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PRATCIA CIVIL E EMP 1

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Prévia do material em texto

Prática Jurídica Civil 
e Empresarial II
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Wellington Ferreira de Amorim
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Adrielly Camila de Oliveira Rodrigues Vital
Revisor Técnico: 
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação
Introdução à Prática Recursal 
e Recurso de Apelação
 
 
• Propiciar a condição de identificar a peça recursal adequada a cada decisão judicial, inter-
pretando os enunciados dos problemas que trarão situações que exijam o uso da legislação, 
da jurisprudência e da doutrina.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Introdução às Peças Recursais;
• Recursos.
UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação
Introdução às Peças Recursais
Recursos, para que servem? Quando interpor? O juiz se sente ofendido com um recurso? 
A prática recursal visa à manifestação do inconformismo de uma parte em um processo 
judicial, devendo ser interposto sempre que uma decisão judicial gerar um inconformismo 
e acarretar um prejuízo à parte. Na vida real, os juízes entendem que a interposição dos 
recursos é a manifestação do direito que a parte tem em ver o seu processo reexaminado 
por um colegiado (Tribunal).
Figura 1 – Atuação de uma advogada no Tribunal
Fonte: Getty Images
Eu sei que você está ansioso para iniciar as suas peças recursais e eu também 
estou para tratar do assunto com você, mas vamos com calma, pois construiremos 
aqui um suporte técnico de sustentação da sua autonomia escrita. Você deve estar se 
perguntando: “Como assim?”. Não seja incrédulo, eu confio em você!
Mas, seria o motivo para essa conversa logo na minha primeira aula de Prática 
Jurídica Civil e Empresarial II? Já tive prática I. Certo, é que a minha experiência 
como docente em disciplinas de prática jurídica me revela alguns pontos apresentados 
pelos alunos nas primeiras aulas e que iremos apontá-los aqui e, com a conseguinte 
exposição de alternativas. Que pontos seriam esses? Anota aí:
• “Não sei por onde começar”;
• “Não sei fazer peça jurídica”;
• “Eu copio modelos de colegas ou da internet”;
• “Não consigo pegar uma folha em branco e desenvolver a minha peça”;
• “Sem modelo não sai nada”;
• “Não consigo identificar a peça”;
• “Eu até identifico a peça, mas não sei exatamente o que eu devo escrever ou 
onde escrever”.
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9
Creio que seja melhor parar por aqui.
Se você se identificou em algum dos pontos acima mencionados, que são frases 
que eu já escutei de muitos alunos, saiba que você não é um caso perdido. O seu 
problema tem solução. Mas, para que a solução produza efeitos na sua escrita, basta 
que você desenvolva as estratégias que vamos estudar.
Analisando as queixas em geral, podemos mapear as dificuldades e colocá-las 
em grupos distintos de alternativas para o desenvolvimento de sua escrita com 
autonomia. Existem dificuldades técnico-jurídicas, que podem estar relacionadas 
ao direito material, ao direito processual ou a ambos; redacionais, que estão rela-
cionadas à escrita; e as dificuldades argumentativas.
Eu tenho o hábito de afirmar que os nossos alunos não possuem dificuldades 
técnico-jurídicas. E o que seria isso? Seria a dificuldade em fundamentar corre-
tamente uma peça processual. Se você está chegando a pensar que tem alguma 
dificuldade nesta seara, posso lhe afirmar que este é um problema solucionável. 
As dificuldades redacionais estão relacionadas a uma espécie de obstáculo criado 
pelo aluno no sentido de que não sabe escrever, que a sua linguagem não é jurídica, 
que não consegue desenvolver o texto, etc.
Já a dificuldade argumentativa diz respeito à concatenação das ideias, à organi-
zação lógica e coerente dos argumentos, com uma conclusão que conduza ao con-
vencimento de quem esteja lendo o seu texto, a sua peça processual.
Para você que pensa sofrer da primeira modalidade de dificuldade, a que deno-
mino técnico-jurídica, esclareço que você vencerá e superará este obstáculo com 
a mudança de um hábito muito constante no tempo em que estamos vivendo, o 
tempo da facilidade da informação na palma da mão. É comum vermos alunos que 
não levam a legislação codificada impressa para as aulas, já que temos a facilidade 
de instalar aplicativos em nossos celulares e demais equipamentos eletrônicos, o que 
torna tudo muito mais prático. 
Pois é. O problema é que você não poderá se utilizar de equipamentos eletrônicos 
durante um Exame de Ordem, durante um concurso público ou de uma avaliação do 
Enade, por exemplo, ao menos até este momento. 
O que está faltando a você é criar o hábito de buscar, percorrer, perquirir no ín-
dice alfabético remissivo. Já ouviu falar nisto? Índice o quê? Alfabético remissivo. 
Comece a partir de agora a fazer pesquisas sobre assuntos diversos do direito no 
índice alfabético remissivo que, geralmente, fica na parte final das codificações, de 
acordo com a organização feita por cada editora.
Eu tenho a certeza de que o conhecimento você tem. Afinal, você chegou ao 
oitavo semestre do curso de Direito e muito estudou para chegar até aqui. Você 
recebeu muitas informações valiosas e que estão armazenadas no seu processador 
(cérebro). Agora, você precisa exercitar. A busca no índice é um exercício excelente 
para conhecer mais sobre o Direito e assuntos de seu interesse, aprimorando cada 
vez mais o seu conhecimento.
9
UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação
Aliás, a leitura constante da legislação é tarefa indispensável para todo estudante 
de Direito. Você sabia que grande parte das questões da primeira fase da OAB é 
extraída do texto legal? Pois é. Se você estiver habituado a ler a legislação (Código 
Civil, Constituição Federal, Código de Processo Civil, Código Penal, etc), certamente, 
você terá mais facilidade para superar a primeira fase do Exame de Ordem e, por 
consequência, a segunda também. 
