtos farmacêuticos. Autor: Iren Moroz / Fonte: Shutterstock No Sistema Único de Saúde (SUS), existe a diretriz de acesso universal. Entretanto, o sistema tem um orçamento limitado e poucos recursos. Visto isso, é imprescindível que gestores recorram a metodologias que auxiliem na tomada de decisões, e assim possam optar por uma ou outra intervenção ou tratamento, com base em dados econômicos. A Farmacoeconomia tem a característica de ser uma ferramenta para os gestores de recursos financeiros da saúde, auxiliando na tomada de decisão sobre o uso de medicamentos e, como consequência, repercutindo na utilização de recursos financeiros de forma mais efetiva. Podemos dizer que a Farmacoeconomia é essencial nas seguintes situações: Selecionar e padronizar medicamentos em hospitais ou sistemas de saúde. Estabelecer prescrições de medicamentos em protocolos clínicos. Orientar médicos e pacientes na escolha da farmacoterapia. Orientar pesquisas de desenvolvimento de novos medicamentos ou produtos. Orientar a aprovação de novos medicamentos por parte de agências reguladoras. VIGIPÓS – Farmacovigilância pós-comercialização. Autor: sebra / Fonte: Shutterstock As implicações farmacoeconômicas influenciam diretamente no uso racional de medicamentos, uma vez que interferem na adesão e continuidade de tratamento pelos pacientes. O uso racional de medicamentos significa a utilização desses produtos em qualidade, quantidade e frequência necessárias a uma boa resposta ao tratamento. Sendo assim, estudos farmacoeconômicos ajudam na previsão de variações econômicas na utilização do medicamento, contribuindo com o cumprimento da farmacoterapia racional, principalmente em serviços de saúde. SAIBA MAIS Na atualidade, há um impulso muito bem-vindo dos estados-membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) para implementar o conceito de cobertura universal de saúde (CUS) e, assim, garantir que todas as pessoas obtenham os serviços de saúde de que precisam sem sofrer dificuldades financeiras ao pagar por eles. A CUS requer sistemas de saúde fortes e bem administrados, métodos sustentáveis e equitativos para financiar serviços de saúde com capacidade suficiente de profissionais bem treinados e motivados e acesso a medicamentos e tecnologias essenciais. Com os gastos com medicamentos atingindo níveis extremos – com alguns países de baixa e média rendas direcionando dois terços de todos os seus gastos com saúde a medicamentos – a necessidade de repensar e redirecionar a ação no campo dos medicamentos nunca foi tão urgente. Só com novas formas de compreender o alcance dos problemas é que políticas, regulamentos e intervenções em saúde concebidos podem garantir que, quando se trata de acesso a medicamentos necessários, ninguém fique sem atendimento, não importando onde vive, sua idade ou seu sexo. CONFORME EVIDENCIADO AO LONGO DESTE RELATÓRIO, O ACESSO A MEDICAMENTOS E O USO APROPRIADO DEVEM SER UM FOCO CENTRAL PARA QUALQUER ESFORÇO, A FIM DE FORTALECER OS SISTEMAS DE SAÚDE E AVANÇAR SUA COBERTURA UNIVERSAL. E A FARMACOECONOMIA PODE SER UTILIZADA COMO UMA FERRAMENTA PODEROSA PARA SE ATINGIR O ACESSO A MEDICAMENTOS DE FORMA UNIVERSAL. A OMS define medicamentos essenciais como aqueles que respondem às necessidades prioritárias de saúde de uma população específica. Os medicamentos essenciais devem estar disponíveis em quantidades adequadas, formas e doses apropriadas, além de serem rentáveis. Para responder efetivamente às necessidades de saúde de uma população, devem ter eficácia, qualidade e segurança comprovadas. Ao respeitar esses critérios, os medicamentos essenciais são um dos elementos mais econômicos para qualquer sistema de saúde, trazendo um impacto imediato e duradouro nesse campo. Autor: Diego Grandi / Fonte: Shutterstock Sede da Organização Mundial da Saúde (OMS). Genebra, Suíça. Apesar de alguma atenção global sobre o problema, ainda há muito trabalho a ser feito. Crucialmente, governos, comunidade internacional, organizações não governamentais (ONGs) e a indústria farmacêutica devem mover a agenda de medicamentos além dos direitos intelectuais de propriedade e cada vez mais respeitar suas responsabilidades legais e éticas no trabalho para o acesso equitativo a medicamentos em países de baixa e média rendas. Para tal, o uso da Farmacoecomonia pode auxiliar nos seguintes fatores de acesso a eles: Compreensão mais completa dos gargalos para garantir acesso equitativo a medicamentos para as populações de países de baixa e média rendas. Melhorar a acessibilidade e o uso adequado de medicamentos. Definição de prioridades justas e transparentes para determinar quais medicamentos serão selecionados e incluí-los em uma lista nacional de medicamentos essenciais. Determinação de preços inovadores e estratégias de financiamento para medicamentos, com modelos mais eficientes de abastecimento. Desenvolver incentivos para o uso racional de medicamentos. Autor: PopTika / Fonte: Shutterstock Autor: Sergey Baybara / Fonte: Shutterstock FARMACOECONOMIA: PERSPECTIVA Por quase quatro décadas, tem havido uma atenção crescente sobre os custos e benefícios das terapias medicamentosas e dos serviços farmacêuticos. Hoje, algumas das principais políticas relacionadas a produtos farmacêuticos referem-se a qualidade, segurança e custo. Essas mudanças nas políticas públicas devem-se, em parte, ao impacto da evolução da Farmacoeconomia. Sabemos que esta foi adotada mundialmente como uma disciplina de Ciências da Saúde pela indústria farmacêutica, pelos cientistas farmacêuticos e profissionais de farmácia. É geralmente definida como a descrição e análise dos custos e das consequências dos produtos farmacêuticos e serviços farmacêuticos e seu impacto sobre os indivíduos, sistemas de saúde e sociedade. Os métodos de pesquisa usados por cientistas nesta disciplina (como poderá ser visto mais adiante: relação custo-benefício, avaliações de custo- utilidade e qualidade de vida) são extraídos de muitas áreas, como Economia, Epidemiologia, Medicina, Farmácia e Ciências Sociais. Em essência, a análise farmacoeconômica usa essas ferramentas para examinar o impacto de terapias e serviços com medicamentos alternativos nos resultados do atendimento ao paciente. Podemos acreditar que esta disciplina continuará a ter um impacto significativo na prestação e no financiamento de cuidados em saúde em todo o mundo. Além disso, a Farmacoeconomia pode influenciar os cuidados de saúde e a prática de farmácia em uma magnitude pelo menos equivalente ao impacto da Farmácia Clínica e da Farmacocinética. DÉCADA DE 1960 Durante o início dos anos 1960, a Farmácia começou a evoluir como uma disciplina clínica dentro do sistema de saúde. Foi nessa época que disciplinas