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Finanças Públicas Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PROPEP) Emilio Antonio Francischetti Pró-Reitoria de Administração Acadêmica (PROAC) Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch CATALOGAÇÃO NA FONTE NÚCLEO DE COORDENAÇÃO DE BIBLIOTECAS – UNIGRANRIO S192f Sampaio, Anderson. Finanças públicas / Anderson Sampaio. – Duque de Caxias, RJ: UNIGRANRIO, 2019. 182 p.: il.; 23 cm. Inclui bibliografia 1. Finanças públicas - Brasil. I. Título. CDD – 343.8103 Produção: Fábrica de Soluções Unigranrio Desenvolvimento do material: Anderson Sampaio Copyright © 2019, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) Virginia Genelhu de Abreu Francischetti Pró-Reitoria de Pós-Graduação Lato Sensu e Extensão (PROPEX) Nara Pires Sumário Fundamentos da Teoria do Estado Objetivos ........................................................................................... 09 Introdução ......................................................................................... 11 1. Fundamentos da Teoria do Estado ........................................... 13 1.1 O Peso do Estado ................................................................. 13 1.2 Os Serviços Públicos ............................................................. 14 1.3 Concessão Pública ................................................................. 15 1.4 Permissão Pública ................................................................. 16 1.5 Prestação de Serviço Mista .................................................... 17 2. Atribuições Econômicas do Estado ........................................... 18 2.1 Função Alocativa .................................................................. 19 2.2 Função Distributiva ............................................................... 20 2.3 Função Estabilizadora ............................................................ 21 Síntese .......................................................................................... 23 Referências ........................................................................................ 25 Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público Objetivos ........................................................................................... 27 Introdução ......................................................................................... 29 1. Classificação das Despesas Públicas ......................................... 31 1.1 Classificação Institucional ....................................................... 31 1.2 Classificação Funcional .......................................................... 32 1.3 Classificação por Programas ................................................... 33 1.4 Classificação Segundo a Natureza ........................................... 39 Síntese .......................................................................................... 43 Referências ....................................................................................... 44 Estrutura Funcional das Despesas Federais Objetivos ........................................................................................... 47 Introdução ......................................................................................... 49 1. A Estrutura das Despesas Federais: Classificação de Despesas Segundo a Norma Federal ..................................................... 51 2. Contratos Administrativos ....................................................... 56 3. Concessão de Serviço Público ................................................. 64 Síntese ............................................................................................ 71 Referências ....................................................................................... 73 Natureza dos Bens Públicos Objetivos ........................................................................................... 77 Introdução ......................................................................................... 79 1. Natureza dos Bens Públicos .................................................... 81 2. Bens Semipúblicos ................................................................ 85 3. Externalidades ..................................................................... 86 Síntese ............................................................................................ 91 Referências ....................................................................................... 93 Financiamento dos Gastos Objetivos ........................................................................................... 95 Introdução ......................................................................................... 97 1. Conceitos e Estrutura das Receitas Públicas .............................. 99 1.1 Estágios ............................................................................. 99 2. Receitas Orçamentárias ......................................................... 105 2.1 Classificação por Natureza de Receita ...................................... 106 2.2 Classificação por Identificador de Resultado Primário .................. 109 2.3 Classificação por Fonte/Destinação de Recursos ....................... 110 2.4 Classificação por Esfera Orçamentária ...................................... 110 3. Principais Categorias de Tributo ............................................... 111 Síntese .......................................................................................... 117 Referências ....................................................................................... 119 Orçamento Público Objetivos ........................................................................................... 121 Introdução ......................................................................................... 123 1. Princípios Orçamentários ....................................................... 125 1.1 Princípio da Unidade ............................................................. 125 1.2 Princípio do Universalidade ..................................................... 127 1.3 Princípio da Anualidade .......................................................... 128 1.4 Princípio do Orçamento Bruto ................................................. 130 1.5 Princípio da não Afetação das Receitas .................................... 132 1.6 Princípio da Discriminação ou Especialização ............................. 134 1.7 Princípio da Exclusividade ...................................................... 134 1.8 Princípio do Equilíbrio ............................................................ 135 1.9 Princípio da Clareza .............................................................. 135 1.10 Princípio da Publicidade ......................................................... 136 1.11 Princípio da Exatidão ............................................................. 136 2. Conceitos e Classificação ....................................................... 136 2.1 Planejamento Orçamentário ................................................... 136 3. Processo Orçamentário no Brasil ............................................. 142 Síntese ............................................................................................145 Referências ....................................................................................... 147 Princípios Teóricos de Tributação Objetivo ............................................................................................ 151 Introdução ......................................................................................... 153 1 Teoria da Tributação no Brasil ................................................. 155 1.1 Princípios Teóricos de Tributação .............................................. 155 2 Política Fiscal ....................................................................... 159 2.1 Efeitos da Política Fiscal na Economia ...................................... 163 3 Déficit e Dívida Pública .......................................................... 164 3.1 Déficit Público ...................................................................... 164 3.2 Dívida Pública ...................................................................... 165 Síntese .......................................................................................... 167 Referências ........................................................................................ 169 Distribuição de Renda Objetivo ............................................................................................ 171 Introdução ......................................................................................... 173 1. Distribuição de Renda ............................................................ 175 1.1 Grau de Progressividade ....................................................... 175 1.2 Despesas Públicas ................................................................. 177 2. Federalismo Fiscal ................................................................ 179 2.1 Características ...................................................................... 