A questão da redação passa pelo aprimoramento do estudo da língua portuguesa. 
Sabemos que muitas vezes carregamos dificuldades do ensino de base. O mais impor-
tante é ter a humildade para assimilá-las e buscar um aprimoramento, ainda mais com 
a facilidade que temos hoje com a quantidade de aulas e cursos gratuitos de qualidade 
disponíveis na internet. Outrossim, é sempre bom valer-se de uma boa obra de gra-
mática para aprimorar a escrita.
Escreve bem quem lê bem. O que isto significa? Ler bem seria ler bastante? 
Não necessariamente. A leitura faz parte do processo de aprendizado e requer a 
utilização de estratégias. Existem várias estratégias de leitura que auxiliam a com-
preensão e retenção da informação e não estou falando aqui da famosa “decoreba”. 
Você deve identificar o gênero textual, ou seja, identificar o tipo de texto que está 
lendo para que o seu cérebro se projete para esperar aquele tipo de informação 
transmitida por aquele texto; mapear as palavras-chave do texto; buscar as ideias 
centrais; formular perguntas sobre o texto lido, de modo que as respostas sejam o 
suporte para uma compreensão mais ampla, ainda que isto exija que você busque 
outra fonte de pesquisa para sanar as dúvidas.
O gênero textual é de suma importância para a sua boa escrita, por exemplo: se 
a sua peça processual pertence ao gênero textual “petição inicial”, espera-se que, ao 
final da peça, você requeira a procedência do pedido e não a improcedência, que 
seria o requerimento final da peça pertencente ao gênero textual “contestação”.
No desenvolvimento da escrita, podemos dizer que o texto jurídico é produzido 
por uma sequência de parágrafos na articulação dos fatos, na fundamentação e na 
pretensão (conclusão). São sequências mesmo. À luz da linguística textual, podemos 
identificar a presença das sequências narrativas e argumentativas no texto jurí- 
dico processual.
Ademais, para que o texto jurídico esteja em uma linguagem aceitável pelo meio 
jurídico, é imprescindível que, além do viés argumentativo, tenha um viés descritivo. 
Podemos exemplificar com a petição inicial, que pode ser considerada “inepta” quando 
da narraçãodos fatos não decorrer logicamente à conclusão.
As sequências descritivas correspondem à narração cronológica e organizada dos 
fatos na petição, enquanto que as sequências argumentativas correspondem à exposição 
da fundamentação, com a articulação de premissas que relacionam os fatos anteriores 
com o Direito e que servirão de base para a conclusão (pedido final da peça).
Para que o escrito jurídico se apresente adequado, necessário se faz, como em 
qualquer outro texto, o desenvolvimento de um plano de texto, conforme se verifica 
nas lições de Marquesi (2014), que enfatiza tal importância como um dos pontos 
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11
mais importantes para unificar a estrutura composicional, ocupando papel funda-
mental na composição macrotextual do sentido. 
Partindo para a questão das dificuldades argumentativas, podemos afirmar que 
argumentar implica a intenção em fazer com que o interlocutor, por meio de um 
discurso falado ou escrito, aceite, compactue, acredite na ideia do locutor. No caso 
de uma petição, queremos conduzir o seu destinatário, o juiz, a chegar à mesma 
conclusão ali constante. É preciso esforço argumentativo e retórico.
Adam (2011) explica que a sequência argumentativa tem o mérito de pôr em evi-
dência dois momentos: demonstrar-justificar uma tese e refutar certos argumentos 
de uma tese adversa.
Aliás, o esquema 21 de Adam (2011) é muito oportuno para o esclarecimento dos 
procedimentos argumentativos que se intercalam entre as premissas e que servirão 
de base para a construção da sequência argumentativa.
Dados
(Premissas)
Fato(s)
Asserção
Conclusiva
(C)
Apoio
Figura 2 – Esquema 21 de Adam
Fonte: Adaptado de ADAM, 2011
No esquema acima de Adam é possível aplicarmos como na estrutura do nosso 
plano de texto para a elaboração de qualquer peça processual, passando da descrição 
dos fatos à argumentação que servirá de apoio à conclusão, visando a criação de uma 
argumentação persuasiva. 
Adam (2019) explica a sequência argumentativa 
fazendo menção ao pensamento lógico estrutura-
do de Aristóteles, no caso, o silogismo, para de-
monstrar que a falta de uma das premissas podem 
retirar o caráter argumentativo de uma sequência 
textual, tornando-a meramente descritiva, já que 
um discurso argumentativo visa intervir sobre as 
opiniões, atitudes ou comportamentos de um in-
terlocutor, no seu caso, do examinador da OAB e, 
em breve, do juiz.
Ainda nessa toada lógica que deve compor um 
texto argumentativo, especialmente um escrito jurí-
dico, é perceptível que o modelo estrutural de uma 
peça processual exige a presença dos três elemen-
tos que compõem um silogismo: a premissa maior, 
a premissa menor e a conclusão.
