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REDES I – REDES DE COMUNICAÇÃO E NORMAS AULA 2 Prof. Luis José Rohling 2 CONVERSA INICIAL Conforme vimos anteriormente, para a implementação física das redes, temos três tipos de meio físico distintos, que são os cabos metálicos, a fibra óptica e o ar, com o uso dos sinais de radiofrequência. Esses três tipos de mídia poderão ser empregados para a implementação de redes locais (LANs) e também para as redes de longa distância (WANs). No entanto, como cada tipo de mídia tem suas limitações, a escolha do tipo de meio a ser empregado dependerá dos requisitos do processo de comunicação e dos custos envolvidos. Assim, nesta aula, estudaremos as fibras ópticas, com foco em suas principias características e aplicação em redes de dados. Uma das limitações para a aplicação das fibras ópticas são os custos envolvidos, porém, eles estão associados às interfaces ópticas, pois o custo dos cabos já é menor do que os cabos metálicos, tanto nas redes LAN quanto nas redes WAN. Inclusive, nas redes WAN os cabos ópticos já são empregados há muito tempo nas conexões de Backbone das operadoras de telecomunicações, e agora também estão sendo utilizados nas redes de acesso dos assinantes. Nas redes LAN, temos a aplicação das fibras ópticas já há muito tempo nas conexões de Backbone do cabeamento estruturado, que farão a interconexão dos switches, já sendo utilizadas desde as tecnologias de 10Mbps. E a utilização da fibra óptica nessas conexões viabiliza as maiores taxas de transmissão ou as maiores distâncias, tais como no backbone de campus. Atualmente, as fibras ópticas também estão sendo utilizadas para a conexão das áreas de trabalho (WA – Work Areas) com as tecnologias de PON LAN. Na figura a seguir, temos os componentes do sistema de cabeamento estruturado de edifícios comerciais, em que temos a fibra óptica sendo utilizada para a interconexão da sala de equipamentos, onde teremos o switch CORE, com os armários de telecomunicações, onde termos os switches de acesso. E neste modelo, podemos ter também a utilização da fibra óptica no Backbone entre a sala de equipamentos e a entrada da facilidades, caso os serviços das operadoras de telecomunicações sejam fornecidos com as tecnologias que operam também com as fibras ópticas. Nesta aula, veremos as tecnologias baseadas em fibra ópticas tanto para a rede LAN quanto para a rede WAN. 3 Figura 1 – Fibra Óptica no Cabeamento Estruturado TEMA 1 – A FIBRA ÓPTICA As fibras ópticas possuem diversas propriedades que a tornam a melhor opção para a transmissão de sinais em longas distâncias, ou em distâncias menores que exijam uma maior largura de banda. Assim, os cabos de fibra óptica permitem a transmissão de dados em distâncias maiores e com maiores larguras de banda do que qualquer outra mídia de rede, e ao contrário dos fios de cobre, o cabo de fibra óptica pode transmitir sinais com menos atenuação e é completamente imune às interferências do tipo EMI e RFI. Assim, a fibra óptica é comumente usada para interconectar os dispositivos de rede, tais como os switches, pois normalmente essas conexões demandam uma maior largura de banda e podem estar também instalados em ambientes muito afastados. Em relação à sua estrutura física, a fibra óptica é um fio flexível, mas extremamente fino e transparente, fabricado a partir de um vidro extremamente puro, e não sendo muito maior do que um cabelo humano. Para a transmissão Entrada de Facilidades Sala de Equipamentos Armário de Telecom Área de Trabalho Fibra Óptica no Cabeamento de Backbone Área de Trabalho Armário de Telecom Área de Trabalho Área de Trabalho Térreo 1º Andar 2º Andar 4 do sinal de dados, os bits são codificados na fibra como impulsos de luz e o cabo de fibra óptica atua como um guia de ondas, ou "tubo de luz", para transmitir luz entre as duas extremidades, com perda mínima de sinal e sem sofrer interferências do meio externo. Inclusive, devido a essa imunidade aos ruídos externos, a fibra óptica é empregada inclusive dentro de cabos em linhas de transmissão de energia, no cabo para-raios, não ocorrendo nenhuma interferência dos sinais transmitidos, mesmo quando ocorrem as descargas atmosféricas, na ordem de milhares de volts. 1.1 A propagação do sinal óptico O mecanismo básico de transmissão da luz ao longo da fibra consiste, portanto, em um processo de reflexão interna total, que ocorre quando um feixe de luz emerge de um meio mais denso para um meio menos denso e, assim, tendo-se a reflexão do feixe óptico em sua injeção na entrada da fibra óptica, teremos esse processo de reflexão ao longo da fibra. No entanto, esse processo, mesmo com a reflexão total, sofrerá uma perda, que é a atenuação natural do meio físico. Figura 2 – A reflexão interna na fibra óptica Desta forma, a luz injetada no núcleo da fibra, ao atingir a interface entre o núcleo e a casca, com ângulo de incidência maior que o ângulo crítico, será refletida novamente para dentro do núcleo. Entretanto, a luz que incidir na interface com ângulo menor que o ângulo crítico será dispersada para a casca, Núcleo Sinal de luz Casca Revestimento 5 sendo absorvida e dissipada pela camada externa. É por esse motivo que para a fibra monomodo precisamos de um transmissor óptico mais preciso, que é o laser, pois o feixe óptico tem que ser injetado de maneira perpendicular à entrada da fibra óptica, e o laser tem a precisão necessária para que isso ocorra. E esse ângulo de incidência limite, acima do qual os raios não satisfazem as condições de reflexão interna total e, portanto, não são transmitidos, é conhecido como ângulo de aceitação ou de admissão da fibra óptica. E a quantidade dos possíveis ângulos de incidência, para que ocorra a reflexão total, está relacionada com a chamada abertura numérica da fibra. 1.2 Os tipos de fibras ópticas Quanto à sua estrutura, os cabos de fibras ópticas são fabricados com a utilização de dois tipos diferentes de fibras, que são as fibras monomodo (SMF – Single-mode fiber) e as fibras multimodo (MMF – Multimode fiber). Nesses dois tipos de fibra, temos uma estrutura formada por três elementos que são o núcleo, a casca e o revestimento, sendo que a principal diferença entre as fibras monomodo e multimodo é o tamanho do núcleo, sendo que ambas possuem a mesma estrutura de núcleo, casca e revestimento, que também é chamado de acrilato. Quanto ao princípio de funcionamento, para a transmissão dos sinais através das fibras ópticas, os sinais digitais são codificados em pulsos ópticos, e esses sinais óticos serão propagados através do núcleo, sofrendo reflexão na interface entre o núcleo e a casca, e assim serão propagados ao longo da fibra. E temos ainda o revestimento que fará a proteção da fibra contra agentes externos que possam danificar a estrutura da fibra. Esse processo de reflexão dos sinais na interface entre o núcleo e a casca dependerá do ângulo de injeção do sinal no interior do núcleo. Em relação à propagação dos sinais através da fibra óptica, temos também uma diferença entre as fibras monomodo e multimodo. Nas fibras monomodo, temos a injeção do sinal óptico perpendicular à fibra, de forma que o feixe óptico siga por um caminho único, em linha reta. Esse modo único de propagação do sinal no interior do núcleo da fibra determina a nomenclatura adotada, sendo chamada de fibra monomodo, ou seja, com um único modo de propagação. Nas fibras multimodo, podemos ter diversos ângulos de injeção do sinal óptico, de modo que o sinal fique confinado no interior da fibra. 