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FAMETRO Av. Djalma Batista, Nossa Sra. das Gracas. Manaus, AM Todos os direitos reservados © FAMETRO IME Instituto Metropolitano de Ensino Ltda Wellington Lins de Albuquerque | Presidente-IME Maria do Carmo Seffair Lins de Albuquerque | Reitora Cinara da Silva Cardoso | Vice-Reitora Iyad Amado Hajoj | Diretor de EaD e Expansão Leonardo Florêncio da Silva | Diretor Editorial e Gestor de EaD Luciana Braga | Projeto Gráfico e Direção de Arte Ana Augusta de Oliveira Simas | Supervisora de Produção Karolayne Costa de Lima | Revisora Imagens | depositphotos.com "Este material literário é de uso pessoal e intransferível do aluno FAMETRO Digital e, portanto, possui finalidades exclusivamente pedagógica e institucional, vedada em qualquer hipótese a sua comercialização, sob pena da aplicação das sanções previstas no Regimento Interno do Grupo FAMETRO e demais penalidades cabíveis pela legislação brasileira." Pa la vr a da R ei to ra “É a educação que faz o futuro parecer um lugar de esperança e transformação”. (Marianna Moreno) “Sejam todos e todas bem-vindos ao EaD do Centro Universitário Fametro” O Centro Universitário Fametro acredita que o papel de uma instituição de ensino é formar não apenas profissionais, mas também formar profissionais no Ensino Superior, com valores éticos, humanísticos e com respeito ao meio ambiente capazes de contribuir para o desenvolvimento da nossa Amazônia. A Fametro, portanto, tem premissas claras a cumprir como instituição de ensino de qualidade. Praticar o ensino, pesquisa e extensão é a sua principal bandeira. A Fametro, ao longo das últimas duas décadas, vem se consolidando como a melhor instituição de ensino do Norte, um espaço democrático e docentes com variadas visões de mundo. Somos uma instituição de ensino plural que avança a cada ano em busca sempre de desenvolver a economia da Amazônia. Nossa estrutura é moderna, estamos em diversos municípios levando uma educação inclusiva e de qualidade. Conheça o Centro Universitário Fametro e viva a experiência em estudar numa instituição com o corpo docente com mestres e doutores e de qualidade de ensino comprovada pelo MEC. Maria do Carmo Seffair Reitora UNIDADE I - CONCEITO DE DIDÁTICA Histórico da didática Fases da didática Objeto de estudo histórico da didática Conceituando educação Refletindo sobre o ensino A escola O processo de aprendizagem Su m ár io 18 19 22 23 24 24 25 UNIDADE II - OS COMPONENTES DO PROCESSO DIDÁTICO Objetivos Planos de ação didática Métodos e técnicas de ensino Conteúdos Professor/Aluno Avaliação Teorias e correntes pedagógicas UNIDADE III - PEDAGOGIAS LIBERAIS E SUAS VERSÕES Tendência liberal conservadora Pedagogias progressistas As teorias pedagógicas não críticas Abordagem tradicional (Mizukami, 1985) 33 34 35 36 38 39 40 47 48 49 52 UNIDADE IV - INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS OPERACIONAIS DA DIDÁTICA - OBJETIVOS DO ENSINO-APRENDIZAGEM Objetivos do processo de ensino-aprendizagem Objetivos gerais e específicos O papel do livro didático Os livros didáticos e sua relação com o professor Métodos e técnicas de ensino Técnicas de ensino As formas e práticas de interação no “aprender a aprender” A avaliação da aprendizagem e do ensino Referências 61 63 65 65 68 71 76 79 83 U ni da de 1 Videoaula 1 Videoaula 2 13 CONCEITO DE DIDÁTICA Para José Carlos Libâneo, a Didática é uma disciplina pedagó- gica que estuda os objetos, as con- dições do processo de ensino, os meios e o cenário educacional, pois os conteúdos da disciplina de en- sino decorrem da ciência que lhes serve de base. 14 Anotações: A disciplina de ensino implica numa seleção de conhecimentos que se pautam em critérios pe- dagógicos e didáticos; de maneira semelhante, os métodos da ciência e os métodos de ensino são co- nexos, não idênticos, porque a atividade de ensino implica uma relação pedagógica que lhe é peculiar, distinguindo-se daquela que ocorre na atividade científica (LIBÂNEO, 1994). O ensino está associado ao processo de trans- missão de saberes. Nesse sentido, cabe à Didática adequar os elementos do planejamento de ensino e os procedimentos e técnicas necessários para ensinar. Não basta conhecer bem a ciência, nem os conhecimentos a serem transmitidos, porque o método de ensino decorre do conteúdo e da forma de investigação da ciência que é ensinada. Esta po- sição mostra um reducionismo do campo de estu- dos da Didática, tomando-a como disciplina pres- critiva de métodos e técnicas. O professor deve aprender a lidar com a sub- jetividade humana, sua linguagem, percepções e prática de vida. Sem esta noção, torna-se inábil para desenvolver didáticas articuladas e contex- tualizadas com os problemas, desafios, questões relacionadas aos conteúdos e condições para se conseguir uma aprendizagem significativa. A me- todologia do ensino é uma questão metodológica e também a inserção do professor na prática escolar, mediante a pesquisa-ação. Como devo fazer para que os educandos com- preendam o que estou tentando ensinar? O que é a didática? Que conceituações lhes são atribuídas? Para que possamos responder a essas perguntas, torna-se necessário entendermos um pouco sobre 15 Anotações:qual o valor que a Didática tem para a docência. Essa disciplina passa a ter um valor mais signifi- cativo para quem está do outro lado da docência: o discente. A Didática, para desempenhar papel significa- tivo na formação do educador, não poderá reduzir- -se somente ao ensino de técnicas pelas quais se deseja desenvolver um processo de ensino-apren- dizagem. Ela é a parte da Pedagogia que utiliza es- tratégias de ensino destinadas a colocar em prática as diretrizes da teoria pedagógica, do ensino e da aprendizagem. O vocábulo “Didática” surgiu do grego Τεχνή διδακτική (techné didaktiké), que se traduz por “arte” ou “técnica de ensinar”. Será que na Didática está contemplada a probabilidade de transformar minha aula planejada num espaço de conversação per- manente sobre o conhecimento? O diálogo gera o entendimento do estudante sobre o assunto da dis- ciplina? Como afirma Santos (2003, p. 139, grifos nos- sos): A Didática passou de (...) apêndice de orientações mecânicas e tecnológi- cas para um atual (...) modo crítico de desenvolver uma prática educativa, forjadora de um projeto histórico, que não se fará tão somente pelo educador, mas pelo educador, conjuntamente, com o educando e outros membros dos diversos setores da sociedade. Para Libâneo (1992, p. 25, grifos nossos): 16 Anotações: A Didática é o principal ramo de estu- do da Pedagogia. Ela investiga os fun- damentos, as condições e os modos de realização da instrução e do ensi- no. A ela cabe converter objetivos so- ciopolíticos e pedagógicos em objeti- vos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos. Gil (1997, p. 109, grifos nossos), ao abordar a Didática, entende esta como (...) a sistematização e racionalização do ensino, constituída de métodos e técnicas de ensino de que se vale o pro- fessor para efetivar a sua intervenção no comportamento do estudante. Por isso mesmo, sobre a Didática, há preocu- pações de alguns teóricos quanto à sua representa- ção e significação no campo educacional. Uma sín- tese do conceito de Didática pode ser depreendida de Maria Rita Oliveira (1988). A autora conceitua didática, considerando o Brasil, como uma concepção de ensino e prática social articulada a outras práticas sociais na for- mação social brasileira. A autora apresenta uma conceituação da didática como crítica. Nela, há um compromisso com o ensino vol- tado para os interesses das classes populares, com a transformação das relações de opressão e domi- nação e com a democratização da escola pública, como também com o entendimento da sala de aula como espaço de progressão próprio do saber didá- tico-prático. 17 Anotações:A didática, então,é definida como teoria peda- gógica de caráter prático, ou seja, teoria que busca prover respostas a demandas apresentadas pela so- ciedade à área pedagógica, sobre o desenvolvimen- to da prática no dia a dia da sala de aula, por meio de princípios construídos sobre a realidade concreta dessa prática, envolvendo um saber tecnológico que implique técnicas e regras sobre como ensinar. A Di- dática – teoria pedagógica – estuda e ensina como transformar o saber escolar, ou seja, o processo de pedagogização do saber científico. Nos dias atuais, a definição de didática ga- nhou contornos mais amplos e deve ser compre- endida enquanto um campo de estudo que discute as questões que envolvem os processos de ensino. Nessa perspectiva, a Didática pode ser definida como um ramo da ciência pedagógica voltada para a formação do aluno em função de finalidades edu- cativas e que tem como objeto de estudo os pro- cessos de ensino e aprendizagem e as relações que se estabelecem entre o ato de ensinar (professor) e o ato de aprender (aluno). A Didática, então, passa a abordar o ensino ou a arte de ensinar como um trabalho de mediação de ações pré-definidas destinadas à aprendizagem, criando condições e estratégias que assegurem a construção do conhecimento. Nesse contexto, a Didática, enquanto campo de estudo, visa propor princípios, formas e diretri- zes que são comuns ao ensino de todas as áreas de conhecimento. Não se restringe a uma prática de ensino, mas se propõe a compreender a relação que se estabelece entre três elementos: professor, aluno e a matéria a ser ensinada. 