Figura 3 – Aristóteles
Fonte: Wikimedia Commons
11
UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação
Podemos afirmar que os elementos mínimos estruturais do texto jurídico estão 
para o silogismo da seguinte forma: premissa maior (lei); premissa menor (fato espe-
cífico) e a conclusão (que é o resultado da subsunção entre as duas). Assim, podemos 
exemplificar da seguinte maneira:
Tabela 1 – Esquema dos Três Pilares das Peças Processuais
Gênero 
Textual
Alementos constitutivos do texto jurídico
Premissa Menor Premissa Maior Conclusão
Sentença Relatório Fundamentação Dispositivo
Acordão Relatório Fundamentação Dispositivo
Petição inicial Fatos (antítese) Fundamentações legais Pedido (requerimento/pretensão)
Contestação Fatos (antítese) Fundamentações legais Conclusão (pretensão de rejeição do pedido)
Recurso Fundamentos de fato e de direito
Razões para a 
reforma ou anulação 
da decisão judicial
Pedido de reforma 
ou anulação da 
decisão judicial
Marquesi (2014) analisa os elementos que compõem uma sentença explicando 
que em cada uma dessas partes, as sequências descritivas têm papel fundamental, 
contribuindo essencialmente para a construção da decisão do juiz, entendimento 
esse aplicável e extensível aos demais gêneros textuais dos escritos jurídicos. Na ela-
boração de um recurso, utilizaremos do mesmo processo para sustentar o pedido de 
reforma ou de anulação da decisão.
Na elaboração de todas as peças processuais temos a incidência importante 
das sequências descritivas que, com maior frequência, ficam situadas na premissa 
menor, de acordo com cada gênero, com a aplicação de uma sequência argumenta-
tiva na premissa maior e na conclusão, já que a conclusão é parte integrante de uma 
sequência argumentativa.
Um recurso importante é a simplicidade na escrita. Aquele velho provérbio é 
adequado à redação de peças: “o menos é mais”. Não queira dizer, diga. Uma peça 
processual é o instrumento de comunicação entre o jurisdicionado e o juiz; e não 
um conto, um drama, uma fábula, um suspense, etc. Seja claro e objetivo. O uso da 
linguagem direta é o melhor caminho para o seu desenvolvimento.
E as palavras difíceis? Sofisticadas? Como eu já disse, o menos é mais. O seu 
vocabulário deve estar sempre aberto à introdução de novas palavras e o seu texto 
reproduzirá naturalmente tais novidades. A redação deve ser sutil, natural e compre-
ensível por qualquer pessoa, não só pelo juiz, que é o destinatário da peça. Se uma 
pessoa que saiba ler razoavelmente e que não seja da área do Direito compreender 
o seu texto e a sua peça, podemos afirmar que o seu texto atinge a finalidade para 
a qual foi criado.
12
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Em Síntese
Vamos trabalhar firme para superarmos as dificuldades, criando o hábito de realizar 
constantes pesquisas nos índices alfabéticos remissivos das legislações, mapeando o 
texto lido, buscando as ideais centrais, palavras-chave e levantamento de questões, 
além de desenvolver a sua redação de forma simplificada, ordenada, com começo, meio 
e fim, guardando a coerência lógica argumentativa na elaboração da sua peça processu-
al recursal, o que trará maior poder persuasivo, clareza e coerência ao texto.
Recursos
Este material é destinado ao estudo da prática jurídica, baseado na experiência 
forense, na doutrina e na jurisprudência. 
Continuaremos o estudo da prática iniciado no semestre passado, ocasião em que 
você estudou peças práticas destinadas ao processo de conhecimento.
Nesta disciplina, conforme consta do plano de ensino, estudaremos as peças pro-
cessuais recursais, de forma simples, direta e prática. É sabido que você já estudou o 
direito processual civil e o objetivo aqui não é o de repetirmos o conteúdo já estudado.
Todavia, estrategicamente, pontuaremos alguns conceitos como uma espécie de reto-
mada, que servirão de alicerce ao estudo prático.
Iniciamos, assim, definindo recurso como a peça processual pela qual a parte 
demonstra seu inconformismo contra determinada decisão judicial, visando a sua 
modificação, que poderá se dar pela anulação (error in procedendo) ou pela reforma 
(error in iudicando).
Dizemos que a decisão judicial padece de error in procedendo quando existem 
vícios ou erros formais, que estão ligados a questões de natureza processual, como 
a violação ao direito constitucional à ampla defesa, por exemplo, o que gera uma 
nulidade. Assim, o error in procedendo diz respeito ao procedimento (forma) ado-
tado na decisão recorrida.
Por outro lado, o chamado error in iudicando se verifica quando a decisão recorrida
não deu a melhor interpretação à legislação, ou até violou alguma norma jurídica. 
Por este motivo é que o erro está no julgamento, na decisão material.
Espero que as retomadas anteriores já comecem a despertar o universo que envolve
a teoria geral dos recursos e os recursos em espécie que você já estudou. 
Vamos em frente, ainda em caráter de retomada, de acordo com o artigo 203 do 
Código de Processo Civil. É importante relembrarmos que o juiz pode praticar os 
seguintes atos: sentenças, decisões interlocutórias e despachos. Contra despachos 
não cabe recursos, conforme artigo 1001 do CPC.
Assim, sabendo que contra despachos não cabe recurso, a preocupação fica con-
centrada nos outros dois atos praticados pelos juízes.
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UNIDADE Introdução à Prática Recursale Recurso de Apelação
Você se lembra dos princípios que norteiam os recursos? Se não se lembra, retomaremos 
brevemente, são eles: 
• taxatividade: os recursos estão previstos em um rol taxativo no artigo 994 do CPC;
• unirrecorribilidade: cada decisão judicial desafia um tipo de recurso, exceto no caso 
dos recursos especial e extraordinário, que devem ser interpostos simultaneamente, 
conforme verificaremos na unidade III;
• proibição do “reformatio in pejus”: o resultado decorrente do julgamento do recurso 
não poderá piorar a situação do recorrente, exceto em caso de matéria de ordem pública, 
que pode ser conhecida de ofício (independentemente de provocação) pelo Tribunal;
• fungibilidade: é o princípio que autoriza o recebimento de um recurso por outro, 
quando houver dúvida razoável, ou seja, só se admite um recurso no lugar de outro se 
não houver erro grosseiro ou má-fé. 
