Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
REDES I – REDES DE COMUNICAÇÃO E NORMAS AULA 4 Prof. Luis José Rohling 2 CONVERSA INICIAL Com o desenvolvimento e aperfeiçoamento das fibras ópticas, outro desafio dos sistemas de comunicações ópticas foi o aumento da capacidade dos sistemas de conversão dos sinais elétricos em sinais ópticos, para a transmissão de dados através da fibra óptica. Inicialmente, o aumento da capacidade das redes estava diretamente associado ao processo de multiplexação, pois a comunicação do usuário com a rede das empresas prestadoras de serviços de telecomunicações já era atendida por diversas tecnologias, baseadas em cabos metálicos, como as redes telefônicas e, posteriormente, as redes de TV a cabo e redes wireless, sendo utilizada a fibra óptica nas conexões da backbone, com a tecnologia synchronous digital hierarchy (SDH), vista em nossas aulas anteriores. Assim, as comunicações dos usuários eram encaminhadas até as centrais das operadoras e, desse ponto, utilizando-se as técnicas de multiplexação, eram encaminhadas, através do backbone, até as outras centrais, onde eram terminadas, sendo encaminhadas até o destinatário. Essas etapas de encaminhamento do tráfego pelas redes de comunicação eram identificadas utilizando-se também uma classificação das etapas, sendo caracterizados dois tipos de redes, que eram as chamadas redes de acesso e backbone, conforme mostrado na Figura 1. Dessa forma, tínhamos diferentes tecnologias empregadas em cada uma dessas redes, pois as necessidades de largura de banda e de distância eram bastante diferentes. As redes de acesso tinham a finalidade de atender apenas um usuário e, dessa forma, as demandas de largura de banda e de distância eram menores. Inicialmente, tínhamos apenas o serviço de telefonia analógica, cujo processo de comunicações demandava uma largura de banda de apenas 4 kHz. E a tecnologia de conversão do sinal de voz em sinal elétrico foi desenvolvida de forma que o terminal do usuário poderia estar localizado em uma distância de até 5 km da central da operadora do serviço de telefonia. Assim, as redes de acesso, construídas com os cabos telefônicos metálicos, foram projetadas para atender essa demanda. Posteriormente, com o advento das redes de dados, foram desenvolvidas tecnologias que permitiram o uso dessas redes para a transmissão de dados, tal como o integrated services digital network (ISDN), visto em nossas aulas anteriores, e as tecnologias conhecidas como digital 3 subscriber line (xDSL), que veremos em nossas próximas aulas. Atualmente, essas redes de acesso de cabos telefônicos estão sendo substituídas por redes de cabos ópticos, empregando as tecnologias de comunicação óptica com as redes chamadas de redes ópticas passivas (PON), que veremos também em nossas próximas aulas. Figura 1 – As redes de telecomunicações Fonte: Rohling, 2021. Com o aumento de tráfego nas redes de comunicações, já estando implementadas as redes de fibra óptica nas redes de backbone das operadoras, tínhamos a necessidade de utilizar cada vez mais a capacidade de transmissão da fibra óptica, que é quase infinita. Assim, o desafio passou a ser o desenvolvimento de novas tecnologias e componentes eletro-ópticos que possibilitassem o aumento da largura de banda dos sinais ópticos gerados, pois o meio físico, que é a fibra óptica, já possibilitava larguras de banda extremamente elevadas. Os padrões SDH, do synchronous transport module level 1 (STM-1) ao STM-64, vistos em nossas aulas anteriores, já permitiam a transmissão de taxas de até 10 GBps, porém, ainda com muitas limitações no processo de multiplexação. Assim, o processo de evolução da multiplexação dos sinais a serem transmitidos pelas redes de backbone óptico evoluiu com a utilização da tecnologia de multiplexação chamada de wavelength division Redes de acesso Backbone CENTRAL 1 CENTRAL 2 CENTRAL 3 4 multiplexing (WDM), que é a multiplexação óptica por comprimento de onda, que pode ser mais bem entendida se usarmos diferentes cores, que se diferenciam pelos seus comprimentos de onda, para transmitir as variadas informações através dos cabos ópticos. E o processo de conversão do sinal elétrico em óptico também pode ser tão simples quanto emitir a luz quando temos um bit igual ao nível lógico um e desligar o feixe óptico quando o bit tem nível lógico zero. E a multiplexação óptica consiste em termos esses diversos feixes ópticos sendo injetados na mesma fibra óptica, cada um deles transportando uma informação diferente e, o que é mais importante, sem nenhuma interferência entre eles. TEMA 1 – O PADRÃO WDM A técnica de multiplexação WDM foi utilizada inicialmente no final da década de 1980, porém, apenas com a utilização de dois comprimentos de onda bastante espaçados, utilizando duas janelas ópticas distintas, tais como a janela ótica de 1310 nm e a janela óptica de 1550nm, ou até mesmo nas janelas de 850nm e de 1310 nm. Inclusive este é o processo de multiplexação utilizado pelas PON atuais, que são utilizadas nas redes de acesso ópticas e que também vêm sendo disseminadas nas redes de área local (LAN), formando redes chamadas de PON LAN. O processo de multiplexação WDM utilizando a segunda e a terceira janelas ópticas irá empregar uma fibra do tipo monomodo, cujos transmissores deverão operar em 1.320 nm e 1.550 nm. Assim, uma rede de fibras ópticas de longa distância, construída com fibras monomodos, terá a sua capacidade de transmissão dobrada com a troca dos transmissores nas extremidades das redes. A única limitação a ser observada será a atenuação da fibra óptica, pois temos atenuações diferentes para cada uma das janelas ópticas. Entretanto, se o sistema de transmissão apresentar uma atenuação adequada na segunda e na terceira janela óptica, teremos uma atenuação menor e o sistema certamente irá operar adequadamente, sem nenhum problema em relação à atenuação óptica. 