6 Na figura abaixo, temos a estrutura da fibra Monomodo (SMF), que consiste em um núcleo muito pequeno, na ordem de 9 microns, sendo que o sinal ótico irá se propagar em linha reta através do núcleo, conforme mostradona figura. E para gerar o sinal óptico a ser injetado em uma fibra monomodo, temos a utilização da tecnologia laser, que é mais precisa, para poder enviar um único raio de luz no centro do núcleo da fibra. No entanto, a tecnologia laser possui um custo bastante elevado, o que limitou a aplicação da fibra durante muito tempo, desde a sua “invenção”. E, atualmente, o maior custo das tecnologias em redes ópticas está associado com os transmissores, sendo que o custo dos cabos em si já é menor do que o custo dos cabos metálicos equivalentes. Figura 3 – A fibra monomodo Assim, com a utilização dos transmissores laser, temos uma maior potência do transmissor, o que faz com que os sistemas de transmissão com a fibra Monomodo sejam empregados nas redes de longa distância, que abrangem centenas de quilômetros, como as exigidas em aplicações de telefonia e de TV a cabo. Outro tipo de fibra óptica é a fibra multimodo, cuja estrutura consiste em um núcleo maior, que pode ser de 50 ou de 62,5 mícrons, e utiliza os emissores LED para gerar os pulsos de luz, sendo que a luz emitida pelo LED entrará na fibra multimodo em diferentes ângulos. Esse tipo de fibra é amplamente utilizado nas redes LAN, pois utilizam os LEDs de baixo custo, com largura de banda de até 10 Gb/s e comprimentos de link de até 550 metros. Núcleo Sinal de luz Casca Revestimento 7 Figura 4 – A fibra multimodo Deste modo, os sistemas de transmissão com a fibra multimodo e transmissores LED são empregados nas redes de menor alcance, tipicamente nas redes LAN. Mas, mesmo com um menor alcance do que os sistemas com as fibras monomodo e transmissores laser, os sistemas com a fibra multimodo terão um alcance maior do que os sistemas com cabos de par trançado, que estão limitados em 100 m, atingindo distâncias de até 550 m. TEMA 2 – A TRANSMISSÃO EM FIBRA ÓPTICA As características de transmissão de uma fibra óptica podem ser descritas por meio de suas propriedades, que são a atenuação e a dispersão dos sinais ópticos no processo de propagação ao longo da fibra óptica, sendo que a atenuação está diretamente ligada às perdas de transmissão, e a dispersão está associada à capacidade de transmissão de uma fibra óptica. A atenuação irá determinar a distância máxima entre o transmissor e o receptor óptico, ou seja, o alcance da rede. E a atenuação de uma fibra óptica costuma ser definida de acordo com a diferença entre a potência luminosa na entrada da fibra e a potência luminosa na sua saída, em relação ao comprimento da fibra, sendo expressa em dB/km. Assim, por exemplo, se tivermos uma fibra com uma atenuação de 1 dB/km, em uma rede de 20 km, teremos uma atenuação total do enlace de 20 dB. Se utilizarmos um transmissor de -3 db, teremos na recepção uma potência de -23 dB. Núcleo Sinal de luz Casca Revestimento 8 Figura 5 – Atenuação na fibra ótica Outra limitação da aplicação da fibra óptica em sistemas de comunicação está associada aos efeitos da dispersão, que irão afetar a capacidade de transmissão de uma fibra óptica, sendo que essa capacidade é expressa pela taxa de transmissão, medida em bits por segundo para os sistemas digitais, ou pela banda passante, medida em hertz (Hz) para os sistemas de transmissão analógicos. 2.1 A atenuação nas fibras ópticas Os mecanismos básicos que causam a atenuação em fibras ópticas são a absorção, o espalhamento, as curvaturas e o projeto do guia de onda. E no projeto de rede de fibras ópticas, é importante também considerar as perdas introduzidas no sistema pelas emendas e conexões entre segmentos de fibras, bem como no acoplamento das fibras com as fontes de transmissão do sinal óptico e com o receptor/detector do sinal óptico, na recepção. Quanto às perdas por absorção, temos a absorção intrínseca, a absorção extrínseca e a absorção por defeitos estruturais. A absorção intrínseca dependerá do tipo de material usado na composição da fibra e definirá o grau de transparência de um material numa região espectral especificada, sendo os materiais utilizados na fabricação da fibra óptica a sílica fundida e outros tipos de vidros puros. A absorção extrínseca é resultante da contaminação da fibra óptica por impurezas, no seu processo de fabricação. No caso de fibras ópticas fabricadas pelo processo convencional de fusão, a absorção dos íons metálicos é a principal causa de perdas, podendo chegar a perdas superiores a 1 dB/km para uma concentração de cobre ou de cromo equivalente a uma parte por bilhão. Esse problema é resolvido atualmente com a utilização das técnicas de fabricação derivadas da tecnologia de fabricação de semicondutores, que TX RX Distância = 20 km Atenuação = 1 db/km Atenuação total = 20 dB PotTX = -3 dB PotTX = -23 dB 9 oferecem um bom controle de impurezas. Uma segunda causa é a presença de íons OH-, sendo que concentrações de OH- na ordem de uma parte por milhão implicam em perdas de 1 dB/km no comprimento de onda de 950nm e de 40 dB/km no comprimento de onda de 1390 nm. A absorção por defeitos estruturais é causada pelo fato de que a composição do material da fibra estar sujeita a imperfeições, tais como a falta de moléculas ou a existência de defeitos do oxigênio na estrutura do vidro. Esse tipo de absorção é normalmente desprezível com relação aos efeitos das absorções intrínsecas ou das impurezas. Quanto às perdas por espalhamento, temos os seguintes tipos: espalhamento de Rayleigh, espalhamento de Mie, espalhamento de Brillouin estimulado e espalhamento de Raman estimulado. O espalhamento de Rayleigh é causado por variações de natureza aleatória na densidade do material da fibra, que ocorrem em distâncias muito pequenas quando comparadas com o comprimento de onda de luz transmitida. Essas variações resultam de flutuações na composição do material de fibra assim como de defeitos e não- homogeneidades estruturais (originadas no processo de resfriamento da fibra) causadas durante o processo de fabricação. O espalhamento de Mie é causado pela existência na fibra de não-homogeneidades de dimensões comparáveis às do comprimento de onda da luz transmitida. Esse tipo de espalhamento resulta de imperfeições na estrutura cilíndrica da fibra, como irregularidades na interface núcleo-casca, flutuações do índice de refração ao longo da fibra, flutuações do diâmetro etc. O espalhamento de Brillouin é um efeito não linear que pode ser visto como sendo uma modulação da luz transmitida pelas vibrações moleculares térmicas. Esse efeito, que só é significativo acima de certos níveis de potência luminosa, resulta da transferência de potência de um modo para si