Buscar

compras_governamentais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Compras
governamentais para 
gestores públicos
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................01
CENÁRIO DAS COMPRAS GOVERNAMENTAIS NO BRASIL.........................................02
COMO USAR O PODER DE COMPRA DO ESTADO PARA FOMENTO ÀS MPES.......03
COMPRAS GOVERNAMENTAIS COMO ESTRATÉGIA DE 
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE ESTADOS E MUNICÍPIOS...............................10
COMO PROMOVER O ACESSO DAS MPES ÀS 
COMPRAS GOVERNAMENTAIS...............................................................................................20
A LEI GERAL DA MICRO E PEQUENA EMPRESA – LC 123/2006...................................21
COMO A LEI GERAL DA MPE PERMITE PROMOVER SUA PARTICIPAÇÃO 
NAS COMPRAS GOVERNAMENTAIS.......................................................................................25
PLANEJANDO LICITAÇÕES COM A PARTICIPAÇÃO DE MPES....................................37
A LEI DE LICITAÇÕES E SUAS PREVISÕES PARA A CONTRATAÇÃO DE MPES..........38
O DECRETO DO PREGÃO ELETRÔNICO E SUAS PREVISÕES PARA 
A CONTRATAÇÃO DE MPES.....................................................................................................42
O DECRETO DO RDC E SUAS PREVISÕES PARA A CONTRATAÇÃO DE MPES.........46
O PROJETO DE LEI 1292/95 QUE SUBSTITUIRÁ A LEI DE LICITAÇÕES 
E SUAS IMPLICAÇÕES PARA AS MPES...................................................................................50
ADMINISTRANDO OS SISTEMAS E CONTRATOS 
DE COMPRAS GOVERNAMENTAIS........................................................................................58
ADMINISTRANDO OS SISTEMAS ELETRÔNICOS DE 
COMPRAS GOVERNAMENTAIS................................................................................................59 
COMO ADMINISTRAR CONTRATOS COM MPES...............................................................69
Este e-book apresenta ao gestor a lógica que justifica a adoção de políticas 
públicas com uso das compras governamentais voltadas a MPEs, mostran-
do o marco regulatório que a embasa e orientando o gestor público sobre 
como adotar as ações para fazer com que a política pública ocorra na prá-
tica. 
Mostraremos aqui, informações práticas para o dia-a-dia do gestor como 
funcionalidades dos principais sistemas de compras e boas práticas de pro-
moção de combate à corrupção e transparência. 
Boa leitura!
01
CENÁRIO DAS COMPRAS
GOVERNAMENTAIS
NO BRASIL
02
COMO USAR O PODER DE COMPRA DO 
ESTADO PARA FOMENTO ÀS MPES
03
Este material foi desenvolvido para chamar sua atenção, gestor público, 
para uma possibilidade nem sempre abordada por quem trabalha com com-
pras governamentais: o seu uso estratégico para o Brasil. Isso significa pen-
sar as compras governamentais direcionadas aos pequenos negócios como 
uma ferramenta de promoção do desenvolvimento econômico dos estados 
e municípios brasileiros.
Para quem atua como ordenador de despesas, pregoeiro ou mesmo gestor, 
é comum enxergar as compras apenas como um processo operacional de 
suprimento das necessidades de sua organização. 
Afinal, precisa-se de um insumo, compra-se, presta-se o serviço público, 
presta-se contas. Certo?
04
Em sua função primária, as compras governamentais são o meio para ad-
quirir os produtos, serviços e suprimentos necessários para que a Adminis-
tração Pública funcione.
Realmente, a estória das compras governamentais se inicia com a função 
de prover suprimentos, mas há mais para se contar. E mais ainda por fazer.
Todos os dias, órgãos da Administração municipal, estadual e federal exe-
cutam dezenas de milhares de compras para adquirir insumos dos mais 
variados: 
Compra-se desde garrafas de água, seringas e merenda escolar até serviços 
de encomenda tecnológica de alta complexidade. Além, é claro, das obras, 
como construção de rodovias, hospitais e os serviços de reparos para as 
instalações públicas.
Na maior parte das vezes, essas compras são realizadas unicamente para 
suprir necessidades, mas elas poderiam (e podem!) ser utilizadas, também, 
para gerar desenvolvimento econômico para os estados e municípios em 
que atuam as empresas fornecedoras. 
Seja em compras pequenas ou em grandes obras públicas, sempre há espa-
ço para que MPEs e MEIs atuem, seja de forma individual ou em consórcio.
05
O raciocínio é simples: ao optar por tornar as compras governamentais 
atrativas para pequenos negócios, gera-se arrecadação de impostos local-
mente, o que se reverte em geração de emprego, renda e desenvolvimento 
econômico para o município.
Guarde os números!
O mercado de compras governamentais brasileiro é muito expressivo. Em 
suas três esferas, movimentou-se aproximadamente 222 bilhões de reais 
em 2018 e 477 bilhões de reais em 2019. Esses dados acima consideram 
exclusivamente as compras cadastradas no Painel de Compras do Governo 
Federal, sem restrições em relação ao porte das empresas fornecedoras. 
Além disso, há, ainda, as compras realizadas por órgãos que não utilizam este 
sistema nas esferas estadual e municipal (PAINEL DE COMPRAS, 2020).
Atualmente, nem todas as compras governamentais brasileiras são reali-
zadas pelo Comprasnet. Para os próximos anos, seria um grande avanço 
poder contar com a inserção de todos os seus municípios no Comprasnet 
como estratégia para simplificação do acesso dos fornecedores, promoção 
de transparência e integração dos dados de compras governamentais.
Mas, afinal, por que as compras governamentais são diferentes das com-
pras de uma empresa ou mesmo de uma pessoa física? 
Há duas respostas simples para esta pergunta: volume e garantia de de-
manda. Veja adiante.
06
1 O Estado é, normalmente, o maior comprador de uma economia. 
Graças ao seu enorme volume de compras, a Administração Pú-
blica brasileira exerce o chamado “poder de compra do Estado”. 
A ideia é simples: ao escolher os produtos e serviços que deseja 
adquirir, o Estado acaba induzindo, intencionalmente ou não, o 
que será fornecido pelas empresas. Assim, é natural que uma 
parcela expressiva de fornecedores escolha quais produtos e ser-
viços desenvolver após considerar o que, como e em que medida 
o Estado decide comprar.
2
Ao selecionar um fornecedor por meio de processo licitatório, 
o Estado também assume com esta empresa uma obrigação de 
compra. Assim, a empresa ganhadora de uma licitação sabe que, 
em efetivo, pode comprar os insumos necessários para produzir, 
pois sua compra (e pagamento) estarão garantidos. É a lógica da 
garantia de demanda, que torna vantajosos os contratos com a 
Administração pública.
Como gestor público, você deve planejar as compras de seu órgão consi-
derando a necessidade de adquirir suprimentos, é claro. Mas você pode – 
e, principalmente, deve! – considerar, também, que suas compras podem 
ser um caminho para promover o desenvolvimento econômico de seu es-
tado ou município, por intermédio da aquisição das empresas fornecedo-
ras locais, especialmente MPEs.
07
Pensando na prática!
Intencionalmente ou não, o Estado acaba por influenciar todo o merca-
do (inclusive o de compradores particulares) ao realizar suas próprias com-
pras. Ao definir o que deseja comprar, o Estado estimula os fornecedores 
a ofertarem esses itens e, após algum tempo, eles acabam se tornando um 
padrão de mercado que essas mesmas empresas passam a oferecer para 
clientes privados.
Um exemplo estaria na oferta de alimentos orgânicos para a merenda es-
colar do município, como fez a prefeitura de São Paulo. A Secretaria de 
Educação firmou uma parceria com uma cooperativa de produtores locais 
que permitiu o fornecimento de 56 toneladas de alimentos orgânicos para 
1.490 escolas da rede municipal. 
Como exemplos assim são possíveis? 
A partir do momento em que a prefeitura lança um edital de compra de ali-
mentos orgânicos, os produtores locais se sentem incentivados a produzir 
para atender a esta demanda, pois sabem que a compra está garantida caso 
sejam escolhidoscomo fornecedores.
2
08
Assim, esses produtores se sentem incentivados a trocar 
sua forma tradicional de produção, optando por produzir 
um alimento, em princípio, com maior valor agregado que 
os demais. Inicialmente, pode ser que os produtores de-
sejem manter as duas formas de produção, separando um 
espaço para produtos orgânicos e não orgânicos.
Após alguns meses, provavelmente será inviável manter 
as duas produções (inclusive, por risco de contaminação 
dos alimentos orgânicos por pesticidas comumente uti-
lizados na lavoura). O que ocorrerá? A produção de or-
gânicos poderá se tornar o padrão no município, caso os 
produtores entendam que o fornecimento à prefeitura é 
vantajoso. E, novamente, dois fatores levarão a esta deci-
são: volume da compra e garantia de demanda. 
Assim, gradualmente estes mesmos produtores passarão 
a ofertar estes produtos orgânicos, também, aos consumi-
dores. Na prática, os produtos orgânicos podem se tornar 
o padrão do município, mesmo que os consumidores não 
busquem por eles propositalmente. Ou seja: ao decidir 
comprar orgânicos e garantir a compra de grande volume, 
esta prefeitura é capaz de induzir a produção e de alterar, 
até mesmo, aquilo que os consumidores particulares es-
colhem consumir (Prefeitura de São Paulo, 2018). 
A ideia de induzir a demanda já é conhecida por gesto-
res desde os anos 1980 e consiste em explorar as com-
pras governamentais como um instrumento à disposição 
do gestor para intervir no mercado. Entre as experiências 
internacionais, há casos de países que deliberadamente 
escolheram direcionar suas compras para produtos social-
mente e ambientalmente corretos (as chamadas “compras 
verdes”).
09
Guarde os números!
Assim, as compras deixam se der exclusivamente fontes de suprimento para 
a Administração pública e se tornam ferramentas estratégicas para a con-
dução de políticas públicas, que podem ser definidas e revistas conforme 
mudem as próprias demandas da sociedade. Bravo! 
