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3 Habeas Corpus, Recurso Ordinário Constitucional e Revisão Criminal

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Prática Jurídica 
Penal III
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª M.ª Rosa Maria Neves Abade
Revisão Textual:
Caique Oliveira dos Santos
Habeas Corpus, Recurso Ordinário Constitucional 
e Revisão Criminal
Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
 
• Compreender o cabimento, a forma de interposição e o alcance do habeas corpus, do recurso 
ordinário constitucional e da revisão criminal.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Habeas Corpus;
• Do Recurso Ordinário Constitucional;
• Revisão Criminal.
UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
Habeas Corpus
Fundamentos Legais
 Art. 5º, LXVIII, da CF/1988 e arts, 647, e um dos incisos do art. 648 do CPP.
O inciso LXVIII do art. 5º da CF/1988 define que: “conceder-se-á habeas corpus 
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua 
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”.
Igualmente, o art. 647 do CPP faz a mesma previsão legal: “Dar-se-á habeas corpus 
sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal 
na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar”.
Figura 1
Fonte: picpedia.org
Conceito
Apesar de o habeas corpus (HC) estar incluído no Título de Recursos do Código de 
Processo Penal, é, na verdade, uma ação penal constitucional, i.e., um remédio heroico 
constitucional, com a finalidade de tutelar a liberdade de locomoção (o direito de ir, vir 
e permanecer).
A doutrina é unânime em considerá-lo como um remédio jurídico, verdadeira ação 
que tem por finalidade amparar o direito à liberdade de locomoção, embora o legislador 
o tenha tratado como recurso.
O autor De Plácido e Silva, (2005. p. 370) traduz: “O habeas corpus é uma locução 
composta do verbo latino habeas, de habeo (ter, tomar, andar com), e corpus (corpo), de 
modo que se pode traduzir: ande com o corpo ou tenha o corpo”.
Para o autor José Cretella Júnior (1996, p. 141-150): “O habeas corpus é uma ação 
constitucional de caráter penal e de procedimento especial, isenta de custas e que visa 
8
9
evitar ou cessar violência ou ameaça na liberdade de locomoção, por ilegalidade ou 
abuso de poder”.
Não se trata, portanto, de uma espécie de recurso, apesar de regulamentado no 
capítulo a ele destinado no Código de Processo Penal, mas ação penal constitucional.
O habeas corpus é o processo em que a violência atinge a liberdade corpórea da 
pessoa, garantindo o direito de ir e vir livremente.
Assim, a finalidade do HC é a proteção da liberdade de locomoção, a liberdade de ir 
e vir, primária e natural, ameaçada ou atingida por ato ilegal ou abusivo.
Ele se diferencia do mandado de segurança (MS), que visa proteger o direito líquido e 
certo, não amparado pelo habeas corpus ou pelo habeas data.
O habeas corpus assegura a liberdade contra a aplicação errônea da lei penal, contra 
a prisão ilegal e em todos os casos em que a ilegalidade atinge a integridade física do 
indivíduo como direito inerente à sua personalidade.
O paciente (se de seu interesse) terá a faculdade de recusar-se a aceitar o habeas 
corpus impetrado por terceiros. Nessa situação, bastará uma simples petição dirigida ao 
juiz ou ao tribunal para que o julgador considere o pedido prejudicado.
Figura 2
Fonte: Getty Images
Espécies de Habeas Corpus
O habeas corpus pode ser:
• Preventivo: quando impetrado contra uma ameaça à liberdade de locomoção; 
quando se pretende evitar que a coação ocorra, desde que haja fundado receio 
de que se consume. Se a violência ou coação ilegal ainda não ocorreu, mas tudo 
indica que iria consumar-se em breve, dá-se, então, o habeas corpus preventivo. 
Bastará a simples ameaça de coação à liberdade de coação;
9
UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
• Liberatório: também chamado corretivo ou repressivo, quando se pretende a 
restituição da liberdade de alguém que já se acha com esse direito violado; quan-
do o paciente já estiver sofrendo a coação ilegal em sua liberdade de locomoção. 
Existindo violência ou coação ilegal por parte do coator, só restará, então, impetrar-se 
a ordem do juiz para que fique restabelecida a liberdade de locomoção do paciente.
Em Síntese
• Habeas corpus preventivo: é aquele que tem por finalidade impedir futuro cons-
trangimento ilegal, e, uma vez concedido o habeas corpus preventivo, será expe-
dido salvo-conduto ao paciente, assinado pelo juiz, que o livrará da coação ou da 
violência que estiver na iminência de sofrer (art. 660, § 4º, do CPP);
• Habeas corpus repressivo, liberatório, corretivo: é aquele que tem como finalida-
de repudiar constrangimento ilegal à liberdade de locomoção já existente. Exemplo: 
alguém que se encontre preso ilegalmente.
Natureza Jurídica do Habeas Corpus
Embora tenha sido regulamentado pelo Código de Processo Penal no capítulo de 
recursos, é uma ação penal popular constitucional voltada à proteção do direito de liber-
dade de locomoção. O habeas corpus é um instituto de natureza jurídica – constitucional 
e processual.
Legitimidade
Pode ser:
• Ativa: pode ser impetrado por qualquer pessoa (que tenha interesse de agir), em 
seu favor ou de outrem, independentemente de representação de advogado (deno-
minado impetrante). Pode ser impetrado, inclusive, pelo paciente (aquele que está 
sofrendo a coação ilegal, ou se encontra na iminência de sofrê-la);
• Passiva: aquele que exerce a violência, coação ou ameaça (denominado coator, ou 
autoridade coatora).
O habeas corpus é sempre dirigido à autoridade jurisdicional hierarquicamente supe-
rior àquela tida como autoridade coatora.
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, 
em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público.
[...] 
§ 2º. Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício 
ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem 
que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.
Como já dito, qualquer pessoa tem direito a habeas corpus, inclusive o estrangeiro, 
independentemente de sua capacidade civil, política, profissional, sexo, profissão, idade, 
estado mental e escolaridade.
10
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No caso de ser analfabeto, alguém deverá assinar a petição a rogo. 
