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96 Unidade III Unidade III Nesta unidade, vamos abordar o processo de comunicação e a importância de uma comunicação eficaz, necessária a todo empreendedor, não apenas a comunicação verbal (escrita e oral), mas também a comunicação não verbal. Macedo (2007) aponta que um dos problemas mais comuns nas organizações é a comunicação. Assim, a conscientização da importância do cliente para os negócios da empresa trouxe como desejável consequência a valorização da comunicação em todas as suas formas e níveis, tendo inclusive surgido nas empresas uma nova área, o marketing interno, para cuidar das estratégias relacionadas à comunicação interna. Ao elaborar uma apresentação, você deve ter conhecimento dos processos de comunicação, sua interação com as pessoas, pois a comunicação envolve não apenas a mensagem em si, mas também a transmissão de conteúdos emocionais ou intelectuais, na maioria dos casos presentes na comunicação. 5 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO A arte da comunicação é transmitir informação, ou seja, fazer o outro saber sobre suas ideias, desejos, necessidades etc. A comunicação pode ocorrer de duas formas, uma delas é a verbal, que normalmente nos vem à mente, pois é a forma consciente que exercemos durante a comunicação. No entanto, nos expressamos de outras maneiras que não pelo ato de falar, mas sim por meio da expressão facial, da postura, da respiração, da entonação da voz, do olhar e de outros gestos incondicionais decorrentes de movimentos gerados por nosso subconsciente, a chamada comunicação não verbal. Assim, vamos abordar o processo de comunicação verbal e não verbal e sua importância para as organizações, em especial para quem representa a empresa em eventos, congressos, viagens, reuniões etc. Conforme Lacombe (2011), todo processo de comunicação verbal ou escrita é falho e sujeito a distorções, devido principalmente ao fato de que é necessário que o emissor codifique seu pensamento em palavras, que transmita sua mensagem sob forma codificada e que o receptor decodifique essas palavras em novo pensamento, fazendo, nessa codificação e decodificação, ocorrerem distorções relativamente fortes. Outro elemento que existe na comunicação é o ruído, que vem a ser tudo aquilo que não faz parte nem do emissor nem do receptor, mas que interfere na mensagem. 97 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Segundo Lacombe (2011), a comunicação envolve um fluxo de mão dupla, com um emissor e um receptor, em que o que recebe a informação responde a ela de alguma forma, de imediato ou após certo tempo. Os elementos essenciais para uma comunicação são mostrados na figura a seguir. Emissor Receptor Mensagem Figura 87 Vamos descrever esses elementos. O emissor é a fonte inicial do processo, é o que envia ao receptor uma mensagem codificada por meio de algum canal. Na outra ponta, vamos ter o receptor que decodifica a mensagem e dá feedback ao emissor enviando-lhe outra mensagem. Nesse processo de envio da mensagem, conforme destaca Lacombe (2011), há uma verdadeira corrida de obstáculos, à medida que vão ocorrendo processos mentais do receptor mostrados na figura a seguir. Seleção Interpretação Decisão de uso Avaliação Figura 88 Vamos verificar o que significa cada um desses processos. Vamos supor que o receptor receba várias mensagens. O processo de seleção significa que entre essas mensagens uma delas será selecionada por uma série de motivos, tais como: formato, tom de voz usado pelo emissor, interesses pessoais etc. 98 Unidade III No processo de avaliação, a mensagem deve usar um código ou linguagem acessível e ter alguma conexão com os valores e opiniões do receptor. Após o processo de seleção e avaliação, vamos para o de interpretação, ou seja, a decodificação, que é um processo que pode ser prejudicado pela falta de clareza, preconceitos etc. Por último, temos o processo de decisão de uso, que corresponde ao direito de o receptor usar, descartar, guardar ou transmitir a mensagem, decisões que normalmente fogem ao controle do emissor. Esses aspectos e os ruídos que podem ocorrer em uma comunicação são fatores que podem distorcer a mensagem direcionada a determinado destinatário. Para o empreendedor, a arte de saber comunicar-se faz toda diferença nas estratégias de negócio. Nesse sentido, Matos (2015) afirma que todo bom empreendedor chama a atenção pela sua aptidão em entusiasmar as pessoas com ideias e projetos. Quase sempre, os empreendedores são persuasivos e convincentes pelo carisma de abertura para o diálogo e pela atitude de comunicação. Lembrete Uma das técnicas de apresentação é a persuasiva. De acordo com Matos (2015), o empreendedor comunicativo é capaz de estabelecer ampla rede de relacionamentos profissionais e de articulação de novos negócios. Sua competência em dialogar, expressar opiniões e ideias e em estabelecer relacionamentos favorece a superação de conflitos, a busca de entendimento em processos de negociação e a capacidade de integrar pessoas e equipes em torno de metas e objetivos comuns. Vamos verificar algumas competências ligadas à comunicação dos empreendedores de sucesso, na visão de Matos (2015): • Sabem analisar os principais conceitos e definições do processo de comunicação humana e empresarial. • Desenvolvem estilo próprio e assertivo de convencimento dos seus interlocutores. • Dominam os princípios e técnicas da comunicação como instrumento estratégico para iniciativas inovadoras. • Buscam conhecer os conceitos da comunicação corporativa para consolidar a prosperidade dos seus negócios. • Aplicam a comunicação como um mecanismo em permanente desenvolvimento pelo qual as relações humanas e profissionais existem e se desenvolvem. 99 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO • Buscam corrigir as falhas habituais na comunicação que acarretam improdutividade e erros no trabalho. • Desenvolvem o hábito do diálogo e da abertura para a comunicação como fonte de resolução de conflitos e problemas nas esferas empresarial, profissional e pessoal. • Buscam planejar e executar projetos de comunicação voltados para os públicos interno e externo (stakeholders). • Têm iniciativa empreendedora para o planejamento e desenvolvimento de projetos de comunicação empresarial. 5.1 Tipos de barreira na comunicação Na comunicação, saber ouvir é tão importante quanto falar, ou até mais, pois ouvir ativamente é uma capacidade pouco desenvolvida. Macedo (2007) diz que muitas dificuldades na assimilação da mensagem também podem ser explicadas pela chamada teoria da dissonância cognitiva. Mas o que vem a ser isso? Segundo Macedo (2007), é quando as pessoas tendem a evitar que a estrutura de seu pensamento seja incoerente com sua ação, ativando sempre algum mecanismo que elimine ou reduza esse desequilíbrio. O autor cita como exemplo o caso do fumante diante de um novo artigo sobre os malefícios do cigarro: ou ele ignora o artigo (seleção); ou lê, mas o interpreta a seu modo (interpretação); ou lê e decide largar o cigarro (avaliação e decisão), estabelecendo novo patamar de equilíbrio. Macedo (2007, p. 76) menciona alguns pontos interessantes para a busca desse equilíbrio. Vamos verificar quais são eles: • as pessoas que não têm opinião formada sobre algo são mais influenciáveis, e isso aumenta as chances de a mensagem ser aceita sem restrições; • entre uma mensagem que corrobora a opinião que já temos sobre o assunto e outra que contrarie essa opinião, tendemos a escolher a primeira; • as pessoas se interessam mais por uma mensagem quando nela percebem uma vantagem de ordem pessoal; logo, toda mensagem deve sugerir esse tipo de ganho; • as emoções ajudam a gravar mensagens na memória; como o modelo mecanicista-burocrático não enfatiza esse lado, a precariedade dos processos de comunicação dentro das organizações não deve causar tanta surpresa; • as pessoas tendem a aprender agregando informações novas às experiências passadas,o que facilita a memorização da mensagem; os primeiros automóveis, por exemplo, eram chamados de carruagens de ferro. 