18 Anotações: Ao investigar as relações entre o ensino e a aprendizagem mediadas por um ato didático, pro- cura compreender também as relações que o aluno estabelece com os objetos do conhecimento. Para isso, privilegia a análise das condições de ensino e suas relações com os objetivos, conteúdos, méto- dos e procedimentos de ensino. Santos (2003) complementa ainda que, ao se apresentar a Didática como responsável pela inves- tigação dos fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino, ela passa a ter caráter de “ciência da educação e assume o lugar da própria Pedagogia”. Desse modo, o fenômeno educativo, enquan- to ato didático, tem uma pluridimensionalidade, de modo que a Didática não caminha isoladamente no campo dos conhecimentos científicos, assim como não dá conta de resolver seus problemas sem a contribuição de outras ciências da educação. Além disso, a interdisciplinaridade se tornou hoje um princípio inquestionável na organização do conhe- cimento e não há razão para que a Didática ignore essa particularidade. HISTÓRICO DA DIDÁTICA As primeiras ideias a respeito da Didática sur- giram em países da Europa Central. Os dois prin- cipais educadores dessa época eram Ratíquio e Comênio. Segundo Comênio, o método de ensino deve seguir alguns passos importantes: • ensinar tudo o que se deve saber; 19 Anotações:• mostrar a aplicação prática de tudo o que é ensinado; • explicar de maneira direta e clara; • ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo de suas causas; • explicar primeiro os princípios gerais; • ensinar as coisas em seu devido tempo; • persistir em um assunto até sua perfeita compreensão; • dar a devida importância às diferenças que existem entre as coisas. Comênio escreveu uma obra importantíssima e marcante para a história da Didática: a Didática Magna (1649), que possuía um caráter revolucionário e se pautava por ideais ético-religiosos. O princípio da Didática comeniana era: o fundamento dá-se na própria natureza. Perfeita, como criação divina, ela fornece em seu processo evolutivo as bases para o ensino, no qual é preciso partir do simples para o complexo; desenvolver cada etapa a seu tempo; partir da crença de que todo fruto amadurece, mas precisa de condições adequadas. FASES DA DIDÁTICA O assunto será desenvolvido utilizando-se como base os estudos de Maria Rita Oliveira (1988). Partindo de Comenius, em sua obra mais relevante, Didática Magna (1657), podemos organizar a Didáti- ca nas seguintes fases: FASE NATURALISTA-ESSENCIALISTA: pro- cura definir os fins da Educação e os conteúdos culturais a serem dominados pelos homens. A me- 20 Anotações: todologia se caracteriza por referir-se a toda uma prática pedagógica, não se restringindo às prescri- ções sobre regras e formas de ensinar. A Didática tem como principais preocupações os problemas referentes aos fins da Educação e aos conteúdos culturais a serem dominados pelos homens. Será que, com base na fase Naturalista-Es- sencialista, pode-se compreender que a tônica da proposta de Comenius é a coerência entre seu mé- todo único e os fins amplos da educação e da vida? FASE PSICOLÓGICA: dá ênfase às questões metodológicas e tem seu início marcado pelos tra- balhos de Pestalozzi (1746-1827). Para o teórico, as leis da educação e do ensino se fundamentam na observação psicológica. O pensador teria percebi- do a necessidade de se basear na teoria e na prática da Educação na ciência psicológica, apesar do des- conhecimento de Pestalozzi sobre o grau primitivo da Psicologia como ciência. A educação fundamen- tada na psicologia aparecerá em Locke, Rousseau e Herbart. Locke (1632-1704) tem seus pensamentos so- bre a Educação influenciados pelo sistema psico- lógico que propõe, insistindo na importância de se conhecer o caráter da criança e analisar as carac- terísticas necessárias a um educador, para prover uma aprendizagem atraente. Rousseau (1712-1778) tem como princípio cen- tral do método de ensino a não autoridade de uns sobre os outros, em situações de aprendizagem. Já Herbart (1776-1841), considerado o “pai da Psicolo- gia”, dá um passo decisivo para a delimitação da Di- dática, ao mencionar instrução e ensino dentro de sua doutrina geral da educação. 21 Anotações:O processo educativo se baseia, em seus ob- jetivos e meios, na Ética e na Psicologia, respecti- vamente. A doutrina herbartiana apresenta caráter intelectualista e a instrução adquire importância central: o sentir e o querer são resultantes da re- presentação de ideias. Podemos então analisar que Pestalozzi dava ênfase no ensino intuitivo, enquanto Herbart valorizava as ideias dos sujeitos. Os dois sistemas favorecem o mesmo resultado: o conhecimento de um mundo que se acredita passível de compreen- são tal como é na realidade. Portanto, as características da fase psicoló- gica da Didática se baseiam na Psicologia e se deli- mitam em relação à Pedagogia. Os métodos e pro- cedimentos de ensino se tornam , pouco a pouco, caracterizadores desse ramo do conhecimento que se distingue, em sua fase contemporânea, por seu “metodologismo”. FASE EXPERIMENTAL: utiliza o método ex- perimental e a discussão em torno das relações entre a Didática e a Psicologia. A atitude científica do aluno diante da situação de ensino é indispen- sável à transição do empirismo à experimentação. A Didática é dependente da Psicologia, porque há aplicação dos conhecimentos desta sobre a apren- dizagem na tarefa de educar. A fase Experimental da Didática, segundo Oli- veira (1988), iniciou-se com o trabalho de Sikorsky sobre a fadiga que o trabalho intelectual produzia nos alunos. O caráter científico em estudos sobre questões didáticas é recente, embora as preocu- pações a respeito se registrem desde o século pas- sado, segundo Penteado (1979) citado por Oliveira 22 Anotações: (1988), o qual salienta que há trabalhos sobre os métodos de ensino, ao lado de pesquisas, em áreas próximas à Didática, sobre a aquisição de conheci- mentos e a adaptação do ensino às diferenças indi- viduais. Sobre os métodos de ensino, há que se pre- ocupar com o comportamento dos professores e suas influências sobre os alunos, uma vez que há modelos teóricos a serem seguidos para o aprimo- ramento da prática pedagógica em sala de aula. En- tretanto, o professor precisa estar estimuladopara desenvolver estratégias didáticas diferenciadas e próprias. O método de ensino é lembrado por Piaget (2005), conforme análise de Oliveira (1988, p. 42), como uma evolução “para quem os métodos recepti- vos e baseados no verbalismo – da palavra ou da ima- gem – devem ser substituídos pelos ativos, em que o aluno redescobre e reconstrói o conhecimento”. Segundo Piaget (2005), para que haja uma verdadeira construção do conhecimento por meio do ensino-aprendizado, torna-se necessário uma reforma do ensino para que se multiplique o núme- ro de “vocações” de que a sociedade atualmente ne- cessita. A prática eficaz de tais métodos demanda o estudo de Psicologia por parte dos educadores. OBJETO DE ESTUDO HISTÓRICO DA DIDÁTICA Se a Didática é uma ciência cuja preocupação se volta para a educação, o ensino e a aprendiza- gem, podemos então perceber que há intencio- 23 Anotações:nalidade nas ações didáticas, diferentemente das aprendizagens que ocorrem informalmente com as pessoas ao longo de suas vidas. Há um planeja- mento, um objetivo e uma ação específica que leva ao alcance deste objetivo. Para Castro (2001: p.15), “a primeira peculiaridade do processo de ensinar, pois, seria sua intencionalidade, ou seja, ajudar al- guém a aprender”. Desde já, é importante que se ressalte que fa- lar em Didática não significa falar somente em prá- ticas e procedimentos. Para que se possa desem- penhar seu papel de orientar ações, é preciso que estas ações sejam precedidas de uma reflexão teó- rica e de pesquisas, que embasarão essas práticas. CONCEITUANDO EDUCAÇÃO A educação é um processo de formação hu- mana. Em cada sociedade ou país, a educação exis- te de maneira diferente, de acordo com os costu- mes, valores ou crenças existentes. Dessa forma, a palavra educação pode ser entendida com dois sentidos diferentes: Social: é a ação que as gerações adultas exer- cem sobre as gerações mais jovens, orientando sua conduta por meio da transmissão de um conjunto de conhecimentos, normas, crenças, usos e costu- mes aceitos pelo grupo social. Vista sob esse ponto de vista, a educação é uma manifestação cultural e depende do contexto histórico e social no qual está inserida. Portanto, seus fins variarão de acordo com a época ou sociedade analisada. Individual: nesse sentido, a educação está li- gada ao desenvolvimento das aptidões e potencia- 24 Anotações: lidades de cada indivíduo, tendo em vista o aprimo- ramento de sua personalidade. De qualquer modo, ambos os sentidos ligam a educação ao aspecto de formação do indivíduo. REFLETINDO SOBRE O ENSINO No sentido etimológico, ensinar deriva do la- tim insignare, que significa “colocar dentro, gravar no espírito”. Existem muitas concepções de ensi- no, dependendo da formação do educador, de seu comprometimento e ideologia. De um modo geral, temos três eixos que orientam o ensino: Tradicional: neste eixo, ensinar é transmitir conhecimentos. Por meio de aulas expositivas e ex- plicativas, os conhecimentos vão sendo apresenta- dos pelo professor e o aluno deve reproduzir o que lhe foi passado. Tecnicista: esta concepção se apoia nos prin- cípios da racionalidade, eficiência e produtividade. A instrução é programada, o estudo é dirigido para ensinar o aluno a fazer algo. Escola Nova: a partir dessa concepção, es- pera-se que o ensino crie condições de aprendiza- gem. O importante não é somente aprender, mas aprender a aprender. Valoriza-se a relação profes- sor-aluno e a ação educativa estimula um professor orientador da aprendizagem. A ESCOLA A escola é a instituição ou local formal onde ocorre a educação, de forma sistemática e inten- cional, criada com o objetivo de educar e ensinar. 