No caso de ser menor ou insano, não há necessidade de ser representado ou assistido 
por outrem.
É bom ressaltar que o Habeas Corpus pode ser impetrado pela própria pessoa que 
está sofrendo ou se acha na iminência de sofrer a violência ou coação ilegal. Também 
pode ser impetrado em favor de terceiro.
A pessoa jurídica também é legítima para impetração da ordem em favor de pessoa 
física, pois a lei penal não fez qualquer restrição quanto a essa possibilidade; por se 
tratar de uma garantia, permite-se interpretação extensiva; pela teoria da realidade 
(art. 45 do CC), já defendida na vigência do Código Civil de 1916 por Vicente Ráo e 
Clóvis Beviláqua, as pessoas jurídicas são sujeitos de deveres e direitos, podendo se 
fazer representar em juízo ativa e passivamente (art. 12, VI, do CPC).
Existe uma exceção: não haverá habeas corpus em relação ao mérito das puni-
ções disciplinares militares.
Devido ao fato de o habeas corpus ser assegurado constitucionalmente e sua ação 
ser interposicionada ao direito de defesa, não é necessário que o paciente seja patroci-
nado por um advogado, ou, caso possua, não é necessário outorga de procuração.
O Ministério Público, o promotor de justiça, na qualidade desse órgão, poderá 
impetrar o habeas corpus (tanto perante o juízo de primeiro grau quanto perante os 
tribunais locais).
Em referência ao juiz, este não poderá impetrar habeas corpus. Todavia, poderá 
impetrar quando for em nome próprio, ou seja, ele mesmo sofrendo a coação, na quali-
dade de cidadão comum. Também poderá determinar ordem de ofício, nos processos de 
sua competência, desde que não seja ele mesmo a autoridade coatora.
O Supremo Tribunal Federal admite o habeas corpus mediante fax,e-mail, condicio-
nando seu conhecimento por meio do ministro-relator, que o ratifica se impetrado no 
prazo concedido.
Objeto do Habeas Corpus
Nos termos do art. 647 do CPP, será concedida ordem de habeas corpus: “sempre 
que alguém sofra ou se encontre na iminência de sofrer violência ou coação ilegal em 
sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar”.
Hipóteses de Cabimento (Art. 648 do 
CPP – Enumeração Exemplificativa)
As hipóteses de cabimento para impetrar habeas corpus estão descritas no art. 648 
do CPP, in verbis:
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: 
I – quando não houver justa causa;
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UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que 
a lei a autoriza;
VI – quando o processo for manifestamente nulo;
VII – quando extinta a punibilidade.
Figura 3
Fonte: studentbriefs.law.gwu.edu
Ausência de Justa Causa
Caracteriza-se por falta de previsão legal que acarreta a coação, quando faltam 
indícios ou prova material para instauração de inquérito ou ação penal, bem como pelo 
recebimento por parte do juiz de ação penal inviável.
Significa ausência de lastro probatório mínimo ou ausência de legalidade.
Se o fato for atípico, acarretará o arquivamento do inquérito policial ou trancamento 
sumário da ação penal pela ilegalidade ou falta de justa causa.
Quando Alguém Estiver Preso por mais Tempo do que a Lei Determina
Diz respeito à prisão provisória (são elas: prisão em flagrante, prisão preventiva, 
prisão temporária), não podendo durar mais tempo do que determina a lei. Em face do 
princípio da restrita legalidade, apenas com base na lei, o juiz poderá privar a liberdade 
individual de alguém. Se extrapolar a previsão legal para a prisão provisória, é cabível 
habeas corpus (repressivo/liberatório).
Quando quem Ordenar a Coação não tiver Competência 
para Fazê-lo (Incompetência da Autoridade Coatora)
Refere-se à prisão preventiva e à prisão temporária. Diz a Constituição Federal que 
ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada 
de autoridade judiciária competente (art. 5º, LXI). Lembre-se: apenas a ordem de juiz 
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competente e de forma fundamentada é que pode resultar em privação da liberdade. 
Se a autoridade não tem competência para a ordem ou a extrapolar, deve-se acolher o 
habeas corpus impetrado.
Quando Houver Cessado o Motivo que Autorizou a Coação
Pressupõe a existência anterior de uma prisão legal. Importante, aqui, citar Mougenot 
Bonfim (2017, p. 2 009):
[...] cessada a necessidade da prisão cautelar, seja pelo fato de o réu não 
representar um perigo à ordem pública ou porque não se furtará à aplica-
ção da lei penal, seja em razão do término da instrução criminal, ocasião 
em que o acusado não poderá mais influenciar no ânimo das testemu-
nhas, oportuno será o remédio heroico para fazer cessar o constrangi-
mento da liberdade, uma vez verificada a ilegalidade da restrição.
Exemplo: réu condenado a 5 (cinco) anos de reclusão em regime fechado. Cum-
prida a pena, não poderá mais permanecer na prisão (a não ser por outro processo). 
Mas, finda a pena, ou seja, cumprida a pena imposta, deve ser decretada a extinção 
desta e ser colocado em liberdade. Será autoridade coatora pelo ato ilegal a autoridade 
penitenciária que não colocá-lo em liberdade ou o juiz da execução que não determinar 
sua soltura em razão do cumprimento da pena.
Inadmissão da Prestação da Fiança Quando Autorizada por Lei
A prisão, como em um Estado Social Democrático de Direito deve ser, é medida 
excepcional, se a lei autoriza a prestação da fiança, que é espécie de prisão cautelar, o 
habeas corpus deve ser manejado, não para soltar o indivíduo, mas, sim, para que seja 
arbitrada a fiança ou esta admitida, permitindo, desse modo, a liberdade provisória.
O instituto da fiança está previsto no Código de Processo Penal, arts. 321 a 351.
A seguir, veremos as duas possibilidades de impetração de habeas corpus, mesmo 
após o trânsito em julgado da decisão.