181 2.2 Problemas do Federalismo Fiscal ............................................ 184 Síntese ............................................................................................ 185 Referências ........................................................................................ 187 Fundamentos da Teoria do Estado Objetivos Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: ▪ Compreender os fundamentos da Teoria do Estado; ▪ Compreender os tipos de serviços públicos; ▪ Entender as atribuições econômicas do Estado. 9Finanças Públicas Introdução Entender as origens e as razões dos gastos públicos é extremamente importante para ter um entendimento completo sobre as finanças públicas. Veremos que alguns serviços e bens apenas podem ser providos pelo Estado, enquanto outros podem ser providos também pela iniciativa privada. Veremos também a importância das funções dele. 11Finanças Públicas 1. Fundamentos da Teoria do Estado Vivemos em uma economia mista, em que as atividades econômicas são exercidas pela iniciativa privada e pelo Estado. A presença do Estado no dia a dia dos cidadãos é constante. Ao longo do material, analisaremos o peso do Estado, os serviços públicos que dependem de concessão ou permissão pública, a prestação de serviço mista e as atribuições econômicas do Estado. 1.1 O Peso do Estado Em uma sociedade existem necessidades a serem providas, mas que, por causa de suas características, acabam sendo atribuídas a uma instituição que espelhe os interesses da sociedade: o Estado. Assim, nos lugares onde é possível escolher os representantes, são realizadas eleições, em que a maioria escolhe quem melhor atenderá aos seus anseios. Originalmente, essas necessidades giravam em torno da administração da justiça, da ordem interna e da segurança externa. No entanto, por diversas questões, essas atribuições foram ampliadas para o âmbito da educação, saúde, desenvolvimento, previdência e outros. Dentre as razões apontadas pelos acadêmicos para tal crescimento estão: ▪ O aumento das atividades relacionadas à segurança e à administração; ▪ Da demanda por maior bem-estar social; Figura 1: Escultura representando a justiça e o povo, de Jens Galschiot. Fonte: Lemos (2015). 13Finanças Públicas ▪ Maior intromissão no processo produtivo; ▪ Maior possibilidade de obtenção de recursos; ▪ Guerras; ▪ Crises econômicas; ▪ Crescimento da população. Essas necessidades são chamadas de meritórias, pela importância, e são providas pela autoridade pública mesmo que o mercado já as ofereça. O que será provido e o tamanho dessas atribuições vai depender do momento e do lugar. Há países onde a presença do Estado era maior no passado e foi reduzindo com o tempo. Em outros, tal presença se fez, e se faz ainda, muito necessária, em virtude da forma como a sociedade está organizada e de sua cultura. Nos Estados Unidos, os gastos do governo subiram de 6,5% do Produto Nacional Bruto (PNB), em 1890, para 40%, na década de 1990 (MUSGRAVE; MUSGRAVE, 1980). No Brasil, a participação dos gastos do governo na economia chegou próximo aos 40% do Produto Nacional Bruto (PIB), no início da década de 1980. 1.2 Os Serviços Públicos Veja, a seguir, um trecho da Constituição, no que se refere aos direitos sociais: Art. 6º: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Segundo o conceito, serviços públicos são fruto da junção de bens e serviços fornecidos a todos com a finalidade de promover o bem-estar social. A incumbência de garantir tais serviços recai sobre o Estado, já que 14 Finanças Públicas é a instituição que espelha os interesses da sociedade e tem a finalidade de promover necessidades. O provimento das necessidades de uma sociedade envolve serviços públicos, que podem ser exercidos exclusivamente pelo Estado, e aqueles considerados “serviços de utilidade pública”, que são delegados por ele via concessão ou permissão. É importante dizer que, para essa delegação são impostas regras e condições que visam ao regozijo dos cidadãos. Algumas atividades são exercidas, sem intermediários, pelo Estado, pelo fato de exigirem centralização e exclusividade. Tais tarefas precisam ser assumidas por ele, pois geram benefícios tais que não seriam atingidos se fossem exercidas outras figuras. São exemplos de serviços prestados exclusivamente pelo Estado: defesa do território nacional, diplomacia, emissão de moeda, justiça, elaboração de normas, desenvolvimento econômico e diplomacia com outras nações. Dada a permanência e coletividade das demandas que os serviços públicos satisfazem, a Constituição pode prever certas imposições aos cidadãos, que são, muitas vezes, incontestáveis. Os serviços de utilidade pública são as atividades delegadas pela Administração Pública, por meio de concessão ou permissão. Para tal, são impostas condições e obrigações derivadas das noções de boa-fé para com a população. O objetivo principal é que suas necessidades e anseios sejam atendidos, e, não, um benefício àqueles que prestam os serviços. Em razão da importância desses serviços ao bem-estar do povo, é proibido ao prestador de serviços de utilidade pública obter lucro ou vantagem em prejuízo da sociedade. 1.3 Concessão Pública A concessão pública dá ao concessionário o cargo de explorar o serviço em questão. A delegação do serviço se dá via contratual e o contemplado pode ser uma figura pessoa jurídica ou física, que terá uma série de obrigações. Importante 15Finanças Públicas Apesar disso, ele não obtém a propriedade do serviço público, e as condições da exploração são enumeradas no edital que definiu as condições do serviço. O atendimento a diversas condições é necessário para a seleção do concessionário. Elas envolvem a competência financeira da empresaem suportar a operação que deseja assumir, capacidade técnica e integridade moral. Depois de vencida a licitação, essa concessão não poderá ser transferida para terceiros, nem ao menos parcialmente. Cabe ao Poder Público a fiscalização e a regulamentação da concessão. E se houver o entendimento de que as condições não estão sendo cumpridas, a concessão pode ser suspensa. Além disso, as condições do serviço podem ser alteradas caso seja do interesse geral. Porém, caso essas alterações coloquem em risco o equilíbrio financeiro da empresa concessionária, cabe ao Estado ressarci-la. Já que o lucro é o objetivo final daqueles que buscam assumir uma concessão e a manutenção deste é a forma encontrada pela Autoridade Pública de manter a qualidade dos serviços que são prestados à população. São exemplos de serviços de utilidade pública que envolvem concessão: fornecimento de energia elétrica, água, esgoto, gás, telecomunicações e exploração de reservas minerais. 1.4 Permissão Pública Assim como ocorre com a concessão, a permissão pública pode ser concedida tanto à pessoa física quanto jurídica. Nesse caso, elas passam a ser chamadas de permissionárias e, no caso da Autoridade Pública, de autoridade permitente. As condições impostas ao permissionário para a sua seleção são mais flexíveis quando comparadas com as concessões. Isso porque a delegação de um serviço público via permissão tem caráter precário. Assim, a autoridade permitente se reserva ao direito de revogar a permissão quando achar conveniente, sem ter de ressarcir o permissionário. Por isso, este busca 16 Finanças Públicas desembolsar o mínimo possível, já que essa permissão pode ser retirada a qualquer momento. Como exemplos, podemos citar a colocação de bancas de jornais em vias públicas e a permissão a serviços de transporte coletivo, quando não ocorre via concessão. 1.5 Prestação de Serviço Mista Veja um trecho da Constituição a respeito da prestação de serviços por instituições privadas. Art. 199: A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 1º – As instituições privadas poderão participar de forma complementar do Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. Certos serviços considerados públicos, por serem providos pelo Estado, também podem ser prestados pela iniciativa privada, sem que haja necessidade das formalidades vistas anteriormente. Ao contrário dos serviços de utilidade pública, em que a prestação deve ser concedida via concessão ou permissão por parte da Autoridade Pública. A prestação de serviço mista ocorre quando a Constituição estabelece que determinado serviço deve ser prestado pelo Estado, mas não estabele proibição à prestação do mesmo por parte de pessoas físicas ou jurídicas. Não sendo necessária a delegação por parte da figura pública. Entretanto, no caso de alguns serviços, como os ligados à educação, a própria Constituição determina a autorização para o funcionamento. Dentro desse contexto, em que existem serviços prestados pela figura pública ou pela iniciativa privada, se faz necessário observar que, quando um serviço é prestado pelo Estado, configura-se um serviço público. Já quando este é fornecido na esfera privada, os serviços são privados. Como exemplo de serviço de prestação mista, há os relacionados à saúde, em que a Autoridade Pública é obrigada a prestá-lo, mas que, ao 17Finanças Públicas mesmo tempo, são oferecidos pela iniciativa privada. Outro caso são os serviços relacionados à educação, que a Constituição determina como uma obrigação do Estado, mas que também pode ser ofertada por figuras particulares, desde que sejam obedecidas determinadas condições. 