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Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS GESTÃO DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE Autora: Carla Eunice Gomes Côrrea 658.562 C823g Corrêa, Carla Eunice Gomes. Gestão da qualidade e produtividade / Carla Eunice Gomes Corrêa. Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010. 137 p.: il Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-345-7 1. Qualidade - Gestão 2. Qualidade - Produtividade I. Centro Universitário Leonardo da Vinci I. Núcleo de Ensino a Distância III. Título CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald Profa. Jociane Stolf Revisão de Conteúdo: Prof. Rodrigo dos Santos Cardoso Revisão Gramatical: Profa. Iara de Oliveira Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci Copyright © Editora Grupo UNIASSELVI 2010 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. UNIASSELVI – Indaial. Mestre em Desenvolvimento Regional – Universidade Regional de Blumenau (2008), especialização em Educação e Gestão Ambiental – Centro Universitário Leonardo Da Vinci (2010), graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Regional de Blumenau (2005). Possui diversos cursos na área de Engenharia de Produção. É consultora na área de descrição de processos produtivos. Atualmente é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental (UNIVALI), professora e coordenadora de tutoria interna do Programa de Pós-Graduação a Distância, do Centro Universitário Leonardo Da Vinci – UNIASSELVI-PÓS. Professora de Plano de Negócios, Microeconomia e Projetos I, Técnicas de Pesquisa e Economia Política. Possui experiência na elaboração de projetos empresariais, sociais e captação de recursos. Sua linha de pesquisa é Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Publicou: Elaboração de Projetos Empresariais, Terceiro Setor, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável. (Cadernos de Estudos) e artigos científicos: Atividades de Alta Tecnologia nas microrregiões de SC. Carla Eunice Gomes Corrêa Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................ 7 CAPÍTULO 1 Conceitos e Princípios da Qualidade.......................................... 9 CAPÍTULO 2 Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Manegement (TQM) ...................................................................... 27 CAPÍTULO 3 Melhoria da Qualidade ............................................................... 53 CAPÍTULO 4 Sistema de Gestão da Qualidade .............................................. 83 CAPÍTULO 5 Controle Estatístico do Processo (CEP) ............................... 97 CAPÍTULO 6 Gestão da Produtividade .......................................................... 123 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a): Há muito tempo se discutem os temas qualidade e produtividade, mas durante esse período eles estiveram associados somente às atividades operacionais das organizações, ou seja, a setores ligados à produção. Nas últimas décadas, devido às reestruturações das empresas motivadas pela globalização dos mercados, esses assuntos tomaram novos rumos e começaram a ser vistos também como uma preocupação dos setores estratégicos. Sendo fator primordial na busca pela competitividade, a gestão da qualidade atualmente vem sendo implantada em diversos setores econômicos (industrial, comercial e de serviços). Por esse motivo, tem estado presente tanto em pesquisas científicas como nas tomadas de decisões gerenciais. Contudo, se pararmos para refletir, perceberemos que constantemente somos orientados a ser mais produtivos, uma vez que fazemos parte de uma empresa cujo objetivo é a geração de resultados positivos, ou seja, gerar lucros. Com base nisso, pensamos o presente caderno em seis capítulos. O primeiro capítulo apresenta os conceitos de qualidade e os princípios que a norteiam. Aborda, ainda, a evolução desses conceitos e também a sua aplicabilidade. O entendimento desses conceitos e princípios será muito útil ao longo da disciplina. O segundo capítulo aborda a gestão da qualidade total (TQM) e sua importância para as organizações, bem como o gerenciamento das diretrizes (GPD) e as rotinas no dia a dia da organização. Dando sequência aos estudos, o terceiro capítulo discute o sistema de gestão da qualidade ISO 9001, desde sua criação em 1987, suas evoluções e revisões até o momento atual. Ainda neste capítulo você conhecerá a norma ISO que tem como objetivo apresentar os passos a serem seguidos até a certificação. O capítulo quatro apresenta algumas ferramentas que poderão ser úteis na busca pela melhoria da qualidade dos processos, como: as ferramentas básicas da qualidade, o método de análise e melhoria do processo (MASP), Seis Sigma e o Ciclo PDCA. Complementando os estudos da gestão da qualidade, o quinto capítulo apresenta o funcionamento do controle estatístico do processo (CEP). Verá quais são as ferramentas estáticas necessárias para que se consiga utilizar este controle e para que é utilizado. Por fim, o sexto capítulo é voltado ao estudo da produtividade. Faz um retrospecto da história da produtividade, os indicadores de produtividade, bem como a forma de avaliá-la. Além disso, apresenta a relação entre produtividade e qualidade. Será que podemos dialogar sobre produtividade sem citar a qualidade? Esperamos que você aproveite ao máximo os estudos desta disciplina e que possa contribuir no seu processo de ensino-aprendizagem, pois, associada às estratégias, competitividade das organizações e a qualidade, tem-se uma ferramenta de grande utilidade para as empresas que é sua eficácia e consequentemente sua produtividade. Boa Leitura! CAPÍTULO 1 Conceitos e Princípios da Qualidade A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Compreender os conceitos básicos da qualidade. 9 Entender os princípios da qualidade. 9 Compreender o desdobramento do conceito de qualidade. 9 Aplicar os conceitos estudados. 10 Gestão da qualidade e produtividade 11 Conceitos e Princípios da QualidadeCapítulo 1 Contextualização Atualmente as organizações têm focado suas ações na busca pela competitividade e, com isso, têm se preocupado cada vez mais com a qualidade dos produtos e serviços oferecidos no mercado tão concorrido. Com base neste contexto, este primeiro capítulo objetiva fazer um resgate histórico sobre a evolução do conceito da qualidade. Muito se houve falar em qualidade, mas poucas são as pessoas que conseguem defini-la. Assim, você verá porque é tão difícil encontrar uma definição exata para o termo e quais são os fatores que influenciaram para a evolução do conceito. Você também terá a oportunidade de conhecer os Gurus da Qualidade, ou seja, os primeiros estudiosos que introduziram a temática nas linhas de produção, como estas ideias se perpetuam até os dias atuais e como influenciam as tomadas de decisões nas organizações. Associada às estratégias, competitividade das organizações, a qualidade se tem apresentado uma ferramenta de grande utilidade para as empresas História e Evolução da Qualidade A ciência da Administração sofreu, no decorrer dos anos, diversas mudançasem seus conceitos e abordagens, concomitantemente com a da humanidade. Nesse sentido, as perspectivas da administração: Clássica, Humanas, comportamentalista e moderna contribuíram significativamente para o desenvolvimento e constituição da perspectiva contemporânea, ou seja, a era da qualidade. Figura 1 – Perspectivas da Administração Fonte: Adaptado pela autora de Chiavenato (2000). 12 Gestão da qualidade e produtividade Mas, você sabia que o conceito de qualidade é bastante antigo? Segundo Silva (2004, p. 444), “como conceito, a qualidade é conhecida há alguns milênios. Como disciplina, ainda está em formação”. Contudo, já está sendo utilizada com maior aplicabilidade em departamentos como: compras, engenharia e pesquisa. O conceito de qualidade surgiu há milênios; pode-se dizer que ele é tão antigo quanto a história do homem. Desde as primeiras civilizações sempre se buscou o aperfeiçoamento para se fazer coisas um pouco melhor. Mas foi somente com a produção em massa e a implantação das linhas de produção em série que este conceito se tornou formal. Contudo, durante muitos anos, este permaneceu atrelado exclusivamente a setores de produção e operações. (GARVIN, 1997). As primeiras preocupações com a qualidade surgiram com maior intensidade a partir da Segunda Guerra Mundial, mas os conceitos que norteiam os programas de qualidade nasceram, basicamente, nos Estados Unidos. Sua aplicabilidade, no entanto, deu-se no Japão, ou seja, o país foi pioneiro em adotar tais conceitos em seus processos produtivos. Neste sentido, Garvin (1997) coloca que o conceito de qualidade, com o passar dos anos, sofreu uma série de mudanças que o autor define como “eras da qualidade”. Estas eras foram divididas pelo autor em 4 períodos: a era da inspeção, do controle estatístico da qualidade, da gestão estratégica da qualidade e da gestão total da qualidade. Agora, veremos as principais características que marcaram cada um destes períodos, de acordo com Garvin (1997): • Era da Inspeção: a era da inspeção surgiu pouco antes da Revolução Industrial com a necessidade da produção em massa, marcada pela publicação da obra The Control of Quality in Manufactoring, escrita por G. S. Radford, em 1922. A era da inspeção tinha como principal interesse a verificação do produto, com ênfase na uniformidade. O controle da qualidade utilizava como método de trabalho instrumentos de medição que se resumiam à inspeção, à classificação, à contagem, à avaliação e ao reparo. A era da inspeção, do controle estatístico da qualidade, da gestão estratégica da qualidade e da gestão total da qualidade. 