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Eletricidade e Instalações Elétricas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Vinicius Azevedo Borges Revisão Textual: Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos Dispositivos de Proteção • Corrente de Sobrecarga e de Curto-Circuito; • Fusíveis; • Disjuntores; • Dispositivos Diferenciais Residuais (DR); • Dispositivos de Proteção Contra Sobretensões Transitórias (DPS). • Identifi car dispositivos utilizados para proteção em instalações elétricas e situações de uso para tais dispositivos. OBJETIVO DE APRENDIZADO Dispositivos de Proteção Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Dispositivos de Proteção Corrente de Sobrecarga e de Curto-Circuito O fio neutro, fio terra, fusíveis e disjuntores são elementos de proteção dos cir- cuitos e são responsáveis por protegerem as pessoas, os bens materiais e a própria instalação elétrica contra os perigos da eletricidade. É importante se atentar às condições de umidade nas instalações elétricas desde o início de sua montagem, na distribuição dos eletrodutos e caixas de passagens que ficarão embutidas nas pare- des e concreto, a fim de evitar o contato dos condutores com a água. As emendas dos condutores também devem receber atenção, com o cuidado de estarem firmes e bem isoladas. Uma emenda malfeita que possa expor alguma parte viva metálica do circuito, ou que possa encostar-se em algum elemento metálico que não faça parte do circuito elétrico ou em algum elemento capaz de conduzir corrente elétri- ca, como uma parede molhada, pode causar choque nas pessoas. Apesar de todo cuidado com a instalação, seu uso incorreto ou sobrecargas externas podem danificar a fiação, equipamentos ou provocar acidentes. Antes de compreendermos como proteger a instalação elétrica, vamos definir alguns termos. • Sobrecorrente: ao se ligar uma carga em um circuito elétrico com potência acima do limite para o qual o circuito foi dimensionado, ocorrerá uma so- brecarga. Esta sobrecarga exige uma corrente elétrica de valor muito maior circulando sobre o circuito, que chamamos de sobrecorrente, e pode danificar as fiações e equipamentos ligados à rede, além de produzir muito calor nos condutores, podendo acarretar incêndios. • Sobretensão: é uma tensão muito acima da nominal provida pela concessioná- ria de energia elétrica, geralmente proveniente de descargas atmosféricas. Tam- bém pode ter origem nos transformadores, quando estes apresentam avarias. • Curto-circuito: é o caminho mais curto que uma corrente elétrica percorre através dos condutores, sem nenhum equipamento ligado no circuito (Figura 1). Este caminho pode ser intencional ou acidental, mas pode causar danos para as pessoas ou equipamentos. Curtos-circuitos acidentais podem ser provoca- dos por aquecimento dos condutores devido a sobrecargas na instalação. • Choque elétrico: é a passagem da corrente elétrica pelo corpo humano. Um choque elétrico pode causar desde pequenos sustos até a morte, passando por graves queimaduras. São bastante comuns, em instalações elétricas mal- feitas, emendas de condutores ou partes metálicas expostas em contato com a rede elétrica, além de uso incorreto da instalação, a famosa gambiarra. O que é curto-circuito elétrico? https://youtu.be/Y8BMpbEqSZ4 Ex pl or 8 9 Figura 1 – Curto-circuito provocado por sobrecarga Fonte: Getty Images A fim de proteger a instalação elétrica, os equipamentos e os usuários, algumas medidas devem ser tomadas. Uma delas é que todos os condutores fase de uma instalação devem ser protegidos, por um ou mais dispositivos de seccionamento automático do circuito, contra sobrecorrentes, sobrecargas e curtos-circuitos. Na montagem das instalações elétricas, devem ser utilizados o fio neutro, o aterramento e os dispositivos de proteção (disjuntores, fusíveis ou outros seccio- nadores) para proteger os condutores contra curtos-circuitos e sobrecorrentes, os aparelhos utilizadores de energia contra sobretensões e os próprios usuários contra choques elétricos. O fio neutro é um dos condutores providos pela rede elétrica da concessioná- ria, que estabelece um referencial