Listamos a seguir algumas estatísticas disponíveis no Painel de Compras 
do portal Comprasnet (SIASG). Embora os números se alterem anualmente, 
em média, sabemos que (PAINEL DE COMPRAS, 2020):
• Foram realizados 261.601 processos de compras entre 2018 e 2019, 
considerando somente as compras federais centralizadas no Compras-
net.
• Entre os órgãos, aqueles que mais realizam compras governamentais são 
os Ministérios da Defesa, da Educação, da Saúde, dos Transportes, Mi-
nistério da Justiça e Ministério da Economia.
• Os maiores compradores brasileiros são: Distrito Federal, Rio de Janeiro, 
Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Amapá, Acre e Alagoas são 
os estados que menos realizam compras federais.
• O valor total pago para MPEs em compras, entre 2018 e 2019, atingiu, 
aproximadamente, 11 bilhões de reais.
• 51.009 mil (MPEs) fornecedoras participam destes mesmos processos 
nos dois anos.
Uma reflexão importante: embora o portal Painel de Compras.gov.br apre-
sente dados importantes sobre a participação de pequenos negócios nas 
aquisições públicas, é preciso considerar que boa parte das compras go-
vernamentais estaduais e municipais acabam não sendo computadas nes-
tes dados, pois ocorrem em sistemas paralelos ou mesmo presencialmente, 
sem registro eletrônico, especialmente em pequenas prefeituras ou naque-
les municípios em que o acesso à internet é precário. Assim, estima-se que 
as compras governamentais brasileiras, considerando compras municipais, 
estaduais e federais, respondam por até 15% do PIB (SEBRAE, 2014).
10
COMPRAS GOVERNAMENTAIS COMO 
ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO 
ECONÔMICO DE ESTADOS E MUNICÍPIOS 
A lógica é simples: podemos (e devemos!) usar o poder de compra do es-
tado brasileiro para desenvolver economicamente os municípios, por inter-
médio das aquisições públicas, em especial aquelas adquiridas de MPEs. E, 
para isso, não é preciso renunciar à eficiência no seu processo de compras.
Guarde os números!
Listamos a seguir alguns dados importantes sobre o perfil, as atividades e a 
forma de operação dos pequenos negócios (MPEs, MEIs, produtores rurais 
e artesãos) no Brasil.
Embora pareçam números expressivos, é preciso considerar que 99% das 
empresas brasileiras são MPEs. Assim, embora representem 46% dos for-
necedores das compras públicas federais, os contratos destinados a essas 
empresas representam apenas 15% do montante comprado. Na prática, o 
acesso das MPEs ao fornecimento ao governo federal ainda é bastante res-
trito. Justamente por isso, iniciativas como esta, que se volta a sensibilizar 
gestores públicos sobre a importância de fomentar a participação de MPEs 
nas compras governamentais, são tão importantes. 
Afinal, esta é uma estratégia real para promover o desenvolvimento econô-
mico dos municípios, estados e de todo o Brasil. Está nas suas mãos, gestor 
público, contribuir para o crescimento e o desenvolvimento.
11
• Há 17,5 milhões de Pequenos negócios no Brasil, sendo que 42% ope-
ram em comércio e 36% em serviços.
• Esses negócios geram 44,8% dos empregos formais no Brasil.
• A maior parte dos pequenos negócios se localiza no sudeste (48,5%), 
sendo que as cidades com maiores números de pequenos negócios são: 
São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Salvador.
• Em média, os pequenos negócios faturam R$ 27,8 mil reais mensalmen-
te.
• As MPEs são responsáveis por 27% do PIB brasileiro.
• Há 10 milhões de empresas no Simples Nacional, das quais 99% são 
MPEs (DATASEBRAE, 2020 e SEBRAE, 2020).
A ideia de fomentar a economia por meio da promoção da participação das 
MPEs nas compras governamentais está embasada no tratamento diferen-
ciado para as pequenas empresas de pequeno porte, que foi formalizado 
no Brasil com a Constituição Federal de 1988 e, hoje, é complementado 
por outras legislações que conheceremos em detalhes ao longo deste cur-
so. Para iniciar, conheça o começo desta estória, que surgiu justamente 
com a Constituição Federal.
MEIs são a maior parte dos pequenos negócios no Brasil, pois correspon-
dem a 59% do total de MPEs. Há quase 10 milhões de MEIs no Brasil, 
sendo que a maior parte se caracteriza como cabeleireiros, manicures, pe-
dicures, comércio varejista e obras de alvenaria. São Paulo e Rio de Janeiro 
são os estados que mais concentram MEIs, majoritariamente nos setores 
de serviços (DATASEBRAE, 2020). 
Atenção, gestor! 
O Microempreendedor Individual (MEI) é uma figura fundamental na 
economia brasileira. Por isso, é estratégico planejar ações que possam 
tornar sua participação nas compras governamentais mais factíveis. 
Processos de compras exclusivos para valores de até R$ 80 mil, por 
exemplo, são bastante atrativos para MEIs, assim como serviços de 
pequenos reparos, fornecimento de alimentos e serviços de manu-
tenção.
12
O que diz a lei?
A Constituição Federal (BRASIL, 1988) possui um Capítulo 
que estabelece os princípios gerais da atividade econômica 
para o Brasil. Neste Capítulo, os legisladores nos ensinam que:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do tra-
balho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a 
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, 
observados os seguintes princípios (...):
 VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
 VIII - busca do pleno emprego;
 IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de 
capital nacional de pequeno porte.
Além disso, há mais um artigo de destaque para nós:
Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios dispensarão às microempresas e às empresas de pe-
queno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico di-
ferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas 
obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e cre-
ditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.
13
Observe que a Constituição Federal sinaliza duas orientações especiais para 
o gestor público:
1
2
Promover tratamento favorecido às empresas de pequenoporte 
é um princípio que deve ser seguido pelo gestor público. É uma 
ação juridicamente segura e administrativamente desejável.
Este tratamento favorecido deve ser promovido nas três esferas: 
municipal, estadual e federal. Assim, todos os gestores públicos 
devem se atentar a este tratamento.
Mas, afinal, por que eleger as MPEs como alvo da política pública de uso 
estratégico das compras governamentais? 
A escolha de priorizar as MPEs como foco do tratamento diferenciado é bas-
tante embasada, pois essas empresas assumem papel de destaque na econo-
mia nacional. Há, basicamente, dois motivos principais para isso:
• 99% das empresas formais registradas no Brasil são MPEs. 
Isso significa que o Brasil é um enorme país formado por milhares de pe-
quenas empresas que geram empregos e garantem renda para as famílias 
em todo o território nacional. Enquanto as grandes empresas costumam se 
concentrar geograficamente nos grandes centros urbanos, as MPEs são ca-
pazes de movimentar a economia dos pequenos municípios, promovendo a 
distribuição de riquezas no país (SEBRAE, 2020). 
• Ao contratar MPEs, gera-se o chamado “ciclo virtuoso das compras”.
No Brasil, as compras governamentais também são objeto da Política Indus-
trial, que as admitem como instrumento para a promoção de desenvolvimen-
to tecnológico para a indústria.
14
Ao ter a garantia de demanda, a MPE gera empregos para fornecer os pro-
dutos e serviços contratados ao Estado. Estes empregos geram renda para 
as famílias, aumentando o consumo de produtos locais e gerando mais 
arrecadação de impostos no município. Ou seja: aumenta-se, também, a 
arrecadação do município e do estado, que se torna capaz de promover 
serviços públicos de melhor qualidade.
Além do ciclo virtuoso, há mais um benefício importante advindo da contra-
tação de MPEs como fornecedoras nas compras governamentais: a redução 
da possibilidade de fraudes no fornecimento e de conluios entre empresas 
que promovam práticas desleais no mercado, tradicionalmente conduzidas 
por empresas de maior porte.
Pensando na prática
O papel das MPEs no ciclo virtuoso das compras é reconhecido, inclusive, 
por Tribunais de contas no Brasil. O TCU, por exemplo, reconhece o papel 
dessas empresas na geração de emprego, assim como alguns Tribunais es-
taduais.
No Rio Grande do Norte, o Tribunal de Contas do estado (TCE/RN) e o pró-
prio TCU adotam ações para promover boas práticas na gestão de compras 
públicas voltadas às MPEs. Nestas ações, ambos reconhecem que “no Rio 
Grande do Norte, assim como em todo o país, o maior comprador é o setor 
público. (...) No caso específico das micro, pequenas e médias empresas, 
além de tudo exercem o papel de fomentadores da economia local, ou seja, 
contribuem com o desenvolvimento” (ATRICON, 2018).
15
Palavra de Especialista
Observe o que diz Jacoby Fernandes:
Assim, o uso do poder de compra pelo Poder público poderá permitir 
que: 
A) os fluxos de negócios e a geração de renda se distribuam num con-
texto de mercado local ou regional;
B) os incentivos à produção local ampliem a renda das famílias; e
C) essa visão política propicie um ciclo virtuoso de desenvolvimento 
local, gerando aumento de receitas públicas que poderão reverter na 
melhoria dos serviços públicos e em programas de ações sociais.
Jacoby Fernandes (SEBRAE, 2017, p. 23)
“
E, ainda: ao contrário do que frequentemente ocorre em grandes empresas, 
que muitas vezes são estrangeiras, o lucro gerado por uma MPE normal-
mente permanece no país e na cidade em que foi gerado. Eis aí um caminho 
real para promover o desenvolvimento econômico local. Ganha o Estado, 
ganha a MPE e ganha a sociedade, que se desenvolve graças ao ciclo vir-
tuoso!
Para tornar real o tratamento diferenciado de que trata a Constituição, o 
Brasil aprovou, em 2006, a Lei Complementar 123/06 (BRASIL, 2006), que 
instituiu o “Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno 
Porte”, que define medidas importantes, como os procedimentos para ins-
crição e baixa de MPEs, tributos a que estão sujeitas, obrigações fiscais e, 
seu capítulo V, intitulado “Acesso a Mercado”, como se dá a participação 
das MPEs nas compras governamentais.
16
O que diz a lei
Para nós, interessa, em especial, conhecer em detalhes o perfil das MPEs 
brasileiras. E, assim, vejamos quais empresas podem se encaixar nas defi-
nições de microempresa e empresa de pequeno porte de acordo com a Lei 
Geral da MPE.
Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microem-
presas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade 
simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a 
que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código 
Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no 
Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta 
igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e
II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, 
receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e 
igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). 
O Microempreendedor Individual (MEI), por sua vez, é regido por uma le-
gislação própria, que alterou a Lei Geral da MPE. Trata-se da Lei 128/2008, 
que estabelece o seguinte:
“Art. 18-A. O Microempreendedor Individual - MEI poderá optar pelo re-
colhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional 
em valores fixos mensais, independentemente da receita bruta por ele au-
ferida no mês, na forma prevista neste artigo.
§1º Considera-se MEI o empresário individual a que se refere o art. 966 da 
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, que tenha auferido 
receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 81.000,00 (oitenta e 
um mil reais), optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de 
optar pela sistemática prevista neste artigo. 
17
Atenção gestor! 
Para fins de participação em licitações, os MEIs são equiparados às 
MPEs e fazem jus a todos os benefícios originalmente previstos para 
as MPEs. Isso vale para agricultores familiares, produtores rurais pes-
soa física e cooperativas. Com o Decreto nº 10.273/2020 (BRASIL, 
2020), esses também passaram a ter os mesmos benefícios das MPEs 
nas licitações.
Outra informação importante para você, gestor: o artigo 13-A do Decreto 
10.273/2020, de 16 de março de 2020, estendeu o tratamento diferencia-
do para consórcios formados por microempresas e empresas de pequeno 
porte, desde que as somas de suas receitas brutas anuais não ultrapassem 
os limites de faturamento que a Lei Geral estabeleceu. Assim, esses con-
sórcios, agora, passam a ter direito aos mesmos benefícios concedidos às 
MPEs, que você conhecerá em detalhes adiante. 
Uma discussão importante: embora a legislação brasileira encoraje o gestor 
público a adotar o tratamento diferenciado para as MPEs em sua participa-
ção nas compras governamentais, na prática, sabe-se que essa participação 
ainda está aquém das possibilidades. Isso se deve, em parte, a um mito que 
deve ser desconstituído. Atenção!
Mitos
1 Ao aumentar a inserção de MPEs nos processos de com-
pras, o órgão perderá eficiência
Esta visão é considerada ultrapassada. A ideia de comprar 
pelo menor preço, de forma absoluta, foi superada pelo en-
foque atual, que concilia a ideia de observar o menor preço, 
mas favorecendo fornecedores em segmentos estratégicos e 
buscando promover o desenvolvimento de produtos inova-
dores e sustentáveis. Ou seja: deve-se buscar a melhor com-
pra “em detrimento do menor preço, pois, nesse último caso, 
a escolha pode levar à precariedade e a um consumo ainda 
mais elevado” (MEDEIROS-COSTA; TERRA, 2019, p. 36).
18
2 Ao aumentar a inserção de MPEs nos processos de com-pras, o órgão perderá eficiência
Esta visão é considerada ultrapassada.A ideia de comprar 
pelo menor preço, de forma absoluta, foi superada pelo en-
foque atual, que concilia a ideia de observar o menor preço, 
mas favorecendo fornecedores em segmentos estratégicos e 
buscando promover o desenvolvimento de produtos inova-
dores e sustentáveis. Ou seja: deve-se buscar a melhor com-
pra “em detrimento do menor preço, pois, nesse último caso, 
a escolha pode levar à precariedade e a um consumo ainda 
mais elevado” (MEDEIROS-COSTA; TERRA, 2019, p. 36).
Os produtos e serviços entregues por MPEs são de quali-
dade inferior
Este também é um mito ultrapassado. E isso ocorre por duas 
razões: em primeiro lugar, o gestor e o ordenador de des-
pesas têm uma série de dispositivos que lhes permitem pa-
rametrizar os níveis de qualidade esperada para produtos e 
serviços, como a especificação de normas técnicas a serem 
atendidas pelos fornecedores já no edital de licitação.
E, em segundo lugar, porque as MPEs também têm recebi-
do investimentos para que se tornem capazes de atender a 
padrões de qualidade superior. O SEBRAE possui cursos vol-
tados a promover a capacitação das MPEs como estratégia 
para melhorar a qualidade de seus produtos e serviços. 
MPEs descumprem prazos contratuais
E, por fim, um mito que também já não faz mais sentido. 
Considerando a quantidade de tecnologias disponíveis para 
acompanhamento de execução de contratos à disposição do 
gestor, atrasos podem ser rastreáveis e administráveis com 
notificações imediatamente. Assim, cabe ao gestor prever e 
adotar mecanismos de controle de execução do contrato de 
forma equiparada para MPEs ou empresas de maior porte, 
sem distinção.
3
4
19
Ou seja: não é preciso renunciar ao menor preço, mas conciliá-lo com o in-
teresse público, o que significa promover a participação de MPEs nas com-
pras governamentais. E não é preciso renunciar à qualidade, basta adotar 
parâmetros para o acompanhamento dos processos de fornecimento. Esta 
é uma forma de contribuir para superar os reais desafios para os gestores 
públicos. Sobre esses desafios, os estudos mais recentes apontam que:
1 A participação das MPEs em processos de dispensa de li-
citação ou inexigibilidade ainda é baixíssima: apenas 1,82% 
dessas compras, que representam mais de 50% do total das 
compras federais, são realizadas por MPEs (CRUZ NETO, 
2017; MEDEIROS-COSTA; TERRA, 2019).
Entre os fatores que explicam a reduzida participação das 
MPEs nas compras públicas, há excesso de formalismo e ele-
vado custo do preparo para participação em processos lici-
tatórios. Por isso, cabe ao gestor público observar e adotar 
simplificação de procedimentos para as MPEs.
2
Nunca é demais lembrar: 
“A razão de existência do serviço público é atender à sociedade em 
suas necessidades. E promover o desenvolvimento econômico é uma 
necessidade real da sociedade brasileira.”“
DFDFSDF......................................
COMO PROMOVER
O ACESSO DAS MPES 
ÀS COMPRAS 
GOVERNAMENTAIS
20
A Lei Complementar 123/2006 estabeleceu como se deve, afinal, promo-
ver o “tratamento favorecido para empresas brasileiras de capital nacional 
de pequeno porte” de que fala a Constituição Federal, e que você conhe-
ceu no primeiro módulo. 
Algumas informações úteis sobre a Lei Geral: 
21
A LEI GERAL DA MICRO E PEQUENA 
EMPRESA– LC 123/2006
1 Suas determinações valem para “microempresas e empresas 
de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Es-
tados, do Distrito Federal e dos Municípios”.
22
2 Para fins de licitação, é importante lembrar que MEIs, Agri-cultores Familiares e Cooperativas são equiparadas às MPEs, 
o que significa que têm direito a todos os benefícios garan-
tidos às micro e pequenas empresas. O mesmo ocorre para 
agricultores familiares, que tiveram este direito garantido 
pela Lei 147/2014 (BRASIL, 2014), e para consórcios forma-
dos por microempresas, que tiveram este direito garantido 
no Decreto 10.273/20 (BRASIL, 2020).
É a própria Lei Geral que estabelece os limites de faturamen-
to que definem quais empresas podem se enquadras como 
microempresa ou empresa de pequeno porte. Inclusive, es-
tes limites estão sujeitos a atualização periódica por Lei Com-
plementar, conforme se deu com a LC 155/2016 (BRASIL, 
2016).
Ou seja: ao planejar ações para promover a participação das 
MPEs nas compras governamentais, é importante estar aten-
to aos limites vigentes para enquadramento empresarial.
Entre seus temas principais, estão apuração e recolhimento 
de impostos, cumprimento de obrigações trabalhistas e pre-
videnciárias, acesso ao crédito e ao mercado.
Esta Lei Geral também estabelece os procedimentos para 
inscrição e baixa de MPEs, além de disciplinar os tributos e 
contribuições aos quais estão sujeitas. É na Lei Geral, inclu-
sive, que se estabelecem as normas do SIMPLES Nacional, 
definindo quais atividades fazem jus a este programa.
Mais um item de atenção para quem promove compras go-
vernamentais em sua organização: as MPEs que aderem ao 
SIMPLES fazem jus à apresentação de uma certidão de dé-
bitos unificada (Certidão de Débitos Relativos a Créditos Tri-
butários Federais e à Dívida Ativa da União), o que também 
deve ser previsto no edital.
3
4
5
23
6 Também é a Lei Geral que estabelece as obrigações fiscais a 
que estão sujeitas as MPEs, além das formas de fiscalização 
de suas atividades.
Obrigações trabalhistas, acesso a Justiça do Trabalho e for-
mação de “Sociedade de Propósito Específico” (SPEs), um 
formato de atuação que permite que várias MPEs se organi-
zem conjuntamente para participar de uma licitação.
Atenção: a participação de MPEs em SPEs para concorrer 
em licitações não só é permitida, como desejável. Trata-se 
de um formato que permite a essas empresas constituírem, 
normalmente para um projeto específico e por tempo limita-
do, uma nova empresa capaz de assumir contratos de maior 
vulto com a administração pública. Assim, gestor, lembre-se 
de que você pode encorajar a participação de SPEs em seus 
processos de compras. 
A Lei Geral estabelece as linhas de estímulo ao crédito em-
presarial e de acesso ao Fundo de Amparo ao Trabalhador, 
além dos mecanismos para promoção à inovação, que fo-
ram inseridos em 2019 com a Lei Complementar 167/2019 
(BRASIL, 2019). Inclusive, esta Lei estabeleceu o Inova Sim-
ples da Empresa Simples de Inovação, que é um regime es-
pecial para as startups.
7
8
O que diz a lei?
A Lei Complementar 167/2019 alterou a Lei Geral da MPE justamente para 
instituir o Inova Simples, que concede às startups facilidades para sua aber-
tura e fechamento: 
24
Art. 65-A. É criado o Inova Simples, regime especial simplificado que con-
cede às iniciativas empresariais de caráter incremental ou disruptivo que se 
autodeclarem como startups ou empresas de inovação tratamento diferen-
ciado com vistas a estimular sua criação, formalização, desenvolvimento e 
consolidação como agentes indutores de avanços tecnológicos e da gera-
ção de emprego e renda.