Para a interposição de recursos é importante que sejam observados os pressupostos 
de admissibilidade. Os pressupostos são denominados: subjetivos e objetivos. Os subje-
tivos estão relacionados à pessoa do recorrente, já os objetivos estão ligados ao recurso.
Os pressupostos subjetivos são dois:
• Legitimidade: de acordo com o artigo 996 do Código de Processo Civil, tem 
legitimidade para recorrer as partes, o Ministério Público, o terceiro interveniente 
e o terceiro prejudicado;
• Interesse: tem interesse para recorrer a parte sucumbente, ou seja, o vencido, 
ainda que de forma parcial.
Uma forma simplificada para que você memorize esses pressupostos subjetivos 
é atrelando o prefixo da “sub” (subjetivo) ao sujeito, o que lhe remeterá à ideia de 
legitimidade e interesse, que são inerentes ao sujeito.
Já os pressupostos objetivos são:
• Tempestividade: os recursos devem ser interpostos no prazo legal. Em regra, o 
prazo dos recursos no processo civil é de 15 dias, conforme o Artigo 1003 do 
CPC, exceto os embargos de declaração, cujo prazo para oposição é de 5 dias 
(Art. 1023, CPC);
• Cabimento (adequação ou singularidade): de acordo com o princípio da unir-
recorribilidade das decisões, cada decisão desafia apenas um tipo de recurso, 
lembrando da exceção em relação aos recursos especial e extraordinário, que é 
feita simultaneamente, mas o julgamento é feito, em primeiro lugar, do Recurso 
Especial e, caso seja negado provimento, será julgado o Recurso Extraordinário;
• Preparo: trata-se do pagamento efetuado pelo vencido a título de despesas pro-
cessuais para que o Tribunal processe o recurso. Nos embargos de declaração e no 
agravo retido não há preparo. O preparo é regulado por lei estadual. No Estado de 
São Paulo, o valor do preparo na apelação corresponde a 4% do valor da causa atu-
alizado; do agravo de instrumento corresponde a 10 UFESPs. Nos recursos inter-
postos pelo Ministério Público, Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal, autarquias 
e beneficiários da assistência judiciária, não se exige preparo, conforme prevê o 
14
15
artigo 1007, § 1º, do Código de Processo. O preparo é dividido entre despesas e 
custas com o traslado do processo, essas denominadas porte de remessa e de retor-
no (apelação) e apenas porte de retorno (no agravo de instrumento – apenas para 
os Tribunais cujo processamento do agravo é feito de forma física).
Recurso Adesivo
Essa modalidade recursal é cabível quando as duas partes forem sucumbentes. 
Não se lembra mais? Vamos citar um exemplo que, certamente, fará você recordar. 
Se o autor teve a procedência parcial do seu pedido e decidiu não recorrer, mas, em 
razão de recurso interposto pelo réu, poderá apresentar contrarrazões e também o 
recurso adesivo para que sejam processados simultaneamente e julgados conjunta-
mente. Quer dizer, já que vou precisar esperar pelo julgamento do recurso do réu, 
então vou recorrer também, assim, fico esperando por um julgamento que poderá 
melhorar a minha situação no processo.
O recurso adesivo é acessório, logo, segue o recurso principal. Caso haja desis-
tência ou não conhecimento do recurso principal, o recurso adesivo não será conhe-
cido, conforme preconiza o Artigo 997 do Código de Processo Civil.
Recurso de Apelação
O recurso de apelação é aquele recurso por natureza, é o meio pelo qual se recorre 
contra uma sentença.
Para sistematizar de forma mais clara, apresentamos a tabela abaixo:
Tabela 2 – Fundamentos da apelação
Apelação
Cabimento Sentenças – Artigo 1.009, CPC
Requisitos do recurso Observar o rol – Artigo 1.010, CPC
Endereçamento Juízo que proferiu a sentença – Artigo 1.010, CPC, caput, CPC
Formatação da peça Peça de interposição (Juiz) e peça de razões (Tribunal)
Efeitos Duplo efeito – regra geral – Artigo 1.012, CPC
Conforme podemos observar da tabela acima, o recurso de apelação é cabível 
apenas contra sentenças, conforme estabelece o Artigo 1.009 do Código de Processo 
Civil, com a observância dos requisitos previstos no Artigo 1.010, do mesmo código.
Aquela dúvida que aparece quando você vai endereçar a sua peça fica superada 
com uma simples análise do texto legal, pois o caput do Artigo 1.010 do Código de 
Processo Civil determina que o recurso deva ser endereçado ao juízo que proferiu a 
sentença, que você passará a chamá-lo de Juízo “a quo” em suas razões recursais.
Ora, mas o recurso não é destinado ao Tribunal? Devo endereçá-lo mesmo ao 
Juízo? Juízo ou Juiz?
Vamos por partes. A interposição é feita em 1ª Instância, portanto, para o Juízo que 
proferiu a sentença. Mas, Juízo ou Juiz? Aprenda desde já que devemos agir com impes-
soalidade em nossos escritos jurídicos, especialmente aqueles que vão para o processo. 
15
UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação
Primeiramente, nunca perca de vista que o recurso é contra a decisão e não contra 
quem a proferiu. Em segundo lugar, a pessoa física do juiz ou da juíza que tenha exer-
cido o trabalho de aplicar o direito em um processo não o vincula pessoalmente, já 
que eles exercem uma função pública, representando o Poder Judiciário. Ademais, é 
muito provável que aquele(a) juiz(a) não esteja naquela mesma atribuição, ou seja, na 
mesma Vara Judicial, por ocasião do julgamento do recurso de apelação, dependendo 
da Comarca em que foi proferida a decisão.