da Ciência Farmacêutica, tais como Produtos Farmacêuticos, Farmácia Clínica, Informações sobre Medicamentos e Farmacocinética tornaram-se essenciais, integrando parte da educação e da ciência em farmácia. Na década de 1970, a Farmacoeconomia desenvolveu suas raízes. DÉCADA DE 1970 Em 1978, pesquisadores da Universidade de Minnesota introduziram os conceitos de análises de custo-benefício e custo-efetividade no American Journal of Hospital Farmacia. Esses pesquisadores também publicaram o primeiro artigo de pesquisa de farmácia em 1979, no qual a análise de custo- benefício foi usada para avaliar os resultados da individualização das doses de aminoglicosídeos em pacientes gravemente queimados com septicemia gram-negativa, usando protocolos farmacocinéticos sofisticados. DÉCADA DE 1980 A publicação desse estudo certamente foi importante para o avanço das informações farmacoeconômicas. Em 1982, os mesmos pesquisadores publicaram um artigo sobre métodos econômicos, pois viram a importância disso e estabeleceram uma coluna regularsobre esta área temática. VOCÊ SABIA O termo "farmacoeconomia" não apareceu na literatura até 1986, quando uma publicação, descrevendo a necessidade de desenvolver atividades de pesquisa nesta disciplina em evolução, nomeu-a pela primeira vez. Em última análise, todos esses esforços levaram à publicação do primeiro livro no campo, o Principles of Pharmacoeconomics, de Harvey Whitney. Até o momento, muitos dos esforços nesta disciplina têm sido direcionados para o refinamento dos métodos de pesquisa e sua aplicação na avaliação de serviços farmacêuticos e terapias medicamentosas específicas. A Farmacoeconomia continua a evoluir de forma semelhante a outra ciência farmacêutica relativamente nova, a Farmacocinética. Esta surgiu na década de 1950 nos EUA, nas faculdades de farmácia, e, na década de 1970, tornou-se parte integrante do currículo de graduação. Muitos dos modelos teóricos para Farmacocinética são baseados em princípios físico-químicos desenvolvidos por físicos, químicos e engenheiros. Paralelamente, a Farmacoeconomia tomou-os emprestados das Ciências Econômicas e Sociais básicas para a maioria de seus modelos teóricos, sendo introduzida nos currículos de graduação e pós-graduação em Farmácia já em 1976, na Universidade de Minnesota. No entanto, o conteúdo educacional foi mais enfatizado em nível de pós-graduação do que em programas profissionais. Agora, vemos muito desse material sendo incorporado em nível educacional da profissão ao lado das disciplinas Farmacocinética e Farmacoterapia. Além disso, ao examinar o caminho evolutivo de Farmacocinética, é claro que sua aplicação no ambiente clínico foi um motor que garantiu seu lugar no currículo profissional de Farmácia. Acredita-se que a Farmacoeconomia obterá o mesmo nível de reconhecimento quando sua aplicação no cuidado direto ao paciente for mais completa. Em outras palavras, quando os profissionais de Farmácia começarem a aplicar os resultados da pesquisa farmacoeconômica à tomada de decisão terapêutica, influenciando positivamente os resultados dos pacientes, a disciplina se tornará cada vez mais um componente crítico na prestação de cuidados de saúde. Da mesma forma, a implementação bem-sucedida de "assistência farmacêutica" acontecerá com pesquisas farmacoeconômicas suficientes que documentem adequadamente o grau em que os benefícios de tais cuidados superam os custos associados a esses serviços. Assim sendo, os farmacêuticos devem tornar-se os principais atores para garantir que a terapia medicamentosa e os serviços de farmácia relacionados não sejam apenas seguros e eficazes, mas que também forneçam valor real em termos econômicos e humanísticos. Autor: Ralf Maassen (DTEurope) / Fonte: Shutterstock HISTÓRICO DA FARMACOECONOMIA Para aprender um pouco mais a respeito do histórico da Farmacoeconomia, assista ao vídeo a seguir. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NESTE MÓDULO, APRENDEMOS A RELEVÂNCIA E AS APLICAÇÕES DA FARMACOECONOMIA, QUE TEM A CARACTERÍSTICA DE SER UMA FERRAMENTA PARA OS GESTORES DE RECURSOS FINANCEIROS DA SAÚDE. NESTE SENTIDO, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO CORRESPONDE A UMA SITUAÇÃO ESSENCIAL DE UTILIZAÇÃO: A) Selecionar e padronizar medicamentos em hospitais ou sistemas de saúde e estabelecimento de prescrições de medicamentos em protocolos clínicos. B) Orientação de médicos e pacientes na escolha da farmacoterapia e orientação de pesquisa de desenvolvimento de novos medicamentos ou produtos. C) Orientação para a aprovação de novos medicamentos por parte de agências reguladoras e VIGIPÓS – Farmacovigilância pós-comercialização. D) Armazenamento e utilização de medicamentos pela população e desenvolvimento de pesquisa para novos fármacos. 2. TAMBÉM APRENDEMOS NESTE MÓDULO SOBRE A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FARMACOECONOMIA. A SEGUIR, SÃO LISTADAS ALGUMAS DEFINIÇÕES. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE REPRESENTA CORRETAMENTE A DEFINIÇÃO DE FARMACOECONOMIA. A) Descrição e análise dos custos da terapia medicamentosa para os sistemas de saúde e a sociedade. B) Ciência que estuda o percurso que a medicação realiza no corpo humano, ou no organismo que está sendo medicado, e toda a ação que a droga administrada sofre ao ser absorvida, transformada ou biotransformada até o seu processo de eliminação corpórea. C) Estuda a ação de um medicamento no organismo humano. D) Área da farmácia voltada à ciência e à prática do uso racional de medicamentos, por meio da qual os farmacêuticos prestam cuidados ao paciente, de forma a otimizar a farmacoterapia, promover saúde e bem-estar e prevenir doenças. GABARITO 1. Neste módulo, aprendemos a relevância e as aplicações da Farmacoeconomia, que tem a característica de ser uma ferramenta para os gestores de recursos financeiros da saúde. Neste sentido, assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma situação essencial de utilização: A alternativa "D " está correta. O armazenamento e a utilização de medicamentos pela população não se apresentam na lógica da utilização da Farmacoeconomia por gestores financeiros. 