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Licenciamento ambiental - Histórico, conceitos, objetivos e tipos Apresentação Em território nacional, o licenciamento ambiental foi implantado objetivando o controle prévio, bem como a realização e o acompanhamento de atividades que se beneficiam de uma forma ou outra dos recursos naturais, podendo ocasionar poluição ou mesmo causar a degradação do meio ambiente. Esse instrumento é um processo administrativo que resulta, ou não, na emissão de uma licença ambiental pelo órgão ambiental competente. Mas como surgiu essa necessidade de realização do licenciamento ambiental? Após vários acidentes graves, os quais provocaram diversos passivos ambientais, bem como a própria cobrança internacional, o Brasil se viu na obrigação de criar ferramentas que visam a não somente proteger o meio ambiente, mas também a conciliar o desenvolvimento da forma mais sustentável possível. Sendo assim, pode-se dizer que o marco inicial do licenciamento ambiental ocorreu com a implantação da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei no 6.938/1981). No entanto, as diretrizes para a aplicação desse processo pelos órgãos ambientais somente foram publicadas cinco anos após, com a Resolução CONAMA no 1/86. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender como ocorreram o aprimoramento das normativas ambientais com o passar do tempo e a definição dos objetivos do licenciamento ambiental. Além disso, serão apresentados os diferentes tipos de licenças ambientais existentes. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o histórico do licenciamento ambiental em território nacional.• Definir licenciamento ambiental e seus objetivos.• Identificar os tipos de licenças ambientais e seus objetivos.• Desafio A função principal do licenciamento ambiental é garantir que não ocorram impactos ambientais negativos no meio ambiente, ou então que estes sejam minimizados por meio de ações que devem ser descritas e respeitadas. Para isso, diferentes tipos de licenças são implantadas, cada uma apresentando diferentes funções e exigências. 1- Com base nas informações obtidas na área, seu chefe quer saber se a licença prévia será deferida ou indeferida. Justifique sua escolha. 2- Quais serão os impactos ambientais que podem ocorrer na área com a implantação do empreendimento? Apresente três impactos ambientais positivos e três impactos ambientais negativos. Infográfico O licenciamento ambiental é uma obrigação legal, exigida antes que determinada atividade/obra se instale, para qualquer empreendimento que cause poluição ou degradação ao meio ambiente, sendo um dos instrumentos principais da Política Nacional do Meio Ambiente. Esse processo engloba três tipos de licença (licença prévia, licença de instalação e licença de operação), que cobrem desde o planejamento até a execução da atividade regulada, englobando todos os aspectos tanto do ambiente natural (meio físico e meio biótico) como do ambiente humano (meio social e meio econômico). Para saber mais a respeito dos diferentes tipos de licenças ambientais, veja o Infográfico a seguir. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/5439696a-2c31-4e32-9c94-391ef5d82e65/006d4fc9-d26d-43e5-b29a-18f7790d16fa.jpg Conteúdo do livro A primeira manifestação política relacionada ao tema impacto ambiental surgiu com a criação do NEPA (National Environmental Policy Act), em 1969, nos Estados Unidos. No ano seguinte, o processo de avaliação de impacto ambiental (AIA) foi criado, exigindo que para todos os empreendimentos com potencial impactante os seguintes critérios fossem observados: identificação dos impactos ambientais positivos e dos impactos ambientais negativos, modos de compensação, relação dos sistemas ambientais utilizados no curto prazo e a manutenção, ou mesmo melhoria, do seu padrão no longo prazo e a definição clara sobre possíveis comprometimentos dos recursos ambientais no caso de a proposta ser aprovada. Mais tarde, esse instrumento também foi adotado por França, Canadá, Holanda, Grã-Bretanha e Alemanha. Em junho de 1972, ocorreu a Conferência de Estocolmo, que passou a fazer parte das políticas de desenvolvimento adotadas nos países mais avançados e, também, naqueles em processo de desenvolvimento. Para entender sobre o surgimento do licenciamento ambiental em território brasileiro, leia o capítulo Histórico e importância do licenciamento ambiental no Brasil, que faz parte do livro Licenciamento ambiental, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Ronei Stein Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Apresentar o histórico do licenciamento