25 Anotações:As escolas surgiram em virtude da complexidade da organização das sociedades. Deve suprir a ne- cessidade educacional nos diferentes momentos da vida humana. Os alunos devem ser educados para a sub- sistência (superar adversidades); para a libertação (agir e intervir no contexto em que vive); para a co- municação (conscientização). Além disso, a escola deve promover uma educação para a transforma- ção, que permite promover mudanças pessoais e no panorama nacional, seja no âmbito geral, políti- co, econômico ou educacional. O PROCESSO DE APRENDIZAGEM A aprendizagem se apresenta como um pro- cesso complexo. Esse processo não se refere so- mente à aquisição de conteúdos ou informações necessárias durante o período escolar, é muito mais que isso. É um processo de aquisição, assi- milação, aprimoramento e internalização, mais ou menos consciente, de novos padrões e novas for- mas de perceber, de ser, pensar e agir. Como processo, a aprendizagem envolve di- mensões do ser humano que são mais ou menos estimuladas, conforme o tipo de aprendizagem que estiver sendo desenvolvido. Podemos citar os se- guintes tipos de aprendizagem: Motora ou Motriz: é a aprendizagem que diz respeito ao desenvolvimento de habilidades moto- ras, como andar de bicicleta, escrever, pular corda, desenhar etc. Cognitiva: esta aprendizagem diz respeito à aquisição e assimilação de novas informações, 26 Anotações: conceitos ou conhecimentos. Por exemplo: o alfa- beto, a numeração, a estrutura da água, o planeta solar, etc. Afetiva ou emocional: importantíssima na sala de aula, refere-se a aprender sentimentos e emoções. É importante ressaltar que para que haja aprendizagem é preciso que se queira aprender. Por esse motivo, a motivação se apresenta como importante elemento nesse processo, em que o professor deve procurar motivar seus alunos, crian- do situações favoráveis para que a aprendizagem ocorra. Por meio do diálogo, o educador pode co- nhecer os interesses dos alunos a fim de orientá- -los no ensino, buscando uma forte motivação que faça do processo de aprendizagem uma atividade interessante. Mas somente motivar não é suficiente. É pre- ciso que o aluno esteja pronto para determinados assuntos e desenvolva condições de aprendiza- gem. Trata-se da maturação, que consiste em mu- danças nas estruturas físicas e mentais dos alunos, as quais influenciam o desenvolvimento fisiológico e anatômico do sistema nervoso. Isso determina se o aluno está maduro para determinada tarefa, ou seja, se está apto a realizá-la. Em vista disso, só se aprende quando se estiver maduro para esta apren- dizagem. Diante dessas reflexões, é possível perce- ber que há uma estreita relação entre o ensino e a aprendizagem. Não há ensino sem aprendizagem e vice-versa. Isto porque o ensino existe para motivar a aprendizagem, orientá-la, dirigi-la, para que ela atinja um grau elevado de eficiência e eficácia. Para estabelecer uma concepção didática, é 27 Anotações:preciso que se assumam certas concepções de so- ciedade, de escola, de mundo e de ser humano. São estas concepções que nos permitirão estabelecer uma linha de ação junto aos nossos alunos para que o processo ensino-aprendizagem ocorra satisfato- riamente para ambos os lados. Por esse motivo, nos chama a atenção o papel da didática como reflexão sistemática da prática educativa. Se observarmos e analisarmos os problemas que enfrentamos na prática pedagógica, valendo- -nos das teorias elaboradas para esse fim, podere- mos resolver as questões diárias da escola e da sala de aula com ajuda de teorias e pesquisas aprofun- dadas sobre o assunto. Na verdade, a teoria só é vá- lida a partir do momento em que ela contribui para a resolução e aprimoramento da prática pedagógica. Assim, as relações professor-aluno, aluno-aluno e o próprio processo ensino-aprendizagem são objeto de interesse da didática. O processo educativo é, principalmente, uma relação entre seres humanos, permeada pelo con- junto de valores, práticas sociais, costumes e tra- dições que fazem parte da formação cultural pré- -escolar de cada sujeito envolvido neste processo. Além disso, embora com maior ou menor intensi- dade, percebemos influências de tendências polí- tico-ideológicas queestão direta ou indiretamente relacionadas à política partidária. Em outras palavras, professores e alunos não deixam de ser quem são ao entrarem na sala de aula e, justamente, em função disso, é que aparecerão as diferenças que, se bem aproveitadas, podem re- sultar em mais produtividade no processo educati- vo ou, então, em obstáculo. 28 Anotações: Se o processo de aprendizagem ocorre numa relação interpessoal entre todos os envolvidos e sofrem influências de diferentes tendências, é pre- ciso, segundo Masetto (1995), assumir o desenvolvi- mento pessoal como um todo, destacando-se três dimensões do processo de aprendizagem: humana, político-social e técnica. Dimensão Humana: por meio das relações interpessoais que ocorrem no processo de apren- dizagem, entre alunos, professores e direção, há a criação de um clima afetivo importante e muitas vezes responsável tanto pelo sucesso quanto pelo fracasso da aprendizagem. A falta de empatia entre os sujeitos do processo, assim como a forte identi- ficação entre eles, interessa muito à Didática, uma vez que influenciará diretamente em seu objeto de estudo: o ensino e a aprendizagem. Infelizmente, o que se percebe é certo descaso em relação à di- mensão humana desse processo, como se as rela- ções pessoais ocorressem num mundo à parte da aprendizagem e por esse motivo podem ser descar- tadas dessa construção. Dimensão Político-Social: vivemos em deter- minado tempo, com uma cultura e valores específi- cos de nossa sociedade. Além disso, temos nossas opiniões e posições políticas e sociais que transmi- timos em nossos trabalhos e consequentemente nas relações com a escola. Assim também nossos alunos. Desse modo, o processo ensino-aprendiza- gem ocorre dentro de um contexto político-social que influencia o trabalho realizado nas escolas. Por outro lado, a escola realiza seu trabalho esperando que os alunos sejam educados para desempenhar papéis na sociedade, para atuarem no progresso e 29 Anotações:desenvolvimento. Esses elementos influenciam a aprendizagem do aluno, motivo pelo qual a didática deve assumir um caráter político-social no desen- volvimento da prática educativa. Dimensão Técnica: O processo ensino-apren- dizagem ocorre na escola e na aula. Ele é intencio- nal e deve ser orientado por objetivos que levem os alunos a aprender. Destaca-se então a dimensão técnica, no desenvolvimento de objetivos, seleção de conteúdos, técnicas e recursos de ensino, pro- cessos de avaliação, planejamentos; enfim, todo o respaldo técnico necessário para que a aprendiza- gem efetivamente ocorra, constituindo-se no nú- cleo da dimensão técnica do processo de aprendi- zagem. Diante das colocações feitas, é perceptível que a Didática é importante no processo de apren- dizagem dos alunos, na medida em que estabelece uma ligação entre o que ensinar e como ensinar, mediando as bases teórico-científicas da educação e a prática docente. A Didática não separa ensino de aprendiza- gem, uma vez que um não pode ocorrer sem a pre- sença do outro. Desse modo, a partir da concepção que o professor tem de ensino e de aprendizagem, o resultado poderá ser diferente. O professor deve estar preparado para focar seu trabalho na aprendizagem e não somente no ensino, pois desse modo o aluno poderá tornar-se o sujeito do processo, desenvolvendo ações que pro- movam sua aprendizagem. Neste caso, o professor passa de transmissor para mediador ou orientador pedagógico, proporcionando uma aprendizagem mais significativa. U ni da de 2 Videoaula 1 Videoaula 2 32 33 OS COMPONENTES DO PROCESSO DIDÁTICO Dentre os Elementos Didá- ticos, temos: Objetivos; Planos de Ação Didática; Métodos e Téc- nicas de Ensino; Conteúdos; Pro- fessor/Aluno; Avaliação. 34 Anotações: OBJETIVOS São proposições, acerca de um papel de uma instituição, que definem, em grandes linhas, aqui- lo que desejamos alcançar diante de uma situa- ção. São também mudanças no pensamento, nos sentimentos e nas ações dos alunos, respaldadas pelo processo educacional. As metas definidas com precisão ou resultados previamente determi- nados vão indicar aquilo que o aluno será capaz de fazer como consequência do empenho no processo ensino-aprendizagem. Constitui o objetivo da educação a formulação do que se almeja adquirir sobre conhecimentos, atitudes (afetiva /atitudinal) relacionadas ao com- portamento, sentimentos e interesses expressos em atitudes e gostos; compreendem princípios e valores; conceitos (cognitivo/conceitual). Estão também relacionados ao conhecimento, compre- endendo conceitos, ideias, princípios, habilidades e capacidades mentais e procedimentos (psicomo- tor/procedimental), os quais estão relacionados às habilidades motoras, que implicam saber fazer coi- sas, ter habilidades, ter prática. Os objetivos dividem-se em: objetivo geral, o qual expressa os resultados finais esperados de um curso com relação às competências e habilidades a serem adquiridas durante o processo de ensino; e objetivo da unidade, matéria ou aula, o qual expres- sa os resultados específicos esperados da unidade, matéria ou aula. 35 Anotações:PLANOS DE AÇÃO DIDÁTICA O Plano deve apresentar ordem sequencial, objetividade (deve estar atrelada à realidade), co- erência (ideias / prática) e flexibilidade. O proces- so de planejamento se constitui, portanto, de três fases: a de preparação ou elaboração, a de desen- volvimento ou execução e a de aperfeiçoamento ou avaliação. Na fase de preparação ou elaboração dos pla- nos são previstos todos os passos, visando asse- gurar a sistematização, o desenvolvimento e a ob- tenção dos objetivos propostos, selecionando-se as melhores condições para que a aprendizagem aconteça. Na fase de desenvolvimento ou de execução, as atividades previstas com relação ao ensino e aprendizagem são efetivamente concretizadas. Nessa etapa, pode-se verificar a necessidade de adaptação à medida que a interação com os alunos vai ocorrendo e o feedback indica formas alterna- tivas mais eficientes. O plano deve ser simples e completo, porém flexível, em função de feedbacks advindos da sua própria concretização. A fase de avaliação e aperfeiçoamento do pla- no deve prever mecanismos, instrumentos e perio- dicidade para análise do processo e dos resultados. Ao seu término, a avaliação apresenta um signifi- cado mais amplo, porque além de avaliar os resul- tados do ensino-aprendizagem, avalia também a qualidade do plano, a eficiência dos professores e a eficiência do sistema escolar. Nessa fase, procu- ra-se fazer os ajustes que se fizerem necessários ao atingimento dos objetivos e ao replanejamento do plano. 