Além deste artigo, esta Lei Complementar também estabelece a definição 
de startup, que se refere a:
§ 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se startup a empresa 
de caráter inovador que visa a aperfeiçoar sistemas, métodos ou modelos 
de negócio, de produção, de serviços ou de produtos, os quais, quando 
já existentes, caracterizam startups de natureza incremental, ou, quando 
relacionados à criação de algo totalmente novo, caracterizam startups de 
natureza disruptiva.
§ 2º As startups caracterizam-se por desenvolver suas inovações em con-
dições de incerteza que requerem experimentos e validações constantes, 
inclusive mediante comercialização experimental provisória, antes de pro-
cederem à comercialização plena e à obtenção de receita.
Atenção, gestor! 
Em princípio, as determinações do Inova Simples se referem ao apoio 
que as startups podem receber do Estado para fomento à sua ca-
pacidade tecnológica por meio de tratamento diferenciado com rito 
simplificado para abertura e fechamento e acesso a linhasde crédito 
público, por exemplo. 
Por hora, não há mecanismos diferenciados para participação de star-
tups nas compras governamentais. Para todos os efeitos, elas fazem 
jus, exclusivamente, aos mesmos benefícios concedidos às MPEs.
25
Na Lei Geral da MPEs, há sete grandes mecanismos que os gestores públi-
cos devem utilizar para esta finalidade. Vamos a eles.
1. Regularidade fiscal e trabalhista tardias (Art. 42 da Lei 123/2006)
A Lei Geral assegura às MPEs condições diferenciadas para comprovar sua 
regularidade fiscal e trabalhista ao participar de licitações. Ao invés de pre-
cisar comprovar esta regularidade como requisito para se habilitar a parti-
cipar da licitação, ou seja, antes mesmo de participar e dar lances, as MPEs 
têm garantido o direito de comprovar que não possuem débitos fiscais ou 
trabalhistas, somente, quando forem declaradas vencedoras da licitação.
Assim, ainda que uma MPE possua alguma restrição fiscal ou trabalhista, 
ela não poderá ser impedida de participar do certame. Isso garante que as 
empresas não percam a oportunidade de se tornar fornecedoras, o que é 
justamente a estratégia de defesa do interesse público.
COMO A LEI GERAL DA MPE PERMITE 
PROMOVER SUA PARTICIPAÇÃO NAS 
COMPRAS GOVERNAMENTAIS
Atenção, gestor! 
A Lei Geral não exime a empresa de apresentar a documentação para 
efeitos de comprovação de regularidade antes da participação na 
licitação. Toda esta documentação deve ser apresentada, ainda que 
contenha restrições. Assim, caso a MPE seja a vencedora da licitação, 
ela terá o prazo de cinco dias úteis (prorrogáveis por igual período) 
para regularizar sua situação fiscal e / ou trabalhista e apresentar as 
devidas certidões. 
26
O que diz a lei?
E o que ocorrerá caso a empresa não regularize sua documentação após 
vencer o certame? Neste caso, a Lei Geral faculta ao gestor a adoção das 
seguintes medidas (BRASIL, 2006):
Art. 43. (...)
§ 2º A não-regularização da documentação, no prazo previsto no § 1º 
deste artigo, implicará decadência do direito à contratação, sem prejuízo 
das sanções previstas no art. 81 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, 
sendo facultado à Administração convocar os licitantes remanescentes, na 
ordem de classificação, para a assinatura do contrato, ou revogar a licitação.
2. Empate ficto (Art. 44 da Lei 123/2006)
A Lei Geral assegura às microempresas ou empresas de pequeno porte a 
preferência de contratação no caso de empate ao concorrerem com médias 
e grandes empresas. Nesses casos, a MPE poderá apresentar nova propos-
ta de valor superior à que teria sido considerada vencedora. Caso a primeira 
MPE não seja escolhida, outras empresas que se também se enquadrem 
nos limites definidos na Lei serão convocadas para que apresentem novas 
propostas. 
Vejamos o que a Lei 123/2006 apresenta especificamente sobre este pon-
to (BRASIL, 2006):
Art. 44. Nas licitações será assegurada, como critério de desempate, pre-
ferência de contratação para as microempresas e empresas de pequeno 
porte.
O que diz a lei?
27
§ 1º Entende-se por empate aquelas situações em que as propostas apre-
sentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais 
ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais bem classificada.
§ 2 º Na modalidade de pregão, o intervalo percentual estabelecido no § 
1 º deste artigo será de até 5% (cinco por cento) superior ao melhor preço. 
E o que ocorreria, então, caso mais de uma MPE apresentasse nova pro-
posta de valor igual? Nesse caso, sorteia-se qual dessas empresas poderá 
apresentar primeiro uma nova proposta de menor valor. Além disso, caso o 
empate ocorra em um pregão, a MPE um prazo, estabelecido em Lei, para 
apresentar nova proposta. Após o encerramento desse prazo, a proposta 
originalmente de menor valor deverá ser declarada vencedora.
E quando nenhuma das hipóteses acima se concretizar? A Lei Geral garante 
ao gestor o direito de contratar o vencedor original do certame, conforme 
descrito:/ (BRASIL, 2006)
Art. 45. (...)
§ 1º Na hipótese da não-contratação nos termos previstos no caput deste 
artigo, o objeto licitado será adjudicado em favor da proposta originalmente 
vencedora do certame. 
Atenção, gestor! A Lei 123/06 define como empate as situações em 
que uma ou mais MPEs apresentaram propostas de valor igual ou 
até 5% superior ao valor da proposta vencedora em pregões. Nos 
demais tipos de licitação, admitem-se propostas com valores iguais 
ou até 10% superiores, exclusivamente nos casos em que a proposta 
vencedora não tenha sido apresentada por uma MPE. Nesse caso, 
contrata-se o vencedor original.
O que diz a lei?
28
3. Prioridade de contratação de pequena empresa local (Art. 48 da Lei 
123/2006)
A Lei Geral determina que se pode estabelecer “a prioridade de contratação 
para as microempresas e empresas de pequeno porte sediadas local ou re-
gionalmente, até o limite de 10% do melhor preço válido”. 
Mas, afinal, para quais empresas isso se aplica?
Lembre-se de que a promoção da participação de MPEs locais em proces-
sos de compra é uma ação que pode se reverter diretamente em ganho 
social e econômico. Afinal, ao ter a oportunidade de fornecer para o Es-
tado, uma MPE local tem a chance de movimentar a economia do estado 
ou município, gerando empregos, recolhimento de tributos e circulação de 
renda. Ou seja: é um caminho real e direto para o desenvolvimento sócio 
econômico de sua localidade.
Gestor, invista nesta ideia! 
Ou seja: há premissa legal para prever a prioridade para MPEs locais ou 
regionais em seus editais, gestor! 
1 Em âmbito local, trata-se das MPEs que atuam nos “limites 
geográficos do Município onde será executado o objeto da 
contratação”;
Em âmbito regional, trata-se das MPEs atuando nos “limites 
geográficos do Estado ou da região metropolitana, que po-
dem envolver mesorregiões ou microrregiões”.
2
Atenção, gestor! 
Em âmbito municipal e estadual, cada edital deve estabelecer o que 
será admitido como regional ou local para aplicação desse benefício. 
Por isso, não deixe de inserir essa especificação em seus editais.
29
4. Licitações exclusivas para MPEs para compras de até R$ 80 mil (Art. 48 
da Lei 123/2006)
A Lei Geral das MPE determina que se “deverá realizar processo licitatório 
destinado exclusivamente à participação de microempresas e empresas de 
pequeno porte nos itens de contratação cujo valor seja de até R$ 80.000,00 
(oitenta mil reais)” (BRASIL, 2006). 
Esse teto é considerado para cada lote licitado, e não para o valor total do 
certame. Portanto, se o edital traz diversos itens, todos aqueles cujo valor 
de referência for inferior a R$ 80 mil deverão ser destinados exclusivamen-
te a Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. 
Nunca é demais lembrar: trata-se de uma obrigação a ser seguida pelo ges-
tor, sem possibilidades de discricionariedade.
Um exemplo de licitação exclusiva para MPEs é o edital lançado em 2016 
pela prefeitura de Belo Horizonte para a aquisição de suprimentos de in-
formática.
A primeira página do edital de Pregão Eletrônico já traz a informação sobre 
a exclusividade, reservando todos os seis lotes para empresas que se en-
quadrem na classificação trazida pela Lei Geral da MPE. 
Um exemplo real de como utilizar na prática este dispositivo tão valioso 
para as MPEs. (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE, 2016).
Pensando na prática!
30
O que diz a lei?
E o que a Lei Geral diz especificamente sobre este ponto (BRASIL, 2006)?
Art. 48. Para o cumprimento do disposto no art. 47 desta Lei Complemen-
tar, a administração pública: (...)
I - deverá realizar processo licitatório destinado exclusivamente à participa-
ção de microempresas e empresas de pequeno porte nos itens de contra-
tação cujo valor seja de até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). 
5. Subcontratação de MPEs em aquisições de obras e serviços (Art. 48 da 
Lei 123/2006) 
A Lei Geral prevê a possibilidade de se exigir das empresas ou consórcios 
participantes de licitações de obras e serviçosque subcontratem microem-
presas ou empresas de pequeno porte. Isso deve ser inserido diretamente 
nos editais que regem os processos de compras. Trata-se, assim, de uma 
possibilidade a ser escolhida pelo gestor. 
Por mais que a Lei 123/06 não obrigue o gestor a incluir essa exigência, a 
sua inserção no edital é bastante encorajada. Afinal, trata-se de uma alter-
nativa real para fomentar a participação das MPEs nas compras governa-
mentais e que em nada onera a Administração Pública.
Por isso, gestor, sempre que possível, faça uso deste dispositivo e promova 
a obrigatoriedade de contratação de MPEs em suas aquisições de obras 
e serviços. Isso não gerará ônus para a Administração Pública, não gerará 
mais trabalho ou obrigações para seu órgão e dará às MPEs a oportuni-
dade de participar no fornecimento de obras e serviços, que são objetos 
de fornecimento de acesso particularmente desafiador para empresas de 
pequeno porte.
31
A Lei Geral define esse mecanismo da seguinte forma:
Art. 48. Para o cumprimento do disposto no art. 47 desta Lei Complemen-
tar, a administração pública: (...)