Assim, pouco importa quem é o juiz ou a juíza que esteja lotado naquela respectiva 
Vara, uma vez que a decisão que será proferida pelo Tribunal substituirá a anterior e 
prevalecerá sobre a sentença, devendo ser cumprida por qualquer juiz ou juíza que 
esteja atuando naquela Vara.
Então, Juízo. Juízo “a quo”, melhor dizendo. “A quo”, você deve estar se pergun-
tando ou me perguntando. Sim. 
Conforme ensina o Silvio Teixeira Moreira, conforme coluna publicada no infor-
mativo “Migalhas”, em 2012:
Ao pé da letra, a quo significa “do qual”, “desde o qual”, sabido que “a” é 
uma preposição que rege o “ablativo” e significa “de”, “desde”, “a partir de”. 
Semelhante ao “from” da língua inglesa. E quo é o ablativo (masculino 
ou neutro) dos pronomes relativos qui (masc.) e quod (neutro), com o 
significado de “o qual” (masculino e neutro), cujo feminino é quae = “a 
qual” [...]. (MOREIRA, 2012)
Pois é, “a quo” é o juízo anterior. Aliás, por se referir ao anterior ou inicial, empre-
gamos a expressão “a quo” sempre que indicamos ao inicial ou anterior, como o termo 
(prazo): termo “a quo”, prazo inicial.
Mas muito bem, você deve estar ansioso para começar a redigir a sua peça pro-
cessual, eu tenho certeza. Mas as etapas pelas quais estamos passando lhes dará 
subsídio para o momento da escrita. 
Bom, como já falamos antes, para o oferecimento do recurso de apelação você de-
verá elaborar duas peças: a de interposição e a das razões. Na peça de interposição, o 
endereçamento será feito ao juízo que proferiu a sentença (Juízo “a quo”), contendo a 
qualificação completa das partes (art. 1010, I, CPC), com requerimento da juntada das 
razões do recurso de apelação, da juntada do preparo, bem como do recebimento do 
recurso nos efeitos legais (art. 1012, CPC). Poroutro lado, as razões de apelação são 
endereçadas ao Tribunal “ad quem” (Tribunal de Justiça/Tribunal Regional Federal).
Importante!
O Artigo 1.012 do Código de Processo Civil prevê como regra o recebimento da apelação no du-
plo efeito, ou seja, devolutivo e suspensivo. No efeito devolutivo, temos a devolução da maté-
ria recorrida ao Tribunal, ou seja, via de regra, o Tribunal conhecerá apenas das matérias objeto 
do inconformismo (Art. 1013, CPC). Excepcionalmente, poderá o Tribunal conhecer de ofício 
de matérias não suscitadas nas razões de apelação que versarem sobre questões preliminares 
e as de ordem pública, conforme Artigos 485, § 3º e 337, ambos do Código de Processo Civil.
16
17
Em Síntese
O efeito suspensivo é aquele que suspende a eficácia imediata da decisão recorrida, ou 
seja, da sentença.
Como regra, a apelação sempre será recebida no duplo efeito, devolutivo e suspensivo, 
nos termos do caput do Artigo 1012 do Código de Processo Civil.
Existem exceções ao efeito suspensivo? Sim, existem exceções previstas em lei, 
por exemplo: os incisos do Artigo 1.012 CPC e alguns dispositivos de leis especiais, 
como o Artigo 58, V, da Lei 8245/91 (Lei de Locações); o Artigo 14 da Lei 7347/85 – 
ACP; Artigo 3º, § 5º, do Dec.-Lei 911/69, dentre muitas outras hipóteses previstas 
em outras leis).
Juízo de retratação, o que é?
Juízo de retratação é a possibilidade que o juízo que proferiu a decisão tem de modificá-la,
ou seja, o mesmo juízo “volta atrás” da decisão que proferiu e a modifica, mas é algo 
excepcional. No caso da sentença, uma vez proferida, o juiz só poderá modificá-la para 
corrigir erros de cálculo, inexatidões materiais ou por meio de embargos de declaração, 
conforme dispõe o Artigo 494 do Código de Processo Civil.
No caso da apelação, o juízo de retratação poderá ocorrer na hipótese de sua 
interposição contra sentença que julgou improcedente liminarmente o pedido, con-
forme autoriza o Artigo 332, § 3º, do Código de Processo Civil.
Na peça de interposição, você deve requerer a intimação da parte contrária para, 
querendo, apresentar suas contrarrazões ao recurso de apelação. Assim, como o 
recurso é interposto em 1ª Instância, a resposta também deve ser ofertada perante 
o mesmo Juízo “a quo”.
Ainda na peça de interposição, não se esqueça de requerer a juntada das guias de 
preparo, porte de remessa e de retorno. Lembrando que, para os processos digitais, 
não se cobra mais o porte de remessa e de retorno, já que o envio dos autos proces-
suais é feito por transmissão eletrônica.
Não é demais lembrá-los de que o prazo para a interposição do recurso de ape-
lação é de 15 (quinze) dias, pois você poderá ser cobrado por este conhecimento por 
ocasião da elaboração de uma peça processual. Existem casos hipotéticos, inclusive 
aplicados no Exame da OAB, que informam a data da disponibilização da sentença 
e pedem para que o candidato informe a data final (termo “ad quem”) do prazo para 
a sua interposição. Neste caso, é só contar os 15 (quinze) dias.
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UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação
Importante!
Lembre-se das seguintes regras para a contagem do prazo:
• os prazos são contados a partir da data da publicação e não da disponibilização1;
• exclua o dia do início (a data da publicação) e comece a contar a partir do dia útil 
seguinte, por exemplo: a sentença foi publicada no dia 01, uma segunda-feira. 
Começarei a contar a partir do dia 02, terça-feira (se for dia útil);
• os prazos são contados apenas em dias úteis;
• o dia do termo final é considerado como “prazo fatal”.