1.1 As janelas ópticas Como exemplo, vamos considerar um sistema de transmissão óptica que utiliza a fibra monomodo, opera na terceira janela, de 1.550 nm, com uma 5 distância de 120 km, tendo um transmissor de 0 dBm e um receptor com sensibilidade de -52 dBm, conforme mostrado na Figura 2. Assim, considerando- se que a fibra óptica deverá apresentar uma atenuação máxima de 0,4 dB/km na janela de 1.550 nm, conforme vimos nas aulas anteriores, em um sistema de transmissão de 120 km, teremos uma atenuação total de 48 dB. E, como a sensibilidade do sistema de recepção é de -52 dBm, teremos a operação adequada do sistema, pois a potência recebida será de -48 dBm. Figura 2 – Sistema de transmissão e recepção Fonte: Rohling, 2021. Assim, no exemplo anterior, se fosse realizada a substituição dos transmissores para a operação na janela óptica de 1.310 nm, seria necessário verificar se a atenuação da fibra óptica, nessa nova janela, ainda garantiria que a potência entregue no receptor estivesse de acordo com a sensibilidade do receptor. Para as fibras ópticas monomodos mais recentes, não teríamos esse problema, pois, conforme vimos nas aulas anteriores, a atenuação das fibras ópticas deverá ser no máximo de 0,4 dB/km tanto para a segunda janela quanto para a terceira janela, conforme a Tabela 1. Tabela 1 – Atenuação em fibras monomodos Tipo de fibra óptica Comprimento de onda Atenuação Monomodo apenas de uso interno 1.310 nm 1 dB/km 1.550 nm 1 dB/km Monomodo apenas de uso externo 1.310 nm 0,4 dB/km 1.550 nm 0,4 dB/km TX RX Operação em 1.550 nm Distância = 120 km Atenuação = 0,4 db/km Atenuação total = 48 dB PotTX = 0 dB PotRX = -48 dB RX TX PotTX = 0 dB PotRX = -48 dB 6 Monomodo de uso interno/externo 850 nm 0,5 dB/km 1.300 nm 0,5 dB/km Entretanto, como nos primeiros cabos ópticos, conforme o diagrama de atenuaçãoque caracteriza as janelas ópticas, tínhamos uma diferença na atenuação entre essas duas janelas, era necessária a verificação dos valores de atenuação para se garantir o funcionamento do sistema de transmissão. Assim, no exemplo anterior, com a substituição do transmissor para operação no comprimento de onda de 1.310 nm, considerando a mesma potência de transmissão de 0 dBm e que a sensibilidade do receptor fosse também de -52 dBm, a atenuação máxima da fibra óptica na janela de 1.310 nm deverá ser de: 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴çã𝑜𝑜 = 52 𝑑𝑑𝑑𝑑 120𝑘𝑘𝑘𝑘 = 0,433 𝑑𝑑𝑑𝑑/𝑘𝑘𝑘𝑘. Portanto, se tivermos, por exemplo, uma fibra óptica que apresente uma atenuação de 0,4 dB/km para a janela de 1.550 nm e de 0,5 dB/km para a janela de 1.310 nm, não poderemos utilizar a segunda janela óptica. 1.2 A transmissão full-duplex Os sistemas de comunicações ópticas operam em full-duplex, ou seja, fazem a transmissão e recepção dos dados simultaneamente, utilizando duas fibras ópticas. Além disso, os sistemas podem ainda operar em redundância, conforme visto nas aulas anteriores, quando teremos mais um par de fibras ópticas para a implementação do caminho alternativo que será usado em caso de falhas na rede. Mesmo no caminho alternativo, teremos também a utilização de duas fibras ópticas, para garantir a comunicação full-duplex. Assim, sempre teremos um transmissor e um receptor em cada equipamento da rede óptica, conectados por meio de duas fibras ópticas. E são utilizadas duas fibras ópticas pois os transmissores nas duas extremidades do link são iguais, ou seja, operam no mesmo comprimento de onda, sendo necessária uma fibra óptica para a transmissão bidirecional. Com o advento da tecnologia WDM foi possível então o uso de uma mesma fibra óptica, sendo utilizado um comprimento de onda para a transmissão em um sentido e um comprimento de onda para a transmissão no sentido contrário. Para isso, é necessário também que os transmissores sejam diferentes, pois deverão gerar o fluxo óptico em comprimentos de onda 7 diferentes. E é necessário também o elemento que fará o acoplamento do transmissor e do receptor em uma mesma fibra óptica. Esse sistema de acoplamento que atuará no feixe óptico é um sistema de espelho, sintonizado no comprimento de onda adequado, conforme mostrado na Figura 3. Figura 3 – Transmissão WDM com apenas uma fibra óptica Fonte: Rohling, 2021. Outra forma de aplicação da tecnologia WDM é a utilização de uma fibra para a transmissão de dois sinais distintos, no mesmo sentido de transmissão. Assim, nos sistemas de transmissão óptica onde já existem duas fibras ópticas interligando as estações da rede, é feita a multiplexação óptica em ambos os sentidos, conforme mostrado na Figura 4. Figura 4 – Transmissão WDM com duas fibras ópticas Fonte: Rohling, 2021. RX TX RX TX MUX WDM DEMUX WDM TX TX e RX operando em 1.310 nm RX TX RX TX e RX operando em 1.550 nm TX RX TX RX MUX WDM DEMUX WDM Cabo Óptico 8 TEMA 2 – A MULTIPLEXAÇÃO WDM O padrão inicial da multiplexação WDM com a utilização dos dois comprimentos de onda amplamente espaçados, nas janelas ópticas de 1.310 nm e de 1.550 nm, era chamado de wideband, por ser uma forma básica de WDM, que empregava apenas dois canais e ocupava uma grande largura de banda, pois utilizava duas janelas ópticas no sistema de transmissão. Já no início da década de 1990 tivemos a segunda geração dos sistemas