36 Anotações: MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO Os métodos de ensino (ou estratégias de en- sino) são ações, processos ou comportamentos planejados pelo professor para colocar o aluno em contato direto com fatos ou fenômenos que lhe pro- porcionem experiências que possibilitem modificar sua conduta, em função dos objetivos previstos. Tem a finalidade de despertar interesse no aluno, facilitar a fixação do assunto, acelerar a aprendiza- gem, além de destacar informações essenciais. Para a escolha das estratégias de ensino é preciso ter em vista: os objetivos; o nível de conhe- cimento/aprendizagem do aluno (físico e cognitivo); o nível de interesse do aluno; a disponibilidade dos recursos locais; o domínio dos procedimentos me- todológicos pelo professor; a interdisciplinaridade; a transversalidade; a contextualização. Técnicas de ensino de que o professor deve fazer uso: resolução de problemas; simulação; caso; painel de discussão; métodos de ensino. En- tre os procedimentos de ensino, temos: pesquisa; estudo dirigido ou discussão dirigida; debate cru- zado; grupos de vivências; discussão em grupos; dramatizações e estratégias ativas. CONTEÚDOS A seleção e organização dos conteúdos de- vem ser realizadas em função dos objetivos pro- postos. Deve-se considerar o progresso evolutivo, osinteresses e necessidades dos alunos. Deve ser uma disposição encadeada e hierarquizada dos conteúdos, visando o estabelecimento de uma se- 37 Anotações:quência gradual de dificuldades que permita ao alu- no passar do estágio de conhecimentos concretos a outros cada vez mais abstratos. Os critérios para seleção de conteúdos são: • UTILIDADE: este critério está presente quando há possibilidade de aplicar o co- nhecimento adquirido em situações no- vas; • SIGNIFICAÇÃO: um conteúdo será signifi- cativo e interessante para o aluno quando estiver relacionado às experiências por ele vivenciadas (contextualização); • VALIDADE: deve haver uma relação clara e nítida entre os objetivos a serem atingidos com o ensino e os conhecimentos desen- volvidos; • FLEXIBILIDADE: o conteúdo deve possibi- litar a flexibilização, para que sejam feitos os ajustes e adaptações que se façam ne- cessárias; • ADEQUAÇÃO AO NÍVEL DE DESENVOLVI- MENTO DO ALUNO: os conteúdos devem ser coerentes com o grau de maturação dos alunos. Os critérios para organização de conteúdos são: • CONTINUIDADE: refere-se ao tratamento de um conteúdo repetidas vezes em diver- sas fases do trabalho. • SEQUÊNCIA: faz com que os tópicos su- cessivos de um conteúdo partam sempre dos anteriores, aprofundando-os. • INTEGRAÇÃO: refere-se ao relacionamen- 38 Anotações: to entre as diversas áreas do processo ensino-aprendizagem, visando garantir a unidade do conhecimento. PROFESSOR/ALUNO O professor necessita conhecer como se dá o conhecimento em sala de aula para aumentar sua competência pedagógica e favorecer o desenvolvi- mento profissional do aluno e a sua autonomia in- telectual no espaço de interação entre professor/ aluno e alunos/alunos. Espaço esse em que o pro- fessor desenvolve sua prática, seleciona e trans- mite conteúdos, passa posições políticas, ideológi- cas, transmite e recebe afetos e valores. O processo educativo intencional deve ser sistemático, baseado no trabalho com o conhe- cimento e na organização da coletividade, funda- mentando-se em uma concepção de homem e de conhecimento. É necessário compreender que o conhecimento não é “transferido” nem “depositado” pelo outro, nem é “inventado” pelo sujeito, mas sim, construído pelo sujeito na sua relação com os ou- tros e o mundo. O conteúdo apresentado pelo professor pre- cisa ser trabalhado, refletido, reelaborado pelo alu- no, para uma apropriação do conhecimento, uma aprendizagem significativa. Esse conhecimento se dá em 3 momentos: Síncrese-mobilização para o conhecimento (prática social e problematização); Análise-construção do conhecimento (instrumen- talização) e Síntese elaboração e expressão do co- nhecimento (catarse e prática social). 39 Anotações:AVALIAÇÃO A avaliação é um componente do processo de ensino e aprendizagem que busca comparar o que foi adquirido com o que se pretende alcançar. Tem como objetivo diagnosticar como a escola e o pro- fessor estão contribuindo para o desenvolvimento dos alunos. Nesse sentido, avaliar é um processo contínuo, que envolve não apenas o aspecto quan- titativo, mas principalmente o aspecto qualitativo, que é alicerce para o processo ensino-aprendiza- gem, determinando o valor de algo e emitindo juízo de valor a partir do conhecimento. Usa-se de critérios pré-estabelecidos e atri- bui significado e orienta ações a serem implemen- tadas. Para realizar uma avaliação significativa, é necessário definir bem o que se quer avaliar e seus reais propósitos; estabelecer critérios para que a avaliação ofereça de forma abrangente, informa- ções sobre tudo que foi apreendido; as atividades de avaliação devem ser definidas segundo objeti- vos, competências e habilidades. As funções da avaliação são de diagnóstico, de formativa e de somativa. • DIAGNÓSTICA: no início das atividades para verificar deficiências nos resultados de aprendizagens anteriores, domínio de pré-requisitos, nível de conhecimento prévio sobre o assunto a ser desenvolvido. • FORMATIVA: durante o ensino- aprendiza- gem, a fim de obter dados e informações para melhorar o ensino e a aprendizagem e assegurar o alcance dos objetivos pre- vistos. 40 Anotações: • SOMATIVA: ao final da unidade, a fim de classificar e comparar os resultados al- cançados pelos alunos. Principais características da avaliação es- colar, conforme Libâneo: reflete a unidade objeti- vos-conteúdos-métodos; possibilita a revisão do plano de ensino; ajuda a desenvolver capacidades e habilidades; volta-se para a atividade dos alunos; deve ser objetiva; ajuda na percepção do professor; reflete valores e expectativas do professor em rela- ção aos alunos. A avaliação tem como função a autocom- preensão do aluno e do professor, motivar o cres- cimento; aprofundar a aprendizagem; auxiliar na aprendizagem, além de levar à reflexão da prática pedagógica. Em sua essência, o processo avaliativo tem que ser útil na informação que oferecer, viável na realização de sua trajetória, ter ética em seus propósitos e ser precisa na elaboração de seus cri- térios. TEORIAS E CORRENTES PEDAGÓGICAS A Didática, tendo um papel importante no pro- cesso de “transmissão” do conhecimento, auxilia no processo de formação do professor e afeta direta- mente a sua forma de ensinar, que exprime uma ati- vidade pedagógica, levando ao aprendizado, envol- vendo assim a realização de uma tarefa com êxito. Diante das abordagens sobre a Didática fei- tas até aqui, entendemos que o processo de ensi- no e aprendizagem tem sido estudado sob variadas 41 Anotações:perspectivas. Nas próximas aulas, estudaremos sobre algumas abordagens teóricas que procuram elucidar o papel da Didática para a formação do educador e sua importância nas estratégias de en- sinar e aprender. Santos (2005), em seus estudos, classifica e agrupa as correntes teóricas pedagógicas, segun- do as teorias de Libâneo (1982), Bordenave (1984), Saviani (1984) e Mizukami (1986), que descrevem e comparam os processos de ensino-aprendizagem, classificando-os e agrupando-os conforme seus pressupostos. Bordenave (1984) — classifica e distingue “as diferentes opções segundo o fator educativo que elas mais valorizam”. • Pedagogia da transmissão; • Pedagogia da moldagem; • Pedagogia da problematização. Libâneo (1982) — utiliza como critério as posi- ções que as teorias adotam em relação às finalida- des sociais da escola. Pedagogia Liberal: • Conservadora; • Renovada progressista; • Renovada não diretiva; • Pedagogia progressista, em suas versões: • Libertadora; • Libertária; • De conteúdos. Saviani (1984) – toma como critério de classi- ficação a criticidade da teoria em relação à socie- dade e o grau de percepção da teoria dos determi- nantes sociais. 42 Anotações: Teorias não críticas: • Pedagogia tradicional; • Pedagogia nova; • Pedagogia tecnicista. Teorias crítico-reprodutivas: • Sistema de ensino enquanto aparelho ide- ológico; • Escola enquanto aparelho ideológico do Estado; • Escola dualista. Mizukami (1986) considera que a base das te- orias do conhecimento envolve três características básicas: primado do sujeito, primado do objeto e interação sujeito-objeto , apesar de reconhecer que existam muitas variações e diferentes combi- nações possíveis, tais como: • Abordagem tradicional; • Abordagem comportamentalista; • Abordagem humanista; • Abordagem cognitivista; • Abordagem sociocultural. 43 Anotações: U ni da de 3 Videoaula 1 Videoaula 2 46 47 PEDAGOGIAS LIBERAIS E SUAS VERSÕES TENDÊNCIA LIBERAL CONSERVADORA Concebe a ideia de que a esco- la tem por atividade preparar os alu- nos para as capacidades individuais. Entretanto, as estratégias didáticas não se relacionam com o cotidiano do aluno, porque a atividade pedagó- gica está centrada no professor. 