100 Unidade III Assim, segundo Macedo (2007), as mensagens que envolvem experiências concretas, tais como testes, provas e simulações, chegam a atingir 90% de retenção, índice que vai decrescendo à medida que os recursos se reduzem somente a símbolos verbais, visto que a audição retém somente 20% da mensagem. Mas existem algumas barreiras que podem influenciar a comunicação, tanto em relação ao emissor quanto ao receptor, e que podem ter diminuído sua eficácia no ambiente. No quadro a seguir, apresentamos essas barreiras, para que você possa analisá-las quando for realizar uma palestra, participar de uma reunião, escrever um relatório etc. Quadro 8 Barreiras presentes no emissor Uso de linguagem e símbolos inadequados, diferentes significados, escolha de canal Características pessoais como timidez, impaciência etc. Tom de voz inadequado ou comunicação não verbal incoerente Escolha de momento impróprio para transmitir a mensagem Suposição de que o receptor já domina o assunto tratado Barreiras presentes no receptor Desatenção, impaciência ou pressa Tendência a avaliar e julgar Preconceitos e valores pessoais em dissonância com o conteúdo da mensagem Pré-conclusões sobre as reais intenções do emissor, desconfiança Resistência em aceitar a mensagem por excesso de autoconfiança Barreiras presentes tanto no emissor quanto no receptor Pouca disponibilidade de tempo Interesse em distorcer a mensagem Diferenças na hierarquia dos cargos e nos níveis culturais Clima hostil, falta de franqueza Barreiras presentes no próprio ambiente Inadequação do canal escolhido Distrações, ruídos, leiaute do ambiente, interrupções frequentes Adaptado de: Macedo (2007). Como vimos no quadro anterior, muitas dessas barreiras podem ser resolvidas com o desenvolvimento das habilidades sociais e gerenciais, descritas anteriormente. 5.2 Comunicação e técnicas de apresentação Anteriormente, falamos sobre as habilidades sociais. Agora, vamos verificar como aplicá-las na comunicação, o que será um fator-chave para o sucesso na sua trajetória pessoal e carreira profissional. Ao realizar uma apresentação, a mensagem será transmitida para o público e deverá ser entendida por ele, visto que o ouvinte deverá absorvê-la de forma ativa, o que permitirá a compreensão da mensagem transmitida. Matos (2015) alerta que não basta saber, é preciso saber fazer e querer fazer acontecer de verdade. Na comunicação empreendedora, o emissor assume o papel de protagonista e agente de transformação. 101 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Ele sabe falar e calar, sabe ouvir os outros e a si mesmo e, o mais importante, sabe dar e receber retorno na comunicação. Portanto, ao fazer uma apresentação ou participar de uma reunião de negócios, será que sua mensagem foi entendida pelos participantes da forma que você esperava? Podemos dizer que não, pois inúmeras barreiras presentes no emissor, no receptor e no ambiente podem ter diminuído sua eficácia. Por sua vez, Tajra (2014) lembra que todos os elementos de uma comunicação são importantes para uma boa apresentação, mas o principal deles é o apresentador ou emissor, que tem papel crucial. Não adianta estar em um local excepcional e dispor dos melhores recursos para transmitir a informação se o apresentador dela não estiver preparado. Figura 89 Estar preparado significa conhecer bem o assunto tratado, treinar o discurso e contar com uma boa aparência pessoal. Tajra (2014) explica que conhecer o discurso não é decorar um texto e reproduzi-lo de forma artificial, sem uma postura espontânea. Portanto, é muito importante estudar o conteúdo, fazer pesquisas atuais, buscar um referencial teórico de fontes fidedignas e procurar identificar possíveis dúvidas que o público poderá ter. Polito e Polito (2015) afirmam que a boa comunicação precisa ser a conjugação bem dosada de conteúdo e espetáculo. Você tem de “regar” o conteúdo com a quantidade ideal de espetáculo para os ouvintes se interessarem pela mensagem e o resultado da apresentação ser positivo e atingir os objetivos desejados. Segundo Macedo (2007), no mundo dos negócios, dominar certas técnicas de apresentação pode representar uma enorme diferença, pois de nada vale ter grande conhecimento se não se souber transmiti-lo a outros. Para ele, uma apresentação deve seguir um plano de ação, como demonstrado na figura a seguir. 102 Unidade III O quê? Quem? Onde? Quanto tempo? Como? Objetivos da apresentação Público Local da apresentação Duração Estrutura da apresentação Figura 90 Vamos detalhar como elaborar esse plano de ação. Assim você poderá adequá-lo à sua necessidade. A primeira pergunta – O que? – corresponde aos objetivos da apresentação e ajuda a escolher os itens a serem abordados. Nesse momento, deve-se verificar o nível de detalhamento, elencar as técnicas de apresentação e os recursos utilizados, escolhendo aqueles que apresentem melhores resultados. Lembrete As técnicas de apresentação podem ser expositiva, narrativa e persuasiva. Entre os recursos utilizados, verifique os citados anteriormente neste livro-texto. Blikstein (2016) destaca que no planejamento de uma apresentação, o comunicador deve investir estrategicamente nos objetivos ou ideias que pretende “vender” ao cliente, cuidando justamente da distribuição proporcional do tempo e dos argumentos. A segunda pergunta refere-se ao conhecimento do público, ou seja, cada tipo de público de determinado evento exige uma preparação diferente, considerando a formação, os conhecimentos, o nível sociocultural, o número de participantes etc. A esse respeito, Polito e Polito (2015) recomendam que o primeiro passo para neutralizar a resistência dos ouvintes é identificar as características do público. É importante saber o nível intelectual predominante do grupo e o conhecimento que as pessoas têm sobre o tema. Você poderá obter essas informações com quem organizou a reunião ou o evento ou em uma conversa preliminar com os próprios participantes. Na terceira pergunta, segundo Macedo (2007), fatores ambientais como tamanho do recinto, disposição dos lugares, conforto, acústica, visibilidade e recursos audiovisuais influem no sucesso da apresentação. Portanto, se for possível, conhecer o local da apresentação antes do evento deixará você mais confiante na preparação do material. A quarta pergunta envolve ministrar o tempo e a duração da palestra. Macedo (2007) comenta que o tempo preestabelecido é a variável que determina o grau de profundidade da abordagem e o envolvimento do público. Assim, um palestrante precisa saber aproveitar da melhor maneira possível o tempo que tem à sua disposição, pois necessita prender a atenção do público. Se não souber utilizar os recursos adequados, o público poderá demonstrar desinteresse sobre sua apresentação. 