de multiplexação WDM, o que foi chamado de narrowband, pois ocupava uma banda estreita, fazendo a multiplexação de dois a oito canais dentro de apenas uma janela óptica, no comprimento de onda de 1.550 nm. Na Figura 5 temos a representação da multiplexação WDM. Figura 5 – A multiplexação WDM Fonte: Rohling, 2021. No exemplo da Figura 5, temos um multiplexador WDM com quatro canais de entrada, com a injeção dos sinais ópticos em quatro comprimentos de onda, que serão injetados em uma mesma fibra óptica, que por sua vez será conectada à saída do multiplexador. E esse processo de multiplexação é feito por intermédio de um dispositivo óptico, não sendo realizada a conversão em sinais elétricos, como era feito nos processos de multiplexação das tecnologias anteriores, tal como o SDH. MUX WDM λ1 λ2 λ3 λ4 λ1 λ2 λ3 λ4 9 O comprimento de onda dos sinais de entrada deverá ter um espaçamento de forma que seja ocupada a janela óptica disponível para a transmissão. Assim, a capacidade do sistema WDM estará associada também ao desempenho da fibra óptica, pois, com a utilização de um espaço maior da janela de transmissão óptica, é necessário que a fibra óptica apresente as características esperadas em relação à atenuação em cada um dos comprimentos de onda usados pelos diferentes comprimentos de onda. Além disso, teremos também uma nova característica da fibra óptica que irá afetar o uso da fibra em sistemas WDM, que é a dispersão cromática, resultante das diferentes atenuações em cada um dos comprimentos de onda. 2.1 Os canais WDM O desenvolvimento dos sistemas de transmissão e multiplexação óptica WDM estão baseados nos parâmetros definidos pelo ITU, na recomendação ITU-T G.694.2, que define o sistema chamado de coarse WDM (CWDM). No CWDM teremos 18 canais, espaçados em 20 nm, em uma janela que se estende do comprimento de onda de 1.271 nm até o comprimento de onda de 1.611 nm, conforme mostrado no Gráfico 1, ocupando a segunda e a terceira janelas. Essa divisão de canais também estabelece uma identificação de bandas, que são as bandas O, E, S, C e L. Gráfico 1 – Canalização CWDM Fonte: Rohling, 2021. No entanto, apesar dessa grande quantidade de canais especificados na recomendação ITU-T G.694.2, na prática temos a utilização de quatro ou oito 1. 27 1 1. 29 1 1. 31 1 1. 33 1 1. 35 1 1. 37 1 1. 39 1 1. 41 1 1. 43 1 1. 45 1 1. 47 1 1. 49 1 1. 51 1 1. 53 1 1. 54 1 1. 57 1 1. 59 1 1. 61 1 Banda O Banda E Banda S Banda L Banda C 10 canais, em função da disseminação do uso desse tipo de canalização, sendo ele, consequentemente, encontrado com maior facilidade no mercado. Assim, no exemplo apresentado anteriormente, com a multiplexação de quatro canais, teríamos a utilização dos comprimentos de onda centrados na terceira janela óptica, com comprimentos de onda de 1.531 nm a 1.591 nm, conforme mostrado na Figura 6. Figura 6 – Exemplo de multiplexação WDM Fonte: Rohling, 2021. Em sistemas que necessitam de uma maior capacidade de transmissão e, consequentemente, uma maior quantidade de canais, são utilizados oito canais, com comprimentos de onda de 1.471 nm a 1.611 nm. 2.2 As fibras ópticas para WDM A utilização das janelas ópticas de uma maneira expandida demanda a necessidade de fibras ópticas com um desempenho diferenciado das fibras convencionais, que apresentam uma maior atenuação entre a segunda e a terceira janelas ópticas, conforme vimos anteriormente e é mostrado no Gráfico 2. MUX WDM TX 1.531nm TX 1.551 nm TX 1.571 nm TX 1.591 nm 11 Gráfico 2 – As janelas ópticas de uma fibra óptica convencional Fonte: Rohling, 2021. No Gráfico 2, podemos observar que existe um pico de maior atenuação, entre a segunda e a terceira janelas ópticas, que é chamado de pico de água, pois é gerado pelo surgimento de uma molécula de OH- no processo de fabricação da fibra óptica. Assim, para a utilização dos cabos ópticos em sistema de transmissão WDM, foram especificadas as fibras ópticas que não possuam esse pico de atenuação e que estejam descritas nas recomendações do ITU. Essas recomendações são: • ITU-T G.652C: chamada de low water peak e que será utilizada nos comprimentos de onda de 1.285 nm a 1.625 nm; • ITU-T G.652D: chamada de zero water peak e que será utilizada nos comprimentosde onda de 1.260 nm a 1.625 nm, cobrindo toda a canalização CWDM; • ITU-T G.656: chamada de non-zero dispersion for wideband optical transport e que será utilizada nos comprimentos de onda de 1.460 nm a 1.625 nm. TEMA 3 – OS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO DWDM Após a primeira tecnologia de WDM (o padrão Wideband, que utilizava um grande espaçamento entre os canais, utilizando até mesmo uma das duas janelas ópticas para a transmissão e a outra para a recepção), surgiu o dense WDM (DWDM), em meados da década de 1990. Os primeiros sistemas de multiplexação DWDM possibilitavam a utilização de 16 a 40 canais, com um espaçamento entre os canais com frequências de 100 GHz a 200 GHz. E, no 12 final da década de 1990, o DWDM evoluiu de forma a proporcionar a utilização de 64 a 160 canais paralelos, densamente distribuídos, em intervalos de 25 GHz a 50 GHz. Assim, atualmente, temos dois tipos de WDM, que são o CWDM e o DWDM. O CWDM é um sistema WDM que opera com menos de oito comprimentos de onda ativos por fibra. Os sistemas CWDM normalmente são especificados em relação aos comprimentos de onda, e os sistemas DWDM são especificados em relação às frequências. O menor espaçamento de comprimento de onda entre os canais do sistema DWDM permite uma maior quantidade de canais em uma única fibra, mas tem um custo maior