mesmo, principalmente na direção contrária de propagação e em outra frequência. O espalhamento de Raman estimulado ocorre também a partir de certo limiar de potência luminosa, segundo um processo de geração similar ao de Brillouin, porém a transferência de potência ocorre principalmente na direção de propagação. As fibras ópticas também apresentarão perdas de transmissão quando submetidas a curvaturas, que podem ser classificadas em dois tipos: curvaturas cujos raios de curvatura são grandes comparados com o diâmetro da fibra, por exemplo quando um cabo óptico "dobra" um canto ou uma esquina, e as curvaturas microscópicas aleatórias do eixo da fibra, cujos raios de curvatura são 10 próximos ao raio do núcleo da fibra, que ocorrem quando as fibras são incorporadas aos cabos ópticos. Qualitativamente, as perdas por curvaturas podem ser explicadas pela propagação na casca da fibra, pois a partir de um determinado raio de curvatura, o sinal na casca deveria se propagar a uma velocidade maior, para poder acompanhar o campo propagando-se no núcleo da fibra. Como isso não possível, a energia luminosa associada ao sinal que foi dispersado para a casca irá se perder por irradiação,tendo-se então um raio de curvatura crítico, a partir do qual as perdas por curvaturas passam a ser significativas. Outra causa de atenuação em fibras ópticas são as características do guia de onda, pois como a potência que se propaga numa fibra óptica não está totalmente confinada no núcleo, a parte da potência luminosa que se propaga na casca é atenuada pelas características de atenuação da casca da fibra. É importante, portanto, no projeto de uma fibra óptica com baixas perdas, garantir que a maior parte da potência luminosa seja confinada no núcleo da fibra e utilizar uma casca com espessura adequada e composta por um material com perdas comparáveis às do material do núcleo. 2.2 As janelas de transmissão O princípio do processo de transmissão em fibras ópticas, desde as tecnologias iniciais de fibras ópticas, se baseou nas características associadas à existência de regiões espectrais, em torno dos picos de absorção de OH-, em que temos uma maior capacidade de transmissão, com menores atenuações. Essas regiões de atenuação mínima, que estão centradas nos comprimentos de onda de 850 nm, 1.300 nm e 1.550 nm, deram origem às chamadas janelas de transmissão, ou janelas ópticas. 11 Figura 6 – As janelas de transmissão ótica Com o aperfeiçoamento das técnicas de fabricação, temos a expansão das janelas ópticas, porém, elas ainda continuam sendo caracterizadas entorno das três regiões de atenuação mínima em fibras de sílica e, assim, as janelas de transmissão continuam a servir como referência das diversas tecnologias de sistemas de transmissão por fibras ópticas. Por exemplo, a operação na região dos 850 nm, em que as fibras atuais possuem atenuações típicas na ordem de 3 dB/km, que são utilizadas em sistemas de curta distância, justifica-se pela simplicidade e custos da tecnologia disponível de fontes e detectores luminosos. A janela de transmissão em 1.300 nm está associada a características de dispersão nula, oferecendo possibilidades de enormes capacidades de transmissão. Dessa forma, apesar de não corresponder mais a um mínimo de atenuação, a janela em 1.300 nm é ainda bastante atrativa para operação de sistemas de alta capacidade de transmissão. Nessa janela, existem fibras comerciais com atenuações da ordem de 0,7 a 1,5 dB/km e um valor mínimo de 0,47 dB/km para fibras dopadas com fósforo. A janela de transmissão em 1.550 nm corresponde efetivamente a uma região de atenuação espectral mínima para fibras de sílica. Nessa janela, já se fabricam fibras monomodo de sílica com atenuação da ordem de 0,2 db/km, muito próxima do limite teórico de perdas para esse comprimento de onda. Em 1.570 nm, já se obtêm perdas da ordem de 0,16 dB/km ainda mais próximas do limite teórico. 12 Figura 7 – Multiplexador operando da terceira janela óptica Créditos: Flegere/Shutterstock. 2.3 A dispersão em fibras ópticas O fenômeno de dispersão em uma fibra óptica é causado pelos diferentes atrasos de propagação dos modos que transportam a energia luminosa. Ou seja, teremos uma velocidade de propagação diferente no interior de fibra, de acordo com o modo de propagação, resultando na distorção dos sinais transmitidos. E assim, teremos uma limitação na capacidade de transmissão das fibras ópticas. No caso de transmissão digital, que é a mais usual, o espalhamento dos pulsos ópticos, resultantes do efeito da dispersão, determinará a taxa máxima de transmissão de informação através da fibra. No caso da transmissão analógica, a distorção do sinal óptico transmitido, caudado pela dispersão, representará uma limitação da banda passante da fibra óptica, medida em hertz. Existem três mecanismos básicos da dispersão em fibras ópticas com implicações distintas segundo o tipo de fibra: dispersão modal ou intermodal, dispersão material e dispersão do guia de onda. A dispersão modal ou intermodal afeta apenas as fibras multimodo e resulta dos diferentes atrasos na propagação, em uma única frequência óptica, ou seja, de um mesmo comprimento de onda, de cada modo individual. No caso 13 das fibras multimodo, o fenômeno da dispersão modal pode ser facilmente explicado através da teoria dos feixes ópticos, bastando, para isso, observar as diferenças nos caminhos percorridos ao longo do núcleo pelos vários feixes. As diferenças de caminhos são traduzidas em tempos de propagação distintos para os feixes com diferentes ângulos de incidência, considerando a velocidade de propagação constante. Isso faz com que a luz transmitida pelos vários feixes, que representam os modos de propagação em um determinado comprimento de onda, chegue à extremidade final da fibra multimodo em instantes de tempo diferentes, causando, assim, um espalhamento dos sinais transmitidos, que é chamado de dispersão. Um dos tipos construtivos de fibras ópticas multimodo são as fibras multimodo do tipo índice gradual, que minimizam os efeitos da dispersão modal. A variação gradual do índice de refração do núcleo, que varia em direção à casca, permite uma compensação da velocidade de propagação dos feixes cujas trajetórias são mais longas. Por exemplo, no caso de fibras multimodo IG com perfil parabólico, os raios curvos mais afastados do eixo de fibra, embora tenham um caminho mais longo a percorrer, apresentam uma velocidade média superior à dos raios mais próximos do eixo do núcleo. Assim, temos uma compensação das velocidades de propagação dos modos de ordem superior, reduzindo a diferença de atrasos de propagação, implicando em uma menor dispersão modal para as fibras multimodo IG. Os mecanismos de dispersão cromática, que incluem a dispersão material e de guia de onda, possuem uma interdependência bastante complexa, porém é possível estimar os efeitos da dispersão cromática somando-se a contribuições da dispersão material e da dispersão do guia de onda, calculadas separadamente. Como as fibras possuem diferentes velocidades de propagação, para os vários componentes espectrais de um dado modo de propagação, isso resulta na chamada dispersão