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TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS II


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TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL E OS 
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS II
2
Juliana Zantut Nutti
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2022
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E OS 
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS II
1ª edição
3
2022
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Head de Platos Soluções Educacionais S.A
Silvia Rodrigues Cima Bizatto
Conselho Acadêmico
Alessandra Cristina Fahl 
Ana Carolina Gulelmo Staut
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Coordenador
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Revisor
Rogério Adriano Bosso
Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ 
 Nutti, Juliana Zantut
Terapia cognitivo-comportamental e os transtornos 
 psiquiátricos II / Juliana Zantut Nutti. – São Paulo: Platos 
 Soluções Educacionais S.A., 2022. 
 36 p.
ISBN 978-65-5356-287-5
 1. TCC e disfunções sexuais. 2. TCC e sindrome do 
pânico. 3. TCC e transtornos de personalidade. I. Título. 
3. Técnicas de speaking, listening e writing. I. Título. 
CDD 615.8
_____________________________________________________________________________ 
 Evelyn Moraes – CRB: 010289/O
N985t 
© 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
https://www.platosedu.com.br/
4
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina __________________________________ 05
A Terapia Cognitivo-Comportamental e as 
Disfunções Sexuais ___________________________________________ 07
A Terapia Cognitivo-Comportamental e a 
Dependência Química ________________________________________ 17
A Terapia Cognitivo-Comportamental e o 
Transtorno de Pânico ________________________________________ 27
A Terapia Cognitivo-Comportamental e os 
Transtornos da Personalidade _______________________________ 38
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL 
E OS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS II
5
Apresentação da disciplina
A disciplina Terapia Cognitivo-Comportamental e os transtornos 
psiquiátricos II direciona-se para o estudo do modelo cognitivo-
comportamental dos transtornos psiquiátricos diversos, como as 
disfunções sexuais, a dependência química, o transtorno do pânico 
e os transtornos de personalidade. No decorrer de nossos estudos, 
falaremos sobre as características diagnósticas, o tratamento e a análise 
das técnicas mais utilizadas na abordagem cognitivo-comportamental 
dos transtornos psiquiátricos citados anteriormente.
Temos como objetivo o desenvolvimento das seguintes competências e 
habilidades:
• Conhecimento e capacidade de avaliação do modelo cognitivo-
comportamental aplicado aos transtornos psiquiátricos, 
relacionados às disfunções sexuais, à dependência química, ao 
transtorno do pânico e aos transtornos de personalidade.
• Capacidade de planejar tratamentos específicos que utilizem 
técnicas cognitivas e comportamentais, selecionadas de acordo 
com as especificidades de cada transtorno psiquiátrico.
Dessa forma, nossa disciplina está dividida da seguinte forma: no 
Tema 1, serão analisadas a Terapia Cognitivo-Comportamental e as 
disfunções sexuais; no Tema 2, serão abordadas a Terapia Cognitivo-
Comportamental e a dependência química; o Tema 3 será dedicado 
ao estudo da Terapia Cognitivo-Comportamental e do transtorno 
do pânico; e, para encerrar, o Tema 4 abordará a Terapia Cognitivo-
6
Comportamental e os transtornos de personalidade. Vamos aprender 
juntos sobre essas interessantes e importantes temáticas.
Bons estudos!
7
A Terapia Cognitivo-
Comportamental e as 
Disfunções Sexuais
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Rogério Adriano Bosso
Objetivos
• Conhecer os principais fundamentos sobre a 
Terapia Cognitivo-Comportamental de Aaron Beck 
relacionados às disfunções sexuais.
• Analisar o modelo cognitivo-comportamental 
relacionado às disfunções sexuais.
• Discutir as proposições para o tratamento das 
disfunções masculinas, especialmente a disfunção 
erétil.
• Analisar as propostas para o tratamento das 
disfunções sexuais de mulheres após a menopausa.
8
1. Terapia Cognitivo-Comportamental 
e o modelo cognitivo de A. Beck
Neste Tema, estudaremos os fundamentos da Terapia Cognitivo-
Comportamental (TCC) e o modelo cognitivo desenvolvidos por Aaron T. 
Beck para o tratamento dos transtornos psiquiátricos, como a depressão 
e as disfunções sexuais. Ele desenvolveu, no início da década de 1960, 
uma forma de psicoterapia para o tratamento de transtornos mentais, 
iniciando com o tratamento para a depressão, que ficou conhecido 
como terapia cognitiva ou “terapia cognitiva de Beck”. Para Beck (2013), 
o modelo cognitivo relacionado às terapias cognitivas afirma que o 
pensamento distorcido influencia o estado afetivo e a compreensão do 
mundo do paciente, e é comum em todos os indivíduos que possuem 
transtornos psicológicos.
Segundo Beck (2013), quando as pessoas avaliam os seus pensamentos 
de acordo com a realidade e de forma mais adaptativa, elas podem 
apresentar melhora significativa em seus afetos e comportamentos. 
A terapia cognitiva, desenvolvida por Aaron T. Beck, na Universidade 
da Pensilvânia, foi idealizada como uma forma de psicoterapia breve 
e orientada ao momento presente, para o tratamento da depressão, 
para resolução dos problemas existentes no momento da terapia e, 
principalmente, para a modificação de pensamentos e comportamentos 
disfuncionais (BECK, 2013).
Aaron Beck era psicanalista com formação completa e atuante e, por 
ser um cientista, acreditava que a Psicanálise seria melhor aceita pela 
comunidade médica se as suas ideias tivessem validação científica. 
Então, no final da década de 1960 e início dos anos 1970, Beck realizou 
experimentos que pudessem comprovar e validação as ideias da 
Psicanálise, mas os resultados de seus experimentos não foram bem-
sucedidos e o levaram à investigação de outras explicações sobre a 
depressão (BECK, 2013).
9
A. Beck passou a identificar as cognições negativas e distorcidas 
(especialmente nas ideias e crenças) como a característica básica da 
depressão e passou a desenvolver um tratamento de curta duração, cujo 
objetivo principal era o teste de realidade do pensamento depressivo do 
paciente (BECK, 2007). Acreditava-se que a depressão seria o resultado 
da ação de padrões excessivamente autocríticos de pensamento sobre o 
self. Por exemplo, pessoas depressivas possuem expectativas irrealistas, 
supervalorizam os fracassos, generalizam experiencias negativas sobre 
si mesmos, apesar de não existirem vidências para isso, e consideram 
somente os feedbacks negativos que são oferecidos pelo mundo 
externo, interpretando os eventos de sucessos como fracassos (BECK, 
2007).
Essa reação negativa de pensamentos que surgem de forma frequente 
é seguida de uma espiral para baixo, originada da vivência de pequenos 
contratempos da vida, chegando-se ao ponto em que a pessoa passa 
a entender definitivamente que não tem valor algum. A espiral de 
pensamentos negativos e distorcidos é o ponto fundamental para o 
surgimento da depressão (RANGÉ, 2011).
A proposta da abordagem cognitivo-comportamental presume 
que a mudança de comportamentos se dá através do descarte dos 
pensamentos disfuncionais e sua substituição por pensamentos 
adequados à realidade e dos sentimentosassociados, o que leva à 
ruptura na maneira de se compreender o processo psicoterapêutico. 
O modelo cognitivo em Terapia Cognitivo-Comportamental supõe que 
as emoções e os comportamentos das pessoas são influenciados pela 
percepção que elas têm dos eventos. De acordo com esse modelo, não 
são as situações que determinam o que as pessoas sentem e fazem, 
mas, antes, o modo como interpretam ou o que pensam sobre as 
situações (BECK, 2007).
O modelo cognitivo, de acordo com A. Beck (2007), é composto por três 
níveis, como apresentado na Figura 1.
10
Figura 1 – Níveis de um modelo cognitivo
Fonte: adaptada de Beck (2013).
Todos os processos apresentados representam mecanismos para se 
lidar com situações cotidianas e se referem à forma como as pessoas se 
percebem, perceberem os outros, o mundo e o futuro. Essa maneira de 
perceber a si mesmo, aos outros e ao mundo é denominada de tríade 
cognitiva (BECK, 2013).