de implementação e de operação. O CWDM é usado em sistemas de comunicação de curto alcance, utilizando maiores frequências de transmissão com um maior espalhamento dos comprimentos de onda. O espaçamento padronizado dos canais permite um espaço para a variação do comprimento de onda que ocorre durante a operação do sistema, à medida que os lasers se aquecem e esfriam, durante a operação. Assim, o CWDM é uma opção compacta e econômica quando a eficiência espectral não é o requisito mais importante do sistema de transmissão. O DWDM, que é o WDM mais denso, é o sistema empregado quando o sistema de transmissão óptica deve operar com uma capacidade maior, com mais de oito comprimentos de onda ativos por fibra. Assim, os dados de um sistema DWDM ocuparão um espectro muito menor, possibilitando se inserir mais de 40 canais na mesma faixa de frequência que seria utilizada por apenas dois canais, no sistema CWDM. O DWDM foi projetado para transmissão de longo alcance, em longas distâncias, e com comprimentos de onda multiplexados bastante próximos. Os diversos fabricantes de equipamentos DWDM desenvolveram várias técnicas para multiplexar 40, 88, 96 ou até 120 comprimentos de onda, com um espaçamento fixo, em uma única fibra óptica. 3.1 O amplificador EDFA Além da otimização das fibras ópticas monomodos para a transmissão de uma grande largura de banda espectral, para a implementação dos sistemas de comunicações ópticas temos também a utilização de amplificadores do tipo amplificador de fibra dopado com érbio (EDFA), que melhoram o desempenho 13 dos sistemas de comunicações de alta velocidade, permitindo que eles possam operar com um alcance de até milhares de quilômetros. O EDFA é um amplificador óptico usado nas bandas C e L, em que a atenuação do sinal nas fibras ópticas torna-se mais baixa entre os diversos comprimentos de onda utilizados nos sistemas de telecomunicações. Inventado em 1987, o EDFA é agora amplamente utilizado para compensar a perda de sinal, em uma fibra óptica, nas comunicações ópticas de longa distância. Outra característica importante é que o EDFA pode amplificar vários sinais ópticos simultaneamente e, portanto, pode ser facilmente combinado com a tecnologia WDM. Os EDFAs são usados como amplificadores nas funções de booster, in- line e pré-amplificador em um sistema de transmissão óptica, conforme mostrado na Figura 7. O amplificador do tipo booster é colocado logo após o transmissor, com a finalidade de aumentar a potência óptica do sinal injetado na fibra óptica. Os amplificadores in-line são colocados no meio da linha de transmissão, compensando a atenuação causada pela fibra óptica ao longo do caminho óptico. Uma distância típica para a inserção dos estágios de amplificação ao longo da rede é da ordem de dezenas de quilômetros. O pré-amplificador é colocado logo antes do receptor, de tal forma que a potência óptica seja suficiente para o correto funcionamento do receptor, garantindo-se que o fotodetector receba o sinal com a potência adequada à sua sensibilidade. Figura 7 – Os amplificadores ópticos Fonte: Rohling, 2021. Transmissor Receptor Amplificador booster Amplificador on-line Pré-amplificador FO FO 14 Antes do desenvolvimento do EDFA, as redes de transmissão óptica de longas distâncias exigiam um sistema complicado de regeneração, formado por um conversor óptico-elétrico e outro conversor elétrico-óptico, para possibilitar a retransmissão do sinal nos pontos em que o sinal óptico já estivesse no limite de atenuação. O uso do EDFA eliminou a necessidade de tal conversão, do sinal óptico no sinal elétrico e novamente deste no sinal óptico, simplificando significativamente o sistema de transmissão em longas distâncias. Esses amplificadores são utilizados especialmente nas redes de transmissão óptica submarina, em que mais de 100 repetidores EDFA podem ser necessários para implementação de um link. Como exemplo, temos a rede trans-pacific cable 5 cable network (TPC-5CN), iniciada em 1996 e que foi a primeira rede de fibra óptica submarina que empregou os amplificadores EDFA. 3.2 Transmissão e recepção da rede Para a geração dos sinais ópticos, que serão multiplexados por meio da técnica de WDM, teremos os diodos laser, vistos anteriormente. No entanto, como agora teremos diversos comprimentos de onda sendo propagados na mesma fibra óptica, é necessário que os emissores sejam bastante precisos, pois o multiplexado WDM fará apenas a junção dos feixes para eles serem injetados em uma única fibra óptica. Assim, um dos parâmetros a ser observado no desempenho do transmissor é a sua largura espectral, pois a potência do sinal emitido é espalhada em torno de um comprimento de onda central, conforme mostrado no Gráfico 3. Gráfico 3 – A largura espectral Fonte: Rohling, 2021. λ(nm) P(W) Pmáx 50% Pmáx λC λ1 λ2 15 A largura espectral de um pulso com comprimento de onda λC é definida como o espectro compreendido entre os comprimentos de onda inferior λ1 e superior λ2, obtidos de λC pelas laterais esquerda e direita, nas quais a potência do pulso atinge 50% do valor máximo em λC. Assim, no Gráfico 3, a largura espectral será a diferença entre os valores λ1 e λ2. Em diodos laser essa largura espectral é da ordem de 1 nm a 6 nm, o que irá determinar o espaçamento entre os canais no processo de multiplexação WDM. Já os emissores do tipo diodo emissor de luz (LED) têm uma largura espectral de 30 nm a 150 nm, o que praticamente inviabiliza a sua aplicação em sistemas de multiplexação óptica. E os lasers do tipo Vcsel possuem uma largura espectral no padrão dos lasers