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1.
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BASES MORFOLÓGICAS E 
FUNCIONAIS DO SISTEMA 
NERVOSO
2
Marisa Martin Crivelaro Romão
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2021
BASES MORFOLÓGICAS E FUNCIONAIS DO 
SISTEMA NERVOSO
1ª edição
3
2021
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Revisor
Cristiano da Rosa
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_________________________________________________________________________________________ 
Romão, Marisa Martin Crivelaro
R761b Bases morfológicas e funcionais do sistema nervoso / 
 Marisa Martin Crivelaro Romão, – São Paulo: Platos 
 Soluções Educacionais S.A., 2021.
 45 p.
 ISBN 978-65-89965-47-3
 1.Estruturas. 2. Região cerebral. 3. Funções. I. Título.
 
CDD 612.8 
____________________________________________________________________________________________
Evelyn Moraes – CRB-8 SP-010289/O
© 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
4
SUMÁRIO
Aspectos microscópicos do Sistema Nervoso: o neurônio ___ 05
Sistema nervoso: aspectos macroscópicos __________________ 20
Lobos do cérebro: Frontal, Temporal, Parietal, Occiptal, Insular e 
Límbico ______________________________________________________ 35
Estruturas cerebrais e funções cognitivas ____________________ 53
BASES MORFOLÓGICAS E FUNCIONAIS DO SISTEMA 
NERVOSO
5
Aspectos microscópicos do 
Sistema Nervoso: o neurônio
Autoria: Marisa Martin Crivelaro Romão
Leitura crítica: Cristiano da Rosa
Objetivos
• Propiciar o conhecimento das estruturas da unidade 
básica de parte central do sistema nervoso: o 
neurônio.
• Permitir o conhecimento dos tipos de neurônios 
existentes na parte central do sistema nervoso.
• Introduzir o conceito de neuroplasticidade cerebral e 
algumas de suas implicações.
6
1. Aspectos microscópicos do sistema nervoso: 
o neurônio
A função cerebral é responsável pela regulação da função voluntária e 
involuntária, possibilitando respostas físicas e emocionais aos estímulos 
externos. É por meio do sistema nervoso que se pode perceber e 
interagir com o ambiente e, assim, sermos o que somos. Ele é dividido 
em parte central do sistema nervoso, composto pelo encéfalo e pela 
medula espinal, e parte periférica do sistema nervoso, composto 
pelos nervos, gânglios e terminações nervosas. A parte central do 
sistema nervoso é responsável pelo processamento e integração das 
informações e a parte periférica do sistema nervoso pela condução 
de informações entre órgãos receptores de estímulos, a parte central 
do sistema nervoso e órgãos efetores, como os músculos (KREBS; 
WEINBERG; AKESSON, 2013).
Figura 1 – Diagrama da divisão do sistema nervoso central (SNC)
Fonte: elaborada pela autora.
As células do sistema nervoso central são a base construtora para 
funções complexas que ele desempenha e essas células excitáveis são 
denominadas de neurônios. Estima-se que existam, aproximadamente, 
86 bilhões de neurônios no cérebro humano e 20 milhões de neurônios 
na medula espinal. Calcula-se que ocorram no mínimo 100 trilhões de 
conexões neurais no cérebro humano adulto, ou seja, cada neurônio 
tem contato com mais de mil outros neurônios. A complexidade da 
7
comunicação é ainda mais agravada pela maneira como os neurônios se 
comunicam (KREBS; WEINBERG; AKESSON, 2013; FUENTES et al., 2008).
1.1 Componentes celulares do sistema nervoso
Em uma visão evolucionista darwinista, ao longo da evolução, o sistema 
nervoso (SN) foi se desenvolvendo por meio da aquisição de estruturas 
funcionais que possibilitaram a organização cada vez mais complexa dos 
organismos vivos com o meio ambiente. É a elaboração de respostas 
adaptativas frente às modificações tanto do meio externo quanto do 
meio interno desses organismos, como: imagens, sons, mudanças de 
temperatura, estímulos dolorosos, posição das articulações, alteração 
de pressão arterial, níveis plasmáticos de hormônios etc. (FUENTES et al., 
2008).
O neurônio é a célula localizada na parte central do sistema nervoso, 
mas encontrado também na parte periférica do sistema nervoso em 
estruturas chamadas gânglios (órgãos esféricos, protegidos por cápsulas 
de tecido conjuntivo e associados a nervos). O seu conjunto está 
relacionado com a propagação do impulso nervoso, sendo considerada 
a unidade básica desse sistema. Os neurônios se comunicam uns com os 
outros por sinapses, formando redes funcionais para o processamento 
e armazenamento das informações. Uma sinapse apresenta três 
componentes básicos: o terminal axonal de uma célula, o dendrito 
da célula receptora e um processo de célula glial. Segundo Ferrari 
et al. (2001), a fenda sináptica é o nome dado ao espaço entre esses 
componentes.
Os dendritos são prolongamentos do neurônio que garantem a 
recepção dos estímulos, levando o impulso nervoso em direção ao 
corpo celular. A grande maioria dos neurônios apresenta uma grande 
quantidade de dendritos. Os axônios são o prolongamento que garante 
a condução do impulso nervoso, também conhecido como potencial de 
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/impulso-nervoso.htm
8
ação. Cada neurônio possui apenas um axônio, o qual é, geralmente, 
mais longo que os dendritos. Há duas variáveis de axônios: os mielínicos 
e os amielínicos.
Envolvendo o axônio mielínico há um isolamento elétrico chamado 
de bainha de mielina, que auxilia a transmitir o impulso nervoso 
mais rapidamente. A bainha de mielina é produzida por dois tipos 
celulares: oligodendrócitos, na parte central do sistema nervoso, e 
células de Schwann, na parte periférica do sistema nervoso. Os locais 
onde há espaços entre as bainhas são chamados de Nodo de Ranvier. 
Segundo Moreira (2013), por sua vez, o corpo celular consiste no local 
do neurônio onde está presente o núcleo, grande parte das organelas 
celulares e de onde partem os prolongamentos dessa célula.
Nesses locais, entre um neurônio e outro, são lançados 
neurotransmissores que atuam no transporte das informações de 
um neurônio para outra célula. Ao neurônio que está passando a 
informação dá-se o nome de célula pré-sináptica e à célula que recebe o 
sinal dá-se o nome de célula pós-sináptica (OLIVEIRA; NETO, 2015).
Figura 2 – Imagem dos componentes do neurônio
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Neurono-ido.svg. Acesso em: 6 jul. 2021.
Dendrito
Corpo Celular
Nodo de Ranvier
Terminal do Axônio
Célula de Schwann
Bainha de Mielina
Axônio
Núcleo Celular
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Neurono-ido.svg
9
1.2 Tipos de neurônios
O sistema nervoso surgiu a partir de três vesículas primitivas 
(prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo) e executa funções no 
intuito de manter ou alterar as funções orgânicas a partir dos estímulos 
externos e internos. Assim, ele recebe a seguinte classificação funcional: 
sensorial, integrativa e motora. São ditas sensoriais ou aferentes 
quando recebem os estímulos e os envia para a parte central do sistemanervoso; interneurônios quando estabelecem conexões entre um 
neurônio e outro; e motores ou eferentes quando conduzem impulsos 
da parte central do sistema nervoso para outras partes do organismo 
(CAIXETA; PINTO, 2014).
O sistema nervoso também possui dois tipos de substâncias nervosas: 
branca e cinzenta. A substância branca se refere a um conjunto de 
células com funções de apoio, sustentação, isolamento elétrico ou 
nutrição dos neurônios e gânglios. A sua cor é devido à presença de 
mielina, sendo principalmente os axônios mielínicos e células gliais 
(OLIVEIRA; NETO, 2015). Já a substância cinzenta compõe a parte central 
do sistema nervoso e são constituídas de corpos de neurônio, células da 
glia (astroglia e oligodendrócitos), axônios e dendritos (OLIVEIRA; NETO, 
2015).
Assim, o tecido nervoso é constituído de células nervosas, os 
neurônios e de células da glia ou neuroglia. Os grupos de neurônios 
que estabelecem conexões entre si por meio de sinapses constituem 
os circuitos neuronais. A maioria dos neurônios segue o mesmo 
plano estrutural geral, mas a estrutura de neurônios individuais 
varia e se adapta à função específica dada ao neurônio. Desse modo, 
considerando a enorme complexidade do sistema nervoso e o grande 
número de tarefas que ele executa, diferentes tipos de neurônios 
apresentam grande diversidade de tamanho e forma (FUENTES et al., 
2008).
10
Os diversos tipos de neurônios podem ser classificados de acordo com 
seu tamanho, sua morfologia ou os neurotransmissores que utilizam. 
Os neurônios multipolares são mais abundantes na parte central do 
sistema nervoso e são encontrados no encéfalo e na medula espinal. 
Os dendritos se ramificam diretamente do corpo celular e um axônio 
único surge a partir do cone axonal. Os neurônios pseudounipolares 
são encontrados nos gânglios sensitivos do nervo espinal e apresentam 
um ramo periférico do axônio que recebe a informação sensorial da 
periferia e a envia para a espinal sem passar pelo corpo celular. Eles 
retransmitem a informação sensorial de um receptor periférico ao 
sistema nervoso central sem modificar o sinal, e os neurônios bipolares 
são encontrados principalmente na retina e no epitélio olfatório. Então, 
eles apresentam um único dendrito principal, o qual recebe input 
sináptico e é transportado para o corpo da célula e para a camada 
celular seguinte. A diferença entre a célula pseudounipolar e célula 
bipolar reside na quantidade de processamento que ocorre em cada 
uma delas (KREBS; WEINBERG; AKESSON, 2013).
Figura 3 – Imagem dos tipos de neurônios
Fonte: Vitalli Duma/iStock.com. 
11
Além dos neurônios, existem as células de glia que funcionam como 
suporte físico dos neurônios, auxiliando nas ligações durante o período 
embrionário; fornecem nutrientes aos neurônios enquanto outras 
consomem partículas estranhas e resíduos alimentares; é responsável 
pela manutenção dos níveis iônicos à volta dos neurônios. Segundo 
Moreira (2013), os principais tipos de células da glia são os: a) astrócitos 
têm a forma de estrela e grande quantidade de prolongamentos, com 
função de sustentação; b) oligodendrócitos têm prolongamentos que 
envolvem os axônios e produzem a bainha de mielina; c) micróglia são 
pequenas células com poucos prolongamentos e são células fagocitárias; 
d) células de Schwann se localiza em volta da parte periférica do sistema 
nervoso e tem a mesma função dos oligodendrócitos, de sustentação.
