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APOPTOSE, NECROSE, CALCIFICAÇÕES E PIGMENTAÇÕES Feito por: Nicóly Pompermaier Pereira A morte celular é um processo crucial para a homeostase e a sobrevivência dos organismos multicelulares. Existem dois tipos principais de morte celular, a apoptose e a necrose. Ambos os processos ocorrem como uma resposta celular a uma variedade de estímulos, mas diferem em seus mecanismos moleculares e morfológicos. O presente trabalho tem o objetivo de explorar os conceitos de apoptose e necrose, suas diferenças e suas implicações em patologias humanas. A Apoptose é um processo fisiológico controlado geneticamente, também conhecido como morte celular programada. Este processo desempenha um papel fundamental no desenvolvimento embrionário, na manutenção da homeostase tecidual e no sistema imunológico. Na apoptose, a célula passa por uma série de mudanças morfológicas caracterizadas pelo encolhimento celular, fragmentação do núcleo, formação de corpos apoptóticos e fagocitose pelas células vizinhas ou pelos macrófagos. O processo de apoptose é orquestrado por proteínas da família das caspases, que são enzimas proteolíticas que clivam proteínas específicas na célula. As caspases são ativadas por meio de duas vias principais: a via intrínseca e a via extrínseca. A via intrínseca é desencadeada por sinais celulares de estresse, como danos no DNA, estresse oxidativo ou falta de nutrientes. Esses sinais levam à ativação de proteínas Bcl-2, que regulam a permeabilidade da membrana mitocondrial. Se as proteínas Bcl-2 são ativadas a favor da apoptose, a permeabilidade da membrana mitocondrial aumenta, o que libera citocromo C no citoplasma e leva à ativação das caspases. A via extrínseca é acionada por sinais externos, como a ligação de um ligante específico a um receptor de morte celular presente na membrana plasmática. Isso leva à formação de um complexo de sinalização que ativa as caspases. A Necrose, por outro lado, é um processo patológico desencadeado por lesões agudas, como trauma físico, isquemia, infecção ou exposição a toxinas. Na necrose, a célula sofre ruptura da membrana plasmática e liberação do conteúdo celular no ambiente extracelular, o que pode levar à inflamação e dano tecidual. A necrose pode ser dividida em diferentes subtipos, como necrose coagulativa, liquefativa, caseosa e gordurosa, dependendo das características morfológicas e do tipo de tecido afetado. A necrose coagulativa é caracterizada por uma mudança no pH do tecido e pela desnaturação de proteínas, que resulta em um aspecto de gelatinação. Já a necrose liquefativa é caracterizada pela formação de uma cavidade com pus. A necrose caseosa é um subtipo de necrose granulomatosa, caracterizada por lesões com aparência de queijo. A necrose gordurosa é uma situação em que as células adipócitas morrem, gerando inflamação e possíveis danos teciduais por consequência. O conhecimento sobre apoptose e necrose tem implicações importantes na patologia humana. A apoptose é um processo crucial para a manutenção da saúde e prevenção de doenças, pois impede o crescimento celular desordenado e a formação de tumores. Na verdade, muitas terapias contra o câncer se baseiam no estímulo da apoptose nas células cancerígenas. Por outro lado, a necrose é um processo patológico que pode contribuir para a progressão de diversas doenças, como doenças cardiovasculares, lesões cerebrais e doenças autoimunes. Além disso, a morte celular por necrose pode levar à liberação de moléculas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral (TNF), que desempenham um papel importante na inflamação sistêmica. Em resumo, apoptose e necrose são dois processos diferentes de morte celular com implicações importantes em patologias humanas. A apoptose é um processo fisiológico controlado geneticamente que desempenha um papel fundamental no desenvolvimento embrionário, na manutenção da homeostase tecidual e no sistema imunológico. Por outro lado, a necrose é um processo patológico desencadeado por lesões agudas, como trauma físico, isquemia, infecção ou exposição a toxinas. O conhecimento sobre esses processos pode ajudar na prevenção e tratamento de diversas doenças. As calcificações e pigmentações patológicas são alterações extracelulares que podem ocorrer em diversos tecidos do corpo humano, durante a morte celular por necrose ou apoptose, ou