ILD, na ordem de 1 nm a 6 nm, o que permite a sua aplicação em sistemas de multiplexação WDM. Nos sistemas de comunicação WDM, para obtermos uma operação eficiente, teremos muitos canais densamente multiplexados, sendo então necessários também os filtros de alta precisão no sistema de recepção, para se separar os comprimentos de onda específicos sem se interferir nos comprimentos de onda adjacentes. Figura 8 – A recepção dos sinais WDM Fonte: Rohling, 2021. DEMUX WDM λ1 λ2 λ3 λ4 λ1 λ2 λ3 λ4 16 Assim, o multiplexador WDM consiste basicamente em um filtro óptico que irá separar os diferentes comprimentos de onda que foram propagados através da rede óptica e entregá-los para os fotodetectores, que irão realizar a conversão dos sinais ópticos em sinais elétricos, recuperando a informação digital de cada um dos canais. E,assim, na multiplexação, quanto maior o número de canais transmitidos, maior deverá ser a precisão e a seletividade dos sistemas ópticos para a correta separação dos sinais. 3.3 As fibras otimizadas Além das fibras ópticas para utilização em sistemas CWDM, vistas anteriormente, temos ainda a especificação do ITU das fibras ópticas otimizadas em relação ao efeito da dispersão cromática. Essas fibras ópticas apresentarão as características necessárias para serem utilizadas nos sistemas de transmissão que necessitam dessa compensação, que são: • ITU-T G.653: chamado de dispersion shifted fiber, é utilizado no comprimento de onda de 1.550 nm; • ITU-T G.654: chamado de cutt-of shifted fiber, é utilizado no comprimento de onda de 1.500 nm a 1.600 nm; • ITU-T G.655: chamado de non zero dispersion shifted fiber, é utilizado no comprimento de onda de 1.550 nm. TEMA 4 – REDES DE DADOS COM WDM Os principais desafios tecnológicos das redes de dados de alta velocidade, tais como as redes de ambientes de data center, são o consumo de energia e a eficiência do espaço. As redes de telecomunicações de alta velocidade foram impulsionadas pela tecnologia de detecção chamada digital coerente (digital-coherent), com a utilização do processador digital de sinais (DSP). No entanto, o consumo de energia desse sistema é muito elevado, na ordem de 10 W, o que não permitiria a aplicação desse tipo de tecnologia em um data center, em grande escala. Assim, a tradicional detecção direta sem compensação de dispersão mais eficiente em relação ao consumo de energia, é a tecnologia WDM utilizada em redes de dados para permitir a utilização de transceptores de alta velocidade, de pequeno porte e com baixo consumo de energia. 17 Por exemplo, muitos transceptores ethernet de 100 G, amplamente utilizados em data centers, utilizam a multiplexação WDM de quatro comprimentos de onda, operando na banda O. Como a dispersão cromática da fibra convencional de modo único, que é a fibra óptica especificada na recomendação ITU-T G.652, torna-se zero na banda O, a dispersão será minimizada. Além disso, a multiplexação WDM de quatro comprimentos de onda reduz a taxa de bits por canal, sendo a transmissão dos 100 Gbps feita em quatro canais de 25 Gbps, o que torna a tolerância à dispersão modal quatro vezes maior do que em um sistema de 100 Gbps de canal único. Temos duas opções para a utilização de um conjunto de quatro comprimentos de onda na banda O, que são os modelos chamados de CWDM4 e de LAN-WDM, cujas faixas de comprimento de onda são mostradas nos Gráficos 4 e 5, bem como a dispersão cromática máxima e mínima da fibra convencional monomodo. Os comprimentos de onda CWDM4 são os mesmos utilizados nos sistemas de transmissão CWDM de telecomunicações, permitindo o uso de sistema de transmissão óptica de menor custo, o que já está amplamente disseminado nas aplicações de telecomunicações. Os comprimentos de onda LAN-WDM são mais espaçados do que os comprimentos de onda CWDM4 e estão localizados quase no comprimento de onda de dispersão zero da fibra. Essa alocação de comprimento de onda permite transmissão de 100 Gbps em mais de 10 km, por exemplo, nos padrões 100GBASE-LR4 e ER4, sem restrição em função da dispersão cromática de fibra. Gráfico 4 – O padrão CWDM4 Fonte: Rohling, 2021. λ(nm) Dispersão 1.260 1.280 1.300 1.320 1.340 0 -2 -4 -6 Máx. Mín. 2 4 18 Gráfico 5 – O padrão LAN-WDM Fonte: Rohling, 2021. 4.1 Interfaces de switches Para a implementação do cabeamento estruturado com a utilização das redes ópticas diversas interfaces podem ser empregadas, seguindo os padrões do IEEE, desde as tecnológicas iniciais de 10 Mbps até as tecnologias de 40 Gbps, mais atuais. E essa evolução também foi possível em virtude da aplicação das técnicas de multiplexação óptica nas redes de dados. Atualmente, temos interfaces ópticas padrão ethernet disponíveis no mercado, sendo que as mais utilizadas, que justificam o investimento nos sistemas de comunicações ópticas, são as interfaces de 1.000 Mbps, 10 Gbps e 40 Gbps. Temos ainda dois tipos de interfaces ópticas quanto ao seu tamanho físico e conectorização: as interfaces chamadas de conversores de interfaces de gigabit (Gbic) e as interfaces chamadas de small form pluggable (SFP), ambas mostradas na Figura 9. As interfaces Gbic são mais antigas, com uso de conectores do tipo standard connector (SC), tendo sido substituídas pelas interfaces do tipo SFP, que são mais compactas, com uso de conectores do tipo local connector (LC). λ(nm) Dispersão 1.260 1.280 1.300 1.320 1.340 0 -2 -4 -6 Máx. Mín. 2 4 19 Figura 9 – Interfaces Gbic e SFP Créditos: Kitsananan/Shutterstock; Sommai/Shutterstock. Quanto às interfaces de 1.000 Mbps, chamadas de gigabit ethernet, temos várias opções