material. A diversidade de componentes espectrais é gerada pelas fontes luminosas, que se caracterizam por uma emissão policromática, isto é, uma emissão em vários comprimentos de onda em torno de um comprimento de onda central. A maneira de se reduzir tal dispersão é a utilização de fontes luminosas com menor largura espectral ou operando-se a fibra em comprimentos de ondas maiores. Em relação aos modos de propagação, o número de modos possíveis de propagação em determinada fibra óptica pode ser estabelecido com base no parâmetro característico da fibra, 14 denominado frequência normalizada ou número V. Assim, a dispersão por efeitos do guia de onda resulta, principalmente, da dependência do número V, característico do guia de onda luminoso com relação ao comprimento de onda da luz transmitida. No caso de fibras multimodo de sílica, a dispersão do guia de onda é geralmente muito pequena comparada com a dispersão material, podendo ser desprezada. Porém para as fibras monomodo, a dispersão por efeitos do guia de onda será crítica, pois fará a compensação da dispersão material em determinados comprimentos de onda, diferentes do ponto de dispersão material zero. Além disso, o comprimento de onda para o qual a dispersão cromática é nula varia muito pouco com o tipo de dopante utilizado na confecção da fibra, mas depende bastante dos parâmetros característicos do guia de onda. O deslocamento da dispersão cromática nula da região de 1.300 nm, na qual temos a dispersão material zero da sílica, para a região de 1550 nm, na qual a atenuação é mínima, através da manipulação do perfil e das dimensões de fibras monomodo, tem caracterizado o desenvolvimento das chamadas fibras com dispersão deslocada. As características da dispersão de guia de onda e da dispersão cromáticaem fibras monomodo podem ser alteradas modificando-se o perfil de índices e as dimensões do guia de onda. Com um perfil de índices do tipo W (casca interna rebaixada estreita) e dimensões adequadas, é possível obter-se uma região espectral de dispersão cromática mínima. Esse tipo de comportamento da dispersão cromática em fibras monomodo tem caracterizado o desenvolvimento das chamadas fibras com dispersão plana. TEMA 3 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÕES ÓPTICAS Além das fibras ópticas, um sistema de comunicação óptica conta ainda com os elementos fotoemissores e fotoreceptores, que fazem a interface entre os sinais a serem transmitidos, sejam do tipo analógicos ou digitais, e o meio de transmissão, que é a fibra óptica, bem como o interfaceamento entre o meio físico, fibra óptica, e o sistema receptor, fazendo a novamente a conversão do sinal óptico para o sinal analógico ou digital que foi transmitido. 15 3.1 A transmissão dos sinais As fontes ópticas utilizadas para os sistemas de comunicações com fibras ópticas são os dispositivos semicondutores, que incluem os diodos laser do tipo ILD (Injection Laser Diode), os lasers do tipo VCSEL (Vertical-Cavity Surface- Emitting Laser) e os diodos emissores de luz (LED – Light-Emitting Diode). Esses dispositivos são modulados fazendo variar a corrente que circula por eles, e com isso teremos uma modulação direta do feixe de luz, sendo que a sua resposta é extremamente rápida, permitindo a transmissão de informações em altas taxas. Esses dispositivos são disponíveis comercialmente, utilizados para transmissão a longas distâncias, com grande robustez mecânica, elevado tempo de vida útil e baixo custo. Os sistemas mais simples podem operar com LED comum, emitindo luz na região visível do espectro. Os sistemas mais sofisticados, para uso nas redes de comunicações com elevada taxa de transmissão e longas separações entre os repetidores, empregam diodos emissores na faixa do infravermelho (IRED). Esses diodos têm a emissão otimizada para os comprimentos de onda que favoreçam a transmissão, entre 800 e 900 nm e em 1.300 nm, ou seja, para operação na primeira e segunda janela de transmissão das fibras óptica. No entanto, os LEDs emitem uma radiação difusa, de modo que os raios de luz penetram na fibra com diferentes ângulos de incidência, isto é, com diferentes inclinações, típico das fibras multimodo. Assim, para sistemas de transmissão com fibras ópticas do tipo multimodo, são utilizados os LEDs de alta radiação ou alta eficiência, que são classificados em dois grupos, os LEDs de emissão de superfície e os LEDs de emissão lateral. Os LEDs de emissão de superfície possuem a emissão na pequena zona da superfície do diodo, prejudicando a sua alta radiação, sendo que essa superfície tem um diâmetro de 50 micrometros, o que faz com que sejam compatíveis com as fibras multimodo de alta qualidade. Os diodos de emissão lateral (ELED) emitem a radiação por uma ranhura, e assim a luz emitida por esse tipo de LED é mais direcional que a do LED de emissão por superfície, com menores perdas por acoplamento na fibra. Como os LEDs possuem um limite máximo de velocidade para modulação, são utilizados para enlaces de baixa frequência. Além disso, a potência média emitida pelos LEDs atinge a ordem de 0,1 mW, que corresponde a -10 dBm, e possui uma limitação da velocidade de 16 modulação na ordem de 200 MHz. Assim, os sistemas de transmissão com a utilização dos LEDs são limitados a taxas de transmissão de 622Mbps, que equivale ao padrão STM-4 na tecnologia de transmissão SDH. Para a transmissão de sinais no padrão Ethernet, teremos então uma limitação, sendo possível a utilização dos LEDs para o padrão FastEthernet, de 100 Mbps, porém não sendo possível a sua utilização no padrão GigabitEthernet, de 1 Gbps. Figura 8 – O Diodo Emissor de Luz (LED) Créditos: Ensuper/Shutterstock. Os diodos laser são diodos que emitem a radiação em trajetórias paralelas, sendo adequados para utilização com fibras do tipo monomodo. O ILD irá operar na segunda janela óptica, centrada no comprimento de onda de 1.310 nm e na terceira janela óptica, centrada no comprimento de onda de 1.550 nm. E a potência média de sinal luminoso pode atingir o valor de 1mW (0dBm), o que permite a transmissão em maiores distâncias do que os sistemas de transmissão com a utilização do LED. E a velocidade de modulação do laser pode atingir valores na ordem de 10 GHz, sendo empregado em sistemas digitais de alta velocidade, obtendo-se maiores larguras de banda para a transmissão de dados. No entanto, em função dessas características, o ILD tem um custo muito maior 17 do que os LEDs, sendo empregado em sistemas de transmissão que exigem maiores larguras de banda e maiores distâncias. Mais recentemente, foi desenvolvido um terceiro dispositivo transmissor, que é o VCSEL, que possui as características melhores do que os LEDs, mas com custos menores do que os ILDs. Assim, o VCSEL opera na primeira e na segunda janela óptica, como o LED, porém, com uma velocidade de modulação de 5 GHz, o que permite a transmissão com largura de banda de até 10 Gbps. E a potência óptica do VCSEL é semelhante ao ILD, atingindo até 1 mW (OdBm). Quanto ao tipo de fibra óptica, o VCSEL é utilizado em sistemas de transmissão com fibras multimodo, pois a sua emissão de luz possui um espalhamento, porém muito menor do que o LED. E por possuir uma maior potência e maior velocidade de modulação, o VCSEL é empregado em sistemas de maior largura de banda do que o LED, tipicamente nas redes locais (LAN). 