2. Atribuições Econômicas do Estado Figura 2: Desempregados na fila da sopa. Fonte: Miniweb Educação. Para a escola econômica clássica (dentre os representantes está Adam Smith), o papel do Estado nas economias capitalistas deveria ser restrito a poucas questões. Essas ideias se desenvolveram do século XVIII até o XIX, para então perderem força diante de inúmeras crises que se sucederam no seu transcorrer. O ponto fulminante ocorreu com a Grande Depressão da década de 1930, quando o próprio modo de produção capitalista se viu ameaçado. Nesse contexto, surgem as ideias do economista inglês John Maynard Keynes. Para Keynes, o liberalismo econômico da escola básica – que se baseia na oferta, na demanda e no preço – tinha mais espaço. Assim, o Estado deveria assumir dos fatores que afetam o nível de emprego. Importante 18 Finanças Públicas Com base em suas ideias, governos adotaram uma postura mais intervencionista em suas economias, com o intuito de tirar seus países da grande crise que assolava o mundo. Desde então, esse papel mais robusto do Estado ganhou espaço. Tal papel divide-se em: função alocativa, função distributiva e função estabilizadora. 2.1 Função Alocativa A função alocativa é justificada nos casos em que o mercado não consegue fornecer certos bens e serviços de forma considerada eficiente. As razões para tal pode estar na dificuldade em conseguir estipular a cobrança a até mesmo na baixa atratividade econômica, como investimento para o capital privado (MUSGRAVE; MUSGRAVE, 1980). Essa dificuldade em estipular a cobrança, com base em três características, ocorre no caso de serviços como iluminação pública ou segurança nacional. De maneira geral, não é possível limitar o usufruto desses a uma pessoa específica; não há rivalidade no consumo desses serviços, ou seja, quando uma pessoa o consome, não reduz a quantidade disponível para o restante das pessoas. Caso alguém deixe de pagar, não é possível excluí-lo do acesso ao serviço. Além da dificuldade de fazer a cobrança de certos serviços ou bens, também existem os casos nos quais o mercado é ineficiente no fornecimento desses por causa de fatores econômicos. Isso porque, no caso de investimentos em infraestrutura, são necessários altos investimentos, cujos retornos não são atraentes e apresentam prazo de maturação muito alto. São exemplos de investimentos em infraestrutura: energia, água, esgoto, comunicações, ferrovias, rodovias etc. Ao eleger seus representantes nos poderes executivo e legislativo, a sociedade, de certa forma, está também escolhendo o direcionamento que os seus tributos deve tomar. Dentro desse contexto, o Estado provisiona bens e serviços, mesmo que esses já sejam produzidos pelo mercado configurando os bens mistos. Isto ocorre porque certos bens contêm tal importância para o bem- estar da sociedade que acabam sendo fornecidos tanto na esfera pública quanto 19Finanças Públicas na privada. São chamados de bens meritórios, como é o caso dos serviços de saúde, os quais, mesmo que sejam fornecidos pela iniciativa privada, também são providos pelo sistema público, dada a importância do cuidado com a saúde da população, com o bem-estar e o desenvolvimento da nação. 2.2 Função Distributiva A função distributiva se justifica para corrigir a má distribuição de renda causada pelas imperfeições de mercado. Isso implica a necessidade de abandonar o “Ideal de Pareto” (MALANOS, 1969), de forma que, para reduzir as disparidades da distribuição de renda, cobra-se mais das classes de maior renda. Nesse sentido, a forma ideal seria tributar a renda de forma progressiva. Ou seja, quanto maior a renda, maior a carga tributária. Outra forma de fazer isso é por meio de impostos sobre bens que são consumidos pelas classes sociais de maior poder aquisitivo. Dessa forma, ao fazer recair obrigações sobre as classes sociais com renda mais elevada, o Estado poderia reduzir o desequilíbrio na distribuição de riqueza, ao beneficiar os mais pobres na forma como aplica seu orçamento. Seja adotando políticas de distribuição direta de renda como o “bolsa família” ou até mesmo ao fornecer serviços como educação e capacitação profissionalpara desempregados sem efetuar cobrança. Para reflexão: é correto afirmar que o Estado fornece educação e saúde de graça? Bolsa Família O programa é reconhecido e premiado mundialmente. Apesar disso, sofre muitas críticas por falta de informação ou informações erradas. Acesse o material indicado veja mais detalhes sobre este programa. Saiba Mais Leia mais 20 Finanças Públicas http://www.caixa.gov.br/programas-sociais/bolsa-familia/Paginas/default.aspx 2.3 Função Estabilizadora A função estabilizadora ganhou projeção na crise de 1930 com os governos realizando ações que buscavam contornar seus efeitos perversos. Desde então, tem sido amplamente utilizada como forma de manter o equilíbrio na economia do país. A terceira das três funções possui quatro objetivos, todos de cunho macroeconômico: estabilização dos preços, equilíbrio das contas externas, manutenção do nível de emprego e do crescimento da economia. Sua ideia central gira em torno da concepção de que os gastos dos atores econômicos (empresas, famílias e governo) são determinantes para os níveis de preço e de emprego. Cabe ressaltar que as diferentes escolas de pensamento econômico possuem entendimentos diferentes sobre alguns dos aspectos dessa relação. Isso significa que, quanto mais esses agentes gastarem, maior será o estímulo à economia; consequentemente, haverá uma tendência à geração de empregos, assim como também tenderá a subir o nível dos preços apurados, a depender no nível de capacidade da produção do país. Por outro lado, se a demanda estiver abaixo da capacidade de produção, haverá redução no nível de emprego e tendência de queda no nível geral de preços, podendo, inclusive, desencadear uma recessão econômica no país. Uma das principais formas de influenciar a demanda é por meio dos instrumentos monetários que o banco central opera. Os bancos centrais operam de acordo com seus mandatos ou objetivos que variam de país. Nos Estados Unidos, o mandato do banco central americano (Federal Reserve) estabelece que o emprego deve ser o máximo, os preços devem ser estáveis e deve haver moderação das taxas de juros. Já no Brasil, o banco central não tem um mandato fixo, mas busca manter a estabilidade dos preços via sistema de metas da inflação. Por conta da função que o nível da quantidade de dinheiro tem sobre as variáveis econômicas, o banco central busca controlar a oferta monetária de acordo com os níveis que julga adequados ao que a economia necessita. As principais ferramentas de política monetária utilizadas pelo banco central são: as operações de mercado aberto (open market), depósito compulsório e redesconto. 21Finanças Públicas As operações de mercado aberto são a principal ferramenta utilizada pelo banco central para controlar o nível de moeda que circula na economia. Por meio de operações que realiza diretamente no mercado com os chamados “dealers”, o banco central coloca e retira moeda de circulação. Os dealers são instituições financeiras credenciadas pelo Tesouro Nacional com o objetivo de promover o desenvolvimento dos mercados primário e secundário de títulos públicos. Eles atuam tanto nas emissões primárias de títulos públicos federais como na negociação no mercado secundário desses títulos. Atualmente, o Tesouro Nacional possui 12 dealers, dos quais nove são bancos e três são corretoras ou distribuidoras independentes. Fonte: Tesouro Nacional. O depósito compulsório representa um percentual dos depósitos à vista dos correntistas que os bancos são obrigados a manter junto ao banco central. Dessa forma, limita-se a capacidade que os bancos têm de emprestar dinheiro. Já as taxas de redesconto são aquelas praticadas pelo banco central para emprestar dinheiro ao mercado. Essa modalidade foi utilizada na crise de 2008, quando houve escassez de divisas no mercado. É importante destacar o papel de protagonismo desempenhado pelo orçamento público na função estabilizadora, seja por conta do impacto das despesas ou das receitas. Isso ocorre porque seus gastos afetam a demanda agregada da economia. Em épocas de crise, o governo pode aumentar seus gastos de forma a manter a demanda aquecida e estimular a criação de empregos na economia, bem como pode cortá-los caso observe que os preços estão subindo demais. Entretanto, em épocas em que a economia está em retração, a arrecadação de impostos pode cair substancialmente, podendo comprometer as metas para as quais os representantes do governo foram eleitos pela população. Essas possibilidades evocam importantes questões quando se trata de promessas de campanhas eleitorais: O nível de orçamento do governo tem capacidade para cobrir tudo o que está sendo prometido? No caso de não ter essa capacidade, será necessário cobrar mais impostos para cumprir o que está sendo prometido ou vai precisar aumentar a dívida pública? Glossário 22 Finanças Públicas Síntese Ao longo desta unidade de aprendizagem, foram apresentados os conceitos que levam à necessidade do Estado. Além disso, vimos os tipos de serviços que ele presta, os que ele delega a terceiros (via concessão ou permissão) e os que são prestados de forma mista. Por fim, apresentamos as três atribuições econômicas do Estado – alocativa, distributiva e estabilizadora –, bem como as justificativas para que ele exerça tais papéis e a importância da sua atuação em diversas áreas. 