13 Conceitos e Princípios da QualidadeCapítulo 1 • Era do controle estatístico da qualidade: na década de 30 surgiu a era do controle estatístico do processo, implementado por Shewhart, que permitia monitorar o processo produtivo e identificar a necessidade de fazer ações de melhoria. Para isso, Shewart implementou técnicas estatísticas básicas para a determinação de limites e métodos gráficos para avaliar se as variações estavam dentro da faixa aceitável. Ao mesmo tempo em que Shewart trabalhava nos controles estatísticos, outros pesquisadores como Harold Doming e Harry Roming, trabalhavam na prática da amostragem. • Era da gestão estratégica da qualidade: na era da garantia da qualidade, a prevenção de problemas continuava sendo o foco principal, mas se passou a utilizar outros instrumentos de controle além da estatística, como a quantificação de custos da qualidade, com a publicação da obra Quality Control Handbook, de Joseph Juran, em 1951. Podemos citar, ainda, como instrumentos de controle: o controle total da qualidade, proposto por Armand Feigenbaum, em 1956; a engenharia de confiabilidade, que tinha por objetivo garantir um desempenho aceitável do produto ao longo do tempo, e o defeito zero, que teve sua gênese na Martin Company, em 1961-62, com a entrega de mísseis sem defeito que só era possível por meio de uma inspeção maciça no processo produtivo. • Era da Gestão Total da Qualidade: na era da gestão da qualidade, o foco principal é o impacto estratégico. O controle da qualidade significa uma oportunidade de diferenciação da concorrência. A ênfase nesta era está no cliente e nas suas necessidades. Para alcançar os objetivos, a equipe utiliza o planejamento estratégico da organização, desenvolve metas, investe em treinamento, contratação de consultorias especializadas e desenvolvimento de programas e sistemas de informática. Atualmente, a gestão estratégica da qualidade deixou de ser uma responsabilidade do departamento de produção e também passou a ser a responsabilidade da alta gerência. Contudo, segundo Garvin (1997, p. 33), “Não existe um único modelo de gestão estratégica da qualidade. As empresas têm necessidades diferentes, que exigem atenção para diferentes questões e um enfoque em diferentes departamentos operacionais [...]”. Figura 2 – Eras da qualidade • Fonte: Adaptado de Maximiano (2000). ERA DO CONTROLE ESTATÍSTICO • Produtos são verificados por amostragem; • Departamento de especialização faz inspeção da qualidade; • Ênfase na localização de defeitos ERA DA QUALIDADE TOTAL • Processo produtivo é controlado; • Toda empresa é res- ponsável; • Qualidade assegurada. ERA DA INSPEÇÃO • Produtos são verificados um a um; • Cliente participa da inspeção; • Inspeção encontra defeitos, mas não produz qualidade. 14 Gestão da qualidade e produtividade Enfim, podemos dizer que a principal diferença entre a abordagem antes da Revolução Industrial (início do século XX) e a atual é que a qualidade hoje está relacionada aos anseios e necessidades dos clientes. Você pode observar, independente do tamanho da organização encontramos empresas preocupadas em adotar programas de qualidade. (MARSHAL JUNIOR, 2003). Entretanto, a aplicabilidade deste conceito não é tarefa fácil, veremos nos próximos capítulos que esta atividade se torna complexa, uma vez que precisamos da participação e envolvimento de todos os níveis da organização. Atividade de Estudos: I- Era da Inspeção ( ) Era marcada pela prevenção associada a utilização de in- strumentos de controle, como: a quantificação de custos da qualidade, controle total da qualidade, a engenharia de confiabilidade e, defeito zero. II- Era do controle es- tatístico da qualidade: ( ) A ênfase nesta era está no cliente e nas suas neces- sidades. Nesta era a gestão estratégica da qualidade deixa de ser responsabilidade do departamento de pro- dução e envolve a alta gerência. III- Era da gestão estratégica da qualidade ( ) Seu foco esta na verificação do produto, uma vez que o controle da qualidade é realizado pelo departamento de produção com a utilização de instrumentos de medição que se resumem à inspeção, à classificação, à conta- gem, à avaliação e ao reparo. IV- Era da Gestão Total da Qualidade ( ) Era marcada pela utilização de técnicas estatísticas básicas para a determinação de limites e métodos gráf- icos para avaliar se as variações estão dentro da faixa aceitável e alguns pesquisadores evoluíram para a apli- cação da amostragem. Conceito de Qualidade Definir qualidade muitas vezes é complexo. Embora todos digam que sabem o que é qualidade, na maioria das vezes o termo qualidade é utilizado de acordo com as situações do nosso cotidiano e conforme a aplicação recebe significados diferentes, não é mesmo? 15 Conceitos e Princípios da QualidadeCapítulo 1 Neste sentido, Garvin (1997, p. 47) faz alguns questionamentos: “A qualidade é objetiva ou subjetiva? É relativa ou absoluta? Independe do tempo ou é socialmente determinada? Pode ser dividida emcategorias mais restritas e de maior significado?”. Com base nesses questionamentos, o autor apresenta cinco abordagens do conceito para a qualidade: a transcendente, a baseada no produto, a baseada no usuário, a baseada na produção e a baseada no valor. No quadro 1, você verá de forma sintetizada cada uma das abordagens apresentadas por Garvin (1997), com as principais definições. Quadro 1 – Abordagens da qualidade segundo Garvin Abordagem Princípio Conceito TRANSCENDENTAL Qualidade é sinônimo de excelência inata. A qualidade não é uma coisa concreta, mas uma terceira identidade independente das duas, embora não possa definir qualidade, sabe-se o que ela é. (PIRSING, 1974, p. 185). BASEADA NO PRODUTO A qualidade é vista como uma variável precisa e mensurável. Melhor qualidade somente com custo elevado. É vista como característica inerente ao produto, e não como algo atribuído a ele. Diferenças de qualidade correspondem a diferenças de quantidade de algum ingredi- ente ou atributo desejado. (ABBOUT, 1955, p. 126-27). BASEADA NO USUÁRIO Qualidade é uma variável subjetiva. Parte da premis- sa de que a qualidade está diante dos olhos de quem observa. Qualidade é a adequação de uso. (JURAN, 1968, p. 37). BASEADA NA PRODUÇÃO Qualidade é o grau em que um produto específico está de acordo com um projeto ou especificação. (GILMORE, 1974, p. 16). BASEADA NO VALOR A qualidade é definida em termos de custos e preços. Qualidade é o grau de excelência a um preço aceitável e o controle da variabili- dade a um custo aceitável. (BROH, 1982, p. 3) Fonte: Adaptado de Garvin (1997). 16 Gestão da qualidade e produtividade Para aprofundar seu conhecimento sobre as Eras da Qualidade, sugerimos a leitura do capítulo 1 do livro de: GARVIN, David A. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997. Diversos estudiosos apresentaram teorias sobre a qualidade, mas alguns receberam um destaque maior e atualmente são conhecidos como os gurus da qualidade. “O que eles têm em comum é que fizeram parte da história, tanto pela contribuição teórica como pela intervenção em empresas”. (CARVALHO, 2005, p. 10). O quadro 2 apresenta os principais nomes citados na literatura acadêmica e profissional a respeito dos gurus da qualidade: Walter A. Shewhart, W. Ewards Demming, Joseph M. Juran, Philip B. Crosby e Kaoru Ishikawa. Você também verá as principais características destes gurus, bem como as suas principais contribuições e pressupostos. Quadro 2 - Principais Gurus da qualidade DADOS BIBLIOGRÁFICOS DEFINIÇÃO DE QUALIDADE CONTRIBUIÇÃO SH EW HA RT • Americano graduou-se em Engenharia com doutorado em Física. • Conhecido como pai do con- trole estatístico da qualidade. • Qualidade é subjetiva e objetiva. • Controle estatístico da qualidade (CEP). • Propõe o ciclo PDCA (plan- -do-check-act). DE MM IN G • Americano, engenheiro eletri- cista e doutor em matemática e física. • Pai do controle da qualidade no Japão. • Seu nome se tornou o Prêmio Japonês da Qualidade – Dem- ming Prize. • Qualidade é a satisfação das necessidades do cliente, em primeiro lugar. • Os 14 princípios da Dem- ming. • Desenvolvimento do contro- le estatístico do processo (CEP). JU RA N • Natural da Romênia, graduou- -se em Engenharia e Direito. • Colaborador da Revolução da Qualidade Japonesa. • Americano, formou-se em Engenharia. • Especialista na área da qualidade. • Qualidade é adequação ao uso. • Qualidade é a conformi- dade às especificações. • Os 10 pontos de Juran. • Trilogia do plano de melho- ria da qualidade. CONTINUAÇÃO 17 Conceitos e Princípios da QualidadeCapítulo 1 CR OS BY • - Natural do Japão, graduou- -se em química aplicada. • Desempenhou importante papel no modelo Japonês. • Qualidade é satisfazer radicalmente ao cliente, para ser agressivamente competitivo. • Os 14 pontos de Crosby. • Quality is Free (1979). • Defeito Zero. IS HI KA W A • Qualidade é satisfazer radicalmente ao cliente, para ser agressivamente competitivo. • Controle da Qualidade por toda a empresa (Company Wide Quality Control – CWQC). • As sete ferramentas da qualidade. Fonte: Adaptado de Carvalho (2005); Lopes e Saraiva (2009); Garvin (1997). Já a figura 3 apresenta os princípios de Demming, Juram e Crosby. Você verá, nos próximos capítulos, a aplicabilidade destas contribuições quando estudaremos sobre: PDCA, Controle Estatístico do Processo (CEP) e as ferramentas da qualidade. Figura 3 – Princípios desenvolvidos por Demming, Crosby e Juran Fonte: Elaborado pelas autoras a partir de Lopes e Saraiva (2009); Garvin (1997). 