quanto ao alcance e tipo de fibra óptica a ser utilizada, incluindo as interfaces que operam em WDM, conforme descritas a seguir. A interface do tipo 1000BASE-SX é compatível com o padrão IEEE 802.3z, com a transmissão sendo realizada no comprimento de onda de 850 nm, que, operando com as fibras multimodos legadas de 50 μm, permite um alcance de até 550 m. Esse tipo de interface pode ser empregado também em redes fiber distributed data interface (FDDI), com fibras ópticas de 62,5 μm, permitindo um alcance de até 220 m. Nos cabos com fibras multimodos de 50 μm, otimizadas para a transmissão com laser, pode-se obter um alcance de até 1 km com a utilização de uma interface 1000BASE-SX. A interface do tipo 1000BASE-LX/LH permite a utilização de fibras monomodos e fibras multimodos, realizando a transmissão de dados no comprimento de onda de 1.310 nm, atendendo as especificações do padrão IEEE 802.3z. Em redes ópticas com fibras multimodos é possível obter um alcance de até 550 m, e com fibras ópticas monomodos temos um alcance de até 10 km. A interface do tipo 1000BASE-EX opera no comprimento de onda de 1.310 nm, com a utilização de fibras monomodos standards, com um alcance de até 40 km. No entanto, como a sua potência de transmissão é elevada, torna-se necessária a inserção de um atenuador de 5 dB quando essa conexão for direta entre duas interfaces, através de um cordão óptico, em um mesmo ambiente de rede. Como a atenuação do cordão óptico é muito baixa, a potência do sinal 20 óptico injetado no receptor será muito elevada, podendo danificar a interface de entrada. A interface 1000BASE-ZX SFP opera também com fibras monomodos standards, porém, com a transmissão no comprimento de onda de 1.550 nm e com um alcance de até 70 km. No entanto, nesse tipo de rede de longa distância é necessário realizar o projeto da rede óptica, considerando-se todos os elementos da rede, incluindo as conectorizações e fusões. Dessa forma, o parâmetro utilizado para o projeto é o chamado budget óptico, ou seja, a diferença entre a potência do sinal emitido e a sensibilidade do receptor óptico, que nesse caso é de 21 dB. Também é necessária a inserção de atenuadores caso o comprimento do link seja menor, cuja atenuação deverá ser de 10 dB caso a atenuação de rede seja menor do que 8 dB. A multiplexação WDM é utilizada pelas interfaces do tipo 1000BASE- BX10-D e 1000BASE-BX10-U, que permitem a transmissão dos dados bidirecionais com a utilização de apenas uma fibra óptica, sendo compatíveis com a especificação IEEE 802.3ah e utilizando a fibra monomodo standard, com um alcance de até 10 km. Assim, a interface 1000BASE-BX10-D faz a transmissão no comprimento de onda de 1.490 nm e a recepção no comprimento de onda de 1.310 nm. E, complementarmente, a interface 1000BASE-BX10-U faz a transmissão no comprimento de onda de 1.310 nm e a recepção no comprimento de onda de 1.490 nm. Assim, essas interfaces incluem, além do transmissor óptico e o fotodetector,um multiplexador WDM que faz a separação dos sinais transmitidos e recebidos na fibra óptica única. Para a transmissão de dados em 1.000 Mbps a distâncias maiores, com a utilização de apenas uma fibra óptica, temos a interface 1000BASE-BX40-D e a interface 1000BASE-BX40-U, que permitem um alcance de até 40 km, usando a multiplexação WDM nos comprimentos de onda de 1.310 nm e de 1.490 nm, bem como as interfaces 1000BASE-BX80-D e 1000BASE-BX80-U, que têm um alcance de 80 km. 4.2 Interfaces 10 G Como exemplo das interfaces ópticas nas redes de dados, permitindo o tráfego de dados de 10 Gbps, veremos a seguir as interfaces fornecidas pela Cisco, para a conexão com os switches de rede. Os módulos fornecidos pela Cisco são identificados com módulos SFP+ que proveem uma grande variedade 21 de opções de conectividade para o ambiente de data center, no backbone do cabeamento estruturado das empresas e para o transporte dos serviços dos provedores de conexões de redes. O módulo 10GBASE-SR suporta um comprimento de link de 26 m na rede FDDI com fibra multimodo (MMF). Em redes ethernet com fibra multimodo do tipo modo óptico 3 (OM3), ele poderá ter um alcance de até 300 m e, com a utilização de fibras multimodos OM4, um alcance de até 400 m de comprimento. Esse padrão de comunicação utiliza o comprimento de onda de 850 nm. O padrão 10GBase-SR é amplamente usado, pois apresenta o menor custo entre as interfaces de 10 Gbps, porém é muito sensível ao tipo de fibra e tem alcance limitado a 400 m. O padrão 10GBase-LR utiliza conversores ópticos de maior custo do que o padrão SR, operando no comprimento de onda de 1.310 nm e exigindo um alinhamento mais complexo do sistema óptico, atingindo um alcance de 10 km com a utilização de fibra monomodo. Também não há distância mínima para o padrão LR, por isso ele pode ser utilizado em conexões de curta distância também com emprego de fibra monomodo. O módulo Cisco 10GBASE-LRM suporta comprimentos de link de até 220 m com fibra multimodo em redes FDDI. No entanto, para garantir que as especificações sejam atendidas em redes com fibras monomodos do tipo OM1 e OM2, o transmissor deve ser acoplado através de um cabo de manobra, para adequação dos tipos de fibra, o que não será necessário caso a rede seja implementada com fibras monomodos do tipo OM3 ou OM4. Os módulos 10GBASE-LR permitem um alcance de até 10 km com a utilização de fibra monomodo, do tipo G.652, tendo-se os módulos da Cisco identificados por SFP-10G-LR-S, que utiliza um transmissor do tipo classe S, SFP-10G-LR ou SFP-10G-LR-X. Já os módulos 10GBASE-ER permitem um alcance