Assim, as células de Schwann se localizam na parte periférica do sistema 
nervoso e os oligodendrócitos na parte central do sistema nervoso. 
De acordo com Moreira (2013), elas não possuem axônios e, por isso, 
não são capazes de transmitir impulsos nervosos, mas conseguem se 
comunicar entre si eletricamente através de gap junction, possibilitando 
o fluxo iônico entre as células.
1.3 Sistemas de interação dos neurônios
Os processos de comunicação intercelular mediados quimicamente 
podem ocorrer entre células próximas (ações parácrinas clássicas) ou 
distantes por meio de mediação química feita pelo líquido cerebrospinal. 
Eventos eletrofisiológicos também podem mediar a passagem de 
informações entre células vizinhas mediados por um meio condutor 
ou de sinapses elétricas baseadas em estruturas celulares constituídas 
pelas conexinas. A função da parte central do sistema nervoso também 
pode ser modificada ou modulada pela ação química sistemática, como 
os hormônios que atravessam a barreira hematoencefálica e interagem 
com as células do sistema nervoso (CIPOLLA-NETO et al., 2012).
12
Existem sinapses químicas e elétricas, sendo rara a última 
em mamíferos. Na sinapse elétrica, não há participação dos 
neurotransmissores e o sinal elétrico é conduzido diretamente de uma 
célula a outra através das junções comunicantes (gap junctions) por 
canais ionizantes, gerando diretamente o potencial de ação. Já a sinapse 
química consiste no contato entre o neurônio e a célula glial, outro 
neurônio ou outra estrutura responsiva. Ela envolve os neurônios pré 
e pós-sinápticos e esse conjunto sináptico é envolvido por processos 
celulares de células gliais que participam de maneira ativa para 
manutenção do funcionamento sináptico adequado (CIPOLLA-NETO et 
al., 2012).
A membrana plasmática do neurônio é uma estrutura responsável 
pela produção e propagação de impulsos elétricos, com diferentes 
tipos de canais iônicos capazes de filtrar seletivamente a passagem 
de íons para dentro e para fora da célula, gerando uma diferença de 
cargas elétricas entre os dois lados da membrana e dando origem 
em um meio intracelular negativo se comparado com ao extracelular, 
com potencial elétrico chamado potencial de repouso. No entanto, os 
neurônios podem apresentar alteração nesse potencial de membrana 
pela abertura seletiva e consecutiva de canais de Na+ e K+, provocadas 
por estímulos específicos (por exemplo, mudança de temperatura, 
substâncias químicas etc.), causando uma inversão de polaridade 
elétrica da célula (despolarização) e fazendo com que o meio intracelular 
se torne provisoriamente positivo em relação ao extracelular. Em 
seguida, ocorre a repolarização com redistribuição dos íons entre os dois 
lados da membrana e o retorno ao estado de repouso (FUENTES et al., 
2008).
Há receptores que produzem abertura de canais de cloreto Cl- e 
tornam a célula ainda mais negativa, exercendo uma ação inibitória 
sobre a célula pós-sináptica. Portanto, as células recebem diferentes 
mensagens excitatórias e inibitórias que se os estímulos somados 
13
forem suficientemente despolarizados, um impulso nervoso é gerado 
(FUENTES et al., 2008).
Esse sinal elétrico é o impulso nervoso ou o potencial de ação que se 
propaga pelo axônio e é conduzida de uma extremidade a outra do 
neurônio. Ao chegar ao axônio, o impulso nervoso é transmitido de 
um neurônio a outro através do mecanismo de neurotransmissão nas 
sinapses. O impulso nervoso de um neurônio é transmitido a outro 
pela ação de uma substância química, o neurotransmissor (KREBS; 
WEINBERG; AKESSON, 2013).
Figura 4 – Ilustração da sinapse química
Fonte: ttsz/iStock.com.
14
1.4. Neurotransmissores
Os neurotransmissores são moléculas liberadas pelos neurônios pré-
sinápticos e são o meio de comunicação em uma sinapse química. 
Eles se ligam aos receptores de neurotransmissores, podendo se 
acoplar a um canal iônico (receptores ionotrópicos) ou a um processo 
de sinalização intracelular (receptores metabotrópicos). O neurônio 
pré-sináptico (transmissor) produz um neurotransmissor e faz seu 
empacotamento, formando as chamadas vesículas sinápticas. Assim, 
quando um impulso nervoso chega à terminação do axônio, há a 
liberação por exocitose dos neurotransmissores que se difundem 
pela fenda sináptica e chegam até a célula pós-sináptica. Os 
neurotransmissores são específicos para o receptor em que se ligam 
e provocam uma resposta específica nos neurônios pós-sinápticos, 
resultando em um sinal excitatório ou inibitório (KREBS; WEINBERG;AKESSON, 2013).
15
Quadro 1 – Resumo de alguns neurotransmissores
Fonte: elaborado pela autora.
O glutamato consiste no neurotransmissor mais comum da parte central 
do sistema nervoso. Ele é sintetizado nos neurônios pelos precursores 
da glutamina, que é fornecida pelos astrócitos que a produzem a partir 
do glutamato captado na fenda sináptica. A dopamina está envolvida 
em muitos circuitos no cérebro e relaciona-se às emoções, motivação e 
recompensa. Já a serotonina está ligada ao humor e a noradrenalina ao 
estado de vigília e atenção (KREBS; WEINBERG; AKESSON, 2013).
16
1.5. Neuroplasticidade
Durante a embriogênese, um alto número de neurônios é gerado, 
mas que geneticamente é regulado através de um processo de morte 
celular. Após o nascimento, em períodos considerados críticos no 
desenvolvimento, ocorrem regulação da população e do circuito 
neuronal. Assim, sobrevivem somente aqueles neurônios que 
conseguiram estabelecer sinapses eficientes e mantê-las. Segundo 
Oliveira (2015), a regulação se dá através da coordenação entre as 
atividades dos neurônios pré e pós-sinápticos, garantindo a plasticidade 
do neurônio.
As alterações fisiológicas celulares pós-sinápticas provocadas pelo 
neurônio pré-sináptico sobre o pós-sináptico e é resultado da sinapse 
química, permite a ocorrência da plasticidade. Isso porque são possíveis 
modificações funcionais em neurônios sinapticamente interligados e 
que resultam em mudanças de circuitos neuronais e, por conseguinte, 
mudanças funcionais. Segundo Cipolla-Neto (2012), a plasticidade 
neuronal é a responsável pela capacidade adaptativa do sistema nervoso 
humano, permitindo-o ao longo do desenvolvimento ontogenético, 
estruturar-se e modificar-se a partir da interação ativa do indivíduo ao 
meio em que vive.
A neurociência se constitui em uma disciplina cientifica cujo princípio 
básico é a determinação do ambiente físico e social na atividade de 
células neurais, e que, por conseguinte, determina o comportamento. 
Assim, o ambiente fornece estímulos/informações que ao serem 
captados pelos receptores sensoriais são convertidos em impulsos 
elétricos, analisados e utilizados pela parte central do sistema nervoso 
para produzirem respostas vegetativas, motoras e cognitivas (CIPOLLA-
NETO et al., 2012).
As pesquisas em plasticidade neural envolvem o entendimento 
neuroquímico que das possíveis alterações funcionais nas sinapses, 
17
investigando processos/mecanismos que aumentam a síntese 
de neurotransmissores, a liberação de neurotransmissores ou a 
potencialização das respostas pós-sinápticas em decorrência de 
situações estimuladoras, de aprendizagem ou de lesões. Já estudos 
morfológicos buscam a maior compreensão das modificações possíveis 
na estrutura das sinapses e neurônios, tais como a regeneração e 
ramificação de axônios, aumento do tamanho de corpos celulares, do 
número de dendritos, do número de neurônios e de sinapses (FERRARI 
et al., 2001).
Alguns autores afirmam que se o indivíduo perdeu as oportunidades 
de aprendizagem nos períodos mentais mais suscetíveis (críticos), 
desde que haja um esforço muito maior para o indivíduo aprender, os 
circuitos neuronais ainda permanecem ativos e novas sinapses podem 
ser produzidas pela vida inteira, havendo sempre oportunidades de 
aprendizagem. Já para outros estudiosos, devido aos períodos de 
amadurecimento e processamento dos neurônios uma vez perdidos a 
oportunidade de aprender no período crítico não há mais como ocorrer 
o aprendizado (FERRARI et al., 2001).
Quando o cérebro sofre traumatismos, causados por pancadas ou 
lesões decorrentes de disfunções circulatórias, como em casos de 
acidentes vasculares cerebrais ou de intervenções cirúrgicas, podem 
ocorrer perdas neuronais e distúrbios funcionais nessa rede neural. 
Nesses casos, as alterações de função ocorrem não apenas nas 
áreas diretamente afetadas, mas em outras regiões neurais direta 
ou indiretamente conectados a elas, com consequentes prejuízos 
comportamentais e cognitivos (CAIXETA; TEIXEIRA, 2014).
Na base dos processos de memória e aprendizagem e das estratégias 
de reabilitação, nesses casos de perda estrutural e/ou funcional por 
lesões, está à capacidade de neuroplasticidade cerebral através da 
reorganização do sistema nervoso. Portanto, a aquisição de novos 
comportamentos depende da organização dos circuitos neurais, sendo 
18
maior durante o desenvolvimento e diminui gradativamente ao longo da 
vida adulta (FUENTES et al., 2008).
A neuroplasticidade pode ser regenerativa quando há o recrescimento 
de axônio após ocorrência de lesão na parte periférica do sistema 
nervoso. Os estímulos ambientais ativam os neurônios, desencadeiam 
processos bioquímicos celulares e culminam na ativação de fatores de 
transcrição gênica necessárias para modificação na estrutura sináptica 
e formação de novas conexões, que ocorrem geralmente durante o 
desenvolvimento. A neuroplasticidade sináptica ocorre pelo aumento 
ou diminuição da transmissão de sinapses e é base celular para certos 
tipos de memória. Já a plasticidade somática consiste na regulação da 
proliferação e morte de células nervosas durante o desenvolvimento 
embrionário (FUENTES et al., 2008).