Agora que você já sabe o que deve conter na petição de interposição do recurso 
de apelação (endereçamento ao juízo que proferiu a sentença; número do processo; 
qualificação das partes; indicação da ação; requerimento de juntada das razões anexas; 
requerimento de intimação da parte contrária para resposta; requerimento de juntada do 
preparo, porte de remessa e de retorno; requerimento de recebimento nos efeitos legais; 
requerimento de remessa dos autos ao Tribunal competente), passaremos a analisar a 
segunda peça, que acompanha a peça de interposição: a peça das razões de apelação.
Razões da Apelação
A sua peça deve se enquadrar no padrão estético usual no meio jurídico, para que 
você consiga preencher os requisitos esperados por seu examinador e para que a sua 
peça cause um impacto positivo.
Geralmente, é feito um introito, uma espécie de cabeçalho, mas não precisa dizer 
como está o tempo (“o dia está nublado”). Brincadeiras à parte, já que superamos 
essa etapa gostosa da vida, mas sempre que falamos em cabeçalho é impossível não 
se lembrar disso, voltemos ao introito.
É costumeiro intitular a peça de forma destacada denominando-a como “Razões 
de Apelação”, seguindo com as seguintes informações sobre o processo: Tribunal “ad 
quem”; Juízo “a quo”; nome do apelante; nome do apelado; número do processo.
Após o introito, é usual o emprego de homenagens ao Tribunal, à Câmara julga-
dora e aos Desembargadores que farão parte do julgamento.
Se eu não fizer, está errado? Veja bem, isto não consta do Código de Processo 
Civil como requisito, mas, por outro lado, consta da praxe jurídica, demonstrando 
urbanidade e simpatia para com os membros do Poder Judiciário.
Então, se eu não fizer as tais homenagens eu posso não ganhar o meu recurso quando 
estiver advogando? Não foi isso o que eu disse. Mas, urbanidade e simpatia sempre 
caem bem. Pois o inverso é verdadeiro. Você pode render as homenagens e perder o 
seu recurso. Se isto garantisse o resultado, a maioria dos recursos teria o empate como 
desfecho, já que tanto o recorrente, quanto o recorrido se utilizam desta prática.
1 Disponibilização é uma antecipação da publicação. Imagine que o cartório judicial disponibiliza no DJE-Diário de Jus-
tiça Eletrônico o que será publicado no dia seguinte. Assim, a disponibilização de hoje deverá ser considerada como 
publicada no dia útil seguinte. Se amanhã não for feriado, sábado ou domingo, considero como data da publicação a 
de amanhã. Por outro lado, se amanhã não for dia útil, considero como data da publicação o do primeiro dia útil.
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Pensando no seu momento enquanto aluno e, em breve, candidato ao Exame de 
Ordem, saiba que estética da peça processual conta, podendo causar empatia ou 
antipatia pelo examinador. Ainda bem que eu falei sobre isso, me recordei de men-
cionar que a letra legível é outro fator determinante ao seu sucesso. Não pense que 
o examinador se esforçará para entender a sua letra, porque isto não vai acontecer. 
Muito bem, ultrapassamos a fase do introito e das homenagens e agora vamos 
analisar a estrutura das razões de apelação.
Vou lhe contar um segredo: no seu Código de Processo Civil tem os tópicos que 
devem ser criados e desenvolvidos em sua peça recursal de apelação. Não acredita?
Eu vou lhe provar.
Dê uma olhada no Artigo 1.010 do Código de Processo Civil e você verá a estru-
tura da sua peça das razões de apelação, conforme transcrevo:
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de pri-
meiro grau, conterá:
I – os nomes e a qualificação das partes;
II – a exposição do fato e do direito;
III – as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
IV – o pedido de nova decisão.
Você viu que eu não estava brincando. O caput e o inciso I, do Artigo 1.010 do Código 
de Processo Civil são utilizados na peça de interposição, conforme já mencionamos. 
Legal! Sobraram três incisos que irão guiá-lo para elaboração da sua peça. Na verdade,
são os tópicos que você utilizará para desenvolver a peça. 
Criando o tópico (o título) a ser desenvolvido, a sequência se torna natural. 
Posso afirmar que este esquema de estruturar a peça está presente em nosso 
Código de Processo Civil para praticamente todas as peças. Quer ver? 
• Petição inicial: nos incisos do Artigo 319 do Código de Processo Civil;
• Contestação: Artigo 336 e nos incisos do Artigo 337, ambos do Código de 
Processo Civil;• Apelação: nos incisos do Artigo 1.010 do Código de Processo Civil;
• Agravo de Instrumento: nos incisos do Artigo 1.015 do Código de Processo Civil;
• Embargos de Declaração: Artigo 1.023 do Código de Processo Civil e 
seus parágrafos;
• Recursos Especial e Extraordinário: incisos do Artigo 1.029 do Código de 
Processo Civil.
Talvez, colocados assim dessa maneira ainda pareça algo distante de uma ideia de 
aplicabilidade prática, mas eu tenho a certeza de que até o final desta unidade você 
vai passar a enxergar tais dispositivos sob a ótica da prática jurídica.
Então, vamos ao Tribunal!
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UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação
Figura 4 – Imagem alusiva ao Tribunal (Suprema Corte Americana)
Fonte: Getty Images
Agora que você já sabe que a estrutura básica da peça de apelação é composta pelo 
introito, homenagens e os três tópicos que serão os alicerces da sua escrita, podemos 
incluir mais uma situação. Quando houver questões de ordem pública ou questões preli- 
minares a serem reiteradas, abra um tópico específico para as preliminares.
Preliminarmente, suscitar decisões interlocutórias que não foram agravadas por 
não constar expressamente do rol do artigo 1015 do Código de Processo Civil, se o 
problema assim o exigir.