23Finanças Públicas Referências BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. CAIXA. Bolsa Família. Disponível em: <www.caixa.gov.br/programas- sociais/bolsa-familia/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 17 ago. 2018. MALANOS, George. Teoria econômica. Rio de Janeiro: Fórum Editora, 1969. MUSGRAVE, Richard; MUSGRAVE, Peggy. Finanças públicas: teoria e prática. Rio de Janeiro: Campus, 1980. MINIWEB EDUCAÇÃO. A Crise de 1929 e a Grande Depressão. Disponível em: < http://www.miniweb.com.br/historia/artigos/i_contemporanea/ crise_29.html>. Acesso em: 17 ago. 2018. TESOURO NACIONAL. Dealers. Disponível em: <www.tesouro.fazenda. gov.br/dealers>. Acesso em: 13 ago. 2018. 25Finanças Públicas http://www.miniweb.com.br/historia/artigos/i_contemporanea/crise_29.html http://www.miniweb.com.br/historia/artigos/i_contemporanea/crise_29.html Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público Objetivos Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: ▪ Classificar a estrutura das despesas e gastos públicos. 27Finanças Públicas Introdução Nesta unidade de aprendizagem, apresentaremos as classificações utilizadas na elaboração dos orçamentos, bem como as suas metodologias e razões. As classificações das despesas públicas possuem as seguintes classificações: institucional, funcional, por programas e segundo a natureza. Conhecendo o funcionamento dessas classificações, os cidadãos poderão avaliar como os políticos pretendem utilizar o dinheiro público. 29Finanças Públicas 1. Classificação das Despesas Públicas A classificação das contas do orçamento é muito importante, pois a forma como elas são escolhidas e estruturadas pode sensibilizar as informações analisadas e, por conseguinte, as conclusões aferidas. Além disso, existe certa variedade de objetivos que a classificação orçamentária deve atender e eles se traduzem em múltiplos critérios a serem utilizados. Para Burkhead (1971, p.146-147), as contas do orçamento devem: ▪ Facilitar a formulação de programas; ▪ Contribuir para a efetiva execução do orçamento; ▪ Servir ao objetivo da prestação de contas; ▪ Viabilizar a análise dos efeitos econômicos das atividades governamentais. 1.1 Classificação Institucional A classificação institucional tem por objetivo mostrar os órgãos responsáveis pelo gasto do orçamento. Ela permite não apenas delinear as incumbências desses destes órgãos, mas também avaliá-los posteriormente.Segundo os artigos 13 e 14 da Lei 4.320/64, a classificação institucional possui duas categorias: órgão e unidade orçamentária. A primeira diz respeito ao órgão do governo, e a segunda à qual parte do órgão se destinará o orçamento. É a unidade orçamentária que planeja, elabora, executa e controla a sua parcela correspondente do orçamento. Art. 14. Constitui unidade orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias. (BRASIL, 1964) Esse modelo é seguido para a elaboração dos orçamentos do Distrito Federal, estados, municípios e também pela administração indireta (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas). 31Finanças Públicas Um exemplo da classificação institucional é o Colégio Pedro II, do Rio do Janeiro, que representa uma unidade orçamentária do Ministério da Educação, que, por sua vez, faz parte do Poder Executivo. Orçamento Público Assista ao vídeo indicado para aprender mais sobre o orçamento público, o seu papel e a sua estrutura. 1.2 Classificação Funcional A classificação funcional tem o propósito de apontar como o orçamento está sendo gasto, de acordo com os segmentos em que o Estado atua. Assim, são consideradas 29 funções, divididas em 109 subfunções, essa forma de classificação possibilita que os eleitores saibam em quais áreas o governo eleito está gastando mais. Por exemplo, ao analisar a função 12 (educação) é possível diferençar se o Ensino Fundamental está recebendo mais recursos que o Ensino Médio. Na função 10, referente à saúde, pode-se verificar se a subfunção “Alimentação e Saúde” realmente está recebendo o investimento prometido. Veja, a seguir, o Anexo da Portaria nº 42 - Funções do Governo: 1. Legislativa 031 – Ação legislativa 2. Judiciária 061 – Ação judiciária 3. Essencial à justiça 091 – Defesa da ordem jurídica 4. Administração 5. Defesa nacional 6. Segurança pública 7. Relações Exteriores 211 – Relações Diplomáticas 8. Assistência social 9. Previdência Social 10. Saúde Saiba Mais Assista agora 32 Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=--9gXNJtZWM https://www.youtube.com/watch?v=--9gXNJtZWM https://www.youtube.com/watch?v=--9gXNJtZWM 11. Trabalho 12. Educação 13. Cultura 391 – Patrimônio histórico, artístico e arqueológico 14. Direitos da cidadania 15. Urbanismo 16. Habitação 481 – Habitação rural 17. Saneamento 511 – Saneamento básico rural 18. Gestão ambiental 19. Ciência e tecnologia 20. Agricultura 21. Organização agrária 631 – Reforma agrária 22. Indústria 23. Comércio e serviços 24. Comunicações 721 – Comunicações postais 25. Energia 26. Transporte 27. Desporto e lazer 28. Encargos especiais (BRASIL, 1999). 1.3 Classificação por Programas O objetivo da classificação por programa é verificar os feitos do governo em favor da sociedade. Segundo o art. 2º da Portaria 42/1999, ela se divide em quatro categorias: a. Programa: instrumento de organização da ação governamental visando à concretização dos objetivos pretendidos, sendo mensurado por indicadores estabelecidos no plano plurianual; b. Projeto: instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de governo; 33Finanças Públicas c. Atividade: instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à manutenção da ação de governo; d. Operações especiais: as despesas que não contribuem para a manutenção das ações de governo, das quais não resulta um produto, e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços; A categoria mais importante é o programa, pois ele é organizado de forma a atingir os objetivos pretendidos pela administração pública. Para o Plano Plurianual (PPA), o programa é tido como o seu elemento de organização mais importante. Contudo, antes de falar dessa importância, é preciso definir o que é o PPA. O Plano Plurianual (PPA) é um instrumento previsto no art. 165 da Constituição Federal. Por meio desse instrumento, o governo declara o seu conjunto de políticas públicas e os caminhos que devem ser trilhados para alcançar as metas previstas que farão cumprir os objetivos que a sociedade anseia. Ele deve ser encaminhado ao Congresso pelo Executivo até o dia 31 de agosto do primeiro ano de cada governo, para ter vigência a partir do ano seguinte até o primeiro ano do próximo governo. Dessa forma, é possível ter continuidade administrativa e permite que o novo governo avalie a continuidade das partes do plano anterior. Assim, segundo o Projeto de Lei do Plano Plurianual 2008-2011, temos a importância do projeto: O elemento organizativo central do PPA é o Programa, entendido como um conjunto articulado de ações orçamentárias, na forma de projetos, atividades e operações especiais, e ações não-orçamentárias, com intuito de alcançar um objetivo específico. Os programas estruturam o planejamento da ação governamental para promover mudanças em uma realidade concreta, sobre a qual o Programa intervém, ou para evitar que situações ocorram de modo a gerar resultados sociais indesejáveis. Os programas também funcionam como unidades de integração entre o planejamento e o orçamento. O fato de que todos os eventos do ciclo de gestão do Governo Federal estão ligados a Importante 34 Finanças Públicas programas garante maior eficácia à gestão pública. Os programas funcionam como elementos integradores do processo de planejamento e orçamento, ao estabelecerem uma linguagem comum para o PPA, a definição de prioridades e metas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a elaboração dos Orçamentos Anuais e a programação orçamentária e financeira. O êxito na execução do Plano é expresso pela evolução de indicadores, que possibilitam a avaliação da atuação governamental em cada programa, e do conjunto de programas por meio dos indicadores associados aos objetivos de governo. Dessa forma, pretende-se assegurar a convergência dos meios na direção dos objetivos a alcançar. Art. 3o São prioridades da administração pública federal para o período 2016- 2019: Art. 3o São prioridades da administração pública federal para o período 2016- 2019: I - as metas inscritas no Plano Nacional de Educação (Lei no 13.005, de 25 de junho de 2014); II - o Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, identificado nas leis orçamentárias anuais por meio de atributo específico; e III - o Plano Brasil sem Miséria - PBSM, identificado nas leis orçamentárias anuais por meio de atributo específico. A partir do Projeto de Lei Plurianual 2012-2015, algumas mudanças foram adotadas e ele passou a ter tipos de programa: ▪ Programa Temático (antes chamado de finalístico): onde constam os objetivos do governo relacionados às políticas públicas que irão orientar a ação do governo para que ele possa entregar bens e serviços à sociedade; ▪ Programa de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado: expressa o conjunto de ações destinadas ao apoio, à gestão e à manutenção da atuação governamental. Segundo o art. 6º do Projeto de Lei do Plano Plurianual da União para o período de 2016 a 2019, a composição do programa temático se dá da seguinte forma: Objetivos, Indicadores, Valor Global e Valor de Referência. 