Quando o Processo for Manifestamente Nulo
Independentemente de o processo estar em curso ou não, poderá o writ ser usado 
para que se reconheça a nulidade do processo, v.g., falta de citação. As nulidades estão 
previstas no art. 564 do CPP. Não há nulidade na fase de inquérito, pois o dispositivo 
menciona processo manifestamente nulo.
Quando Extinta a Punibilidade
Se extinto o jus puniendi estatal, deve imediatamente ser declarada de ofício pelo 
magistrado a extinção da punibilidade ou, se isso não ocorrer, deve ser requerida pelas 
partes, encerrando a persecução em que pé estiver.
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UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
As causas de extinção de punibilidade estão descritas no art. 107 do CP, mas o rol 
não é taxativo. Há outras previstas na lei. Exemplo: arts. 168-A, § 2º, e 312, § 3º, 
do CP.
Há de se lembrar que o juiz deve sempre reconhecer de ofício a ordem de habeas 
corpus, relaxando a prisão em flagrante, quando esta lhe for comunicada e se verificar 
a ilegalidade da sua medida ou quando verificada a ilegalidade no decorrer do processo.
Nomenclatura: Partes Processuais do Habeas Corpus
Paciente
É a pessoa que está sofrendo a violência ou coação ilegal na liberdade de locomoção; 
aquele que está na iminência de sofrer ou está sofrendo a coação ou violência ilegal, sendo 
pacífico que deverá ser impetrado HC em favor de pessoas determinadas, e vedado, 
portanto, é o remédio impetrado em favor de um coletivo de pessoas. A maior parte da 
doutrina não admite a pessoa jurídica como paciente, pois ela não se locomove.
O professor Aury Lopes Jr. (2018, p. 1113) discorda:
Noutra dimensão, é absolutamente ilógico admitir que a pessoa jurídica 
figure no polo passivo de uma ação penal e, ao mesmo tempo, negar-lhe 
legitimidade para utilizar o habeas corpus como instrumento processual 
destinado a fazer cessar uma coação ilegal (collateral attack).
Por que teria a pessoa jurídica que suportar o ônus de um processo penal 
nulo ou inútil? Pode ser ré, mas não está legitimada a resistir a uma imputa-
ção ilegal? É flagrante a incongruência e a inadequação da tese que nega 
à pessoa jurídica legitimidade para impetração do habeas corpus.
Impetrante
A pessoa que requer – pede – a ordem de habeas corpus. Qualquer pessoa pode 
impetrá-lo, em seu favor ou de outrem, inclusive o Ministério Público (art. 654 do CPP). 
Os juízes e os tribunais têm competência para expedir, de ofício, uma ordem de habeas 
corpus, sempre que verificar, no curso do processo, que alguém está sofrendo ou se 
encontra na iminência de sofrer uma coação ilegal (art. 654, § 2º, do CPP).
Autoridade Coatora
A autoridade coatora é aquela responsável pela ilegalidade ou pelo abuso de poder 
que compromete a liberdade individual de locomoção.
• Juiz: é a única autoridade que pode decretar a prisão de quem quer que seja, desde 
que presentes os requisitos para prisão temporária ou preventiva. Caso decrete a 
prisão de alguém sem a presença dos pressupostos autorizadores, haverá ilegalidade. 
O mesmo ocorrerá em caso de injustiça no processo;
• Promotor de justiça: pode trazer dúvida se o membro do Ministério Público pode 
ser sujeito passivo do HC, já que ele não pratica atos de jurisdição. Será autori-
dade coatora, porém quando praticar atos administrativos com teor decisório que 
podem causar constrangimento à liberdade de locomoção, por exemplo, requisição 
14
15
de instauração de inquérito policial para apurar crime já prescrito, ou fato atípico, 
conforme diz o autor Paulo Rangel, 2019, p. 1065);
• Delegado de polícia: caso venha a realizar prisão sem os requisitos do estado de 
flagrância, seja próprio, seja impróprio (art. 302 doCPP), ou instaure inquérito de 
ofício para apurar fato atípico, a autoridade policial estará atuando na ilegalidade, 
tornando-se sujeito passivo do manejo do habeas corpus.
Importante!
Se, nas mesmas hipóteses, o delegado já tiver remetido os autos ao Ministério Público, que, 
ao recebê-los, oferece a denúncia a autoridade coatora será o promotor de justiça, e não 
mais o delegado. Caso o juiz receba essa denúncia infundada oferecida pelo Ministério 
Público, será ele a autoridade coatora em eventual habeas corpus, deslocando a compe-
tência para Tribunal de Justiça respectivo.
Conforme visto, a autoridade coatora, por via de regra, é um agente público, podendo, 
porém, ser um particular, como admite a maioria da doutrina, que traz clássico exemplo 
de custódia forçada em hospital, seitas religiosas, asilos para idosos, clínicas de reabilita-
ção para alcoólatras etc.
Autoridade Impetrada
Trata-se de quem julga o Habeas Corpus.
Não Cabimento do Habeas Corpus
Não cabe habeas corpus nas transgressões disciplinares e prisão administrativa.
Igualmente, não cabe HC quando o processo versa sobre crime apenado exclusiva-
mente com multa (Súmula nº 693 do Supremo Tribunal Federal).
Também não cabe habeas corpus quando a pena já estiver extinta (Súmula nº 695 
do Supremo Tribunal Federal).
Quanto à possibilidade do uso do remédio heroico para combater as punições disci-
plinares militares, a Constituição da República veda-a, expressamente, no art. 142, § 2º. 
O que o constituinte originário pretendeu com essa vedação foi resguardar a hierarquia 
e a disciplina, atributos próprios das carreiras militares.
Em relação à prisão administrativa, assim preceitua o art. 5º, LXI, da CF/1988: 
“ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita fundamentada de 
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime pro-
priamente militar, definidos em lei”.
Como se pode visualizar, a prisão administrativa inexiste na ordem constitucional 
pós-1988, pois, como já visto, somente o juiz competente poderá decretar a prisão 
de alguém, salvo, é claro, nos casos de prisão administrativa militar. Restando, assim, 
revogado o art. 650, § 2º, do CPP. Se ela vir a ser praticada, cabível será o manejo de 
habeas corpus.