II - poderá, em relação aos processos licitatórios destinados à aquisição de 
obras e serviços, exigir dos licitantes a subcontratação de microempresa ou 
empresa de pequeno porte.
6. Cota de até 25% de fornecimento por MPEs nos bens de natureza di-
visível (Art. 48 da Lei 123/2006)
No caso de aquisição de bens de natureza divisível, ou seja, aqueles que, 
quando fracionados, não perdem sua identidade ou valor, a Lei Geral obriga 
ao gestor que reserve cota de até 25% do total para contratação de Micro-
empresa ou Empresa de Pequeno Porte. As regras para cada lote devem 
estar bem definidas no edital, compatibilizando as exigências, incluindo as 
de qualificação técnica, para cada uma delas. Assim, a proposta de menor 
valor deve ser declarada vencedora.
Atenção, gestor! 
a Lei Geral não impõe limites para essa subcontratação. A única ve-
dação, imposta pela Lei 147/2014 (BRASIL, 2014), é a chamada Sub-
contratação Total, com a terceirização de 100% da obra ou do servi-
ço licitado.
O que diz a lei?
32
O que diz a lei?
Observe o que determina a Lei Geral sobre este mecanismo:
Art. 48. Para o cumprimento do disposto no art. 47 desta Lei Complemen-
tar, a administração pública: (...)
III - deverá estabelecer, em certames para aquisição de bens de natureza 
divisível, cota de até 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contra-
tação de microempresas e empresas de pequeno porte. 
E se uma mesma MPE vencer as duas cotas? O Decreto 8.538/2015 (BRA-
SIL, 2015) determina o seguinte:
Art. 8º Nas licitações para a aquisição de bens de natureza divisível, e des-
de que não haja prejuízo para o conjunto ou o complexo do objeto, os ór-
gãos e as entidades contratantes deverão reservar cota de até vinte e cinco 
por cento do objeto para a contratação de microempresas e empresas de 
pequeno porte
3º. Se a mesma empresa vencer a cota reservada e a cota principal, a con-
tratação das cotas deverá ocorrer pelo menor preço.
Atenção, gestor! 
nos mecanismos descritos nos itens 4, 5 e 6, a Lei 123/06 determina 
as seguintes exceções: a inexistência de, no mínimo, três fornecedo-
res que se enquadrem como MPE; quando o tratamento diferen-
ciado às MPEs não for vantajoso para a Administração Pública, e; 
quando houver inexigibilidade ou dispensa de licitação, exceto nos 
casos em que a compra deva ser feita preferencialmente de MPEs, 
conforme Artigo 49 da Lei 123/2006.
Para fixar bem o uso destes mecanismos de promoção à participação das 
MPEs nas compras governamentais, resumimos a obrigatoriedade de ado-
ção em um quadro-resumo. Observe-o.
Mecanismos da Lei 123/2006
Sua adoção pelo gestor é obri-
gatória ou facultativa?
Obrigatória Facultativa
Regularidade fiscal e trabalhista tardias 
(Art. 42 e 43)
Empate Ficto (Art. 44 e 45)
Cédula de Crédito Microempresarial 
(Art. 46)
Licitação exclusiva para MPE até 
R$80.000,00 por item (Art. 48, inciso I)
Subcontratação de MPEs e pagamen-
to direto em obras e serviços (Art. 48, 
inciso II)
Cotas de até 25% exclusivas para MPEs 
em licitações de bens divisíveis (Art. 48, 
inciso III)
Prioridade de contratação de MPE se-
diadas localmente ou regionalmente, até 
o limite de 10% do melhor preço válido 
(Art. 48, §3º)
Deverá realizar 
processo licita-
tório destinado 
exclusivamente 
à participação de 
MPEs nos itens de 
contratação.
Não regulamentado
x
x
x
x
Seu uso é recomendado para pro-
mover o desenvolvimento local.
33
O que diz a lei?
A Lei Geral determina a aplicação da Legislação Federal nos casos de falta 
de regulamentação específica, conforme descrito (BRASIL, 2006):
Art. 47 Parágrafo único. No que diz respeito às compras públicas, enquan-
to não sobrevier legislação estadual, municipal ou regulamento específico 
de cada órgão mais favorável à microempresa e empresa de pequeno porte, 
aplica-se a legislação federal. 
7. Antecipação de recebíveis 
Além dos benefícios trazidos pela Lei Geral, há um benefício importante 
para as MPEs. Em 2020, o Ministério da Economia editou a Instrução Nor-
mativa n.º 53/2020 (BRASIL, 2020), que traz a criação de um sistema de 
crédito para a antecipação de recebíveis provenientes de contratos com a 
Administração Pública. A IN 53/2020 prevê a possibilidade de antecipação 
de até 70% do saldo a receber por meio de consulta aberta no Portal de 
Crédito Digital. Assim, as instituições financeiras poderão fazer propostas 
de crédito diretamente ao fornecedor solicitante. 
Este é um benefício muito importante para as MPEs, pois permite sanar 
uma das grandes dificuldades típicas de empresas de pequeno porte, que é 
justamente a baixa disponibilidade de capital de giro.
34
Assim, com a antecipação de recebíveis, mais MPEs podem ser atraídas 
pelo mercado de compras públicas, justamente por saberem que poderão 
antecipar seus recebimentos e, assim, se tornarem capazes de assumir um 
contrato de fornecimento para a Administração Pública.
35
Atenção, gestor! 
Ao usufruir da antecipação de recebíveis, que pode chegar a até 70% 
do valor do contrato, as MPEs podem usar estes recursos para con-
tratar mão-de-obra, adquirir insumos e matérias-primas, quitar im-
postos, etc. Ou seja: este é um caminho para viabilizar a atividade 
empresarial.
E como funciona? 
O fornecedor interessado deve acessar o Portal e fazer a solicitação in-
dicando o contrato que servirá de base para o crédito. O sistema, então, 
emitirá um aviso ao órgão ou entidade responsável pelo contrato, que terá 
cinco dias, a contar do recebimento da notificação, para confirmar a libe-
ração do contrato no Portal. As instituições financeiras interessadas em 
antecipar os recebíveis têm, então, cinco dias para apresentar suas propos-
tas de crédito, seja via portal ou nas plataformas digitais operadas por elas. 
Essas propostas devem conter todas as condições financeiras, comerciais e 
jurídicas aplicáveis e os prazos para desembolso e liquidação da operação 
de crédito.
A IN 53/2020 concede, então, prazo de dois dias para que o fornecedor 
selecione a proposta que considerar mais vantajosa. Depois de formaliza-
do o crédito, o fornecedor tem, então, mais dois dias para comunicar a 
Administração para que possa ser formalizado o termo de vinculação de 
domicílio bancário, anexando-o ao processo de contratação. A partir desse 
momento, todos os créditos referentes ao contrato serão depositados em 
uma conta vinculada, podendo ser utilizados pelo fornecedor apenas para 
a amortização do crédito. 
Na data de liquidação, os valores restantes serão, então, transferidos auto-
maticamente para a instituição financeira.
Por isso, gestor, fique atento: a antecipação de recebíveis já é uma realidade 
e cabe a você prever sua adoção em seus próximos editais para seleção de 
fornecedores. 
E, para os contratos já vigentes, pode-se adotar a formalização da antecipa-
ção de recebíveis por meio de termo aditivo.
Tanto pessoasfísicas quanto jurídicas que contratem com a Administração 
Pública podem ter acesso ao benefício da antecipação de recebíveis, desde 
que não se enquadrem nas seguintes exceções: 
• Se estiverem em processo falimentar ou em recuperação judicial ou ex-
tra;
• Quando não houver previsão de início ou retomada de execução con-
tratual;
• No caso de haver indicativos de redução de escopo ou valor dos con-
tratos;
• Se existir processo administrativo para rescisão do contrato ou da ga-
rantia;
• Se o fornecedor estiver suspenso ou impedido de licitar e contratar.
36
Atenção, gestor! 
É preciso que a previsão da possibilidade de antecipação de recebí-
veis esteja presente tanto no edital quanto no contrato, no caso de 
novos processos licitatórios, para que o fornecedor tenha acesso a 
esse benefício. Para os contratos já vigentes, a IN53/2020 traz uma 
regra de transição, que possibilita a adição do benefício por meio da 
celebração de termo aditivo.
PLANEJANDO 
LICITAÇÕES COM A 
PARTICIPAÇÃO 
DAS MPES
37
No Brasil, a legislação básica que orienta a condução dos processos de 
compras governamentais é a Lei 8.666 / 93 (BRASIL, 1993), que institui 
normas para licitações e contratos de Administração Pública. 
Esta é uma norma de larga aplicação, pois estabelece as “normas gerais 
sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, 
inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Po-
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Ou seja: 
esta é a Lei que estrutura todo o sistema de licitações brasileiro.
38
Atenção, gestor! 
Isso significa que mesmo as compras estaduais e municipais se sub-
metem a esta legislação.
A LEI DE LICITAÇÕES E SUAS PREVISÕES 
PARA A CONTRATAÇÃO DE MPEs
Agora vamos apresentar a você, gestor, os principais pontos desta legis-
lação considerando sua aplicação à participação das MPEs nas compras 
governamentais. É importante ressaltar que esta Lei deverá ser substituída 
em breve, pois há um Projeto de Lei em tramitação no Congresso Nacional. 
Este projeto será apresentado a você mais adiante.
Lembre-se de que, além da Lei 8.666/93, também se deve estar atento ao 
que determina a Lei Geral (BRASIL, 2006) em seu Capítulo V (tratamento 
diferenciado para as MPEs), que você conheceu no Módulo 2 deste curso.
A Lei 8.666 / 93 é uma das leis mais importantes para o Brasil. Ao conside-
rar que ela rege todas as aquisições realizadas pelas administrações fede-
rais, estaduais e municipais, perceba que esta Lei determina como o Brasil 
pode gastar, estima-se, até 15% do seu PIB (SEBRAE, 2014). Assim, qual-
quer ponto que se precisa ou que se altera nesta legislação tem o potencial 
de gerar impactos financeiros muito expressivos.
