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TG GATO GASTO 3

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Trabalho em grupo - TG
 
 
 Elaine Matos Magalhães da Silva RA 1431519
 Julia Machado Squilanti RA 1440340
 O poema abaixo é de Ana Cristina Cesar, retirado do livro “Inéditos e dispersos”, da Editora Ática. 
Artimanhas de um gasto gato 
Não sei desenhar gato. 
Não sei escrever gato. 
Não sei gatografia 
Nem a linguagem felina das suas artimanhas 
Nem as artimanhas felinas da sua não-linguagem 
Nem o que o dito gato pensa do hipopótamo (não o de Eliot) 
Eliot e os gatos de Eliot (“Practical Cats”) 
Os que não sei 
e nunca escreverei na tua cama. 
O hipopótamo e suas hipopotas ameaçam gato (que não é hopogato) 
Antes hiponímico. 
Coisa com peso e forma de peso 
e o nome do gato? 
J. Alfred Prufrock? J. Pinto Fernandes? 
o nome do gato é nome de estação de trem 
o inverno dentro dos bares 
a necessidade quente de tê-lo 
onde vamos diariamente fingindo nomear 
eu – o gato – e a grafia de minhas garras: 
toma: lê o que eu escrevo em teu rosto 
a parte que em ti é minha – é gato 
leio onde te tenho gato 
e a gatografia que nunca sei 
aprendi na marca no meu rosto 
aprendi nas garras que tomei 
e me tornei parte e tua – gata – a 
saltar sobre montanhas como um gato 
e deixar arco-irisado esse meu salto 
saltar nem ao menos sabendo que desenho 
e escrita esperam gato 
saltar felinamente sobre o nome de gato 
ameaçado 
ameaçado o nome de GATO 
ameaçado o nome de GASTO 
ameaçado de morrer na gastura de meu nome 
repito e me auto-ameaço: 
não sei desenhar gato 
não sei escrever gato 
não sei gatografia 
Nem… 
(2.10.1972) 
A autora faz jogo de palavras, recorre à intertextualidade explícita, cria neologismos, faz da metalinguagem um tema. Diante disso, vamos aprofundar um pouco mais nossa leitura: 
a) Destaque exemplos de neologismo (invenção de palavras) e discorra sobre sua importância no poema. 
No poema é possível identificar alguns neologismos. Existem tipos variados dessa forma de comunicação que cresce a cada dia no cotidiano das pessoas. O neologismo abrange várias formas de classificação por exemplo a forma semântica que é quando uma palavra já existente ganha uma nova conotação, um novo significado, seguem alguns exemplos da forma semântica:
· Vou fazer um bico. (trabalho temporário); 
· Mamãe estava uma arara, em razão de termos chegado tarde. 
(O significado conferido ao substantivo arara foi de raiva, descontentamento;
· Ao errar o texto no palco, percebi o papelão que estava fazendo. (Aqui o substantivos está sendo atribuído a um novo significado, o de passar vergonha).
Um exemplo no poema é quando a autora cita a palavra “gatografia”, nesse caso temos grafia que representa uma escrita feita à mão, é um termo utilizado na formação de palavras, que quando ligado a palavra “gato” abordado no poema como um animal, cria o sentido de linguagem animal, é como se o gato citado falasse um idioma próprio.
Há também um exemplo de citado em um trecho como “não-linguagem” que refere-se a forma sintática do neologismo, onde se combinam elementos já existentes na língua.
Tem grande importância no poema, pois mostra a realidade da escrita e também o modo como algumas pessoas de determinas regiões se comunicam, criando assim, uma nova linha de comunicação entre todos.
b) A autora fala da linguagem (do gato, mas também da linguagem do poeta) e, em especial, o papel do ser humano em nomear os seres. Que verbo sintetiza a opinião da autora sobre o ato de nomear? 
c) Ela questiona sobre o nome gato nos versos “e o nome do gato?/ J. Alfred Prufrock? J. Pinto Fernandes?” Sabendo que J. Pinto Fernandes é um nome que aparece no poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade, nomear, escrever, desenhar são ações de que tipo: reias ou ficcionais? Afinal, o que é literatura na concepção dada pela poetisa?
Referências Bibliográficas

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