ambiental em território nacional. Conceituar licenciamento ambiental e apresentar os seus objetivos. De� nir os tipos de licenças ambientais e os seus objetivos. Introdução O licenciamento ambiental foi implantado no País com o objetivo de acom- panhar e controlar previamente a realização de atividades que se beneficiam dos recursos naturais e podem poluir ou degradar o meio ambiente. Este instrumento é um processo administrativo que pode resultar, ou não, na emissão de uma licença ambiental pelo órgão ambiental competente. Mas de onde veio a necessidade de realizar licenciamentos ambien- tais? Após vários acidentes graves provocarem grandes passivos ambien- tais — que resultaram, inclusive, na cobrança internacional —, o Brasil se viu obrigado a criar e implementar ferramentas de controle e proteção, que hoje visam não apenas proteger o meio ambiente, mas também conciliar o desenvolvimento da forma mais sustentável possível. O marco inicial do licenciamento ambiental ocorreu com a implanta- ção da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA, Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981), mas as diretrizes para a aplicação desse processo pelos órgãos ambientais somente foram publicadas cinco anos depois, com a Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº. 001, de 23 de janeiro de 1986. Neste capítulo, você vai saber como ocorreu o aprimoramento das normativas ambientais com o passar do tempo, conhecer a definição e os objetivos do licenciamento ambiental, bem como os diferentes tipos de licenças ambientais que existem no Brasil. Preocupação ambiental A partir da Revolução Industrial, as cidades cresceram exponencialmente e, com isso, nasceram novos formatos urbanos, sem planejamento prévio. Em todo o mundo, o meio ambiente foi explorado incessantemente sem qualquer preocupação — no Brasil, não foi diferente. Arraes, Mariano e Simonassi (2012) ressaltam que, desde o início da década de 1970, altas taxas de desmatamento são observadas na Amazônia. Em 1995, essa taxa de desmatamento atingiu o seu maior nível e, nos anos seguintes, apresen- tou oscilações decorrentes de diversas causas, como incêndios, comércio de madeiras, expansão de atividade agropecuária, aumento da densidade populacional e incentivos fi scais. Além disso, os recursos hídricos acabaram virando verdadeiros esgotos a céu aberto, interferindo negativamente na fauna e na fl ora. Infelizmente, a ocorrência de diversos passivos ambientais foi necessária para que o Governo e a população tomassem consciência da importância da preservação. Apesar dos enormes avanços em legislações ambientais que pretendem garantir o uso e a ocupação do ambiente de forma sustentável, ainda há um enorme caminho a ser percorrido, uma vez que o desenvolvimento é necessário e o ambiente continua sendo o mesmo. Na maioria dos casos, a preocupação com o meio ambiente surgiu apenas após a ocorrência de acidentes que provocaram enormes passivos ambientais. Com isso, as normas, leis, diretrizes e padronizações foram criadas para evitar ou mesmo diminuir esses acidentes.A seguir, vamos conhecer o histórico do licenciamento em território nacional. Histórico do licenciamento ambiental Durante muitos anos, o desenvolvimento econômico decorrente da Revolu- ção Industrial impediu que os problemas ambientais fossem considerados. Conforme o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2009), a poluição e os impactos ambientais do desenvolvimento desordenado eram visíveis, mas os benefícios proporcionados pelo progresso eram justifi cados como Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença2 um “mal necessário”, algo que dava à humanidade o direito de poluir em troca do desenvolvimento. Por incrível que pareça, o termo meio ambiente foi usado pela primeira vez apenas da década de 1960, em uma reunião do Clube de Roma. O objetivo central dessa reunião foi discutir métodos de reconstrução dos países no pós-guerra, sendo estabelecida a polêmica sobre os problemas ambientais. Em território nacional, as primeiras tentativas de aplicação de metodologias para avaliação de impactos ambientais foram decorrentes de exigências de órgãos financeiros internacionais para aprovação de empréstimos a projetos governamentais. Com a crescente conscientização da sociedade, principalmente internacional, tornou-se cada vez mais necessária a adoção de práticas ade- quadas de gerenciamento ambiental em quaisquer atividades modificadoras do meio ambiente (BRASIL, 2009). Em 1988 surgiu a Constituição Federal, documento que estabelece normas a todas as esferas da federação, entre elas a preservação