de 40 km com a utilização de fibra monomodo standard, do tipo G.652, operando no comprimento de onda de 1.550 nm. E os módulos 10GBASE-ZR permitem um alcance de 80 km, também com as fibras G.652 e também operando em 1.550 nm. Para o processo de transmissão bidirecional com uma única fibra óptica temos os módulos SFP-10G-BXD-I e SFP-10G-BXU-I, com um alcance de até 10 km, com fibra monomodo standard. A comunicação sobre uma única fibra óptica é realizada com a separação do comprimento de onda utilizado pelos 22 transmissores, sendo que o SFP-10G-BXD-I transmite no comprimento de onda de 1.330 nm e recebe o sinal óptico no comprimento de onda de 1.270 nm, enquanto o SFP-10G-BXU-I transmite no comprimento de onda de 1.270 nm e recebe o sinal em 1.330 nm. Para esse processo é utilizado o multiplexador óptico do tipo WDM, que é integrado ao módulo SFP para realizar a divisão dos feixes ópticos de 1.270 nm e de 1.330 nm. Sendo necessário um alcance maior da rede, no processo de transmissão bidirecional com uma única fibra óptica teremos os módulos SFP-10G-BX40D-I e SFP-10G-BX40U-I SFPs, que também utilizam a fibra monomodo standard, com um alcance de até 40 km. O módulo SFP-10G-BX40D-I transmite no comprimento de onda de 1.330 nm e recebe em 1.270 nm, e o módulo SFP-10G- BX40U-I transmite no comprimento de onda de 1.270 nm e recebe o sinal óptico em 1.330 nm. Outro padrão que utiliza a multiplexação WDM é o padrão 10GBase-LX4, com um alcance de 300 m com fibras multimodos, em redes FDDI, e com um alcance de até 10 km com fibras monomodos, operando na janela de 1.310 nm em ambos os casos. Esse padrão ethernet utiliza a multiplexação óptica no padrão CWDM, o que reduz a taxa de transmissão de cada comprimento de onda para 3.125 Gb. O padrão LX4 também suporta fibra monomodo, permitindo um alcance de até 10 km, porém o LX4 tem um custo maior do que o dos padrões SR e LR, pois requer quatro circuitos ópticos e elétricos, além do multiplexador óptico. Com a maior disponibilidade das fibras ópticas monomodos do tipo OM3 e OM4 e padrões mais novos, que proporcionam longo alcance sobre multimodo com um único laser, o que proporciona um custo menor, o padrão LX4 está se tornando obsoleto. TEMA 5 – REDES PARA DWDM Para a transmissão de sinais ópticos utilizando a multiplexação WDM, além dos transmissores que farão a multiplexação dos feixes ópticos, temos também as características das fibras ópticas, que irão determinar o correto desempenho dessas redes. Assim, conforme vimos anteriormente, temos duas características básicas das fibras ópticas que determinam o desempenho dos enlaces ópticos, que são a atenuação e a dispersão. No entanto, em relação à dispersão, temos dois tipos de dispersão, que são a dispersão modal e a dispersão cromática. Assim, em redes que utilizam transmissor do tipo Vcsel, em 23 fibras multimodos, deverá ser verificada a dispersão modal, pois esse dispositivo óptico faz a emissão dos sinais ópticos com uma diversidade de caminhos, apesar de ser muito mais preciso e com maior potência do que o LED. Assim, em redes locais, com largura de banda tipicamente na ordem de 10 Gbps, com a utilização de fibras multimodos, é necessário verificar a característica da fibra óptica utilizada, preferencialmente usando as fibras do tipo OM3 e OM4. 5.1 Dispersão cromática Nas transmissões de longa distância em que temos diversas tecnologias e padrões de multiplexação óptica, com a utilização de fibras monomodos, é necessário se verificar o seu desempenho quanto à dispersão cromática. E esse fenômeno ocorre quando temos a transmissão de diversos comprimentos de onda em uma única fibra óptica, devido à variação das características intrínsecas da fibra óptica em função do comprimento de onda. Ou seja, no processo de transmissão de vários sinais ópticos, de comprimentos de onda diferentes, teremos uma variação da velocidade de propagação de cada um dos feixes ópticos, de modo que os diversos pulsos ópticos transmitidos simultaneamente, em uma extremidade do link óptico, serão propagados com diferentes velocidades, e de modo que, na outra extremidade do link óptico, teremos a chegada dos pulsos em tempos diferentes, conforme mostrado na Figura 10. Figura 10 – A dispersão cromática Fonte: Rohling, 2021. E a dispersão cromática dependerá de três fatores distintos, que são a distância, a taxa de transmissão e a velocidade de propagação de cada um dos comprimentos de onda. Assim, quanto maior o comprimento do link óptico, maior será a dispersão dos pulsos, pois os feixes ópticos que trafegam em velocidades TX RX Link óptico 24 menores sofrerão um atraso cada vez maior, em função do aumento da distância percorrida. Nas LAN, com distâncias curtas, esse efeito torna-se praticamente desprezível, sendo significativo apenas nas redes de área alargada (WAN), em que temos distâncias muito maiores, da ordem de dezenas de quilômetros. Para realizar a compensação da dispersão cromática, é utilizado um equipamento compensador, no final do link, que fará o atraso dos comprimentos de onda que apresentam uma maior velocidade de propagação na fibra, sincronizando novamente os pulsos ópticos para serem entreguesao demultiplexador WDM. Essa compensação será ajustada de acordo com o comprimento do link e os comprimentos de onda utilizados na transmissão dos sinais ópticos. Figura 11 – Compensador de dispersão cromática Fonte: Rohling, 2021. 