18 Gestão da qualidade e produtividade Cabe salientar que as contribuições dos Gurus da Qualidade foram aperfeiçoadas ao longo do tempo e vem sendo utilizadas até os dias atuais. Embora muita coisa tenha mudado com o passar dos anos e o papel dos profissionais tenha se modificado bastante em relação ao início, quando a responsabilidade de inspecionar e controlar a qualidade de toda a empresa era atribuída aos cargos de supervisores da produção, ainda é necessário dentro das empresas a existência de uma estrutura para a qualidade. Segundo Carvalho (2005, p. 19), atualmente “[...] esta estrutura é responsável pelo gerenciamento e pela operação do sistema da qualidade, seus procedimentos, documentos e métodos que incluem padrões para os produtos, política de qualidade e procedimento padrão”. Contudo, esta visão é considerada inadequada, pois a gestão da qualidade deve ser preocupação de todos os gestores e não de áreas específicas de qualidade dentro das organizações. A gestão da qualidade requer a participação e o envolvimento de todos os stakelholders. Atividade de Estudos: Agora que você já estudou um pouco sobre a história e os conceitos da qualidade, pesquise na internet um estudo de caso mais antigo e compare-o com os estudos de casos atuais, identificando as mudanças ocorridas no conceito. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Princípios da Qualidade Você sabia que para que um programa de qualidade seja desenvolvido e implantado com sucesso dentro das organizações empresariais há a necessidade de se seguir princípios? 19 Conceitos e Princípios da QualidadeCapítulo 1 Estes princípios são conhecidos como “Princípios Gerais da Qualidade” e compreendem: a Total Satisfação do Cliente, Gerência Participativa, Desenvolvimento de Recursos Humanos, Aperfeiçoamento Contínuo do Sistema, Gestão e Controle de Processos, Garantia da Qualidade. (OLIVEIRA, 2004). Para compreendermos melhor a importância destes princípios vamos analisá-los de forma individualizada. A total satisfação do cliente corresponde à missão de toda organização, pois o cliente é sua razão de ser e, consequentemente, suas necessidades e requisitos devem ser claramente identificados, atendidos e, se possível, superados, visando a assegurar sua total satisfação. A gerencia participativa atualmente pode ser considerada a mola propulsora da empresa. Entretanto, algumas empresas brasileiras não consideram as opiniões dos funcionários na tomada de decisão gerencial, atitudeesta que pode trazer sérias consequências para o bom andamento do processo produtivo. Sendo assim, a alta gerência deve instituir métodos de trabalho adequados, trabalho em equipe e gestão participativa. (CARPINETTI, 2010). O desenvolvimento de recursos humanos tem sido a preocupação das empresas nos últimos anos. Capacitá-los continuamente é uma forma de aprimorar seu desenvolvimento e habilidades. Além disso, primar por sua motivação e melhoria de trabalho, bem como por sua qualidade de vida, faz com que os funcionários contribuam com os propósitos da qualidade. Para Carpinetti (2010, p. 44), “As pessoas são as ‘matérias-primas’ mais importantes da organização. Consequentemente, o total comprometimento e envolvimento delas permitem um melhor aproveitamento desses recursos em prol da organização [...]”. O aperfeiçoamento contínuo do sistema faz com as empresas estejam sempre acompanhando os processos e mudanças da sociedade. Assim, é possível monitorar o comportamento do consumidor, permitindo que as estratégias da empresa estejam alinhadas às necessidades e anseios dos clientes. Em consequência, há a necessidade de se instituir sistemas de parâmetros de medição de qualidade que indiquem se as mudanças implementadas têm alcançado os resultados esperados. A Gestão e Controle de Processos compreende diversos subprocessos que partem do nível de uma tarefa individual e se interligam, formando várias cadeias cliente-fornecedor que, a partir do cliente externo, vão se comunicando, sendo o processo anterior o fornecedor e o processo seguinte o cliente. Para Conte e Dursk (2002, p. 58), “Gerenciar esse processo significa aplicar constantemente Princípios Gerais da Qualidade é a Total Satisfação do Cliente, Gerência Participativa, Desenvolvimento de Recursos Humanos, Aperfeiçoamento Contínuo do Sistema, Gestão e Controle de Processos, Garantia da Qualidade. 20 Gestão da qualidade e produtividade o ciclo denominado PDCA (Plan, Do, Check e Act), ou seja, planejar, executar, verificar e atuar de forma corretiva”. A Garantia da Qualidade é considerada um dos princípios mais formais, uma vez que trata do estabelecimento de normas e procedimentos da organização que formam um sistema passível de certificação e que deverá estar de acordo com normas internacionais. Dessa forma, “[...] a certificação assegura que o fornecedor tem total controle sobre o processo e pode repetir aquilo que foi feito. A formalização dos processos deve assegurar, portanto, a rastreabilidade e a disponibilidade de produtos e serviços”. (CONTE; DURSK, 2002, p. 58). Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema Princípios da Qualidade, sugerimos a leitura da Obra: KIMOLI, Raul. Princípios da qualidade: saiba quais são e como aplicá-los para aumentar seu desempenho. - Campinas: Komedi, 2008. Neste livro, o autor faz uma abordagem sobre oito princípios da qualidade voltados à organização focada no cliente, liderança, envolvimento das pessoas, abordagem de processo, abordagem sistêmica, melhoria contínua, abordagem baseada em fatos para a tomada de decisões, relação mutuamente benéfica com os fornecedores. Dimensões da Qualidade Devido à complexidade do conceito do termo qualidade, Garvin (1997) identificou oito dimensões ou categorias da qualidade. No quadro 3, você verá cada uma destas dimensões e os principais aspectos que as diferem umas das outras. Quadro 3 – Oito dimensões da Qualidade Dimensões Descrição Desempenho São as características operacionais básicas de um produto. Combina elementos das abordagens com base no produto e no usuário. A descrição de desempenho do produto inclui termos associados à qualidade, ao lado de termos que não conseguem dar a ideia dessa associação. Exemplo: Uma lâmpada de 100W permite um maior desempenho (iluminação forte) do que uma lâmpada de 60W. Porém, poucos consumidores associariam esta diferença de desempenho a uma medida de qualidade. Características São os adereços do produto, ou seja, as características secundárias que suple- mentam o funcionamento básico do produto. CONTINUAÇÃO 21 Conceitos e Princípios da QualidadeCapítulo 1 Confiabilidade A confiabilidade reflete a probabilidade de mau funcionamento de um produto ou de ele falhar num determinado período. Conformidade Representa o grau em que o projeto e as características operacionais de um produto estão de acordo com os padrões estabelecidos. Durabilidade É uma medida de vida útil do produto, possui dimensões econômicas e técnicas. Uso proporcionado por um produto até que ele se deteriore fisicamente. A durabilidade e a confiabilidade estão associadas. Atendimento Tempo que o cliente terá que esperar para ter o problema resolvido, caso o produto apresente algum tipo de falha. Estética É uma dimensão subjetiva. Está relacionada com a qualidade percebida. É uma questão de julgamento e reflexo de preferências individuais. Qualidade Percebida Geralmente, utiliza medidas indiretas na avaliação do produto (propaganda) e comparação entre marcas. A reputação do produto é um dos principais fatores que contribuem para esta dimensão. Fonte: Elaborado a partir de Garvin (1997). Mas qual a utilidade destas dimensões na gestão da qualidade? Podemos dizer que a identificação das dimensões é importante para fins estratégicos. Segundo Garvin (1997, p. 73) “a competição em qualidade torna-se muito mais complexa; dimensões múltiplas implicam que os produtos podem ser diferenciados de inúmeras maneiras”. Complementando esta idéia, Carpinetti (2010) coloca que a gestão da qualidade