103 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Observação Ao elaborar sua apresentação, atribua-lhe um título que chame a atenção e tenha relação com o conteúdo apresentado. Os objetivos devem ser claros para você. Cada parte da apresentação precisa estar interligada à seguinte, ou seja, relacione os assuntos apresentados. Uma forma de facilitar essa integração é constituir um roteiro de todas as partes apresentadas, criando uma lógica para o conteúdo (TAJRA, 2014). A quinta pergunta aborda a estrutura da apresentação, que pode ser dividida nos tópicos mostrados na figura a seguir. Estrutura da apresentação Introdução Tema central Conclusão Proposição Figura 91 O primeiro tópico trata-se da introdução, que inclui a saudação e, dependendo do evento, poderá ser formal ou informal. Na introdução, você poderá utilizar alguns recursos, por exemplo uma apreciação positiva sobre o público, como uma pergunta, uma citação, o relato de uma experiência pessoal ou de um fato pitoresco,contar uma história etc. – lembre-se do storytelling que vimos anteriormente (MACEDO, 2007). Lembrete Storytelling é a técnica de contar uma história. Na etapa da proposição, quando o público está atento a sua fala, faça um resumo, em duas ou três frases, contendo o tema de sua apresentação, os tópicos abordados e até mesmo as conclusões, o que facilitará o acompanhamento por parte do público. 104 Unidade III Para o tema central dedique mais tempo, geralmente de 70% a 80% do tempo disponível (MACEDO, 2007). Nessa etapa, sua habilidade de persuasão fará toda diferença, portanto utilize os recursos que favoreçam seu desempenho: apresente gráficos, dados estatísticos, exemplos, faça comparações relacionadas ao tema etc. Por fim, na conclusão, faça um fechamento que desperte a atenção e a expectativa do público. Não ocupe mais de dez minutos do tempo da sua apresentação nessa etapa, faça uma breve recapitulação dos principais tópicos. Assim, poderá dedicar mais tempo aos questionamentos do público. Recomenda-se que o início da apresentação seja atraente, pois a primeira impressão, quando positiva, gera maior aceitação. Elabore uma fala inicial impactante que prenda a atenção do público. Uma boa estratégia é contar uma história ou fazer algum comentário sobre certos fatos da atualidade, mas tome cuidado para não fazer uma piada de mau gosto ou preconceituosa. É preciso preocupar-se em cativar as pessoas. No início da apresentação, faça algumas observações gerais. Informe como a apresentação foi organizada, os referenciais teóricos utilizados (se for o caso) e a duração da palestra. Não se esqueça, também, de pensar em um bom fechamento. O começo e o término da palestra são considerados “âncoras” de uma boa apresentação. Quando o objetivo da apresentação é claro para o palestrante, evita-se, também, que ele perca as referências do discurso; o famoso “branco”. Com o objetivo claro, o apresentador consegue, a todo momento, associar sua fala ao propósito da palestra. Ao longo de toda a apresentação, mencione os pontos fundamentais; seja assertivo; interligue os conteúdos; evite repetições e revise sempre o material (TAJRA, 2014, p. 73). Saiba mais O livro a seguir é uma leitura simples e agradável para desenvolver sua capacidade de comunicação com o público: POLITO, R. Superdicas para falar bem em conversas e apresentações. 2. ed. São Paulo: Benvirá, 2018. Segundo Matschnig (2017), quem faz apresentações nos dias de hoje precisa ir logo ao ponto e convencer no mínimo de tempo. A autora traz algumas perguntas interessantes a esse respeito: • Como deve ser a apresentação ideal? • O que torna uma apresentação impressionante? 105 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Para ela – e como já destacamos anteriormente –, uma apresentação deve ser claramente estruturada e compreensível, concentrada nas informações decisivas para o objetivo traçado inicialmente, visto que o tempo é curto para que sua apresentação seja capaz de convencer o público-alvo e tomadores de decisão. Por sua vez, o que torna uma apresentação impressionante está relacionado em grande parte a um produto inovador, uma ideia criativa ou um conceito definitivo. Matschnig (2017) destaca que o como importa, no mínimo, tanto quanto o o que. Nesse sentido, em que consiste esse como? Primeiro, na apresentação em si, que deve ser técnica e visualmente perfeita, e tão criativa e divertida quanto possível; segundo, no palestrante, cujo desempenho é um critério comumente mais decisivo do que geralmente supomos. Assim, os cuidados não se restringem apenas ao conteúdo, à linguagem escrita e oral, mas também à postura do apresentador. Portanto, para que ocorra uma boa apresentação retórica, os sinais não verbais também têm papel crucial. Afinal, com a expressão facial, o gestual, a postura e a voz, enviamos o tempo todo mensagens aos ouvintes – geralmente sem perceber. Figura 92 5.3 Comunicação no contexto da negociação A comunicação é fator preponderante no processo de negociação. Quando negociamos, fazemos uso da linguagem verbal e não verbal. Portanto, compreender os sinais emitidos nesse processo facilitará a comunicação eficaz. De acordo com Racy (2006), quando falamos em comunicação, é fácil imaginar alguém que fala com outra pessoa e alguém que ouve, mas não é tão fácil assim estabelecer realmente esse processo de forma eficiente. O autor destaca que a comunicação nas relações internacionais, ou seja, nas negociações internacionais, tem sua complexidade aumentada pelos laços entre diferentes formas de relações estabelecidas nesse campo da realidade, oferecendo alternativas de relacionamento entre pessoas, instituições privadas, 106 Unidade III órgãos governamentais, organizações da sociedade civil, organizações não governamentais (ONGs) e organismos internacionais de fomento e desenvolvimento social etc. Por exemplo em uma organização, não há outra maneira de promover o crescimento e a maturação das equipes sem a comunicação e a negociação. Matos (2014) observa que em uma relação de liderança nada é imposto, tudo é negociado, pois a participação é livre e responsável. Segundo Matos (2014), 90% do tempo do gerente, ou até mais, exige seu envolvimento no acerto de dificuldades e tensões interpessoais e intergrupais. Administrar conflitos é sua tarefa predominante e a negociação, seu instrumental básico. Negociar é, assim, uma constante na atividade gerencial. Por outro lado, Matos (2014) destaca que as organizações, a fim de se adaptarem a um meio externo em transformação vertiginosa, precisam desenvolver um ambiente interno consistente e coerente, sem o que serão incapazes de responder prontamente aos desafios da mudança de um mundo globalizado. No contexto internacional, a relação entre comunicação e negociações está atrelada ao conhecimento da cultura do país com o qual será realizada alguma negociação, pois há uma diversidade de costumes e tradições que deve ser levada em consideração no processo de comunicação com estrangeiros, por exemplo. Mais adiante, vamos abordar os estilos de negociadores e os impactos da comunicação verbal e não verbal nas negociações. 5.4 Comunicação e resolução de conflitos Conforme Berg (2012), a capacidade de comunicar-se eficazmente na gerência de conflitos, como em qualquer outra área da nossa vida, é essencial para a resolução de divergências. Berg (2012) destaca que sem a comunicação adequada as possibilidades de entendimento e acordo final reduzem-se sobremaneira. O autor ainda afirma que mesmo quando a solução é imposta ou a pessoa se omite, algum tipo de comunicação existe. Nesse sentido, a comunicação pode ser autocrática ou de afastamento, e essas formas de agir não são as ideais. Fiorelli (2008) aponta que a comunicação tem um papel fundamental na resolução de conflitos, em especial na mediação, pois esta é um processo baseado na comunicação: para que aconteça o acordo entre os mediandos, cada um deve compreender os interesses do outro e identificar pontos de convergência, e isso só ocorrerá se houver comunicação efetiva entre as partes. Nas organizações, bem como na vida cotidiana, muitas questões poderiam ser resolvidas se a comunicação fosse aperfeiçoada, pois o conflito, quando enraizado, costuma ter suas origens nas falhas de comunicação. 