para a diferença de tensão dos condutores fase de todo o sistema, e não deve ser seccionado por nenhum dispositivo de prote- ção, exceto pelo dispositivo diferencial residual, que será tratado mais adiante. O fio neutro terá sempre a mesma seção do fio fase e será parte exclusiva de cada um dos circuitos. Uma exigência da concessionária é o aterramento do fio neutro no padrão de energia. O aterramento (Figura 2) é formado por um conjunto de elementos que conec- tam as partes metálicas, chamadas massas da instalação (tomadas, caixas, tubu- lações, quadros, luminárias, etc.), ao solo, fornecendo uma diferença de potencial para a instalação igual a zero em relação ao solo. 9 UNIDADE Dispositivos de Proteção Figura 2 – Haste de aterramento conectada à instalação elétrica Fonte: Wikimedia Commons Esse conjunto de elementos é formado por uma haste de aço revestida de cobre de diâmetro entre 10 e 25 mm e comprimento de 2,40 m, que é cravada no solo. O fio terra, que se estende até o quadro de distribuição, é conectado a esta haste. A partir do quadro de distribuição, o fio terra fará parte de cada um dos circuitos residenciais, possuindo a mesma seção do fio fase de cada circuito. Quando, porém, o fio fase estiver dentro do mesmo eletroduto, este condutor de proteção pode ser comum a vários circuitos. De acordo com a norma, o fio terra deve ser um condutor encapado na cor ver- de ou verde-amarelo, embutido no eletroduto. Entretanto, no solo o fio terra deverá ser um condutor desencapado. Nas instalações residenciais, o aterramento é realizado próximo ao quadro de medição, chamado de aterramento de alimentação. Ligado a esse aterramento está o fio neutro da rede pública. Caso a concessionária permita que se aproveite este aterramento para conectar a ele o fio terra da edificação, teremos o esque- ma de aterramento TN-S, mostrado na Figura 3, com o fio neutro e o fio terra distintos na instalação. 10 11 Aterramento da alimentação L1 L2 L3 N PE Massas Massas Esquema TN-S Figura 3 – Esquema TN-S, com os fi os neutro e terra distintos na instalaçãoA ABNT/NBR-5410/04 exige infraestrutura de aterramento confiável e eficaz, permitindo outros esquemas de construções. No esquema TT, por exemplo, outra haste é cravada exclusivamente para o fio terra (Figura 4). Neste esquema, também é adotada a mesma seção do fio terra que a dos condutores fase dos seus circuitos. MASSA T PE N C B A Figura 4 – Esquema de aterramento TT Quando o aterramento possuir pelo menos duas hastes, é conveniente que elas sejam interligadas para zerar a diferença de potencial entre elas. O aterramento malfeito pode ser pior que não ter aterramento algum. A responsabilidade de instalação do fio terra e sua haste é do eletricista. Fusíveis O dispositivo de proteção de sobrecorrente chamado fusível, como o nome su- gere, consiste em um elemento fusível, ou lâmina de liga metálica com um ponto de fusão baixo, montado para se fundir quando aquecido por efeito Joule quando a intensidade de corrente elétrica for superior ao valor nominal do fusível. Este valor indica uma corrente que poderia danificar o isolamento dos condutores e levar a um curto-circuito, ou danificar outros equipamentos conectados à rede. 11 UNIDADE Dispositivos de Proteção Dependendo do tipo de aplicação, são utilizadas duas letras para a especificação dos fusíveis pela norma IEC 60269 2 1 (NBR 11841). A primeira letra indica o tipo de sobrecorrente que fará o fusível atuar, e a segunda indica o tipo de equipamento para o qual o fusível é indicado, conforme a Tabela 1. Tabela 1 – Identificação de fusíveis pela norma IEC 60269-1 (NBR 11841) Primeira letra minúscula a Fusível limitador de corrente, atuando somente na presença de curto-circuito g Fusível limitador de corrente, atuando na presença tanto de curto-circuito como de sobrecarga Segunda letra maiúscula G Proteção de linha, uso geral M Proteção de circuitos motores L Proteção de linha Tr Proteção de transformadores R Proteção de semicondutores, ultrarrápidos S Proteção de semicondutores e linha (combinado) No mercado, existem diversos tipos de dispositivos fusíveis. Três deles são bas- tante usuais nas