2. Também aprendemos neste módulo sobre a evolução histórica da Farmacoeconomia. A seguir, são listadas algumas definições. Assinale a alternativa que representa corretamente a definição de Farmacoeconomia. A alternativa "A " está correta. A Farmacoeconomia é a ciência ou o estudo dos custos da utilização de medicamentos nos sistemas de saúde. MÓDULO 2 Reconhecer a análise de avaliação econômica dos medicamentos Autor: smolaw / Fonte: Shutterstock Os tomadores de decisão podem usar os métodos da Farmacoeconomia para avaliar e comparar os custos totais das opções de tratamento e os resultados associados a elas. Para mostrar isso graficamente, pense nos dois lados de uma equação: (1) os insumos (custos) usados para adquirir e usar o medicamento e (2) os resultados relacionados à saúde. Autor: Autor / Fonte: Elaborado pelo autor Equação da Farmacoeconomia (Figura 1). No centro da equação, o medicamento é simbolizado por Rx. Se apenas o lado esquerdo da equação for medido sem que os resultados sejam levados em conta, esta é uma análise de custo (ou uma análise econômica parcial). Se apenas o lado direito da equação for medido sem que os custos sejam levados em conta, este é um estudo clínico ou de resultados (não uma análise econômica). Para ser uma verdadeira análise farmacoeconômica, ambos os lados da equação devem ser considerados e comparados. É importante destacar que essa análise envolve a pesquisa de resultados. RELAÇÕES DA FARMACOECONOMIA COM A PESQUISA DE RESULTADOS A pesquisa de resultados é definida como uma tentativa de identificar, medir e avaliar os resultados dos serviços de saúde. Pode incluir não apenas consequências clínicas e econômicas, mas também resultados, como o estado de saúde do paciente e a satisfação com o atendimento em saúde. ATENÇÃO A Farmacoeconomia é um tipo de pesquisa de resultados, mas nem todas as pesquisas de resultados são pesquisas farmacoeconômicas. MODELOS DE ANÁLISE FARMACOECONÔMICA Todos os quatro tipos de análises farmacoeconômicas seguem o diagrama mostrado na Tabela 1. Eles medem custos ou entradas em dinheiro e avaliam os resultados associados a esses custos. As análises farmacoeconômicas são categorizadas pelo método usado para avaliar os resultados: AMC Se os resultados forem considerados equivalentes, o estudo é chamado de Análise de Minimização de Custos. ACB Se os resultados são medidos em valor monetário, o estudo é chamado de Análise de Custo-Benefício. ACE Se os custos são medidos em unidades naturais (por exemplo, curas, anos de vida, pressão arterial), o estudo é chamado de Análise de Custo- Efetividade. ACU Se os resultados levarem em consideração as preferências do paciente (ou utilidades), o estudo é denominado Análise de Custo-Utilidade. Cada tipo de análise inclui uma medida de custos em valor monetário. A avaliação desses custos é discutida primeiro, seguida por outros exemplos de como os resultados são medidos para esses quatro tipos de estudos.Metodologia Unidade de Mensuração de Custo Unidade de Mensuração de Resultados Análise de Minimização de Custos (AMC) $ Assumido como equivalente em comparação aos grupos de análises. Análise de Custo-Benefício (ACB) $ $ Análise de Custo-Efetividade (ACE) $ Unidades naturais (ganhos de anos de vida, análise da pressão arterial...). Análise de Custo-Utilidade (ACU) $ Qualidade de vida ajustada em anos ou outra unidade. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Fonte:Shutterstock Quatro tipos de análises farmacoeconômicas (Tabela 1). TIPOS DE CUSTOS Os custos são calculados para estimarem-se os recursos (ou entradas) que são usados na produção de um resultado. Os estudos farmacoeconômicos categorizam os custos em quatro tipos. Os Custos diretos não clínicos são custos diretamente associados ao tratamento, mas não são de natureza clínica. São considerados custos não clínicos: Custo de viagem de e para o consultório médico ou hospital. Babá para os filhos de um paciente. Alimentação e alojamento necessários para os pacientes e suas famílias durante tratamento fora da cidade. Os custos indiretos envolvem aqueles que resultam da perda de produtividade devido à doença ou morte. Observe que o termo contábil “custos indiretos”, que é usado para atribuir despesas gerais, é diferente do termo econômico, que se refere à perda de produtividade do paciente ou de sua família devido à doença. Os custos intangíveis incluem os custos de dor, sofrimento, ansiedade ou fadiga, que ocorrem por causa de uma doença ou do tratamento dela. É difícil medir ou atribuir valores aos custos intangíveis. O TRATAMENTO DE UMA DOENÇA PODE INCLUIR TODOS OS QUATRO TIPOS DE CUSTOS. EXEMPLO Os custos de uma cirurgia incluiriam: Custos médicos diretos da cirurgia (medicamentos, taxas de quarto, exames laboratoriais e serviços médicos). Custos diretos não médicos (viagem e hospedagem para o dia pré-operatório). Custos indiretos (custos devidos ao paciente faltando ao trabalho durante a cirurgia e período de recuperação). Custos intangíveis (devido à dor e ansiedade). A maioria dos estudos relata apenas os custos médicos diretos. Isso pode ser apropriado dependendo do objetivo ou da perspectiva do estudo. EXEMPLO Se o objetivo é medir os custos do hospital para dois procedimentos cirúrgicos que diferem em custos médicos diretos (por exemplo, usando alta dose versus baixa dose de aprotinina em cirurgia de revascularização do miocárdio), mas que devem ter custos não médicos, indiretos e intangíveis similares, medir todos os quatro tipos de custos pode não ser garantido. Para determinar quais custos são importantes para serem medidos, a perspectiva do estudo deve ser determinada. A teoria econômica sugere que a perspectiva mais adequada é a da sociedade. Os custos sociais incluem custos para a seguradora ou o sistema de saúde, custos para o paciente e custos indiretos, devido à perda de produtividade. Embora essa possa ser a perspectiva mais adequada de acordo com a teoria econômica, raramente é vista na literatura farmacoeconômica. As perspectivas mais comumente utilizadas nos estudos farmacoeconômicos são: Perspectiva da instituição de saúde. A perspectiva do pagador. PERSPECTIVA Perspectiva é um termo farmacoeconômico que descreve quais custos são relevantes com base no objetivo do estudo. SAIBA MAIS A perspectiva do pagador pode incluir os custos de terceiros, do paciente ou uma combinação do copagamento do paciente e dos custos dos terceiros. AVALIAÇÃO DE RESULTADOS Os métodos associados aos resultados de medição (o lado direito da equação da Figura 1) serão discutidos nesta seção. Conforme mostrado na Tabela 1, existem quatro maneiras de medir os resultados: AMC, ACB, ACE e ACU. Cada tipo de medição de resultado está associado a um tipo diferente de análise farmacoeconômica. As vantagens e desvantagens de cada tipo de análise serão discutidas a seguir. ANÁLISE DE MINIMIZAÇÃO DE CUSTOS (AMC) Para uma AMC, os custos são medidos em valor monetário, e os resultados são considerados equivalentes. Em ambos os casos, espera-se que todos os resultados (por exemplo, eficácia, incidência de interações medicamentosas ou eventos adversos) sejam iguais, mas os custos não. Alguns pesquisadores afirmam que uma AMC não é um verdadeiro estudo farmacoeconômico, porque os custos são javascript:void(0) medidos, mas