O terapeuta traça o modelo cognitivo e comportamental, ou seja, o 
entendimento do conjunto das crenças disfuncionais, fragilidades 
individuais e estratégias comportamentais utilizadas para que os 
pacientes possam lidar com as crenças nucleares ao analisar os 
denominadores cognitivos comuns às diversas situações de vida e na 
avaliação feita sobre o cliente (RANGÉ, 2011).
Em síntese, podemos afirmar que a maneira como as pessoas se 
sentem e se comportam está relacionada à forma como interpretam as 
situações e, que os pensamentos podem modificar e manter as emoções 
disfuncionais e afetar os comportamentos (RANGÉ, 2011).
11
2. A Terapia Cognitivo-Comportamental e as 
disfunções sexuais
A disfunção sexual é a dificuldade existente em qualquer fase da 
atividade sexual e inclui as perturbações do desejo, excitação e orgasmo. 
Essas disfunções prejudicam, em graus diversos, a vida sexual de 
indivíduos e casais, e podem afetar a qualidade de vida, relacionamentos 
sexuais e a saúde emocional (APA, 2022).
As disfunções sexuais podem estar presentes de forma isolada, porém, 
em vários casos, podem aparecer mais de uma na mesma pessoa, de 
forma concomitante ou sequencial. A existência de disfunção sexual em 
uma pessoa pode levar à disfunção no parceiro. Há a prevalência de, 
pelo menos, uma disfunção sexual em mulheres adultas em torno de 
40% a 45%. E entre os homens adultos, em torno de 20% a 30% (APA, 
2022).
Os levantamentos demonstraram uma tendência de a incidência das 
disfunções sexuais aumentar de acordo com a idade. Essa tendência 
manifestou-se mais estre os homens (APA, 2022).
Existe uma variedade de disfunções sexuais e, portanto, iremos 
realizar um recorte metodológico, apresentando ideias sobre a TCC, as 
disfunções eréteis e as disfunções sexuais de mulheres na menopausa 
(APA, 2022).
Em um estudo realizado com 49 homens e 47 mulheres com disfunção 
sexual, Nobre (2003) afirma que na construção do modelo cognitivo 
das disfunções sexuais existe a contribuição de aspectos cognitivos 
e emocionais. Sobre os esquemas cognitivos, o estudo mostrou que, 
homens e mulheres com disfunção sexual tendem a perceber as 
situações de fracasso como um sinal de incompetência pessoal. Os 
homens com disfunção sexual que participaram da pesquisa de Nobre 
12
(2003) tenderam a apresentar a crença de que devem estar aptos a 
desempenharem as funções sexuais e que sempre devem dar satisfação 
sexual a parceira. Já as mulheres que participaram da pesquisa tendem 
a apresentar crenças sexuais conservadoras e mais relacionadas com a 
imagem corporal e de beleza física no funcionamento sexual.
Os homens com disfunção sexual apresentaram mais pensamentos e 
emoções negativas no curso da atividade sexual, como pensamentos 
relacionados à ereção e à penetração sexual e menos pensamentos 
eróticos. As mulheres apresentaram mais pensamentos de fracasso 
e desistência, de abuso sexual e escassez de pensamentos eróticos 
(NOBRE, 2003).
A TCC voltada para o tratamento da disfunção erétil visa à redução da 
ansiedade e utiliza a técnica de psicoeducação sobre a sexualidade e 
as expectativas que a pessoa apresenta em relação a si e ao parceiro, 
além do esclarecimento sobre o papel dos estímulos sexuais além da 
penetração, que podem ser utilizados na atividade sexual, como o sexo 
oral e outras práticas.
A psicoeducação é uma das técnicas mais utilizadas pela TCC e tem 
como função orientar o cliente em relação às consequências de um 
determinado comportamento, à construção de crenças, aos valores e 
sentimentos e como todos esses elementos influenciam a sua vida e a 
dos outros (BECK, 2013).
A Terapia Cognitivo-Comportamental de casal também é uma 
modalidade que poderá ajudar na resolução de crenças de dominância, 
intimidade e confiança, além de trabalhar nas questões relativas à 
perda da atração sexual entre os parceiros. No caso da TCC aplicada a 
casais, A. Beck (2007) apontou que muitos problemas vivenciados dentro 
do casamento também poderiam estar relacionados às cognições 
disfuncionais de ambos os parceiros. Alguns estudos realizados por A. 
Beck ratificaram essa hipótese sobre o papel negativo dos pensamentos, 
13
crenças, expectativas, atribuições, entre outros, na qualidade dos 
relacionamentos maritais. Há, ainda, os pensamentos automáticos, que 
são o fluxo de ideias instantâneas, os quais podem passar na mente 
de um dos cônjuges e influenciar o estado emocional e as suas ações 
negativamente (BECK, 2007). A leitura mental é um tipo de distorção 
de pensamento em que uma pessoa acredita ser capaz de “ler” os 
pensamentos do outro e, por exemplo, quando o marido estiver falando 
com a esposa e essa bocejar por estar cansada, ele poderá pensar “ela 
está achando chato conversar comigo” (DATTILIO, 2011).
Scribel (2020) explica que os processos circulares da TCC com casais 
envolvem fatores cognitivos, afetivos e comportamentais e que fatores 
como intercâmbios comportamentais negativos e comunicação 
distorcida geram danos ao relacionamento amoroso, pois se constituem 
como barreiras para a resolução de problemas.
A Terapia Cognitivo-Comportamental para o tratamento da disfunção 
erétil tem sido semelhante desde a sua origem e toma como base 
conceitual e interventiva os trabalhos dos psicólogos Masters e Johnson, 
realizados nos anos 1960 e 1970. Em seus estudos, esclareceram as 
etapas que compõem o ciclo sexual, como o desejo, a excitação, o 
platô, o orgasmo e a resolução, e apresentaram os fatores que podem 
prejudicar a realização adequada de todo o ciclo. Suas técnicas ainda são 
as mais utilizadas na prática clínica e as que mais se aproximam de um 
protocolo de intervenção para a generalidade das disfunções sexuais.
Sobre as disfunções sexuais de mulheres na menopausa, é fato 
que a sexualidade na idade madura envolve descobertas e várias 
transformações trazidas pelas alterações hormonais e psicológicas. 
Há um desconforto e muita incompreensão sobre como as alterações 
orgânicas e não orgânicas levam as mulheres à recusa ou a 
apresentarem dificuldades com o sexo. Em torno de um terço da vida 
feminina ocorre na pós-menopausa e o sexo faz parte das atividades 
14
que aumentam a qualidade de vida, o que valoriza as estratégias de 
reabilitação sexual (ALMEIDA et al., 2018).
A disfunção sexual feminina envolve os transtornos de interesse 
sexual, a excitação, o orgasmo, a dor genitopélvica e disfunções 
relacionadas ao uso de substâncias ou medicamentos, além das não 
classificadas. A disfunção sexual diminui o interesse por sexo e leva a 
dificuldades para a excitação subjetiva e/ou genital, as quais irão afetar 
o relaxamento vaginal necessários para a penetração. Na menopausa, 
a disfunção sexual gera sentimentos de inferioridade, angústia, 
depressão, insegurança, baixa autoconfiança e crenças disfuncionais 
sobre a capacidade de provocar desejo no parceiro. O tratamento da 
disfunção envolve os afetos femininos, pensamentos, comportamentos 
e informação sobre o corpo. Os tabus morais são trabalhados para o 
desenvolvimento da atração,estimulação adequada e função sexual, 
com maior compreensão e conhecimento sobre a relação íntima da 
mulher com o seu corpo e com o seu parceiro (ALMEIDA et al., 2018).
Sabemos que crenças são entendimentos duradouros, fundamentais e 
profundos, não articuladas nem para o próprio indivíduo (RANGÉ, 2011).