como estratégia competitiva faz com que as empresas necessitem identificar requisitos e se organizem de forma que a pesquisa de mercado seja devidamente transmitida por todo o ciclo do produto. Assim, neste contexto é muito importante que se faça uma análise critica em relação à pesquisa que será aplicada. O texto a seguir demonstra o quanto é importante esta análise para que se alcance um resultado positivo ao final da pesquisa. BEM-ESTAR - OLHAR CLÍNICO Não dá para ser mais um. Vale à pena investir em uma pesquisa apurada para buscar o espaço preciso Benjamin Apter, da B-Active, voltada para a terceira idade: o segredo foi encontrar o nicho certo. Natação, judô, tênis. Benjamin Apter, 48 anos, é um médico que sempre praticou esportes e 22 Gestão da qualidade e produtividade não teve dúvida na hora da especialização: ortopedia e medicina esportiva. Montou uma clínica, em 1989, onde atendia muitos atletas e idosos. “Naquela época já percebia que muitos dos pacientes que encaminhava para as academias de ginástica voltavam com lesões.” A clínica cresceu, transformou-se em pronto socorro e, com o tempo, Apter se deu conta de que existia uma brecha no mercado: ninguém se preocupava com exercícios voltados aos mais velhos. “Foi aí que dei uma guinada. Comecei a me interessar pelo assunto e, em 2002, pedi permissão para acompanhar o departamento de geriatria da Universidade de São Paulo (USP) para entender a fisiologia do idoso.” No mesmo período, um grupo de estudo do exercício para a terceira idade se formava na USP e desenvolvia projetos de equipamentos de ginástica com ergonomia adaptada a pessoas frágeis, junto ao departamento de bioengenharia. Apter se envolveu com o grupo e logo surgiu o desejo de criar uma academia específica para idosos. Ele dividiu o sonho com outros dois médicos, Ari Radu e Nelson Wolosker, que viraram sócios. Os três investiram em uma pesquisa de mercado para saber se a ideia era viável. Os médicos formataram um modelo de negócio replicável, reunido em um manual. “Criamos uma unidade sabendo que nosso objetivo era crescer”, diz Apter. Em 2004, inauguraram a B-Active nos Jardins,com apenas seis equipamentos, uma recepcionista e dois professores. “Fizemos tudo com capital próprio, o investimento inicial foi baixo.” No primeiro dia, a academia já tinha oito alunos. “Nossos clientes chegam aqui por indicação médica ou pelo boca a boca. O médico precisa encaminhar o paciente para algum lugar para fazer exercícios, é uma necessidade.” Academia Médica Muitos mandam para a B-Active, conhecida como a academia médica. Na verdade, é um Instituto de Medicina Esportiva credenciado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Os 30 aparelhos de ginástica que hoje ocupam a sala, projetados na USP e fabricados por uma empresa, são ergonômicos e dão maior conforto e proteção articular na execução dos exercícios. Todos os professores são pós-graduados e cuidam de, no máximo, três alunos por aula. A avaliação médica, feita por Apter e por Radu, é sempre enviada via e-mail para o médico do novo aluno, que pode acompanhar a evolução física e clínica do seu paciente. E serve de base para a criação de um programa de treinamento 23 Conceitos e Princípios da QualidadeCapítulo 1 específico e personalizado. “Não trabalhamos com volume e sim com qualidade. E qualidade tem preço”, afirma Apter. A academia cobra por aula, que tem uma hora de duração. A mensalidade para quem faz duas aulas por semana é de R$ 296. Fonte: CORRÊA, Elisa. Revista PEGN. Disponível em: <http://revistapegn. globo.com/Revista/Common/0,,EMI81831-17166-4,00-COMO+REALIZAR +O+SEU+SONHO+DE+NEGOCIO.html>. Acesso em: 03 abr. 2010. A pesquisa de mercado atualmente é vista como um pós-uso de determinado produto, portanto, deve-se medir a qualidade no momento do uso, ou seja, para auxiliar no processo de inovação das empresas, a pesquisa de mercado deve ser substituída por pesquisa etnográfica, que procura verificar a qualidade no momento do uso de um produto. Etnografia é uma metodologia de pesquisa que se baseia em longos períodos de observação das pessoas em seu “habitat natural”, ou seja, em casa, e combina as informações coletadas com entrevistas para conseguir “uma compreensão precisa e detalhada da conduta humana”. Além da pesquisa de mercado, também é considerável neste contexto a inovação tecnológica. Um dos precursores a tratar do tema inovação dentro das organizações foi Schumpeter e, atualmente, a inovação tem sido vista como uma aliada na busca pela competitividade, sendo incluída nas estratégicas das organizações. As inovações podem ser tanto pela ótica do produto, quando é lançado um produto novo no mercado, quanto no processo, através de novos investimentos em máquinas e equipamentos. Portanto, independente do tipo de inovação que seja adotada pela empresa, ela deverá contribuir na melhoria da produtividade e qualidade. 24 Gestão da qualidade e produtividade Inovação: a palavra é derivada do latim novus (ou novo), sendo o termo definido com a introdução de algo novo, de uma nova ideia, um novo método. (SARAIVA; ROLO, 2009). Mas o que seria inovar? Manãs (2001, p. 35) coloca que “[...] a necessidade de ser competitivo, de manter-se vivo ou de atirar-se e manter-se a frente dos concorrentes é a noção fundamental da frequente procura pela inovação”. Quantas vezes você já não se deparou com pessoas cheias de ideias e que, muitas vezes, transformam-se em novos negócios do dia para a noite. Pois é, isso é consequência das mudanças radicais que vivenciamos a cada dia. Assim, segundo Fremann e Perez (1988 apud SARAIVA; ROLO, 2009) a inovação pode ser uma inovação radical, ou seja, a introdução de um novo processo ou equipamento que altera a estrutura organizacional e geralmente demanda investimentos altos, ou pode ser incremental, que apenas faz um incremento ao processo e ou produto visando a melhoria da qualidade deste. Assim, independente do porte da empresa, a inovação é fundamental no processo de busca da competitividade, pois, “inovar com qualidade e ter qualidade com inovação são necessidades hoje e sempre, entretanto, para que isso seja possível Manãs (2004, p. 41) afirma que é fundamental que ocorram reflexos em suas atividades diversas”, destacando: a necessidade de orientação para objetivos, planejamento em longo prazo, flexibilidade e rapidez, interação com o mercado, investimentos e capacidade técnica. Atividade de Estudos: Identifique uma empresa de seu conhecimento que tenha utilizado a pesquisa de mercado associada à gestão de qualidade como fator de competitividade. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Inovação: a palavra é derivada do latim novus (ou novo), sendo o termo definido com a introdução de algo novo, de uma nova ideia, um novo método. (SARAIVA; ROLO, 2009). 25 Conceitos e Princípios da QualidadeCapítulo 1 Algumas Considerações Neste capítulo você pode observar como o conceito de qualidade tem acompanhado as mudanças ocorridas nas organizações no decorrer dos anos. Entretanto, consolidou-se com a produção em massa após a Revolução Industrial e, perpetua-se até os dias atuais. Entretanto, no decorrer dos anos passou por diversos estágios e, consequentemente, foi atribuída a setores bem específicos da organização. Além disso, vimos que a qualidade apresenta princípios e dimensões que também evoluíram juntamente aos conceitos e sofrem influência de fatores que estão presentes no dia a dia da organização. Agora, no próximo capítulo aprofundaremos nossos estudos a partir da abordagem da Gestão da Qualidade Total (TQM), em que apresentaremos os conceitos de qualidade total, a evolução destes conceitos e sua importância para a organização. Referências CARPINETTI, Luiz C. R. Gestão da qualidade: conceitos e teorias. São Paulo: Atlas, 2010. CARVALHO, Marly de M. Histórico da gestão da qualidade. In: CARVALHO, Marly de M.; PALADINI, Edson P. (Coord.). Gestão da qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. p. 01-24. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Editora Campos, 2000. CONTE, Antônio L.; DURSKI, Gislene R. Qualidade. In: FACULDADES BOM JESUS. Economia empresarial / Fae Business School. Curitiba: Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, 2002, p. 51-60. GARVIN, David A.. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark , 1997. LOPES, Sara B.; SARAIVA, Margarida. Qualidade e certificação: aplicação empírica numa organização certificada pela norma ISSO 9001. In: SARAIVA, Margarida; TEIXEIRA, Antônio. A qualidade numa perspectiva multi e interdisciplinar. Lisboa: Edições Silabo, 2009. p. 194-207. 26 Gestão da qualidade e produtividade MAÑAS, A. V. Gestão de Tecnologia e Inovação. São Paulo: Érica, 2001. MARSHALL JUNIOR, Isnard. Gestão da qualidade. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003. MAXIMIANO, Antônio C. A. Introdução à administração. 5 ed. São. Paulo: Atlas, 2000. OLIVEIRA, Otávio J. Gestão da qualidade: introdução à história e fundamentos. In: ______. (Org.). Gestão da qualidade: tópicos avançados. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004, p. 3-20. SARAIVA, M.M., ROLO, A. Qualidade e inovação: principais implicações nas organizações portuguesas. In SARAIVA, M.M.; TEIXEIRA, A. (Ed.). TMQ - Qualidade: Gestão da Qualidade numa Perspectiva Multi e Interdisciplinar. Lisboa: Edições Sílabo, 2009. p. 95-121. SILVA, Reinaldo Oliveira da. Teorias da Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. CAPÍTULO 2 Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Manegement (TQM) A partir da concepção do saber fazer,neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Definir Sistema de Gestão da Qualidade Total (TQM). 9 Identificar a relação entre a qualidade e o sistema TQM. 9 Utilizar as estratégias para implantação de programas de qualidade total. 9 Compreender Lean Manufacturing no processo de gestão da qualidade. 28 Gestão da qualidade e produtividade 29 Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Manegement (TQM)Capítulo 2 Contextualização No capítulo I estudamos os conceitos de qualidade e sua evolução no tempo. Você tomou conhecimento das contribuições de alguns pesquisadores ao longo do tempo sobre a aplicabilidade do conceito de qualidade. Neste capítulo, veremos como surgiu o sistema de Gestão da Qualidade Total (TQM), sua origem e o porquê de as organizações buscarem implantá-la nos processos produtivos, tanto nas indústrias como no comércio, setor de serviços e governamentais. Você sabia que atualmente até os setores governamentais já estão implantando sistema de gestão da qualidade com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços oferecidos a sociedade? Ao longo deste capítulo veremos alguns exemplos e como foi possível avaliar os serviços por meio desta ferramenta. Também estudaremos um pouco mais sobre o sistema Lean Manufacturing. Esse sistema de produção foi adotado pela Toyota em sua linha de produção na década de 80 e vem sendo adaptado por outras organizações e outros sistemas produtivos, como serviços e comércio. Então, vamos ver quais os objetivos que esta ferramenta oferece? Gestão da Qualidade Total (TQM) Desde os primórdios a qualidade sempre foi um problema a ser administrado pelas organizações. Vimos, inicialmente, que este problema era de responsabilidade somente do departamento de controle de qualidade, entretanto, com a evolução do processo, a visão de qualidade total foi estendia a outros departamentos da organização, surgindo, assim, os sistemas de qualidade total. Assim, existe alguma diferença entre qualidade e qualidade total? A Qualidade Total tem como objetivo o acréscimo de valor contínuo. Kaizen (japonês) é uma palavra que significava um processo de gestão e uma cultura de negócios e que passou a significar aprimoramento contínuo e gradual, implementado por meio do desenvolvimento ativo e comprometido de todos os membros da organização no que ela faz e na maneira como as coisas são feitas. (CHIAVENATO, 2000, p. 433). Vamos ver, então, como a Qualidade e a Gestão da Qualidade Total se relacionam? A figura 4 ilustra a inter-relação entre elas e apresenta os elementos que a compõem. A Qualidade Total tem como objetivo o acréscimo de valor contínuo. 30 Gestão da qualidade e produtividade Figura 4 – Inter-relação dos conceitos: qualidade, gestão da qualidade e os elementos que a compõem Fonte: Extraído de Miguel (2005, p. 87). Podemos observar na figura 4 que a gestão da qualidade total envolve a participação de todos os membros da organização com um objetivo comum de atender às necessidades do cliente e da sociedade. Para a ISO 8402:1994 (apud MIGUEL, 2005, p. 87) “qualidade total significa o modo de gestão de uma organização, centrado na qualidade, baseado na participação de todos os seus membros, visando ao sucesso a longo prazo, por meio da satisfação dos clientes e dos benefícios de todos os membros da sociedade”. A qualidade total teve sua origem na década de 50, baseada na visão japonesa conhecida como CWQC (Company-wide Quality Control) e na visão norte-americana chamada TQC (Total Quality Control). Tanto o modelo Japonês como o norte-americano passou por um processo de evolução no decorrer dos anos, entretanto, enquanto os norte- americanos tinham suas atenções voltadas para a detecção de problemas, os japoneses desenvolviam processos eficazes que detectavam e solucionavam os problemas. E, todo este processo evolutivo resultou no TQM (Total Quality Manegent) no final de década de 80. (MIGUEL, 2005). Para Feigenbaum (1994, p. 6), o Controle de qualidade total é um sistema eficiente que visa integrar esforços para desenvolvimento, manutenção e aperfeiçoamento da qualidade de vários grupos numa organização, de forma a permitir marketing, engenharia, produção e assistência dentro dos níveis mais econômicos e que possibilitem satisfação integral do consumidor. 31 Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Manegement (TQM)Capítulo 2 Quando falamos em Gestão pela Qualidade Total ou Total Quality Management (TQM) estamos fazendo referência à qualidade de forma mais ampla, ou seja, abrangendo diversos setores econômicos, como indústria, comércio e serviços. Trata-se de um conjunto de atividades coordenadas com o objetivo de dirigir e controlar uma organização em relação à qualidade, incluindo, assim, o planejamento, o controle, a garantia e a melhoria da qualidade. O TQM se constitui de uma série de atividades/ações que a empresa deve adotar para alcançar a melhor qualidade e se tornar competitiva no mercado, ou seja, é [...] um sistema estruturado que visa satisfazer clientes internos e externos, além dos fornecedores, integrando o ambiente de negócios com a melhoria contínua, através de ciclos de desenvolvimento, melhoria e manutenção aliados a uma mudança cultural na organização. (MIGUEL, 2001, p. 53). Para Feigenbaum (1986 apud SLACK et al., 1999, p. 503), a TQM é “um sistema eficaz para integrar esforços de desenvolvimento, manutenção e melhoria da qualidade dos vários grupos de uma organização, permitindo levar a produção e o serviço aos níveis mais econômicos da operação e que atendam plenamente à satisfação do consumidor”. Complementando esta ideia, Carpinetti, Miguel e Gerolamo (2007, p. 9) colocam que “[...] as definições apresentam o TQM como uma estratégia de fazer negócios que objetiva maximizar a competitividade de uma empresa por meio de um conjunto de princípios de gestão, métodos, ferramentas de gestão da qualidade” que podem ser visualizados na figura 5. Figura 5 – Elementos da Gestão da Qualidade Total (TQM) Fonte: Adaptado de Carpinetti, Miguel e Gerolamo (2007). 32 Gestão da qualidade e produtividade Atividade de Estudos: Com base no que estudamos até aqui, podemos afirmar que qualidade e gestão da qualidade são sinônimas? Justifique sua resposta. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Você deve ter observado que em vários conceitos apresentados até agora constava a palavra sistema. Quantas vezes você já ouviu ou até mesmo utilizou desta expressão no dia a dia, não é mesmo? Mas, você sabe o que significa um sistema? Sistema é um conjunto de partes que interagem e se interdependem, formando um todo único com objetivos e propósitos em comum, efetuando sinergicamente determinada função. (OLIVEIRA, 2004, p. 15). Para entendermos melhor o sistema, vamos comparar a organização a um ser vivo. Os seres vivos para viverem bem e saudáveis precisam que todo seu “sistema” funcione bem, do contrário,ficam doente e acabam morrendo, correto? Pois o mesmo ocorre com as organizações, se alguma parte do sistema da organização deixar de funcionar, ela deixa de ser eficiente, perde mercado e, se não houver uma intervenção adequada, também acaba morrendo. Assim, a eficiência da empresa é a responsável pelos lucros de que ela necessita para crescer e prosperar. (MARANHÃO, 1994). 33 Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Manegement (TQM)Capítulo 2 Voltamos agora para a parte prática das organizações. Nas organizações os sistemas compreendem os elementos de entrada, conhecidos como (inputs), o processamento, os elementos de saída, chamados de (outputs), e a retroalimentação. Normalmente, os sistemas das organizações apresentam a configuração de acordo com a figura 6, ou seja, entra os insumos (mão-de- obra, material, capital e informação), estes, por sua vez, passam por um processo produtivo de transformação, o que consequentemente leva a uma saída de produto, serviços ou até mesmo de novas informações que vão sendo retroalimentadas, fazendo o sistema funcionar. Figura 6 – Sistema Empresarial Fonte: Oliveira (2004, p. 16). Neste sentido, o mesmo ocorre com o sistema de qualidade. Por ser um sistema dinâmico, formado por diversas atividades que visam à melhoria contínua dentro da organização, tem como princípios fundamentais: foco no cliente e na qualidade em primeiro lugar; melhoria contínua de produtos e processos; envolvimento, comprometimento e desenvolvimento dos recursos humanos. (CARPINETTI; MIGUEL; GEROLAMO, 2007). Com a difusão do conceito de gestão da qualidade total, após a década de 80, bem como a adoção de métodos e ferramentas, a gestão da qualidade foi associada aos sistemas de gestão da qualidade como a ISO 9000 que estudaremos no capítulo 4 deste caderno. Atividade de Estudos: Com base no caso apresentado, identifique algumas melhorias que foram geradas para as empresas na adoção de programas de qualidade. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 34 Gestão da qualidade e produtividade ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Para a implantação do Gerenciamento da Qualidade Total são utilizadas estratégias conhecidas como: gerenciamento pelas diretrizes e o gerenciamento da rotina. Gerenciamento Pelas Diretrizes O gerenciamento pelas diretrizes também é conhecido como Hoshin Kanri ou planejamento hoshin ou desdobramento das diretrizes, tem suas origens no Statistical Quality Control e é um dos pilares do TQM. É um sistema administrativo que determina os objetivos da organização através do planejamento estratégico e permite o seu desdobramento em todos os níveis hierárquicos, sem se desviar deste rumo estratégico. Além de ser um sistema para o controle da qualidade e para as atividades de melhoria contínua. Nesse sentido, Campos (1996, p. 32) afirma que o gerenciamento das diretrizes “é um mecanismo que concentra toda a força intelectual de todos os funcionários, focalizando-a para as metas de sobrevivência da organização”. Para Bouer (2005, p. 188) o gerenciamento das diretrizes “trata- se de uma sistemática para alinhar a organização em torno de seus objetivos estratégicos, mostrando a contribuição que se deve esperar de cada uma de suas partes, ou seja, [...] desdobram-se objetivos gerais em específicos de modo participativo”. Martins (1998, p. 58), em sua tese de doutorado, partindo da visão de diversos autores, define gerenciamento das diretrizes como, [...] um processo de gestão que desdobra, de forma negociada por mecanismos denominados “catchball”, as diretrizes da organização para os níveis hierárquicos abaixo da alta administração, chegando até no âmbito da execução das tarefas. A cada nível de desdobramento são geradas medidas de desempenho que funcionarão como itens de controle para a execução da etapa de verificação (check) do ciclo PDCA. Gerenciamento pelas diretrizes também é conhecido como Hoshin Kanri ou planejamento hoshin ou desdobramento das diretrizes. Gerenciamento das diretrizes “é um mecanismo que concentra toda a força intelectual de todos os funcionários, focalizando-a para as metas de sobrevivência da organização”. 35 Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Manegement (TQM)Capítulo 2 Mas você se recorda do que é uma diretriz? Para Bauer (2005) uma diretriz é composta de um conjunto de componentes: a) Direção: o que conquistar e para onde caminhar; b) Objetivo: quantitativo e ao longo do tempo; c) Condições de contorno; d) Linhas mestras: estratégias de ação. Em relação a sua finalidade de utilização, segundo Campos (2004), o gerenciamento das diretrizes se constitui por dois sistemas: a) Gerenciamento Funcional: que visa à manutenção e melhoria contínua das operações do dia a dia de uma organização, também chamado de Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia” (Daily Work Routine Management) ou Gerenciamento pela Organização. É considerado a prática do controle da qualidade. b) Gerenciamento Interfuncional: que visa a dar solução de problemas prioritários da alta administração por meio do desdobramento das diretrizes e seu controle interfuncional. A figura 7 demonstra como se dá a constituição do gerenciamento das diretrizes, ou seja, apresenta os dois sistemas juntamente às suas funções e deixa claras quais são as metas estabelecidas pela chefia e quais são as metas estabelecidas pela alta direção. Figura 7 – Constituição do gerenciamento das diretrizes Fonte: Adaptado de Campos (2004). 36 Gestão da qualidade e produtividade O gerenciamento das diretrizes pode ser aplicado a qualquer tipo de objetivo, seja ele relacionado ao custo, à produtividade, à qualidade, ao tempo de ciclo, ao retorno sobre investimento, seja com o objetivo de se colocar em prática através de desdobramento de indicadores, linhas mestras e condições de contorno (BOUER, 2005). Assim, o autor apresenta como condições necessárias: • Determinação. • Recursos. • Comprometimento da equipe. • Melhoria Contínua (estar de acordo com objetivos PDCA). Por outro lado, segundo Carpinetti, Miguel e Gerolamo (2007), o gerenciamento das diretrizes é um sistema de diretrizes que tem por objetivo estabelecer, desdobrar e implementar diretrizes, portanto, um conjunto de fases. Estabelecer (1ª Fase): Definição de um objetivo de desempenho prioritário com base nos fatores: importância para o cliente; áreas carentes de melhorias; oportunidade de vantagem competitiva. O estabelecimento de uma diretriz a ser atingida consiste em definir uma meta (indicador de desempenho e um valor a ser atingido) e a definição dos meios ou métodos para se atingir a meta. Desdobramento (2ª Fase): O desdobramento das diretrizes corresponde ao desdobramento de uma diretriz da alta direção através da estrutura hierárquica funcional da organização. Assim, o meio e a meta de uma diretriz da alta direção são desdobrados em meios e metas inter-relacionadas, desde um nível de divisão até o chão de fábrica. Implementação (3ª fase): Nesta fase o gerenciamento das diretrizes pressupõe que a implementação de melhorias requer cooperação interfuncional em alto grau de comprometimento e participação. Por isso, os instrumentos utilizados na implementação de melhorias são, entre outros, gerenciamento interfuncional,gerenciamento da rotina do dia a dia, trabalho em equipe, autocontrole, educação e treinamento em ferramentas de melhoria da qualidade. Dessa forma, podemos dizer que o gerenciamento das diretrizes é focado no cliente, nas necessidades ou nas oportunidades de melhoria prioritárias, nos processos, nos meios e nas medidas de desempenho. 37 Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Manegement (TQM)Capítulo 2 Fábula dos Três Pedereiros Uma fábula antiga conta a história de um viajante que encontrou três pedreiros e perguntou a eles o que estavam fazendo: – Estou quebrando pedras, disse o primeiro. – Estou levantando uma parede, disse o segundo. – Estou construindo uma catedral! Disse o terceiro. O terceiro pedreiro da fábula foi o único que conseguiu perceber que seu trabalho, apesar de simples, era parte de um projeto muito maior. Assim, podemos dizer que o gerenciamento pelas diretrizes é um instrumento que pode ser usado para garantir que todos saibam que estão, em conjunto, “construindo uma catedral”. Fonte: Extraído de: MINAS GERAIS. Planejamento EMATER. Gerenciamento pelas Diretrizes. Disponível em: <http://www.emater. mg.gov.br/doc/intranet/upload/SIG/5%20-%20gerenciamento%20 pelas%20diretrizes.pdf> - Acesso em: 01 mai. 2010. Caso você queira aprofundar seus conhecimentos sobre a aplicação do gerenciamento pelas diretrizes nas organizações, leia o texto: PALMERI, Nivaldo L. et al. Abrangência de aplicação do gerenciamento pelas diretrizes. In: Anais do XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008. Atividade de Estudos: Vimos ao longo do texto que o GERENCIAMENTO DAS DIRETRIZES é um sistema de diretrizes cujo objetivo é estabelecer, desdobrar e implementar diretrizes. Explique cada uma destas fases. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 38 Gestão da qualidade e produtividade ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Gerenciamento Pela Rotina O gerenciamento pela rotina é um método de gerenciamento das pequenas tarefas do dia a dia com objetivo de controlar a qualidade em cada uma das atividades, mantendo a qualidade final do produto. Segundo Perez (1996), este método conduz à prática do melhoramento contínuo da qualidade na organização. Integra principalmente ações de manutenção, ou seja, através do cumprimento de resultados, padrões e ações corretivas sobre as causas do processo, quando detectados desvios, e de melhorias, visando à mudança dos padrões para busca de resultados ainda não alcançados. Podemos dizer que o gerenciamento pela rotina é o próprio controle da qualidade exercido nos processos do dia a dia da organização, pois faz parte do sistema da qualidade total que garante tanto a manutenção do desempenho como promove a melhoria contínua. (BOUER, 2005). Já para Campos (1994, p. 19), o Gerenciamento da Rotina são “as ações e verificações diárias conduzidas para que cada pessoa possa assumir as responsabilidades no cumprimento das obrigações conferidas a cada indivíduo e a cada organização”. Agora que já vimos às definições de gerenciamento da rotina. Vamos ver como ocorre a implantação deste método. Segundo Bouer (2005), a implantação do gerenciamento da rotina se dá por quatro etapas que veremos no quadro 4 na sequência: O gerenciamento pela rotina é um método de gerenciamento das pequenas tarefas do dia a dia com objetivo de controlar a qualidade em cada uma das atividades, mantendo a qualidade final do produto. 