os resultados não. Outros dizem que a força de uma AMC depende da evidência de que os resultados são os mesmos. Esta evidência pode ser baseada em estudos anteriores, publicações, dados das agências reguladores (como a ANVISA ou FDA) ou opiniões de especialistas. VANTAGEM A vantagem desse tipo de estudo é que ele é relativamente simples em comparação com outros tipos de análises, pois os resultados não precisam ser medidos. DESVANTAGEM A desvantagem desse tipo de análise é que ela só pode ser usada quando os resultados são considerados idênticos. EXEMPLO A administração intravenosa de um aminoglicosídeo uma vez ao dia versus a administração convencional a cada oito horas (Tabela 2). O custo de aquisição do medicamento foi de R$ 43,70 para cada dose de oito horas e R$ 55,39 para a administração de dose única. Sem incluir dosificações farmacocinéticas dos medicamentos em laboratório, os custos da bolsa intravenosa (R$ 29,32), preparação (R$ 13,81) e administração (R$ 67,63) foram de R$ 110,76 para a administração três vezes ao dia do medicamento A; versus R$ 42,23 na administração do medicamento B (bolsa intravenosa R$ 10,90, preparação R$ 6,20 e administração R$ 25,13) para a dose única diária. Com resultados clínicos essencialmente equivalentes, a administração de uma vez ao dia do aminoglicosídeo minimizou os custos hospitalares (R$97,62 versus R$ 154,46). Tipo de custo Doses de 8/8h Dose diária Custo da aquisição do medicamento R$ 43,70 R$ 55,39 Bolsa intravenosa R$ 29,32 R$ 10,90 Custo da preparação R$ 13,81 R$ 6,20 Custo da administração R$ 67,63 R$ 25,13 Custo total R$ 154,46 R$ 97,62 Fonte:Shutterstock Exemplo de Minimização de Custos (Tabela 2). Autor: Billion Photos / Fonte: Shutterstock ANÁLISE DE CUSTO-BENEFÍCIO (ACB) Uma ACB mede os insumos e os resultados em termos monetários. A vantagem de usar uma ACB é que alternativas com resultados diferentes podem ser comparadas, pois cada resultado é convertido em uma mesma unidade (dinheiro). EXEMPLO Os custos (entradas) de fornecer um serviço farmacocinético versus uma clínica de diabetes podem ser comparados com a economia de custos (resultados) associados a cada serviço, embora diferentes tipos de resultados sejam esperados para cada alternativa. Muitas ACB são realizadas para determinar como as instituições podem gastar melhor seus recursos para produzir benefícios monetários. Outro uso mais complexo da ACB consiste em medir os resultados clínicos (por exemplo, evitar a morte, reduzir a pressão arterial e reduzir a dor) e atribuir um valor monetário a esses resultados clínicos. É um tipo de ACB que não é frequentemente visto na literatura farmacêutica, mas tem sua importância. Esse uso do método ainda oferece a vantagem de que alternativas com diferentes tipos de resultados podem ser avaliadas, mas a desvantagem é que é difícil atribuir um valor monetário à dor, ao sofrimento e à vida humana. Autor: everything possible / Fonte: Shutterstock Existem dois métodos comuns que os economistas usam para estimar um valor para essas consequências relacionadas à saúde: a abordagem do capital humano (CH) e a abordagem da disposição de pagar (DP). A abordagem CH assume que os valores dos benefícios para a saúde são iguais à produtividade econômica que eles permitem. O custo da doença é o custo da produtividade perdida devido à doença. A renda esperada de uma pessoa antes dos impostos e/ou um valor inserido para atividades fora do mercado (por exemplo, trabalho doméstico e cuidado infantil) é usada como uma estimativa dos valores de quaisquer benefíciosde saúde para essa pessoa. A abordagem CH foi usada para calcular os custos e benefícios da administração de uma vacina meningocócica para estudantes universitários. Neste estudo, o valor da produtividade futura de um estudante universitário foi estimado em R$ 1 milhão. Porém, existem desvantagens em usar esse método. Os ganhos das pessoas podem não refletir seu verdadeiro valor para a sociedade, e este método carece de uma literatura sólida de pesquisa para apoiar tal noção. Autor: Watchara Ritjan / Fonte: Shutterstock O método DP calcula o valor dos benefícios para a saúde estimando quanto as pessoas pagariam para reduzir sua chance de um resultado adverso para a saúde. Por exemplo, se um grupo de pessoas está disposto a pagar, em média, R$ 100,00 para reduzir sua chance de morrer de 1:1000 para 1:2000, teoricamente uma vida valeria R$ 200.000,00 [R$ 100,00 / (0,001–0,0005)]. O problema é o que as pessoas dizem que estão dispostas a pagar pode não corresponder ao que realmente pagariam, e é discutível se as pessoas puderem responder de forma significativa a perguntas sobre uma redução de 0,0005 nos resultados. EXEMPLO O proprietário de uma farmácia comunitária está considerando a oferta de um novo serviço de farmácia clínica. O objetivo da análise é estimar os custos e benefícios monetários de dois serviços possíveis nos próximos três anos (Tabela 3). O serviço clínico A custaria R$ 50.000,00 em custos iniciais e operacionais durante o primeiro ano e R$ 20.000,00 no segundo e terceiro anos. O serviço clínico A proporcionaria uma receita adicional de R$ 40.000,00 em cada um dos três anos, o serviço clínico B custaria R$ 40.000,00 em custos iniciais e operacionais no primeiro ano e R$ 30.000,00 no segundo e terceiro anos. O serviço clínico B proporcionaria receita adicional de R$ 45.000,00 para cada um dos três anos. A Tabela 3 ilustra a comparação de ambas as opções usando a perspectiva da farmácia comunitária sem desconto e quando uma taxa de desconto de 5% é usada. Embora ambos os serviços sejam estimados para serem benéficos em termos de custos, o serviço clínico B tem uma relação custo-benefício mais alta e um benefício líquido maior quando comparado ao serviço clínico A. R$ ano 1 R$ ano 2 R$ ano 3 Total em R$ Razão Custo-Benefício em R$ Benefícios em R$ Custo de A 50.000,00 (50.000,00) 20.000,00 (19.048,00) 20.000,00 (18.140,00) 90.000,00 (87.188,00) 120.000,00/90.000,00=1,33:1 (114.376,00/87.188,00=1,31:1) 120.000,00/90.000,00= 30.000,00 (114.376,00/87.188,00= 27.188,00)Benefício de A 40.000,00 (40.000,00) 40.000,00 (38.095,00) 40.000,00 (36.281,00) 120.000,00 (114.376,00) Custo de B 40.000,00 (40.000,00) 30.000,00 (28.571,00) 30.000,00 (27.211,00) 100.000,00 (95.782,00) 135.000,00/100.000,00=1,35:1 (128.673,00/95.782,00=1,34:1 135.000,00/100.000,00= 35.000,00 (128.673,00/95.782,00= 32.891,00)Benefício de B 45.000,00 (45.000,00) 45,000,00 (42.857,00) 45.000,00 (40.816,00) 135.000,00 (128.673,00) Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Fonte:Shutterstock Exemplos de cálculos de ACB (Tabela 3). ANÁLISE DE CUSTO-UTILIDADE (ACU) Uma ACU leva em consideração as preferências