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UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
Competência para Julgamento do Habeas Corpus
O habeas corpus é impetrado perante a autoridade judicial hierarquicamente supe-
rior à autoridade coatora.
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará 
passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabi-
mento, seja qual for a autoridade coatora.
Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas 
corpus:
I – ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no Art. 101, I, g, 
da Constituição;
II – aos Tribunais de Apelação [não existem mais Tribunais de Apelação, 
hoje TJ ou TRF, sempre que os atos de violência ou coação forem atri-
buídos aos governadores ou interventores dos Estados ou Territórios e ao 
prefeito do Distrito Federal, ou a seus secretários, ou aos chefes de Polícia. 
§ 1º. A competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação 
provier de autoridade judiciária de igual ou superior jurisdição.
Figura 4
Fonte: Getty Images
Por via de regra, a competência para julgar o habeas corpus é definida em razão da 
autoridade coatora:
• Contra ato de promotor de justiça e de delegado de polícia, a competência será 
do juiz de direito (ou juiz federal, se o processo for federal) de primeira instância; 
• Contra ato de juiz de direito, a competência será do Tribunal de Justiça respectivo;
• Contra ato de juiz federal, a competência será do Tribunal Regional Federal; 
• Contra ato do TJ ou TRF, a competência será do Superior Tribunal de Justiça; 
• Contra ato do STJ, a competência será do Supremo Tribunal Federal;
• Contra ato de juiz do Juizado Especial, a competência será da respectiva 
turma recursal.
16
17
Importante!
Com o cancelamento da Súmula nº 690 do STF, reconhece-se que, sendo a autoridade 
coatora a turma recursal de Juizado Especial, o habeas corpus não será mais julgado no 
Supremo Tribunal Federal, e sim no Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal, 
conforme a matéria.
Para competência do STF para julgamento do habeas corpus, adotam-se os seguin-
tes critérios:
• Se o paciente está submetido à jurisdição do STF (prerrogativa de função), compe-
tirá a ele mesmo o julgamento do habeas corpus, nos termos do art. 102, I, d, da 
CF/1988 (como exceção ao princípio do duplo grau de jurisdição) ;
• Se o coator se submete à jurisdição do pretório excelso, o habeas corpus deverá 
ser julgado pelo STF, ainda que o coator não integre a estrutura do Poder Judiciário 
(102, I, i, da CF/1988).
Os Ministros de Estado e os Comandantes das Forças Armadas serão julgados pelo 
STF quando praticarem infrações penais comuns e crimes de responsabilidade (art. 102, 
I, c, da CF/1988). Porém, quando forem coatores, será o STJ competente para recebi-
mento do habeas corpus contra seus atos ilegais (art. 105, I, c, da CF/1988).
Em Síntese
Competência:
• Se o coator é o delegado, a peça é dirigida ao juiz criminal;
• Se o coator é o juiz criminal, a peça é dirigida ao TJ ou ao TRF;
• Se o coator é o TJ ou o TRF, a peça é dirigida ao STJ;
• Se o coator é o STJ, a peça é dirigida ao STF.
O habeas corpus deverá ser impetrado diretamente contra o coator, que poderá 
ser tanto particular (ato de ilegalidade) como autoridade (ilegalidade e abuso de poder). 
Normalmente, a autoridade é pública – promotor de justiça, delegado de polícia, juiz de 
direito, tribunal.
Processamento em 1ª Instância
A petição de habeas corpus deve seguir as regras do art. 654, § 1º, do CPP, que traz 
o rol do que deverá constar na petição de habeas corpus:
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, 
em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público.
§ 1º. A petição de habeas corpus conterá:
 a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou 
coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça;
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UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples 
ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não sou-
ber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências;
§ 2º. Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício 
ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que 
alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.
Recebida a petição do habeas corpus, a autoridade impetrada irá verificar se há 
pedido liminar. Caso haja, irá apreciá-lo.
Após isso efetuará a requisição de informações da autoridade coatora, determinando 
prazo para apresentação.
Importante!
Solicitação de informações: recebido o habeas corpus e apreciado eventual pedido 
liminar, irá solicitar informações da autoridade apontada como coatora, no prazo que 
estabelecer. A autoridade impetrada também poderá interrogar o beneficiário ou, se 
entender necessário determinar que este lhe seja apresentado (conforme artigo 656 do 
CPP). Após terá 24 horas para decidir.
Se concedida a ordem de HC, determinar-se-á a imediata soltura do paciente, se 
preso estiver.
Caso se cuide de pedido preventivo, será expedido salvo-conduto.
Na hipótese de o pedido voltar-se parar anulação de processo ou trancamento de IP 
ou processo, será expedida ordem nesse sentido, renovando-se os atos processuais no 
primeiro caso.
Quando não há concessão, diz-se que a ordem foi denegada.
Se se verificar que a violência ou ameaça à liberdade de locomoção já havia cessado 
por ocasião do julgamento, o pedido será julgado prejudicado.
Da decisão de 1º grau que conceder ou denegar a ordem de HC, cabe RESE; se 
concedida a ordem, a revisão pelasuperior instância é obrigatória.
18
19
Figura 5
Fonte: Getty Images
Processamento do Habeas Corpus no Tribunal
A petição de habeas corpus é dirigida ao presidente do tribunal. Ela é apresentada ao 
secretário, que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal, ou da câmara crimi-
nal, ou da turma que estiver reunida ou que primeiro tiver de reunir-se.
Se a petição obedecer aos requisitos legais, o presidente, entendendo necessário, 
requisitará, da autoridade coatora, informações por escrito (se ausentes os requisitos 
legais da petição, o presidente mandará supri-los).
Pode o presidente entender que é caso de indeferimento liminar do HC, situação em 
que não determinará o suprimento de eventuais irregularidades e levará a petição ao 
tribunal, à câmara ou à turma, para que delibere a respeito.
Recebidas as informações, ou dispensadas, o HC será julgado na primeira sessão, 
podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte.
A decisão será tomada por maioria de votos; havendo empate, caberá ao presidente 
decidir, desde que não tenha participado da votação; na hipótese contrária, prevalecerá 
a decisão mais favorável ao paciente.