48 Anotações: TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA PROGRESSIVISTA O aluno “aprende fazendo”. A escola valoriza os experimentos, a pesquisa, a descoberta, o es- tudodo meio natural e social, levando em conta os seus interesses e a autoaprendizagem, sendo o am- biente apenas um meio estimulador. Tendência Liberal Renovada Não Diretiva O papel da escola está na formação de atitu- des do aluno. Aprender é modificar suas próprias percepções. Trata-se de um ensino centrado no aluno, sendo o professor apenas um facilitador. Tendência Liberal Tecnicista Atua no aperfeiçoamento da ordem social vi- gente. O interesse da escola é produzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho. Os mé- todos de ensino são através de procedimentos que assegurem a transmissão e recepção de informa- ções. O professor é o elo entre a verdade científica e o aluno. PEDAGOGIAS PROGRESSISTAS Tendência Progressista Libertadora O conhecimento que o educando transfere re- presenta um processo de compreensão, reflexão e crítica. É também conhecida como a Pedagogia de 49 Anotações:Paulo Freire, que vincula a Educação à luta e orga- nização de classe do oprimido. Tendência Progressista Libertária O saber é sistematizado e só tem relevância se for possível seu uso prático. A ênfase na apren- dizagem é informal. Tendência Progressista dos Conteúdos Admite-se o princípio da aprendizagem signi- ficativa, partindo do que o aluno já sabe. A escola serve como mediadora entre o indivíduo e o social, estimulando o saber elaborado pelo educando. AS TEORIAS PEDAGÓGICAS NÃO CRÍTICAS Saviani (1983, p. 40) salienta que “as teorias não críticas da educação já encaram a Educação como autônoma e buscam compreendê-la a partir dela mesma”. Na intenção de categorizar as teorias pedagógicas, o pensador faz a seguinte divisão: Pe- dagogia Tradicional, Pedagogia Nova e Pedagogia Tecnicista. Na Pedagogia Tradicional, a educação é vista como direito de todos e dever do Estado, e o indi- víduo marginalizado é associado à ignorância. A escola, como recurso, dissemina a instrução. Na Pedagogia Nova, surge um movimento de reforma na Pedagogia Tradicional, na qual aquele que é mar- ginalizado não é mais só o ignorante mas também 50 Anotações: o inapto, desajustado biológica e psiquicamente. A escola procura adaptar os indivíduos à sociedade. Já na Pedagogia Tecnicista, o indivíduo sem instru- ção é visto como ineficiente e improdutivo. A fun- ção da escola passa a ser a de formação de indiví- duos eficientes, para o aumento da produtividade social, associado diretamente ao rendimento e ca- pacidades de produção capitalistas. As teorias pedagógicas crítico-reprodutivistas Segundo Saviani (1991, p. 103): A Pedagogia Crítica implica a clare- za dos determinantes sociais da Ed- ucação, a compreensão do grau em que as contradições da sociedade marcam a Educação e consequen- temente como é preciso se posi- cionar diante dessas contradições e desenreda a educação das visões ambíguas, para perceber claramente qual é a direção que cabe imprimir à questão educacional. Toda e qualquer sociedade se estrutura como um sistema de relações de força material entre grupos ou classes. A função da Educação é a repro- dução das desigualdades sociais. De acordo com essa teoria, marginalizados, aqueles de pouca ins- trução, são os grupos ou classes dominadas. Margi- nalizados socialmente, porque não possuem força material (capital econômico) e marginalizados cul- turalmente, porque não possuem força simbólica (capital cultural). 51 Anotações:Nesse contexto, a escola enquanto aparelho ideológico do Estado, reproduzem as relações de exploração capitalista. Assim, questiona-se: como se coloca o problema da marginalidade? O fenôme- no da marginalização se inscreve no próprio seio das relações de produção capitalista, que se funda na expropriação dos trabalhadores pelos capitalistas. Marginalizado se refere, pois, à classe trabalhadora. A escola dualista: uma vez que é dividida em duas redes, às quais correspondem à divisão da sociedade capitalista em duas classes fundamen- tais: a burguesia e o proletariado. É a divisão da sociedade em classes antagonistas que explica os mecanismos de seu funcionamento, suas causas e seus efeitos. Diante disso, levanta-se o seguinte questionamento: a escola qualifica diferentemente o trabalho intelectual e o trabalho manual? Sim, pois, segundo a teoria em questão, ela qualifica o trabalho intelectual e desqualifica o tra- balho manual, sujeitando o proletariado à ideologia burguesa sob um disfarce pequeno burguês. Assim, pode-se concluir que a escola é ao mesmo tempo um fator de marginalização relativamente à cultura bur- guesa, assim como em relação à cultura proletária. Com base no texto de Santos (2005), as op- ções pedagógicas apresentadas por Bordenave (1984), Libâneo (1982) e Saviani (1984) serão relacio- nadas, aqui, às de Mizukami (1985), como diretrizes à ação docente. As abordagens do processo de en- sino pedagógico salientadas por Mizukami (1985) são: Abordagem Tradicional; Abordagem Compor- tamentalista; Abordagem Humanista; Abordagem Cognitiva; Abordagem Sociocultural. 52 Anotações: ABORDAGEM TRADICIONAL (MIZUKAMI, 1985) A teoria de Mizukami (1985) explicita que a prática educativa do professor independe do inte- resse dos alunos, o que interessa é a disciplina mi- nistrada. Além disso, o ensino envolve “programas minuciosos, rígidos e coercitivos” e este método de ensino tem como objeto o conhecimento, e o alu- no, o depositário desse conhecimento. Mizukami (1985) também considera outras abordagens como a Comportamentalista, Humanista, Cognitivista e a Sociocultural. A abordagem Comportamentalista está ca- racterizada no conhecimento e molda os compor- tamentos sociais, ou seja, a sociedade pode mani- pular o homem, que é considerado como produto do meio. A Humanista tem enfoque de caráter inte- racionista no sujeito-objeto, já que o ensino é cen- trado no aluno. Enfatiza, ainda, as relações inter- pessoais, objetivando o crescimento do indivíduo e o professor é o facilitador da aprendizagem. Já na abordagem Cognitivista, o ensino visa à inteligência por meio do construtivismo interacio- nista, criando uma ligação com a concepção pia- getiana. Por fim, a Sociocultural, que passa a ser interacionista entre o sujeito e o objeto de conhe- cimento. Restringe a Educação formal por intermé- dio do ensino-aprendizagem oferecido pela escola, a qual deve provocar a atitude crítica reflexiva. Essa abordagem tem origem na cultura popular, no tra- balho de Paulo Freire e ênfase na alfabetização de jovens e adultos. 53 Para refl etir • As diversas abordagens feitas por Santos (2005) salientam que as teorias e seus dif- erentes enfoques ainda não constituem um corpo de conhecimentos capaz de ex- plicar e/ou predizer todos os aspectos do fenômeno educativo em suas diferentes situações? • A Educação não pode ser analisada isola- damente. Por quê? • A escola está intimamente ligada ao processo social, sendo, ao mesmo tempo, agente infl uenciador e infl uen- ciada por este? • O processo de ensino e aprendizagem tem sido visto de forma integrada à sociedade cultura e suas crenças e valores dominantes em uma determinada época, o que signifi ca dizer que as teorias que suportam esse processo têm se modifi cado ao longo do tempo? Introdutoriamente, os conteúdos centrais da Didática são os objetivos do ensino, conteúdos escolares, metodologia de ensino, relação pro- fessor-aluno, avaliação e Planejamento de Ensi- no. De acordo com Libâneo (1992), a análise do ato didático destaca uma relação dinâmica en- tre três elementos: professor, aluno e conteú- do. Esses elementos são constituídos a partir das ações que defi nem as categorias da Di- dática que formam o seu conteúdo. A Educação não pode ser analisada isola- A escola está intimamente ligada ao processo social, sendo, ao mesmo tempo, agente infl uenciador e infl uen- O processo de ensino e aprendizagem integrada à sociedade cultura e suas crenças e valores dominantes em uma determinada época, o que signifi ca dizerque as teorias que suportam esse processo têm se modifi cado ao longo do tempo? Introdutoriamente, os conteúdos centrais da bjetivos do ensino, conteúdos escolares, metodologia de ensino, relação pro- fessor-aluno, avaliação e Planejamento de Ensi- Libâneo (1992), a análise do ato didático destaca uma relação dinâmica en- aluno e conteú- Esses elementos são constituídos a partir das ações que defi nem as categorias da Di- dática que formam o seu conteúdo. U ni da de 4 Videoaula 1 Videoaula 3 Videoaula 2 Videoaula 4 56 57 O que ensinar remete à sele- ção e organização dos conteúdos, decorrentes de exigências culturais ligadas aos objetivos que expres- sam a dimensão de intencionalida- de da ação docente (quem ensina). As intenções sociais e políticas do ensino (para quê ensinar) devem es- tar adequadas às idades e no que se refere ao desenvolvimento mental dos alunos (para quem se ensina). O professor se põe como me- diador entre o aluno e os objetos de estudo (como se ensina). Os alunos, INTRODUÇÃO AOS CONTEÚDOS OPERACIONAIS DA DIDÁTICA - OBJETIVOS DO ENSINO- APRENDIZAGEM 58 Anotações: assim, estabelecem com o conhecimento uma re- lação de estudo, implicados numa relação social que se materializa na sala de aula e na dinâmica das relações internas que ocorre na escola em suas práticas organizativas (sob que condições se ensi- na). Então, com base na análise de Martins (1989), vamos esclarecer adiante um pouco mais sobre o ato didático e seus conteúdos. Sabemos que, na teoria, os objetivos de ensi- no devem preparar o professor para definir e preci- sar com clareza o que se pretende com o processo de ensino, sendo fundamental escolher técnicas, recursos materiais e formas de avaliação. Deve ser o professor a determinar, selecionar e organizar os conteúdos escolares do seu ensi- no, segundo critérios e princípios específicos para esse fim. Para tanto, é necessária atenção para que não haja distância entre o conteúdo programático e a realidade