A neuroplasticidade ou plasticidade cerebral consiste na capacidade de 
mudança morfológica e funcional da parte central do sistema nervoso 
em resposta aos estímulos ambientais. A reabilitação do cérebro 
lesado pode promover reconexão de circuitos neuronais lesados ou 
a habilidade será desenvolvida de modo compensatório por meio da 
reconexão da área cerebral não atingida. No entanto, a todo tempo, de 
modo involuntário, a neuroplasticidade ocorre adaptativamente também 
em cérebros saudáveis (CAIXETA; TEIXEIRA, 2014).
Nesse contexto, os processos mentais humanos são sistemas funcionais 
complexos “localizados” nas áreas do cérebro, cujas estruturas cerebrais 
operam em verdadeiro concerto, cada uma das quais concorre com 
sua própria contribuição particular para a organização desse sistema 
funcional (FUENTES et al., 2008). Apesar da individualidade inerente a 
cada sujeito, conhecer a função e saber quais as regiões do sistema 
nervoso relacionadas a ela contribui muito para o raciocínio clínico 
e diagnóstico do profissional para a elaboração de uma abordagem 
terapêutica e prognóstica.
19
Referências
CAIXETA, L.; TEIXEIRA, A. L. Neuropsicologia geriátrica. Porto Alegre: Artmed, 2014.
CIPOLLA-NETO, J. et al. The role of the retrochiasmathic area in the control of pinel 
metabolism. Neuroendocrinoly, [s.l.], v. 69, p. 97-104, 2012.
FERRARI, E. A. M. et al. Plasticidade neural: relações com o comportamento 
e abordagens experimentais. Psicologia-teoria e pesquisa, Campinas, 
v. 17, n. 2, ago. 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ptp/a/
ysvrdSJm8fSR5fTsdYjMFXM/?lang=pt#:~:text=nervous%20system%3B%20
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23 set. 2021.
FUENTES, D. et al. Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2008.
KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociência ilustrada. Porto Alegre: 
Artmed, 2013.
MIOTTO, E. C.; LUCIA, M. C. S.; SCAFF, M. Neuropsicologia clínica. São Paulo: Roca, 
2012.
MOREIRA, C. M. Neurônio. Revista de Ciência Elementar, São Paulo, v. 1, n. 1, dez. 
2013. Disponível em: https://rce.casadasciencias.org/rceapp/art/2013/008/. Acesso 
em: 22 set. 2021.
OLIVEIRA, A. A.; NETO, F. H. C. Anatomia e Fisiologia: a incrível máquina do corpo 
humano. Fortaleza: Educacional, 2015.
https://www.scielo.br/j/ptp/a/ysvrdSJm8fSR5fTsdYjMFXM/?lang=pt#:~:text=nervous%20system%3B%20learning-,Plasticidade%20Neural%3A,Comportamento%20e%20Abordagens%20Experimentais%201&text=RESUMO%20%2D%20As%20intera%C3%A7%C3%B5es%20entre%20os,diferentes%20situa%C3%A7%C3%B5es%20e%20individualidade%20comportamental
https://www.scielo.br/j/ptp/a/ysvrdSJm8fSR5fTsdYjMFXM/?lang=pt#:~:text=nervous%20system%3B%20learning-,Plasticidade%20Neural%3A,Comportamento%20e%20Abordagens%20Experimentais%201&text=RESUMO%20%2D%20As%20intera%C3%A7%C3%B5es%20entre%20os,diferentes%20situa%C3%A7%C3%B5es%20e%20individualidade%20comportamentalhttps://www.scielo.br/j/ptp/a/ysvrdSJm8fSR5fTsdYjMFXM/?lang=pt#:~:text=nervous%20system%3B%20learning-,Plasticidade%20Neural%3A,Comportamento%20e%20Abordagens%20Experimentais%201&text=RESUMO%20%2D%20As%20intera%C3%A7%C3%B5es%20entre%20os,diferentes%20situa%C3%A7%C3%B5es%20e%20individualidade%20comportamental
https://www.scielo.br/j/ptp/a/ysvrdSJm8fSR5fTsdYjMFXM/?lang=pt#:~:text=nervous%20system%3B%20learning-,Plasticidade%20Neural%3A,Comportamento%20e%20Abordagens%20Experimentais%201&text=RESUMO%20%2D%20As%20intera%C3%A7%C3%B5es%20entre%20os,diferentes%20situa%C3%A7%C3%B5es%20e%20individualidade%20comportamental
https://www.scielo.br/j/ptp/a/ysvrdSJm8fSR5fTsdYjMFXM/?lang=pt#:~:text=nervous%20system%3B%20learning-,Plasticidade%20Neural%3A,Comportamento%20e%20Abordagens%20Experimentais%201&text=RESUMO%20%2D%20As%20intera%C3%A7%C3%B5es%20entre%20os,diferentes%20situa%C3%A7%C3%B5es%20e%20individualidade%20comportamental
https://www.scielo.br/j/ptp/a/ysvrdSJm8fSR5fTsdYjMFXM/?lang=pt#:~:text=nervous%20system%3B%20learning-,Plasticidade%20Neural%3A,Comportamento%20e%20Abordagens%20Experimentais%201&text=RESUMO%20%2D%20As%20intera%C3%A7%C3%B5es%20entre%20os,diferentes%20situa%C3%A7%C3%B5es%20e%20individualidade%20comportamental
https://rce.casadasciencias.org/rceapp/art/2013/008/
20
Sistema nervoso: aspectos 
macroscópicos.
Autoria: Marisa Martin Crivelaro Romão
Leitura crítica: Cristiano da Rosa
Objetivos
• Conceituar e diferenciar as estruturas das partes 
central e periférica do sistema nervoso.
• Introduzir as funções das estruturas da parte 
periférica do sistema nervoso.
• Fornecer o conhecimento morfofuncional do sistema 
nervoso.
21
1. Sistema nervoso macroscópico 
 
O sistema nervoso se constitui em um dos sistemas do corpo humano e 
é responsável pela captação dos estímulos do ambiente e 
processamento das suas informações com o objetivo de gerar respostas, 
ou seja, um comportamento. Sendo assim, ao longo da vida e das 
experiências, o indivíduo é capaz de perceber e identificar as condições 
externas do ambiente e interna do próprio corpo para elaboração de 
respostas adaptadas a essas condições (FUENTES et al., 2008).
Didaticamente, para uma melhor compreensão do funcionamento 
do corpo humano, o sistema nervoso é formado por tecido nervoso, 
dividido em duas partes diferentes conforme sua localização, mas que 
se relacionam entre si: a parte central e periférica do sistema nervoso 
(FUENTES et al., 2008).
1.1 Formação do sistema nervoso
O sistema nervoso participa direta e indiretamente da regulação e 
controle de todos os outros sistemas do corpo humano, de modo 
consciente e autônomo. Esse processo se chama homeostase e ocorre 
por meio do recebimento e envio de estímulos neurais, bem como pela 
produção de hormônios pelo próprio sistema nervoso. Desse modo, sua 
organização é determinada por fatores genéticos e ambientais (SERAFIM; 
ROCCA; GONÇALVES, 2020).
O funcionamento harmônico do sistema nervoso desde a infância até 
a fase adulta depende do seu desenvolvimento correto durante as 
etapas de ontogênese (FUENTES et al., 2008). Já a formação do cérebro 
ocorre a partir das três primeiras semanas, com a formação do tubo 
neural, que se origina do ectoderma ao longo da parte posterior do 
embrião e a proliferação de neuroblastos e células da glia. A partir 
da sétima semana, o embrião tem cerca de dois centímetros e as 
22
circunvoluções se tornarão o tronco encefálico, o cerebelo e o cérebro. 
Os nervos cranianos e espinais também começam a se desenvolver. Já 
com 11 semanas, o cérebro aumenta de tamanho e os olhos e orelhas 
amadurecem (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
O tecido da crista neural, junto com a parte anterior do tubo neural, 
se expande desenvolvendo constrições que originam o aparecimento 
de três regiões conhecidas como vesículas encefálicas primárias: 
prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. O rombencéfalo e o 
prosencéfalo se dividem e formam as vesículas encefálicas secundárias. 
O prosencéfalo origina o telencéfalo e diencéfalo, já o rombencéfalo 
dá origem ao metencéfalo e ao mielencéfalo (TORTORA; DERRICKSON, 
2016).
O telencéfalo forma o cérebro e os ventrículos laterais; o diencéfalo 
origina o tálamo, hipotálamo, epitálamo e terceiro ventrículo; o 
mesencéfalo forma uma estrutura com o mesmo nome e o aqueduto 
do mesencéfalo; o metencéfalo dá origem à ponte, cerebelo e parte 
superior do quarto ventrículo; e o mielencéfalo forma o bulbo e a parte 
inferior do quarto ventrículo (TORTORA; DERRICKSON, 2021).
O tecido nervoso é formado pelas paredes dessas regiões encefálicas, 
ao passo que os ventrículos são transformações do interior oco do tubo. 
Esse tecido da crista neural é importante para o desenvolvimento da 
cabeça e a maioria das estruturas protetoras do encéfalo, ou seja, ossos 
cranianos, tecidos conjuntivos associados e meninges são formados por 
este tecido (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Mesmo após o nascimento, o cérebro continua se desenvolvendo 
pelo aumento da complexidade dos sulcos e giros. Os neurônios são 
formados até o sexto mês gestacional, mas ainda não se encontram 
amadurecidos. A quantidade de neurônios do bebê equivale à de um 
adulto (FUENTES et al., 2008).
23
A calota e as meninges cranianas envolvem e protegem o encéfalo. As 
meninges do crânio com as meninges espinais apresentam a mesma 
estrutura básica e recebem a mesma nomenclatura: dura-máter 
(camada externa), aracnoide-máter (camada média) e pia-máter (camada 
interna). A dura-máter encefálica é formada por duas camadas e a dura-
máter por apenas uma camada. As duas camadas durais, conhecidas 
como camada periosteal (externa) e camada meníngea (interna), estão 
unidas envolvendo o encéfalo, com exceção de quando se separam 
para formar os seios da dura-máter (canais venosos revestidos pelo 
endotélio) que drenam o sangue do encéfalo para as veias jugulares 
internas. Não existe espaço epidural ao redor do encéfalo. Portanto, 
os vasos sanguíneos que entram no tecido encefálico passam pela 
superfície e conforme penetram no tecido são recobertos por uma fina 
camada de pia-máter (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Parte do encéfalo é separada por três projeções da dura-máter: a foice 
do cérebro que divide os dois hemisférios cerebrais, foice do cerebelo 
que divide os dois hemisférios cerebelares e o tentório do cerebelo que 
separa o telencéfalo (cérebro) do cerebelo (TORTORA; DERRICKSON, 
2016).
