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A chegada do Islã ao continente africano

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História da África Pré Colonização
Aula 4: A chegada do Islã ao continente africano
Apresentação
Nessa aula, você analisará as transformações causadas pela chegada do Islamismo na África
Subsaariana, identi�cará as transformações que a chegada do islamismo causou no reino de
Gana e examinará as dinâmicas socioeconômicas criadas a partir da conformação do comércio
transaariano.
Objetivo
Analisar as transformações causadas pela chegada do Islamismo à África Subsaariana;
identi�car as transformações que a chegada do islamismo causou no reino de Gana;
examinar as dinâmicas socioeconômicas criadas a partir da conformação do comércio
transaariano.
Re�exão
O mapa ao lado apresenta as
principais rotas do comércio
transaariano criadas a partir
do século IX. Elabore em seu
caderno uma hipótese sobre
quais eram os principais
produtos que circulavam
nessas rotas. Ao �nal desta
aula, releia sua hipótese e
veri�que os possíveis erros e
acertos.  Mapa do comércio transaariano.
O Islamismo
O islamismo chegou ao continente africano no século VIII e tal evento trouxe muitas mudanças para a
África. As razões para tamanha in�uência islâmica no continente africano só podem ser entendidas
se compreendermos melhor o que é o islamismo.
História do Islamismo
O islamismo ou o islã é uma religião monoteísta que começou a ser pregada do século VII na região
da atual Arábia Saudita. Seu principal profeta foi Maomé, um comerciante da região que um dia
começou a receber visitas do anjo Gabriel. Esse anjo revelava-lhe as palavras divinas de Alá, o Deus
único. A partir de então, Maomé passou a transmitir os preceitos que lhe eram revelados e
rapidamente ganhou diversos seguidores. Como Maomé estava revelando não só uma nova religião,
mas também uma nova forma de vida, suas palavras foram anotadas e compiladas em um único
livro, Alcorão, que até hoje é considerado o livro sagrado do islamismo.
Uma das principais atividades do muçulmano era difundir o islamismo por todo mundo. Essa difusão
ocorreu de duas formas: por meio de negociações comerciais e por meio das jihads. As jihads eram
guerras santas travadas pelos muçulmanos. Tais guerras tinham por objetivo converter outros povos
ao islamismo e escravizar os “in�éis”, ou seja, aqueles que se recusavam a crer em Alá.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Os Almorávidas e a Chegada do Islã na África
Subsaariana
Rapidamente, inclusive por uma proximidade geográ�ca, o
islamismo chegou ao norte da África.
No entanto, durante mais de cento e cinquenta anos, os
muçulmanos não conseguiram converter os povos seminômades
que viviam nos oásis do Saara e que controlavam boa parte das
caravanas de camelos que atravessavam o deserto.
Segundo os cronistas da época, no século X, o sacerdote
muçulmano chamado Abdallah ibn Yacine foi designado para
cuidar da conversão dos berberes. No entanto, Yacine foi muito
mal recebido e acabou sendo expulso da região.
Obrigado a se retirar, o sacerdote partiu para um local
desconhecido da costa Atlântica acompanhado por dois berberes:
 Yaya ibn Omar e seu irmão Abu Bakr. Neste local, Yacine e seus
discípulos começaram a receber adeptos e criaram uma espécie
de convento militar muçulmano (o ribat), cujos membros eram
chamados de Al-Morabetin – que signi�ca aqueles que pertencem
ao ribat.
 O Império Almorávida em sua maior
extensão em 1110
 Almorávidas no início do séc. XI
Em pouco tempo, os almorávidas
transformaram-se em um dos principais braços
armados do islamismo, levando a palavra de Alá
para regiões distantes como a Península Ibérica
e a África Subsaariana.
Contatos com a África Subsaariana: o Caso de Gana
 Gravura do século 19 mostra uma caravana Árabe comercializando
escravos africanos.
O contato dos muçulmanos com os povos
africanos ocorreu de diferentes formas e em
diferentes momentos da história da África. Com
as pequenas aldeias da África Subsaariana, os
muçulmanos, muitas vezes, faziam suas
guerras santas e escravizavam aqueles que
haviam sobrevivido e se recusavam a se
converter.
 Mapa do Império Mali (século XIV)
No entanto, com os grandes reinos e cidades,
as relações dos muçulmanos se iniciaram por
meio de trocas comerciais.
O comércio também foi a porta de entrada do
islamismo nas cidades de Ifé e Benin.
Já a realeza do império do Mali se converteu às
crenças do Islã e sob o governo de Mansa Musa
inúmeras mesquitas e escolas muçulmanas
foram construídas em todo o império.