instalações: fusíveis cilíndricos, tipo D e tipo NH. Os fusíveis do tipo cilíndricos (Figura 5) possuem modelos para instalações em geral e são utilizados na proteção principalmente de máquinas e painéis. Eles po- dem ser instalados em seccionadoras fusíveis padrão DIN (Figura 6), sem riscos de toque acidental durante seu manuseio. Figura 5 – Fusível do tipo cilíndrico Fonte: Divulgação/Direct Industry Figura 6 – Seccionadora fusível padrão DIN Fonte: Divulgação/Direct Industry Os fusíveis cilíndricos possuem correntes nominais de 1 a 100 A e categorias de utilização gG e aM. São encontrados em três tamanhos diferentes, apresentam 12 13 alta capacidade de interrupção (100 kA) e são capazes de atuar em redes de tensão nominal até 500 VCA, em um equipamento extremamente compacto. Os fusíveis do tipo D são utilizados na proteção contra curtos-circuitos em insta- lações elétricas. Permitem o seu manuseio, sem riscos de choque acidental, sendo uma opção bastante segura. A Figura 7 mostra um fusível do tipo D com seus res- pectivos acessórios. O parafuso de ajuste impede a substituição do fusível por outro de valor superior de corrente e é instalado entre a base e o fusível. Figura 7 – Fusível tipo D com seus acessórios Fonte: Adaptado de SENAI, 2010 Os fusíveis tipo D atendem às correntes nominais de 2 a 100 A, possuem categoria de utilização gL/gG, e são encontrados em três tamanhos (DI, DII e DIII). Os fusíveis NH (Figura 8) são aplicados em instalações elétricas industriais para proteção contra sobrecorrentes de curto-circuito. Eles atendem às correntes nominais de 6 a 1250 A, possuem categoria de utilização gL/gG, e são encontrados em seis tamanhos diferentes. Possuem capacidade de interrupção elevada, variando entre 120 kA e 690 VCA. Os fusíveis NH atendem às normas IEC 60269 e NBR 11841 e podem ser encontrados numa ampla faixa de valores de energia de fusão e interrupção, o que facilita a coordenação de proteção e determinação da seletividade. Disjuntores Os equipamentos mais comuns de proteção dos circuitos elétricos residenciais são os disjuntores termomagnéticos, também conhecidos como DTMs, e os dispo- sitivos diferenciais residuais, também denominados DRs. Eles protegem os circuitos elétricos desligando-se automaticamente na ocorrência de sobrecargas de corrente ou tensão, curtos-circuitos, fuga de corrente para a terra ou choque. Figura 8 – Fusível tipo NH Fonte: Divulgação/WEG 13 UNIDADE Dispositivos de Proteção Os disjuntores termomagnéticos são equipados com relés térmicos, que atuam em presença de sobrecorrentes moderadas, e relés magnéticos, para sobrecorrentes elevadas, e consistem nos dispositivos de proteção de baixa tensão mais comuns. Os relés térmicos dos DTMs proporcionam uma proteção térmica e funcionam pelo princípio do bimetal, em que duas lâminas de metais distintos, com diferentes coeficientes de dilatação, operam unidas, e em caso de elevação da temperatura devido a uma elevação da corrente elétrica ligeiramente acima da tolerância do disjuntor por um tempo significativo, o bimetal se curva e desliga o disjuntor, sec- cionando o circuito que ele protege. Os relés magnéticos atuam na presença de uma grande sobrecorrente. Nesse caso, a bobina magnética passa a agir e desliga instantaneamente o disjuntor atra- vés de um campo magnético elevado trazido por esta sobrecorrente. Disjuntor termomagnético – Veja o funcionamento por dentro. Em: https://youtu.be/1mpgU3Wu9QAE xp lo r Os DTMs podem ser do tipo mono, bi ou trifásico, em que a corrente numa fase desarma simultaneamente as outras e possuem a finalidade de proteger a fiação e os equipamentos a ela plugados. Esses equipamentos são utilizados para interrom- per apenas condutores de fase. Existem dois padrões de disjuntores, o NEMA de cor escura, que é fixado em placas de montagem, e o padrão IEC/DIN, de cor clara, mostrado na Figura 9, que é fixado em trilhos. Convém sempre observar a padronização de disjuntores nos catálogos dos fabricantes para os quadros de distribuição, bem como as es- pecificações desses produtos. Figura 9 – Disjuntores termomagnéticos padrão DIN/IEC (europeu) Fonte: Getty Images 14 