Na disfunção sexual feminina, a Terapia Cognitivo-Comportamental 
deve se centrar na positividade das crenças individuais e na redução ou 
resolução dos fatores subjetivos. As técnicas de TCC para transtornos 
sexuais, quando norteadas para atender todas as vias de ação de 
relaxamento baseadas nas orientações cognitivas, autonômicas e 
musculares e nos procedimentos terapêuticos adequados, contribuem 
para resultados mais efetivos (ALMEIDA et al., 2018).
Há a oportunidade de se trabalhar com as distorções em geral, para que 
a estrutura física e mental esteja em harmonia para que se proponha 
um trabalho integral e, portanto, terapias sexuais bem-sucedidas. 
Pensamentos inconscientes de forma espontânea decodificam as 
circunstâncias, e as pessoas tendem a acolher esses pensamentos 
15
automáticos sem que estejam hábeis a realizar uma monitorização 
adequada. Assim, a terapia sexual contribui para que o paciente seja 
capaz de conhecer e monitorar pensamentos que os levam à disfunção 
sexual. Nesse processo, o terapeuta deve ter pleno conhecimento 
das abordagens farmacológicas e psicoterápicas possíveis de serem 
utilizadas, devendo estar sempre orientado para a fisiologia da resposta 
sexual (ALMEIDA et al., 2018).
A TCC se mostra eficaz para o tratamento das disfunções sexuais 
porque pode ajudar a modificar as condutas inadequadas, centrando-
se em questões apresentadas pelo indivíduo quando procura a terapia, 
já que a sua finalidade é poder contribuir para que haja apreensão 
de novas maneiras de viver e de reagir, a partir da promoção de 
alterações comportamentais. As técnicas adotadas nas terapias sexuais 
se estabelecem por meio da uma colaboração entre o terapeuta e 
o paciente, cujas estratégias são orientadas para a superação de 
problemas, devendo ser projetadas conjuntamente (ALMEIDA et al., 
2018).
Portanto, a base do tratamento proposto com a TCC é o sofrimento 
manifestado pelo paciente, partindo-se das distorções que ocorrem 
nas autoavaliações e a avaliação da realidade em que o indivíduo está 
inserido. O que se almeja é atuar na possibilidade de a pessoa em 
tratamento atingir uma maneira de agir mais assertiva e saudável em 
relação às condições existentes.
Referências
ALMEIDA, M. J. S. A. et al. Terapia cognitivo-comportamental em grupo para a 
disfunção sexual na pós-menopausa. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, [s.l.], v. 68, n. 
4, p. 231-238, 2018.
APA. Associação Americana de Psiquiatria. Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais – DSM-IV-TR. Porto Alegre: Artmed, 2022.
16
BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental. Porto Alegre: Artmed, 2013.
BECK, J. S. Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2007.
DATTILIO, F. M. Manual de Terapia Cognitivo-Comportamental para casais e 
famílias. Porto Alegre: Artmed, 2011.
MASTERS, W.; JOHNSON, V. O vínculo do prazer. Rio de Janeiro: Record, 1975.
NOBRE. P. J. S. C. Disfunções sexuais : contributos para a construção de um 
modelo compreensivo baseado na teoria cognitiva. 2003. Tese (Doutorado em 
Psicologia) – Universidade de Coimbra, Portugal, 2003.
OLIVEIRA, M. C. Percepções dos/as psicoterapeutas sobre a influência dos 
estereótipos de gênero e das relações íntimas, heterossexuais e não-
heterossexuais, nas vivências da Disfunção Erétil. 2012. Tese (Doutorado em 
Psicologia) – Universidade do Minho, Braga, 2012.
RANGÉ, B. P. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a 
psiquiatria. Porto Alegre: Artes Médicas, 2011.
SCRIBEL, M. C. Terapia Cognitivo-Comportamental com Casais: Integrando 
Abordagens. In: CARDOSO, B. L. A.; PAIM, K. Terapias Cognitivo-Comportamentais 
para Casais e Famílias: bases teóricas, pesquisas e intervenções. Curitiba: 
Sinopsys, 2020.
17
A Terapia Cognitivo-
Comportamental e a 
Dependência Química
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Rogério Adriano Bosso
Objetivos
• Conhecer o conceito de dependência de acordo com 
os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais – DSM-V-TR.
• Analisar o modelo cognitivo do Transtorno por Uso 
de Substâncias. 
• Conhecer as principais técnicas cognitivas 
comportamentais utilizadas para o tratamento do 
Transtorno por Uso de Substâncias.
18
1. Conceito e critérios sobre Transtorno por 
Uso de Substâncias
Neste Tema, estudaremos sobre a abordagem cognitivo-
comportamental no tratamento da dependência química. A Terapia 
Cognitivo-Comportamental utiliza o conceito de dependência química 
como um transtorno relacionado ao tipo de relação estabelecida, 
de forma inadequada, por uma pessoa com o uso ou consumo de 
substâncias especificas, que podem ir da cafeína até as drogas ilícitas, 
conforme afirmam Rangé e Marlatt (2008).
O diagnóstico do Transtorno por Uso de Substâncias se fundamenta 
na identificação de padrão de comportamentos de caráter patológico 
nos quais o paciente mantém o uso de uma substância mesmo que 
essas causem problemas significativos (CORDEIRO, 2018). O Manual 
Estatístico e Diagnóstico dos Transtornos Mentais – DSM-V-TR (APA, 
2022) estabelece os critérios diagnósticos para o Transtorno por Uso de 
Substâncias. Para o diagnóstico, deve haver um padrão problemático de 
uso de substâncias, que comprometa ou leve a sofrimento significativo, 
por pelo menos dois dos critérios a seguir, em um período de no mínimo 
12 meses:
19
Figura 1 – Critérios para estabelecimento de Transtorno 
por Uso de Substâncias
Fonte: adaptada de APA (2022).
Ainda, outros critérios relativos ao uso de substâncias são o 
desenvolvimento de:
20
Figura 2 – Outros critérios para diagnóstico de 
Transtorno por Uso de Substâncias
Fonte: adaptada de APA (2022).
2. A Terapia Cognitivo-Comportamental e os 
Transtornos por Uso de Substâncias (TUS)
De acordo com Rangé e Marllat (2008), os transtornos associados ao uso 
de substâncias podem levar ao surgimento de prejuízos relevantes e 
graves complicações que ocasionam a deterioração da saúde global da 
pessoa, além de produzirem efeitos negativos nos âmbitos de interação 
pessoal, social e profissional.
Devido ao grande número de transtornos relacionados ao abuso de 
substâncias que levam à dependência, iremos tratar do Transtorno por 
Uso de Substâncias (TUS) pela TCC.
Por exemplo, o consumo de doses altas de álcool de forma regular 
pode afetar o trato gastrointestinal, os sistemas cardiovascular e 
nervoso, mediante déficits cognitivos, de alteração de memória e 
21
degeneração do cerebelo. A dependência de álcool é um grande 
problema de saúde pública e mesmo os tratamentos mais atualizados 
apresentam prognósticos desfavoráveis para o alcoolismo e, com um 
prognóstico menos favorável para os casos com uso crônico (RANGÉ; 
MARLATT, 2008). Ainda de acordo com Rangé e Marlatt (2008), a Terapia 
Cognitivo-Comportamental para o tratamento do Transtorno por Uso 
de Substâncias é bastante tradicional e utiliza de modelos diversificados 
para a abordagem desses problemas.
Assim, podemos dizer que a abordagem cognitivo-comportamental para 
o Transtorno por Uso de Substâncias não apresenta um padrão fixo, 
pois são recomendados planejamentos flexíveis para abordar esses 
transtornos (RANGÉ; MARLATT, 2008).
Os principais efeitos comportamentais trazidos pelas alterações 
cerebrais no uso de substâncias podem ser manifestados em recaídas 
constantes e na fissura por drogas. A abordagem de longo prazo pode 
ser vantajosa para o tratamento desses efeitos da droga (RANGÉ; 
MARLATT, 2008).
