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Podcast Disciplina: Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento Título do tema: A Psicologia e a Segurança no Trabalho Autoria: Ingrid Barbosa Betty Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Abertura: Olá, ouvinte! No podcast de hoje vamos falar sobre o Laboratório de Mudanças, uma metodologia formativa e intervencionista para promover transformações nos espaços de trabalho. Vamos saber mais? Em nossas rotinas laborais, enfrentamos diversos desafios relacionados à cultura, estruturas de poder ou até mesmos processos que sempre funcionaram de determinado modo e que hoje não fazem mais tanto sentido, não é verdade? Pensando nisso, um pesquisador finlandês chamado Engeström, criou na década de 90, um modelo de atuação que os próprios trabalhadores pensassem sobre as contradições que compõem os seus sistemas de atividade e trabalho, desenvolvendo estratégias para superá-las. Dessa forma, trazemos o coletivo de trabalho para solucionar as questões da própria organização, questões estas que muitas vezes geram acidentes de trabalho. O olhar para a saúde das trabalhadoras e trabalhadores deve levar em conta os elementos históricos e socioeconômicos, por isso, não podemos individualizar os acidentes de maneira simples e indiscriminada. Rodolfo Vilela, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, comentou em entrevista a Revista da FAPESP (Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo) que os “contratempos imediatos são a ponta do iceberg. Existem as chamadas condições latentes, isto é, ‘as causas das causas’ dos problemas, que se situam no nível organizacional da empresa. Portanto, diz ele, atribuir responsabilidade à vítima é reforçar uma perspectiva reducionista, conveniente para a defesa da empresa contra empregados em ações judiciais. A implementação de uma cultura de segurança deve incorporar ações de vigilância coletiva capazes de transformar efetivamente as condições de trabalho”, avalia Vilela. Por isso, este método chamado de Laboratório de Mudanças pode contribuir com esta análise e transformação da realidade, estando longe de ser um roteiro pré-definido, com receita replicáveis em vários locais. Este é um método intervencionista, ou seja, que pretende realizar alguma alteração em determinado contexto. Dessa forma, o Laboratório de Mudanças será composto por diversas ações que irão contribuir com a resolução de um problema. E, este problema será conhecido junto aos sujeitos participantes. Ou seja, o ponto de partida ou a causa raiz do problema não é conhecido anteriormente. Entende-se aqui, que o processo da intervenção deverá ser R W B A 09 8 0 _V 1 .0 composto pela participação de diversos membros internos e externos à organização, incluindo um conjunto de pesquisadores facilitadores. Juntos, este grupo levará às dificuldades e dores daquele cenário, produzindo e testando hipóteses para superar a demanda encontrada. Vamos supor que método seja aplicado em uma empresa privada e que, a queixa inicial seria de uma alta taxa de acidentes. Através do Laboratório de Mudanças este tema seria aprofundado com representantes e trabalhadores de diferentes áreas, para tentar compreender o porquê deste cenário e demanda. E, após diversos encontros para compreensão da complexidade, uma hipótese ou produto para tentar superar aquela situação seria construída e testada coletivamente, refinando e aplicando as soluções encontradas até que o objetivo tenha sido superado. Vamos entender um pouco melhor o passo a passo para aplicação do LM (Laboratório de Mudanças)? Tudo começa com a negociação com o espaço onde pretende-se implementar a ação. Em seguida, são coletados vários dados e elementos para compor uma análise etnográfica daquele local. Com isso, aquela organização pode ser pesquisada em noticiários, mídias sociais ou ainda, algumas observações nos espaços de trabalho podem ser realizadas, para ajudar a compreender melhor aquele local. É importante também que exista uma queixa, um ponto latente que se pretende transformar. E, a partir desta demanda inicial são realizados encontros em grupo. Nestes encontros, podem ser trabalhadas diversas ferramentas para facilitar a compreensão da complexidade do problema. Um deles é uma espécie de linha do tempo dos fatos, no qual várias informações serão plotadas em algum material visual e todos poderão contribuir para o entendimento das correlações. No nosso exemplo da empresa com uma alta taxa de acidentes, por exemplo, o histórico da organização, normas, acidentes, mudanças organizacionais poderiam ser inseridos temporalmente nesta Linha do Tempo, contribuindo para as análises. Outra ferramenta utilizada, seria a construção do Sistema da Atividade, entendendo quais são os produtos e resultados de uma determinada tarefa, quais são os instrumentos, regras e outros elementos envolvidos naquela ação. E, após a utilização das ferramentas necessárias para compreensão daquela demanda, chegaríamos na construção de um protótipo que será testado para tentar solucionar a questão. Uma espécie de Design Thinking e teoria ágil aplicada à realidade de segurança no trabalho! O que você achou do tema? Queria te falar já existem várias pesquisas e LMs realizados no Brasil e que vale a pena conferir mais informações sobre o tema. Este foi nosso podcast de hoje! Até a próxima!