3.2 A recepção dos sinais Para a decodificação do sinal óptico, recuperando a informação original transmitida, temos os fotodetectores, sendo que os fotodetectores mais utilizados com fibras ópticas são os fotodiodos PIN e APD. Os fotodiodos PIN são utilizados para enlaces de curta distância e baixa frequência, ainda que possam ser utilizados em altas frequências. Quando o sinal é fraco e de frequência muito elevada, utilizam-se os fotodiodos APD, já que sua principal característica é a de amplificar o sinal, além de detectá-lo. Esse tipo de fotodiodo é utilizado em sistemas de transmissão a média e longa distâncias. A capacidade de recepção do sinal, ou seja, a quantidade de sinal óptico a ser recebido pelo fotodetector para que ele possa recuperar o sinal transmitido, é chamada de sensibilidade do receptor. Essa sensibilidade, normalmente indicada pelo seu valor em dBm, determinará o alcance de uma rede, considerados os valores da potência de transmissão do emissor do sinal e a atenuação do enlace de fibra óptica. Por exemplo, considerando-se um sistema de transmissão que utiliza um transmissor com uma potência de -2 dBm e um receptor com sensibilidade de -20 dBm, poderemos ter uma atenuação máxima do enlace de fibra óptica de 18 dB, que equivale à diferença entre a potência do sinal transmitido (-2 dBm) e a potência mínima que deverá ser entregue ao receptor (-20 dBm). 18 Figura 9 – Sistema de transmissão ótica Assim, no exemplo da figura, desconsiderando-se as perdas nas conexões, e considerando-se que tenhamos um cabo óptico com uma atenuação de 1 dB/km, o tamanho máximo da rede será de 18 km. 3.3 O acoplamento dos sinais Os conectores ópticos são dispositivos passivos que permitem realizar as junções temporárias ponto a ponto entre duas fibras, sendo utilizados também nas extremidades dos sistemas de transmissão, realizando a junção óptica da fibra ao dispositivo de transmissão, que é o fotoemissor, ou ao dispositivo receptor do sinal, que é o fotorreceptor. A qualidade da conexão será garantida pela precisão com que as peças mecânicas, que constituem o conector óptico, conseguem posicionar as extremidades das fibras em relação ao corpo exterior do conector. O uso de conectores ópticos oferecemuitas vantagens operacionais em relação às outras técnicas de conexão ponto a ponto, como as emendas, apresentando uma maior facilidade de manuseio pois não exigem nenhum equipamento adicional ou conhecimento técnico especializado. Por outro lado, as junções fibra-fibra com conectores ópticos costumam ser uma solução mais cara e que ocuparão um maior espaço e maior peso em comparação aos sistemas de emenda óptica. De um modo geral, os conectores ópticos são mais utilizados em sistemas locais, nos quais temos alterações da configuração física de forma dinâmica, tais como as interfaces em redes locais. As principais características necessárias para o bom desempenho dos conectores ópticos incluem as perdas de inserção e de reflexão baixas, a estabilidade das características e função dos ciclos repetidos de conexão e desconexão, a facilidade na montagem, a insensibilidade a fatores ambientais TX RX Atenuação máxima = 18 dB PotTX = -2 dB Sensibilidade= -20 dB 19 tais como temperatura e poeira, a durabilidade com ciclos repetidos, a padronização e também custos baixos. A escolha de um tipo de dispositivo ou técnica de junção ponto a ponto não depende apenas de critérios de desempenho. Deve existir uma compatibilização com o sistema já instalado, observando-se, por exemplo, a abertura numérica (AN), o diâmetro do núcleo, a elipticidade do núcleo e a excentricidade do núcleo em relação à casca, que podem afetar o desempenho da junção de duas fibras de origem distintas. Enfim, a confiabilidade da junção deve ser caracterizada pela sua capacidade de suportar adequadamente condições adversas, mecânicas e ambientais. A atenuação causada pelos conectores ópticos é um importante parâmetro no dimensionamento de sistemas. As perdas de potência luminosa nos conectores ópticos são medidas também em decibéis (dB) e dependem do tipo de fibra utilizada. Conectores de boa qualidade apresentam perdas inferiores a 1 dB. Essa atenuação também é chamada de perda de inserção, pois é introduzida pelos conectores ópticos, e é classificada em duas categorias principais: perdas intrínsecas e extrínsecas. As perdas de inserção intrínsecas estão associadas às características das fibras no ponto da junção e têm como principais causas as diferenças na geometria dos núcleos, tais como diâmetro, elipticidade, excentricidade, e também causadas por diferenças de aberturas numéricas e diferenças de perfil de índices de refração. As perdas de inserção extrínsecas são originadas por imperfeições na realização da junção e têm como principais causas o deslocamento lateral ou axial, a separação ou deslocamento longitudinal (perdas por reflexão de Fresnel), o desalinhamento angular e a qualidade de superfície. Além das perdas de inserção, um outro parâmetro importante no caso de sistemas com fibras monomodo e diodos laser é o das perdas de retorno ou de reflexão. Conectores ópticos típicos, cujas extremidades das fibras não se tocam, exibem perdas de retorno da ordem de -15 dB, enquanto conectores mais modernos, que permitem contato físico entre as extremidades das fibras, apresentam atualmente perdas de retorno inferiores a -35 dB. 20 TEMA 4 – COMPONENTES DA REDE ÓPTICA As fibras ópticas, conforme vimos anteriormente, são utilizadas na implementação dos sistemas de comunicação que necessitam de maiores larguras de banda e maiores distâncias, em função de sua maior capacidade de transmissão e com menor atenuação, e em ambientes onde temos muitas fontes de interferência externa, em função de sua total imunidade aos ruídos externos. Assim, um dos tipos de redes onde as fibras ópticas são empregadas, as redes LAN, são utilizadas na interligação dos equipamentos nas redes, de acordo com os padrões definidos nas normas de cabeamento estruturado, que incluem também a fibra ótica. No entanto, para a interconexão entre os equipamentos, temos diversos elementos que irão compor a infraestrutura de comunicação óptica, que são: • Cordão de manobra (cordão óptico); • Hardware de conexão e manobra (distribuidor óptico); • Cabos ópticos. Figura 10 – Elementos do sistema de comunicação ótica Como a interconexão entre esses componentes será realizada com o uso de conectores, será necessário, em um projeto de cabeamento óptico, que se tenha a correta especificação dos conectores que serão utilizados, sendo que temos diversos tipos de conectores, tais como os conectores do tipo ST, SC e Distribuidor óptico RX CABO ÓPTICO Distribuidor óptico TX CORDÃO ÓPTICO CORDÃO ÓPTICO 21 LC. Outra especificação essencial na definição desses componentes será o tipo de fibra óptica, que poderá ser monomodo ou mutimodo, sendo que no caso das fibras multimodo, podemos ter as fibras ópticas de 50 mícrons e as fibras ópticas de 62,5 mícrons. 