do paciente ao medir as consequências para a saúde. A unidade mais comum usada na realização da ACU são as QALY. Uma QALY (termo em inglês) é uma medida de utilidade para a saúde que combina qualidade e quantidade de vida, conforme determinado por algum processo de avaliação. A vantagem de usar esse método é que diferentes tipos de resultados de saúde podem ser comparados usando uma unidade comum (QALY) sem colocar um valor monetário nesses resultados de saúde (como ACB). A desvantagem desse método é que é difícil determinar um valor QALY preciso. Esta é uma medida de resultado que não é bem compreendida ou adotada por muitos gestores e tomadores de decisão. Portanto, esse método não é comumente visto na literatura farmacêutica. A razão pela qual os pesquisadores estão trabalhando para estabelecer métodos para medir QALYs é a crença de que um ano de vida (um resultado de unidade natural que pode ser usado em ACE) em um estado de saúde não deve receber o mesmo peso de um ano de vida em outro. Existem três métodos comuns para determinar as pontuações do QALY: Escalas de Avaliação (EA) Aposta padrão (AP) Compensação de Tempo (CT) SAIBA MAIS Uma escala de avaliação consiste em uma linha em uma página, semelhante a um termômetro, com saúde perfeita na parte superior (100) e morte na parte inferior (0). Diferentes estados de doença são descritos aos sujeitos, e eles são solicitados a colocar os diferentes estados de doença em algum lugar da escala, indicando preferências em relação a todas as doenças descritas. Assim, se eles colocarem um estado de doença em 70 na escala, o estado de doença receberá uma pontuação de 0,7 QALY. O segundo método para determinar a preferência do paciente (ou utilidade) é o método de aposta padrão. Para esse método, cada disciplina tem duas alternativas: ALTERNATIVA 1 É o tratamento com dois resultados possíveis: o retorno à saúde normal ou a morte imediata. ALTERNATIVA 2 É o resultado certo de um estado de doença crônica para o resto da vida. A probabilidade (p) de morrer é variada até que o sujeito seja indiferente entre a alternativa 1 e a alternativa 2. EXEMPLO Uma pessoa considera duas opções: um transplante de rim com 20% de probabilidade de morrer durante a operação (alternativa um) ou diálise para o resto de sua vida (alternativa dois). Se esse percentual for seu ponto de indiferença (ele não faria a operação se as chances de morrer durante a operação fossem maiores do que 20%), o QALY é calculado como 1 - þ ou 0,8 QALY. A terceira técnica para medir as preferências de saúde é o método CT. Novamente, o assunto é oferecido em duas alternativas: A alternativa A é um determinado estado de doença por um período específico de tempo t, a expectativa de vida de uma pessoa com a doença, depois a morte. A alternativa B é ser saudável para o tempo x, que é menor do que t. ANÁLISE DE AVALIAÇÃO Agora, você assistirá ao vídeo a seguir para compreender profundamente a análise de avaliação econômica. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NO MÓDULO 2, APRENDEMOS SOBRE ANÁLISE DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA DOS MEDICAMENTOS. VERIFICAMOS QUE EXISTEM QUATRO TIPOS DE ANÁLISES FARMACOECONÔMICAS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO REPRESENTA UMA DESSAS ANÁLISES: A) Análise de Minimização de Custos (AMC). B) Análise de Custo-Benefício (ACB). C) Análise de Custo-Universal (ACU). D) Análise de Custo-Utilidade (ACU). 2. EM ANÁLISE DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA DOS MEDICAMENTOS, APRENDEMOS OS QUATRO TIPOS DE ANÁLISES FARMACOECONÔMICAS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO IDENTIFICA CORRETAMENTE A ANÁLISE CORRESPONDENTE: A) Para uma AMC, os custos são medidos em valor monetário, e os resultados são considerados equivalentes. B) Uma ACU leva em consideração o valor monetário para o paciente, ao medir as consequências para a saúde. C) Uma ACE mede custos em valor monetário e resultados em unidades de saúde naturais, como curas, vidas salvas ou pressão arterial. D) Uma ACB mede os insumos e os resultados em termos monetários. GABARITO 1. No módulo 2, aprendemos sobre análise de avaliação econômica dos medicamentos. Verificamos que existem quatro tipos de análises farmacoeconômicas. Assinale a alternativa que não representa uma dessas análises: A alternativa "C " está correta. Os tipos de análises farmacoeconômicas que vimos no módulo 2 foram: Análise de Minimização de Custo (AMC), Análise Custo-Benefício (ACB) e Análise de Custo-Utilidade (ACU). Não existe, neste escopo, Análise de Custo-Universal na Farmacoeconomia. 2. Em análise de avaliação econômica dos medicamentos, aprendemos os quatro tipos de análises farmacoeconômicas. Assinale a alternativa que não identifica corretamente a análise correspondente: A alternativa "B " está correta. A ACU leva em consideraçãoas preferências do paciente, ao medir as consequências para a saúde. MÓDULO 3 Identificar a análise dos resultados farmacoeconômicos Autor: Fabio Balbi / Fonte: Shutterstock AJUSTES DE TEMPO PARA CUSTOS Quando os custos são estimados a partir de informações coletadas por mais de um ano antes do estudo ou por mais de um ano no futuro, é necessário ajustar os custos. Se os dados retrospectivos forem usados para avaliar os recursos usados ao longo de vários anos, esses custos devem ser ajustados para o ano atual. Se os custos são estimados com base em valores monetários gastos ou economizados em anos futuros, outro tipo de ajuste, chamado “desconto”, é necessário. Existe um valor de tempo associado ao dinheiro. A maioria das pessoas (e empresas) prefere receber dinheiro hoje, em vez de mais tarde. Portanto, um real recebido hoje vale mais do que um real recebido no próximo ano — valor do dinheiro no tempo. Autor: hedgehog94 / Fonte: Shutterstock “Taxa de desconto”, um termo de finanças, aproxima-se do custo de capital, levando em consideração a taxa de inflação projetada e as taxas de juros do dinheiro emprestado e, a seguir, estima o valor do dinheiro no tempo. A partir desse parâmetro, o valor presente (VP) das despesas e economias futuras pode ser calculado. O fator de desconto é igual a 1/(1 + r)n, em que (r) é a taxa de desconto e (n) é o ano em que ocorre o custo ou a economia. Autor: Preto Perola / Fonte: Shutterstock ANÁLISE DE CUSTO-EFETIVIDADE (ACE) Esta é o tipo de análise farmacoeconômica mais comumente encontrada na literatura farmacêutica. Uma vantagem de se usar uma ACE é que as unidades de saúde são resultados comuns que os profissionais podem compreender prontamente, e esses resultados não precisam ser convertidos em valores monetários. Por outro lado, as alternativas utilizadas na comparação devem ter respostas que são