Liminar em Habeas Corpus
A liminar em pedido de habeas corpus visa atender a casos em que a cessação da 
coação ilegal exige pronta intervenção do Judiciário.
Liminar é uma ordem judicial que tem como objetivo resguardar direitos alegados 
pela parte antes da discussão do mérito da causa. Ou seja, é uma concessão ante tempus
do pedido, devendo o mérito ser aferido posteriormente.
Apesar de tal pedido ser amplamente utilizado em diversos atos judiciais, a limi-
nar de habeas corpus não tem previsão legal. É criação jurisprudencial voltada ao 
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UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
combate imediato de ato indevido de constrangimento ou ameaça ao direito à liberda-
de de locomoção. Será concedida apenas em casos de urgência, em que haja necessida-
de e a relevância da medida se evidencie de forma incontroversa na própria impetração 
e nos elementos de prova a ela colacionados.
O pedido liminar deve, aliás, fundar-se exclusivamente no fumus boni iuris (fumaça 
do bom direito) e no periculum in mora (perigo na demora).
Em outras palavras, deve haver ofensa à liberdade de locomoção do paciente e possi-
bilidade de que a demora na sua satisfação venha a causar grave dano ou difícil repara-
ção à parte (a liberdade do paciente somente ao final do processo importará inaceitável 
e injusta manutenção de violação ao seu status libertatis).
Teses de Defesa em Habeas Corpus
• Falta de justa causa: toda vez que o seu cliente for preso ou estiver sendo processa-
do por um crime que ele não cometeu ou não esteja expresso em lei. Inexistência do 
crime, ou não existe prova de que o réu tenha sido o autor do crime;
• Nulidade: trata-se de irregularidade no andamento do processo. É uma mera ques-
tão de forma. As nulidades estão previstas no art. 564 do CPP. Acarretará a nulida-
de a falta de laudo, a citação irregular, deixar de intimar as partes para comparecer 
em juízo, deixar de cumprir um dispositivo expresso de lei;
• Extinção da punibilidade: os casos que ensejam a extinção de punibilidade estão 
previstos no art. 107 do CP. O agente pratica um crime, mas, por algum motivo, 
não pode mais ser punido;
• Abuso de autoridade: réu preso a mais tempo do que determina a própria lei ou 
quando que lhe é negado um benefício a que tenha direito (fiança, sursis).
Importante!
Toda vez que impetramos um habeas corpus, devemos observar, com atenção, o 
pedido, pois este é específico para cada tipo de tese.
À vista disso, verificamos, a seguir, como ficam as teses de defesa com seus pedidos 
em habeas corpus (arts. 647 e 648 do CPP).
Se a tese for nulidade, o pedido será:
• anulação ab initio da ação penal, caso a falha processual tenha ocorrido até a fase 
da defesa preliminar;
• anulação da ação penal (a partir do momento em que ocorrer a falha processual), 
caso a falha processual tenha ocorrido após a defesa preliminar.
Se a tese for extinção da punibilidade, o pedido será:
• extinção da punibilidade do fato imputado ao paciente na ação penal.
Se a tese for abuso de autoridade, o pedido será:
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• expedição de alvará de soltura: caso esteja preso;
• contramandado de prisão: iminência de ser preso, ou HC preventivo;
• revogação da prisão: prisão preventiva decretada.
Em habeas corpus, podemos fazer até três pedidos, desde que o primeiro seja o da 
tese respectiva (falta de justa causa, nulidade, extinção de punibilidade) e os demais 
sejam em razão da coação (alvará, contramandado, salvo-conduto, revogação da prisão, 
relaxamento do flagrante). Por exemplo:
• decretando-se o trancamento da ação penal (tese de falta de justa causa), o relaxa-
mento da prisão em flagrante e a expedição do alvará de soltura;
• decretando-se anulação ab initio da ação penal (tese de nulidade), a revogação da 
prisão preventiva e a expedição do alvará de soltura.
Documentos Expedidos na Concessão do Habeas Corpus
O documento expedido, pelo tribunal ou juiz, que concede a ordem é designado pelo 
Código de Processo Penal como ordem de habeas corpus.
Figura 6
Fonte: Getty Images
Caso se trate de um habeas corpus liberatório, é conhecido como alvará de soltura 
se o paciente estiver preso.
Se foi decretada prisão, mas ainda não está preso, o documento é o contramandado 
de prisão.
Caso se trate de um habeas corpus preventivo, a ordem escrita do juiz denomina-se 
salvo-conduto.
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UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
Recurso em Caso de Denegação da Ordem
Se o pedido de habeas corpus for denegado em 1ª instância, caberá recurso em 
sentido estrito (RESE), e, se for negado em 2ª instância, caberá o recurso ordinário 
constitucional (ROC).
• O impetrante poderá sustentar oralmente o pedido de habeas corpus pelo 
prazo de 10 minutos; sendo possível, em sede de habeas corpus, sua con-
cessão liminarmente;
• Se o juiz de 1ª instância conceder o habeas corpus, deverá recorrer de ofício (art. 
574, I, do CPP), não impedindo o Ministério Público de recorrer, voluntaria-
mente, nos termos do art. 581, X, do CPP. Tanto o recurso de ofício quanto o 
voluntário serão julgados por uma das câmaras ou turmas criminais ou pelo 
próprio tribunal nos estados;
• Para impetrar a ordem de habeas corpus, não há necessidade de procuração 
nem precisa ser advogado;
• Não cabe HC contra prisão disciplinar militar nem para trancar processo 
administrativo;
• A maior parte da doutrina e da jurisprudência vem admitindo a impetração de 
habeas corpus contra ato do particular.
Súmulas do STF Relativas ao Habeas Corpus
• Súmula nº 690: compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento 
de habeas corpus contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais.
Importante!
A Súmula nº 690 do STF não está sendo utilizada. Os HCs contra decisão de turma recursal 
de juizados especiais criminais vão para os tribunais estaduais ou federais.