4.1 Os elementos de manobra Para a conexão entre os transmissores e o cabo óptico, temos dois componentes, que são o cordão de manobra, chamado de cordão óptico, e o hardware de conexão do cabo, que é chamado de distribuidor óptico. O cordão óptico é constituído de uma fibra óptica com uma estrutura de proteção diferente dos cabos ópticos, permitindo uma flexibilidade maior. Assim, será possível executarmos as manobras de interconexão sem o risco de quebra das fibras ópticas, de maneira semelhante às operações realizadas com os cabos de par trançado. Portanto, um cordão óptico nada mais é do que uma fibra óptica com um conector em cada uma das extremidades, semelhante aos patchcords de cabos UTP. Como as comunicações ópticas são no modelo duplex, com uma fibra para transmissão e outra para a recepção do sinal, temos também os cordões duplex, com dois cordões conjugados, e com dois conectores em cada extremidade. Para garantir o acoplamento correto do sinal óptico, é necessário verificar o tipo correto dos conectores empregados, conforme veremos mais adiante, bem como o tipo da fibra, garantindo que a fibra óptica contida no cordão óptico seja do mesmo tipo da fibra óptica que está instalada no cabo óptico. E essa identificação será feita por meio da cor dos conectores, bem como da cor dos cordões ópticos. Quanto às cores utilizadas para identificar o tipo da fibra óptica contida nos cordões ópticos, temos uma diferença entre o padrão especificado pela TIA e o padrão especificado pela ABNT. Pelo padrão ABNT, os cordões ópticos com fibras multimodo com núcleo de 50 mícrons serão identificados pela cor amarela, e os cordões ópticos com fibras multimodo com núcleo de 62,5 mícrons serão identificados pela cor laranja. No entanto, de acordo com o padrão TIA, teremos a cor laranja sendo utilizada para os dois tipos de fibra multimodo, que serão diferenciadas pela cor do conector. Mas, além da cor do cordão, normalmente teremos a gravação dessa informação sobre o próprio cordão, incluindo o tipo da fibra, o fabricante e outras informações. 22 Figura 11 – O cordão óptico Créditos: jeerachon/Shutterstock. O cordão de manobra será utilizado, então, para realizar a conexão do equipamento de rede, das interfaces de transmissão e de recepção ao hardware de manobra, que é o distribuidor óptico. No distribuidor óptico, teremos a fixação do cabo, que no cabeamento estruturado seria o cabo de backbone, e a sua conectorização, para a conexão com o cordão de manobra. Porém, como não é possível realizar a conectorização das fibras ópticas do cabo, no ambiente de instalação do cabeamento estruturado, com a devida qualidade necessária, são utilizadas as terminações ópticas. As terminações ópticas, também chamadas de pig tail, são pequenos pedaços de fibra óptica que já possuem um conector acoplado em uma das extremidades. Assim, essas terminações ópticas deverão ser emendadas às fibras ópticas do cabo óptico, por meio do processo de fusão. E esse processo é realizadocom o equipamento chamado de máquina de fusão, que faz a emenda das fibras ópticas do cabo com as terminações ópticas, através de um processo de fusão com o uso de altas temperaturas, obtido pela criação de um arco voltaico que causa o derretimento da sílica da fibra, fazendo a fusão entre o cabo e a terminação óptica. Todas as emendas ópticas serão, então, devidamente protegidas e acomodadas no interior do distribuidor óptico, em bandejas apropriadas. E a extremidade das terminações ópticas serão 23 conectadas ao painel instalado no distribuidor óptico, possibilitando então a conexão dos cordões ópticos. Assim, o hardware de conexão e manobra é composto por uma estrutura metálica, para fixação do cabo e dos painéis de conexão, bem como das emendas ópticas. Figura 12 – O hardware de conexão e de manobra Créditos: Vasyliuk/Shutterstock. 4.2 Tipos de conectores Quanto ao tipo de conectores ópticos, temos diversos modelos que são utilizados em diferentes aplicações. Os primeiros conectores possuíam uma estrutura baseada no uso de ferrules, que é um cilindro de metal, de plástico ou de cerâmica, com um orifício de precisão onde é colocada a fibra. Em geral, um anel metálico rosqueado envolve o ferrule para a sua conexão e travamento na conexão com o dispositivo óptico ativo. O conector que utiliza esse tipo de estrutura é o conector do tipo ST, utilizado em sistemas de telecomunicações. 24 Figura 13 – Conector óptico com ferrule Créditos: Serega_tm/Shutterstock. Outro tipo de conector óptico, quanto à sua estrutura, é o conector bicônico moldado. O componente central desse tipo de conector é uma luva bicônica que aceita dois plugues cônicos e alinha os eixos das extremidades das fibras centradas nos plugues. A configuração cônica para alinhamento tem por objetivo evitar o desgaste nos repetidos ciclos de conexão e desconexão do plugue com a luva de alinhamento. Os plugues e a luva de alinhamento são moldados com excelente precisão, resistência ao desgaste e estabilidade numa larga faixa de temperaturas. Cada plugue é moldado diretamente na fibra. As perdas por inserção neste tipo de conector são tipicamente inferiores a 0,4 dB. Junções com conectores bicônicos para fibras multimodo IG 50/125 (AN= 0,23) idênticas chegam a perdas da ordem de 0,11 dB. Com esse tipo de estrutura, temos os conectores SC e o os conectores LC. Além dos conectores, que são sempre do tipo macho, temos os acopladores ópticos, conforme mostrado na figura a seguir, que permitirão a conexão entre os dois conectores, fazendo o alinhamento do elemento central, onde temos a fibra óptica. Nesta figura, temos dois acopladores ópticos, que estão com a capa de proteção, e um conector do tipo duplex, onde temos dois conectores fixados em uma mesma estrutura de conexão. 25 Figura 14 – Conector e acoplador óptico Créditos: Mikhail Verevkin/Shutterstock. Os conectores mais usuais em redes LAN são os conectores SC e LC, que basicamente se diferenciam pelas suas dimensões, de forma que o espaço ocupado por um conector SC permite a conexão de dois conectores do tipo LC. Na figura a seguir, temos o conector do tipo SC, no qual podemos observar o ferrolho, que está sem a capa de proteção, mostrada no conector da figura anterior. A fixação mecânica do conector ao acoplador, mostrado na figura anterior, é feita através da trava lateral, que irá garantir o alinhamento do núcleo da fibra óptica com o outro conector, que será conectado do outro lado do mesmo acoplador. 