medidas nas mesmas unidades, como vidas salvas com cada um dos dois tratamentos. Se mais de um resultado de unidade natural for importante ao conduzir a comparação, uma razão de custo-efetividade deve ser calculada para cada tipo de conclusão. Os resultados não podem ser agrupados em uma medida de unidade em ACE, tal como pode ocorrer com ACB (resultado = reais) ou ACU (resultado = anos de vida ajustados pela qualidade). Como a ACE é o tipo mais comum de estudo farmacoeconômico na literatura farmacêutica, muitos exemplos estão disponíveis. SAIBA MAIS Uma ACE mede custos em valor monetário e resultados em unidades de saúde naturais, como curas, vidas salvas ou pressão arterial. Uma grade de custo-efetividade (Tabela 4) pode ser usada para ilustrar a definição de custo-efetividade. Para determinar se uma terapia ou um serviço é custo-efetivo, tanto os custos quanto a eficácia devem ser considerados. Agora, você precisa pensar em comparar uma nova terapia com o tratamento padrão atual. Se o novo tratamento 1 for mais eficaz e menos caro (célula G), o tratamento 2 mais eficaz pelo mesmo preço (célula H) ou se o tratamento 3 tiver a mesma eficácia por um preço mais baixo (célula D), a nova terapia é considerada econômica. Por outro lado, se o novo medicamento 1 é menos eficaz e mais caro (célula C), o 2 tem a mesma eficácia, mas custa mais (célula F), ou o 3 tem menor eficácia pelos mesmos custos ( célula B), então o novo produto não é custo-efetivo. Custo-efetividade Baixo custo Mesmo custo Alto custo Baixa efetividade A B C Mesma efetividade D E F Alta efetividade G H I Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Fonte:Shutterstock Custo-Efetividade (Tabela 4). Existem três outras possibilidades: o novo medicamento 1 é mais caro e mais eficaz (célula I) — um achado muito comum —, o 2 é menos caro, mas menos eficaz (célula A) ou o 3 tem o mesmo preço e a mesma eficácia do produto padrão (célula E). Para a célula média E, outros fatores podem ser considerados para determinar qual medicamento pode ser melhor. Para as outras duas células (células I e A), uma razão de custo-efetividade incremental (RCEI) é calculada para determinar o custo extra para cada unidade a mais de resultado. A subjetividade implica se o benefício agregado compensa o custo agregado, sendo uma desvantagem da ACE. EXEMPLO A superintendência de assistência farmacêutica de um município está tentando decidir se adiciona um novo agente redutor de colesterol à sua REMUME. O novo produto tem um efeito maior na redução do colesterol do que o agente atualmente preferido, mas uma dose diária do novo medicamento também é mais cara. Usando a perspectiva da superintendência (por exemplo, custos clínicos diretos do produto para a superintendência), os resultados serão apresentados de três modos nas Tabelas 5 a 7, para ilustrar as várias maneiras como os custos e a efetividade são apresentados na literatura. A Tabela 5 apresenta a lista simples dos custos e benefícios das duas alternativas. Às vezes, para cada alternativa, os custos e vários resultados são listados, mas nenhuma proporção é realizada — isso é denominado análise de custo-consequência (ACC). Alternativa Custo do medicamento por 12 meses Diminuição do LDL (LDL = Lipoproteína de baixa densidade ) em 12 meses (mg/dL) Medicamento atual R$ 1000,00 25 Novo medicamento R$ 1500,00 30 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Fonte:Shutterstock Lista de Custos e Resultados (Tabela 5). O segundo método de apresentação dos resultados inclui o cálculo da relação custo-efetividade média (CEM) para cada alternativa. A Tabela 6 mostra a relação custo-efetividade para as duas alternativas. A RCE é a razão de recursos usados por unidade de benefício clínico e implica que esse cálculo foi feito em relação a não fazer nada ou não fazer tratamento. Nesse caso, o medicamento atual custa R$ 40,00 para cada redução de 1 mg/dL no LDL, enquanto o novo medicamento em consideração custa R$ 50,00 para a mesma redução. Alternativa Custo do medicamento por 12 meses Diminuição do LDL em 12 meses (mg/dL) Média de Custo por Redução de LDL Medicamento atual R$ 1000,00 25 mg/dL R$ 40,00 por mg/dL Novo medicamento R$ 1500,00 30 mg/dL R$ 50,00 por mg/dL Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Fonte:Shutterstock Razão Custo-Efetividade (Tabela 6). Na prática clínica, a pergunta é pouco frequente: “Devemos tratar o paciente ou não?” ou “Quais são os custos e resultados desta intervenção versus nenhuma intervenção?”. Mais frequentemente, a pergunta é: “Como um tratamento se compara a outro em custos e resultados?”. Para responder a essa pergunta mais comum, uma relação de custo-efetividade incremental (RCEI) é calculada. ATENÇÃO O RCEI é a proporção da diferença nos custos dividida pela diferença nos resultados. A maioria dos economistas concorda que uma RCEI (o custo extra para cada unidade de benefício adicionada) é a forma mais apropriada de apresentar os resultados do ACE. A Tabela 7 mostra o custo-efetividade incremental (o custo extra de produção de uma unidade extra) do novo medicamento em comparação com o medicamento atual. Para o novo medicamento, custa um adicional de R$ 100,00 para cada redução adicional no LDL de 1 mg/dL. A superintendência precisaria decidir se esse aumento no custo vale o aumento no benefício (melhor resultado clínico). Neste exemplo, os custos e benefícios dos medicamentos são estimados para apenas um ano – aqui, o desconto não é necessário. É importante frisar que, se os cálculos incrementais produzirem números negativos, isso indica que um tratamento é mais eficaz e menos caro, ou dominante, em comparação com a outra opção. Na verdade, a magnitude da razão negativa é difícil de interpretar. Como você viu anteriormente, quando uma das alternativas é mais cara e mais eficaz do que outra, a RCEI é usada para determinar a magnitude do custo adicionado para cada unidade na melhoria da saúde (verifique a ACE, célula I, na Tabela 4). AlternativaCusto do medicamento por 12 meses Diminuição do LDL em 12 meses (mg/dL) Custo Incremental por Redução de LDL Medicamento atual R$ 1000,00 25 mg/dL (R$1500,00 - R$1000,00) / (30mg/dL – 25 mg/dL) = R$ 100,00 por mg/dL Novo medicamento R$ 1500,00 30 mg/dL Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Fonte:Shutterstock Razão Custo-Efetividade Incremental (Tabela 7). Os tomadores de decisão devem, então, decidir a partir desse tipo de informação. Por isso, você pode encontrar na literatura muitos economistas argumentando que essa incerteza explica por que o custo-benefício pode não ser o método preferido de análise farmacoeconômica. RAZÃO CUSTO-EFETIVIDADE E RAZÃO INCREMENTAL A razão de custo-efetividade pode ser considerada