1.2 Estrutura do sistema nervoso central e periférico
A parte central do sistema nervoso é dividida em encéfalo e medula 
espinal e a parte central do sistema nervoso se comunica com as 
demais partes do corpo através da parte periférica do sistema 
nervoso. Já a parte periférica do sistema nervoso é formada por fibras 
nervosas e corpos celulares fora da parte central do sistema nervoso e 
tem a função de conduzir os impulsos que chegam ou saem da parte 
central do sistema nervoso. Os nervos podem ser definidos como 
feixes de fibras nervosos paralelamente dispostos e cobertas por tecido 
conjuntivo. Cada fibra é formada por um axônio e envolta pela bainha 
de mielina (TORTORA; DERRICKSON, 2021).
24
A parte periférica do sistema nervoso é organizada em nervos que unem 
a parte central às estruturas periféricas. Ela é composta por 12 pares de 
nervos cranianos responsáveis pela conexão com o encéfalo, localizados 
nas estruturas da cabeça e do pescoço; e 31 pares de nervos espinais 
responsáveis por inervar o tronco, os membros e as regiões específicas 
da cabeça que fazem a ligação com a medula espinal (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016).
Além dos nervos, há presença dos gânglios nervosos que se constituem 
em um conjunto de corpos de células nervosas fora da parte central 
do sistema nervoso. Elas podem ser definidas como acúmulos de 
neurônios e há gânglios motores (autônomos) e sensitivos (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016).
Os nervos cranianos também são classificados em motores (eferentes), 
sensitivos (aferentes) ou mistos. Os motores são aqueles que carregam 
osimpulsos dos centros nervosos para os órgãos efetores, como os 
músculos e as glândulas. Os sensitivos transmitem os impulsos dos 
órgãos sensoriais para os centros nervosos, já os mistos possuem fibras 
aferentes e eferentes (OLIVEIRA et al., 2015).
Os sinais elétricos são enviados da parte central do sistema nervoso 
através dos nervos cranianos. A maioria sai do encéfalo e o conecta aos 
órgãos dos sentidos e músculos, principalmente àqueles localizados 
na região da cabeça, mas outros também encaminham o impulso 
originado na parte central do sistema nervoso em direção aos órgãos 
alvos. Segundo Fuentes et al. (2008), temos os seguintes tipos de nervos 
cranianos:
I. Nervo olfatório: nervo sensitivo que transmite impulsos 
relacionados ao olfato.
II. Nervo óptico: as suas fibras se relacionam com os impulsos 
visuais.
25
III. Nervo oculomotor: inerva os Mm. extrínsecos do bulbo do olho, 
exceto oblíquo superior e reto lateral e os Mm. intrínsecos do 
bulbo do olho (mm.ciliar e esfincter da pupila).
IV. Nervo troclear: é o menor dos nervos cranianos e inerva o 
músculo oblíquo superior do olho.
V. Nervo trigêmeo: é um nervo misto, em que sua parte sensitiva está 
relacionada com Impulsos extereoceptivos do couro cabeludo, 
fronte, face, conjuntiva, córnea, íris e corpo ciliar, mucosa dos 
seios paranasais e das cavidades nasal e bucal, dentes, 2/3 ant. 
língua, parte ant. da orelha, face lateral da memb. timpânica e 
dura-máter. Imp. proprioceptivos dos mm. da mastigação e ATM. 
Enquanto a parte motora está relacionada com a inervação dos 
Mm. da mastigação, milo-hióideo, ventre anterior do digástrico, 
tensor do tímpano e tensor do véu palatino.
VI. Nervo abducente: é um nervo motor que inerva o músculo reto 
lateral do bulbo do olho.
VII. Nervo facial: fornecem impulsos relacionados com a expressão 
facial e liberação de lágrimas e saliva. As fibras sensitivas são 
responsáveis pela gustação e é um nervo misto.
VIII. Nervo vestibulococlear: é um nervo sensitivo, em que sua parte 
sensitiva está relacionada inervação da parte posterior das 
cavidades nasais e face superior do palato mole. Com a gustação 
do 2/3 ant. da língua. Enquanto a parte motora está relacionada 
com a inervação da glândula lacrimal, submandibular, sublingual 
e glândulas do palato. Bem como dos Mm. da face, estilo-hióideo, 
ventre post. do digástrico e estapédio.
IX. Nervo glossofaríngeo: é um nervo misto, em que sua parte 
sensitiva está relacionada inervação/gustação de 1/3 posterior 
língua, faringe, úvula palatina, tonsilas, tuba auditiva, seio e corpo 
caróticos. Enquanto a parte motora, está relacionada com a 
inervação da Glândula parótida e do M. estilofaríngeo.
26
X. Nervo vago: está relacionado com os batimentos cardíacos, 
funcionamento dos pulmões, sistema digestório, fala e deglutição. 
É do tipo misto.
XI. Nervo acessório: é um nervo motor, que inerva a musculatura lisa 
das vísceras torácicas juntamente com fibras vagais, bem como a 
inercação dos Mm. Trapézio e esternocleidomastóideo / Mm. Do 
palato mole, da faringe e da laringe através dos ramos faríngeos e 
laríngeo recorrente do n. vago.
XII. Nervo hipoglosso: é um nervo motor, que inerva a musculatura da 
língua.
Figura 1 – Os doze pares de nervos cranianos
Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:Brain_human_normal_inferior_view_with_
labels_es.svg. Acesso em: 24 jun. 2021.
27
O encéfalo é constituído pelo cérebro, cerebelo e o tronco encefálico. 
Ele se localiza dentro da calota craniana e a medula espinal no interior 
da coluna vertebral. O encéfalo e a medula espinal são formados por 
células da glia e pelos neurônios (FUENTES et al., 2008).
A camada externa do encéfalo (córtex cerebral) tem cor cinzenta e 
é formada pelos neurônios. A parte interna com coloração branca 
constituída pelos dendritos e axônios é chamada de substância 
encefálica. As fibras são revestidas pela bainha de mielina e, por isso, 
tem a cor branca. Na medula espinal ocorre o contrário, a substância 
branca é externa e a substância cinzenta interna (FUENTES et al., 2008).
O tronco encefálico é formado pelo bulbo, ponte e mesencéfalo. O bulbo 
se localiza na parte superior da medula espinal e forma a parte inferior 
do tronco encefálico; a ponte se situa acima do bulbo e anterior ao 
cerebelo e liga partes do cérebro entre si; e o mesencéfalo se estende da 
ponte ao diencéfalo. Grande parte do tronco encefálico é constituída por 
pequenos aglomerados de neurônios (substância cinzenta) espalhados 
entre pequenos feixes de axônios mielinizados (substância branca). Essa 
região recebe o nome de formação reticular (TORTORA; DERRICKSON, 
2016).
Lateralmente, há uma fissura mediana anterior na área anterior do 
bulbo, encontra-se eminências alongadas chamadas de pirâmides. 
Elas são formadas por feixes de fibras que conectam as áreas motoras 
cerebrais e os neurônios motores da medula. Na região mais terminal 
do bulbo, as fibras se cruzam e formam a decussação das pirâmides, 
ocasionando o fenômeno da lateralidade apresentada pelo cérebro, 
ou seja, o lado esquerdo controla o lado direito e vice-versa (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016).
A formação reticular está envolvida no controle da respiração, 
manutenção do ciclo sono vigília, sistema vestibular e extrapiramidal e 
controle do sistema autônomo.
28
O cerebelo é a segunda maior estrutura encefálica depois do telencéfalo 
(cérebro) e se localiza nas regiões inferior e posterior da cavidade 
craniana. Ele ocupa um décimo da massa encefálica, mas contém 
metade dos neurônios do encéfalo. Ele se situa posteriormente ao bulbo 
e à ponte e, inferiormente, à parte posterior do telencéfalo (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016).
O encéfalo não é constituído apenas pelo cérebro, embora seja uma 
parte importante de sua constituição. Ele é formado pelo telencéfalo 
(que representa os hemisférios cerebrais), diencéfalo (divide-se 
em epitálamo, tálamo, hipotálamo e subtálamo), cerebelo e tronco 
encefálico (formado pelo mesencéfalo, ponte e bulbo) (FUENTES et al., 
2008).
Figura 2 – Estrutura do encéfalo
Fonte: Pikovitt44/iStock.com.
Quanto à propagação do impulso, o sistema nervoso é dividido em 
sistema nervoso somático e sistema nervoso autônomo. O sistema 
29
nervoso somático inclui as fibras nervosas sensitivas (aferente) e 
motoras (eferentes) que controlam os músculos esqueléticos de forma 
voluntária. É o sistema nervoso da vida de relação, em que relaciona o 
organismo com o meio ambiente. Os neurônios transmitem aferências 
dos receptores para os sentidos somáticos (sensibilidades táteis, 
térmicas, dolorosas e proprioceptivas) e para os sentidos especiais 
(visão, audição, gustação, olfato e equilíbrio). Esses sentidos são 
percebidos conscientemente, por outro lado, os movimentos reflexos 
e voluntários são gerados pelos neurônios motores somáticos que 
inervam os músculos esqueléticos. Quando um neurônio motor 
somático estimula um músculo, ele se contrai e o efeito é de excitação. Já 
se os neurônios motores somáticos interrompem o estímulo muscular, o 
músculo fica paralisado e sem tônus (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Já o sistema nervoso visceral funciona independentemente da vontade 
do indivíduo e da maior parte do cérebro, as suas células se encontram 
próxima da coluna vertebral. O seu funcionamento se dá pelos 
movimentos reflexos, como os batimentos cardíacos e os movimentos 
respiratórios, e se divide em duas partes: aferente e eferente 
(autônomo). No entanto, embora o ato de respirar não seja consciente 
em sua maior parte, os músculos responsáveis pela movimentação 
ventilatória também são músculos esqueléticos controlados por 
neurônios motores somáticos. Assim, se os neurônios motores 
respiratórios param, a respiração também é cessada (OLIVEIRA et al., 
2016).