do meio ambiente. O Ministério do Meio Ambiente ressalta que o documento remete à cooperação entre os responsáveis e à gestão compartilhada, fortalecendo a ação municipal e a ação cooperada entre os entes federados (BRASIL, 2009). Com a gestão compartilhada, a União, os Estados e os municípios devem estar unidos na proteção ao meio ambiente. Para que isso aconteça, existem órgãos reguladores em cada um desses locais. O art. 225 da Constituição Federal prevê que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988). Dessa forma, o meio ambiente é um direito fundamental de todo cidadão, e cabe ao Estado e a cada indivíduo da comunidade o dever de resguardá-lo. 3Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença O art. 10 da PNMA (BRASIL, 1981) estabelece que: a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou poten- cialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente — SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis — IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. As diretrizes para o processo de licenciamento só foram estabelecidas em 1986. Até então, processos similares aos de licenciamento eram realizados apenas pelas capitais ou mesmo em nível federal, em grandes obras. Foi a Resolução CONAMA nº. 001/1986, que definiu como impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente que seja causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas. Mais tarde, em 1997, por meio da Resolução CONAMA nº. 237, de 19 de dezembro de 1997, surgiu o conceito de licenciamento ambiental, definido como: [...] procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou po- tencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (BRASIL, 1997). Reforçando a PNMA, surgiu, em 12 de fevereiro de 1998, a Lei nº. 9.605, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas lesivas ao meio ambiente. No art. 60, ela estabelece a obrigatoriedade do licenciamento ambiental das atividades degradadoras da qualidade ambiental e define as penalidades aplicadas ao infrator (BRASIL, 1998). Os arts. 66 e 67 da mesma legislação descrevem como crime ambiental quando um funcionário público faz afirmação falsa ou enganosa, omite a verdade ou sonega informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental, definindo que pode ser punido com reclusão de um a três anos e multa (BRASIL, 1998). Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença4 Este capítulo não aborda todas as legislações, porque são muitas. Porém, é importante que você saiba que cada Estado e os municípios apresentam legislações próprias, que podem ser mais restritivas que as federais, mas nunca podem passar sobre as legislações impostas pela União. Como exemplo, podemos citar a Lei nº. 11.520, de 3 de agosto de 2000, que institui o Código Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências, e cujo art. 55 descreve que: A construção, instalação, ampliação, reforma, recuperação, alteração, operação e desativação de estabelecimentos, obras e atividades utiliza- doras de recursos ambientais ou consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras, bem como capazes, sob qualquer forma, de causar degrada- ção ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis (RIO GRANDE DO SUL, 2000). Definições e objetivos do licenciamento ambiental O licenciamento ambiental é o procedimento (processo) administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras dos recursos ambientais, que podem ser consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras. Em outras palavras, o licenciamento busca analisar atividades e empreendimentos que podem causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (BRASIL, 2009). Já a licença ambiental é a autorização emitida pelo órgão público com- petente. Ela é fornecida ao empreendedor para exercer o seu direito à livre iniciativa, desde que atendidas as precauções requeridas que resguardem o direito coletivo ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Devido à natureza autorizativa da licença ambiental, ela apresenta um caráter precário. Ou seja, a licença pode ser caçada caso as condições estabelecidas pelo órgão ambiental não sejam cumpridas. A licença ambiental é um documento com prazo de validade definido no qual o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas pela atividade que está sendo licenciada. Ao receber a licença ambiental, o empreendedor assume os compromissos para a manutenção da qualidade ambiental do local onde se instala. 5Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença Nem toda atividade demanda licença ambiental, somente aquelas que tenham potencial de causar poluição ou degradação ambiental e/ou utilizam recursos naturais (STRUCHEL, 2016). Conforme o art. nº 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), que ressalta que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, o licencia- mento ambiental visa exatamente proteger o meio ambiente, mas sem colocar em risco o desenvolvimento, que é inevitável e essencial para o avanço da sociedade. O licenciamento ambiental tem como objetivo encontrar o convívio equili- brado entre a ação econômica do homem e o meio onde a atividade é permitida pelos instrumentos técnicos e legais existentes. Por isso toda concessão busca sempre a compatibilidadedo desenvolvimento econômico e da livre iniciativa com o meio ambiente, prevenindo os impactos ambientais provocados por atividades e empreendimentos que utilizam recursos naturais ou que sejam considerados efetiva ou potencialmente poluidores, a ponto de causar degra- dação ambiental e inconvenientes ao bem-estar público. O licenciamento ambiental é um instrumento da PNMA), que age preventivamente para proteger um bem comum do povo (no caso, o meio ambiente). A preservação é conciliada com o desenvolvimento econômico-social para garantir direitos constitu- cionais fundamentais em dois setores: economia e sociedade. O cuidado é para que o exercício de um direito não comprometa o outro, igualmente importante. Dessa forma, o licenciamento ambiental visa evitar ou minimizar ao má- ximo os impactos ambientais que podem ocorrer em determinada atividade ou obra. Mas o que é exatamente um impacto ambiental? De acordo com a Resolução CONAMA nº. 001/1986, é considerado impacto ambiental quando há qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam (BRASIL, 1986): a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença6 a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais. Ou seja, com base nos extratos acima, podemos concluir que qualquer pro- jeto ou atividade que possa desencadear impactos ambientais negativos (Figura 1) precisa ser submetido a um processo de licenciamento. O licenciamento ambiental é a principal ferramenta da sociedade para controlar a manutenção do meio ambiente, que está diretamente ligada com a saúde pública e com boa qualidade de vida para toda a população. Assim, podemos concluir que o licenciamento ambiental é o principal instrumento do Poder Público para controlar e preservar o meio ambiente para as sociedades atuais e futuras. Figura 1. Exemplos de impactos ambientais negativos no meio ambiente. Fonte: Shutterstock.com. O licenciamento ambiental é uma exigência legal e uma ferramenta do Poder Público para o controle ambiental que, em muitos casos, é vista como um desafio para o setor empresarial. É obrigação de todo empreendedor buscar o licenciamento ambiental junto ao órgão competente desde as etapas iniciais do seu planejamento até a instalação e efetiva operação. 7Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença Diferentes tipos de licenciamento ambiental Existem diferentes tipos de licenciamento ambiental, expedidos pelo Poder Executivo. A Resolução CONAMA nº. 237/1997, art. 8º — precedida pelo Decreto nº. 99.274, de 6 de junho de 1990, art. 19 — desdobra as licenças em três subespécies (BRASIL, 1997): licença ambiental prévia (LP); licença ambiental de instalação (LI); licença ambiental de operação (LO). A LP é concedida na fase preliminar do planejamento da atividade ou do empreendimento. Aprova a localização e concepção, atesta a viabilidade ambien- tal e estabelece os requisitos básicos e condicionantes que devem ser atendidos nas próximas fases de implementação (FIORILLO, 2014). A finalidade da LP é definir as condições para que o projeto seja compatível com a preservação do meio ambiente. É também um compromisso que o empreendedor assume ao aceitar os requisitos determinados pelo órgão ambiental (BRASIL, 2007). Assim, pode-se dizer que a LP funciona como um alicerce para a edificação de todo o empreendimento. Vale ressaltar que essa licença não permite a instalação do projeto, mas apenas autoriza a viabilidade ambiental, ao mesmo tempo em que estabelece exigências técnicas para que o projeto possa ser desenvolvido. Nessa etapa, são definidos todos os aspectos referentes ao controle ambiental da empresa. Inicialmente, o órgão licenciador determina se a área sugerida para a instalação é adequada com base no zoneamento municipal. Em caso de relevante impacto ambiental, nesta etapa o responsável deve providenciar o Estudo de Relatório de Impacto Ambiental (EIA). Apenas após os estudos o órgão licenciador define as condições nas quais a atividade deverá se enquadrar a fim de cumprir as normas ambientais vigentes. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o seu respectivo Relatório de Impacto Am- biental (RIMA), instituído pela Resolução CONAMA nº. 001/1986, são instrumentos da PNMA criados para identificar e avaliar os impactos ambientais de um projeto. A Constituição determina que, para conceder o licenciamento ambiental a atividades ou empreendimentos potencialmente causadores de significativa degradação, o Poder Público deve exigir o EIA/RIMA. Após a aprovação do EIA/RIMA, o órgão responsável estará autorizado a outorgar as licenças requeridas pelo empreendedor. Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença8 A LI, de acordo com Fiorillo (2014), obrigatoriamente é precedida pela LP e consiste na autorização para a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes. Em outras palavras, nessa etapa, o projeto do futuro empreendimento deverá demostrar o cumprimento da totalidade das condições e restrições impostas na LP. É importante comentar que a LI deve ser solicitada antes do início das obras e no prazo de validade da LP, para que o órgão ambiental tenha condições de verificar se o projeto apresentado é suficiente para atender todas as condições e restrições necessárias na implantação do empreendimento. A LI, que dá direito à implantação do empreendimento na área aprovada, somente é concedida se o órgão ambiental aprovar os planos e projetos de controle ambiental. Já a LO também denominada licença de funcionamento, sucede a de instalação, tendo como finalidade autorizar a “operação da atividade ou em- preendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinadas para a operação”, conforme dispõe o art. 8º, III, da Resolução CONAMA nº. 237/1997 (BRASIL, 1997). Todo empreendimento só pode iniciar as suas atividades após a expe- dição da LO. E é fundamental lembrar que ela não tem caráter definitivo, o que faz com que empreendedores precisem estar atentos a períodos de renovação. A LO deve ser lida, compreendida e cumprida pelo empreendedor. O seu descumpri- mento poderá gerar penalizações administrativas, multas, interdição, suspensão, não renovação da licença, entre outras. Além disso, pode acarretar em punições na esfera civil e criminal (art. 60 da Lei de Crimes Ambientais). 9Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença De acordo com a Lei Complementar nº. 140, de 8 de dezembro de 2011, art.14 (BRASIL, 2011), a renovação da LO deverá ser requerida com antecedência mínima de 120 dias da expiração do seu prazo de validade, registrado na respectiva licença. Caso esse prazo não seja respeitado, há risco de penalidades administrativas, cíveis e criminais. A licença será expedida apenas se todas as condicionantes estabelecidas na LO do empreendimento estiverem sendo cumpridas. Outros tipos de licenças ambientais Segundo o art. 8º da Resolução CONAMA nº. 237/1997 (BRASIL, 1997), as licenças devem ser requeridas na fase em que se encontra o empreendimento. Dessa forma, existem alguns outros tipos de licenças ambientais que os órgãos ambientais podem exigir, sendo que o Instituto da Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF) do Espírito Santo (ESPÍRITO SANTO, 2017), destaca: Licença ambiental simplifi cada (LS) — ato administrativo de procedimento simplifi cado pelo qual o órgão ambiental emite apenas uma licença, que en- globa todas as fases do licenciamento, estabelecendo as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão serobedecidas pelo empreendedor para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas de baixo impacto ambiental, que se enquadrem na classe simplifi cada conforme normas legais. O prazo de validade da LS é de, no mínimo, quatro anos, não podendo ultrapassar seis anos. Licença ambiental de regularização (LAR) ou licença de operação-regulari- zação (LOR) — ato administrativo pelo qual o órgão ambiental emite uma única licença que engloba todas as fases do licenciamento. Aplica-se a atividades que já se encontram em fase de implantação ou que já estejam em funcionamento, estabelecendo as condições, restrições e medidas de controle ambiental em respeito às exigências próprias das licenças prévia, de instalação e de operação. Licença ambiental única (LAU) — ato administrativo expedido quando a atividade, por sua natureza, constituir-se tão somente na fase de operação e possuir limite temporal, além de não se enquadrar na hipótese de Licença Simplifi cada ou Autorização Ambiental. Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença10 Autorização ambiental (AA) — ato administrativo no qual o órgão compe- tente estabelece as condições de realização ou operação de empreendimentos, atividades, pesquisas e serviços de caráter temporário ou para execução de obras que não caracterizem instalações permanentes e obras emergenciais de interesse público, transporte de produtos e resíduos perigosos ou, ainda, para avaliar a efi ciência das medidas adotadas pelo empreendimento ou atividade. 11Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença12 ARRAES, R. A.; MARIANO, F. Z.; SIMONASSI, A. G. Causas do desmatamento no Brasil e seu ordenamento no contexto mundial. Revista de Economia e Sociologia Rural, Piracicaba, v. 50, n. 1, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/resr/v50n1/ a07v50n1.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei complementar nº. 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp140.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Cartilha de licenciamento ambiental. 2. ed. Bra- sília: TCU, 2007. BRASIL. Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e admi- nistrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605. htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 237, de 19 de dezembro de 1997. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n.º 001, de 23 de janeiro de 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providên- cias. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. 13Histórico, conceitos, objetivos e tipos de licença ESPÍRITO SANTO. Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo. Licen- ciamento ambiental. Disponível em: <https://idaf.es.gov.br/licenciamento-ambiental>. Acesso em: 22 nov. 2017. FIORILLO, C. A. P. Curso de Direito Ambiental. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. RIO GRANDE DO SUL. Lei nº. 11.520, de 3 de agosto de 2000. Institui o Código Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. 2000. Dis- ponível em: <http://www.al.rs.gov.br/legiscomp/arquivo.asp?idNorma=11&tipo=pdf>. Acesso em: 22 nov. 2017. STRUCHEL, A. C. O. Licenciamento ambiental municipal. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. Leituras recomendadas MACHADO, A. Q. Licenciamento ambiental: atuação preventiva do Estado à luz da Cons- tituição da República Federativa do Brasil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. MANZOLI, A. Análise das emissões veiculares em trajetos urbanos curtos com localização por GPS. Tese (Doutorado) — Universidade de São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos, 2009. Dica do professor O licenciamento ambiental é uma obrigação legal para empreendimentos e atividades que utilizam recursos ambientais e/ou que são capazes de causar degradação ambiental. Mas não são todos os empreendimentos que são obrigados por lei a terem o licenciamento, apenas as atividades que constam na Resolução CONAMA no 237, de 1997, e ainda aquelas previstas de forma complementar pelos órgãos competentes. Para que o desenvolvimento ocorra, é necessário retirar recursos da natureza. Dessa forma, o licenciamento ambiental objetiva achar soluções para essa extração ser o menos agressiva possível ao ambiente, além de seguir as legislações em vigor. Para saber mais sobre licenciamento ambiental, acompanhe o vídeo a seguir. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/dfa3fb02e7e46207e101af40b1df1e3d Exercícios 1) Dentre as alternativas a seguir, qual está correta em relação ao licenciamento ambiental? A) O licenciamento ambiental é um ato administrativo pelo qual o órgão judiciário competente licencia empreendimentos que possam causar degradação ambiental. B) O licenciamento ambiental é um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia empreendimentos que possam causar degradação ambiental. C) O principal objetivo do licenciamento ambiental é garantir um ambiente equilibrado para as gerações presentes. D) Os projetos de licenciamento ambiental são analisados por órgãos ambientais federais e estaduais. E) O licenciamento ambiental é um procedimento judicial pelo qual o Ministério Público competente licencia empreendimentos que possam causar degradação ambiental. 2) Qual destes é considerado um estudo/documento fundamental que deve ser entregue na licença de instalação (LI)? A) Diagnóstico ambiental da área. B) Definição das medidas mitigadoras. C) Planta baixa da edificação. D) Contrato social do empreendimento. E) Análise dos impactos ambientais do projeto. 