• Súmula nº 691: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas 
corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido ao 
tribunal superior, indefere liminar;
• Súmula nº 693: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de 
multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária 
seja a única cominada;
• Súmula nº 694: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão 
de militar ou de perda de patente ou de função pública;
• Súmula nº 695: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa 
de liberdade.
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Do Recurso Ordinário Constitucional
Fundamento Legal
O recurso ordinário constitucional (ROC) possui dois fundamentos legais:
• Se for dirigido ao STF: art. 102, II, a, da CF/1988;
• Se for dirigido ao STJ: art. 105, II, a, b e c, da CF/1988.
Definição
O recurso ordinário constitucional é cabível das decisões denegatóriasde habeas 
corpus ou mandado de segurança, proferidas nos casos dispostos a seguir.
• No Supremo Tribunal Federal, o ROC é cabível:
» das decisões dos Tribunais Superiores que julgarem, em única instância, o man-
dado de segurança, o habeas data, o habeas corpus e o mandado de injunção, 
desde que denegatórias (art. 102, II, a, da CF/1988);
» das decisões referentes a crimes políticos, previstos na Lei de Segurança Nacio-
nal, nos termos do art. 102, II, b, da CF/1988. A competência para julgamento 
desses crimes é da Justiça Federal, conforme dispõe o art. 109, IV, da CF/1988.
• No Superior Tribunal de Justiça, o ROC é cabível:
» das decisões denegatórias de habeas corpus, proferidas, em única ou última ins-
tância, pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais dos estados e do Dis-
trito Federal, nos termos do art. 105, II, a, da CF/1988;
» das decisões denegatórias de mandado de segurança, proferidas pelos tribunais 
regionais federais ou pelos tribunais dos estados e do Distrito Federal, conforme 
dispõe o art. 105, II, b, da CF/1988;
» das decisões proferidas em causas em que forem partes Estado estrangeiro ou 
organismo internacional de um lado, e, do outro, município ou pessoa residente 
ou domiciliada no País, nos moldes do art. 105, II, c, da CF/1988.
Figura 7
Fonte: Getty Images
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UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
Cabimento do Recurso Ordinário Constitucional
O recurso ordinário é interposto para o Supremo Tribunal Federal ou o Superior 
Tribunal de Justiça.
No caso do STF (art. 102, II, a, da CF/1988), cabe quando for denegada ordem de 
habeas corpus proferida em única instância pelos tribunais superiores (STJ, TST, TSE, 
STM), ou seja, se foi diretamente impetrado perante a instância superior e lá delegado.
Cabe, ainda, quando for denegado em única instância:
• o mandado de segurança (Lei nº 12.016/2009);
• o mandado de injunção (art. 5º, LXXI, da CF/1988);
• o habeas data (art. 5º, LXXII, a e b, e LXVI, da CF/1988), motivado por sua com-
petência originária (art. 105, I, b e h (STJ); TST.
Ademais, o ROC é cabível das decisões referentes a crimes políticos, previstos 
na Lei de Segurança Nacional (art. 102, II, b, da CF/1988). Nesse caso, é chamado 
“recurso criminal ordinário constitucional”.
Quanto ao STJ (art. 105, II, a, b e c, da CF/1988), o ROC cabe:
• das decisões denegatórias de habeas corpus, proferidas, em única ou última instân-
cia, pelo TRF ou por tribunais estaduais (art. 105, II, a, da CF/1988);
• das decisões denegatórias de mandado de segurança decidido em única instância 
(interposto e decidido nos tribunais regionais federais, ou pelos tribunais dos esta-
dos e do Distrito Federal) (art. 105, II, b, da CF/1988);
• do julgamento das causas em que forem partes Estado estrangeiro, de um lado, e, 
de outro lado, município ou pessoa residente no País (art. 105, II, c, da CF/1988).
Na esfera criminal, são basicamente duas as espécies de decisão que ensejam 
o ROC:
• denegatórias de habeas corpus em segunda instância ou por tribunal superior;
• de mandado de segurança em segunda instância ou por tribunal superior.
Importante!
Só cabe interposição de recurso ordinário constitucional se foi negada a medida de 
habeas corpus ou mandado de segurança. Se a medida é concessiva, cabe recurso extra-
ordinário ou especial.
Endereçamento
O recurso ordinário constitucional é dirigido ao desembargador-presidente do tribu-
nal que denegou a ordem.
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Competência 
Compete o julgamento do ROC ao ministro-presidente do tribunal que denegou a 
ordem de HC ou o mandado de segurança.
Efeito do Recurso Ordinário Constitucional
O efeito é devolutivo, podendo ser dado efeito suspensivo pelo relator.
Prazo para Interposição do Recurso Ordinário Constitucional
Figura 8
Fonte: Getty Images
• No STJ:
» No caso de denegação de habeas corpus, 5 (cinco) dias (art. 30 da Lei nº 8.038/1990), 
já com as razões e o pedido de reforma;
» No caso de denegação de mandado de segurança: 15 (quinze) dias, já com as 
razões e o pedido de reforma (art. 33 da Lei nº 8.038/1990);
• No STF: previsão de prazo apenas no Regimento Interno do STF, que diz que o 
prazo será de 5 (cinco) dias para interpor recurso ordinário em denegatória de HC. 
Quanto ao mandado de segurança, é omisso. Mas a Súmula nº 319 do STF dispõe 
que o prazo do recurso ordinário ao Supremo Tribunal Federal, em habeas corpus 
ou mandado de segurança, é de 5 (cinco) dias.
Teses ou Requerimento do Recurso Ordinário Constitucional
O recurso ordinário constitucional possibilita o reexame de pedido de habeas corpus 
ou mandado de segurança. Deverá, portanto, o recorrente, reproduzir a argumentação 
veiculada na ação denegada (HC ou MS) e requerer aquela mesma providência que 
deveria ser concedida, e não foi.
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UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
A tese é a mesma que foi sustentada – e denegada – em HC. Por exemplo, se foi 
discutida a liberdade provisória do recorrente, deve ser feita a mesma análise que faria 
para um pedido de liberdade provisória ou de revogação de prisão preventiva: ausência 
de requisitos para a preventiva ou ilegalidade do flagrante.