15 Os disjuntores são padronizados pelas correntes nominais e podem ser encon- trados no mercado disjuntores de diversos fabricantes com os valores de correntes nominais (In) impressos na alavanca de operação liga-desliga do disjuntor. Veja as opções disponíveis na Tabela 2. Tabela 2 – Valores nominais de disjuntores disponíveis comercialmente Padrão NEMA (RTQ do Inmetro, Portaria nº 243) Padrão DIN (NBR-NM-IEC-60898/04) e (NBR-IEC-60947-2/98) Monofásico 15 – 20 – 25 – 3035 – 40 – 50 – 60 – 70 10 – 16 – 20 – 25 32 – 40 – 50 – 63 – 70 – 80 Bifásico 15 – 20 – 25 – 30 – 3540 – 50 – 60 – 70 – 90 – 100 10 – 16 – 20 – 25 32 – 40 – 50 – 63 – 70 – 80 Trifásico 15 – 20 – 25 – 30 – 3540 – 45 – 60 – 70 – 90 – 100 10 – 16 – 20 – 25 32 – 40 – 50 – 63 – 70 – 80 Fonte: Adaptado de Cotrim, 2008, p. 211 A chamada corrente nominal é a corrente elétrica máxima que o equipamento de proteção pode suportar ao ar livre, considerando a temperatura ambiente e em regime ininterrupto. Além da corrente nominal, convém destacar que eles possuem especificações quanto à sua corrente de curto-circuito (Icc). Quanto mais alto o valor, maior a ro- bustez do disjuntor. Os modelos residenciais estão disponíveis para Icc de 3 a 5 kA. Os disjuntores DTM podem ser ainda classificados por faixa de atuação (B, C ou D), em função da curva que caracteriza o seu desarme. A diferença básica entre eles se refere ao tempo de atuação do disparador magnético devido a uma corrente de curto-circuito. • B: o disparador magnético age quando a corrente no dispositivo é entre 3 e 5 vezes a corrente nominal. Disjuntores desse tipo são destinados à proteção dos condutores que alimentam cargas resistivas, como chuveiros,aquecedores e lâmpadas incandescentes. • C: o disparador magnético age quando a corrente no dispositivo é entre 5 e 10 vezes a corrente nominal. Ele é destinado à proteção de condutores de circui- tos elétricos com cargas de natureza indutiva, como lâmpadas fluorescentes, motores, eletrobombas e compressores. • D: o disparador magnético age quando a corrente no dispositivo é entre 10 e 50 vezes a corrente nominal. É destinado à proteção de condutores de cir- cuitos elétricos que alimentam cargas de natureza fortemente indutivas, como transformadores e demais cargas com elevada corrente de partida, sendo mais utilizado em ambiente industrial. Curvas B, C e D para disjuntores termomagnéticos: https://youtu.be/5J7GbhK_o5E Ex pl or 15 UNIDADE Dispositivos de Proteção Os disjuntores possuem especificações relacionadas à corrente elétrica de atua- ção e não atuação definida por norma, que determina que um disjuntor a desarme com precisão de 20% em torno do valor calibrado. Por isso considera-se que os disjuntores devam trabalhar a aproximadamente 80% de sua capacidade nominal de corrente. Por isso, num circuito com a corrente elétrica de projeto definida em 32 A, por exemplo, o disjuntor escolhido deverá ser de 40 A, ou seja, 1,25 vezes a corrente de projeto. Observe que a corrente nominal do disjuntor deve ser maior que a corrente elétrica do projeto, uma vez que ele deve desarmar quando atingir 80% dessa corrente nominal. Uma regra prática que pode ser utilizada para o dimensionamento de disjuntores residenciais sugere o seguinte: Para proteção do aparelho utilizado Quando o disjuntor é instalado para proteger um único aparelho utilizador de energia elétrica no circuito. Considerando, por exemplo, um chuveiro elétrico que, ligado em rede de 220 V, poderá ser submetido a uma corrente elétrica de 25 A, com seção da fiação calculada em 4 mm2. De acordo com a NBR 5410/04, este fio permite passagem de correntes com valor de até 32 A. Pensando na proteção do chuveiro, tomamos como base de cálculo do valor no- minal do disjuntor a corrente no circuito (25 A). Assim, o valor nominal da corrente elétrica no disjuntor deve estar compreendido entre 1,15 e 1,35 vezes a corrente elétrica a que ele está submetido. Teremos então: i = 25,00 ∙ 1,15 = 28,8 A i = 25,00 ∙ 1,35 = 33,8 A Ou seja, o disjuntor ideal para proteger este chuveiro será o de 32 A padrão IEC/DIN, ou padrão NEMA de 30 A, bifásico, preferencialmente de curva do tipo