35Finanças Públicas Programa: 2021 – Ciência, Tecnologia e Inovação Indicadores Unidade de medida Valor 2017 (mil R$) Valor 2017-2019 (mil R$) Data Índice Dispêndio nacional em Ciência e Tecnologia (C&T) em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) % 31/12/2014 1,6700 Dispêndio nacional em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) % 31/12/2014 1,2700 Número de pedidos de patentes depositados no Instituto Nacional da propriedade industrial (INPI) por residentes no paísUnidade por ano 31/12/2014 7.247,0000 Participação das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste no total de pessoal ocupado técnico-científico % 31/12/2014 20.8600 Participação das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste no total de pessoal ocupado técnico-científico Participação do Brasil em relação ao total mundial em número de artigos publicados em periódicos indexados pela Scopus % 31/12/2014 2,5700 Participação do pessoal ocupado técnico-científico no total de ocupações % 31/12/2014 1,4400 Participação do setor empresarial nos dispêndios nacionais em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) % 31/12/2014 47,1000 Percentual de empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas que inovaram- média móvel dos últimos quatro trimestres % 31/12/2014 47,5800 36 Finanças Públicas Recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (FNDCT) investidos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste % 31/12/2014 27,1000 Tabela 1: Programa 2021 - Ciência, Tecnologia e Inovação. Fonte: Anexo I do PPA 2016-2019. O Objetivo expressa as realizações almejadas pela intervenção governamental. a. Órgão Responsável: aquele cujas atribuições mais contribuem para a implementação do Objetivo ou da Meta; b. Meta: mede o alcance do Objetivo, podendo ser de natureza quantitativa ou qualitativa; e c. Iniciativa: onde é feita a declaração dos meios e mecanismos de gestão que viabilizem os Objetivos e suas Metas, explicitando a lógica da intervenção. Iniciativas 04LO - Promoção da formação e captação de recursos humanos nas Engenharias e demais áreas tecnológicas, com ênfase no processo de parcerias CNPq/Empresas. O Indicador representa uma referência que permite identificar e aferir, periodicamente, aspectos relacionados a um Programa, auxiliando a avaliação dos seus resultados. Esfera Valor 2016 (mil R$) Valor 2017 (mil R$) Valor 2017-2019 (mil R$) Orçamentos fiscal e da seguridade social Despesas correntes Despesas de capital 3.110.161 2.676.833 433.328 3.673.591 3.064.933 608.658 7.750.734 6.466.556 1.284.178 Recursos extraorçamentários Créditos e demais fontes Gastos tributários 17.325.419 8.372.000 8.953.419 13.343.459 3.867.000 9.476.459 29.611.576 8.317.931 21.293.645 37Finanças Públicas Valores globais 20.435.580 17.017.050 37.362.310 74.814.940 Tabela 2: Indicador. Fonte: Anexo I do PPA 2016-2019. O Valor Global do Programa aponta a uma estimativa dos recursos orçamentários e extra orçamentários previstos para a consecução dos Objetivos, apresentando segregação nas esferas Fiscal e da Seguridade Social e na esfera de Investimento das Empresas Estatais, com as respectivas categorias econômicas (Anexo I do PPA 2016-2019). Objetivo: 0497 – promover a formação, capacitação e fixação de recursos humanos qualificados voltadosà ciência, tecnologia e inovação Orgão responsável: Ministério da ciência tecnologia, inovações e comunicações Metas 2016-2019 ▪ 019Y – conceder anualmente 17.000 bolsas-ano de produtividade em pesquisa pelo conselho nacional de desenvolvimento científico e tecnológico (CNPq) no país. Orgão responsável: Ministério da ciência tecnologia, inovações e comunicações. ▪ 019Z – alcançar o número de 22.000 bolsas de mestrado e doutorado concedidas pelo conselho nacional de desenvolvimento científico e tecnológico (CNPq) no país. Orgão responsável: Ministério da ciência tecnologia, inovações e comunicações. ▪ 01A0 – conceder 5.100 bolsas voltadas para a internacionalização do ensino superior e da ciência tecnologia e inovação brasileira pelo conselho nacional de desenvolvimento científico e tecnológico (CNPq) prioritariamente pelo programa ciência sem fronteiras Orgão responsável: Ministério da ciência tecnologia, inovações e comunicações. 38 Finanças Públicas ▪ 01A1 – conceder anualmente 41.000 bolsas-ano voltadas para a pesquisa pelo conselho nacional de desenvolvimento científico e tecnológico (CNPq) no país. Orgão responsável: Ministério da ciência tecnologia, inovações e comunicações. Enquanto que o Valor de Referência, que é o parâmetro financeiro utilizado para fins de individualização de empreendimento, estabelecido por Programa Temático e especificado para as esferas Fiscal e da Seguridade Social e para a esfera de Investimento das Empresas Estatais. Valor de referência para individualização de mpreendimentos como iniciativas (mil R$) Orçamentos fiscal e da seguridade social 50.000 Tabela 3: Valor de Referência. Fonte: Anexo I do PPA 2016-2019. Panorama Ipea - O novo PPA (2016 - 2019) Conheça mais sobre esse documento, que estabelece um conjunto de metas e desafios para as políticas públicas do governo em um período de quatro anos. . 1.4 Classificação Segundo a Natureza A classificação segundo a natureza está dividida em categorias econômicas, grupos, modalidades de aplicação e elementos. A classificação por categorias econômicas foi fortemente difundida pela ONU e visa elucidar as consequências do dispêndio público sobre a economia. Isso porque, para o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), são levadas em consideração as receitas, despesas e investimentos do governo. O cálculo do PIB pode ser feito sob três óticas diferentes: produção, renda e despesa. Saiba Mais Assista agora 39Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=jaEsPYXBSH4 https://www.youtube.com/watch?v=jaEsPYXBSH4 https://www.youtube.com/watch?v=jaEsPYXBSH4 A ótica da produção para o cálculo do PIB leva em consideração o valor gerado pelos três ramos da atividade econômica: agricultura, indústria e serviços. Na ótica da renda são consideradas as remunerações pagas aos fatores de produção como aluguéis, salários, dividendos, lucros, juros etc. Já a ótica da despesa considera-se o consumo das famílias e do governo e o investimento feito por esses agentes mais as empresas. Assim, podemos mensurar a contribuição que o governo deu à renda nacional e se ele tem papel relevante na formação de capital da nação. É muito importante, no caso brasileiro, saber o papel do governo no comportamento da inflação. Para facilitar essa identificação, existem duas categorias dentro da classificação econômica: despesas correntes – relacionadas ao consumo do governo sob a ótica da despesa do PIB – e despesas de capital. Segundo a Lei 4.320, as primeiras se referem ao fornecimento de bens e serviços correntes e se subdividem em: ▪ Despesas de custeio: dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis; ▪ Transferências correntes: dotações para despesas às quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado. Já as despesas de capital referem-se às ligadas a bens de capital, concessões de empréstimos e amortizações de dívidas. Segundo a Portaria Interministerial nº 163/2001, dentro das duas categorias econômicas, encontram-se três grupos em cada uma. Nas despesas correntes, estão: pessoal e encargos sociais; juros e encargos da dívida e, outras despesas correntes. Já nas despesas de capital, temos: investimentos; inversões financeiras e amortização da dívida. ▪ Pessoal e encargos sociais: despesas orçamentárias com pessoal ativo, inativo e pensionistas, relativas a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de 40 Finanças Públicas Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, por exemplo, vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência, conforme estabelece o caput do art. 18 da Lei Complementar 101, de 2000. ▪ Juros e encargos da dívida: despesasorçamentárias com pagamento de juros, comissões e outros encargos de operações de crédito internas e externas contratadas, bem como da dívida pública mobiliária. ▪ Outras despesas correntes: despesas orçamentárias com aquisição de material de consumo, pagamento de diárias, contribuições, subvenções, auxílio-alimentação, auxílio-transporte, além de outras despesas da categoria econômica “Despesas Correntes” não