26 Figura 15 – Conector do tipo SC Créditos: Artit Thongchuea/Shutterstock. Na figura a seguir, temos o conector do tipo LC, que é menor do que o conector SC, e neste caso já na configuração duplex, onde temos as duas fibras ópticas acopladas em uma única estrutura de fixação mecânica, já que a comunicação entre os equipamentos de redes, tais como os switches, será feita com o uso de duas fibras ópticas, sendo uma para a transmissão e outra para a recepção. Figura 16 – Conector do tipo LC – Duplex Créditos: Dudikov Sergey/Shutterstock. E temos também os conectores multifibras, que são chamados de MPO (Push On Multi-fibra) compostos de múltiplas fibras óticas com 8, 12 ou 24 fibras, 27 para utilização típica em ambientes de data center. Desta forma, como os cabos ópticos multifibras são mais difíceis de se conectar, usando um único conector, por suas tolerâncias dimensionais estreitas e pela necessidade de se alinhar adequadamente todas as fibras, podemos então utilizar os conectores MPO. 4.3 O polimento dos conectores Os conectores também passam por um processo de polimento para diminuir as perdas por espalhamento e por reflexão, aumentando o acoplamento do sinal óptico entre as duas fibras ópticas que estão sendo conectadas. O elemento central do conector, onde temos a terminação da fibra óptica, também é chamado de ferrolho. Na figura vista anteriormente, podemos verificar a existência de uma capa de proteção colocada no ferrolho, o que garante a proteção da terminação do conector contra poeira, sujeira, umidade e possíveis riscos. E essa capa somente deverá ser removida quando for feita a conexão do mesmo. Quanto ao polimento, como temos diferentes tipos de polimento, em uma conexão entre dois conectores deve-se verificar se o tipo de polimento é compatível entre eles, sendo que temos os seguintes tipos polimento: • Polimento FLAT; • Polimento PC (Physical Contact); • Polimento SPC (Super Physical Contact); • Polimento UPC (Ultra Physical Contact); • Polimento APC (Angular Physical Contact). Atualmente, os polimentos mais usuais são o do tipo PC, que são do tipo convexos, e o polimento angular, não sendo compatíveis entre eles. Assim, podemos interconectar os polimentos do tipo PC, SPC e UPC, porém, não podemos conectar os conectores com esses tipos de polimento com os conectores APC. No entanto, para podermos diferenciar o tipo de polimento, já que não é possível verificar essa característica com uma inspeção visual, o polimento será indicado através da cor do conector, que também será utilizado para indicar o tipo de fibra, que poderá ser do tipo monomodo ou multimodo. Os conectores e acopladores de cor verde são utilizados para indicar o polimento do tipo APC, que é o polimento angular e que possui um melhor 28 acoplamento óptico. Desta forma, é comum encontrarmos esse tipo de conector nas conexões dos equipamentos de transmissão de redes WAN, onde as perdas por acoplamento podem interferir significativamente no desempenho da rede. E a cor verde pode ser utilizada tanto para a fibra monomodo quanto multimodo, sendo necessário verificar, então, a cor do cordão óptico para a sua diferenciação. Porém, sendo uma conexão de um serviço de rede WAN, certamente a fibra óptica será do tipo monomodo. Os conectores e acopladores de cor azul são utilizados para indicar os polimentos do tipo PC, que são o PC, SPC e UPC, compatíveis entre eles, conforme visto anteriormente, sendo a diferença entre eles apenas a qualidade do acoplamento. E os conectores e acopladores de cor azul também são utilizados para indicar que a fibra é do tipo monomodo. E temos ainda os conectores e acopladores de cor bege, que são utilizados para indicar o polimento do tipo PC, com fibras multimodo. Figura 17 – Conectores de WAN Créditos: Review TH/Shutterstock. Como exemplo, na figura acima temos os conectores tipicamente utilizados para os serviços de WAN, com o uso de conectores do tipo ST e SC. No caso dos conectores do tipo SC, podemos identificar o polimento do tipo APC, pois os conectores são da cor verde. 29 TEMA 5 – A REDE ÓPTICA Além dos componentes de conexão e manobra vistos anteriormente, em uma rede óptica temos o elemento principal de rede, que são os cabos ópticos, cujodesempenho estará também especificado em norma, de acordo com o tipo de fibra óptica empregada, bem como do desempenho das conexões. Além disso, temos também os diversos tipos de construção em relação à estrutura dos cabos ópticos, de acordo com o ambiente e forma de instalação. Portanto, para a utilização efetiva das fibras ópticas, em função de sua estrutura frágil e pequena dimensão, são necessárias sua acomodação e sua proteção, o que é feito com a sua acomodação em cabos ópticos. Assim, teremos diversos tipos de cabos ópticos que irão diferir quanto à sua aplicação, tanto em relação ao ambiente externo quanto ao tipo de fibras ópticas. A diferença básica será quanto ao tipo de fibra, onde teremos cabos de fibras monomodo e de fibra multimodo. E as características associadas ao desempenho das fibras, bem como os demais componentes das redes ópticas, tais como os conectores e cordões, também são especificadas pelas normas pertinentes, publicadas pela TIA, pela ISO e pelo ITU, entre outros. Assim, por exemplo, a norma TIA-568.3, intitulada Optical Fiber Cabling and Components Standard, trata especificamente dos componentes do cabeamento óptico, complementando as especificações gerais de um sistema de cabeamento estruturado, conforme especificações contidas na norma TIA- 568.0. E a norma 658.3 em sua versão D já não recomenda mais a utilização das fibras multimodo do tipo OM1 e OM2, que são as fibras desenvolvidas inicialmente com núcleos de 62,5 e 50 mícrons, respectivamente, e recomenda a utilização das fibras multimodo mais atuais, que são as fibras do tipo OM3 e OM4. E essa versão da norma também não recomenda mais a utilização das fibras monomodo do tipo OS1, que é a versão inicial das fibras monomodo. 30 5.1 Atenuação dos componentes ópticos Com base na norma TIA568.3, teremos a especificação da atenuação máxima para os cabos ópticos, bem como para as perdas de inserção e perdas de retorno na conectorização para fibras monomodo e multimodo. Assim, para as fibras multimodo, teremos a especificação da atenuação máxima de acordo com o comprimento de onda que está sendo utilizado para a transmissão do sinal óptico, conforme mostrado na tabela abaixo. Tabela 1 – Atenuação em fibras multimodo Tipo de Fibra Óptica Comprimento de Onda Atenuação Multimodo OM3 850 nm 3,0 dB/km Multimodo OM4 1.300 nm 1,5 dB/km Para as fibras monomodo, temos uma diferenciação da atenuação em relação ao tipo de cabo óptico e à sua aplicação, que pode ser apenas para uso interno, apenas para uso externo ou pra uso interno e externo. Tabela 2 – Atenuação em fibras monomodo Tipo de Fibra Óptica Comprimento de Onda Atenuação Monomodo apenas de uso interno 1.310 nm 1,0 dB/km 1.550 nm 1,0 dB/km Monomodo apenas de uso externo 1.310 nm 0,4 dB/km 1.550 nm 0,4 dB/km Monomodo de uso interno/externo 850 nm 0,5 dB/km 1.300 nm 0,5 dB/km Como as aplicações de uso interno normalmente envolvem distâncias menores, uma maior atenuação não afetará significativamente o desempenho do sistema de comunicação. Porém, em sistemas de longa distância, que empregam os cabos de uso externo, a atenuação representará um fator significativo no desempenho e no alcance da rede. Porém, na prática, os valores especificados pela norma são os limites máximos, sendo que os fabricantes de cabos ópticos irão apresentar na documentação de seus produtos os valores típicos, que normalmente são menores do que os limites especificados em norma. 