3) O desenvolvimento econômico e social trouxe consigo diversos passivos ambientais. Com o passar do tempo, em razão das cobranças internacionais e do avanço de tecnologias e legislações, o licenciamento surgiu como uma ferramenta que visa a conciliar o desenvolvimento com o meio ambiente. Dessa forma, qual alternativa melhor descreve o conceito de impactos ambientais? A) Retirada total ou parcial das árvores, florestas e demais vegetações de uma região, ou seja, da cobertura vegetal. B) Acúmulo de detritos, lixo, entulho ou outros materiais no leito de recursos hídricos. C) Qualquer alteração nas propriedades físicas, químicas e biológicas no meio ambiente, as quais podem ser tanto positivas como negativas. D) É o processo de degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultantes das atividades humanas ou de fatores naturais (variações climáticas). E) É o processo de desgaste, transportee sedimentação do solo, dos subsolos e das rochas, como efeito da ação dos agentes erosivos, tais como a água, os ventos e os seres vivos. 4) Em se tratando do licenciamento ambiental em território nacional, qual a alternativa correta? A) O licenciamento ambiental é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), sendo o objetivo principal favorecer o desenvolvimento, visando ao aumento da economia e da qualidade de vida da sociedade. B) De acordo com a Resolução CONAMA no 1/86, o impacto ambiental ocorre quando há, principalmente, alterações da biota e da qualidade dos recursos ambientais. C) O licenciamento ambiental é a única ferramenta que a sociedade tem para controlar a manutenção da qualidade do meio ambiente. D) A cobrança internacional foi um dos principais motivos para o início do licenciamento ambiental no Brasil. E) Todo e qualquer tipo de empreendimento necessita de licenciamento ambiental. 5) Complete a lacuna: O prazo de validade da licença de operação (LO) é de ____________, devendo sua renovação ser requerida com antecedência mínima de _________ dias antes de expirar seu prazo de validade. A) no mínimo, 5 anos e, no máximo, 8 anos; 120 dias. B) no mínimo, 5 anos e, no máximo, 8 anos; 200 dias. C) no mínimo, 4 anos e, no máximo, 10 anos, 200 dias. D) no mínimo, 4 anos e, no máximo, 10 anos, 120 dias. E) no mínimo, 4 anos e, no máximo, 8 anos; 120 dias. Na prática Os profissionais da área ambiental precisam estar cientes dos temas que regem o licenciamento ambiental e dos diferentes tipos de licenças. Apesar de as licenças prévia, de instalação e de operação serem mais comumente empregadas, existem outros tipos de licenças, como é o caso da licença de operação-regularização (LOR), em que um determinado empreendimento já está devidamente instalado e trabalhando, porém, não tem o licenciamento ambiental. Outro caso é o empreendimento que visa a se instalar em um prédio já edificado. Acompanhe, a seguir, uma situação prática que normalmente ocorre com os profissionais envolvidos com questões de licenciamento ambiental. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/73d890e5-0772-46ab-9250-c7af6cec6361/c2bf4483-689c-4e3f-8121-0e1a58e6ceb1.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Licenciamento ambiental de grandes empreendimentos: conexão possível entre saúde e meio ambiente Visando à construção de territórios mais sustentáveis, ambientalmente e socialmente, o setor de saúde vem buscando oportunidades para participar dos processos de licenciamento de grandes empreendimentos. Veja no artigo a seguir um estudo acerca da importância da participação do setor de saúde nos processos de licenciamento ambiental. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Impactos ambientais da mineração no Estado de São Paulo Neste artigo, você verá um pouco sobre o impacto causado ao meio ambiente pelo desenvolvimento da atividade de mineração e da respectiva supressão de vegetação para tal atividade. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Gestão do conhecimento em empresas de consultoria ambiental Visando explorar como as empresas de consultoria especializadas em avaliação de impacto ambiental promovem gestão do conhecimento, foram levantadas práticas adotadas por oito empresas desse ramo. O estudo procurou verificar se há relação entre a classificação das empresas segundo o grau de complexidade e a inovação em sua carteira de projetos, com práticas e ferramentas de gestão do conhecimento mencionadas na literatura, com os repositórios internos de conhecimento e com suas experiências relacionadas à criação, troca e retenção de conhecimento. Leia o artigo a seguir e saiba mais. https://www.scielo.br/pdf/csc/v19n9/1413-8123-csc-19-09-3829.pdf https://www.scielo.br/j/ea/a/TNzjZ3HD8K6rCvSSWPtsZgC/?lang=pt Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.scielo.br/j/prod/a/HsyCKHSR4JNtnB4qkPDvFfv/?format=pdf&lang=pt
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