39 Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Manegement (TQM)Capítulo 2 Quadro 4 - Metodologia para implantação do gerenciamento da rotina ETAPAS AÇÕES ORIENTAÇÃO PARA O MICRO PROCESSO 1. Identificar os microprocessos da unidade sobre os quais se deve aplicar o gerenciamento da rotina. 2. Selecionar os microprocessos mais importantes que têm apresentado desempenho insatisfatório. 3. Analisar o microprocesso por meio de seu fluxograma, da correta identifi- cação de fornecedores e clientes e das tarefas que agregam valor. 4. Caracterizar o microprocesso, formalizando qual é sua finalidade, que linhas mestras e condições de contorno devem ser consideradas. ORIENTAÇÃO PARA O CLIENTE 1. Identificar os clientes do microprocesso. 2. Identificar as necessidades, expectativas e exigências dos clientes do microprocesso. 3. Definir características mensuráveis associadas às necessidades, expec- tativas e exigências. 4. Estabelecer indicadores da qualidade que permitam monitorar e avaliar o alcance, ou não, das características mensuráveis preestabelecidas. ORIENTAÇÃO PARA O CONTROLE DO MICROPROCESSO 1. Estabelecer objetivos e limites de controle para os indicadores da quali- dade. 2.Definir o sistema de controle para o acompanhamento e a avaliação da evolução dos indicadores da qualidade. 3. Estabelecer "pontos de controle" do microprocesso. 4. Definir características de controle do output da etapa do microprocesso. 5. Definir parâmetros de controle durante a etapa do microprocesso. 6. Definir métodos de controle. 7. Definir frequência de controle. 8. Definir responsabilidades pelo controle. 9.Implementar o sistema de controle. ORIENTAÇÃO PARA A MELHORIA 1. Verificar os efeitos indesejados em cada uma das etapas do microproces- so que estão comprometendo o alcance dos indicadores da qualidade. 2. Analisar as causas possíveis (causas potenciais), responsáveis pelos efeitos indesejados. 3. Propor ações de melhoria para eliminação das causas potenciais. 4. Definir a forma de execução das ações de melhoria, o cronograma para implantação, responsável e recursos necessários. 5. Gerenciar à vista, a evolução e os resultados decorrentes da aplicação das ações de melhoria. Fonte: Adaptado de Bouer (2005). 40 Gestão da qualidade e produtividade A figura 8 apresenta o fluxograma do gerenciamento da rotina com as suas etapas de implantação. Figura 8 - Fluxograma do gerenciamento da rotina Fonte: Adaptado de Bouer (2005). Você já conseguiu identificar a diferença que existe entre o gerenciamento pela rotina e o gerenciamento pelas diretrizes? O gerenciamento pela rotina é voltado à organização das operações do dia a dia da empresa. Já o gerenciamento pelas diretrizes é utilizado na gestão da conduta das operações. Para que você compreenda as diferenças destes procedimentos e possa fazer um comparativo entre eles, no quadro 5 são apresentadas as principais características de cada um. 41 Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Manegement (TQM)Capítulo 2 Quadro 5 – Principais características do gerenciamento da rotina e do gerenciamento das diretrizes Gerenciamento da Rotina Gerenciamento das Diretrizes Finalidade Manutenção e melhoria Melhorias drásticas (rupturas) Padrões Acompanhado e Melhorado Reprojeto Atividades básicas Manutenção e padronização do processo Desdobramento das diretrizes Principal Processo Fazendo as coisas de modo correto Localizando as coisas certas a fazer Ponto de Partida e Geren- ciamento Gerentes de cada uma das unidades Direção Superior Pessoas envolvidas no planejamento Gerentes de unidades Da direção até o nível médio de gerência Pessoas envolvidas na execução Todos Qualquer um que possa contribuir Fonte: Adaptado de Bouer (2005). Sugerimosa leitura do livro: Gerenciamento da Rotina do Trabalho no dia-a-dia, de Vicente Falconi Campos. Este livro apresenta um roteiro de fácil entendimento sobre como melhorar seu gerenciamento. Para tanto, são aplicadas algumas técnicas modernas de comunicação, como o uso intenso de diagramas e das palavras-chave. Atividade de Estudos: O gerenciamento da rotina é uma metodologia utilizada para gerenciar as pequenas tarefas do dia a dia. Explique como ele pode contribuir com a gestão da qualidade na empresa. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 42 Gestão da qualidade e produtividade Antes de passarmos para nosso próximo assunto, gostaríamos de salientar que busca pela excelência na qualidade dos serviços tem sido o foco dos serviços públicos. Várias autarquias governamentais, como prefeituras e outros órgãos ligados ao governo, já estão implantando medidas de gestão de qualidade. Assim, sugerimos que você faça uma pesquisa na internet e encontre diversas prefeituras com selo de certificação ISO 9001 – Sistema de Gestão da Qualidade (Ver capítulo 5). Lean Manufacturing como Gestão da Qualidade Vimos anteriormente que a evolução da qualidade total nas organizações foi responsável pelo desenvolvimento de novas técnicas e metodologias que foram implantadas visando a qualificar os processos produtivos. Nesse contexto, a Produção Enxuta, embora cause controvérsias na opinião dos pesquisadores científicos, não é vista como uma inovação, pois se utiliza de diversos conceitos antigos na sua aplicabilidade, como qualidade, organização, engenharia. Por outro lado, para outros, o termo enxuto é uma revolução no sistema de produção. (MACHADO, 2007). Você lembra o que é Produção Enxuta? A referência internacional do termo Produção Enxuta foi materializado através da Fábrica da Toyota que, em 1990, criou seu próprio modelo de produção com o objetivo de aumentar a eficiência da produção pela eliminação contínua dos vários tipos de desperdícios. (MACHADO; HEINECK, 2001; MODEM, 1984). Segundo Machado e Heineck (2001), a introdução do conceito de produção enxuta foi incorporado a uma comunidade ampla e está associado ao lançamento do livro “A máquina que mudou o mundo”, escrito por Womack, Jones e Ross em 1992. Mas o que é desperdício? Entende-se por desperdício, Toda atividade que consome recursos e não agrega valor ao produto [...]. Desta forma estoques que custam dinheiro e ocupam espaços, transporte interno, paradas intermediárias – decorrentes das esperas do processo -, refugos e retrabalhos são formas de desperdícios e devem ser eliminadas ou reduzidas ao máximo. (MARTINS; LAUGENI, 2006, p. 404). Termo Produção Enxuta foi materializado através da Fábrica da Toyota que, em 1990, criou seu próprio modelo de produção com o objetivo de aumentar a eficiência da produção pela eliminação contínua dos vários tipos de desperdícios. 43 Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Manegement (TQM)Capítulo 2 Os princípios da mentalidade enxuta além de serem embasados na diminuição do desperdício incluem o desenvolvimento de fluxos contínuos de produção, a produção baseada na demanda real dos clientes com foco na necessidade, a melhoria do fluxo de valor (matéria-prima até produtos acabados). (WOMACK; JONES, 1998; MACHADO; HEINECK, 2001). Inicialmente, foi proposto pelos pesquisadores americanos o termo Produção Enxuta (Lean Production), visando a traduzir ao mundo ocidental as técnicas adotadas pela Toyota. Posteriormente, segundo Womack e Jones (1998), o termo foi ampliado para Mentalidade Enxuta (Lean Thinking), visando a que fosse aplicado a todos os setores da empresa. Sendo assim, estes princípios aos poucos foram adotados por diversos setores da indústria, como: aeroespacial, metalúrgico, químico, produtos de consumo, etc. e, na atualidade, diversos segmentos de negócios já vêm adotando os princípios da produção enxuta. (MACHADO; HEINECK, 2001). Atualmente, encontramos estudos com resultados positivos da adaptação e aplicação desta metodologia ao serviço público, cuja metodologia passou a ser chamada de Lean Oficce, ou seja, “Escritório Enxuto”, devido às características dos ambientes que são áreas administrativas. Você poderá observar um exemplo disto lendo, a seguir, parte da reportagem “Escritório Enxuto”, publicada pela Revista Exame, sobre a adoção desta metodologia pelas empresas Bosch e Alcoa. O ESCRITÓRIO ENXUTO Lembra o modelo de produção enxuta da Toyota? Funcionou nas fábricas. Agora, as empresas tentam levá-lo para a administração. Desde que começou a ser desenvolvido, após a Segunda Guerra Mundial, o modelo de produção enxuta da montadora japonesa Toyota chamou a atenção e passou a ser copiado, com maior ou menor sucesso, por milhares de empresas em todo o mundo. Até aí, nenhuma novidade. Agora vamos ao fato novo: palavras, expressões e conceitos que remetem ao modelo - como kanban, redução de estoques, just-in-time, nivelamento da produção e melhoria contínua - estão deixando de permear apenas o ambiente das fábricas para fazer parte do dia a dia dos escritórios das empresas. O objetivo é aproveitar o sistema da Toyota, - famoso por ajudar as corporações a eliminar desperdícios e, com isso, tornar 44 Gestão da qualidade e produtividade mais eficientes os processos fabris - e tornar enxutos também os processos administrativos. A ideia vem despertando o interesse de empresas no Brasil e no mundo. Mas a tarefa de transpor os