A eferência do sistema nervoso autônomo apresenta duas partes: a 
parte simpática e a parte parassimpática. A maioria dos órgãos também 
tem dupla inervação, ou seja, recebem impulsos tanto de neurônios 
simpáticos quantoparassimpáticos. A parte parassimpática é conhecida 
como a parte de repouso e suas eferências são direcionadas para os 
músculos lisos, tecido glandular do sistema digestório e respiratório 
ao passo que a parte simpática é excitatória (TORTORA; DERRICKSON, 
2016).
30
O sistema nervoso periférico autônomo simpático e o sistema 
nervoso periférico autônomo parassimpático liberam diferentes 
neurotransmissores que estimulam, enquanto o outro inibe 
determinado órgão. O sistema nervoso periférico autônomo simpático, 
entre outras atividades, libera noradrenalina, adrenalina ou acetilcolina 
que permitem resposta a situações de estresse, como a aceleração do 
batimento cardíaco ou aumento da pressão sanguínea. Já o sistema 
nervoso periférico autônomo parassimpático libera acetilcolina para 
a redução da pressão sanguínea e do ritmo cardíaco (OLIVEIRA et al., 
2015).
Os atos voluntários são comandados pela substância cinza do cérebro, 
que parte para a substância branca da medula espinal, passa para os 
nervos espinais (nervos mistos) e atingem o órgão efetor, produzindo 
uma reação (FUENTES et al., 2008).
O chamado ato reflexo medular consiste em uma emissão de resposta 
a um dado estímulo recebido por um nervo, por meio de um processo 
excitatório e que ocorre somente na medula, sem a participação das 
estruturas do encéfalo. Essa ocorre de forma inconsciente (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016).
Por outro lado, o córtex motor primário se constitui na região que 
trabalha associada a outras áreas motoras, como o córtex pré-motor, a 
área motora suplementar, o córtex parietal posterior e outras regiões 
subcortical, com o objetivo de planejar e executar os movimentos 
(OLIVEIRA et al., 2015).
O encéfalo e a medula espinal são protegidos pelos ossos e por três 
camadas sobrepostas de tecido conjuntivo chamado de meninges. Essas 
estruturas recebem o nome de dura-máter, aracnoide e pia-máter. Os 
vasos sanguíneos necessários para a nutrição e oxigenação do sistema 
nervoso central estão localizados na pia-máter. Entre as trabéculas da 
31
aracnoide, há um espaço preenchido pelo líquido cerebrospinal que tem 
como função proteger de choques mecânicos (OLIVEIRA et al., 2015).
Figura 3 – Estruturas das meninges
Fonte: nmfotograf/iStock.com. 
 
1.3 Neuroimagem estrutural e funcional
A parte central do sistema nervoso é plástico e adaptativo tanto em nível 
pré-sináptico quanto pós-sináptico. Quanto mais jovem é o indivíduo, 
maior é a sua plasticidade cerebral. Em uma mesma faixa etária também 
há diferenças individuais do modo como processam cognitivamente as 
tarefas e enfrentam doenças degenerativas, conforme as experiências e 
aprendizados singulares (CAIXETA; TEIXEIRA, 2014).
O conceito de reserva cognitiva significa a capacidade do cérebro 
armazenar por períodos longos as habilidades que foram adquiridas 
durante a vida e resistir aos prejuízos de um quadro demencial, evitando 
32
o surgimento de sintomas clínicos significativos no início da doença. 
Quanto maior as habilidades adquiridas pelo indivíduo, maior a chance 
de possuir reserva cognitiva (CAIXETA; TEIXEIRA, 2014).
Nas últimas décadas, houve um grande avanço em relação ao 
diagnóstico por imagem complementar a outros exames para 
investigação demencial e/ou prejuízo cerebral. Tanto a anatomia normal 
quanto as alterações morfológicas e funcionais do sistema nervoso 
central podem ser demonstradas com excelente qualidade e sem ser 
um método invasivo. Por sua vez, os principais métodos de imagem 
utilizados são a tomografia computadorizada e a ressonância magnética 
(MIOTTO; LUCIA; SCAFF, 2012).
A ressonância magnética é, hoje, a modalidade de neuroimagem mais 
utilizada para a avaliação in vivo de quadros demenciais, pois fornece 
informações detalhadas sobre estrutura cerebral e permite uma 
distinção clara entre substância cinzenta, substância branca e líquido 
cerebrospinal. Com ela é possível caracterizar a atrofia cerebral regional 
subjacente aos sintomas demenciais e descartar a presença de outras 
lesões que podem estar na base do declínio cognitivo (MIOTTO; LUCIA; 
SCAFF, 2012).
Além das alterações neuroanatômicas, avanços recentes na 
neuroimagem proporcionaram o reconhecimento do papel da presença 
de disfunções cerebrais de redes de conexão cerebral nas alterações de 
comportamento de idosos com doenças neurodegenerativas. Por meio 
das tomografias por emissão de pósitrons (PET) e computadorizada por 
emissão de fóton único (SPECT), usando traçadores para o metabolismo 
de glicose (com PET) ou para mapeamentos de fluxo sanguíneo 
cerebral, são característicos os achados de hipoatividade funcionais nas 
regiões temporoparietais e do cíngulo posterior em casos de doença 
de Alzheimer inicial. Esses achados de hipoatividade cerebral regional 
são diretamente proporcionais à gravidade dos déficits cognitivos 
característicos da doença. Tais déficits neurofuncionais podem proceder 
33
ao surgimento dos achados de atrofia cerebral identificáveis por meio de 
ressonância magnética em caso de suspeita de demência de Alzheimer 
(FUENTES et al., 2008).
Além das técnicas de PET e SPECT, conta-se atualmente com exames 
de ressonância magnética funcional, em que são avaliadas flutuações 
espontâneas da atividade funcional em diferentes regiões cerebrais na 
presença de um estímulo explicito. Na doença de Alzheimer, exames 
de ressonância funcional detectam disfunções em sistemas complexos 
de interconexões de regiões cerebrais, diretamente relacionados aos 
problemas cognitivos (memória, atenção, linguagem, visioespaciais e 
funções executivas) e sintomas neuropsiquiátricos (apatia, depressão, 
agitação, desinibição e outros) presentes na doença. Assim, a 
neuroimagem funcional permite a associação entre anormalidades do 
funcionamento cerebral em regiões circunscritas e alterações específicas 
do comportamento e da cognição em transtornos neurodegenerativos 
(MIOTTO; LUCIA; SCAFF, 2012).
Apesar das diferenças existentes entre os indivíduos em decorrência 
dos fatores genéticos e heterogeneidade da interação ambiental, 
o entendimento geral por parte dos profissionais da saúde acerca 
das estruturas subjacentes ao funcionamento cerebral se torna 
imprescindível para um melhor diagnóstico e intervenção terapêutica 
subsequente. Atualmente, diferentes recursos com comprovação 
científica baseados em estímulo cognitivo de outras áreas 
compensatórias àquela habilidade lesionada ou perdida têm sido 
adotados.
Apesar das diferenças existentes entre os indivíduos em decorrência 
dos fatores genéticos e heterogeneidade da interação ambiental, 
o entendimento geral por parte dos profissionais da saúde acerca 
das estruturas subjacentes ao funcionamento cerebral torna-se 
imprescindível para um melhor diagnóstico e intervenção terapêutica 
subsequente.
34
Referências
FUENTES, D. et al. Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2008.
MIOTTO, E. C.; LUCIA, M. C. S.; SCAFF, M. Neuropsicologia clínica. São Paulo: Roca, 
2012.
MOURÃO-JÚNIOR, C. A.; OLIVEIRA, A. O.; FARIA, E. L. B. Neurociência cognitiva e 
desenvolvimento humano. Temas em educação e saúde, Araraquara, v. 7, 2017. 
Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/tes/article/view/9552. Acesso em: 
27 set. 2021.
OLIVEIRA, A. A.; NETO, F. H. C. Anatomia e Fisiologia: a incrível máquina do corpo 
humano. Fortaleza: Educacional, 2015.
SERAFIM, A. P.; ROCCA, C. C. A.; GONÇALVES, P. D. Intervenções neuropsicológicas 
em saúde mental. Baueri: Manole, 2020.
TORTORA, G. F.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. Rio de 
Janeiro: E. Guanabara Koogan, 2016.
https://periodicos.fclar.unesp.br/tes/article/view/9552
35
Lobos do cérebro: Frontal, 
Temporal, Parietal, Occiptal, 
Insular e Límbico
Autoria: Marisa Martin Crivelaro Romão
Leitura crítica: Cristiano da Rosa
Objetivos
• Conceituar e diferenciar as estruturas de cada lobo 
cerebral.
• Introduzir as funções dos principais lobos cerebrais, 
ínsula e outras estruturas cerebrais relacionadasà 
cognição.
• Propiciar o entendimento global do funcionamento 
dos lobos cerebrais e sua interligação para a geração 
de comportamento. 
36
1. Lobos do cérebro
Envolto pelo neurocrânio temos algumas estruturas, como o telencéfalo. 
Ele é conhecido como “sede da inteligência”, pois corresponde a 
capacidade do indivíduo falar, escrever, ler e fazer cálculos. Além 
disso, o telencéfalo (cérebro) possui a importante função de recordar 
do passado, planejar o futuro e pela criatividade. Ele é constituído 
externamente pelo córtex cerebral, núcleos de substância cinzenta 
situados na substância branca e uma área interna de substância branca 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Na face externa do telencéfalo se localiza uma região de substância 
cinzenta chamada córtex cerebral. Ele apresenta apenas 2 a 4 mm de 
espessura, mas contém bilhões de neurônios organizados em camadas. 
Durante o processo embrionário, quando o encéfalo se desenvolve 
rapidamente, a substância cinzenta do córtex cerebral se desenvolve 
ainda mais rápido do que a substância branca, o que acaba ocasionando 
dobras sobre si mesmo para que possa caber dentro da calota craniana. 