vivenciada pelos alunos. Para a esco- lha dos conteúdos, o professor deve estabelecer al- guns critérios como validade, flexibilidade, signifi- cação, elaboração pessoal e utilidade de conteúdo. As condições de ensino e aprendizagem cor- respondem aos métodos e formas de organização do ensino – a metodologia de ensino –, em estreita relação com objetivos e conteúdos, estando tam- bém presentes no processo de constituição dos objetos de conhecimentos. O método seria o ele- mento unificador e sistematizador do processo de ensino e é utilizado de formas diferenciadas, de acordo com as teorias educacionais. Na Escola Tradicional, tem-se a transmissão do conhecimento ordenado e com lógica e uso da aula expositiva com foco na figura do professor. Na 59 Anotações:Escola Nova, valoriza-se a experiência do estudan- te, que é considerado o centro do processo de ensi- no-aprendizagem. E, na Escola Tecnicista, profes- sor e estudante são meros executores de tarefas; surgem as estratégias de ensino como técnicas neutras. Há uma valorização do ensino individual. Sendo assim, é possível dizer que a Didática se as- sume como disciplina que se articula às várias ci- ências da Educação e se compõe das metodologias específicas das disciplinas curriculares? Para respondermos à questão, analisemos mais outros conteúdos da Didática, segundo Martins (1989). Para o autor, a relação professor-aluno é fun- damental no processo de ensino, devendo ser afe- tuosa, amiga e de diálogo. Essa relação também se enquadra nas diferentes teorias a respeito da escola. Na Escola Nova, a relação é democrática. O estudante tem papel ativo e participativo no pro- cesso de ensino. O aluno é disciplinado, solidário, participante e conhecedor das regras de convívio em grupo. Na Escola Tradicional, a relação é auto- ritária, vertical, de transmissão de conteúdos como verdades absolutas. O silêncio e a ordem na sala de aula são entendidos como disciplina. Tem como foco a figura do professor como detentor do conhe- cimento. Na Escola Tecnicista, a relação é autoritária, vertical com o profissional da educação e fora do processo de concepção da sua atividade. O aluno disciplinado e produtivo é aquele que executa as atividades segundo os objetivos determinados. A avaliação permite verificar até que ponto o ensino tem alcançado suas metas, possibilitando a mudança dos rumos dos objetivos. A avaliação 60 Anotações: pode, ainda, ser desenvolvida em diversas aborda- gens, de acordo com Martins (1989). Na Escola Tradicional, a avaliação é através de conhecimentos memorizados, testes orais, provas e trabalhos escritos. Na Escola Nova, o processo de “aprender a aprender” é por meio da autoavaliação e comportamento do aluno. Na Escola Tecnológica, se leva em conta a competência individual do aluno – a avaliação é feita através de testes objetivos ela- borados a partir dos objetivos pretendidos. No que tange ao planejamento de ensino, or- ganizam-se as ações com determinadas finalidades que se desejam alcançar para atingir objetivos, por meio de atividades de ensino e de aprendizagem. Portanto, no processo de planejamento, torna- -se necessário responder às seguintes perguntas: Quais objetivos pretendemos alcançar? O que fazer e como fazer? Quais recursos e estratégias utilizar? Qual o tempo necessário para se alcançar os obje- tivos? O quê e como analisar os resultados, a fim de verificar se os objetivos foram alcançados? Podemos dizer que o planejamento de ensi- no e a especificação do planejamento de currículo consiste em traduzir em termos mais concretos e operacionais o que o professor fará na sala de aula, para dessa forma conduzir os alunos a alcançar os objetivos educacionais propostos. Um planejamento de ensino deverá prever: • objetivos específicos estabelecidos a par- tir dos objetivos educacionais; • conhecimentos a serem aprendidos pelos alunos no sentido determinado pelos ob- jetivos. • procedimentos e recursos de ensino que 61 Anotações:estimulam, orientam e promovem as ativi- dades de aprendizagem; • procedimentos de avaliação que possi- bilitem a verificação, a qualificação e a apreciação qualitativa dos objetivos pro- postos, cumprindo pelo menos a função pedagógico-didática, de diagnóstico e de controle no processo educacional. OBJETIVOS DO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM Os objetivos do processo ensino-aprendiza- gem devem definir com clareza o que se pretende com o processo de ensino, por que eles antecipam resultados e processos esperados do trabalho con- junto do professor e dos alunos. Com base nos es- tudos de Libâneo (1992), organizamos, a seguir, os itens elementares sobre o assunto. A prática peda- gógica se orienta para alcançar determinados obje- tivos, por meio de uma ação intencional e sistemá- tica. Daí a importância dos objetivos educacionais. O caráter pedagógico da prática está em ex- plicitar fins e meios que orientem tarefas da escola e do professor para aquela direção. Mas os objeti- vos educacionais, para Libâneo (1992), são mais amplos que a sala de aula, pois expressam propósi- tos definidos explícitos quanto ao desenvolvimento das qualidades humanas que todos os indivíduos precisam adquirir para se capacitarem para as lu- tas sociais de transformação da sociedade. Em re- sumo, podemos dizer que não há prática educativa sem objetivos. 62 Anotações: Então, para sua formulação, os objetivos edu- cacionais possuem três referências fundamentais: 1. Os valores e ideais proclamados na legis- lação educacional; 2. Os conteúdos básicos das ciências; 3. As necessidades e expectativas de forma- ção cultural exigidas pela população majo- ritária da sociedade. Essas três referências devem estar sempre relacionadas ao ambiente escolar. Isso porque, conscientemente ou não, sempre trabalhamos com base em objetivos. Os objetivos educacionais são uma exigência indispensável para o trabalho docente, requerendo um posicionamentoativo do professor em sua explicitação, seja no planejamen- to escolar, seja no desenvolvimento das aulas. A elaboração dos objetivos pressupõe, da parte do professor, uma avaliação crítica das referências que utiliza. Para que o processo de ensino-aprendi- zagem aconteça, é importante que o professor es- tabeleça os objetivos gerais, que expressam propó- sitos mais amplos acerca do ensino; e os objetivos específicos, que determinam exigências e resulta- dos esperados da atividade dos alunos. O professor deve estabelecer um vínculo en- tre os objetivos específicos aos objetivos gerais na prática pedagógica em que serão empregados, tais como: • Especificar conhecimentos, habilidades e capacidades que sejam fundamentais para serem assimiladas e aplicadas em situações futuras, na escola e na vida prá- tica; 63 • Expressar os objetivos com clareza, de modo que sejam compreensíveis aos alu- nos e permitam, assim, que estes introje- tem os objetivos de ensino como objetivos seus; • Dosar o grau de dificuldades, de modo que expressem desafios e questões estimu- lantes para a resolução de problemas; • Formular os objetivos como resultados a atingir, facilitando o processo de avalia- ção diagnóstica, formativa e somativa; • Indicar o resultado dos trabalhos aos alu- nos, para que possam compreender o que realizaram. Para entendermos mais sobre as finalidades dos objetivos na prática educacional, vamos expli- citar os objetivos gerais e os objetivos específicos determinantes do processo ensino-aprendizagem. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS Objetivos Gerais Os objetivos gerais, segundo Libâneo (1992), são importantes para o processo pedagógico e so- cial, uma vez que eles se ocupam com o sistema escolar, a escola e o professor. O sistema escolar determina as finalidades educativas de acordo com a sociedade em que está inserido. A escola instau- ra as diretrizes e princípios do trabalho escolar e o professor realiza as práticas na sala de aula. Desse modo, os objetivos gerais expressam propósitos Em sua opinião, quais outros objetivos educacionais o professor pode estabelecer que o auxiliem a formar a capacidade crítica e criativa do aluno em relação aos conteúdos de ensino oferecidos? 64 Anotações: mais amplos acerca do papel da escola e do ensino diante das exigências postas pela realidade social e do desenvolvimento da personalidade dos alunos. Objetivos Específicos Os objetivos específicos, segundo Libâneo (1992), determinam exigências e resultados espe- rados da atividade dos alunos, referente a conheci- mentos, habilidades, atitudes e convicções. O autor salienta que alguns objetivos educacionais gerais podem auxiliar os professores na seleção de objeti- vos específicos e conteúdos de ensino. Além disso, pode situar a educação escolar no conjunto das lutas pela democratização da socie- dade, garantindo a todos os estudantes, sem ne- nhuma discriminação, uma sólida preparação cul- tural e científica, através do ensino das matérias. Forma nos alunos a capacidade crítica e criativa em relação às matérias de ensino e à aplicação dos conhecimentos e habilidade em tarefas teóricas e práticas e, ainda, atende à função educativa do en- sino, ou seja, a formação de convicções para a vida coletiva. Logo, os objetivos específicos expressam as expectativas do professor sobre o que deseja obter dos alunos no decorrer do processo de ensino. Têm sempre um caráter pedagógico, porque explicitam a direção a ser estabelecida ao trabalho escolar, em torno de um programa de formação. Assim, o traba- lho do professor deve estar voltado para a formação de qualidades humanas, modos de agir em relação ao trabalho, ao estudo, à natureza, em concordân- cia com princípios éticos. 