B. Uma vez que o disjuntor está protegendo o aparelho utilizador, neste caso o chuveiro, protegerá também a fiação. Para proteção de toda a fiação do circuito Em geral, os circuitos residenciais possuem vários pontos utilizadores de ener- gia, sejam lâmpadas ou tomadas. Uma fração da corrente total disponibilizada pela fiação será consumida em cada aparelho ligado na rede elétrica. Nesse caso, não se considera a proteção individual de cada aparelho, mas a proteção da fia- ção do circuito. Consideremos um circuito que consuma uma corrente de 16,5 A em uma ten- são de 127 V, mas que foi dimensionado com uma fiação de 2,5 mm2, que possui capacidade de condução de corrente de 24 A. 16 17 Não há como garantir que os aparelhos ligados às tomadas possuirão as po- tências atribuídas a elas. Da mesma forma, não há como garantir que não serão utilizados aparelhos com potências acima das atribuídas. Podemos dimensionar o disjuntor para proteção da corrente elétrica na fiação desconsiderando a capacidade dos condutores, portanto o valor utilizado para o cálculo será o de 16,5 A. Da mesma forma que no caso anterior, o valor da corrente elétrica nominal do disjuntor deve estar compreendido entre 1,15 a 1,35 da corrente elétrica que ele se propõe controlar. i = 16,50 ∙ 1,15 = 1,90 A i = 16,50 ∙ 1,35 = 22,3 A Tanto no padrão IEC/DIN quanto no padrão NEMA, podemos escolher um disjuntor de 20 A monofásico, preferencialmente de curva C. Ele protegerá apenas a fiação, independentemente dos aparelhos ligados a ela. Quando o circuito possui mais de uma fase, o disjuntor de proteção deve ser multipolar. De acordo com a norma, dispositivos unipolares que são montados lado a lado, com suas alavancas de manobra acopladas, não são considerados dispositivos multipolares. Os disjuntores devem ser dimensionados para uma instalação considerando sempre o limite da fiação. Jamais deve ser trocado um disjuntor por outro de maior amperagem sem se trocar a fiação. A correspondência entre a fiação e o disjuntor é necessária para garantia da proteção do circuito. Dispositivos Diferenciais Residuais (DR) Os dispositivos diferenciais residuais são basicamente dois: o Disjuntor Diferen- cial Residual – DDR e o Interruptor Diferencial Residual – IDR. São constituídos por dispositivos eletrônicos providos de sensores de corrente e de processamento de sinais para auxílio na proteção elétrica. O sensor presente nos DRs é responsável por medir as correntes que entram e saem no circuito. Se ambas possuírem o mesmo valor, porém sinais contrários em relação à carga, a soma entre elas será nula. No caso de a soma não ser nula, entende-se que deva estar ocorrendo fuga de corrente para a terra ou alguém está levando um choque. Quando isso acontece, o dispositivo desarma e desliga o circui- to, protegendo as pessoas contra choque elétrico. Antes de rearmar o dispositivo, o usuário deve verificar o que provocou o desligamento. 17 UNIDADE Dispositivos de Proteção A principal função dos dispositivos diferenciais residuais é a de proteger as pes- soas contra choques elétricos, independentemente do que acontece à rede elétrica ou aos equipamentos a ela conectados. Dispositivo DR: https://youtu.be/2vjWC_REhME Ex pl or Na instalação de um DR, é importante que não seja ligado um aterramento após ele no circuito, pois nesse caso, se houver uma corrente de fuga para a terra, não será possível a detecção pelo DR, atrapalhando seu funcionamento e impedindo o seu desarme em situações de acidente. Outro detalhe importante é que o sistema de aterramento adotado não seja do tipo TN-C, mostrado na Figura 10, em que o fio neutro e terra são apenas um. Aterramento da alimentação L1 L2 L3 PEN Massas Figura 10 – Esquema de aterramento TN-C Como existem perdas de corrente elétrica para a terra que dependem da pró- pria qualidade da instalação, os dispositivos diferenciais residuais devem ser di- mensionados com cuidado. A sensibilidade dos DRs varia entre 30 e 500 mA, onde consideramos: • 30 mA – proteção contra contato direto e contato indireto; • 100 e 300 mA – proteção contra contato indireto; • 500 mA – proteção contra incêndios. Em circuitos terminais que sirvam a tomadas em cozinhas, copas-cozinhas, la- vanderias, áreas de serviço, piscinas, garagens e qualquer local interno que possa molhar em uso normal ou sujeito a lavagens, a ABNT/NBR-5410/04 exige a utili- zação de proteção diferencial residual de alta sensibilidade, ou seja, o menor valor de corrente (30 mA). Dispositivos DR de mesma sensibilidade ainda são exigidos pela norma para tomadas em áreas externas, tomadas em áreas internas, mas que possam alimentar equipamentos em áreas externas e pontos situados em locais contendo banheiras ou chuveiros. 