2.1 Modelo cognitivo do uso de substâncias como álcool 
e outras drogas
De maneira semelhante ao tratamento de outros transtornos 
psiquiátricos, como a depressão e a ansiedade, o modelo cognitivo 
do uso de substâncias baseia-sena ideia de que as experiências nas 
fases iniciais da vida são fundamentais para o desenvolvimento desses 
problemas (RANGÉ; MARLATT, 2008). Entende-se que essas experiências 
são grandes influenciadores para o favorecimento de construção das 
crenças centrais ou nucleares e crenças intermediárias sobre o uso 
de substâncias. Um exemplo é a exposição à experiência com uso de 
drogas, pois o desenvolvimento de crenças relacionadas ao uso dessas 
22
substâncias é mais facilmente desenvolvido com essas experiências, que 
se tornam facilitadoras de uso.
O uso de drogas inicia-se de forma associada à presença de estímulos 
internos/externos que favorecem o risco de uso, como a visita a bares, 
cansaço excessivo, tédio ou tristeza após meses de abstinência de uso 
(RANGÉ; MARLATT, 2008).
Essas situações, segundo Rangé e Marlatt (2008), poderão ativar as 
crenças do indivíduo quanto aos efeitos de uso da substância como 
“eu sou mais sociável quando bebo” e de pensamentos automáticos 
como “vou beber só um pouquinho” e “todos estão se divertindo e eu 
também mereço me divertir”. A consequência diante dessas crenças e 
pensamentos é ativar a fissura acompanhada da necessidade de ir ao 
banheiro no ritual de obter “uma carreira” de cocaína, o que levará à 
ativação das crenças facilitadoras como “todos estão usando; vai ser só 
uma carreira” e, assim, poderá haver a busca ativa pela substância.
2.2 Técnicas utilizadas na TCC para Transtornos por Uso 
de Substâncias (TUS)
As técnicas mais usadas na TCC para o abuso de álcool e outras drogas 
são as que necessitam do fortalecimento de uma aliança terapêutica 
por meio uma compreensão empática sobre o transtorno do paciente. 
A relação terapêutica e a conceituação cognitiva de caso têm um 
importante papel no tratamento, pois é através desses recursos, que 
o terapeuta poderá compreender os sentimentos de dor e medo 
“escondidos” pelas atitudes de hostilidade e resistência do paciente 
(SILVA; SERRA, 2004).
É importante a exploração do significado das atitudes oposicionistas e 
de caráter autodestrutivo manifestadas pelo paciente, e isso é feito a 
partir da avaliação das crenças do paciente sobre a terapia e das crenças 
23
do terapeuta em relação ao paciente. Deve-se compreender como usar 
os sentimentos desagradáveis na relação terapêutica de forma útil.
As técnicas de resolução de problemas são muito utilizadas a fim de 
que o paciente saiba como atuar em situações de risco de uso de álcool/
drogas. Os registros diários dos pensamentos podem auxiliar no manejo 
das fissuras para o uso de álcool/drogas (SILVA; SERRA, 2004).
Uma estratégia para o enfrentamento das fissuras é adiá-las por 
pequenos espaços de tempo (5 a 10 minutos, 1 hora), modificando o 
foco do impulso. Por exemplo, assistir TV, usar o computador, realizar 
relaxamentos, conversar com alguém, limpar a casa, trabalhar etc. É 
muito relevante manter o foco no alcance de metas de longo prazo em 
vez de se buscar recompensas mais imediatas (SILVA; SERRA, 2004).
O treinamento de habilidades é baseado nas teorias comportamentais 
e focaliza o desenvolvimento das habilidades para lidar com situações 
especificas, já que a falta destas está associada ao maior consumo de 
drogas (SILVA; SERRA, 2004). De acordo com Silva e Serra (2004), as 
dificuldades mais significativas se apresentam através das seguintes 
situações:
• Ter sentimentos negativos.
• Passar por situações que necessitam do uso de assertividade.
• Realizar e/ou receber críticas.
• Recusar o uso da droga.
• Lidar com as frustrações do cotidiano.
• Reconhecer e enfrentar as situações de risco de uso de drogas, 
como a fissura.
24
É no decorrer do processo terapêutico que o paciente aprenderá a usar 
as técnicas ensinadas pelo terapeuta, a fim de:
• Estabelecer conexões entre a cognição, o afeto e o 
comportamento. 
• Desenvolver reestruturação cognitiva analisando os pensamentos 
automáticos disfuncionais e atuando sobre eles através da busca 
de evidências a favor e contra esses pensamentos via teste de 
realidade, além de desafiá-los com questionamentos como “quais 
são os recursos reais para lidar com isso?”, avaliando a importância 
desses pensamentos. 
• Mapear as cognições mais tendenciosas e buscar alternativas de 
avaliação para a realidade.
• Enfrentar e modificar pensamentos disfuncionais.
De modo geral, as técnicas mais utilizadas para o uso de substâncias 
são aquelas capazes de levar à testagem da realidade e de corrigir as 
conceituações cognitivas distorcidas do paciente (SILVA; SERRA, 2004).
Para finalizar, iremos apresentar a conceituação cognitiva do caso de 
um paciente fictício, que receberá o nome de Paulo, diagnosticado com 
Transtorno por Uso de Substâncias e episódio depressivo (SILVA; SERRA, 
2004).
Paulo relata que, desde a infância, o seu pai era muito crítico e 
desvalorizava tudo o que ele fazia, comparando-o ao irmão mais velho. 
Ele passou a formular, ainda de forma pouco consciente, hipóteses 
sobre a sua autoeficácia desenvolvendo crenças básicas como “não 
sei fazer nada certo”, “meu pai não gosta de mim” e, ainda, “não sou 
uma pessoa querida”. Com isso, passou então a realizar suposições 
como “não sou querido porque não faço nada certo, mas, se acertar 
e nunca errar, meu pai gostará de mim”. Essas crenças e suposições 
25
influenciaram seu comportamento; em situações específicas, elas eram 
ativadas e levaram ao desenvolvimento de estratégias compensatórias. 
O papel das estratégias compensatórias é de aliviar as crenças básicas 
ativadas em diversas situações de vida; porém, em cada situação, o 
comportamento ativado pelas crenças poderá variar.
Vamos analisar uma situação a que o Paulo foi exposto e que o levou a 
ativar um esquema de incapacidade, o qual foi construído durante a sua 
vida.
Ao estudar um texto sobre gramática, Paulo acha o conteúdo do texto 
muito difícil e entende que precisará reler, o que gera o pensamento 
“vou perder a tarde por culpa desse professor que me exigiu estudar 
gramática” e, ainda, “não sou inteligente o suficiente para aprender isso”. 
A situação e os pensamentos evocam sentimentos de irritação e tristeza, 
fazendo com que Paulo fechasse o livro e fosse beber. O acontecimento 
descrito ativou os esquemas de vulnerabilidade e de incapacidade em 
Paulo e o seu comportamento de fechar o livro e ir beber acaba sendo 
uma estratégia compensatória que o ajuda a lidar com esses esquemas 
que foram ativados.
Quadro 1 – Modelo de Conceituação Cognitiva de 
Caso do caso do paciente fictício Paulo
História infantil relevante: pai rígido e crítico; comparação com irmão; desvalorização do faz.
Esquema/Crença básica: inadequação e não estima: “Não sei fazer as coisas direito e não 
posso ser amado”.
Suposição/Crenças: “Se eu me esforçar muito, farei algo bem-feito”.
Estratégias compensatórias: alto padrão de exigência, fuga e uso de bebida.
Situação: estudar gramática. 
Pensamento: “Eu nunca vou entender.”
Emoções: raiva e tristeza.
Comportamentos: Fechar o livro e beber.
Fonte: adaptado de Silva e Serra (2004).
26
O caso fictício de Paulo nos leva a compreender que o modelo cognitivo 
do uso de substâncias indica que a dependência é decorrente de uma 
interação entre o contato com a droga e os pensamentos (cognições), 
que são desenvolvidos através das crenças básicas. As crenças 
relacionadas ao uso das drogas são as facilitadoras e as expectativas 
positivas. Paulo, ao avaliar a sua situação de estudos como árdua, passa 
a pensar que pode se descontrair e que o ato de ingerir droga alivia o 
estresse. Essas crenças eliciam pensamentos automáticos (“Vou beber”) 
e desencadeiam a fissura pelo álcool. As crenças facilitadoras são “Eu 
não consigo suportar a vontade” ou “Para melhorar essa vontade eu 
devo beber!”. O conjunto de cognições apresentado na conceituação de 
caso irá impulsionar Paulo ao uso do álcool e, então, finalizar um ciclo 
cognitivo para o uso da substância.