107 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Conforme Fiorelli (2008), nos relacionamentos interpessoais são comuns os canais ativos, que agregam conteúdos à comunicação, agravam ou atenuam o conflito. Essa situação se encontra nas famílias, nas organizações e nos mais diversos ambientes. Segundo o autor, as organizações dependem de canais ativos para funcionar; supervisores, por exemplo, desempenham esse papel na comunicação entre gerentes e empregados. Quando transmitem orientações, inserem diferenças de conteúdo e de estilo que afetam a interpretação. Fiorelli (2008) observa que é frequente asurpresa de gerentes ao constatar que suas orientações não foram adequadamente interpretadas pelos colaboradores, acarretando divergências e conflitos. As discrepâncias entre as mensagens enviadas e as recebidas, sejam elas verbais, sejam elas não verbais, contribuem para os problemas de comunicação, e entendê-las será fundamental para a administração de conflitos – que vamos abordar mais adiante neste livro-texto. 6 COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO VERBAL De acordo com Daychoum (2016), a comunicação verbal é realizada por palavras. Esse tipo de comunicação pode ser subdividido em oral e escrita, e em formal e informal. Esse autor também afirma que temos outras classificações, como a vertical e horizontal, a interna e externa. Exemplos dessas situações são mostrados no quadro a seguir. Quadro 9 Situação Classificação Discurso de um governante Comunicação formal oral Escritura de propriedade Comunicação formal escrita Bilhete ou recado anotado Comunicação informal escrita Entre chefes e subordinados Comunicação vertical Entre pares e parceiros Comunicação horizontal Dentro da organização ou do projeto Comunicação interna Com o cliente, a mídia, o público etc. Comunicação externa Adaptado de: Daychoum (2016). Por sua vez, Daychoum (2016) explica que a comunicação não verbal é realizada pela linguagem corporal. O autor destaca que a linguagem corporal tem um enorme peso na comunicação e na relação interpessoal, além de considerá-la até mais importante do que a linguagem verbal, pois a linguagem corporal é observada mesmo quando não tomamos consciência disso e nos afeta nos instintos mais básicos. A linguagem não verbal tem impacto na comunicação, assim esse processo de comunicação precisa ser equilibrado para evitar mal-entendidos emocionais. 108 Unidade III De acordo com Daychoum (2016), os principais elementos não verbais são: expressão facial, movimentos dos olhos, da cabeça e do corpo, postura, velocidade, ritmo e tom da voz, e aparência pessoal. Conhecer algumas técnicas de comunicação não verbal será de muita ajuda nos processos de negociação e na realização de apresentações, sejam elas para uma grande plateia ou para um grupo restrito. As pessoas se relacionam por um processo de comunicação, ou seja, elas são agentes que provocam a comunicação, gerando e recebendo informações. Nesse processo, é importante que o emissor e o receptor estejam familiarizados com o significado dos termos da mensagem, para que haja compreensão; caso contrário, as pessoas terão entendimentos diferentes e, assim, a comunicação será́ prejudicada (TAJRA, 2014). Segundo Tajra (2014), a comunicação envolve três aspectos, conforme destacado na figura a seguir: Significados Pessoas Símbolos Compreensão e relacionamento Entendimento da informação Gestos, sons, palavras, números Figura 93 Ainda segundo Tajra (2014), a comunicação também envolve símbolos, sejam as palavras emitidas oralmente e por escrito, sejam os gestos assumidos ao falar. Comunicar-se bem favorece a constituição e a manutenção de bons relacionamentos, evita conflitos e, quando estes ocorrem, facilita sua resolução. Sem dúvida a comunicação é um fator preponderante para o sucesso profissional e pessoal. Por meio de um processo de comunicação as organizações divulgam seus objetivos, os gestores informam aos subordinados o que precisa ser feito e como uma tarefa deve ser realizada, além de ser possível ensinar as pessoas e aprender com elas. Assim, vamos falar a respeito da comunicação verbal e não verbal e sua importância nas apresentações e negociações. 109 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO A comunicação interpessoal face a face é considerada a mais completa de todas, visto que permite uma troca imediata e o esclarecimento de dúvidas entre as partes (MACEDO, 2007). A palavra falada é o método mais usual de comunicação entre as pessoas. Tendemos a considerar que a comunicação oral é o meio mais eficiente de transmitir uma mensagem, entretanto isso depende muito da capacidade de eloquência do emissor ao expressar sua intenção de modo eficiente e da capacidade do receptor em saber ouvir, interpretar e compreender de forma precisa a mensagem recebida (MATOS, 2015). Muitos problemas que ocorrem nas organizações são oriundos de falhas na comunicação tanto verbal quanto escrita. Portanto, cuidados devem ser observados para ambas as situações. Lembrete A linguagem verbal é expressa por palavras escritas ou faladas, ou seja, a linguagem verbalizada; enquanto a linguagem não verbal utiliza signos visuais para ser efetivada. 6.1 Comunicação verbal oral Tajra (2014) esclarece que a comunicação verbal oral é caracterizada pela fala (som e timbre da voz) e pelas palavras que utilizamos para transmitir nossas ideias. Ela traduz sentimentos e define o perfil de cada um, já́ que as palavras proferidas são interpretadas por outras pessoas. Sabemos que as palavras e expressões condicionam o cérebro e influenciam as ações de quem as ouve para o alcance (ou não) dos objetivos traçados. Portanto, os profissionais devem selecionar bem as palavras ao transmitir informações, a fim de que sejam utilizadas em seu favor. Nesse aspecto, tenha muito cuidado com os vícios de linguagem, os famosos “né”, “ããããã”. A esse respeito Polito (2018) ensina que um “né?”, tudo bem; dois, vá lá; três ou quatro ainda podem ser suportáveis, mas usar o “né?” com frequência, em quase todo final de frase, pode fazer com que as pessoas se irritem e se sintam desestimuladas a prestar atenção em suas palavras, seja em uma reunião da empresa, em uma negociação ou em uma entrevista. Além do “né?”, temos as expressões “tá?”, “ok?”, “entende?”, “percebe?”, “tá entendendo?” e outras como “não é verdade?” e “fui claro?”. O primeiro passo para eliminar os desagradáveis “né?” da sua comunicação é tomar consciência da existência deles. Embora não seja muito simples descobrir sozinho se o “né?” está entrando e interferindo na sua fala, com um pouco de atenção e boa vontade talvez você consiga perceber se já foi picado por esse bichinho inconveniente. Uma boa solução é gravar suas conversas mais informais ou pedir ajuda a um amigo (POLITO, 2018). 