65 Tudo isso, tendo em vista a instituição de pro- cessos participativos, envolvendo todas as pessoas que, direta ou indiretamente, relacionam-se com a escola: diretor, coordenador de ensino, professo- res, funcionários, alunos, pais. O PAPEL DO LIVRO DIDÁTICO Os livros didáticos se prestam a sistematizar e difundir conhecimentos, mas servem, também, para encobrir ou escamotear aspectos da realida- de, conforme modelos de descrição e explicação da realidade, consoantes com os interesses econômi- cos e sociais dominantes na sociedade. Ao recorrer ao livro didático para escolher os conteúdos, elabo- rar plano de ensino e de aulas, é necessário ao pro- fessor o domínio seguro da matéria e sensibilidade crítica. OS LIVROS DIDÁTICOS E SUA RELAÇÃO COM O PROFESSOR Como o professor tem se posicionado diante do livro didático? O livro didático serve de apoio ao processo de ensino-aprendizagem? Os livros didá- ticos auxiliam o professor a desenvolver o conteú- do? Os livros didáticos podem proporcionar cons- trução de significados? O livro didático pode ser definido como um produto cultural que se encontra no cruzamento da cultura, da Pedagogia, da produção editorial e E você, o que pensa sobre o objetivo educacional abaixo? Assegurar a todos os estudantes o máximo de desenvolvimento de suas potencialidades intelectuais. Em sua opinião, como isso seria possível, tendo em vista a condição menos favorecida socioeconomicamente de alguns estudantes? 66 da sociedade. Sua origem está na cultura escolar, mesmo antes da invenção da imprensa, no final do século XV. No século XVI, Comenius propunha que os professores planejassem didaticamente o saber para que o tornasse acessível ao nível dos alunos em processo de formação. A definição do termo “livro didático”, ou “com- pêndios”, surgiu pela primeira vez no Decreto-Lei nº 1.006 de 30 de dezembro de 1938 – Art 2. Desde essa época, o livro didático, cuja proposta obedece aos programas curriculares escolares, é destinado ao ensino e deve ser utilizado na escola. Compêndios são os livros que expõem total ou parcialmente a matéria das disciplinas constantes dos programas escolares (...) Tais livros também são chamados de livro-texto, compêndio escolar, livro escolar, livro de classe, manual, livro didático” (OLIVEIRA, 1980, p. 12 apud OLIVEIRA et al., 1984, p. 22.) 67 Anotações:Com o advento da imprensa, os livros se tor- naram os primeiros feitos em série e, ao longo do tempo, a concepção do livro como produtos recep- tores da verdade científica universal foi se fortale- cendo. São várias as maneiras pelas quais a ques- tão do livro didático pode ser analisada. Aspectos metodológicos e ideológicos têm instigado a aten- ção de pesquisadores nas últimas décadas. A história do livro didático no Brasil advém de uma política educacional burocrática, que excluía o professor de quaisquer decisões sobre a seleção do livro didático. A esse respeito, Oliveira (1984, p. 65) argumentou que (...) os custos de um processo cen- tralizador em matéria de educação fazem-se sentir na defasagem entre a decisão e sua execução, já que a re- sponsabilidade de seleção do materi- al a ser usado fica a cargo de outros que não os que diretamente o farão: os professores. Entretanto, não se trata somente de deixar sob a incumbência do professor a escolha dos livros didáticos que usará em suas aulas, mas, atrelado a isso, assegurar-lhe a formação continuada de sua profissão para que ele possa estabelecer critérios qualitativos para essa escolha, por meio de conhe- cimento e competências. De outra maneira, a utilização do livro didático é uma forma de apoio ao trabalho do professor, mas não o único recurso, conforme salientado por Soa- res (1999). O papel ideal seria, então, que o livro di- dático fosse apenas um apoio, mas não o roteiro do 68 Anotações: trabalho dele. No entanto, isso dificilmente se con- cretiza, não por culpa do professor, mas por culpa das condições de trabalho atuais do docente. Infelizmente, no Brasil, a desvalorização do profissional docente ainda é significativa. E, mui- tas vezes, devido às condições desfavoráveis, para que o professor possa minimamente sobreviver, épreciso dar aulas o dia inteiro, de manhã, de tarde e, frequentemente, até à noite. Isso faz com que o educador acabe ficando sem tempo de preparar adequadamente as aulas e também sem tempo para se atualizar. Como consequência, isso acaba levando o profissional a se apoiar unicamente no livro didá- tico. Contudo, este deveria ser apenas um suporte, um apoio, mas acaba sendo a diretriz básica do pro- fessor no seu ensino. MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO Desenvolveremos acerca dos métodos e téc- nicas de ensino a partir de Libâneo (1992). Existem diversos significados para a etimologia da palavra “métodos”. No entanto, os métodos de ensino são determinados pela relação objetivo-conteúdo e se referem aos meios para alcançar objetivos gerais e específicos do ensino. O conceito mais simples de “método” é a re- alização de um objetivo. Não se reduz a quaisquer medidas, procedimentos e técnicas. É decorrente de uma concepção de sociedade, do processo de conhecimento e da compreensão da prática educa- tiva numa determinada sociedade. 69 Suas características são orientadas para ob- jetivos, implicam uma sucessão planejada e siste- matizada de ações, tanto do professor quanto dos alunos e requerem a utilização de meios. A escolha dos métodos depende dos objetivos imediatos da aula, dos conteúdos específicos e dos métodos pe- culiares de cada disciplina e dos métodos de assi- milação assim como das características dos alunos quanto à capacidade de assimilação, conforme: idade, nível de desenvolvimento mental e físico, ca- racterísticas socioculturais e individuais. A relação objetivo-conteúdo-método Os métodos são as formas pelas quais os ob- jetivos e conteúdos se manifestam no processo de ensino. Essa relação tem como característica a mú- tua interdependência. O método de ensino é deter- minado pela relação objetivo-conteúdo, mas pode também influir na determinação de objetivos e con- teúdos. Isso porque o conteúdo determina o méto- do, pois é a base informativa concreta para atingir os objetivos. Mas o método pode ser um conteúdo quando é também objeto de assimilação ativa dos conteúdos. Portanto, será que podemos concluir que a unidade objetivo-conteúdo-método constitui uma linha fundamental de compreensão do proces- so didático? Para refletir sobre as palavras de Soares (1999) Será que os professores são despreparados para elaborar aulas mais criativas muito por consequência da desvalorização da profissão? Por conta disso, o professor deixa de ser um mediador e passa a ser um mero transmissor do livro didático? 70 Anotações: Classificação dos Métodos de Ensino Os métodos de ensino consistem na mediação escolar, tendo em vista ativar as forças mentais dos alunos para a assimilação da matéria. Para Libâneo (1992), o processo de ensino possui dois aspectos, o externo, que são os conteúdos de ensino, e o in- terno, que são as condições mentais e físicas dos alunos para a assimilação dos conteúdos. Esses as- pectos se relacionam mutuamente estabelecendo alguns critérios. Critérios de Classificação dos Métodos de Ensino Método de exposição pelo professor Os conhecimentos, habilidades e tarefas são apresentadas, explicadas e demonstradas pelo professor como um método bastante utilizado em nossas escolas, e podemos discriminá-lo com os seguintes critérios: • A exposição verbal possui como função principal explicar de modo sistematizado o assunto; • A demonstração representa fenômenos e processos que ocorrem na realidade; • A ilustração é uma forma de apresentação gráfica de fatos e fenômenos da realidade; • A exemplificação é um importante meio- -auxiliar da exposição verbal, quando o professor utiliza recursos para ajudar no conteúdo ministrado. 71 Anotações:Método de trabalho independente Consiste de tarefas, dirigidas e orientadas pelo professor, para que os alunos as resolvam de modo relativamente independente e criador. Seu aspecto mais importante é a atividade mental dos alunos, a criticidade e a reflexão. A tarefa preparatória estimula os alunos a es- creverem o que pensam sobre determinado assun- to. Essa tarefa serve para verificar os conhecimen- tos prévios dos alunos. As tarefas de assimilação do conteúdo são exercícios de aprofundamento e aplicação dos temas já tratados, enfatizando a re- solução de problemas, como uma competência re- lativa às áreas do conhecimento. Enquanto que as tarefas de elaboração pessoal são exercícios nos quais os alunos produzem respostas surgidas do seu próprio pensamento. Método de elaboração conjunta É uma forma de interação ativa entre o profes- sor e alunos, visando à obtenção de novos conheci- mentos, habilidades e competências. A forma mais típica é a conversação didática ou aula dialogada, visto que desse modo atinge os objetivos quando os temas da matéria estimulam o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos. Organiza-se pelas perguntas feitas pelo professor aos alunos. Método de trabalho em grupo Consiste em distribuir temas de estudo di- versificados e deve ser empregado eventualmente, conjugado com outros métodos de trabalho inde- pendentes. Sua finalidade principal é obter a coo- peração dos alunos entre si na realização de uma tarefa. 