Você deve estar pensando: “Legal, professor, está tudo muito bom, está tudo 
muito bem. Mas como é que eu escrevo tudo isso na peça? Eu quero ação! Então, 
tudo bem. Vamos lá!
No tópico destinado à exposição do fato e do direito, você deve narrar um breve 
resumo da lide. Na realidade, o que você vai fazer é simplesmente reproduzir o pro-
blema proposto, o caso hipotético. “Professor, é sério? É só copiar?”. Sim, mas é 
claro que você terá apenas o trabalho de organizar os parágrafos com as informações 
existentes no problema. Não invente nada, ou seja, você não pode acrescentar nada 
que não esteja descrito no problema. Até aqui está fácil.
No próximo tópico, o que trata das razões do pedido de reforma ou de decretação 
de nulidade, você deverá atacar somente a decisão recorrida e não o juiz ou juízo, 
apresentando o fundamento legal para o inconformismo. Abordarei mais no esque-
leto uma proposta para a peça que você verá na sequência.
Por fim, em relação ao pedido de nova decisão (pedido de reforma), este é o encer-
ramento, é a conclusão de todo o raciocínio da sua peça. Deverá descrever o que você 
pretende com o recurso.
Já que estamos falando de uma apelação, você deverá requerer a reforma ou a 
anulação da sentença. Quando é que eu requeiro a anulação e quando é o caso de 
reforma? Veja bem, o pedido de reforma será feito sempre que no seu recurso você 
argumentar que a decisão de mérito não está correta (a procedência ou a impro-
cedência), de acordo com a parte que você estiver representando. Por outro lado, 
quando você estiver argumentando em sua apelação que há nulidade absoluta em 
atos processuais, ou até na sentença, cerceamento ao direito à ampla defesa, enfim, 
questões de ordem pública, você requererá a anulação da sentença.
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Como estamos chegando ao fim da unidade, faço aqui as minhas últimas obser-
vações antes da exposição da estrutura da apelação:
• Sempre que você estiver se referindo à sentença recorrida, é de boa prática que 
coloque o adjetivo “respeitável”, ficando assim: “respeitável sentença”;
• Não abrevie nada;
• Não invente informações que não existem no processo;
Não fornecerei um modelo, mas sim uma estrutura, por entendermos que modelo 
serve para engessar o aluno. Se o caso que você estiver estudando não se adequar ao mo-
delo, acaba-se criando uma “peça Frankenstein”, toda remendada, sem pé e nem cabeça.
Veja a seguir a nossa estrutura de apelação para orientá-lo na elaboração das suas 
peças. Bons estudos!
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ª VARA 
CÍVEL DO FORO __ DA COMARCA DE __
Obs.: o número da Vara, o nome do Foro e da Comarca devem ser extraídos do pro-
blema, você não pode inventar. E se o problema não trouxer essa informação? Deixe 
genérico, da forma que eu fiz acima.
PROCESSO N.º __
Obs.: o número do processo também deve ser extraído do problema, você não pode 
inventar. E se o problema não trouxer essa informação? Você também deixará a 
informação de forma genérica, da forma que eu fiz acima.
NOME DO(A) APELANTE, nacionalidade, estado civil, profissão, 
portador da cédula de identidade n. __, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do 
Ministério da Fazenda sob n. __, endereço eletrônico __, residente e domiciliado 
à Rua ________________, n. __, Bairro, Cidade – UF, CEP ____-__ a qua-
lificação é obrigatória na apelação, se o problema não indicar os dados, faça 
a qualificação genérica, conforme sugestão, nos autos da AÇÃO DE .... indicar o 
nome da ação constante do problema que lhe move NOME DO(A) APELADO, nacio-
nalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade n. ________, 
inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob n. __, ende-
reço eletrônico ..., residente e domiciliado à Rua ..., n. __, Bairro, Cidade – UF, CEP 
____-__ a qualificação é obrigatória na apelação para as duas partes, reitero 
as orientações anteriores, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosa-
mente, à presença de Vossa Excelência, inconformado(a) com a respeitável sentença 
de fls. ..., com fundamento no Artigo 1009 do Código de Processo Civil, interpor o 
presente RECURSO DE APELAÇÃO, cujas razões seguem anexas.
Outrossim, requer-se o recebimento do presente recurso nos efeitos 
devolutivo e suspensivo, com a devida intimação da parte contrária para, querendo, 
apresentar suas contrarrazões.
A parte apelante esclarece que foi intimada da respeitável decisão 
recorrida via Diário de Justiça Eletrônico (ou em audiência, conforme o problema)
em __/__/____, demonstrando que o presente recurso é tempestivo, já que in-
terposto dentro dos 15 dias.
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UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação
Por fim, requer a juntada das guias destinadas ao preparo, porte de 
remessa e de retorno, devidamente recolhidas, bem como a remessa dos autos ao 
Egrégio Tribunal de Justiça (se o processo for da Justiça Federal, ao Egrégio Tri-
bunal Regional Federal da 00º Região).
Nestes Termos, Pede Deferimento.
Local e data. 
(só coloque a data se o problema solicitar 
que você indique o dia do prazo)|
NOME DO ADVOGADO(A)
OAB/UF Nº __
Essa é a peça de interposição. Nenhum segredo. Todas as informações que existem 
no problema. Até agora, você não precisou pensar muito para escrever.
Vamos seguir com a análise das razões de apelação.
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO
TRIBUNAL “AD QUEM”: EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ...
MM. JUÍZO “A QUO” : JUÍZO DA ...ª VARA CÍVEL DO FORO ... DA COMARCA DE ... (repete 
o endereçamento feito na peça de interposição)
PROCESSO ORIGEM N.º ...