classificáveis nos demais grupos de natureza de despesa. ▪ Investimentos: despesas orçamentárias com softwares e com o planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente. ▪ Inversões financeiras: despesas orçamentárias com a aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização; aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital; e com a constituição ou aumento do capital de empresas, além de outras despesas classificáveis nesse grupo. ▪ Amortização da dívida: despesas orçamentárias com pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualização monetária ou cambial da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária. A terceira categoria referente à classificação segundo a natureza são as modalidades de aplicação. Como o próprio nome indica, as modalidades mostram como a aplicação dos recursos acontecerá, e sua principal função é eliminar a dupla contagem dos recursos transferidos ou descentralizados. Ela pode ocorrer: 41Finanças Públicas I. via transferência financeira: a. a outras esferas de governo, seus órgãos, fundos ou entidades; b. a entidades privadas sem fins lucrativos e outras instituições; II. diretamente pela unidade detentora do crédito orçamentário, ou por outro órgão ou entidade no âmbito do mesmo nível de Governo. Nas leis orçamentárias a especificação da modalidade observa, no mínimo, o seguinte detalhamento: I. governo estadual – modalidade 30; II. administração municipal - 40; III. entidade privada sem fins lucrativos - 50; IV. consórcios públicos - 71; V. aplicação direta - 90; VI. aplicação direta decorrente de operação entre órgãos, fundos e entidades integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social - 91. As outras modalidades de aplicação podem ser consultadas no Anexo II da Portaria Interministerial nº 163/2001. O último nível da classificação segundo a natureza corresponde aos elementos. Eles têm o fim de elucidar o conteúdo das despesas. É o nível mais detalhado do orçamento. Podemos encontrar elementos, como: auxílio- fardamento, serviços de consultoria, auxílio-transporte e outros. Apesar da Lei º 4.320/64 estabelecer que a discriminação da despesa far-se-á, no mínimo por elementos, a Portaria Interministerial nº 163/2001 determina que o nível mínimo da discriminação se dará por categoria econômica, grupo de natureza de despesa e modalidade de aplicação. Assim, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional o detalhamento por elemento na lei orçamentária passou a ser opcional. Estando presente apenas no momento da sua execução. 42 Finanças Públicas Síntese Nesta unidade de aprendizagem, apresentamos as classificações utilizadas na elaboração dos orçamentos, as suas metodologias e razões. Além disso, você conheceu as seguintes classificações das despesas públicas: institucional, funcional, por programas e segundo a natureza. Tendo o conhecimento de como funcionam as classificações, temos o dever cívico de avaliar como os políticos pretendem usar dinheiro do povo e propagar tal conhecimento. 43Finanças Públicas Referências BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm>. Acesso em: 21 ago. 2018. ______. Lei nº 13.249, de 13 de janeiro de 2016. Dispõe sobre o Plano Plurianual para o período 2016-2019. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, 14 de janeiro de 2016. Disponível em: <http://www2. camara.leg.br/legin/fed/lei/2016/lei-13249-13-janeiro-2016-782255-veto- 149213-pl.html>. Acesso em: 21 ago. 2018. ______. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4320.htm>. Acesso em: 21 ago. 2018. ______. Portaria nº 42, de 14 de abril de 1999. Atualiza a discriminação da despesa por funções de que tratam o inciso I do § 1o do art. 2o e § 2o do art. 8o, ambos da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964, estabelece os conceitos de função, subfunção, programa, projeto, atividade, operações especiais, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planejamento.gov. br/assuntos/orcamento-1/legislacao/legislacao/portaria-mog-42_1999_ atualizada_23jul2012-1.doc/view>. Acesso em: 21 ago. 2018. BURKHEAD, Jesse. Orçamento público. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1971. 44 Finanças Públicas http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2016/lei-13249-13-janeiro-2016-782255-veto-149213-pl.html http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2016/lei-13249-13-janeiro-2016-782255-veto-149213-pl.html http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2016/lei-13249-13-janeiro-2016-782255-veto-149213-pl.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4320.htm http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento-1/legislacao/legislacao/portaria-mog-42_1999_atualizada_23jul2012-1.doc/view http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento-1/legislacao/legislacao/portaria-mog-42_1999_atualizada_23jul2012-1.doc/view http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento-1/legislacao/legislacao/portaria-mog-42_1999_atualizada_23jul2012-1.doc/view INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Panorama Ipea - o novo PPA (2016‐2019). Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=jaEsPYXBSH4>. Acesso em: 21 ago. 2018. OTAVIO NEVES. Orçamento Público. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=--9gXNJtZWM>. Acesso em: 21 ago. 2018. 45Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=jaEsPYXBSH4 https://www.youtube.com/watch?v=jaEsPYXBSH4 https://www.youtube.com/watch?v=--9gXNJtZWM https://www.youtube.com/watch?v=--9gXNJtZWM Estrutura Funcional das Despesas Federais Objetivos ▪ Definir a estrutura de despesas federais; ▪ Definir contratos públicos; ▪ Definir concessões. 47Finanças Públicas Introdução Nesta unidade de aprendizagem, conheceremos os identificadores de uso (IDUSO), além de apresentarmos sua importância. Em seguida, veremos os identificadores de resultado primário e o seu papel na apuração do resultado das contas do governo. Veremos, também, a importância do Plano Orçamentário ao viabilizar o acompanhamento gerencial mais detalhado das contas públicas. Por fim, estudaremos os contratos públicos sob a ótica da Lei nº 8.666/93 e abordaremos remuneração, licitações e extinção de concessões dos contratos de concessão pública, segundo a Lei nº 8.987. 49Finanças Públicas 1. A Estrutura das Despesas Federais: Classificação de Despesas Segundo a Norma Federal Vamos iniciar este tópico apresentando a estrutura das despesas federais. Identificador de Uso (IDUSO) Segundo a norma federal, a lei orçamentária precisar completar a informação sobre a aplicação dos recursos com o Identificador de Uso (IDUSO). Ele vai indicar se os recursos vão compor a contrapartida de empréstimos, as doações ou de outras aplicações. Logo, por meio dele, sabemos se certa dotação é um complemento a uma verba cedida por um organismo internacional. ▪ Os tipos de identificador de uso são: ▪ Recursosnão destinados à contrapartida; ▪ Contrapartida de empréstimos do BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento); ▪ Contrapartida de empréstimos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento); ▪ Contrapartida de empréstimos com enfoque setorial amplo; ▪ Contrapartida de outros empréstimos; ▪ Contrapartida de doações; ▪ Cursos não destinados à contrapartida, para identificação dos recursos destinados à aplicação mínima em ações e serviços públicos de saúde. Identificador de Resultado Primário (RP) O identificador de resultado primário (RP) tem caráter indicativo, seu objetivo é ajudar no cálculo do resultado primário que consta no exercício. O resultado primário é calculado subtraindo-se certas despesas das receitas fiscais. 51Finanças Públicas Esse identificador foi instituído em 1999, com a adoção do regime de metas para a inflação, em conjunto com o regime de câmbio flutuante, constituíram o chamado tripé da política macroeconômica. Basicamente, é uma meta fiscal pela qual é possível avaliar se o nível de gastos do governo está maior que o arrecadado. No Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2018, a designação referente aos indicadores de RP são: I. financeira (RP 0); II. primária e considerada na apuração do resultado primário para cumprimento da meta, sendo: a. obrigatória, cujo rol deverá constar do Anexo III (RP 1); b. discricionária não abrangida pelas demais alíneas deste inciso (RP 2); c. discricionária abrangida pelo Programa de Aceleração do Crescimento - PAC (RP 3); ou d. discricionária decorrente de programações incluídas ou acrescidas por emendas individuais e de execução obrigatória nos termos do art. 166, § 9º e § 11, da Constituição (RP 6); ou III.primária constante do Orçamento de Investimento e não considerada na apuração do resultado primário para cumprimento da meta, sendo: a. discricionária e não abrangida pelo PAC (RP 4); ou b. discricionária e abrangida pelo PAC (RP 5). É possível acompanhar o resultado primário do governo, por meio do site da Secretaria Nacional do Tesouro. Mensalmente, são divulgadas informações sobre Receita Total, Transferências, Despesas e Resultado Primário. Para ver mais detalhes, acesse o conteúdo indicado. Saiba Mais Leia mais 52 Finanças