Referências
APA. Associação Americana DePsiquiatria. Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais – DSM-V-TR. Porto Alegre: Artmed, 2022.
CORDEIRO, D. C. Transtornos por Uso de Substâncias – Conceituação e Modelos 
Teóricos. In: ZANELATTO, N. A.; LARANJEIRA, R. (org.). O tratamento da 
dependência química e as terapias cognitivo-comportamentais. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 2018.
RANGÉ, B. P.; MARLATT, G. A. Terapia cognitivo-comportamental de transtornos de 
abuso de álcool e drogas. Revista Brasileira de Psiquiatria, [s.l.], v. 30 (Supl II), p. 
S88-95, 2008.
SILVA, C. J.; SERRA, A. M. Terapias Cognitiva e Cognitivo-Comportamental em 
dependência química. Revista Brasileira de Psiquiatria, [s.l.], v. 26 (Supl I), p. 33-
39, 2004. 
27
A Terapia Cognitivo-
Comportamental e 
o Transtorno de Pânico
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Rogério Adriano Bosso
Objetivos
• Conhecer as características e os critérios 
diagnósticos para os transtornos de ansiedade e 
o Transtorno de Pânico, de acordo com Manual 
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 
DSM-V.
• Analisar o modelo cognitivo do Transtorno de Pânico 
a partir de seus elementos constitutivos.
• Conhecer as técnicas mais utilizadas para o 
tratamento do Transtorno de Pânico, como a 
exposição interoceptiva e a in vivo.
28
1. Conceito e critérios sobre o 
Transtorno de Pânico
Neste Tema aprenderemos sobre a abordagem cognitivo-
comportamental e sobre os transtornos de ansiedade, especialmente 
o Transtorno de Pânico. Vamos iniciar essa discussão abordando a 
ansiedade, que é um sentimento que ocorre comumente em todos os 
seres humanos por ser um mecanismo de resposta cerebral ativado 
quando vemos a necessidade de enfrentar desafios ou quando estamos 
diante de situações de estresse (MANFRO et al., 2008).
O sentimento de ansiedade passa a ser considerado um problema 
quando passa a ser mais acentuado do que deveria e interfere 
negativamente na vida das pessoas, passando a ser denominado 
como um transtorno de ansiedade. A ansiedade em excesso poderá 
levar o indivíduo a apresentar dificuldades de interagir socialmente, 
de realizar as suas atividades profissionais e de estabelecer ou manter 
relacionamentos afetivos, pois a sua ação no cérebro passa a ser um 
incapacitante para o desempenho adequado dessas funções (MANFRO 
et al., 2008).
A grande diferença entre a ansiedade natural da vida cotidiana e o 
Transtorno de Pânico se dá devido à intensidade em que se apresenta, 
já que a ansiedade em excesso poderá levar ao surgimento de ataques 
de pânico, os quais provocam sintomas como a sensação de irrealidade 
e, até mesmo, medo da morte iminente.
De acordo com o DMS–V (2014), os transtornos de ansiedade são 
classificados em dois grandes grupos:
29
Figura 1 – Classificação dos transtornos de ansiedade
Fonte: adaptada de APA (2022).
O Transtorno de Pânico está classificado no DSM-V na classificação 
300.01 (APA, 2014). Os critérios diagnósticos para Transtorno de Pânico 
descritos pelo DMS – V (APA, 2022) são a ocorrência de ataques de 
pânico constantes e inesperados que são definidos como um surto 
abrupto ou repentino de medo intenso ou desconforto intenso que 
alcança um pico em poucos minutos (APA, 2022).
Para ser caracterizado como um ataque de pânico deve ocorrer pelo 
menos quatro do total de sintomas descritos a seguir (APA, 2022):
30
Figura 2 – Sintomas de ataques de pânico
Fonte: adaptada de APA (2022).
O DSM-V adverte ainda que podem ser verificados sintomas específicos 
de uma cultura, como tinido, dor na nuca, cefaleia, gritos ou choro 
incontrolável, e que esses sintomas não precisam ser enumerados e, 
sim, serem considerados como um dos quatro sintomas típicos (APA, 
2022).
Outro critério é que um dos ataques deve ocorrer entre um ou mais 
meses e ser acompanhado de uma ou ambas das características a 
seguir:
31
Figura 3 – Características do ataque de pânico
Fonte: adaptada de APA (2022).
Outro critério é que a perturbação da ansiedade não deve ser 
considerada consequência de efeitos psicológicos de substâncias, como 
medicamento, ou de condições médicas, como o hipertireoidismo 
e as doenças cardiopulmonares. E, ainda, que a perturbação não 
deve ser mais bem explicada por outro transtorno mental, como no 
caso de Transtorno de Ansiedade Social, nem como reação a objetos 
ou situações fóbicas específicas, nem, tampouco, como resposta 
característica de outros tipos de transtorno de ansiedade (APA, 2022).
A ocorrência dos sintomas iniciais de Transtorno de Pânico se dá, 
geralmente, em um período mais tardio, em torno dos 30 anos e, 
em média, afeta duas a três vezes mais mulheres do que os homens, 
podendo atingir até 3,5% da população durante a vida. O transtorno está 
32
relacionado ao alto custo social devido ao fato dos pacientes com esse 
diagnostico apresentarem redução da produtividade e alta frequência de 
utilização de serviços públicos de saúde, como os prontos atendimentos, 
as consultas e os exames médicos (MANFRO et al., 2008).
2. Modelo cognitivo do Transtorno de Pânico
O modelo cognitivo do Transtorno de Pânico se caracteriza pelos ataques 
de medo intenso que se encontram relacionados às “interpretações 
distorcidas e catastróficas dos sintomas corporais” (MANFRO et al., 2008, 
p. 82). A tontura e as palpitações cardíacas tendem a ser interpretadas 
como sintomas de um ataque cardíaco ou de um infarto iminente. Essas 
interpretações específicas aumentam ainda mais a excitação e levam 
ao aumento das sensações corporais, o que confirma o sentimento de 
alarme ou de perigo iminente e estimulam mais ainda o pensamento 
catastrófico e a ansiedade em espiral (MANFRO et al., 2008).
Manfro et al. (2008) afirmam que o ataque de pânico inicial se apresenta 
como uma espécie de “alarme falso” em resposta, em geral, aos estresses 
naturais do cotidiano. Os estressores mais relatados pelos clientes com 
ataques de pânico são os eventos de vida considerados como negativos, 
como perdas ameaçadoras, doenças graves de si ou de pessoas queridas, 
separações afetivas e/ou dificuldades interpessoais.
Existe a hipótese de que o alarme apareça com mais probabilidade nos 
indivíduos mais vulneráveis no âmbito biológico, em virtude de uma 
herança genética ou no âmbito psicológico, como no caso de maior 
sensibilidade aos sintomas de ansiedade.
Posteriormente ao primeiro ataque de pânico, a pessoa poderá ficar 
ansiosa e apreensiva em relação às ocorrências de novos ataques, 
levando-a a desenvolver o medo das sensações físicas que se relacionam 
à excitação da ansiedade (MANFRO et al., 2008).
33
A hipótese de maior vulnerabilidade biológica é confirmada por 
experimentos que apontam a existência de relações neuroquímicas e o 
Transtorno de Pânico, levantadas a partir de pesquisas realizadas com 
a testagem de medicações e que relacionam o transtorno de pânico à 
ação de neurotransmissores, em especial, à serotonina e à noradrenalina 
(MANFRO et al., 2008).
Figura 4 – Etiologia do Transtorno de Pânico segundo o modelo de 
Barlow (1988)
Fonte: Manfro et al. (2008, p. 83).