Nas cidades litorâneas da Costa Índica da
África, grande parte dos comerciantes também
se converteu ao islamismo. Todavia, a primeira
grande sociedade subsaariana a entrar em
contato com os muçulmanos foi o reino de
Gana que, até então, vivia de acordo com seus
preceitos iniciais.
Gana, também conhecido como o “país do
ouro”, foi um dos grandes estados formados no
continente africano. Situado abaixo do deserto
do Saara entre os rios Níger e Senegal (na atual
Mauritânia), Gana foi fundado no século IV pelo
povo africano Soninquê e entrou em decadência
no século XIII.
 Localização do reino de Gana na África Ocidental
Durante seus quase mil anos de existência,
Gana exerceu in�uência sobre outros povos da
África Ocidental e �cou conhecido na Europa e
no Oriente Médio por suas minas de ouro. Os
viajantes árabes que visitaram a região a partir
do século VIII �caram surpresos com a
organização desse estado e já no ano de 700
Gana foi colocado no mapa-múndi pelo
geógrafo árabe Al-Khuarizni.  Império de Gana
Saiba mais
Segundo os viajantes árabes, gana era o nome dado aos reis desse estado. Além de
ser chamado de gana (chefe de guerra), o soberano poderia responder por caia-
manga (rei do ouro) e turca. Mas não foi por acaso que Gana �cou conhecido pelo
título atribuído aos seus governantes. O gana ou caia-manga exercia um grande
poder sobre os habitantes da região e era considerado o senhor do ouro.
 Poder caia-manga
Grande parte do poder do caia-manga vinha do
monopólio que ele exercia sobre as minas de
ouro. Todos que quisessem trabalhar ou
comercializar o metal precioso deveriam pagar
impostos ao soberano. Além do controle sobre
o ouro, o caia-manga também exercia um forte
poder político sobre o restante da população e
era tido como uma �gura quase sagrada.
Saiba mais
O caia-manga usava colares, braceletes e pulseiras de ouro. Quando sua chegada era
anunciada, as pessoas que estavam presentes se ajoelhavam e jogavam pó sobre
suas cabeças como forma de reverenciá-lo. Nessas audiências, toda a pompa do
gana podia ser observada. Além de suas ricas vestimentas, o rei era acompanhado
por seu exército particular formado por homens armados e a cavalo, pelos �lhos dos
chefes de aldeias e pelos ministros que o ajudavam a governar.
O rei e sua corte viviam na capital do reino que
era formada por duas cidades. Kumbi Saleh era
um complexo murado cujo interior tinha um
palácio feito de pedras e madeiras (dentro do
qual havia uma enorme pepita de ouro) e por
pequenas cabanas que tinham o teto cônico. Ao
redor dessa cidade havia cabanas e pequenos
bosques onde viviam os feiticeiros, homens
responsáveis pelos cultos religiosos do reino.
Esses bosques eram lugares guardados onde
ninguém poderia entrar sem autorização,
sobretudo os estrangeiros que eram
expressamente proibidos de visitá-los. Esse
controle se devia ao fato dos bosques serem
considerados lugares ao mesmo tempo
sagrados e temidos. Além de comportarem os
santuários religiosos, eram nos bosques que os
antigos ganas estavam enterrados e era para lá
que muitos criminosos eram mandados.
 Casas cônicas que, segundo os viajantes
muçulmanos, eram comuns em Gana.
A segunda cidade que formava a capital do reino era um grande
centro comercial no qual moravam muitos mercadores ricos
(inclusive muçulmanos), artesãos e pequenos comerciantes.
As casas da cidade variavam de tamanho. Os grandes
mercadores habitavam casas de dois andares que possuíammais de nove quartos. Já os artesãos e os pequenos
comerciantes moravam em pequenas casas feitas de barro e
cobertas de palha.
Além da capital, o reino de Gana abrangia diversas aldeias cuja
maior parte dos moradores era composta por camponeses e
criadores de animais. Essas famílias viviam em casas rodeadas
por hortas, plantações de pepinos, palmeiras, �gueiras e
pequenos currais onde eram criados carneiros e algumas aves.
Parte do que era produzido por essas famílias era paga como
tributo ao caia-manga.
A mineração do ouro, responsável pela riqueza
de Gana, era uma atividade sigilosa. Apenas os
homens que trabalhavam na mineração e
alguns tra�cantes sabiam a exata localização
das minas.
Isso permitia que o caia-manga pudesse
controlar o ouro que era retirado de suas terras.