Se o habeas corpus impetrado foi para o trancamento de ação penal por falta de 
justa causa, terá de arguir as teses de composição do crime, de punibilidade e de falta ou 
ilegalidade de provas (ex.: indiciamento com base em delação apócrifa).
Procedimento
O ROC é interposto por meio de petição dirigida ao presidente do tribunal, que 
denegou a ordem. Junto com a petição, apresentam-se as razões do pedido de reforma.
Em seguida, os autos vão com vista ao MP para parecer em dois dias (isso no caso de 
habeas corpus). No caso de mandado de segurança, o parecer será emitido em cinco dias.
Após, os autos são distribuídos ao relator, que marcará data para julgamento.
Figura 9
Fonte: Getty Images
Modelo de Interposição de Recurso Ordinário Constitucional
Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador-Presidente do Tribunal de Justiça do 
Estado de São Paulo
ou
Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador-Presidente do Tribunal Regional 
Federal da 3ª Região
“Nome do cliente”, já qualificado nos autos do pedido de Habeas Corpus nº __ 
por seu/sua advogado(a) ao final subscrito(a), vem, respeitosamente, à presença de 
Vossa Excelência, e dentro do prazo legal, não se conformando, data venia, com 
o venerando acórdão denegatório da ordem, interpor para o Superior Tribunal de 
Justiça, recurso ordinário constitucional, com fundamento no art. 105, II, a (ou 
b, se for MS), da CF/1988 e na Lei nº 8.038/1990 (esta só se for HC).
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Nestes termos, apresentando desde já suas razões, requer seja recebido e proces-
sado o presente recurso e encaminhado ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça (ou 
STF, se for o caso).
Termos em que pede deferimento.
Local e data.
Nome do(a) advogado(a)
OAB/SP nº
Razões do recurso ordinário constitucional
Recorrente: “Nome do cliente”
Recorrido: Justiça Pública
Habeas Corpus nº __
Egrégio Superior Tribunal de Justiça
Colenda Turma
Douto Procurador da República
Em que pese ao alto prestígio do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de 
 __________ (ou TRF), o venerando acórdão proferido pela sua Colenda Câma-
ra denegando o pedido de habeas corpus impetrado em favor do paciente não pode 
subsistir, pelas razões a seguir aduzidas:
I – Dos fatos
(resumir o problema dado).
Diante dessa decisão, foi impetrado habeas corpus, o qual foi negado pela ..... Câmara 
(Turma) do E. Tribunal de Justiça (ou Tribunal Regional Federal).
II – Do direito
Com todo respeito e acatamento, não pode prosperar a respeitável decisão que 
denegou a ordem de habeas corpus, por encontrar-se desprovida de amparo legal.
Com efeito, a impetração do habeas corpus era perfeitamente cabível, não havendo 
razão de ter sido negado pela Colenda Câmara (turma).
(redigir com suas palavras uma tese defensiva mais ou menos 15 linhas).
Conforme entendimento predominantena jurisprudência: (se não houver, não coloque).
Portanto, é de se concluir que o presente recurso é medida que se impõe para 
reformar a r. decisão denegatória, possibilitando, assim, que o recorrente faça jus ao 
benefício que lhe é de direito.
III – Do pedido
Diante de todo o exposto, requer seja conhecido e dado provimento ao presente 
recurso, para tornar sem efeito a decisão que denegou o pedido de habeas corpus, 
para que, assim, se faça justiça.
Local e data.
Nome do(a) advogado(a)
OAB/SP nº
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UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
Revisão Criminal
A revisão criminal é regulamentada nos arts. 621 a 631 do CPP.
Fundamento Legal para Ajuizamento
Art. 621 do CPP.
Figura 10
Fonte: Getty Images
Definição
A ação de revisão criminal é um dispositivo processual, disponibilizado ao condenado, 
com a finalidade de corrigir falhas indevidamente praticadas pelo Poder Judiciário na 
esfera criminal, desonerando-o de uma condenação excessivamente desproporcional 
ou injusta.
Natureza Jurídica
A revisão criminal é uma ação de natureza constitutiva, pois visa invalidar uma sen-
tença já transitada em julgado. É peça privativa da defesa.
Cabimento
Somente será admitida a revisão dos autos findos, ou seja, após o trânsito em julgado, 
quando a sentença condenatória for conforme previsão do art. 621 do CPP, in verbis:
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
I – quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei 
penal ou à evidência dos autos;
II – quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames 
ou documentos comprovadamente falsos;
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III – quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de ino-
cência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize 
diminuição especial da pena. (grifo nosso).
Sentença Contrária ao Texto da Lei ou Contrariedade à Evidência dos Autos
Contrárias à lei são todas as sentenças que não cumprem as normas nelas estabele-
cidas, ou que não encontram respaldo na sua própria existência.
De forma amplificada, lei, na área criminal, compreende também as normas e os 
princípios processuais penais.
A contrariedade ao direito há de ser frontal e inequívoca: não infringe o texto expresso 
a interpretação razoável, ainda que controvertida, dos tribunais. Para ser contrária à lei, 
seria, por exemplo, condenação por crime de lesão corporal em exame de corpo de 
delito, ou se o juiz julgou de forma contrária a prova dos autos.
Sentença Fundada em Depoimentos, Exames ou Documentos Falsos
Quando a sentença rescindenda se basear em prova que se mostrou comprovada-
mente falsa em momento posterior, como documentos, exames ou depoimentos falsos, 
fica comprovado que a decisão foi fundada, alicerçada, nessas fraudes. Nesse sentido, 
não se trata somente da mera existência do fato dentro do processo.
Descoberta de Provas Novas
Definem-se “provas novas” somente as efetivamente recém-descobertas, e são váli-
das aquelas produzidas sob o crivo do contraditório e que possam influir decisivamente 
no julgamento em favor do réu.
A nova prova deve ser colhida em procedimento prévio de justificação criminal.