Essas dobras formam pregas conhecidas como giros ou circunvoluções, 
as fendas mais profundas entre os giros recebem o nome de fissuras e 
as mais superficiais de sulcos (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
A fissura mais profunda, chamada fissura longitudinal, separa o 
telencéfalo em duas metades que recebem o nome de hemisférios 
cerebrais. Já a foice do cérebro se situa na fissura longitudinal. Esses 
hemisférios são internamente conectados pelo corpo caloso, uma 
região de substância branca que contém axônios projetados entre os 
hemisférios (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Embora o encéfalo seja quase simétrico, existem diferenças anatômicas 
sutis entre os dois hemisférios. Por sua vez, essa assimetria surge no 
feto humano durante a trigésima semana de gestação. Há também 
diferenças fisiológicas, pois, embora os dois hemisférios compartilhem 
várias funções, cada hemisfério pode desempenhar funções específicas. 
37
Esta assimetria funcional é conhecida como lateralização hemisférica 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Apesar de existirem algumas diferenças significativas nas funções dos 
dois hemisférios, observa-se uma variação considerável de uma pessoa 
para outra. Além disso, a lateralização parece ser menos profunda em 
mulheres do que em homens, tanto para linguagem no hemisfério 
esquerdo quanto para habilidades visuais e espaciais no hemisfério 
direito (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
1.1 Estruturas do encéfalo: definição e funcionalidade
A clássica divisão de cada hemisfério cerebral em cinco lobos (frontal, 
parietal, occipital, temporal e insular) toma como principais limites 
o sulco central, a fissura lateral ou silviana e uma linha imaginária 
que une a emergência superomedial do sulco parieto-occipital com a 
incisura pré-occipital, que se situa na borda inferolateral, a cerca de 
5 cm anteriormente ao polo occipital, e nomeia as diferentes regiões 
superficiais conforme o osso craniano com que se relaciona. A mais 
recente concepção considera os giros pré e pós-central como um lobo 
(lobo central) e as estruturas corticais e nucleares que envolvem o 
diencéfalo como outro lobo isolado (lobo límbico) (MENESES, 2015).
Portanto, o telencéfalo se divide em sete lobos cerebrais, com atividades 
especializadas e específicas em cada uma e que recebem o nome 
conforme os ossos que recobrem: Lobo Frontal, Lobo Occipital, Lobo 
Temporal, Lobo Parietal, Lobo Ínsular, Lobo Límbico e Lobo Central 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
O sulco central separa o lobo frontal do lobo parietal. Um giro 
importante, o giro pré-central – localizado imediatamente anterior 
ao sulco central – contém a área motora primária do córtex cerebral. 
Outro giro importante, o giro pós-central, o qual se situa imediatamente 
posterior ao sulco central contém a área somatossensitiva primária. 
38
O sulco cerebral lateral separa o lobo frontal do lobo temporal. Já 
o sulco parietoccipital separa o lobo parietal do lobo occipital. Uma 
quinta porção do telencéfalo, o lobo ínsular, não pode ser vista 
superficialmente, porque se encontra dentro do sulco cerebral lateral 
profundamente aos lobos parietal, frontal e temporal (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016).
Figura 1 – Estrutura dos Lobos cerebrais
Fonte: VikiVector/iStock.com.
A substância branca cerebral é constituída por axônios mielinizados 
organizados em três tipos de trato: fibras de associação, fibras 
comissurais e fibras de projeção (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
As fibras de associação contêm axônios responsáveis pela condução 
de impulsos nervosos entre os giros do mesmo hemisfério (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016).
39
Já as fibras comissurais possuem axônios que transportam impulsos de 
giros de um hemisfério cerebral para o giro correspondente no outro 
hemisfério. São exemplos importantes o corpo caloso (o maior feixe de 
fibras encefálicas, contendo cerca de 300 milhões de fibras), a comissura 
anterior e a comissura posterior (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
As fibras de projeção são constituídas por axônios condutores de 
impulsos nervosos do telencéfalo para partes inferiores da parte central 
do sistema nervoso (tálamo, tronco encefálico e medula espinal) ou 
vice-versa. Um exemplo é a cápsula interna, faixa espessa de substância 
branca formada por axônios ascendentes e descendentes (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016).
Dentro de cada hemisfério cerebral existem três núcleos (aglomerados 
de substância cinzenta) denominados de núcleos da base. Os núcleos da 
base se situam lado a lado, laterais ao tálamo: o globo pálido, localizado 
mais próximo do tálamo; e o putame, situado mais próximo do córtex 
cerebral. Juntos, esses núcleos originam o núcleo lentiforme. O terceiro 
dos núcleos da base é o núcleo caudado, que tem uma grande “cabeça” 
ligada a uma “cauda” menor por meio de um longo “corpo” em forma 
de vírgula. Os núcleos lentiforme e caudado formam juntos o corpo 
estriado, que recebe esse nome porque se refere à aparência estriada 
da cápsula interna ao passar entre os núcleos da base. A substância 
negra do mesencéfalo e os núcleos subtalâmicos do diencéfalo estão 
funcionalmente conectados aos núcleos da base. Já os axônios da 
substância negra terminam no núcleo caudado e no putame e os 
núcleos subtalâmicos se comunicam com o globo pálido (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016).
O claustro, por sua vez, se constitui em uma lâmina fina de substância 
cinzenta lateral ao putame e pode ser considerada uma subdivisão dos 
núcleos da base. A função do claustro ainda não foi esclarecida, mas 
parece estar envolvida com a atenção visual (TORTORA; DERRICKSON, 
2016).
40
Os núcleos da base apresentam várias conexões entre si e recebem 
aferências do córtex cerebral e produzem eferências para partes 
motoras do córtex por meio dos núcleos mediais e ventrais do 
tálamo. Eles apresentam a função de ajudar na regulação do início e 
término dos movimentos. A atividade neuronal no putame precede ou 
antecipa movimentos corporais; no núcleo caudado acontece antes 
dos movimentos oculares. O globo pálido ajuda na regulação do tônus 
muscular necessário para movimentos corporais específicos. Os núcleos 
da base também controlam contrações subconscientes dos músculos 
esqueléticos (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Além disso, os núcleos da base auxiliam no início e no término de alguns 
processos cognitivos – como a atenção, a memória e o planejamento 
– e podem atuar no sistema límbico na regulação de comportamentos 
emocionais. Os transtornos como a doença de Parkinson, o transtorno 
obsessivo-compulsivo, a esquizofrenia e a ansiedade crônica envolvem 
disfunções dos circuitos entre os núcleos da base e o sistema límbico 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
1.1.1. Lobo Límbico
O termo lobo límbico foi inicialmente utilizado por Pierre Paul Broca, 
neurologista francês do século XIX, ao observar que determinadas 
estruturas mediais que se dispunhamem forma de C em torno da região 
diencefálica se relacionavam com a fisiologia das emoções. Segundo 
Meneses (2015), o termo límbico é de origem latina e significa borda, 
margem.
Na face interna do telencéfalo e no assoalho do mesencéfalo, 
circundando a parte superior do tronco encefálico e o corpo caloso, 
existe um conjunto de estruturas que formam o sistema límbico. Os 
principais componentes do sistema límbico são o lobo límbico, o giro 
denteado e o corpo amigdaloide (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
41
O lobo límbico consiste em uma margem do córtex cerebral na face 
medial de cada hemisfério; é onde está localizado o chamado giro do 
cíngulo, acima do corpo caloso e o giro para-hipocampal, situado no 
lobo temporal. O hipocampo faz parte do giro para-hipocampal que se 
estende até o assoalho do quarto ventrículo (TORTORA; DERRICKSON, 
2016).
O giro denteado se localiza entre o hipocampo e o giro para-hipocampal. 
O corpo amigdaloide é composto por vários grupos de neurônios 
situados próximo à cauda do núcleo caudado (TORTORA; DERRICKSON, 
2016). O sistema límbico auxilia no processo de memória por meio de 
várias estruturas interligadas. Essas estruturas são os núcleos septais, 
corpos mamilares do hipotálamo, dois núcleos talâmicos (anterior 
e medial), os bulbos olfatórios, o fórnice, a estria terminal, a estria 
medular, o fascículo medial do telencéfalo e o fascículo mamilotalâmico 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Os núcleos septais estão localizados na área septal, formada por regiões 
abaixo do corpo caloso e do giro paraterminal (um giro cerebral). 
Os corpos mamilares do hipotálamo são duas massas arredondadas 
próximas da linha média e dos pedúnculos cerebrais. Por sua vez, 
os bulbos olfatórios consistem em estruturas achatadas pertencentes à 
via olfatória que estão localizados sobre a lâmina ceribriforme. O fórnice, 
a estria terminal, a estria medular, o fascículo medial do telencéfalo e 
o fascículo mamilotalâmico são feixes de axônios mielinizados que se 
conectam entre si (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
O sistema límbico é apelidado por alguns autores como “cérebro 
emocional”, pois, sua função primária se relaciona a uma série de 
emoções. Além disso, se relaciona com o olfato e com a memória 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Em experimentos com animais, quando diferentes áreas de sistemas 
límbicos dos animais foram ativadas, as suas reações sugeriram a 
42
sensação de dor intensa ou prazer extremo. Docilidade e afeto foram 
produzidos após a estimulação de outras áreas do sistema límbico dos 
animais. A estimulação do corpo amigdaloide ou de certos núcleos 
hipotalâmicos de um gato produz um padrão comportamental 
conhecido como raiva – o gato mostra suas garras, eleva sua cauda, 
abre seus olhos, sibila e cospe. Por outro lado, a remoção do corpo 
amigdaloide faz com que o animal não sinta medo ou demonstre 
agressividade. Já o indivíduo que apresenta lesão no corpo amigdaloide 
não consegue reconhecer expressões de medo nas demais pessoas ou 
sentir medo em situações em que seria esperada esta reação, como ao 
ser atacado por um animal (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
Descobriu-se que uma lesão no sistema límbico afeta a memória, logo, 
o sistema límbico em conjunto com outras áreas do telencéfalo possui 
funções na memória. Uma porção do sistema límbico, o hipocampo, 
apresenta uma característica não encontrada em outras estruturas da 
parte central do sistema nervoso, que são as células que passam pelo 
processo de mitose. Assim, a parte do encéfalo que é responsável por 
alguns aspectos da memória pode desenvolver novos neurônios, mesmo 
em pessoas idosas (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
1.1.2. Lobo Frontal
O lobo frontal se situa na região anterior ao sulco central. Segundo 
Barbin (2018), é formado por várias áreas funcionalmente distintas, 
sendo responsável pelo planejamento de ações e pensamento abstrato.