39
Especificamente sobre a participação de MPEs nas compras governamen-
tais, a Lei 8.666 / 93 (BRASIL, 1993) determina, em seu art. 5o A, que “as 
normas de licitações e contratos devem privilegiar o tratamento diferencia-
do e favorecido às microempresas e empresas de pequeno porte na forma 
da lei”.
Ou seja: deve-se observar e adotar os benefícios que você conheceu nos 
módulos anteriores, que são específicos para MPEs e abarcados por ou-
tras legislações específicas, como a Lei Complementar 123/2006 (BRASIL, 
2006). 
Justamente por ser uma legislação norteadora de procedimentos de com-
pras de forma ampla, a Lei 8.666/93 é a norma que estabelece as linhas 
gerais para atuação dos gestores públicos em suas compras. Todas as de-
mais legislações brasileiras dialogam com a Lei 8.666/93, que é o normati-
vo maior. Desde sua promulgação, no entanto, o cenário e a realidade das 
compras governamentais se alteraram muito no Brasil.
Houve o surgimento das tecnologias de comunicação e sua aplicação às 
compras governamentais, houve adoção de mecanismos de transparência 
em diferentes esferas e mesmo algumas modalidades de licitação se torna-
ram, na prática, obsoletas. 
Por tudo isso, a Lei 8.666/93 tem sido objeto de análises que levaram à 
proposição e amadurecimento de um novo projeto de Lei que deverá, em 
breve, substituí-la. O que isso significa para o gestor público?
• Quando a Lei 8.666/93 for substituída pelo projeto de lei em tramitação 
no Congresso Nacional, haverá novidades, inclusive, sobre os mecanis-
mos de apoio às MPEs. Estes itens são apresentados na Unidade 4 deste 
módulo para que você já possa se familiarizar antecipadamente;
• Ainda que se altere a principal Lei associada às compras governamen-
tais no Brasil, a premissa de estabelecer tratamento diferenciado para 
as MPEs continuará em vigor, pois é amparada na Constituição Federal.
Ou seja: a intenção de promover a participação das MPEs nas compras 
públicas é amparada por uma norma maior e, independentemente da subs-
tituição da Lei 8.666/93, se manterá.
40
Por fim, um lembrete importante: a Lei 8.666 / 93 é uma norma geral prin-
cipal que rege as contratações públicas no Brasil, mas existem legislações 
posteriores que também impactam a atuação do gestor público. Um exem-
plo é a Lei 10.520/2002 (BRASIL, 2002), que instituiu o Pregão no Brasil. 
Além desta, existem normas específicas para o Pregão Eletrônico, Regime 
Diferenciado de Contratações, etc., mas, excepcionalmente, podem sur-
gir outras normas que também incidam sobre o mesmo objeto. Foi o que 
aconteceu, por exemplo, durante a epidemia de Covid-19, que levou ao 
surgimento de uma série de normativos específicos para as contratações 
de insumos de saúde no Brasil. 
Pensando na prática!
Em 2020, frente à epidemia mundial gerada pelo Coronavírus, a adminis-
tração pública brasileira precisou instituir, emergencialmente, normas que 
permitissem tornar mais célere a contratação de insumos relacionados ao 
enfrentamento da pandemia. A primeira norma editada neste sentido, a Lei 
13.979/20, “dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência 
de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus, 
responsável pelo surto de 2019” (BRASIL, 2020a). Tratava-se de uma medi-
da emergencial com vigência limitada à duração da pandemia que admitia, 
por exemplo, dispensa de licitação para aquisição de bens e serviços neces-
sários para o enfrentamento da crise. 
Na sequência, foi editada a Medida provisória MP nº 961/20 (BRASIL, 
2020c), que autorizou o pagamento antecipado nas licitações e contratos, 
adequou os limites de dispensa de licitação e ampliou o uso do RDC duran-
te o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 
06, de 20/03/20 (BRASIL, 2020d), que foi convertida na Lei 14.065/2020 
em 06 de maio de 2020 (BRASIL, 2020f).
A seguir, de forma complementar à Lei 13.979/20, em maio de 2020, pro-
mulgou-se a Emenda Constitucional Nº 106, que “Institui regime extraordi-
nário fiscal, financeiro e de contratações para enfrentamento de calamida-
de pública nacional decorrente de pandemia” (BRASIL, 2020b).
No mesmo sentido, foi sancionada a Lei nº 13.987/20 (BRASIL, 2020e) 
que alterou a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, para autorizar, em 
caráter excepcional, durante o período de suspensão das aulas em razão de 
situação de emergência ou calamidade pública, a distribuição de gêneros 
alimentícios adquiridos com recursos do Programa Nacional de Alimenta-
ção Escolar (PNAE) aos pais ou responsáveis dos estudantes das escolas 
públicas de educação básica.
Essas experiências demonstram ao gestor público como situações extraor-
dinárias, ainda que temporárias, podem alterar radicalmente a dinâmica das 
compras públicas. 
Fique atento! 
Ainda que a fiscalização ocorra somente no futuro, a recomendação dos 
órgãos de controle é clara: o gestor deve se ater às obrigações e possibilida-
des expressamente manifestas na legislação excepcional, pois a obrigação 
de prestar contas permanecerá. Em seu Acórdão nº 1335/2020, o TCU 
estabeleceu que “os processos de contratação relacionados ao enfrenta-
mento da crise do novo coronavírus (Covid 19) devem ser instruídos com 
a devida motivaçãodos atos, por meio, no mínimo, de justificativas espe-
cíficas acerca da necessidade da contratação e da quantidade dos bens ou 
serviços a serem contratados, com as respectivas memórias de cálculo e 
com a destinação a ser dada ao objeto contratado”, conforme art. 4º-E, § 1º 
da Lei 13.979/20 (BRASIL, 2020).
41
Sobre os normativos citados acima, é importante ressaltar que foram edita-
dos para atender a uma excepcionalidade de saúde pública. O gestor públi-
co, inclusive, não pode fazer uso deste normativo para adquirir produtos ou 
serviços fora da ocorrência da pandemia, sob pena de punição em auditoria 
futura. E, além disso, os limites e condições estabelecidos nesses normati-
vos de excepcionalidade deixam de valer imediatamente após a extinção de 
sua situação causadora (no caso, a pandemia por Corona). Contudo, a his-
tória mostra que ocasiões como esta podem ocorrer novamente. Por isso, 
é preciso que o gestor público fique atento ao Diário Oficial e aos meios 
formais de comunicação da administração pública. 
42
Entre as legislações de referência para a participação das MPEs nas com-
pras governamentais, destaca-se o Decreto 10.024/19 (BRASIL, 2019), 
conhecido como Decreto do Pregão eletrônico, que será nosso objeto de 
estudos neste tópico. Este decreto regulamenta a licitação que ocorre na 
modalidade de pregão eletrônico e se aplica para aquisições de bens e ser-
viços comuns, inclusive os de engenharia. No entanto, não se aplica à con-
tratação de obras, locações imobiliárias e bens e serviços especiais (Art. 4º). 
É obrigatório utilizar pregão eletrônico ou dispensa eletrônica para “aqui-
sição de bens e contratação de serviços comuns pelos entes federativos 
com a utilização de recursos da União decorrentes de transferências vo-
luntárias”, como convênios e contratos de repasse (Art. 1º, § 3º do Decre-
to 10.024/19). Além disso, a Instrução Normativa nº 206/2019 (BRASIL, 
2019b) indica os prazos específicos para que os órgãos utilizem obrigato-
riamente a modalidade de pregão eletrônico ou dispensa eletrônica para a 
execução de recursos da União oriundos de transferências voluntárias para 
aquisição de bens e serviços comuns. Observe:
I - a partir da data de entrada em vigor desta Instrução Normativa, para os 
Estados, Distrito Federal e entidades da respectiva administração indireta; 
II - a partir de 3 de fevereiro de 2020, para os Municípios acima de 50.000 
(cinquenta mil) habitantes e entidades da respectiva administração indireta; 
tração indireta; e 
Atenção, gestor! 
Até o final de 2020 (prazo que pode vir a ser prorrogado), será permi-
tido contratar obras e serviços por dispensa de licitação até o limite 
de R$ 100.000. Para a aquisição de bens, pode-se fazer a contrata-
ção por dispensa até o limite de R$ 50.000. Lembre-se de que estes 
limites podem ser revistos (e, inclusive, prorrogados) e, assim, cabe 
ao gestor público acompanhar suas atualizações.
O DECRETO DO PREGÃO ELETRÔNICO E SUAS 
PREVISÕES PARA A CONTRATAÇÃO DE MPEs
III - a partir de 6 de abril de 2020, para os Municípios entre 15.000 (quinze 
mil) e 50.000 (cinquenta mil) habitantes e entidades da respectiva adminis-
tração indireta; e 
IV - a partir de 1º de junho de 2020, para os Municípios com menos de 
15.000 (quinze mil) habitantes e entidades da respectiva administração in-
direta.
Este decreto foi publicado ao final de 2019 e representou um ganho impor-
tante para os gestores públicos por promover maior transparência e econo-
micidade nas compras governamentais. 
Sabe-se que a modalidade eletrônica é uma tendência incontornável e, por 
isso, esta norma é um marco para as compras realizadas por órgãos da ad-
ministração pública federal direta, autárquica e fundacional, para os quais 
seu uso é obrigatório.
O Decreto 10.024/19 estabelece que as compras deverão ser realizadas 
no portal https://www.gov.br/compras/pt-br/ ou em outras ferramentas 
que utilizem os mesmos regramentos legais do Decreto. Para participar de 
compras no portal https://www.gov.br/compras/pt-br/, os concorrentes a 
fornecedor devem necessariamente ser previamente credenciados no SI-
CAF. Estes sistemas serão apresentados em detalhes no próximo módulo 
deste curso.
43
Atenção, gestor! 
O Decreto 10.024/2019 estabelece a obrigatoriedade de uso do 
pregão eletrônico para as contratações. No entanto, o gestor ainda 
pode realizar o pregão presencial tradicional caso justifique “a invia-
bilidade técnica ou a desvantagem para a administração na realização 
da forma eletrônica” (BRASIL, 2019, Art. 1º, § 4º). Assim, é importan-
te saber que esta opção ainda se mantém disponível para o gestor 
público. É uma opção útil, por exemplo, para pequenos municípios 
que tenha encontrar estabelecer conexão online (BRASIL, 2019).