também podem ocorrer naturalmente no corpo humano, como resultado de processos fisiológicos normais. Essas alterações são importantes para o diagnóstico de diversas doenças e patologias, pois podem indicar a presença de lesões e mudanças nos tecidos. As calcificações patológicas representam uma condição clínica que ocorre quando há um excesso de cálcio depositado nos tecidos do corpo. Esses depósitos de cálcio podem ser classificados em dois tipos principais: calcificações distróficas e calcificações metastáticas. As calcificações distróficas ocorrem quando há lesões ou morte de tecidos, resultando na deposição de cálcio no local da lesão. Esses depósitos de cálcio são caracterizados por serem finos e granulares, e podem ser facilmente visualizados em tecidos que passaram por necrose, como no caso de cicatrizes após uma lesão. Essas calcificações ocorrem frequentemente em tecidos que sofreram traumas ou inflamações, como por exemplo, na artrite reumatoide. Por outro lado, as calcificações metastáticas são causadas por um aumento anormal de cálcio no sangue, geralmente devido a distúrbios metabólicos ou hormonais, como no caso de insuficiência renal crônica ou hiperparatireoidismo. Nesses casos, o cálcio em excesso é depositado em tecidos saudáveis, como vasos sanguíneos e tecido pulmonar, resultando em calcificações difusas e mais densas. Essas calcificações são frequentemente encontradas em pacientes com doenças crônicas, como doença renal crônica, diabetes mellitus, hipertensão arterial e outras doenças cardiovasculares. O diagnóstico de calcificações patológicas pode ser feito por meio de exames de imagem, como radiografias, tomografias computadorizadas e ressonância magnética. Além disso, a análise laboratorial do sangue também pode ser útil na identificação de distúrbios metabólicos ou hormonais que podem levar à formação de calcificações metastáticas. O tratamento para calcificações patológicas depende da causa subjacente. Em casos de calcificações distróficas, geralmente não é necessário tratamento, já que elas são uma resposta natural do corpo à lesão tecidual. No entanto, em casos de calcificações metastáticas, o tratamento deve ser direcionado para a correção do distúrbio subjacente, com o objetivo de reduzir o excesso de cálcio no sangue e prevenir a formação de novas calcificações. Além das calcificações, as pigmentações também são alterações patológicas que podem ocorrer durante a necrose ou apoptose e podem ser indicativas de diversas condições e doenças. A pigmentação é uma alteração visual que ocorre devido à deposição de substâncias, como melanina, lipofuscina e bilirrubina, em diferentes regiões do corpo humano. Existem dois tipos principais de pigmentação: a endógena e a exógena. A pigmentação endógena refere-se ao acúmulo anormal de substâncias naturais no corpo humano, como a melanina, lipofuscina e bilirrubina. A lipofuscina, por exemplo, é uma pigmentação endógena que ocorre naturalmente em células que passaram por apoptose, como neurônios e células cardíacas. Esse tipo de pigmentação pode ser um indicador de envelhecimento celular e estresse oxidativo. Estudos sugerem que a acumulação de lipofuscina pode estar relacionada a doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson. À esquerda, exemplo de pigmentação exógena (antracose) À Direita, exemplo de pigmentação endógena (vitiígo) Além disso, a bilirrubina é um pigmento produzido a partir da degradação da hemoglobina, e pode se acumular no tecido hepático, resultando em icterícia. A icterícia é uma condição médica caracterizada pela coloração amareladada pele, mucosas e escleróticas (parte branca dos olhos). A icterícia pode ser um sinal de doenças hepáticas, como a hepatite e a cirrose ou outras condições médicas. No caso da melanina, é válido dizer que ela é um pigmento endógeno que é produzido por células chamadas melanócitos, localizadas na pele, cabelos e olhos. A quantidade de melanina produzida varia de acordo com a exposição ao sol e a genética de cada indivíduo. O acúmulo excessivo de melanina pode levar a condições como o melasma e o vitiligo. A pigmentação exógena é um fenômeno que ocorre quando há exposição a substâncias externas que podem ser absorvidas pelo corpo. Essas substâncias podem ser metais pesados, poeira, tatuagens e outros compostos químicos. A pigmentação exógena pode afetar várias partes do corpo e pode