5.2 Modulação e codificação Outro aspecto inerente ao processo de transmissão óptica, que ocorre antes da multiplexação óptica, é a conversão do sinal digital em pulsos ópticos, o que é realizado mediante um processo chamado de modulação. Assim, o sinal contendo a informação a ser transmitida, que é chamado de sinal modulante, irá alterar um segundo sinal, que é chamado de portadora, de forma que esse segundo sinal é que irá transportar efetivamente a informação. Nos sistemas ópticos digitais a modulação mais usual é a modulação chamada de on off keying (OOK), em que o bit 1 é representado pelo sinal ou pulso luminoso e o bit 0 é representado pela ausência de sinal óptico na fibra. Ou seja, o sinal digital que contém a informação irá ligar e desligar o feixe óptico. TX RX Compensador de dispersão cromática Link óptico 25 Além do processo de modulação, no qual temos a interação do sinal modulante com a portadora, que nos sistemas de transmissão óptica utiliza o modo OOK, temos ainda o processo de codificação de linha, que irá adequar o sinal modulado ao meio de transmissão. Assim, nos sistemas ópticos temos diversas codificações de linha, empregadas para melhorar o desempenho do processo de transmissão, sendo que as codificações mais usuais são chamadas de não retorno ao zero (NRZ) e retorno ao zero (RZ). Na codificação de linha do tipo NRZ, o transmissor não é totalmente desligado quando o sinal digital é equivalente ao nível lógico zero, fazendo apenas a redução da potência do sinal óptico emitido, mas não desligando-o totalmente. Como o processo de emissão do sinal óptico apresenta um certo atraso, quando o transmissor é ligado, não realizando a sua total desativação, ele apresentará uma resposta muito mais rápida quando gerar o sinal de potência máxima, que é a codificação que equivale ao nível lógico um. 5.3 O cross-connect óptico Assim como nas redes SDH, nas redes WDM temos as estações terminais, que fazem a multiplexação dos sinais digitais, com operação em anel, garantindo alta disponibilidade, conforme vimos nas redes SDH. E, para a derivação dos sinais, temos também os equipamentos que fazem a inserção e a retirada dos sinais sem a necessidade de decodificação de todas as informações trafegadas no link, que são chamados de optical add-drop multiplex (OADM). E essa derivação dos sinais é realizada também por um dispositivo puramente óptico, que faz o direcionamento dos comprimentos de onda desejados para uma determinada saída local, deixando que os demais comprimentos de onda trafeguem normalmente em direção ao seu destino. Na Figura 12, temos o exemplo de um equipamento do tipo OADM inserido no link óptico, que fará a derivação do comprimento de onda λ1, deixando passar os demais comprimentos de onda. 26 Figura 12 – O OADM Fonte: Rohling, 2021. O princípio de funcionamento do OADM é semelhante ao do multiplexador WDM – a única diferença é que ele estará separando apenas um dos comprimentos de onda do feixe óptico. Inclusive, o demultiplexador óptico também pode ser considerado uma série de OADM, pois cada comprimento de onda será separado do feixe principal por um divisor óptico com o mesmo princípio de funcionamento do OADM. FINALIZANDO Os padrões WDM foram desenvolvidos para a ampliação da capacidade das redes ópticas que formavam o backbone das operadoras de telecomunicações, otimizando os investimentos já realizados na construção das redes ópticas. Assim, com as fibras ópticas já instaladas, seria possível o aumento da largura de banda, atendendo mais usuários ou aumentando a largura de banda dos assinantes. No entanto, alguns aspectos associados ao funcionamento das fibras óticas representam uma limitação dessa ampliação de banda. E o principal fenômeno associado a esse comportamento não linear das fibras ópticas é a chamada dispersão cromática. Com a utilização dos compensadores de dispersão essa limitação pode ser contornada, permitindo o aumento da capacidade de banda das redes já instaladas. Por outro lado, também foram desenvolvidas fibras ópticas que tratavam essa dispersão cromática, permitindo a utilização de um espaço maior de transmissão das janelas ópticas, tornando a segunda e a terceira janelas ópticas uma única janela, comportando muitos comprimentos de onda. Assim, com a instalação de novas redes, já com a instalação das fibras ópticas monomodos TX RX Link óptico Link óptico OADM λ4 λ3 λ2 λ1 27 do tipo OS2 e OS3, as operadoras de telecomunicações construíram as redes de backbone que suportam todas as novas tecnologias WDM, permitindo-se utilizar até 1.000 comprimentos de onda para a transmissão nessas redes. As tecnologias WDM também passaram por uma evolução na sua aplicação em LAN, com a utilização de fibras multimodos dos tipos OM3 e OM4. Assim, tornou-se possível a transmissão com taxas na ordem de 40 Gbps e de 100 Gbps. No entanto, na transmissão em LAN temos a utilização dos transmissores Vcsel, que, em conjunto com as fibras multimodos, apresentam o efeito da dispersão modal. Dessa forma, mesmo com o uso das fibras OM3 e OM4, teremos uma limitação em relação à distância, pois, para maiores taxas de transmissão, necessitaremos de menores distâncias de transmissão para que o espalhamento dos pulsos não afete a decodificação da informação digital. O aumento de banda nas tecnologias de LAN permitiu a implementação das redes metroethernet, com a utilização de interfaces ópticas com taxas de 10 Gbps e distâncias de até 40 km, tal como o padrão 10GBASE-ZR. Dessa forma, o desenvolvimento dos sistemas de comunicações ópticas para as redes das operadoras de telecomunicações levaram ao desenvolvimento de padrões de comunicação para as redes LAN com altas taxas e maiores distâncias. Conversa inicial FINALIZANDO
Compartilhar