44
Além de definir o sistema obrigatório para a realização dos pregões, este 
Decreto 10.024/19 também estabelece (BRASIL, 2019): 
• Os procedimentos a serem adotados para os pregões;
• As regras para condução do processo;
• As orientações para estabelecer o planejamento da contratação;
• As regras para publicação de aviso de edital;
• As orientações para apresentação da proposta e dos documentos de 
habilitação dos licitantes;
• Procedimentos para realizar abertura da sessão pública e para recebi-
mento de lances dos licitantes;
• Critérios e normas para julgamento e habilitação dos licitantes;
• Orientações para recursos, adjudicação e homologação;
• Como formalizar a contratação e estabelecer sanções, quando necessá-
rio.
Sobre a participação das MPEs, há um ponto, em especial, que deve ser 
observado pelo gestor que promove pregões eletrônicos. Trata-se de uma 
especificidade sobre os procedimentos de verificação para fins de habilita-
ção dos fornecedores participantes no pregão.
Observe o que determina o Decreto 10.024/19 (BRASIL, 2019) sobre os 
procedimentos de verificação para os licitantes.
Art. 43. A habilitação dos licitantes será verificada por meio do Sicaf, nos 
documentos por ele abrangidos, quando os procedimentos licitatórios fo-
rem realizados por órgãos ou entidades integrantes do Sisg ou por aqueles 
que aderirem ao Sicaf.
O que diz o decreto?
45
Na verdade, este mesmo Decreto 10.024/19 nos indica que:
Art. 43. § 7º A comprovação de regularidade fiscal e trabalhista das micro-
empresas e das empresas de pequeno porte será exigida nos termos do 
disposto no art. 4º do Decreto nº 8.538, de 6 de outubro de 2015. 
Agora, sim! No Decreto 8.538/15 (BRASIL, 2015), a informação completa 
para o gestor:
Art. 4º A comprovação de regularidade fiscal das microempresas e empre-
sas de pequeno porte somente será exigida para efeito de contratação, e 
não como condição para participação na licitação.
Ou seja: como norma geral, deve-se verificar a regularidade fiscal dos lici-
tantes no Sicaf. No entanto, se houver MPEs entre as empresas licitantes, 
esta verificação só deve ocorrer para efeito de contratação e não como 
condicionante à sua participação.
Além disso, este mesmo Decreto 8.538/15 (BRASIL, 2015) também esta-
belece que:
• Caso haja alguma restrição na regularidade da MPE, deve-se conceder 
“prazo de cinco dias úteis, prorrogável por igual período, para a regula-
rização da documentação, a realização do pagamento ou parcelamento 
do débito e a emissão de eventuais certidões negativas ou positivas com 
efeito de certidão negativa” (Art. 4º, § 1º).
• Este prazo, por sinal, só será contado após a divulgação do resultado da 
fase de habilitação, em caso de pregão.
Caso a MPE não consiga regularizar sua documentação no prazo admiti-
do pelo Decreto 8.538/15, ela perderá o direito à contratação e o gestor 
público poderá convocar os licitantes remanescentes ou, então, revogar a 
licitação.
Além das normas citadas acima, a Portaria 306/01 (BRASIL, 2001) obriga 
o uso de um sistema de Cotação Eletrônica nas aquisições de bens de pe-
queno valor realizadas por órgãos que compõem o SISG.
46
Esse modelo de contratação, que atualmente utiliza o Comprasnet-SIASG,permite que haja alguma concorrência mesmo não seguindo os ritos tradi-
cionais de uma licitação. Além disso, a Cotação Eletrônica permite a par-
ticipação de qualquer empresa, inclusive MEIs, e, em alguns casos, até de 
pessoas físicas. Os interessados em participar da seleção devem estar ca-
dastrados no SICAF, no nível I de credenciamento.
Como as contratações feitas por esse sistema têm um valor reduzido, os 
critérios para a contratação também podem ser simplificados, inclusive as 
exigências de capacidade técnica, o que possibilita que o gestor prestigie 
a participação de pequenos negócios sediados localmente fomentando da 
economia local, conforme estabelece o § 3º do artigo 48 da LC 123/06 
(BRASIL, 2006). O procedimento se assemelha ao de um pregão eletrônico, 
em que, depois de avaliadas as propostas iniciais, os participantes poderão 
dar lances abaixo da sua oferta inicial.
Além da Lei 8.666/93 (BRASIL, 1993), que orienta a condução dos proces-
sos de compras governamentais, da Lei 123/06, que estabeleceu o trata-
mento diferenciado para os pequenos negócios nas aquisições públicas, e 
do Decreto 10.024/19, que regulamenta o pregão eletrônico, há ainda uma 
terceira Lei, e seu respectivo Decreto, a serem observados pelo gestor pú-
blico para promover a participação das MPEs nas compras governamentais.
Atenção, gestor! 
A Secretaria de Gestão do Ministério da Economia está estudando 
uma forma de aperfeiçoar a cotação eletrônica. A ideia é a de con-
vertê-la em uma espécie de Market Place, que se chamará Dispensa 
Eletrônica.
O DECRETO DO RDC E SUAS PREVISÕES PARA A 
CONTRATAÇÃO DE MPEs
47
Trata-se da Lei 12.462/11 (BRASIL, 2011a), que institui o Regime Diferen-
ciado de Contratações Públicas – RDC, e do Decreto 7.581/11 (BRASIL, 
2011B), que regulamenta o Regime Diferenciado de Contratações Públicas 
– RDC. Neste tópico, este será nosso foco.
O Regime Diferenciado de Contratações (RDC) foi instituído no Brasil em 
2011, justamente pela Lei 12.462/11 (BRASIL, 2011a). Seu propósito ini-
cial era estabelecer um Regime Diferenciado para as contratações públicas 
de forma ágil para a aquisição dos bens e serviços necessários para a reali-
zação de três grandes eventos nacionais:
Os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, a Copa das Confederações 
da Federação Internacional de Futebol Associação e a Copa do Mundo Fifa 
2014.
Posteriormente, no entanto, outras situações foram admitidas no contexto 
do RDC por Leis posteriores. Em 2020, havia dez casos estabelecidos para 
aplicação do RDC pelo gestor público:
• Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016;
• Copa das Confederações da Federação Internacional de Futebol Asso-
ciação - Fifa 2013 e Copa do Mundo Fifa 2014;
• Obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos 
das capitais dos Estados da Federação distantes até 350 km (trezentos e 
cinquenta quilômetros) das cidades sedes dos mundiais;
• Ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC);
• Obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde 
– SUS;
• Obras e serviços de engenharia para construção, ampliação e reforma 
de estabelecimentos penais e unidades de atendimento socioeducativo;
• Ações no âmbito da Segurança Pública;
• Obras e serviços de engenharia, relacionadas a melhorias na mobilidade 
urbana ou ampliação de infraestrutura logística;
• Contratos de locação de bens móveis e imóveis, nos quais o locador 
realiza prévia aquisição, construção ou reforma substancial, com ou sem 
aparelhamento de bens, por si mesmo ou por terceiros, do bem especi-
ficado pela administração;
• Ações em órgãos e entidades dedicados à ciência, à tecnologia e à ino-
vação.
48
Em relação à participação das MPEs nas licitações realizadas sob o RDC, há 
três peculiaridades às quais o gestor deverá se atentar. Vejamos cada uma 
em detalhes.
Atenção, gestor! 
Apesar de ter sido gerado com a intenção de ser um regime temporá-
rio e de excepcionalidade, nos últimos anos, o RDC tem sido adotado 
para novos casos. A MP 961/20 (BRASIL, 2020a), convertida na Lei 
14.065/2020 (BRASIL, 2020c), por exemplo, autorizou a utilização 
do RDC durante o estado de calamidade pública da pandemia do 
Coronavírus reconhecido pelo Decreto Legislativo n 06, de 20 de 
março de 2020 (BRASIL, 2020b), para licitações e contratações de 
quaisquer obras, serviços, compras, alienações e locações. Por isso, é 
importante estar atento às possíveis ampliações nesta lista de situa-
ções às quais se aplica.
1 Obrigatoriedade de exigir declaração de enquadramento 
para as MPEs 
Em seu Art. 16., o Decreto 7.581/11 (BRASIL, 2011b) apre-
senta uma peculiaridade a ser atendida pelas MPEs no mo-
mento de apresentação de propostas ou lances em uma 
licitação. Para todas as empresas, este artigo estabelece a 
obrigação de apresentar declaração de atendimento aos re-
quisitos da licitação. Para as MPEs, no entanto, há uma exi-
gência adicional: apresentar autodeclaração de seu enqua-
dramento como MPE.
Mas atenção!
O Decreto prevê, ainda, que “nas licitações sob a forma ele-
trônica, constará do sistema a opção para apresentação pe-
los licitantes das declarações de que trata este artigo” (BRA-
SIL, 2011b, Art. 16., § 2º).
49
2 Obrigatoriedade de exigir declaração de enquadramento 
para as MPEs 
O Artigo 38 do Decreto 7.581/11 (BRASIL, 2011b) também 
aborda o que deve ocorrer em caso de empate em licitações 
conduzidas sob o RDC, que recupera a mesma definição da 
Lei Geral da MPE para definir que empate ocorre nos casos 
em que a MPE apresente proposta em valor igual ou até 
10% superior ao valor da proposta melhor classificada.
Nestes casos, “a microempresa ou empresa de pequeno 
porte que apresentou proposta mais vantajosa poderá apre-
sentar nova proposta de preço inferior à proposta mais bem 
classificada” (BRASIL, 2011b, Art. 38, § 1).
Mas atenção!
Caso a MPE não apresente nova proposta, as demais MPEs 
que detenham propostas em valor igual ou até 10% superior 
à proposta mais bem classificada poderão exercer o direito. 
Assim, lembre-se de conceder a todas as MPEs essa opor-
tunidade!