18 19 Interruptor Diferencial Residual (IDR) O IDR é um dispositivo de proteção contra choques elétricos composto por um interruptor conjugado a um dispositivo diferencial residual (Figura 11). A Tabela 3 in- dica os valores nominais dos IDRs de alta sensibilidade encontrados comercialmente. Tabela 3 – Escolha de Interruptor Diferencial Residual de alta sensibilidade 30 mA (alta sensibilidade) Bipolar (F/N ou F/F) 25 – 40 – 63 – 80 Tetrapolar (F/F/N ou F/F/F/N) 25 – 40 – 53 – 80 – 100 Figura 11 – Interruptor Diferencial Residual (IDR) Fonte: Divulgação/WEG Disjuntor Diferencial Residual (DDR) O DDR é um dispositivo de proteção mais completo que o IDR, pois proporcio- na a proteção das pessoas contra choques elétricos e tambémprotege a fiação do circuito e os equipamentos contra sobrecorrentes, sobretensões e curtos-circuitos. Um DDR é constituído de um disjuntor termomagnético (DTM) conjugado a um dispositivo diferencial residual (DR). Os DDRs podem ser encontrados no mercado como DDR bipolar, com sensibi- lidade de 30 mA para as correntes nominais de 6, 10, 16, 20, 25 e 32 A. Pode-se aplicar os mesmos cálculos utilizados para dimensionamento dos DTMs aos DDRs. 19 UNIDADE Dispositivos de Proteção Como os dispositivos DR são voltados à proteção das pessoas contra choques elétricos, suas especificações são mais limitadas que as dos disjuntores termomag- néticos e não se adéquam a todas as situações. Para contornar essa situação, os DRs deverão ser instalados, obrigatoriamente, em associação com os DTM, a fim de proporcionar uma proteção completa contra choques, sobrecargas, curtos-cir- cuitos e fugas de corrente para a terra. Em uma associação de DTM com IDR, deve-se utilizar dispositivos do mesmo padrão, e esta pode ser feita conforme a tabela 3, no caso de dispositivos do pa- drão DIN. Esta associação de IDRs com DTMs no quadro de distribuição deve ser realizada sempre em série. Tabela 4 – Associação de IDR com DTM padrão DIN DTM (A) 10/16/20/25 32/40 50/63 70/80 IDR (A) 25 40 63 80 Dispositivos de Proteção Contra Sobretensões Transitórias (DPS) Também conhecidos como Dispositivos Protetores de Surtos (DPS), os dispo- sitivos de proteção contra sobretensões transitórias (DPS) possuem a função de detectar sobretensões transitórias e desviar as correntes de surto do circuito elétrico para o aterramento do sistema antes que atinjam os equipamentos. Um surto elétrico se trata de uma elevação significativa na tensão da rede em um período curto de tempo, conforme mostrado na Figura 12, e geralmente é prove- niente de uma descarga atmosférica, manobras da rede elétrica ou de máquinas de potência elevada. Os DPSs devem ser instalados no painel geral de baixa tensão. Tensão (Volts) Tempo (ms) Surtos 0 Figura 12 – Identificação de um surto no sinal da tensão em uma rede elétrica 20 21 Figura 13 – Dispositivo de proteção contra surtos elétricos (DPS) Fonte: Divulgação/EletroMAC Os principais danos causados pelos surtos elétricos são referentes à degrada- ção de componentes da instalação, à diminuição de vida útil de equipamentos eletroeletrônicos e até mesmo à queima instantânea destes equipamentos. Quaisquer ambientes que possuam equipamentos conectados à rede elétrica ou linhas de dados, como telefonia, internet e TV estão expostos aos surtos elétricos e suas consequências. A queima de transformadores das companhias elétricas, por exemplo, é geralmente causada por surtos elétricos. Operadoras de telefonia, ban- da larga de internet e tv por assinatura assumem grandes prejuízos anuais devido à queima de aparelhos de modems e