Públicas http://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt/home http://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt/home http://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt/home Subtítulos: Localização geográfica A função dos subtítulos é informar a localização geográfica de onde o orçamento será gasto. Apesar de não constar na norma geral, os subtítulos constam na lei orçamentária como a quinta e última categoria da classificação feita por programas. Isso porque a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) determina que a lei orçamentária apresente essa categoria. Os subtítulos representam a menor categoria da classificação por programa, e as ações que constam dentro do programa (atividades, projetos e operações especiais) são detalhadas segundo sua localização física. Segundo o Manual Técnico de Orçamento (2016), essa localização poderá ser no âmbito nacional, no exterior, por região (Sul, Sudeste, Nordeste, Centro Oeste, Norte), estado, município ou por um critério específico, em casos excepcionais. As formas pelas quais o subtítulo deverá ser utilizado para evidenciar a localização geográfica são: 1. Projetos: localização (de preferência, município) onde ocorrerá a construção, no caso de obra física, como obras de engenharia; nos demais casos, o local onde o projeto será desenvolvido; 2. Atividades: localização dos beneficiários/público-alvo da ação, o que for mais específico (normalmente, são os beneficiários); 3. Operações especiais: localização do recebedor dos recursos previstos na transferência, compensação, contribuição etc., sempre que for possível identificá-lo. Os códigos numéricos de identificação dos subtítulos são: Nacional: 0001; Exterior: 0002; Regiões (múltiplos de 10): 0010 a 0050; Estados e DF: 0011 a 0054 e Municípios: 0101 a 5999; Recortes geográficos: 6000 a 6499; Localizadores de gasto não padronizados: 6500 a 9999. 53Finanças Públicas Plano Orçamentário – PO O Plano Orçamentário é uma identificação orçamentária que viabiliza o acompanhamento e a elaboração do orçamento em um nível mais aprofundado que o subtítulo. Ele aparece no nível gerencial e faz parte da ação do programa da unidade orçamentária. Nível Legal (LOA) Unidade Orçamentária A Ação 1.1 (com POs) Programa 1 Unidade Orçamentária B Ação 2.1 (Sem POs) Programa 2 Nível Gerencial (SIOP & SIAFI) POs 0001 0002 0003 A.1.1.1 + 0001 = PTRES 1 A.1.1.1 + 0002 = PTRES 2 A.1.1.1 + 0003 = PTRES 3 A.1.1.1 + 0002 = PTRES 5 Não se aplica A.1.1.1 + 0001 = PTRES 4 Subtítulo A.1.1.1 Subtítulo A.1.1.2 Subtítulo B.2.1.1 Subtítulo B.2.1.2 B.2.1.2 + 0000 = PTRES 7 B.2.1.1 + 0000 = PTRES 6 Figura 1: Plano Orçamentário. Fonte: Adaptado de Manual Técnico de Orçamento MTO (2016). A ação pode não ter POs vinculados, mas quando há vínculos, eles estarão ligados aos subtítulos. Assim, o valor orçamentário que o subtítulo receberá será a soma dos POs associados a ele. A seguir, veja as quatro maneiras pelas quais o PO pode se apresentar: a. Produção pública intermediária: identifica a geração de produtos ou serviços intermediários ou a aquisição de insumos utilizados na geração do bem ou serviço final da ação orçamentária; Estrutura Ação: 20VY - Apoio à Implementação da Política Nacional de Educação Ambiental PO 0001: Gestão Compartilhada da Educação Ambiental. PO 0002: Formação de Educadores Ambientais. 54 Finanças Públicas PO 0003: Produção e Difusão de Informação Ambiental de caráter Educativo. PO 0004: Apoio a Ações de Formação e Capacitação, Presenciais e a Distância. Quadro 1: Produção pública intermediária. Fonte: Do autor. b. Etapas de projeto: representa fase de um projeto, cujo andamento se pretende acompanhar mais aprofundadamente. Não há a obrigação de detalhar todos os projetos em POs. Ação 1A79 - Instalação da Hemeroteca Nacional PO 0001: Projeto Inicial PO 0002: Materiais e Serviços PO 0003: Instalações PO 0004: Reformas PO 0005: Aquisição de Mobiliário e Equipamentos de Informática Quadro 2: Etapas de projeto. Fonte: Do autor. c. Mecanismo de acompanhamento intensivo: é utilizado para acompanhar um segmento específico da ação orçamentária. Ação: 12QC- Implantação de Obras e Equipamentos para Oferta de Água PO 0001: Oferta de Água (Plano Brasil sem Miséria) PO 0002: Oferta de água (Demais) Quadro 3: Mecanismo de acompanhamento intensivo. Fonte: Do autor. d. Funcionamento de estruturas administrativas descentralizadas: é utilizado para identificar, desde a proposta orçamentária, os recursos destinados para as despesas de manutenção e funcionamento das unidades descentralizadas. 55Finanças Públicas Órgão: 32263 - Departamento Nacional de Produção Mineral Ação: 2000 - Administração da Unidade PO 0004: Administração da Superintendência das Alagoas PO 0008: Administração da Superintendência do Ceará PO 000A: Administração da Superintendência das Goiás PO 000C: Administração da Superintendência de Minas Gerais PO 000N: Administração da Superintendência do Rio de Janeiro Quadro 4: Funcionamento de estruturas administrativas descentralizadas. Fonte: Do autor. 2. Contratos Administrativos Os contratos administrativos obedecem à Lei nº 8.666. Ao longo deste tópico, veremos as cláusulas necessárias, as cláusulas exorbitantes e as suas formas extinção. Conceito e previsão legal Segundo o art. 2º da Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993: “Contrato administrativo é todo, e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.” A renomada jurista Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2002, p.337) leciona que a expressão “contratosda Administração” diz respeito a todo contrato firmado com a Administração Pública, enquanto a expressão “contrato administrativo é reservada tão somente para designar os ajustes que a Administração pública, nessa qualidade, celebra com pessoas físicas ou jurídicas, para a consecução de fins públicos, segundo regime jurídico de direito público.” 56 Finanças Públicas No vídeo indicado, o professor Lucas Furtado detalha os processos de licitações e contratos administrativos. Com a experiência de Procurador- Geral do TCU, orienta sobre pontos da legislação que não podem ser ignorados na hora da contratação de bens e serviços. Tal distinção se faz importante porque a administração pública pode celebrar contratos de direito privado e de direito público, entretanto, somente estes dois últimos são considerados contratos administrativos. São exemplos de contratos de direito privado celebrados pela administração pública, comodato, compra e venda, locação etc. Para esses casos, aplicam-se as regras de direito privado. Em contrapartida, são exemplos de contratos administrativos a concessão de serviço público, a concessão de obra pública etc, e para esses contratos, aplicam-se as regras de direito público. Nos contratos administrativos, os contratantes são os entes da administração direta e indireta, e os contratados podem ser qualquer pessoa (física ou jurídica). Para seu melhor entendimento, destacamos algumas cláusulas. ▪ Cláusulas Necessárias O art. 55 da Lei nº 8.666/93 dispõe sobre as cláusulas necessárias nos contratos administrativos, são elas: I. O objeto e seus elementos característicos; II. O regime de execução ou a forma de fornecimento; III. O preço e as condições de pagamento, os critérios, data- base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento; Saiba Mais Assista agora 57Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=sNy-3bhXnQM https://www.youtube.com/watch?v=sNy-3bhXnQM https://www.youtube.com/watch?v=sNy-3bhXnQM Todos os valores, preços e custos utilizados nos contratos administrativos têm como expressão monetária a moeda corrente nacional, exceto, para as concorrências de âmbito internacional, devendo cada unidade da administração, no pagamento das obrigações relativas ao fornecimento de bens, locações, realização de obras e prestação de serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada de recursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas exigibilidades, salvo quando presentes relevantes razões de interesse público e mediante prévia justificativa da autoridade competente, devidamente publicada. Nas concorrências de âmbito internacional, o edital deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária e do comércio exterior, além de atender às exigências dos órgãos competentes. O pagamento da correção monetária é realizado junto com o principal e corre à conta das mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos créditos a que se referem. No que diz respeito aos reajustes, desde o Plano Real, eles somente são permitidos após o período de 12 meses e com reflexos futuros. O critério de reajuste, previsto no contrato, deve retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da proposta apresentada no edital de licitação, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela. A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atualizações, compensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam a sua alteração, podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento. IV. Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso; Tal regra atende à necessidade de planejamento da administração pública. 