ter diferentes causas, dependendo da substância envolvida. Um exemplo comum de pigmentação exógena é a tatuagem. A tatuagem é uma prática milenar de marcação do corpo humano que se tornou popular em muitas culturas ao redor do mundo. A tatuagem é uma pigmentação exógena, onde o pigmento é injetado sob a pele, resultando em uma marca permanente. O processo de tatuagem envolve a inserção de agulhas na pele, que depositam tinta na camada dérmica da pele. A tinta contém pigmentos que são absorvidos pelo corpo e que dão cor à tatuagem. Outro exemplo de pigmentação exógena é a exposição ao chumbo. O chumbo é um metal pesado que pode ser encontrado em vários produtos, incluindo tintas, baterias e combustíveis. A exposição ao chumbo pode resultar em uma pigmentação azul-acinzentada nas gengivas e nos dentes, conhecida como linha de Burton. Essa pigmentação é causada pela deposição de sais de chumbo nas gengivas e nos dentes. A linha de Burton é um sinal clínico de intoxicação crônica por chumbo e pode ser um indicador de exposição ambiental a esse metal pesado. Além disso, a pigmentação exógena pode ocorrer devido à exposição a outros metais pesados, como mercúrio e arsênio, que também podem ser absorvidos pelo corpo. A exposição a esses metais pode resultar em uma pigmentação escura na pele, nos olhos e nas mucosas, bem como em outros sintomas de intoxicação por metais pesados. A poeira e outros compostos químicos também podem causar pigmentação exógena. A exposição à poeira pode resultar em uma pigmentação escura na pele, especialmente nas áreas expostas à poeira. Além disso, a exposição a certos produtos químicos pode resultar em uma pigmentação escura ou manchas na pele. É importante destacar que, embora as calcificações e pigmentações possam ser um sinal de patologia subjacente, é importante destacar que nem sempre é o caso. Na verdade, algumas dessas alterações são fenômenos naturais que ocorrem no corpo humano ou são o resultado de processos fisiológicos normais. As calcificações, por exemplo, podem ocorrer em tecidos moles, como músculos e tendões, em resposta a lesões ou inflamações. Em alguns casos, essa calcificação pode ser o resultado de deposição de sais minerais, como cálcio e fosfato, em tecidos danificados. No entanto, em outros casos, a calcificação pode ser um processo normal que ocorre durante o desenvolvimento ósseo. Por outro lado, as pigmentações, como a melanina, são produzidas naturalmente pelo corpo humano como uma forma de proteção contra os raios ultravioleta do sol. A presença de pigmentação em tecidos moles pode ser um sinal de lesões cutâneas ou de doenças inflamatórias, mas também pode ser um fenômeno normal que não está associado a patologias. No entanto, em muitos casos, tanto as calcificações quanto as pigmentações podem estar associadas a patologias subjacentes. Por exemplo, a calcificação pode ser um sinal de insuficiência renal crônica, aterosclerose, doenças hepáticas, ou outras doenças que afetam o metabolismo mineral do corpo. Já as pigmentações podem ser um sinal de doenças de pele, como melanoma ou vitiligo, ou de doenças endócrinas, como a doença de Addison ou a síndrome de Cushing. Por fim, o conhecimento sobre essas alterações é importante para um diagnóstico preciso e um tratamento adequado, bem como para o desenvolvimento de novas terapias e métodos de diagnóstico para as doenças associadas à morte celular. É fundamental que os profissionais de saúde tenham uma compreensão sólida desses conceitos para fornecer um cuidado de qualidade aos pacientes e garantir melhores resultados clínicos. REFERÊNCIAS: A. JAVIER ZEPEDA, DR. C. Patologia Clínica: Manual Para el médico General . 2. ed. Tegucigalpa: 2008, [sd]. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/389283816/Patologia-Clinica-Dr-Carlos-a-Javier-Co mpleto. Acesso em: 5 abr. 2023. BARBOSA, Euripedes. Calcificação e Pigmentação Patológicas. Disponível em: https://pt.slideshare.net/euripedes/calcificaco-e-pigmentaco-patolgicas. Acesso em: 5 abr. 2023. CASTILHO DE BARROS, C.; SCHNEIDER, A. Patologia Geral Necrose. [S.l.]: [s.n.]. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/patogeralnutricao/files/2013/05/Necrose-cop.pdf. Acesso em: 4 abr. 2023. CONTE, M.; MELO, P. Morte Celular por Apoptose: uma visão bioquímica e molecular. [S.l.], n. 1, p. 37–58, 2007. 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