Justificação Criminal
O entendimento pacificado é de que não se admite a produção de provas durante 
a ação de revisão criminal. Para rever as provas, deve ser requerido, perante o juiz que 
julgou o processo, um pedido de justificação criminal. Com a justificação criminal, as pro-
vas poderão ser novamente produzidas e servirão para instruir a ação de revisão criminal.
A justificação criminal, portanto, se destina à obtenção de prova nova com a finalida-
de de subsidiar eventual ajuizamento de revisão criminal.
Legitimidade
Como já apresentado neste estudo, a revisão criminal é um instrumento de uso exclu-
sivo da defesa, para o benefício do réu, e nunca para agravar ou piorar a sua situação. 
Conforme consta no art. 623 do CPP: “A revisão poderá ser pedida pelo próprio 
réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão”.
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UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
Prazo
Não há prazo para a interposição da revisão criminal, podendo ser ajuizada a qual-
quer tempo, e o réu pode estar em fase de cumprimento da sentença.
A revisão pode ser requerida até mesmo após o cumprimento integral da pena, ocor-
rida ou não a extinção da punibilidade; nem mesmo a morte do réu causa a impossibi-
lidade do uso da revisão criminal pelo cônjuge, por ascendente, descendente ou irmão 
por meio de um procurador legalmente habilitado.
Indenizações ao injustiçado
A característica principal da revisão criminal é a possibilidade de reparação de um 
erro judicial.
Competência para julgar
As revisões criminais são processadas e julgadas:
• pelo STF, quando a condenação é proferida por ele;
• elo STJ, quando a condenação é proferida por ele;
• quando houver sentenças transitadas em julgado no TJ ou TRF, pelo Tribunal de 
Justiça na seção criminal ou pelo TRF.
Processamento
Primeiramente, deve ser feito um requerimento com a certidão de haver transitado 
em julgado a sentença condenatória e com peças que comprovem os fatos que justifi-
quem o ajuizamento da revisão criminal.
Figura 11
Fonte: sintespe.org
A revisão ajuizada será distribuída a um relator e a um revisor.
O relator não poderá ter pronunciado decisão em qualquer fase do processo e poderá 
determinar que se apensem os autos originais.
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Caso o relator julgue insuficientemente instruído o pedido e inconveniente ao inte-
resse da justiça que se apensem os autos originais, irá indeferir a revisão liminarmente.
Independentemente de termo, o relator apresentará o processo em mesa para o 
julgamento e relatará sem tornar parte da discussão.
Caso o requerimento não seja deferido in limine, será aberta vista dos autos ao 
procurador-geral, para dar parecer em 10 (dez) dias, em seguida examinados os autos, 
sucessivamente ao relator e ao revisor, em 10 (dez) dias também, então será julgado o 
pedido na sessão que o presidente designar.
Caso julgada procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, 
absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.
Em nenhuma hipótese poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista.
Modelo de revisão criminal
Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador-Presidente do Tribunal de Justiça do 
Estado de __________
Excelentíssimo Senhor Desembargador-Presidente do Tribunal Regional Federal de 
.................– .....ª Região 
“Nome do cliente”, nacionalidade, estado civil, profissão, residente na rua 
 ______________________________, nº __, nesta capital, por seu/
sua advogado(a) que esta subscreve (doc. 1), não se conformando com a referida 
sentença, já transitada em julgado (certidão anexa – doc. 2), da __ Vara Criminal 
(ou Tribunal do Júri), Processo nº __, que o condenou à pena de __ anos de reclu-
são (ou detenção), com incurso no art. __ do CP, vem respeitosamente apresentar, 
contra ela, revisão criminal, com fulcro no art. 621 __. do CPP, pelas razões a seguir 
aduzidas, e requerer o quanto que se segue:
I – Dos fatos
(resumir o problema dado substituindo “A” por Revisionando).
II – Do direito
Com efeito, (redigir, com suas palavras, uma tese defensiva com ao menos 15 linhas).
Conforme entendimento predominante na jurisprudência, “......” (se não houver uma 
jurisprudência sobre o caso, não coloque).
III – Do pedido
Diante de todo o exposto, requer seja julgado procedente o presente pedido revi-
sional, decretando-se a anulação do processo, ou (absolvição do Revisionando, nos 
termos do art. 386, __ e nos termos do art. 626 do CPP). 
Requer ainda seja reconhecido o direito do Revisionando à devida indenização, 
como medida de justiça.
Termos em que pede deferimento.
Local e data.
Nome do(a) advogado(a)
OAB/SP nº
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UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário 
Constitucional e Revisão Criminal
Material ComplementarIndicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Nucci – polos passivos e ativos na revisão criminal
https://youtu.be/HiYR7Ic1x5M
AGU Explica – recurso ordinário constitucional
https://youtu.be/SuvMsjZzd30
AGU Explica – habeas corpus
https://youtu.be/TtEcb70DJV4
AGU Explica – habeas corpus
https://youtu.be/elIpIU-6MwU
 Leitura
Habeas corpus: um remédio constitucional
https://bit.ly/3wGLbGC
A interposição de recurso ordinário constitucional e a capacidade postulatória
https://bit.ly/3wzv5yF
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Referências
AVENA, N . Processo penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019 . (e-book)
BONFIM, E. M. Curso de processo penal. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
CRETELLA JÚNIOR, J . Os “writs” na Constituição de 1988. Rio de Janeiro, 
Forense-Universitária, 1996.
DE PLÁCIDO E SILVA, O. J. Vocabulário jurídico. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
GIACOMOLLI, N. J. O devido processo penal: abordagem conforme a Constituição 
Federal e o Pacto de São José da Costa Rica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016 . (e-book)
GLOECKNER, R. J. Nulidades no processo penal. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 
2017. (e-book)
LOPES JR., A. Direito processual penal. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2018 . (e-book)
MARCÃO, R. Curso de processo penal. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2018 . (e-book) 
NUCCI, G. S. Curso de direito processual penal. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2020 . (e-book) 
PACELLI, E. Curso de processo penal. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2018 . (e-book)
RANGEL, P. Direito processual penal. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2019 . (e-book)
33

Outros materiais