uma das etapas para analisar se um tratamento ou serviço deve ser substituído por outro ou não. Você encontrará na literatura como sendo a diferença entre o custo de duas intervenções dividido pela diferença entre as suas consequências na saúde (efetividade). Você poderá também encontrar na literatura que a transformação do impacto de um projeto social em valor monetário pode ser extremamente complexa, de forma a serem necessária hipóteses frágeis ou afastadas da realidade. Dessa forma, quando não é razoável calcular o benefício de uma intervenção, a Razão Custo-Efetividade (RCE) mostra-se uma possibilidade para relacionar sua efetividade e seus custos. Autor: Vane Nunes / Fonte: Shutterstock VOCÊ SABIA Na RCE, não é possível avaliar a viabilidade econômica da ação em saúde, entretanto é possível comparar a efetividade de diferentes intervenções (desde que estas possuam o mesmo indicador de impacto). Por esse motivo, podemos dizer que, quando for possível realizar a ACB, ela terá preferência sobre a RCE. ACB RCE Quando a hipótese financeira for muito frágil. X Se for necessário agrupar em um único benefício. X Se necessitar acompanhar a trajetória do benefício no futuro. X Se for preciso comparar duas ações com objetivos iguais, mas métodos diferentes. X X Se precisar comparar duas ações com métodos e objetivos diferentes. X Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Fonte:Shutterstock Comparação entre ACB e RCE (Tabela 8). A RCE verifica o custo em dinheiro de uma unidade (não monetária) de impacto. RCE Valor em R$ Impacto não Monetário Logo, devemos interpretar da seguinte forma: À medida que a RCE de uma ação aumenta, a efetividade diminui. Uma ação pode ter mais de um indicador de impacto e mais de uma RCE. É importante frisar que uma RCE tem alguns aspectos a serem considerados. Uma RCE é a relação da diferença líquida nos custos com a diferença líquida em sua eficácia entre duas intervenções. A RCE é uma ajuda útil para tomada de decisão entre gestores de políticas que enfrentam a alocação de recursos financeiros para cuidados em saúde de várias intervenções concorrentes. Podemos dizer que a RCE é avaliada a partir de entradas nos custos e efeitos que estão sujeitos a variação. Assim, as análises de sensibilidade são usadas para avaliar a extensão da incerteza da RCE. No entanto, com dados de custos e benefícios de saúde ao nível de pacientes, coletados juntamente aos ensaios clínicos, a RCE pode ser vista em função dos parâmetros das distribuições de custos e efeitos. Portanto, dado um modelo de probabilidade para custos de amostragem e efeitos, a RCE pode ser estimada a partir dos dados disponíveis e pode-se fazer inferência estatística formal para aplicar e avaliar a variabilidade inerente da RCE estimada. Sendo a RCE uma razão de parâmetros, a distribuição de sua estimativa pode ser enviesada. Entretanto, contabilizar a provável correlação entre custos e efeitos também é importante. Se existe um achado significativo para a diferença na eficácia, pode influenciar o intervalo de confiança para a RCE. Autor: ARMMY PICCA / Fonte: Shutterstock Já a Relação Custo-Efetividade Incremental (RCEI) geralmente surge quando falamos sobre comparações de medicamentos. Uma avaliação econômica em saúde envolve uma análise comparativa em que uma intervenção terapêutica é comparada a outra tecnologia de saúde. Os resultados dessa análise são expressos por meio de uma RCEI, que é definida como a razão da variação dos custos de uma intervenção terapêutica (em relação à alternativa, como não fazer nada ou usar o melhor tratamento alternativo disponível) à mudança nos efeitos da intervenção. A RCEI de um novo programa é definida como a proporção de seu custo incremental (sobre sua alternativa) para o benefício incremental que produz. Então: RCEI = (C - C *) / (E - E *) Onde C é CUSTO e E é EFETIVIDADE, desde que o denominador não seja zero. Quando C > C * e E > E *, a RCEI é o custo adicional para cada unidade de benefício de saúde obtida com a adoção do novo tratamento, em vez de sua alternativa Uma das regras de decisão da RCEI, dentro de um “cluster” de k programas concorrentes não dominantes classificados em ordem crescente de eficácia, é: E1 < E2 < --- < Ek. As RCEI são calculadas para cada par adjacente, RCEIz = (Ci – Ci -1) / (Ei - Ei 1). Na sequência de RCEI a seguir, se RCEIi < RCEIz_I, então o programa i - 1 é descartado, e as RCEI são recalculadas. Uma das regras de decisão da RCEI, dentro de um “cluster” de k programas concorrentes não dominantes classificados em ordem crescente de eficácia, é: E1 < E2 < --- < Ek. As RCEI são calculadas para cada par adjacente, RCEIz = (Ci – Ci -1) / (Ei - Ei 1). Na sequência de RCEI a seguir, se RCEIi < RCEIz_I, então o programa i - 1 é descartado, e as RCEI são recalculadas. Este algoritmo produz uma sequência crescente de RCEI. Se um preço por unidade de eficácia for especificado, uma das regras de decisão no RCEI exige a seleção do programa com a RCEI mais alta e que não exceda o valor crítico. Determinar o valor crítico de uma RCEI abaixo do qual o programa concorrente seria considerado aceitável em termos de seu custo adicional por unidade de ganho de eficácia tem sido o foco de muitos estudos na literatua. Em uma perspectiva social que leva em conta o custo total para todos os pagadores, todos os sujeitos aos quais a intervenção se destina, o valor crítico é, em última análise, o que a sociedade está disposta a pagar por uma unidade adicional de benefício de saúde. SAIBA MAIS Nos EUA, por exemplo, onde não há um único pagador social, especificar uma RCEI seria difícil. Sistemas universais de saúde como o SUS, no entanto, podem se interessar por RCEI a fim de identificar tratamentos com boa relação custo-benefício para inclusão em seus programas. A RCEI tem o objetivo de ser informativa e auxiliar na tomada de decisões, e não por si só determinar a decisão. Em diversos países, como Canadá, França e Austrália, as RCEI são usadas para definir preços de produtos farmacêuticos e para sua inclusão em programas de saúde. Uma vez estimada a partir de dados adequadamente coletados sob a égide do modelo de probabilidade, a distribuição de amostragem da RCEI estimada levaria à construção de intervalos de confiança. Testes estatísticos de hipóteses para uma RCEI também podem ser formulados, e avaliações de tamanho de amostra, feitas, para garantir um adequado teste de estudo de custo-efetividade. RAZÃO MÉDIA DE CUSTO-EFETIVIDADE O custo-efetividade médio (razão) de uma opção de tratamento é simplesmente a proporção de seu custo para uma medida de seu benefício para a saúde. Também pode ser entendida como um relação custo-efetividade (ou C/E). A ACE pode ser