O córtex frontal decide quais são e a ordem das sequências de 
movimento necessárias, analisando os resultados diante de uma tarefa 
difícil. Eles são responsáveis pela fluidez do pensamento e da área da 
linguagem, pelas emoções, julgamento social, volição, atenção seletiva, 
pensamento abstrato e criatividade. De acordo com Barbin (2018), 
lesões nessa área levam o indivíduo a apresentar rigidez mental para 
43
estratégias necessárias frente a mudanças e/ou não conseguir executar 
uma sequência de ações de modo correto.
Em regiões diferentes do córtex cerebral são processados tipos 
específicos de sinais sensitivos, motores e integradores. As áreas 
sensitivas recebem as informações sensitivas, ou seja, diz respeito 
à percepção e consciência de uma sensação. As áreas motoras são 
responsáveis pelo controle dos movimentos voluntários e as áreas 
associativas integram as funções mais complexas, como a memória, as 
emoções, o raciocínio, a volição, a crítica, a personalidade e a inteligência 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
A área motora primária situa-se no giro pré-central do lobo frontal. 
Assim como na área somatossensitiva primária, um “mapa” de todo 
o corpo está presente na área motora primária, ou seja, cada região 
controla as contrações voluntárias de músculos específicos ou de 
grupos musculares. Os estímulos elétricos em qualquer ponto da 
área motora primária causam a contração de fibras musculares 
esqueléticas específicas no lado oposto do corpo. Já os diferentes 
músculos apresentam diferentes representações nessa área e uma área 
cortical maior é dedicada para os músculos envolvidos em movimentos 
complexos ou delicados. Por exemplo, a região cortical relacionada aos 
músculos que movimentam os dedos das mãos é maior que a região 
envolvida com os dedos dos pés. Esse mapa muscular distorcido é 
conhecido como homúnculo motor (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
A área de Broca está localizada no lobo frontal, próxima ao sulco 
cerebral lateral. Assim, falar e compreender a linguagem são atividades 
complexas que envolvem muitas áreas sensitivas, associativas e 
motoras do córtex. Em grande porcentagem da população, essas áreas 
de linguagem se situam no hemisfério esquerdo. O planejamento e 
a produção da fala ocorrem no lobo frontal esquerdo da maioria dos 
indivíduos. Já os impulsos nervosos originados na área de Broca passam 
para as regiões pré-motoras que controlam os músculos da laringe, 
44
da faringe e da boca. Os impulsos da área pré-motora resultam em 
contrações musculares específicas coordenadas, simultaneamente, 
os impulsos se propagam da área de Broca para a área motora 
primária. Desse ponto, os impulsos também controlam os músculos 
ventilatórios para que possam regular o fluxo de ar pelas pregas vocais. 
As contrações coordenadas dos músculos relacionados com a fala e a 
ventilação possibilitam a expressão dos pensamentos. As pessoas que 
sofrem um acidente vascular encefálico (AVE) na área de Broca ainda 
conseguem ter pensamentos coerentes, mas não conseguem formar 
palavras, esse fenômeno é conhecido como afasia motora (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016).
As áreas associativas do telencéfalo são formadas por grandes 
regiões dos lobos occipitais, parietais e temporais e dos lobos frontais 
anteriormente às áreas motoras. As áreas associativas estão conectadas 
entre si por tratos associativos (TORTORA; DERRICKSON, 2016),
A área de associação somatossensitiva se situa posterior à área 
somatossensitiva primária e recebe aferências dessa área, bem como do 
tálamo e de outras áreas do encéfalo. Essa área determina a forma e a 
textura exatas de um objeto, determina a orientação de um objeto em 
relação a outro e perceba a relação de uma parte do corpo com outro. 
Além disso, ela apresenta a função de armazenamento de experiências 
sensitivas somáticas, o que permite a comparação das sensações atuais 
com as experiências prévias. Por exemplo, segundo Tortora e Derrickson 
(2016), a área de associação somatossensitiva permite o reconhecimento 
de objetos, como um lápis ou um clipe, simplesmente pelo tato.
A área de associação visual,situada no lobo occipital, recebe impulsos 
sensitivos da área visual primária e do tálamo. Ela envolve experiências 
visuais presentes com as passadas e é imprescindível para o 
reconhecimento e avaliação do que está sendo vivenciado. Por exemplo, 
essa área possibilita o reconhecimento de um objeto, como uma colher, 
apenas ao enxergá-la (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
45
A área de associação facial, localizada no lobo temporal inferior, recebe 
impulsos da área de associação visual. Essa área armazena informações 
sobre expressões faciais e permite o reconhecimento de pessoas através 
de suas faces. A área de reconhecimento facial no hemisfério direito é, 
geralmente, dominante em relação à área correspondente no hemisfério 
esquerdo (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
A área de associação auditiva, localizada inferior e posteriormente à área 
auditiva primária no córtex temporal, permite o reconhecimento de um 
som específico, como uma fala, um ruído ou uma música (TORTORA; 
DERRICKSON, 2016).
O córtex orbitofrontal, que se situa na parte lateral do lobo frontal, 
recebe impulsos sensitivos da área olfatória primária. Nesse sentido, 
essa área cortical permite identificar e discriminar vários odores. 
Durante o processamento olfatório, o córtex orbitofrontal do 
hemisfério direito tem maior atividade que a região correspondente do 
lado esquerdo (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
A área de Wernicke, que corresponde a uma grande região nos 
lobos temporal e parietal esquerdos, interpreta o significado da fala 
por meio do reconhecimento das palavras faladas. Ela está ativa 
quando você transforma palavras em pensamentos. As regiões do 
hemisfério direito que correspondem às áreas de Broca e Wernicke no 
hemisfério esquerdo também contribuem com a comunicação verbal 
por meio do acréscimo de emoções, como raiva ou alegria, nas palavras 
faladas. Ao contrário dos indivíduos com AVE na área de Broca, as 
pessoas que sofrem AVE na área de Wernicke ainda conseguem falar, 
mas não conseguem ordenar as palavras de modo coerente. Esse 
fenômeno recebe o nome de afasia sensitiva ou “salada de palavras” 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
A área integradora comum é delimitada pelas áreas de associação 
somatossensitiva, visual e auditiva. Ela recebe impulsos nervosos 
46
dessas áreas, da área gustativa primária, da área olfatória primária, 
do tálamo e de partes do tronco encefálico. Já essa área integra 
interpretações sensitivas das áreas de associação e impulsos de outras 
áreas, permitindo a formação de pensamentos baseados em uma série 
de aferências sensitivas. Após a integração dessas informações, essa 
área transmite sinais para outras partes do encéfalo para que seja 
elaborada a resposta apropriada às informações sensitivas interpretadas 
(TORTORA; DERRICKSON, 2016).
O córtex pré-frontal ou área frontal de associação é uma grande região 
localizada na parte anterior do lobo frontal muito desenvolvida em 
primatas, especialmente em humanos. Desse modo, essa área tem 
muitas conexões com outras áreas corticais, tálamo, hipotálamo, sistema 
límbico e cerebelo. O córtex pré-frontal está relacionado com uma 
série de funções, como a formação da personalidade de um indivíduo, 
inteligência, capacidades de aprendizado complexo, lembrança de 
informações, iniciativa, juízo crítico, antevisão, raciocínio, consciência, 
intuição, humor, planejamento do futuro e desenvolvimento de ideias 
abstratas. Um indivíduo que apresente lesões em ambos os córtices pré-
frontais tende a se tornar rude, insensível, incapaz de aceitar conselhos, 
temperamental, desatento, menos criativo, incapaz de planejar o 
futuro e incapaz de antecipar as consequências de comportamentos ou 
palavras grosseiras e inapropriadas (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
A área pré-motora é uma área de associação motora que está 
imediatamente anterior à área motora primária. Os neurônios dessa 
região se comunicam com o córtex motor primário, as áreas de 
associação sensitiva no lobo parietal, os núcleos da base e o tálamo. 
A área pré-motora é responsável pelas atividades motoras adquiridas 
que sejam complexas e sequenciais, como a escrita. Segundo Tortora e 
Derrickson (2016), essa região também serve como um banco de registro 
para tais movimentos.
47
A área dos campos oculares frontais, localizada no córtex frontal, é por 
vezes incluída na área pré-motora. Ela controla os movimentos oculares 
voluntários de perseguição, sendo muito usada ao se fazer a leitura de 
uma frase, por exemplo (TORTORA; DERRICKSON, 2016).
1.1.3. Lobo Occipital
Posteriormente, os lobos occipitais posicionados são separados dos 
lobos parietal e temporal pelo plano do sulco parietoccipital, visível 
na face medial do cérebro em uma hemissecção do encéfalo. O ponto 
posterior extremo do lobo occipital, que se projeta posteriormente, é 
o polo occipital. Já os hemisférios ocupam toda a parte supratentorial da 
cavidade do crânio. Segundo Meneses (2015), os lobos frontais ocupam 
as fossas anteriores do crânio, os lobos temporais ocupam as partes 
laterais das fossas médias do crânio, e os lobos occipitais estendem-se 
posteriormente sobre o tentório do cerebelo.
Na superfície medial do hemisfério, por sua vez, o lobo occipital é 
delimitado e definido por sulcos e giros bem definidos e constantes. O 
seu sulco principal é a fissura calcarina, que se dispõe pouco acima da 
margem inferomedial do hemisfério. A fissura calcarina se inicia sob 
o esplênio do corpo caloso, delimitando inferiormente o istmo do giro 
cíngulo, e se estende posteriormente constituindo uma leve curvatura de 
convexidade superior de cujo ponto mais alto emerge, superiormente, 
o sulco parieto-occipital, que delimita anteriormente o lobo occipital na 
face medial do hemisfério. Posteriormente, a fissura calcarina ultrapassa 
a margem superomedial, estendendo-se para a superfície superolateral 
do hemisfério cerebral (MENESES, 2015).
O ponto de emergência do sulco parieto-occipital divide a fissura 
calcarina nos segmentos proximal e distal, e, entre esse último e o sulco 
parieto-occipital, dispõe-se o lóbulo cuneal ou cuneus, que recebe essa 
denominação devido à sua forma de cunha (MENESES, 2015).