34
As pesquisas realizadas sobre o Transtorno de Pânico levantam a 
hipótese de que a repetição de ataques pode levar os indivíduos a se 
tornarem cada vez mais sensíveis aos estímulos internos e às situações 
que desencadearam os ataques anteriores, elevando a hipervigilância 
(ampliação excessiva da atenção voluntária) em relação às sensações 
físicas, combinando-se à ansiedade antecipatória, que é o medo de 
sofrer novos ataques, combinados ao efeito do pensamento catastrófico 
sobre os sintomas (MANFRO et al., 2008).
Os comportamentos acionados e condicionados devido ao medo levam 
o indivíduo a evitar a ocorrência dos sintomas somáticos, como evitar 
a realização de exercícios físicos e se distanciar de lugares associados 
a ataques de pânico prévios, como acontece no caso da existência de 
agorafobia (MANFRO et al., 2008).
Na agorafobia, a ansiedade é causada pelo medo da pessoa de não 
conseguir escaparou de ser ajudada caso a fobia e angústia fiquem mais 
intensas, como no caso de lugares e eventos em que a pessoa pode se 
sentir presa, desamparada ou envergonhada, no transporte público, 
em espaços muito abertos, estar em filas ou no meio de uma multidão 
(MANFRO et al., 2008).
Essas evitações ocasionam mais e maiores dificuldades para a pessoa 
realizar as suas atividades cotidianas.
3. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) 
e o tratamento do Transtorno de Pânico
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para o Transtorno de Pânico 
apresenta boas respostas de curto e de longo prazos em relação aos 
sintomas de pânico, de ansiedade antecipatória, da evitação fóbica 
e da agorafobia. É utilizada para eliminar ou reduzir a hipervigilância 
35
do cliente sobre os sintomas, na correção de interpretações e crenças 
distorcidas e na redução/eliminação da agorafobia (MANFRO et al., 2008; 
OLIVEIRA, 2011).
A TCC é tipicamente um tratamento breve, entre 10 e 20 sessões 
estruturadas, com objetivos claros, como a correção das interpretações 
catastróficas, dos medos condicionados das sensações corporais e 
das evitações. Pode ser introduzida em qualquer etapa do tratamento, 
desde a prevenção primária até às intervenções em indivíduos que não 
tiveram sucesso em outros tratamentos (OLIVEIRA, 2011).
As técnicas utilizadas no tratamento do Transtorno de Pânico são 
as cognitivas, como a psicoeducação, a reestruturação cognitiva, a 
resolução de problemas, assim como as comportamentais  a exposição 
interoceptiva e in vivo. Há, ainda, o uso do relaxamento muscular e 
da respiração abdominal ou diafragmática para aliviar a ansiedade 
(MANFRO et al., 2008).
A psicoeducação e a reestruturação cognitiva tem a função de ensinar 
ao cliente a identificação dos pensamentos e das interpretações que 
ocorrem quando surgem os sintomas de ansiedade. As técnicas de 
relaxamento muscular e de respiração diafragmática são utilizadas para 
equilibrar o sistema nervoso autônomo.
A exposição interoceptiva tem como objetivo a correção da 
catastrofização dos sintomas físicos decorrentes da ansiedade 
antecipatória e/ou do ataque de pânico. Através dela, os clientes são 
treinados para se sentirem mais confortáveis diante dos sintomas de 
ansiedade, através de uma exposição gradual e intencional a esses 
sintomas, utilizando-se exercícios físicos ou recursos como o rodar em 
uma cadeira giratória ou da hiperventilação para a indução de tonturas. 
Essa exposição permite que os clientes sejam capacitados a identificar 
36
os pensamentos catastróficos relacionados às sensações físicas e, 
posteriormente, tentem corrigi-los (MANFRO et al., 2008).
Os exercícios realizados através da exposição interoceptiva agem como 
uma preparação prévia para a exposição in vivo.
A exposição in vivo é a intervenção mais utilizada para a redução da 
evitação agorafóbica. A fim de realizar o planejamento da exposição 
in vivo, o cliente deverá elencar os locais e/ou eventos que evitou e 
registrar o nível de ansiedade e os tipos de pensamentos automáticos 
que ocorreram nessas situações. Os itens da listagem devem ser 
apresentados em forma de hierarquia e de acordo com a dificuldade de 
enfrentamento dos locais e dos eventos. Os exercícios de exposição in 
vivo devem ser usados, inicialmente, nas situações menos ansiogênicas, 
ampliando-se o uso para as mais ansiogênicas; devem ser repetidas até 
que o cliente se sinta confortável nas situações apresentadas, e o nível 
de ansiedade deve ser avaliado e monitorado tanto pelo cliente quanto 
pelo terapeuta (MANFRO et al., 2008).
O Transtorno de Pânico pode ser tratado, em geral, em 5 a 20 
sessões de terapia. O tratamento pode ser realizado de forma mais 
intensa, com mais de uma sessão semanal nos primeiros meses, mas, 
posteriormente, o psicoterapeuta poderá atender o cliente em sessões 
de reforço intermitentes por períodos mais longos. Uma sessão de 
TCC tem, em média, de 45 a 50 minutos de duração, mas podem ser 
realizadas sessões mais longas para o tratamento de clientes com 
Transtorno de Pânico mais intenso (MANFRO et al., 2008).
As formas breves de Terapia Cognitivo-Comportamental, em 
combinação com sessões virtuais, já foram descritas para o tratamento 
de Transtorno de Pânico, e os psiquiatras capacitados podem combinar 
a psicoterapia com o uso de farmacoterapia (OLIVEIRA, 2011).
37
Referências
APA. Associação Americana de Psiquiatria. Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais – DSM-V. Porto Alegre: Artmed, 2014.
MANFRO, G. G. et al. W. Terapia cognitivo-comportamental no transtorno de pânico. 
Revista Brasileira de Psiquiatria, [s.l.], v. 30 (Supl II), p. S81-87, 2008.
OLIVEIRA, M. I. S. Intervenção cognitivo-comportamental em transtorno de 
ansiedade: Relato de Caso. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, [s.l.], v. 7, n. 
1, p. 30-34, 2011.
38
A Terapia Cognitivo-
Comportamental e os Transtornos 
da Personalidade
Autoria: Juliana Zantut Nutti 
Leitura crítica: Rogério Adriano Bosso 
Objetivos
• Conhecer o conceito e os tipos de Transtorno da 
Personalidade, de acordo com o DSM-V-TR.
• Analisar o modelo cognitivo do Transtorno da 
Personalidade.
• Discutir os aspectos da Terapia Cognitivo-
Comportamental no tratamento de transtorno de 
personalidade, especificamente no Transtorno da 
Personalidade Obsessivo-Compulsivo.
39
1. Definição de Transtornos da Personalidade
Neste Tema, falaremos sobre os principais aspectos dos Transtornos 
da Personalidade. O DSM-V-TR (APA, 2022) define o Transtorno da 
Personalidade como um padrão persistente e inflexível de experiências 
subjetivas e de comportamentos que se apresentam desviados 
acentuadamente das expectativas da cultura a que o indivíduo pertence. 
Esse padrão deve levar a alterações que provoquem sofrimento 
significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional e/ou áreas 
relevantes da vivência individual, se apresentando de forma estável e 
com longa duração, com surgimento a partir da adolescência ou início 
da idade adulta.
O padrão descrito deve se manifestar, pelo menos, em duas das áreas a 
seguir:
Figura 1 – Área de manifestação dos Transtornos da Personalidade
Fonte: adaptada de APA (2022).
Outros critérios são: a existência de padrão persistente não explicado, 
como uma manifestação ou como consequência de outros transtornos 
mentais e que não pode ser atribuído a efeitos fisiológicos de 
40
substâncias, como abuso de drogas, medicamentos e nem a outra 
condição médica, como traumatismo cranioencefálico (APA, 2022),
O DSM-V-TR (APA, 2022) apresenta 10 transtornos da personalidade, que 
são classificados em três grupos de acordo com as suas semelhanças.
Figura 2 – Grupos de Transtornos da Personalidade
Fonte: adaptada de APA (2022).