Todas as pepitas de ouro pertenciam ao gana,
os mineradores e tra�cantes só poderiam
comercializar o ouro que era encontrado em pó.
Como o ouro era abundante, ele era usado
como principal forma de taxar os impostos
cobrados sobre o comércio realizado em Gana.
O caia-manga cobrava um dinar (moeda de ouro
criada pelos califas muçulmanos).
Seu peso equivalia a 4,72 gramas para cada
carga de sal que entrava em seu reino e dois
dinares para a carga de sal que saía. Conforme
visto há pouco, os camponeses pagavam seus
impostos com as mercadorias que produziam e
muitos artesãos utilizavam barras de cobre
como forma de pagar o tributo que devia ao
gana.
Graças ao ouro e às outras formas de
tributo, o caia-manga e sua corte tinham
uma vida farta e cheia de regalias.
Embora Gana não tivesse se convertido ao
islamismo, durante muitos anos o reino teve
boas relações com os muçulmanos que lá
viviam. Contudo, no século XI, os almorávidas
obrigaram Gana a se converter ao Islã.
Junto com a conversão forçada, a chegada dos
almorávidas mudou a estrutura econômica de
Gana e a maior parte das zonas agrícolas foi
transformada em pasto. Essa mudança causou
um grande desequilíbrio no reino que, mesmo
depois da expulsão dos almorávidas no século
XII, não conseguiu se reestruturar
completamente. Em 1204, o povo africano
sosso invadiu e passou a controlar militarmente
o reino. Muitos soninquês fugiram para outras
regiões.
O Comércio Transaariano e a Escravidão
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Se, a chegada do islamismo acelerou o
processo de desarticulação do reino de Gana, a
presença muçulmana na África representou a
criação de uma intrincada rede de comércio.
Cidades e reinos africanos tinham especial
interesse no sal e nos produtos vindos da
Europa e do norte da África que eram
comercializados pelos muçulmanos.
Em muitos casos, o sal e os produtos
importados eram trocados por ouro, noz de
cola, mar�m e escravos. Os escravos que eram
comercializados pelos grandes estados
africanos eram produtos das guerras que eles
faziam com as aldeias vizinhas.
 Antigo forte muçulmano de escravos, na Tanzânia
 Mercado árabe de escravos
Os comerciantes muçulmanos compravam
tanto escravos quanto escravas da África
Subsaariana. Normalmente, as escravas
africanas seriam vendidas a outros
muçulmanos e se tornariam esposas ou
concubinas. Já os homens escravizados seriam
transportados para outras regiões, inclusive
para a China, Arábia Saudita e para a Europa e
estavam sujeitos a executar os mais variados
tipos de trabalho.
Na maioria dos casos, os homens e mulheres
que eram comprados na África subsaariana
precisavam atravessar o deserto do Saara para
chegar ao seu destino �nal (mercados europeus
e asiáticos).
Esse transporte de escravos ocorria junto com
as caravanas de camelos que faziam o
transporte das outras mercadorias. Tal travessia
era extremamente difícil, pois o escravo a fazia
a pé e muitas vezes carregando diversos
produtos. Além disso, o forte calor, o clima
muito seco, a pouca quantidade de água e
comida e o longo trajeto a ser percorrido
di�cultavam ainda mais a viagem. Quase um
terço dos escravos não aguentavam a jornada e
morriam.
 Tombuctu se encontrava na con�uência de 4 rotas comerciais do
Saara
Com o islamismo, o escravo africano se tornou,
de fato, uma mercadoria, e uma mercadoria
muito importante. Durante quase mil anos
(entre os séculos VIII e XIX), os comerciantes
muçulmanos compraram e venderam escravos
africanos em diferentes continentes.
Estima-se que cerca de dez milhões de
africanos foram comercializados nesse período,
número muito próximo do que foi negociado
pelos europeus, como será trabalhado nas aulas
9 e 10.
 Tombuctu se encontrava na con�uência de 4 rotas comerciais do
Saara
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Referências
M'BOKOLO, Elikia. África Negra: história e civilizações. Lisboa: Vulgata, 2003.
SILVA, Alberto da Costa e. A manilha e o libambo. A África e a escravidão de 1500 a 1700, Rio de
Janeiro, Nova Fronteira: Fundação Biblioteca Nacional, 2002.
SILVA,A.C. A enxada e a lança. A África antes dos portugueses. Nova Fronteira/EDUSP. São Paulo,
1992.
Próxima aula
Analisar a fundação dos impérios de Mali e Songhai;
Examinar a organização sociopolítica e econômica desses dois reinos;
Relacionar a história desses Impérios com a expansão árabe no continente africano.
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