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8 - PSCC


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Podcast 
Disciplina: Psicologia na engenharia de segurança, 
comunicação e treinamento 
Título do tema: A Psicologia e a Segurança no Trabalho 
Autoria: Ingrid Barbosa Betty 
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior 
 
Abertura: 
Olá, ouvinte! No podcast de hoje vamos falar sobre o Laboratório de 
Mudanças, uma metodologia formativa e intervencionista para promover 
transformações nos espaços de trabalho. Vamos saber mais? 
Em nossas rotinas laborais, enfrentamos diversos desafios relacionados à 
cultura, estruturas de poder ou até mesmos processos que sempre 
funcionaram de determinado modo e que hoje não fazem mais tanto sentido, 
não é verdade? Pensando nisso, um pesquisador finlandês chamado 
Engeström, criou na década de 90, um modelo de atuação que os próprios 
trabalhadores pensassem sobre as contradições que compõem os seus 
sistemas de atividade e trabalho, desenvolvendo estratégias para superá-las. 
Dessa forma, trazemos o coletivo de trabalho para solucionar as questões da 
própria organização, questões estas que muitas vezes geram acidentes de 
trabalho. 
O olhar para a saúde das trabalhadoras e trabalhadores deve levar em conta 
os elementos históricos e socioeconômicos, por isso, não podemos 
individualizar os acidentes de maneira simples e indiscriminada. Rodolfo Vilela, 
professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, comentou em entrevista a 
Revista da FAPESP (Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo) 
que os “contratempos imediatos são a ponta do iceberg. Existem as chamadas 
condições latentes, isto é, ‘as causas das causas’ dos problemas, que se 
situam no nível organizacional da empresa. Portanto, diz ele, atribuir 
responsabilidade à vítima é reforçar uma perspectiva reducionista, conveniente 
para a defesa da empresa contra empregados em ações judiciais. A 
implementação de uma cultura de segurança deve incorporar ações de 
vigilância coletiva capazes de transformar efetivamente as condições de 
trabalho”, avalia Vilela. 
Por isso, este método chamado de Laboratório de Mudanças pode contribuir 
com esta análise e transformação da realidade, estando longe de ser um 
roteiro pré-definido, com receita replicáveis em vários locais. Este é um método 
intervencionista, ou seja, que pretende realizar alguma alteração em 
determinado contexto. Dessa forma, o Laboratório de Mudanças será 
composto por diversas ações que irão contribuir com a resolução de um 
problema. E, este problema será conhecido junto aos sujeitos participantes. Ou 
seja, o ponto de partida ou a causa raiz do problema não é conhecido 
anteriormente. Entende-se aqui, que o processo da intervenção deverá ser 
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composto pela participação de diversos membros internos e externos à 
organização, incluindo um conjunto de pesquisadores facilitadores. Juntos, este 
grupo levará às dificuldades e dores daquele cenário, produzindo e testando 
hipóteses para superar a demanda encontrada. Vamos supor que método seja 
aplicado em uma empresa privada e que, a queixa inicial seria de uma alta taxa 
de acidentes. Através do Laboratório de Mudanças este tema seria 
aprofundado com representantes e trabalhadores de diferentes áreas, para 
tentar compreender o porquê deste cenário e demanda. E, após diversos 
encontros para compreensão da complexidade, uma hipótese ou produto para 
tentar superar aquela situação seria construída e testada coletivamente, 
refinando e aplicando as soluções encontradas até que o objetivo tenha sido 
superado. 
Vamos entender um pouco melhor o passo a passo para aplicação do LM 
(Laboratório de Mudanças)? Tudo começa com a negociação com o espaço 
onde pretende-se implementar a ação. Em seguida, são coletados vários dados 
e elementos para compor uma análise etnográfica daquele local. Com isso, 
aquela organização pode ser pesquisada em noticiários, mídias sociais ou 
ainda, algumas observações nos espaços de trabalho podem ser realizadas, 
para ajudar a compreender melhor aquele local. É importante também que 
exista uma queixa, um ponto latente que se pretende transformar. E, a partir 
desta demanda inicial são realizados encontros em grupo. 
Nestes encontros, podem ser trabalhadas diversas ferramentas para facilitar a 
compreensão da complexidade do problema. Um deles é uma espécie de linha 
do tempo dos fatos, no qual várias informações serão plotadas em algum 
material visual e todos poderão contribuir para o entendimento das correlações. 
No nosso exemplo da empresa com uma alta taxa de acidentes, por exemplo, o 
histórico da organização, normas, acidentes, mudanças organizacionais 
poderiam ser inseridos temporalmente nesta Linha do Tempo, contribuindo 
para as análises. Outra ferramenta utilizada, seria a construção do Sistema da 
Atividade, entendendo quais são os produtos e resultados de uma determinada 
tarefa, quais são os instrumentos, regras e outros elementos envolvidos 
naquela ação. E, após a utilização das ferramentas necessárias para 
compreensão daquela demanda, chegaríamos na construção de um protótipo 
que será testado para tentar solucionar a questão. Uma espécie de Design 
Thinking e teoria ágil aplicada à realidade de segurança no trabalho! 
O que você achou do tema? Queria te falar já existem várias pesquisas e LMs 
realizados no Brasil e que vale a pena conferir mais informações sobre o tema. 
Este foi nosso podcast de hoje! Até a próxima!

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