Vedação de acréscimo de até 30% no valor exigido para 
qualificação econômico financeira de consórcios integral-
mente compostos por MPEs 
O Decreto 7.581/11 (BRASIL, 2011b) admite que haja parti-
cipação de empresas em formato de consórcio em licitações 
sob o RDC. No entanto, estipula-se uma norma para a com-
provação de qualificação econômico-financeira dos licitantes 
que afeta todos os consórcios, exceto aqueles formados ex-
clusivamente por MPEs.
3
50
Para todos os consórcios, deve-se exigir “apresentação do 
somatório dos valores de cada consorciado, na proporção 
de sua respectiva participação, podendo a administração 
pública estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de até 
trinta por cento dos valores exigidos para licitante individual” 
(BRASIL, 2011b, Art. 51., IV).
Ou seja: o gestor pode exigir que os consórcios apresentem 
comprovação de valores até 30% superior ao exigido para 
licitantes individuais para comprovar sua qualificação econô-
mico-financeira.
Mas atenção!
Este acréscimo de 30% não pode ser aplicado a consórcios 
formados exclusivamente por MPEs. Nestes casos, deve-se 
manter o valor original (BRASIL, 2011b, § 6º do Art. 51).
UMA INFORMAÇÃO IMPORTANTE PARA VOCÊ, GESTOR! 
O sistema de RDC do governo Federal já está completamente preparado 
para aplicar a subcontratação de MPEs prevista na Lei Geral da MPEs.
O projeto de lei 1292/95 que substituirá a lei de licitações e suas implica-
ções para as MPEs
O PROJETO DE LEI 1292/95 QUE 
SUBSTITUIRÁ A LEI DE LICITAÇÕES E 
SUAS IMPLICAÇÕES PARA AS MPEs
o Brasil possui uma legislação central que rege as compras governamentais 
– a Lei 8.666/93 (BRASIL, 1993). 
51
Desde sua promulgação, esta Lei tem sido amplamente utilizada e, com o 
passar do tempo, alguns de seus dispositivos deixaram de atender às neces-
sidades da Administração Pública, razão pela qual se propôs, em 1995,um 
Projeto de Lei (BRASIL, 1995), atualmente em tramitação, para substituí-la. 
Este Projeto se encontra, atualmente, em tramitação no Senado Federal. 
Por propor alterações muito significativas para a participação de MPEs nas 
compras governamentais, optamos por apresentar seu conteúdo específico 
neste Tópico antes mesmo de sua aprovação,
Desde 1993, o universo gerencial do gestor que atua nas compras gover-
namentais se alterou muito. Desde então, muitas coisas mudaram no cam-
po das compras governamentais: surgiram os pregões eletrônicos, o Regime 
Diferenciado de Contratações e leis específicas, como a própria Lei Geral 
da MPEs, que também alteram a dinâmica das compras governamentais. 
Ou seja: a atualização da legislação era mais que esperada.
Agora, vamos conhecer em detalhes os pontos específicos do projeto de 
Lei que substituirá a Lei 8.666/93 (BRASIL, 1993) e sua aplicabilidade à 
realidade das MPEs brasileiras. Basicamente, há cinco pontos de destaque.
1. Aplicação dos mecanismos de fomento à participação de MPEs limita-
da ao teto do faturamento anual estabelecido na Lei Geral da MPE
O Projeto de Lei 1292/1995 que substituirá a Lei 8.666/93 (BRASIL, 1993) 
esclarece que as licitações e contratos por ele regidos também devem 
observar as disposições da Lei Geral da MPE referentes às compras go-
vernamentais. Essas disposições se referem justamente aos seis grandes 
mecanismos que os gestores públicos devem utilizar para fomentar a par-
ticipação de MPEs nas compras governamentais. Apenas para relembrar, 
estamos falando dos seguintes mecanismos:
• Regularidade fiscal e trabalhista tardias;
• Empate ficto;
• Obrigação de adotar processo licitatório exclusivo para MPEs em com-
pras de até R$ 80 mil;
52
• Possibilidade subcontratação de MPEs em aquisições de obras e ser-
viços;
• Obrigatoriedade do estabelecimento de cota de até 25% do objeto 
para a contratação de MPE para bens de natureza divisível;
• Possibilidade de priorizar a contratação de pequenas empresas sedia-
das localmente até o limite de 10% do melhor preço válido.
No entanto, há algumas exceções e peculiaridades para a aplicação desses 
benefícios. Assim, não se deve aplicar esses mecanismos nos seguintes 
casos, conforme Art. 4º. § 1º do Projeto de Lei nº 1292 (BRASIL, 1995): 
• Caso se trate de “licitação para aquisição de bens ou contratação de 
serviços em geral, ao item cujo valor estimado for superior à receita 
bruta máxima admitida para fins de enquadramento como empresa de 
pequeno porte”;
• Ou, ainda, caso se trate de “contratação de obras e serviços de enge-
nharia” em valor superior à “receita bruta máxima admitida para fins de 
enquadramento como empresa de pequeno porte”.
Ou seja: considerando-se os valores atuais, não se deveria aplicar os me-
canismos de promoção da participação de MPEs em licitações para aqui-
sição de bens ou serviços de valor superior a R$ 4.800.000,00, mas este 
parâmetro depende do limite máximo de faturamento admitido para as 
MPEs. Lembre-se de que este limite, que é definido na Lei Geral da MPE, 
pode ser revisto.
Mas, atenção! 
Isso não significa que uma MPE que já tenha atingido este teto não possa 
participar de processo licitatório – mesmo porque, muitas vezes as lici-
tações são realizadas em um ano, sendo que o faturamento dos bens ou 
serviços a serem fornecidos só ocorrerá posteriormente. 
A MPE que já tenha atingido o limite de faturamento de R$ 4.800.000,00 
ainda poderá concorrer na licitação, embora sem direito aos benefícios. 
Por isso, fiquei atento para não impedir a participação de MPEs de forma 
indevida em suas licitações.
53
Além disso, em seu Art. 4º, § 2º, o Projeto de Lei nº 1292 (BRASIL, 1995) 
também define que os mecanismos de fomento às MPEs devem ser apli-
cados somente “às microempresas e às empresas de pequeno porte que, 
no ano-calendário de realização da licitação, ainda não tenham celebrado 
contratos com a Administração Pública cujos valores somados extrapolem a 
receita bruta máxima admitida para fins de enquadramento como empresa 
de pequeno porte, devendo o órgão ou entidade exigir do licitante declara-
ção de observância desse limite na licitação”. 
Para auxiliar o gestor a identificar os contratos que uma MPE já possui, 
prevê-se o desenvolvimento de um Portal Único de Contratações Públicas , 
que deve se concentrar todas as informações sobre os fornecedores e seus 
respectivos contratos com a Administração Pública.
Assim, quando esta ferramenta entrar em vigor, o gestor terá meios para se 
respaldar quanto à observância deste limite pelas empresas concorrentes 
que se apresentarem em seus processos licitatórios.
Caso sua licitação tenha prazo superior a um ano, deve-se considerar o va-
lor anual do contrato para aplicar este limite.
2. Inexigibilidade de acréscimo de 10% a 30% sobre valor exigido para 
habilitação econômico-financeira em consórcios formados exclusiva-
mente por MPEs
Em seu Art. 154º, o Projeto de Lei nº 1292 determina que, exceto em ca-
sos justificados, as empresas podem participar de licitações em consórcio, 
sendo que “o edital deverá estabelecer para o consórcio acréscimo de 10% 
(dez por cento) a 30% (trinta por cento) sobre o valor exigido de licitante 
individual para a habilitação econômico-financeira”, conforme Art. 154º, § 
1º do Projeto de Lei 1292/1995 (BRASIL, 1995). 
Esta determinação não se aplica a consórcios compostos exclusivamente 
por MPEs. 
54
Assim, fique atento: caso um consórcio formado em sua totalidade por 
micro ou pequenas empresas se apresente em uma licitação conduzida 
por seu órgão, não se deve aplicar este acréscimo como condição para 
conceder habilitação econômico-financeira.
3. Manifestação de interesse para proposição de soluções inovadoras 
exclusiva para MEIs e MPEs
Em seu Art. 80º, o Projeto de Lei nº 1292 permite que a Administração 
pública solicite manifestação de interesse das empresas (BRASIL, 1995). 
Observe abaixo exatamente o que essa premissa diz e de que forma pode 
ser aplicada. 
Em sua Seção IV, o Projeto de Lei nº 1292 (BRASIL, 1995) estabelece as 
regras para o procedimento de manifestação de interesse por parte dos 
fornecedores. Trata-se de uma orientação geral para tratamento a pessoas 
jurídicas, não tratando exclusivamente de MPEs. Observe:
Art. 80. A Administração poderá solicitar à iniciativa privada, mediante 
procedimento aberto de manifestação de interesse a ser iniciado com a 
publicação de edital de chamamento público, a propositura e a realização 
de estudos, investigações, levantamentos e projetos de soluções inova-
doras que contribuam com questões de relevância pública, na forma de 
regulamento.
Ou seja: o gestor público pode fazer uma manifestação de interesse ex-
clusiva para MEIS ou MPEs. Esta é uma premissa que permite ganho du-
plo: ao mesmo tempo em que o gestor público induz o desenvolvimento 
econômico e social por meio da promoção da participação das MPEs nas 
compras governamentais, promove também a geração de inovações.
O que diz a lei?
55
Atenção! 
Para adotar esta premissa, o Art. 80., § 4º (BRASIL, 1995), exige que seja 
feita “validação prévia fundamentada em métricas objetivas, de modo a 
demonstrar o atendimento das necessidades da Administração” para sele-
cionar definitivamente a inovação a ser contratada.
4. Exigibilidade de divulgação de contratos com a administração pública 
no Portal Único de Contratações Públicas 
Para garantir que haja transparência nas compras governamentais, o Projeto 
de Lei nº 1292 prevê que o gestor público deverá registrar, no Portal Único 
de Contratações Públicas, todos os contratos firmados com a Administra-
ção Pública, independentemente do porte da empresa fornecedora com 
os quais estejam firmados. Assim, contratos com MPEs também devem ser 
registrados neste portal. 
Ou seja, não é uma obrigação exclusiva para contratações. É uma obrigação 
do gestor divulgar as contratações no Portal!
Em sua norma geral, o Projeto de Lei 1292/95 (BRASIL, 1995) determina

Outros materiais