110 Unidade III Figura 94 Ao gravar sua apresentação, você irá perceber a entonação característica de pergunta na sua comunicação, quando deveria estar afirmando, e poderá mudar a maneira de falar e expressar-se com afirmações – com muito treino, a tendência é melhorar cada vez mais sua comunicação oral. Vale conhecer o que Lucas (2014) aponta sobre como elaborar suas primeiras exposições orais, talvez seja favorável compreender o que ocorre na comunicação entre duas pessoas. Independentemente do tipo de comunicação oral em questão, existem sete elementos, mostrados na figura a seguir. Orador Situação Interferência Feedback Mensagem Canal Ouvinte Figura 95 Esses elementos interagem quando um orador se dirige a um público. Já falamos sobre o emissor, o receptor, a mensagem, a interferência (ruídos) e o feedback. Agora, vamos abordar os canais de comunicação. De acordo com Lucas (2014), o canal é o meio pelo qual a mensagem é transmitida. Quando você apanha o telefone para ligar para um amigo, o aparelho cumpre a função de canal. Em uma exposição 111 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO oral, você pode utilizar um ou mais canais entre os vários existentes, e cada um deles terá um efeito sobre a mensagem recebida pelo público. Pense no discurso de um presidente perante o Congresso. Esse discurso é transmitido à nação pelos canais de rádio e televisão. Para o público do rádio, a mensagem é passada totalmente por meio da voz do presidente; para o da televisão, ela é transmitida pela voz e pela imagem televisionada. As pessoas presentes no Congresso têm um canal mais direto, já que não apenas ouvem a voz do presidente amplificada pelo microfone, como o veem pessoalmente e o cenário que o permeia.Em uma exposição oral comum, seu canal é o mais direto de todos – seu público o verá e o ouvirá sem nenhuma mediação eletrônica (LUCAS, 2014). No quadro a seguir, vejamos um exemplo desses sete elementos. Quadro 10 Situação Eram 17h15, e a conferência de vendas de outono da Omnibrands havia durado o dia todo. Uma série de palestras sobre novos produtos dirigida a compradores dos clientes mais importantes da Omnibrands havia exigido um tempo maior do que o previsto Orador Alyson Kaufman, gerente de marketing de fragrâncias, estava preocupada. Ela foi a última palestrante do dia. Quando chegou sua vez de se apresentar, sabia que enfrentaria uma situação difícil. Ela tinha 45 minutos para apresentar seus produtos e o encontro estava programado para terminar em 15 minutos. E mais: as vendas de fim de ano de toda a sua linha de produtos dependiam em grande medida dessa palestra Canal Alyson aproximou-se do microfone e começou a falar. Ela podia ver alguns membros da plateia olhando para o relógio e sabia... Interferência ... que eles estavam ansiosos para o jantar após um longo dia de palestras Adaptando-se à interferência “Boa tarde”, disse Alyson, “obrigada pela atenção de vocês. Eu sei que todos estão ansiosos para jantar – com certeza também estou. Eu tenho 45 minutos para fazer minha palestra – tudo bem, todos murmuraram –, mas com a generosa cooperação de vocês me esforçarei ao máximo para finalizá-la em meia hora. Acho que vocês constatarão que esse tempo valerá a pena, porque os produtos sobre os quais falarei incrementarão significativamente suas vendas de fim de ano”. Alyson sentiu-se aliviada ao ver várias pessoas sorrindo enquanto se recostavam novamente na cadeira Mensagem No momento em que obteve a atenção do público, Alyson apresentou cada novo produto o mais breve possível. Ela enxugou sua apresentação para enfatizar as características que seriam mais atraentes para os compradores e aquelas das quais eles poderiam se lembrar mais e finalizou sua fala distribuindo amostras dos produtos e prometendo entrar em contato com todos que necessitassem de mais informações. Em seguida, acrescentou rapidamente seu endereço de e-mail no slide do PowerPoint e ficou animada por ver as pessoas tomando nota Feedback Como prometido, Alyson finalizou sua palestra em meia hora. “E aqui encerramos as atividades!”, concluiu ela. “Vamos comer!”. Posteriormente, o diretor de marketing cumprimentou Alyson por ter sabido lidar tão bem com a situação tão difícil. “Você fez um excelente trabalho”, disse o diretor. “No ano que vem, faremos com que todas as palestras sejam tão concisas e eficazes quanto a sua” Adaptado de: Lucas (2014). 112 Unidade III Observe que Alyson conseguiu usar suas habilidades sociais para conter as barreiras que surgiram no decorrer da sua apresentação, em especial em relação ao tempo, o que poderia deixá-la nervosa e prejudicar sua performance. 6.2 Comunicação verbal escrita Tajra (2014) enfatiza que nas empresas a comunicação escrita é muito valorizada, pois permite registrar todas as ocorrências e, assim, compor o histórico das ações na organização. De acordo com Lacombe (2011), a comunicação começa pela capacidade de ouvir, de compreender o que o outro deseja comunicar e de saber interpretar o que ele deseja. A figura a seguir destaca as principais características de uma boa comunicação apostadas pelo autor. Objetividade Linguagem adequada Fidelidade ao pensamento original Conhecimento do interlocutor (público-alvo) Compreensão do interlocutor (saber ouvir) Clareza e simplicidade Preferência pela voz ativa Correção Concisão Tradução do pensamento nas palavras certas Eliminação da filtragem (garantir que o pensamento original chegou com precisão ao interlocutor e foi por ele captado) Figura 96 Vamos imaginar que você tenha que fazer uma apresentação em uma reunião de negócios na empresa em que trabalha ou para um cliente. Para acompanhar sua fala, precisa redigir um documento e entregar uma cópia impressa aos participantes. 113 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Figura 97 No quadro a seguir, vamos verificar os cuidados que você precisa ter ao redigir o documento. Quadro 11 Usar termos claros e simples De modo que os leitores saibam o que deve ser feito e como fazê-lo. Evitar palavras difíceis e frases rebuscadas. Dar ao texto, na medida do possível, forma parecida com a linguagem corrente, sem se tornar coloquial Evitar erros gramaticais Na dúvida, modificar o texto sem alterar seu conteúdo. Um bom dicionário e uma boa gramática ajudarão em caso de dúvidas Ser conciso Dizer apenas o estritamente necessário. Ir direto ao assunto, sem prólogos ou epílogos. Expressar-se com o menor número de frases ou palavras omitindo expressões redundantes. Quanto mais longas as frases, mais cansativa a leitura Colocar-se no lugar do leitor Tenha-o sempre no pensamento. Procurar avaliar quais seriam suas maiores dificuldades no entendimento da matéria Redigir em um dia e rever o texto em outro Isso ajudará a identificar discrepâncias Submeter à análise de outras pessoas Antes de sua emissão, se possível, peça para que outra pessoa leia o texto, pois o que está claro para quem o redigiu pode não o estar para outras pessoas Adaptado de: Lacombe (2011). Lembre-se que ao fazer uma apresentação e utilizar recursos como slides, a verificação do texto é primordial, pois nada mais desagradável do que identificar um erro gramatical no decorrer da sua fala. 114 Unidade III 6.3 Comunicação não verbal Muitas vezes, a linguagem corporal revela mais que a verbal, pois ela não mente, mas expressa sentimentos. Conforme Macedo (2007), quando falamos com alguém, fazemos uso dos dois canais de comunicação mostrados na figura a seguir. Canal verbal Canal não verbal Figura 98 Pesquisam revelam que somente 7% da comunicação interpessoal pode ser traduzida por palavras, pois 38% provêm da inflexão da voz, enquanto os restantes 55% resultam da expressão facial e da linguagem corporal (MACEDO, 2007). Matschnig (2017) observa que a despeito da globalização, da interação por redes virtuais etc., o efeito que causamos segue sendo determinado por um aspecto bastante simples: se parecemos ou não simpáticos para o interlocutor. Assim, continua Matschnig (2017), o subconsciente decide instintivamente a resposta para essa pergunta. Quem garante a simpatia é nossa presença, que é definida em mais de 80% pela linguagem corporal. Mas o que significa exatamente linguagem corporal? Exatamente: falar sem palavras – comunicação não verbal. Por sua vez, Matos (2015) diz que para podermos afirmar que a comunicação está ocorrendo de maneira efetiva, temos de ser coerentes nas palavras e em toda a nossa expressão não verbal. Vejamos quatro características que compõem a comunicação não verbal: A primeira é justamente complementar à comunicação verbal. É quando dizemos “bom dia” sorrindo para o outro e olhando nos seus olhos; A segunda é contradizer o verbal. É quando dizemos, por exemplo, “muito prazer” e apertamos a mão do