72 Anotações: TÉCNICAS DE ENSINO Boa parte do conteúdo da aula, atualmente, tem por base os elementos de análise trazidos por Araújo (1991), nos quais o autor discute os signifi- cados políticos das técnicas de ensino. Como você denomina a técnica que está utilizando para desen- volver o seu processo de aprendizagem? E por falar em técnica, você sabe o que a palavra “técnica” sig- nifica? A etimologia da palavra “técnica” se ancora nos gregos, significando arte, habilidade e designa sempre uma atividade prática, diferentemente da ação de compreender. Não são naturais ao proces- so de ensinar, mas elas são condições para aces- sá-lo. Desse modo, as técnicas de ensino – sendo “art-fícios” – se interpõem na relação entre o pro- fessor e o aluno, submissas à autoridade e à inten- cionalidade do professor. Portanto, elas não são algo mecânico que se sobrepõe à relação humana, como preconiza a teoria pedagógica denominada tecnicista e outras. Para a Pedagogia tecnicista basta informar para formar, instruir para educar, ensinar por boas técnicas para provocar a aprendizagem. Nesta vi- são as técnicas são mecânicas. Já as Pedagogias progressistas ou libertárias, o ensino não é algo eminentemente técnico, e o saber sobre o ensino ou sobre o próprio processo de ensinar também não é fundamentalmente técnico. Tais pedagogias re- conhecem a significação e o lugar da técnica, cuja função é permitir viabilizar a execução do ensino. Em nossa história recente (anos 1960 e 1970), a técnica de ensino tem sugerido tecnicismo e, 73 Anotações:este, tecnologia associada ao desenvolvimento e modernização capitalista. Portanto, tais conceitos – técnica e tecnologia – têm uma significação his- tórica concreta, à medida que ajudam a justificar a sociedade dividida em classes sociais. Tecnicismo pedagógico significa sobrelevar as técnicas, os processos, os recursos materiais, enfatizando a autonomia destes em detrimento do processo social. O que se explica pelo envolvimento de tais mecanismos com as ideias de racionaliza- ção, de eficiência e de eficácia, característicos do taylorismo (Taylor e Henri Fayol), que permeava ( e ainda permeia) todos os níveis do sistema de en- sino. O Tecnicismo é também um desdobramento radical do Escolanovismo, posto que a base ideoló- gica do escolanovismo, o liberalismo, é a mesma da Pedagogia tecnicista. Sendo a técnica supervalorizada no âmbito do Tecnicismo, esta acabou dimensionando o ensino numa perspectiva alienante: a relação pedagógi- ca se torna descentrada do aluno e do professor e, com isso, a técnica substitui o lugar do professor, tornando-se o componente principal. Desde os anos de 1970, no Brasil, se esboça uma crítica teóricaao Tecnicismo pedagógico – de- vido também à ascensão dos movimentos sociais de massa contra a Ditadura Militar e contra a explo- ração e a opressão do trabalho – denominada como histórico-crítica. Tal movimento – histórico-crítico – intentou a implosão da dimensão técnica, a partir das teo- rias crítico-reprodutivistas, dando lugar a um po- liticismo (a dimensão técnica foi relegada a favor da dimensão política). Isso fez refluir o Tecnicismo 74 Anotações: enquanto uma forma de burocratização do planeja- mento e da ação pedagógica. A partir da metade dos anos de 1980, retoma- -se a valorização da dimensão técnica e metodoló- gica do ensino, tendo como preocupação central responder-se sobre a significação e o lugar da téc- nica. Nas diversas concepções progressistas, so- cializantes e/ou libertárias de educação, a razão de ser da técnica, sua significação, deve ser correlata ao aluno, ao professor, ao conteúdo, ao ensino, à aprendizagem, à Educação, à situação sociocultu- ral dos alunos e aos fins a que se destina. A técnica deve ter então um caráter de su- bordinação aos fins – e não o contrário. Devem in- termediar as relações entre o professor e o aluno: são mediações, ou condições necessárias e favo- ráveis, mas não suficientes ao processo de ensino. As técnicas têm, portanto, caráter instrumental, encontrando sua razão de ser no serviço que pres- tam. Assim, a maneira de utilizá-las é que define seu potencial. Assim sendo, se pode concluir que a constituição intrínseca da técnica está na direção da prática social à qual ela serve. Técnicas de Ensino, Recursos e Tecnologias Para entendermos sobre as relações de en- sino e aprendizagem, há estudos sobre a Didática, como os estudos sobre a aprendizagem, teorias de desenvolvimento e teorias de personalidade. Estes propõem estratégias diversificadas de ensino, des- critas pelo processo de aprendizagem apresentado por psicólogos. Para Piaget (2005, p. 53): 75 Anotações:O direito à educação (...) não é ape- nas o direito de frequentar escolas: é também, na medida em que vise à ed- ucação ao pleno desenvolvimento da personalidade, o direito de encontrar nessas escolas tudo aquilo que seja necessário à construção de um ra- ciocínio pronto e de uma consciência moral desperta. E complementando as ideias de Piaget, as estratégias de ensino-aprendizagem são aplicá- veis ao ensino de qualquer disciplina e se delineiam como diferentes didáticas. Para exemplificar, leia sobre a nova metodologia como estratégia de ensi- no-aprendizagem. Uma Nova Metodologia como Estratégia de Ensino-Aprendizagem Em 1963, em um Congresso nos Estados Uni- dos sobre avaliação de técnicas de ensino aplicadas à educação médica, discutiram-se os limites do uso de teorias da aprendizagem no processo de ensino, dadas as dificuldades de controle de tal processo. Na ocasião, pesquisadores se referiram à Psicotec- nologia do Ensino. Mas, o que é Psicotecnologia? A Psicotecnologia é uma nova abordagem para controlar tipos complexos de aprendizagem em situações planejadas – em oposição à Psico- logia da Aprendizagem. Não apresenta princípios, mas, sim, regras operacionais referentes ao plane- jamento das tarefas de aprendizagem. Oliveira (1988) traz em sua obra análises rele- vantes: 76 Anotações: • A importância da Didática de se construir a partir de estudos sobre o ensino – como objeto de estudo particularmente consi- derado (enfatizada por Smith (1969); • As propostas atuais da Didática podem se agrupar em duas categorias: as psicológi- cas e as não psicológicas; • As propostas psicológicas centralizam- -se no processo de aprendizagem ou em aplicações de teorias psicológicas a situ- ações de ensino; • As propostas não psicológicas discutem o ensino a partir do enfoque organizado se- gundo algum método. Ao lado dessas categorias, surgem as tecno- logias educacionais e de ensino, que “preenchem” o espaço entre as prescrições teóricas e as práticas pedagógicas em sala de aula. AS FORMAS E PRÁTICAS DE INTERAÇÃO NO “APRENDER A APRENDER” Sabemos que a atividade pedagógica implica sempre um movimento de trocas entre professo- res, alunos e conteúdos de ensino. Segundo Freire (1996, p. 96), o bom professor é o que consegue, en- quanto fala, trazer o aluno até a intimidade do mo- vimento do seu pensamento. Sua aula é, assim, um desafio e não uma can- tiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. 77 Anotações:Segundo Martins (2006), o ensino voltado para o eixo do “aprender a aprender” encontra suas raízes no movimento da Escola Nova (final do século XIX e início do século XX). Mais importante do que apren- der o conteúdo transmitido pelo professor é o aluno dominar o método de se chegar ao conhecimento. Ao professor cabe o papel de orientador, facilitador, criador de desafios, para estimular a investigação do aluno, como agente de sua aprendizagem. A Revolução Industrial (final do século XIX e início do século XX) passou a exigir maior sincro- nização do trabalho. Questão central: o aluno deve aprender a fazer, dar respostas específicas defini- das nos objetivos operacionais. Nessa perspectiva, a interação entre professores e alunos se acresce o planejamento, o qual passa a ser o centro do pro- cesso. O professor se torna um executor de tarefas e o aluno, um receptor responsivo, que executa ta- refas prescritas no planejamento. As formas e práticas de interação na siste- matização coletiva do conhecimento, no final dos anos 1970 e princípio dos anos de 1980, mudam de paradigma decorrente dos movimentos sociais. No âmbito da Didática, o próprio processo de fazer (a forma) passa a ser considerado fundamental como elemento educativo. Nessa abordagem, a interação entre professor e alunos se dá pela atuação do pro- fessor como mediador entre o saber sistematizado e a prática social de ambos. A Didática, no processo de ensino, exige prin- cípios orientadores de formas e práticas de intera- ção entre professores e alunos. Um princípio fun- damental é que, ao se trabalhar com professores problematizando e analisando suas práticas, está 78 Anotações: se produzindo um novo conhecimento, que não vai se constituir num guia da ação prática, mas aponta- rá possíveis formas de novas práticas. No processo de trabalho, o professor caracteriza e problematiza sua prática pedagógica. Nele também, os professo- res criam e produzem novos conhecimentos; são atores e autores que ensinam a si próprios e apren- dem num processo coletivo, redefinindo a prática. A mudança nas formas de relação social A mudança nas formas de relação social pos- sibilita a realização do ensino, uma vez que ultra- passa a relação linear entre conteúdo e forma, além de pontuar uma perspectiva de conteúdo e forma numa relação de causalidade complexa. Processo individual como um elemento fundamental Esta é a questão do indivíduo, do individual no processo coletivo. Esse processo, ao mesmo tem- po que incentiva o trabalho coletivo, considera a individualidade dos agentes que, em razão da sua prática “individual”, constituem um campo ideológi- co individual e têm condições de criar, de produzir. Uma Tendência Atual Aprender a aprender habilidades específicas definidas como competências, que são previamen- te definidas nos programas de ensino em sintonia com as demandas do mercado de trabalho. Com efeito, o processo didático do aprender a aprender assume orientação diferente da abordagem do mo- vimento da Escola Nova. Focaliza um sujeito intelectualmente ativo, 79 Anotações:criativo e especialmente produtivo. Essa forma, marcada pela aquisição de competências, tem seu foco no aluno produtivo, sujeito de sua aprendiza- gem, responsável pela aquisição das competências previstas para sua formação. A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E DO ENSINO Sabemos que, devido às mudanças acarreta-
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