31 Quanto ao desempenho dos conectores, a norma TIA-568 especifica que, para os conectores do tipo multimodo, podemos ter uma perda máxima de inserção, que é chamada de Insert Loss, de 0,75dB. E a perda de retorno, que é medida como sendo a relação entre a potência do sinal que será acoplado para a próxima fibra óptica e a potência do sinal que chega ao conector, deverá ser de no mínimo 20 dB. A medição dessa relação entre a potência de entrada e de saída, realizada em dB, utiliza uma escala logarítmica, baseada na seguinte relação: 𝐴𝐴(𝑑𝑑𝑑𝑑) = 20 𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 𝑃𝑃2 𝑃𝑃1 Figura 18 – Perdas em conectores Para os conectores do tipo monomodo, apesar de termos uma atenuação muito menor para os cabos ópticos, temos o mesmo valor máximo para as perdas de inserção, que será de 0,75dB por conexão, de acordo com as normas TIA. Para as perdas de retorno, temos valores diferentes dos conectores mutimodo, sendo que as normas estabelecem um valor mínimo de 35dB para a perda de retorno em aplicações de rede e de no mínimo 55dB para aplicações de transmissão de sinais de TV, que são as aplicações chamadas de broadband em CATV. 5.2 Tipos de cabos As normas ISSO 11801 e TIA-568.3 estabelecem os tipos de fibras ópticas monomodo e multimodo quanto ao seu desempenho, conforme visto anteriormente, em relação à atenuação, nas tabelas 1 e 2. No entanto, além dos tipos de fibras ópticas apresentadas, temos ainda as fibras ópticas multimodo, que não são mais recomendadas pelas normas, mas que ainda estão instaladas Perda de Inserção Perda de Retorno 32 e em utilização nas redes das empresas. Assim, é necessário verificar qual é o tipo de fibra que está instalada para, em caso de manutenção da rede que exija uma emenda na rede, que seja utilizada o mesmo tipo de fibra. Assim, para as fibras multimodo, temos as fibras do tipo OM1, OM2, OM3 e OM4, de acordo com a classificação estabelecida pela ISO 11801. Essas fibras estão especificadas nas normas TIA designadas como TIA492AAAA (OM1), TIA492AAAB (OM2), TIA492AAAC (OM3) e TIA492AAAD (OM4). E quanto às fibras monomodo, temos as fibras OS1 e OS2, especificadas pela ISO 11801, que correspondem, respectivamente, às fibras do tipo TIA492CAAA (OS1) e TIA492CAAB (OS2). Quanto à estrutura dos cabos ópticos, em relação à sua aplicação, temos os cabos internos e os cabos externos. Como a fibra é altamente susceptível à umidade, os cabos para uso externo deverão possui uma proteção adicional para evitar que as fibras óptica no interior do cabo sejam danificadas pela entrada de umidade no cabo. Assim, teremos basicamente dois tipos de cabos, que são os cabos ópticos do tipo Tight, para uso interno, e os cabos ópticos do tipo Loose, para uso externo. Os cabos do tipo Tight, utilizados tipicamente nas redes internas, são formados pelas fibras ópticas acrescidas de um revestimento secundário, além do acrilato, para aumentar a proteção e resistência mecânica das fibras ópticas. E essas fibras, acrescidas do revestimento secundário, são acomodadas dentro do cabo, acrescidas de uma malha adicional, chamada de aramida, que irá garantir a proteção do cabo contra esforços de tração. Os cabos do tipo loose são constituídos de tubos, os quais irão acomodar as fibras ópticas, além de um elemento central, que irá contribuir para a resistência mecânica do cabo e permitir a sustentação do cabo e sua geometria circular. E dentro dos tubos, teremos as fibras ópticas, que possuirão apenas o seu revestimento primário, sendo que temos também no interior dos tubos o elemento que fará o bloqueio da umidade para proteção das fibras. E, dentro do cabo, no espaço entre os tubos, teremos também o elemento de bloqueio da umidade. Para essa finalidade, inicialmente foi utilizado um gel de petróleo, que evitava que uma possível entrada de umidade no cabo e nos tubos causasse a danificação das fibras ópticas. Atualmente, temos a utilização de um material polimérico, em pó, que possui propriedades de alta absorção de umidade, também evitando que as fibras ópticas sejam danificadas pela entrada de 33 umidade no cabo óptico. Dessa forma, para diferenciar o tipo de material utilizado, temos também a classificação dos cabos ópticos externos que poderão ser do tipo Cabo óptico geleado, que utiliza o gel de petróleo no interior do cabo e no interior dostubos, Cabo óptico seco, que utiliza o gel de petróleo no interior dos tubos e o pó superabsorvente no interior do cabo, e o Cabo óptico totalmente seco, que utiliza apenas o material polimérico no interior do cabo e dos tubos. FINALIZANDO As tecnologias de rede baseadas em fibras ópticas já vêm sendo desenvolvidas há muitos anos, mas ainda estavam limitadas às redes de comunicação das operadoras de telecomunicações, pois já tinham se tornado a alternativa viável para a necessidade de comunicação em grandes distâncias e com grande capacidade de largura de banda. Assim, os sistemas de transmissão baseados em fibras ópticas já vêm sendo desenvolvidos pelos profissionais da área de telecomunicações bem como o seu desenvolvimento tecnológico, tanto das fibras ópticas em si quanto dos dispositivos de transmissão, que são os emissores e receptores ópticos. E os padrões adotados pelas operadoras de telecomunicações e que utilizam as redes ópticas, que são as redes PDH e SDH, serão o tema de estudo de nossas próximas aulas. Outro segmento de utilização das redes ópticas é a infraestrutura de rede para as redes LAN, no cabeamento de backbone. Como essa aplicação surgiu mais recentemente, ela se beneficiou de todas as tecnologias e componentes utilizados pelas operadoras de telecomunicações para as redes WAN, fazendo a sua adequação para o ambiente das redes locais. No entanto, como as tecnologias de redes ópticas nas redes WAN visavam um alcance de centenas de quilômetros, a sua aplicação nas redes LAN apresentava uma grande diferença em relação ao nível de potência óptica, em virtude de se tratar de distâncias muito menores. Desta forma, desenvolveram-se então as soluções baseadas em fibras ópticas do tipo multimodo, que permitiam a utilização dos transmissores de menor custo, que são os LEDs. Assim, durante um período, tivemos essa divisão na aplicação das tecnologias de fibras ópticas, com os sistemas baseados em fibras ópticas monomodo sendo utilizados na rede WAN, pelas operadoras de Telecomunicações, e com os sistemas baseados em fibras ópticas multimodo sendo utilizados nas redes LAN, com os padrões baseados no protocolo 34 Ethernet. Entretanto, com a evolução das tecnologias de redes de acesso, baseadas na tecnologia de redes ópticas passivas, temos também esta tecnologia sendo utilizada nas redes LAN. Dessa forma, também veremos em detalhes, em nossas próximas aulas, além das tecnologias de WAN, as tecnologias de rede que estão migrando da rede WAN para a rede LAN, tais como o WDM e o PON. 35 REFERÊNCIAS CHAPPELL, L. Diagnosticando redes: Cisco internetwork toubleshooting. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2002. TANEMBAUM, A. S. Redes de computadores. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2011. MAIA, L. P. Arquitetura de redes de computadores. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. Conversa inicial FINALIZANDO REFERÊNCIAS
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