outro como se fosse um “peixe morto” ou com medo ou desconforto ao toque; A terceira é substituir o verbal. É quando utilizamos, por exemplo, o movimento positivo da cabeça, olhando para a outra pessoa e dizendo não verbalmente “estou ouvindo”, “estou prestando atenção”; 115 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO A quarta e última, mas não menos importante, função ou característica do não verbal é a demonstração dos nossos sentimentos por meio de expressões faciais de alegria, discordância, tristeza ou dor (MATOS, 2015, p. 6-7). Se observarmos uma pessoa, mesmo que ela não diga nada, ela continuará se comunicando, pois seus olhos, mãos, pernas e postura corporal transmitem sinais que o interlocutor poder interpretar. Dependendo da linguagem corporal, você poderá dar sinais de que está interessado ou entediado,relaxado ou estressado, aberto ou fechado, simpático ou agressivo. Figura 99 6.3.1 Linguagem corporal A interpretação da postura corporal funciona como um dicionário da pessoa. Por exemplo, a posição do tórax traduz algumas mensagens. Mantê-lo elevado significa vaidade, dá a impressão de que a pessoa quer se impor; mantê-lo encolhido indica timidez, retraimento; já́ o tórax em postura normal representa o equilíbrio (TAJRA, 2014). Camargo (2018) faz uma distinção interessante entre as expressões “linguagem corporal” e “linguagem não verbal”, muitas vezes usadas como sinônimos. No entanto, existem pequenas diferenças entre elas. A linguagem corporal refere-se aos movimentos corporais e faciais como gestos, movimentos e trejeitos pelos quais o ser humano se comunica. Por outro lado, a linguagem não verbal é tudo aquilo capaz de transmitir informações, por exemplo uma placa de trânsito que transmite uma mensagem não verbal (CAMARGO, 2018). 116 Unidade III A figura a seguir apresenta os principais componentes da linguagem corporal. Movimento das mãos Fala Movimento dos olhos Vestuário Microexpressões faciais Corporais Postura Movimentos corporais Outros Figura 100 De modo geral, Tajra (2014) lembra que é imprescindível manter a cabeça erguida (cuidado, porém, para não transmitir arrogância) e não olhar para o chão ou para o teto enquanto fala. É sempre recomendável fixar pontos de referência para o olhar. Se a apresentação acontecer em um local pequeno, olhe, preferencialmente, para as pessoas; assim, vocế ganha a confiança delas e promove a interação, tornando a apresentação mais dinâmica. Mantenha a postura ereta, com joelhos estendidos, ombros levemente para trás e barriga contraída. Evite colocar as mãos nos bolsos, pois demonstra insegurança. Mantenha os pés no mesmo alinhamento dos ombros e não cruze as pernas. Por fim, relaxe! Sorria para a plateia. Isso ajudará muito no processo de comunicação a ser estabelecido por vocế. 6.3.2 Expressões faciais Matschnig (2017) enfatiza que todas as pessoas – não importa o país ou ambiente cultural – vêm ao mundo com oito expressões faciais universais. Elas são mostradas na figura a seguir. 117 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Alegria Surpresa Raiva Preocupação Tristeza Repugnância Desprezo e cinismo Medo Figura 101 O estado emocional é facilmente perceptível pelas expressões faciais. Vamos ver algumas delas. A figura a seguir ilustra as expressões de alegria e repugnância. Figura 102 Podemos observar que uma pessoa sorridente expressa alegria; os olhos e a boca riem juntos com a expressão do rosto relaxado. Para o apresentador, o sorriso é uma forma de garantir a empatia com o público. Já na expressão de repugnância observamos que o nariz está franzido e o lábio superior está erguido. A repugnância também nos remete à expressão de nojo, muito característica no meio político nos processos de eleição. A cara de nojo afasta as pessoas, portanto fique atento principalmente quando participar de uma negociação internacional e tiver que lidar com culturas diferentes e for convidado para jantar, por exemplo. 118 Unidade III Na figura a seguir pode ser observada a expressão de surpresa. Figura 103 Veja que o homem está com os olhos arregalados e sobrancelhas erguidas, o que denota uma expressão de surpresa. Quem já não sentiu medo? Essa é uma expressão que muitos apresentadores podem expressar quando sobem ao palco, por exemplo aquela dorzinha na barriga, calafrio – isso acontece por nervosismo ou quando não estão preparados adequadamente para sua apresentação. Diferentemente da expressão de surpresa, a figura com expressão de medo está com as sobrancelhas erguidas e contraídas, os olhos arregalados e as pálpebras tensas. Figura 104 Camargo (2018) diz que o medo surge diante de determinados estímulos e quando sentimos que algo está em risco, por exemplo nossa integridade física, um cargo, bens móveis e imóveis etc. Por meio de vivências e experiências é possível controlar o medo, que muitas vezes é avaliado como racional ou irracional. O medo irracional é chamado de fobia. Todos nós sentimos medo, mas o importante é a forma como lidemos com essa emoção. Assim, na medida do possível, você não deve demonstrá-lo, pois a maioria das pessoas veem isso como sinal de fraqueza (CAMARGO, 2018). 119 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Existem várias técnicas para controlar o medo, como a respiração profunda e uma intensa preparação antes de qualquer contato com o público. Procure relaxar antes da apresentação, pratique exercícios de respiração, inspire e expire de forma a atingir o equilíbrio, faça meditação. Por sua vez, a expressão de raiva pode ser notada com as rugas de braveza que se formam e ficam visíveis entre as sobrancelhas e os lábios apertados. Figura 105 Vimos algumas expressões faciais que podem auxiliar na identificação das emoções e sentimentos nas relações interpessoais e intergrupais. Contribuindo com esse assunto, Macedo (2007) apresenta algumas mensagens positivas e negativas decorrentes de expressões faciais, mostradas na figura a seguir. Positivas – Sorriso – Boca relaxada – Alerta – Pronto para ouvir Negativas – Lábios apertados – Músculos da face tensos – Sorriso formal – Sobrancelhas levantadas Figura 106 Saiba mais O filme indicado a seguir, além de ser uma linda fábula, é excelente para analisar os elementos comunicativos, entre eles a comunicação não verbal. Observe como a comunicação flui entre as personagens. A FORMA da água. Direção: Guillermo del Toro. EUA, 2018. 123 min. 120 Unidade III Exemplo de aplicação Observe as expressões faciais dos seus amigos, familiares, na rua, no transporte coletivo, na academia, no parque, no shopping center etc. Reflita sobre a comunicação verbal por meio da análise dessas expressões. 6.3.3 Gestos e movimentos Gestos e movimentos podem influenciar nossa postura nas relações de negócios, bem como a das partes interessadas. Segundo Matschnig (2017), a expressão facial de fato pode ser relativamente bem controlada, enquanto a postura geral do corpo e os movimentos de mãos, pernas e pés são nitidamente menos domináveis. Nesse aspecto, a autora diz que essas são partes do corpo que poderão revelar se o interlocutor não está necessariamente dizendo a verdade ou colocando tudo para fora. Polito e Polito (2015) chamam a atenção para o que consideram os dois erros mais comuns no que se refere aos gestos: a falta e o excesso deles. Como são importantes para ajudar na comunicação da mensagem, a ausência de gestos pode prejudicar a qualidade da comunicação. Por outro lado, o excesso desvia a atenção, dificultando a compreensão das informações. Todavia, é preferível você não fazer nenhum gesto a se apresentar com gesticulação exagerada. Se não gesticular mas apresentar uma boa mensagem, os ouvintes ainda conseguirão acompanhar seu raciocínio. Entretanto, se exagerar nos movimentos, dificilmente as pessoas poderão se concentrar nas suas palavras. Nesse sentido, os autores relacionam algumas dicas, conforme detalhado a seguir. Evite a falta e o excesso de gesticulação. Entre essas duas atitudes desaconselháveis, prefira a falta ao excesso. Alguns gestos considerados desaconselháveis podem ser usados em certas circunstâncias. De maneira geral, evite falar com as mãos nos bolsos, com os braços nas costas ou cruzados na frente do corpo. Evite também fazer gestos abaixo da linha da cintura ou acima da cabeça. Procure não deixar as pernas muito abertas, para não tirar a elegância, ou fechadas demais, para não comprometer o equilíbrio. Cuidado para não se apresentar com a cabeça baixa, para não demonstrar excesso de humildade. 