usada para priorizar despesas de saúde entre serviços independentes durante uma restrição orçamentária explícita. Isso está em contraste com o uso da RCEI, que compara duas alternativas mutuamente exclusivas — por exemplo, diferentes medicamentos para baixar o colesterol ou rastreio anual versus bienal do cancro do colo do útero — nas mesmas pacientes. Na formulação original do programa de saúde, terapias e procedimentosmédicos foram classificados usando-os como medida muito próxima de uma ACE. Surgiu, então, como o critério operativo na otimização da eficácia total da intervenção em saúde quando um orçamento fixo C deve ser alocado entre k programas. Qualquer combinação desses programas é viável com o objetivo de maximizar a eficácia total dos programas selecionados. Se o i-ésimo programa custou Q e eficácia El, ambos considerados positivos, então, classificando-se os programas em ordem crescente de sua ACE (= Ci/Ei), o ponto em que o custo cumulativo está abaixo da restrição orçamentária total C produz o correspondente ACE do último programa com classificação mais baixa. Esta ACE máxima serve como um corte para a adoção de um novo programa. Aplicada corretamente, a ACE é uma forma de RCEI em que as consequências de uma intervenção particular está sendo comparada com o que teria acontecido se a intervenção não ocorresse. Se a alternativa relevante for "não fazer nada", eficácia e custos devem ser medidos como incrementais aos obtidos se nada for feito. Considerar a eficácia e os custos incrementais é sempre importante para as decisões de alocação de recursos. Eficácia medida pela sobrevivência, por exemplo, ainda pode significar que o paciente sobrevive, consome recursos e obtém benefícios. Autor: mrmohock / Fonte: Shutterstock ESTIMATIVA DA RELAÇÃO CUSTO-EFETIVIDADE Uma vez que o RCEI e a ACE são reconhecidos como parâmetros estatísticos nas distribuições de probabilidade de custo e eficácia, sua estimativa exige um desenho experimental apropriado para a coleta de dados de custo e eficácia. Ensaios clínicos randomizados, estudos de coorte e meta- análises fornecem uma estrutura adequada. No contexto de um modelo de regressão linear, a literatura aponta uma discussão perspicaz de várias estatísticas-problema ao usar dados de estudos observacionais de coorte ou randomizados na relação custo-benefício. Com o foco na obtenção de estimativas imparciais e consistentes de custo e parâmetros de eficácia, a literatura argumenta a favor de estudos randomizados, apesar de suas limitações no que diz respeito à generalização e viabilidade. Razão de custo-efetividade incremental: RCEI (C1 – C0) (E1 – E0) Em que C1 é o custo do medicamento; C0 é o custo da tecnologia de comparação; E1 e E0 são as consequências do medicamento e do comparador, respectivamente. A mudança nos efeitos é geralmente medida em termos do número de anos de vida ganhos ou anos de vida ajustados pela qualidade adquiridos pela intervenção. EXEMPLIFICANDO RAZÃO CUSTO-EFETIVIDADE E RAZÃO INCREMENTAL O vídeo a seguir exemplificará a Razão Custo-Efetividade e Razão Incremental. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NESTE MÓDULO, APRENDEMOS QUE AS ANÁLISES DOS RESULTADOS DA FARMACOECONOMIA APRESENTAM FÓRMULAS QUE FACILITAM SUA UTILIZAÇÃO. ASSINALE, A SEGUIR, A ALTERNATIVA QUE IDENTIFICA A EQUAÇÃO DA RCEI: A) RCEI = (C1 – C0) / (E1 – E0). B) RCEI = Valor em R$/(E1 – E0). C) RCEI = RCE/(C1 – C0). D) RCE = Valor em R$/Impacto não monetário. 2. NO MÓDULO 3, APRENDEMOS A ANÁLISE DOS RESULTADOS E VERIFICAMOS QUE A RCE É DEPENDENTE DE ALGUNS FATORES PARA PREFERÊNCIA DE UTILIZAÇÃO. ASSINALE, A SEGUIR, A ALTERNATIVA QUE CORRESPONDE A ESSE FATOR: A) Se for necessário agrupar em um único benefício. B) Quando a hipótese financeira for muito frágil. C) Se precisar comparar duas ações com métodos e objetivos diferentes. D) Se necessitar acompanhar a trajetória do benefício no futuro. GABARITO 1. Neste módulo, aprendemos que as análises dos resultados da Farmacoeconomia apresentam fórmulas que facilitam sua utilização. Assinale, a seguir, a alternativa que identifica a equação da RCEI: A alternativa "A " está correta. RCEI = custo do medicamento menos o custo da tecnologia de comparação, dividido pelas consequências do medicamento, menos as consequências do comparador. 2. No Módulo 3, aprendemos a análise dos resultados e verificamos que a RCE é dependente de alguns fatores para preferência de utilização. Assinale, a seguir, a alternativa que corresponde a esse fator: A alternativa "B " está correta. A RCE é indicada para relacionar sua efetividade e seus custos. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, vimos a evolução da disciplina Farmacoeconomia e sua importância e suas aplicações tanto em prestadores quanto em sistemas de saúde. Verificamos e reconhecemos as análises farmacoeconômicas, suas aplicações e como interpretá-las. Além disso, ao longo deste conteúdo, foi possível identificar as análises dos resultados e suas aplicações práticas. Por fim, comparamos as ferramentas utilizadas e entendemos como considerá-las na prática da gestão farmacêutica. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BOOTMA, J. L; MCGHAN, W. F. Pharmacoeconomics: historical perspective. The Annals of Pharmacotherapy. Townsend RJ. 40, 518–519, 2006. BROCKHUIS, B; LASS, P; POPOWSKI, P.; SCHEFFLER, J. An introduction to economic analysis in medicine–the basics of methodology and chosen terms. Examples of results of evaluation in nuclear medicine. Nucl Med Rev Cent East Eur. 5(1):55–59, 2002. HOLLOWAY, K; VAN DIJK, L. The world medicines situation. Rational Use of Medicines. Geneva: WHO. 2011 LOVATT, B. The United Kingdom guidelines for the economic evaluation of medicines. Med Care.; 34(Suppl):DS179–81, 1996. SANCHEZ, L. A. Applied pharmacoeconomics: evaluation and use of pharmacoeconomic data from the literature. Am J Health-Syst Pharm. 56:1630- 8, 1999. TONON, L. M; TOMO, T. T.; SECOLI, S. R. Farmacoeconomia: análise de uma perspectiva inovadora na prática clínica da enfermeira. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2008;17(1):177-82. EXPLORE+ Veja como Silvia Regina Secoli e colaboradores abordam a Farmacoeconomia como instrumento de tomada de decisão no artigo Farmacoeconomia: perspectiva emergente no processo de tomada de decisão. Veja também como Ingrid de Queiroz Fernandes e colaboradores utilizam a Farmacoeconomia para avaliar uma ação econômica em um serviço de saúde no artigo Impacto farmacoeconômico da racionalização do uso de antimicrobianos em unidades de terapia intensiva. CONTEUDISTA Eduardo Corsino Freire CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0);
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