58 Finanças Públicas A duração dos contratos administrativos fica adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos: a. Aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse da administração; b. À prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses; c. Ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato; d. Os casos de dispensa da licitação previstas no art. 24, IX, XIX, XXVIII e XXXI da Lei nº 8.666/93. Toda prorrogação de prazo do contrato administrativo deve ser justificada por escrito e previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato, sendo vedado o contrato com prazo de vigência indeterminado. V. O crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica; Antes da realização de qualquer contrato administrativo que demande despesas por parte da Administração Pública, é necessário que já tenha sido retido o recurso orçamentário necessário para pagamento de tais despesas. VI. As garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas; O art. 56, §1º da Lei 8.666/93 prevê que poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras, que serão escolhidas pelo contratado, dentre as seguintes opções: a. Caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, devendo estes terem sido emitidos sob a forma escritural, mediante registro em 59Finanças Públicas sistema centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Fazenda; b. Seguro-garantia; c. Fiança bancária. Tais garantias não poderão exceder a 5% do valor do contrato, e terão seu valor atualizado nas mesmas condições daquele, exceto para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis em que serão permitidos, quando a garantia poderá ser elevada para até 10% do valor do contrato. A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída após a execução do contrato e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente. VII. Os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas; VIII. Os casos de rescisão; IX. O reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 da Lei; X. As condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso; XI. A vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor; XII. A legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos omissos; XIII. A obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação. Ainda no art. 58 da Lei nº 8.666/93, temos, também, as cláusulas exorbitantes, que podem oferecer vantagens à Administração pública. ▪ Cláusulas Exorbitantes 60 Finanças Públicas Entende-se como cláusula exorbitante aquela que ultrapassa o padrão comum dos contratos, em geral, com o objetivo de beneficiar a administração pública, que, enquanto contratante de contrato administrativo, tem como pedra de toque a supremacia dointeresse público sobre o privado. Em um contrato não administrativo, tais cláusulas seriam consideradas abusivas, porém, em se tratando de contrato administrativo, elas não só são aceitas como necessárias para garantir a supremacia do interesse público. Tais cláusulas encontram-se previstas no art. 58 da Lei 8.666/93, são elas: I. Possibilidade de modificar os contratos administrativos, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado; Tal alteração ocorrerá quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos objetivos da administração pública e quando necessária a alteração do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos pela lei. O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% para os seus acréscimos. Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder tais limites, exceto as supressões resultantes de acordo celebrado entre os contratantes. No caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o contratado já houver adquirido os materiais e eles estiverem postos no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela administração, pelos custos de aquisição, regularmente, comprovados e monetariamente corrigidos, podendo caber indenização por outros danos, eventualmente, decorrentes da supressão, desde que regularmente comprovados. 61Finanças Públicas Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos, bem como a superveniência de disposições legais, quando ocorridas após a data da apresentação da proposta no edital da licitação, de comprovada repercussão nos preços contratados, implicará na revisão destes para mais ou para menos, conforme o caso. Todas essas alterações nunca poderão aumentar os encargos do contratado, caso isso ocorra, a administração deverá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial. II. Possibilidade de rescindir os contratos administrativos, unilateralmente, pelo não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos; por razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está subordinado o contratante e exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato; em situações de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovada, impeditiva da execução do contrato; A rescisão unilateral do contrato pela administração pública acarreta as seguintes consequências: a. Assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por ato próprio da administração; b. Ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e pessoal empregados na execução do contrato, necessários à sua continuidade; c. Execução da garantia contratual, para ressarcimento da administração, e dos valores das multas e indenizações a ela devidos; d. Retenção dos créditos decorrentes do contrato, até o limite dos prejuízos causados à administração. Importante 62 Finanças Públicas III. Possibilidade de fiscalização da execução do contrato; A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá- lo de informações pertinentes a essa atribuição. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados. IV. Possibilidade de aplicação de sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste; V. Nos casos de serviços essenciais, possibilidade de ocupação provisória de bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo. Formas de Extinção O contrato administrativo extingue-se pelo seu cumprimento nos termos em que foi pactuado, bem como pelos seguintes motivos: I. Rescisão unilateral e escrito pela Administração, quando não cumprida as cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos; por razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está subordinado o contratante e exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato; em situações de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovada, impeditiva da execução do contrato; II. Amigável, por acordo entre as partes, desde que haja conveniência para a administração; III. Judicial. 63Finanças Públicas Esse tipo de terminação contratual é provocado pelo contratado, quando a administração pública suprime dele obras, serviços ou compras, acarretando modificação do valor inicial do contrato, além do limite permitido pela Lei e/ou não libera área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de materiais naturais especificadas no projeto. 3. Concessão de Serviço Público Neste tópico, estudaremos as concessões de serviço público segundo a Lei nº 8.987, na qual veremos os seus conceitos, formas de remuneração, e cláusulas de extinção da concessão. Conceito e Previsão Legal Segundo a Constituição Federal, em seu artigo 175, “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”. Além de prevista na Constituição, conforme visto acima, a concessão do serviço público, exceto os de radiodifusão sonora e de imagens, encontra-se regulada pela Lei nº 8.987 de 13 de fevereiro de 1995, que em seu artigo 2º dispõe: Art. 2° para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: I. Poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em cuja competência se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra pública, objeto de concessão ou permissão; II. Concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado. O renomado jurista Celso Antônio Bandeira de Mello (2015, 725- 726) apresenta a seguinte definição para concessão do serviço público: 64 Finanças Públicas Concessão de serviço público é o instituto através do qual o Estado atribui o exercício de um serviço público a alguém que aceita prestá- lo em nome próprio, por sua conta e risco, nas condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Poder Público, mas sob garantia contratual de um equilíbrio econômico-financeiro, remunerando-se pela própria exploração do serviço, em geral e basicamente mediante tarifas cobradas diretamente dos usuários do serviço. Dessa forma, a concessão é uma forma de prestação indireta do serviço público, feita por meios de delegação contratual, tratando-se de típico contrato administrativo. Ressalte-se que o poder público delega para o particular apenas a possibilidade de execução dos serviços, e não a sua titularidade em si, razão pela qual o mesmo pode retomar o serviço público delegado, sempre que for importante para o interesse público. A delegação em questão só pode ser em favor de pessoa jurídica ou consórcio de empresas, denominados concessionários de serviço público, sendo vedada a concessão de serviço público para pessoa
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