121 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO E também não deixe a cabeça muito levantada, olhando por cima dos ouvintes, para não passar ideia de arrogância. Com objetivosdefinidos, você pode se movimentar diante dos ouvintes (POLITO; POLITO, 2015). Contribuindo com o assunto, Tajra (2014) elenca alguns cuidados durante a apresentação: • Evite ficar parado e de forma rígida; fique à vontade. • Circule pela área da apresentação. • Gesticule naturalmente, mas tenha cuidado para não movimentar demais os braços e as mãos. • Olhe para a plateia sem demonstrar medo e insegurança. • Não obstrua a projeção da tela, ou seja, não fique em frente ao projetor, caso esteja usando esse recurso audiovisual. Na figura a seguir, Macedo (2007) descreve algumas mensagens positivas e negativas, em relação à gesticulação das mãos, que você deve observar tanto em você mesmo quanto nas pessoas, por exemplo quando estão realizando uma apresentação, participando de uma negociação ou administrando conflitos. Positivas Mãos abertas Erguidas Mão no peito Toques Negativas Tamborilar os dedos Esconder a boca Estalar os dedos Punhos cerrados Figura 107 Macedo (2007) ainda apresenta as mensagens em relação à posição do corpo e da cabeça, na comunicação não verbal, mostradas na figura a seguir. 122 Unidade III Positivas Braços abertos Ereto Para a frente Negativas Braços cruzados Pernas cruzadas inadequadamente Ombros caídos Positivas Ereta Afirmar com a cabeça Negativas Balançar para frente e para trás Cabeça caída, curva Po si çã o do c or po Ca be ça Figura 108 6.3.4 Entonação da voz Segundo Blikstein (2016), a entonação da voz pode exercer um papel decisivo para a criação de um clima afetivo favorável, na medida em que podemos imprimir ao discurso modulações ou tonalidades sonoras propícias para obter a adesão dos ouvintes e/ou clientes. A entonação influencia na recepção das mensagens, pois, de acordo com a tonalidade da voz, junto com a expressão corporal e facial do apresentador, podemos identificar se ele está otimista, agressivo, amável etc. Blikstein (2016) destaca que a modulação da entonação se apoia em movimentos de elevação, estabilização ou descida das tonalidades da voz. Dessa forma, quando você está falando, a entonação do discurso se distribui em tons ascendentes, estabilizados e descendentes. Essa distribuição pode ser manobrada pelo comunicador, pois, conforme o efeito que queira extrair de determinada sequência sonora, poderá investir maior vigor no tom ascendente ou descendente. Dependendo do tipo de apresentação que você irá realizar, poderá modular a densidade de sua voz, o que propiciará efeitos positivos ou negativos, de acordo com os objetivos a serem atingidos. A boa prática da entonação fará toda diferença para que a fala seja envolvente. No entanto, ensaio e convicção, voz e entonação não são suficientes para a fala competente. Conforme relata 123 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Blikstein (2016), é preciso cuidar também da pronúncia e do ritmo, operações essenciais para que nossa fala possa ser entendida pelos ouvintes. Nesse sentido, devem ser observadas a correta articulação dos sons e a clareza da pronúncia, como também o ritmo e as pausas ao falar. Para controle do ritmo, o comunicador deve planejar, estrategicamente, algumas pausas durante sua apresentação, a fim de respirar de forma a ganhar fôlego para o volume da voz, a entonação e a correta pronúncia. Barbeiro (2020) fala da importância da motivação certa para cada público e recomenda que o comunicador ou apresentador tenha bastante fôlego para completar cada frase com vigor. Você deve realçar as palavras e frases mais importantes. Tenha rapidez nos pensamentos e observe a variedade do tom, a força, o volume e o ritmo da sua voz. Dê a ênfase correta na palavra e na ideia. Exemplo de aplicação Faça o seguinte exercício para ouvir a entonação de sua voz. 1) Faça uma gravação em vídeo, com o celular, de você lendo em voz alta um livro, um artigo ou qualquer material a sua escolha. 2) Faça uma análise dos seus pontos fortes e fracos. 3) Reflita sobre as oportunidades de melhoria. Lembrete Para identificar os pontos fortes e fracos, as oportunidades de melhoria e ameaças, utilize a matriz SWOT. 6.3.5 Contato visual O contato visual é de grande importância em uma apresentação ou reunião de trabalho, pois cara a cara a comunicação não verbal ocorre na sua forma mais direta e, por isso, com efeito mais forte. O olhar do interlocutor pode revelar muitas informações. E, ao contrário, seu próprio olhar também pode dizer muito. Observe a figura a seguir. Nela temos o olhar vivo, que pode significar uma pessoa animada; temos ainda os olhares triste, baixo e duvidoso. 124 Unidade III Olhar vivo, animado Olhar triste Olhar baixo Olhar duvidoso Figura 109 Aprenda a usar o recurso do olhar para atrair a atenção do público e transmitir o que você está sentindo quando fala do tema. Fixar o olhar nas pessoas ajuda na interação entre o comunicador e a plateia. Não desvie o olhar de determinada pessoa. Vença a oposição dela com o olhar (BARBEIRO, 2020). Barbeiro (2020) diz que os olhos exercem um papel de ligação com o ouvinte. No teatro, os atores são treinados para olhar sempre na linha do horizonte, situada mais ou menos lá na metade da plateia. Olhar para baixo ou para cima implica quebra de continuidade. Na figura a seguir, veja algumas mensagens positivas e negativas em relação ao olhar, segundo Macedo (2007). Positivas Pupilas dilatadas Bom contato visual Olhos bem abertos Negativas Olhar para baixo Falta de contato visual Olhar apertado Figura 110 Quem está inseguro ou inibido comumente olha de baixo para cima. Evite esse “olhar rebaixado”, pois assim você automaticamente se coloca em posição de mais fraco em diálogos difíceis. Se perceber esse comportamento no olhar do interlocutor, tente acabar com a insegurança dele inclinando levemente a cabeça para o lado e assim se mostrando um pouco mais vulnerável (MATSCHNIG, 2017). 