Apelante: NOME DO(A) APELANTE
Apelado(a): NOME DO(A) APELADO(A)
EGRÉGIO TRIBUNAL!
COLENDA CÂMARA,
NOBRES JULGADORES!
I– A EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO
O que é que você deve escrever aqui? 
• Copiar o problema proposto, sem inventar nada sobre os fatos;
• Procure separar os assuntos e organizar os parágrafos; 
• Parágrafos mais curtos diminuem as chances de erros e demonstram objetividade.
II – PRELIMINARMENTE
Lembrando de que este tópico só deve ser aberto se for o caso de se alegar alguma 
questão preliminar ou de ordem pública, ou seja, nem sempre precisará abri-lo. 
Acrescentar as preliminares que forem necessárias, de acordo com o problema: 
• Decisões interlocutórias não sujeitas a agravo (Artigo 1009, § 1º, CPC); 
• Questões prejudiciais ao mérito (art. 337, CPC).
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III– DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA (OU DE DECRETAÇÃO DE NULIDADE) 
Aqui você irá trabalhar as questões de mérito do recurso, que justificam o seu incon-
formismo e pedido de reforma da sentença. 
A fundamentação sobre o mérito deve ser procurada no direito material (direito civil 
e legislação extravagante). 
Citar a legislação aplicável ao casoe, preferencialmente, evitar transcrições, pois o 
seu trabalho é o de utilizar do fundamento legal, criando um raciocínio com o pro-
blema que está tratando. O direito servirá para fundamentar o seu argumento.
Para o desenvolvimento deste tópico, você deverá identificar:
• O ponto da sentença que é prejudicial ao seu cliente;
• O fundamento legal que justifica a reforma ou anulação da decisão (o motivo 
pelo qual você afirmará que a decisão está errada);
• A conclusão deste raciocínio. Por exemplo:
A respeitável sentença recorrida julgou improcedente o pedido do apelante no 
sentido de obrigar a parte apelada a cumprir obrigação de não concorrer em 
razão do contrato de trespasse.
De acordo com o artigo 1147 do Código Civil, o alienante está proibido de concorrer com 
o adquirente do estabelecimento empresarial, exceto se houver autorização expressa.
Assim, como não há autorização, é de rigor o cumprimento da obrigação de não 
fazer, eis que está mais do que clara a prática da concorrência desleal.
O exemplo acima mostra uma situação em que supostamente eu coloquei uma 
informação de um problema (a fundamentação da sentença), a previsão legal e a 
conclusão. Não há necessidade de longas reproduções do texto legal, mas sim da 
parte necessária à sua argumentação. 
Havendo mais de um ponto a ser alegado, repita o processo. Onde eu encontro o 
fundamento legal? No índice alfabético remissivo. Faça o teste agora. Procure em 
seu Código as seguintes palavras: estabelecimento empresarial; trespasse; concor-
rência. Creio que encontrará o fundamento legal.
IV – DO PEDIDO DE NOVA DECISÃO
Conclusão do recurso
Pedir o recebimento ou o conhecimento do recurso (expressões sinônimas), que se re-
fere à análise formal dos pressupostos subjetivos e objetivos do recurso. Após o recebi-
mento (conhecimento) do recurso, você deverá requerer o provimento do recurso para 
a finalidade de acolher a preliminar (se tiver) ou reformar a sentença, conforme o caso.
ANTE O EXPOSTO, requer a Vossas Excelências, o conhecimento do 
presente Recurso de Apelação, bem como o seu provimento para o acolhimento 
da(s) preliminar(es) (se houver) e, no mérito, caso superada(s) a(s) preliminar(es), 
requer a reforma (ou anulação – conforme o caso) da respeitável sentença, para se 
julgar totalmente (im)procedente o(s) pedido(s) (ou, para anulá-la) ..., com a inver-
são do ônus sucumbencial, como medida de JUSTIÇA!
Nestes Termos, Pede Deferimento.
Local e data.
NOME DO ADVOGADO(A)
OAB/UF Nº __
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UNIDADE Introdução à Prática Recursal e Recurso de Apelação
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Col. Prática Forense: Prática empresarial
ARAUJO, B. D. J. M. A. Col. Prática Forense: Prática empresarial. Vol 4. São 
Paulo: Editora Saraiva, 2019.
Código de Processo Civil Comentado
NERY JR., N.; NERY, R. M. de A. Código de processo civil comentado. 17. ed. 
São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018. 
Curso de Direito Processual Civil
HUMBERTO, T. J. Curso de direito processual civil. Vol. III. 52. ed. São Paulo: 
Grupo GEN.
 Vídeos
Redação Jurídica – Destravando a Escrita – Introdução
https://youtu.be/eXFk15-_t0E
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Referências
ADAM, J. M. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. São 
Paulo: Cortez, 2011.
_________. Textos: tipos e protótipos. São Paulo: Contexto, 2019.
BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 19/06/2020.
_________. Lei n. 13.105, 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo 
Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 
19/06/2020.
BUENO, C. S. Novo código de processo civil anotado. São Paulo: Ed. Saraiva, 2016. 
DONIZETTI, E. Novo código de processo civil comparado. São Paulo: Ed. 
Atlas, 2015.
FREIRE, R. da C. L. No vo Código de Processo Civil – CPC para concursos: 
doutrina, jurisprudência e questões de concurso. Coordenação Ricardo Didier. 6. ed. 
versão ampliada e atualizada. Salvador: Juspodivm, 2016.
MOREIRA, S. T. Juiz a quo – juiz ad quem. Instância, como fica?. Disponível em: 
<https://www.migalhas.com.br/coluna/latinorio/159769/juiz-a-quo-juiz-ad-quem-
-instancia-como-fica>. Acesso em: 18/06/2020.
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