48
1.1.4. Lobo Temporal
O lobo temporal se situa inferiormente à fissura silviana e, 
posteriormente, é delimitado pela linha arbitrária que une a 
extremidade superomedial do sulco parieto-occipital com a incisura 
pré-occipital. A sua superfície lateral apresenta dois sulcos paralelos 
ao ramo posterior da fissura silviana: os sulcos temporais superior e 
inferior, que delimitam, respectivamente, os giros temporais superior, 
médio e inferior nas proximidades do polo temporal e terminam 
posteriormente aos limites desse lobo. No entanto, ao contrário do sulco 
temporal superior, o sulco temporal inferior é geralmente descontinuo e 
composto por dois ou mais segmentos (MENESES, 2015).
O plano polar tem o seu assoalho constituído por giros transversos 
curtos, inclinação oblíqua a partir do giro temporal superior e o seu 
limite inferior é dado pelo segmento inferior do sulco circular da ínsula 
que se dispõe na profundidade da fissura silviana. O plano temporal, 
por sua vez, tem forma triangular com vértice interno que corresponde 
justamente ao vértice posterior da profundidade da fissura silviana, local 
em que o segmento superior do sulco circular da ínsula se encontra 
com o seu segmento ou porção inferior. De acordo com Meneses (2015), 
dispõe-se horizontalmente e confronta a superfície inferior do giro 
supramarginal, como que sustentando a porção mais anterior desse 
giro.
O Lobo Temporal envolve o processamento dos estímulos auditivos 
para que o reconhecimento dos tipos diferentes de sons ocorra. As 
informações são processadas por associação, isto é, quando a área 
auditiva primária é estimulada, os sons são produzidos e as enviados 
à área auditiva secundária, que interage com outras zonas do cérebro, 
atribuindo um significado e permitindo ao indivíduo reconhecer o que 
está ouvindo(MIOTTO; LUCIA; SCAFF, 2012).
49
Os Lobos Temporais são responsáveis pela percepção auditiva, 
linguagem receptiva, memória declarativa e visual e emoção. Uma lesão 
no lobo temporal direito leva à perda de sensibilidade para estímulos 
auditivos não verbais, como a música. Já lesões do lobo temporal 
esquerdo acarretam comprometimento do reconhecimento, na 
memória e na formação da linguagem (MIOTTO; LUCIA; SCAFF, 2012).
1.1.5. Lobo Parietal
O lobo parietal é constituído por giros particularmente serpiginosos, 
curvos, denominados lóbulos. Na superfície superolateral, o lobo 
parietal é delimitado, anteriormente, pelo sulco pós-central e, 
posteriormente, pela linha imaginária que une o ponto de emergência 
do sulco parieto-occipital, na borda superomedial, com a incisura pré-
occipital, situada na borda inferolateral, a cerca de 5 cm anteriormente 
ao polo occipital. Nessa superfície, destaca-se o sulco intraparietal, 
que geralmente se inicia a meia altura do sulco pós-central, dispõe-se 
predominantemente de forma longitudinal e, posteriormente, penetra 
no lobo occipital, onde costuma conectar-se em ângulo reto a um sulco 
occipital transverso (MENESES, 2016).
Segundo Meneses (2016), na superfície medial do hemisfério, o lóbulo 
denominado pré-cuneus tem forma quadrangular é delimitado, 
anteriormente, pelo ramo marginal do sulco do cíngulo, posteriormente 
pelo sulco parieto-occipital e inferiormente pelo sulco subparietal, 
posteriormente ao qual se conecta com o istmo do giro do cíngulo e com 
o giro para-hipocampal.
Na porção anterior dos lobos parietais, localiza-se o giro para-
hipocampal responsável pela integração dos estímulos sensoriais no 
corpo para reconhecimento e lembrança da textura, forma e peso dos 
objetos. É a parte mais sensível e maior que região posterior devido ao 
número de informações que são captados e processados pelos órgãos 
50
dos sentidos. As lesões no giro para-hipocampal podem ocasionar 
dificuldade de reconhecimento de objetos pelo tato e é chamado de 
astereognosia. A zona posterior é uma área secundária e responsável 
pela análise, interpretação e associação das informações recebidas pelo 
córtex somatossensorial primário. Assim, o indivíduo consegue se situar 
no espaço e reconhecer um objeto pelo tato, por exemplo (MIOTTO; 
LUCIA; SCAFF, 2012).
As áreas posterolaterais ao giro pós-central são responsáveis pelas 
funções visuoespaciais e as integram com outras sensações para gerar 
consciência das trajetórias de objetos em movimento. Elas também são 
mediadoras da propriocepção, ou seja, percepção da posição das áreas 
do corpo (MIOTTO; LUCIA; SCAFF, 2012).
As partes do lóbulo parietal superomedial, no hemisfério 
dominante, estão relacionadas às habilidades como cálculo, escrita, 
lateralidade e reconhecimento dos dedos. Já as lesões no giro angular 
ocasionam comprometimento no cálculo, na escrita e lateralidade, 
sendo conhecido como anosognosia. As grandes lesões no Lobo Parietal 
direito podem levam o indivíduo a não reconhecer uma paralisia do 
lado oposto, já indivíduos com traumas menores podem ocasionar 
maior dificuldade para a realização de atividades de vida diária (AVD), 
como por exemplo, se vestir e/ou tomar banho sozinho, gerando um 
comprometimento manual-espacial denominada apraxia (MIOTTO; 
LUCIA; SCAFF, 2012).
1.1.6. Lobo Ínsular
O lobo ínsular é um lobo localizado no fundo do sulco lateral no córtex 
cerebral. Ele desempenha um papel em determinadas funções de 
linguagem. Lesão nesta área pode levar a um quadro de afasia. (BARBIN, 
2018, p.80)
51
Na década de noventa, por meio do avanço nas técnicas de análise e 
diagnóstico, descobriu-se a sua função de empatia e percepção de si 
próprio. A partir dos estudos também se descobriu que ela influencia no 
cotidiano ao influenciar as demais estruturas cerebrais para uma reação 
positiva ou negativa das experiências. Ela atua na volição, vícios, afetos, 
gosto, tomada de decisões etc. Segundo Barbin (2018), as lesões nessa 
área cerebral podem provocar profunda apatia, ou seja, incapacidade do 
indivíduo aproveitar qualquer aspecto de sua vida ou mesmo diferenciar 
funções básicas como de “repulsa” em relação a um alimento estragado, 
por exemplo.
A ínsula é constituída por uma superfície cortical invaginada sob os 
seus opérculos frontal, frontoparietal e temporal, de modo a constituir 
o assoalho da fissura silviana, que se situa entre os mencionados 
opérculos. Essa situação topográfica se deve ao maior crescimento 
dessas áreas corticais subjacentes que acabaram por recobri-la durante 
os seus desenvolvimentos embriológicos (MENESES, 2016).
O opérculo frontal se dispõe entre os ramos horizontal e ascendente 
anterior do giro frontal inferior, correspondendo, portanto, à sua parte 
triangular e relacionando-se com o ramo anterior ou eixo da fissura 
silviana. O opérculo frontoparietal se dispõe entre o ramo ascendente 
anterior e o ramo ascendente posterior da fissura silviana, relacionando-
se, portanto, com o ramo posterior dessa fissura. É constituído pela 
parte opercular do giro frontal inferior, pelas porções mais inferiores dos 
giros pré e pós-centrais e pela porção também mais inferior da parte 
anterior do giro supramarginal. O opérculo temporal, já mencionado 
e descrito em conjunto com o lobo temporal, é constituído pelo giro 
temporal superior. A superfície da ínsula tem a forma de uma pirâmide 
invertida, com o limen insula e formando o seu ápice e apontando para 
a substância perfurada anterior. Ela constitui a cobertura externa do 
claustrum e do putame. A sua superfície é, geralmente, formada por 
cinco giros, sendo os três anteriores os giros curtos da ínsula e os dois 
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posteriores os seus giros longos; esses últimos estão separados pelos 
sulcos pré-central, central e pós-central da ínsula (MENESES, 2016).
Referências
BARBIN, I. C. C. Anatomia e fisiologia humana. Londrina: Educacional, 2018.
MENESES, M. S. Neuroanatomia aplicada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2015.
MIOTTO, E. C.; LUCIA, M. C. S.; SCAFF, M. Neuropsicologia clínica. São Paulo: Roca, 
2012.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
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Estruturas cerebrais e funções 
cognitivas
Autoria: Marisa Martin Crivelaro Romão
Leitura crítica: Cristiano da Rosa
Objetivos
• Propiciar o conhecimento de um breve histórico dos 
estudos sobre as estruturas cerebrais e as funções 
cognitivas.
• Introduzir as principais funções cognitivas e suas 
estruturas cerebrais relacionadas.
• Proporcionar uma visão geral dos processos 
cognitivos e funcionamento cerebral.
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1. Estruturas cerebrais e funções cognitivas
Há muito tempo, o cérebro humano desperta a curiosidade das 
pessoas, principalmente após a descoberta da unidade básica do 
cérebro, o neurônio. Desde então surgiram muitas pesquisas sobre o 
funcionamento cerebral e a localização de suas funções cognitivas sob 
uma perspectiva localizacionista e holista.
O entendimento e a compreensão do funcionamento cerebral por 
parte da neurociência são essenciais para um entendimento global 
e aprofundado do indivíduo, para propiciar novos tratamentos mais 
eficazes em prol da melhoria de qualidade dos indivíduos acometidos 
ou não por alguma enfermidade. Além disso, é onde a neuropsicologia 
passa a se desenvolver e se afirmar como ciência.
1.1 Um breve histórico
No século XIX, o conhecimento do cérebro humano se dava por meio da 
análise dos cérebros após o falecimento do indivíduo e da observação 
clínica do comportamento do indivíduo depois de uma lesão no 
cérebro. Dessa forma, ocorreu após o acidente em uma estrada de 
ferro americana em que um jovem chamado Franz Gall teve seu cérebro 
atravessado por uma barra de ferro em consequência de uma explosão. 
Inicialmente, não foi observada nenhuma alteração, dado que o jovem 
continuou andando comendo e se comunicando. No entanto, segundo 
Maranhã-Filho (2014), com o tempo, se notou uma mudança drástica

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