Sobre o desenvolvimento e o curso dos Transtornos da Personalidade, suas 
características são observadas no decorrer da adolescência ou no início da 
vida adulta, mas algumas características de transtornos da personalidade, 
especialmente, os transtornos da Personalidade Antissocial e Borderline 
podem ser menos evidentes ou desaparecer com o envelhecimento do 
indivíduo. As classificações dos Transtornos da Personalidade podem ser 
utilizadas na infância e adolescência em casos relativamente raros, nos 
quais os traços de má adaptação da personalidade dos indivíduos são mais 
difusos, persistentes e menos limitados a um estágio do desenvolvimento 
e/ou à existência de outro transtorno mental específico. Os Transtornos 
da Personalidade podem ser efetivamente diagnosticados aos 18 anos 
completos de idade do sujeito (APA, 2022).
41
2. A Terapia Cognitivo-Comportamental e os 
Transtornos da Personalidade
A Terapia Cognitivo-Comportamental surgiu no início dos anos 1960 
com os trabalhos de Aaron T. Beck e apresenta uma grande influência 
na formulação de modelos compreensivos sobre os transtornos mentais 
e o seu tratamento. Apesar de Aaron T. Beck ter utilizado um modelo 
psicanalítico para pesquisar os casosde depressão, ele passou a entender 
que o paciente depressivo apresentava uma concepção distorcida de si 
mesmo e do mundo ao redor (CORDIOLI; KNAPP, 2008).
Os modelos explicativos para os transtornos variados, como os 
transtornos de ansiedade, os transtornos da personalidade e os 
transtornos alimentares propõem a existência de uma vulnerabilidade 
cognitiva associada a fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais no 
desenvolvimento e manutenção dos sintomas.
A alta aceitação da Terapia Cognitivo-Comportamental se deve à proposição 
de modelos explicativos que levam a uma visão mais abrangente dos 
transtornos mentais, incorporando modelos etiológicos diversos, a função 
dos pensamentos distorcidos, além das proposição de intervenções 
psicoterápicas breves que proporcionam boa relação custo/benefício em 
relação aos tratamentos tradicionais e, ainda, a elaboração de protocolos 
padronizados de intervenções, que trazem melhor controle de variáveis e 
maior aferição de resultados (CORDIOLI; KNAPP, 2008).
A estrutura geral da TCC se diferencia em tratamentos com base em 
modelos generalizados e/ou específicos que se utilizam de técnicas 
cognitivo-comportamentais para intervir em condições clínicas especificas 
(DAVID; FREEMAN, 2017).
A abordagem cognitivo-comportamental afirma que os Transtornos da 
Personalidade são causados por mecanismos relacionados às crenças 
nucleares ou centrais do indivíduo, formadas através das experiências 
42
ocorridas no decorrer do desenvolvimento do indivíduo, mas não se 
descartam as causas baseadas em predisposições biológicas (DAVID; 
FREEMAN, 2017).
O modelo cognitivo enfatiza as crenças centrais e os mecanismos de 
enfrentamento em relação a essas crenças e às crenças intermediárias, as 
quais aparecem em forma de pressupostos e regras (DAVID; FREEMAN, 
2017).
Assim, um paciente extremamente centrado em si mesmo poderá 
apresentar a crença de que é especial. A crença de “ser especial” é 
completada com crenças intermediárias como “Eu sou especial e os outros 
devem me dar tudo o que eu pedir”, ou “Eu sou especial e quem não 
reconhecer e concordar deve ser punido” ou, ainda, “Eu sou especial e os 
outros me consideram esquisito, por isso jamais vou me encaixar ou ser 
compreendido” (DAVID; FREEMAN, 2017, p. 5).
A alteração da crença de “ser especial” pode vir a ser difícil de ser realizada 
e o psicoterapeuta deverá desafiar e contestar o caráter de ser especial, ou 
seja, portanto, deverá buscar o significado dessa crença e o seu impacto 
nas funções adaptativas desse indivíduo (DAVID; FREEMAN, 2017).
O modelo de intervenção da Terapia Cognitivo-Comportamental para 
os Transtornos da Personalidade deverá seguir o seguinte protocolo: 
avaliação clínica, conceituação cognitiva de caso; intervenções técnicas e 
estabelecimento de aliança terapêutica semelhante às desenvolvidas no 
tratamento para outros transtornos (DAVID; FREEMAN, 2017).
A conceituação cognitiva de caso deve ser mais dinâmica no caso dos 
Transtornos da Personalidade, com a discussão dos atuais problemas, dos 
problemas passados e dos problemas expressos na relação e no ambiente 
terapêutico. O tratamento deve ser mais prolongado em comparação com 
outros transtornos, e as intervenções podem ser realizadas individualmente 
ou em grupo (DAVID; FREEMAN, 2017).
43
A técnica mais utilizada e estudada atualmente para os Transtornos da 
Personalidade é a Terapia Comportamental Dialética (TCD), também 
conhecida como DBT, desenvolvida na década de 1980 pela psicóloga 
Marsha Linehan, que faz parte da chamada 3ª Onda em Terapia Cognitivo-
Comportamental. A TCD ou DBT se caracteriza pelo uso de técnicas mais 
integrativas, que priorizam o relacionamento terapeuta-paciente e utiliza 
estratégias baseadas em técnicas de aceitação incorporadas da terapia 
zen, de metodologias da ciência comportamental e do mindfulness (atenção 
plena). A dialética aparece na validação e aceitação total do cliente e da 
elaboração de um contexto que o auxilie a mudar, a buscar a regulação 
emocional e a desenvolver as habilidades trabalhadas em terapia 
(PINHEIRO, 2022).
As principais habilidades trabalhadas na DBT são as habilidades de 
aceitação e de mudança, e cada uma dessas habilidades implica o uso 
de técnicas como a atenção plena a si mesmo (mindfulness) e a busca de 
efetividade interpessoal, regulação emocional. A Terapia Comportamental 
Dialética ou DBT depende da qualidade da relação entre cliente e terapeuta 
e considera a criação de um relacionamento humano real em que ambos 
são importantes, e em que as suas necessidades são consideradas. Assim, 
no decorrer do tratamento, o terapeuta deve interagir com o cliente a fim 
de aceitá-lo como ele é, mas incentivar a sua mudança e ser firme, porém, 
flexível, de acordo com as circunstâncias apresentadas (PINHEIRO, 2022).
3. Terapia Cognitivo-Comportamental do 
Transtorno da Personalidade Obsessivo- 
 Compulsiva (TPOC)
Agora você irá conhecer a Terapia Cognitivo-Comportamental aplicada 
ao tratamento do Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsiva 
(TPOC).
44
O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TPOC) é um transtorno mental 
considerado grave e está classificado no DSM-V-TR (APA, 2022) no grupo 
C da categoria de transtornos da personalidade.
De acordo com o DSM-V-TR (APA, 2022), os indivíduos com Transtorno 
da Personalidade Obsessivo-Compulsiva dão atenção excessiva e 
cuidadosa a regras, detalhes, listas etc., a ponto de isso se tornar 
o objetivo principal da sua atividade. Eles são excessivamente 
perfeccionistas e se impõem padrões de desempenho tão elevados que 
causam sofrimento significativo a si mesmo e aos outros. Demonstram 
excessiva dedicação ao trabalho, mesmo sem necessidade financeira, 
e excluem as atividades de lazer e sociais. Podem ser excessivamente 
conscienciosos e inflexíveis sobre assuntos que envolvem moralidade, 
ética ou valores. Podem ser incapazes de se desapegar de objetos 
usados, mesmo os sem valor sentimental, com alto potencial para se 
tornarem acumuladores. Relutam em delegar tarefas ou em trabalhar 
em equipe e insistem que tudo seja realizado da sua maneira. Podem 
ser mesquinhos a ponto de manterem um padrão de vida inferior ao 
que podem sustentar. São extremamente rígidos e teimosos.