conceitos da linha de montagem para o escritório não é simples. “É fácil visualizar processos que envolvem matérias-primas, máquinas e produtos”, diz Flávio Picchi, diretor de projetos do Lean Institute, uma entidade com sede em São Paulo dedicada à difusão do conceito de produção enxuta no Brasil. “Enxergar o processamento de algo intangível, como a informação, é bem mais difícil.” Em um treinamento para implementação do sistema Toyota numa fábrica, os líderes não têm muito trabalho para mostrar aos funcionários os focos de desperdício. “Basta mostrar os produtos defeituosos ou levá-los até o estoque para que eles contem os itens”, diz Picchi. No escritório, o desperdício também existe, mas se apresenta de maneira menos óbvia aos olhos dos funcionários. Onde estão os estoques? Nas dezenas de relatórios produzidos por um departamento e parados há dias nos computadores à espera de uma análise que deve ser feita por outra área. Os defeitos? Nos dados incorretos registrados nos contratos e no retrabalho de corrigi-los para que possam ser aprovados. Se na fábrica a parada repentina de uma máquina ou a falta de insumos pode causar desperdício, no escritório pode haver descontinuidade devido à perda de informações na passagem entre pessoas e departamentos. A dificuldade não está apenas em aprender a enxergar desperdícios. Para colher os benefícios da aplicação do sistema Toyota é preciso seguir à risca seus preceitos. Nem todos eles são vistos com naturalidade pelo pessoal do escritório. Um dos que causam mais estranhamento é a padronização. Os adeptos da mentalidade enxuta afirmam que é possível especificar a maneira e o tempo exato para realizar qualquer tarefa repetitiva. Assim, as atividades são sempre feitas da maneira mais segura e eficiente. “Mas o funcionário do escritório tende a achar queo seu trabalho, ao contrário das tarefas de um colega da linha de produção, não está submetido a uma rotina”, diz José Roberto Ferro, presidente do Lean Institute. Os resultados colhidos por empresas que já começaram a transferir o modelo levam a crer que enfrentar os desafios vale à pena. Uma delas é a americana Alcoa, a maior produtora mundial de alumínio. Adepta há cinco anos do sistema da Toyota, batizado internamente de Alcoa Business System (ABS) em suas fábricas, a empresa já economizou mais de 1 bilhão de dólares com redução de estoques, mudanças de layout e especificação minuciosa de tarefas. 45 Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Manegement (TQM)Capítulo 2 Agora, a Alcoa também começa a ter bons casos de processos administrativos aprimorados com o uso do ABS. A operação brasileira da empresa, com faturamento de 894 milhões de dólares em 2001, é considerada o exemplo mais adiantado de uso do modelo da Toyota em escritórios. “Passamos a enxergar a informação como um produto”, diz Carlos Feitosa, consultor do ABS na América Latina. “A partir daí, adaptar os conceitos ficou fácil.” Menos avançada está a operação brasileira da alemã Bosch, fabricante de autopeças, equipamentos e ferramentas, com faturamento de 914 milhões de dólares em 2001. Na Bosch, a produção enxuta foi introduzida nos escritórios há três anos. Curiosamente, apenas seis meses após chegar ao chão de fábrica. “Se não fizéssemos isso, nossa produção acabaria tropeçando em processos administrativos pouco eficientes”, diz Stefan Grosch, diretor de finanças, controladoria e contabilidade da Bosch. A seguir, a aplicação e o impacto provocado pelo modelo da Toyota em alguns processos administrativos dessas duas empresas. Fonte: HERZOG, Ana Luiza. O Escritório Enxuto. Revista Exame, São Paulo, ed. 789, p. 60-64, 9 abril 2003. Você poderá ter acesso à reportagem completa acessando o site: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0789/ gestao /m0043269.html Além desta reportagem, você encontrará outros trabalhos desenvolvidos, como: TURATI, Ricardo de Carvalho. Aplicação do Lean Office no setor administrativo público. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção, Escola de Engenharia de São Carlos USP, 2007. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18140/tde-11062007- 111403/ 46 Gestão da qualidade e produtividade Atividade de Estudos: Com base no texto apresentado, identifique as dificuldades encontradas em relação à implantação do escritório enxuto. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Prêmios da Qualidade Depois da segunda guerra mundial, as empresas passarão a buscar prêmios e certificações pelos resultados apresentados nos processos, ou seja, uma forma de reconhecimento dos esforços dedicados e sucessos obtidos na qualidade. Os prêmios da qualidade, geralmente são instituídos por órgãos governamentais, como é o caso dos EUA, e não-governamentais, como ocorre no Brasil. A maioria dos países tem seus programas de avaliação baseados nos modelos desenvolvidos no Japão, em 1951, pelo Instituto JUSE (Japanese Union of Scientists and Engineers). Este prêmio, também é conhecido como “Prêmio Deming”, em homenagem a Deming por suas contribuições ao desenvolvimento da gestão da qualidade no Japão. Contudo, nas décadas de 80 e 90, os prêmios passaram a ser instituídos em diversos países do ocidente. (CARPINETTI, 2010). Destacam-se entre eles: • O prêmio Nacional da Qualidade Malcon Baldrige (Malcon Baldrige Mantional Quality Award – MBNQA), em 1987. • Prêmio da Fundação Europeia de Gestão da Qualidade (EFQM), em 1989. Os prêmios da qualidade, geralmente são instituídos por órgãos governamentais, como é o caso dos EUA, e não- governamentais, como ocorre no Brasil. 47 Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Manegement (TQM)Capítulo 2 • Prêmio Nacional da Qualidade (FCN), no Brasil, em 1991. Assim, podemos dizer que os prêmios têm fundamental importância para as organizações, pois visam à melhoria constante dos processos. Entretanto, os critérios de avaliação de cada prêmio precisam necessariamente adequar-se à realidade de cada organização, do contrário, elas não alcançaram os resultados almejados. Além disso, estes prêmios também visam ao compartilhamento de informações, formando um banco de dados em relação a atividades e estudos de caso em todo o mundo. a) Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ A FNQ – Fundação Nacional da Qualidade é uma entidade privada e sem fins lucrativos que foi criada em outubro de 1991, formada por 39 representantes de organizações brasileiras dos setores público e privado. O Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) é administrado pela FNQ, bem como todo o processo da premiação. Em 2004, quando completou 13 ciclos de premiação, a fundação que até então era chamada de FPNQ - Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade passou a se chamar FNQ – Fundação Nacional da Qualidade, nomenclatura que mantém até hoje. O Prêmio Nacional da Qualidade é considerado o maior prêmio brasileiro e possui alguns princípios que dão sustentação aos critérios estabelecidos. Contudo, o prêmio sempre busca aproximar estes critérios à realidade do Brasil, primando pela confiabilidade e eficiência do processo de avaliação frente a outros grandes prêmios mundiais da qualidade. (FNQ, 2010). Segundo Marshall Junior (2006), na visão da FNQ as empresas devem buscar a gestão da qualidade por meio de ações que se enquadram dentro dos critérios de excelência estabelecidos pela FNQ. Estes critérios passam por revisões periódicas de profissionais altamente capacitados e qualificados de diversas áreas através de troca de informações com mais de 50 fundações internacionais que mantêm prêmios similares ao brasileiro. Para a premiação das empresas a FNQ se baseia num modelo de visão sistêmica da organização que pode ser observado na figura 9. A FNQ – Fundação Nacional da Qualidade é uma entidade privada e sem fins lucrativos que foi criada em outubro de 1991, formada por 39 representantes de organizações brasileiras dos setores público e privado. 48 Gestão da qualidade e produtividade Figura 9 – Visão sistêmica da gestão organizacional Fonte: Disponível em: <www.fnq.org.br/site/376/default.aspx> - Acesso em: 03 abr. 2010. Cabe salientar que o Modelo de Excelência em Gestão definido pela FQN é baseado em 11 fundamentos: • pensamento sistêmico; • aprendizado organizacional; • cultura de inovação; • liderança e constância de propósitos; • orientação por processos e informações; • visão de futuro; geração de valor; • valorização de pessoas; • conhecimento sobre o cliente e o mercado; • desenvolvimento de parcerias; • responsabilidade social. Além disso, inclui-se na avaliação a análise de oitos critérios: • liderança; • estratégias e planos; • clientes; • sociedade; 49 Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Manegement (TQM)Capítulo 2 • informações e conhecimento; • pessoas; • processos; • resultados. No portal da Fundação Nacional da Qualidade - http://www.fnq. org.br - você encontrará diversas publicações sobre o prêmio nacional da qualidade, além de todos os critérios exigidos pela certificadora. O relatório Anual
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