125 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Não olhe apenas na direção do ouvinte que se mostra resistente. Distribua o contato visual para todas as pessoas. Também não olhe apenas na direção do ouvinte que se mostra amistoso. Por causa da insegurança natural de falar em público, de maneira geral nos escravizamos àquele que nos dá retorno positivo, balançando afirmativamente a cabeça. Também nesse caso devemos continuar olhando para todos os que estão na plateia (POLITO; POLITO, 2015). Berg (2012) relata que muitos acreditam que comunicar significa saber falar, argumentar bem, expor seus pensamentos, vender ideias. No entanto, isso é apenas um lado da questão, porque comunicação é uma via de mão dupla. Ainda de acordo com Berg (2012), deve existir coerência entre nossa linguagem verbal e não verbal. Se não houver consistência entre ambas, o resultado será uma distorção de comunicação e o interlocutor sempre acreditará não no que foi dito, mas no que ele viu e sentiu (a mensagem não verbal) e, a partir desse momento, passará a prestar atenção em sua postura e ignorará as palavras. No quadro a seguir, apresentamos a interpretação típica da linguagem corporal. Quadro 12 Mensagem não verbal Interpretação típica Olhar diretamente nos olhos Amigo, sincero, extrovertido, seguro, autoconfiante, assertivo Evitar o olhar nos olhos Frio, evasivo, indiferente, passivo, assustado, nervoso, com complexo de culpa Inclinar a cabeça Concordância ou entendimento Balançar a cabeça Desagrado, choque, descrédito Fechar o punho Raiva ou agressividade Aplaudir Aprovação ou prazer Bocejar Aborrecimento, tédio Levantar o polegar Boa sorte, tudo de bom, positivo Tapinhas nas costas Encorajamento, congratulações ou consolo Coçar a cabeça Confuso, desnorteado, descrédito Sorrir Alegria, concordância Morder os lábios Nervosismo, medo ou ansiedade Bater o pé Nervosismo, irritação, birra Colocar as mãos nos quadris Posição de desafio, discordância, raiva Cruzar os braços Posição defensiva ou de desagrado Levantaras sobrancelhas Descrédito ou surpresa Fechar os olhos Desagrado, ressentimento, raiva, desaprovação Aspirar forte pelas narinas Raiva ou frustração Esfregar as mãos Nervosismo, ansiedade, contentamento Inclinar-se para a frente Atenção e interesse Relaxar na cadeira Autoconfiança ou descaso Mexer-se na cadeira Aborrecido, nervoso, apreensivo, desatento Posição arcada ou curvar-se Inseguro ou passivo Fonte: Berg (2012, p. 93). 126 Unidade III Por sua vez, Macedo (2007) aponta que cada pessoa tem um conjunto de expressões não verbais muito peculiares, incluindo cacoetes. Assim, deve-se ter cuidado ao interpretar a mensagem que elas contêm. Observação De acordo com o Dicionário Houaiss (2009), cacoete significa “gesto, trejeito ou hábito corporal feio, de mau gosto, anormal, ridículo ou vicioso; mau costume ou mau hábito qualquer; contração muscular involuntária, que se repete com certa frequência; tique; hábito característico, marcante; mania, costume; jeito ou habilidade específica; predileção por ou uso repetido e automático de certa(s) palavra(s), expressão(ões), recursos estilísticos etc.”. Exemplo de aplicação Escolha um político, pode ser nacional ou internacional, de sua região, de qualquer esfera de governo (federal, estadual ou municipal). Observe a forma de discurso dele e identifique os gestos e os movimentos discutidos nesta unidade. Observe se as mensagens não verbais estão de acordo com a fala do comunicador. Reflita sobre o que pode ser melhorado e justifique sua resposta. Saiba mais O livro a seguir é referência para o entendimento da linguagem corporal na comunicação não verbal. Fique expert na interpretação do que o corpo fala: WEIL, P. O corpo fala: a linguagem silenciosa da comunicação não verbal. 74. ed. Petrópolis: Vozes, 2015. 127 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Resumo Nesta unidade, vimos os aspectos mais importantes da comunicação para elaboração de uma apresentação e observamos que, além de saber falar, você deve saber ouvir, pois comunicação é diálogo, não monólogo. Portanto, a mensagem que você transmite deve ser entendida pelo receptor, ou seja, seu público-alvo. Falamos sobre os tipos de comunicação e sua importância no processo de negociação e resolução de conflitos. Para compreender o processo de comunicação, foi abordada a comunicação oral, a escrita e sua importância para o profissional que irá apresentar um projeto ou participar de algum evento no qual tenha que fazer uso de suas habilidades para representar a empresa ou a si próprio. Foi destacada a importância da comunicação não verbal com alguns exemplos de como identificar a linguagem corporal, por exemplo postura, expressões faciais, contato visual etc. Espera-se que você seja capaz de utilizar as informações contidas nesta unidade para alavancar sua carreira profissional e sua trajetória pessoal. Exercícios Questão 1. (Enade 2015) O processo de comunicação envolve elementos essenciais, como emissor, receptor, mensagem, canal e código. Em relação às barreiras que dificultam a comunicação, avalie as afirmações a seguir. I – As barreiras à comunicação são variáveis que interferem na interpretação ou transmissão adequada das ideias entre indivíduos ou grupos. II – O emprego de palavras ambíguas e a distância entre o emissor e o receptor configuram-se como barreiras externas à comunicação. III – O uso de línguas diferentes pelo emissor e pelo receptor e a iluminação do espaço onde eles se comunicam são barreiras internas à comunicação. 128 Unidade III É correto o que se afirma em A) I, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa A. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: embora tentemos nos expressar claramente, usando o código adequado, nem sempre conseguimos estabelecer uma comunicação real e efetiva. Isso acontece porque existem barreiras que dificultam a comunicação e interferem na transmissão adequada das ideias entre os indivíduos. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: o emprego de palavras ambíguas é uma barreira interna à comunicação. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: a iluminação do espaço onde o emissor e o receptor se comunicam constitui uma barreira externa. Questão 2. (Enade 2015) Levantamento feito por determinada empresa de consultoria revela que 92% dos recrutadores brasileiros enfrentam dificuldades para encontrar profissionais qualificados no mercado. A pesquisa, realizada em 12 países no final de 2014, com 1.675 diretores da área de recursos humanos, revela que o Brasil, junto com a Áustria, é o país no qual os gestores mais enfrentam desafios para encontrar mão de obra qualificada. Disponível em: http://exame.abril.com.br. Acesso em: 23 jul. 2015. Adaptado. Uma das causas da dificuldade em contratar pessoas qualificadas é a falta de habilidade de comunicação que diversos profissionais apresentam. Em tempos de tecnologias de comunicação cada vez mais avançadas, a capacidade de se comunicar oralmente e por escrito tende a ser um importante diferencial nos processos seletivos. 129 HABILIDADES GERENCIAIS – TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Com base no exposto, é correto concluir que A) o uso adequado da linguagem e da redação, assim como as competências técnicas, influenciam significativamente o processo de seleção. B) os recrutadores observam essencialmente a formação e a competência técnica dos profissionais. C) o domínio das técnicas de redação é o ponto essencial a ser observado em um processo de seleção. D) a utilização adequada das técnicas de comunicação eletrônica constitui garantia de contratação profissional imediata. E) a carência de mão de obra qualificada na Áustria e no Brasil advém da ineficácia dos processos seletivos das empresas em ambos os países. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: diante do levantamento apresentado pela questão, fica claro que, além das competências técnicas, a habilidade do exercício da correta expressão escrita e verbal é fator preponderante para a contratação de profissionais. B) Alternativa incorreta. Justificativa: a formação e a competência técnica dos candidatos são importantes, mas não bastam para que o profissional seja contratado. C) Alternativa incorreta. Justificativa: o domínio das técnicas de redação é importante, mas por si só não é suficiente para a contratação. D) Alternativa incorreta. Justificativa: o uso adequado das técnicas de comunicação eletrônica é um dos aspectos a serem considerados, mas não se traduz em garantia de contratação imediata. E) Alternativa incorreta. Justificativa: o enunciado não aborda a questão da eficácia dos processos seletivos nos países mencionados.