Segundo Morais (2018), o Transtorno de Personalidade Obsessivo-
Compulsiva é caracterizado por um padrão global de perfeccionismo, 
escrupulosidade, inflexibilidade e controle, e o indivíduo com esse 
transtorno tende a acreditar que as pessoas estão agindo de maneira 
errada em comparação às suas regras. A fim de manter a sensação 
de controle, eles se concentram em regras, detalhes, minúcias, 
procedimentos, cronogramas e listagens.
Em muitos casos, o resultado desse controle é a perda de prazos de 
realização de projetos ou atividades, pois eles dedicam uma excessiva 
atenção aos detalhes por não fazerem uso adequado do tempo. Eles não 
têm ciência das consequências de seu comportamento e em como isso 
afeta os outros, como os colegas de trabalho. Como o seu principal foco 
é o trabalho acabam por negligenciar o convívio com a família e amigos 
(ZIMMERMAN, 2021).
45
A estimativa é que cerca de 2,1% a 7,9% da população geral apresente 
Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva que parece ser 
mais comum entre homens. Há a presença de comorbidades como 
o transtorno depressivo maior ou persistente e/ou alcoolismo 
(ZIMMERMAN, 2021).
Cabe aqui uma observação referente às diferenças entre o Transtorno 
de Personalidade Obsessiva-Compulsivo (TPOC) do Transtorno 
Obsessivo-Compulsivo (TOC). O Transtorno Obsessivo-Compulsivo 
(TOC) é um transtorno do humor e apresenta diferença expressiva nos 
sintomas em comparação ao Transtorno de Personalidade Obsessiva-
Compulsivo (MORAIS, 2018).
No TOPC, diferentemente do TOC, não existem pensamentos intrusivos 
(obsessões) nem comportamentos ritualísticos (compulsões) para aliviar 
a ansiedade. Mas alguns pacientes podem apresentar TOC e Transtorno 
dePersonalidade Obsessivo-Compulsiva simultaneamente.
As causas do Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva e 
do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) não foram totalmente 
esclarecidas, mas se sabe que são multifatoriais e causadas devido a 
fatores biológicos e ambientais que interagem entre si (MORAIS, 2018).
O tratamento de ambos os transtornos é bastante semelhante e 
envolve a psicoterapia associada à psicofarmacologia com uso de 
inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS). A psicoterapia 
que apresenta mais evidências de eficácia clínica para o tratamento de 
ambos os transtornos é a Terapia Cognitivo-Comportamental.
Vocês irão verificar a seguir, alunos, uma proposta de tratamento 
cognitivo-comportamental que pode ser aplicada a ambos os 
transtornos, o TPOC e o TOC.
Assim como nos demais transtornos da personalidade, os sintomas 
do TPOC aparecem na infância ou no final da adolescência. Em vários 
46
casos, os sintomas podem ser incapacitantes, além de comprometer a 
qualidade de vida de seus portadores (FORMIGA et al., 2012).
Como vocês viram, o tratamento para o TPOC envolve a utilização de 
medicamentos combinados com a Terapia Cognitiva-Comportamental 
(FORMIGA et al., 2012).
A TCC prevê a utilização de técnicas psicoterápicas cognitivas e 
comportamentais como a técnica de Exposição e Prevenção de 
Respostas (EPR), cuja utilização tem sido eficaz em mais de 70% de 
casos. A técnica de Exposição e Prevenção de Respostas (EPR) consiste 
em expor o indivíduo às situações que estimulam respostas de 
ansiedade e estimular a redução da emissão de respostas sintomáticas. 
Através da EPR, os pacientes são estimulados a se exporem às situações 
que causam o surgimento dos sintomas, buscando não utilizar as 
respostas de evitação (FORMIGA et al., 2012).
Inicialmente, essa técnica irá aumentar a ansiedade e os sintomas, e 
a prevenção de respostas tende a funcionar melhor se a técnica for 
utilizada de maneira colaborativa. Assim, paciente e terapeuta trabalham 
juntos em relação aos objetivos de prevenção de respostas, a fim de 
aumentar o engajamento do paciente (WRIGHT; THASE, 2008 apud 
FORMIGA et al., 2012).
A técnica de EPR inicia-se com a elaboração de uma lista de estímulos 
desencadeadores de ansiedade, com a atribuição de notas para o grau 
de ansiedade que é manifestada (0–10). Após a elaboração dessa lista, 
o paciente precisa enfrentar cada uma das situações listadas, iniciando 
pelas que promovem um menor grau de ansiedade, com objetivo 
de diminuir a frequência dos sintomas. Pode-se fazê-la, inicialmente, 
através da imaginação, até que haja a redução do desconforto 
para, posteriormente, o paciente ser exposto às situações de forma 
presencial. A repetição dos exercícios ajuda a diminuir ou extinguir os 
sintomas através do fenômeno conhecido como habituação. Ainda, há a 
47
importância de se estabelecer boa relação terapêutica para a eficácia da 
psicoterapia (FORMIGA et al., 2012).
É importante identificar as dificuldades do paciente e determinar as 
razões pelos quais ele não consegue aplicar soluções para determinados 
problemas e o terapeuta deverá trabalhar estrategicamente para 
organizar a condução do processo terapêutico e estabelecer as metas a 
serem atingidas pela utilização da conceitualização cognitiva e da técnica 
de EPR.
Referências
APA. Associação Americana de Psiquiatria. Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais–DSM-V-TR. Porto Alegre: Artmed, 2022.
CORDIOLI, A. V.; KNAPP, P. A terapia cognitivo- comportamental no tratamento dos 
transtornos mentais. Revista Brasileira de Psiquiatria, [s.l.], v. 30 (Supl II), p. S51-
53, 2008.
DAVID, D. O.; FREEMAN, A. Visão Geral da Terapia Cognitivo-Comportamental dos 
Transtornos da Personalidade. In: BECK, A. T. Terapia Cognitiva dos Transtornos 
da Personalidade. Porto Alegre: Artmed, 2017.
FORMIGA, M. B. et al. A conceitualização cognitiva no Transtorno Obsessivo 
Compulsivo: relato de caso. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, [s.l.], v. 8, n. 
1, p. 61-6, 2012.
MORAIS, E. M. TOC x Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva: qual é a 
diferença? Cuidados pela Vida, 2018. Disponível em: https://cuidadospelavida.com.
br/saude-e-tratamento/toc/toc-transtorno-de-personalidade-obsessivo-compulsiva-
diferenca. Acesso em: 30 maio 2022.
PINHEIRO, M. V. Terapia Comportamental Dialética (TCD ou DBT). Interface 
Psicologia Clínica, 2022. Disponível em: https://nucleointerface.com.br/
psicoterapias/tcc-para-transtornos-de-personalidade. Acesso em: 30 maio 2022.
ZIMMERMAN, M. Manual MSD. Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva 
(TPOC). Manual MSD, 2021. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-
br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-de-personalidade/
transtorno-de-personalidade-obsessivo-compulsiva-tpoc. Acesso em: 19 maio 2022.
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BONS ESTUDOS!
	Sumário
	Apresentação da disciplina
	A Terapia Cognitivo-Comportamental e as Disfunções Sexuais
	Objetivos
	1. Terapia Cognitivo-Comportamental e o modelo cognitivo de A. Beck
	2. A Terapia Cognitivo-Comportamental e as disfunções sexuais
	Referências 
	A Terapia Cognitivo-Comportamental e a Dependência Química
	Objetivos 
	1. Conceito e critérios sobre Transtorno por Uso de Substâncias
	2. A Terapia Cognitivo-Comportamental e os Transtornos por Uso de Substâncias (TUS)
	Referências 
	A Terapia Cognitivo-Comportamental e o Transtorno de Pânico
	Objetivos
	1. Conceito e critérios sobre o Transtorno de Pânico
	2. Modelo cognitivo do Transtorno de Pânico 
	3. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e o tratamento do Transtorno de Pânico
	Referências 
	A Terapia Cognitivo-Comportamental e os Transtornos da Personalidade
	Objetivos 
	1. Definição de Transtornos da Personalidade 
	2. A Terapia Cognitivo-Comportamental e os Transtornos da Personalidade
	3. Terapia Cognitivo-Comportamental do Transtorno da Personalidade Obsessivo- Compulsiva (T
	Referências

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