decodificadores, que ocorre por conta de raios e apagões na rede elétrica e/ou rede própria de dados. Compreenda o surto elétrico: https://youtu.be/J042Ni0vogA Ex pl or O princípio de funcionamento dos dispositivos de proteção contra surto é baseado no varistor, que é um resistor elétrico que depende da tensão para alterar o valor de sua resistência. Quanto maior a tensão, menor será a resistência elétri- ca, permitindo maior passagem da corrente elétrica. O varistor apresenta como maior vantagem o seu tempo de resposta, que é extremamente rápido. Ao acontecer um surto na rede elétrica, a resistência do varistor abaixa para va- lores próximos de zero, oferecendo um caminho com menor oposição à passagem da corrente elétrica e drenando toda essa corrente para o sistema de aterramento. Como o DPS desvia a sobrecorrente provocada pela sobretensão para o sistema de aterramento e este desvio ocorre em uma fração de segundo, o disjuntor não é 21 UNIDADE Dispositivos de Proteção desarmado. Ao ser acionado, o DPS realiza um curto-circuito entre os condutores fase e terra. Por ocorrer em um período de tempo extremamente curto, este curto- -circuito causado pelo dispositivo de proteção não ocasiona danos na instalação nem nos equipamentos. Para proteger efetivamente os equipamentos de uma instalação elétrica, os DPS devem possuir corrente nominal igual ou superior a 10 kA ou 20 kA, no caso de áreas críticas, onde a exposição a raios é elevada. As tensões nominais dos dispositivos deverão ser maiores que 175 V para tensões de 127 V da rede, considerando a diferença de potencial entre os condutores fase e terra, ou maior que 280 V para tensões de 220 V da rede, considerando a diferença de potencial entre os condutores fase e terra. O Item 5.4.2 da NBR 5410:2004 indica as con- dições e obrigatoriedade de uso do DPS. Os DPS são divididos em três classes: • Classe I: Realiza a chamada proteção primária, é utilizada em ambientes expostos a descargas atmosféricas diretas, como áreas urbanas periféricas ou áreas rurais. Dispositivos dessa classe possuem capacidade de drenagem de corrente suficiente para suportar correntes parciais de um raio. Devem ser instalados nos quadros primários de distribuição. • Classe II: São instalados nos quadros secundários de distribuição e utilizados em áreas urbanas. Dispositivos dessa classe possuem capacidade para drenar correntes induzidas que penetram nas edificações, ou seja, tratam dos efeitos indiretos de uma descarga atmosférica. • Classe III: São utilizados para proteger equipamentos ligados à rede elétrica, à rede de dados e linhas telefônicas. Esta classe de dispositivos é destinada à pro- teção fina de equipamentos e deve ser instalada próxima aos equipamentos. O terminal de terra dos DPS pode ser ligado de duas maneiras. A primeira é a ligação a um conjunto interligado, que compreenda todas as massas de instalação. A segunda é a ligação a um eletrodo de aterramento independente. 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Instalações elétricas COTRIM, Ademaro A.M.B. Instalações elétricas. Revisão e adaptação técnica de José Aquiles Baesso Gromoni e Hilton Moreno. 5ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. Instalações elétricas CREDER, Hélio. Instalações elétricas. Atualização e revisão de Luiz Sebastião Costa. Rio de Janeiro: LTC, 2016. NBR 5410:2004 – Instalações elétricas de baixa tensão ABNT. NBR 5410:2004 – Instalações elétricas de baixa tensão. 2004. IEC 60417 IEC 60417 – Graphical Symbols for use on equipment. IEC 60617 IEC 60617 – Graphical Symbols for Diagrams. 23 UNIDADE Dispositivos de Proteção Referências ABNT. NBR 5410:2004 – Instalações elétricas de baixa tensão. 2004. COTRIM, A. A. M. B. Instalações elétricas. Revisão e adaptação técnica de José Aquiles Baesso Gromoni e Hilton Moreno. 5ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. CREDER, H. Instalações elétricas. Atualização e revisão de Luiz Sebastião Costa. Rio de Janeiro: LTC, 2016. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. Vol. 3. 8ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. 24
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