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EPIDEMIOLOGIA - Resumo

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EPIDEMIOLOGIA 
 
História da Epidemiologia 
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde/Opas (2010), a história da epidemiologia pode 
ser dividida em três fases distintas: 
1. Estatística sanitária/paradigma miasmático; 
2. Epidemiologia das doenças infecciosas/paradigma microbiano; 
3. Epidemiologia de doenças crônicas/paradigma dos fatores de risco. 
 
Conceitos e Aplicações da Epidemiologia 
Epidemiologia pode ser conceituada como um estudo que inclui a vigilância, a observação, o teste de 
hipóteses e pesquisas analíticas e experimentais, que analisa a distribuição quanto ao tempo, pessoas, lugares e 
grupos de indivíduos afetados, sobre os fatores determinantes do estado de saúde (biológicos, químicos, físicos, 
sociais, culturais, econômicos, genéticos e comportamentais). Os estados ou eventos de saúde estão relacionados 
com as doenças, as causas de óbito, os hábitos comportamentais, os aspectos positivos em saúde, as reações a 
medidas preventivas, a utilização e a oferta de serviços de saúde, entre outros. 
Dessa forma, o enfoque epidemiológico considera que a doença na população não ocorre por acaso nem 
está distribuída de forma homogênea. Há fatores associados que, para serem causais, cumprem com os seguintes 
critérios: 
 Temporalidade = toda causa precede a seu efeito, o chamado princípio do determinismo causal; 
 Força de Associação 
 Consistência da Observação 
 Especificidade da causa, o gradiente biológico (efeito dose-resposta) e a plausibilidade biológica. 
Os fatores de risco referem-se aos aspectos de hábitos pessoais ou de exposição ambiental, que estão 
associados ao aumento da probabilidade de ocorrência de alguma doença. Uma vez que os fatores de risco 
podem ser modificados, as medidas que os atenuem podem diminuir a ocorrência de doenças. O impacto dessas 
intervenções pode ser determinado por meio de medidas repetidas, utilizando-se os mesmos métodos e 
definições. 
Os agentes podem ser infecciosos ou não infecciosos (químicos ou físicos) e são necessários, mas nem 
sempre suficientes, para causar a doença. Os fatores do hospedeiro são os que determinam a exposição de um 
indivíduo, sua suscetibilidade e capacidade de resposta e suas características de idade, grupo étnico, constituição 
genética, gênero, situação socioeconômica e estilo de vida. Por último, os fatores ambientais englobam o 
ambiente social, físico e biológico. 
Na atualidade, é reconhecido que a epidemiologia trata de qualquer evento relacionado a saúde ou a doença 
da comunidade. Suas aplicações variam desde a descrição das condições de saúde da população, da investigação 
dos fatores determinantes de doenças, da avaliação do impacto das ações para alterar a situação de saúde até a 
avaliação da utilização dos serviços de saúde, incluindo custos de assistência. Contribui para o melhor 
entendimento da saúde da população e parte do conhecimento profundo das causas e dos fatores que a 
determinam, gerando subsídios para o planejamento a fim de prevenir e controlar as doenças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
De forma sucinta, as atividades desenvolvidas pela Epidemiologia podem ser assim agrupadas: 
 Vigiar as tendências de mortalidade, morbidade e risco e monitorar a efetividade dos serviços 
de saúde; 
 Identificar determinantes, fatores e grupos de risco na população; 
 Priorizar problemas de saúde na população; 
 Proporcionar evidências para a seleção racional de políticas, intervenções e serviços de saúde, 
bem como para a alocação eficiente de recursos; 
 Avaliar medidas de controle e intervenções sanitárias e respaldar o planejamento dos serviços 
de saúde; 
 
História Natural da Doença 
Conceito de Saúde e Doença: Diversos estudiosos evidenciaram que não existe um pensamento de saúde 
separada da doença, e sim um complexo processo saúde-doença, que envolve várias manifestações da 
população, sendo um campo propício para a atuação da saúde pública. Nessa perspectiva, o que surge é um 
conceito ampliado de saúde, que engloba todas as manifestações sociais. Dessa forma, a saúde não é a mera 
ausência da doença, e sim a garantia de acesso a serviços de saúde e condições dignas de vida, saúde é ter 
qualidade de vida, é ter uma vida digna e saudável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Período Pré-Patogênico e Patogênico: A história natural da doença pode ser dividida em dois períodos: 
1. Pré-patogênico ou pré-patogênese, que se subdivide em: 
a. Fase inicial ou de susceptibilidade: nesse período, ainda não existe a doença, mas podem estar 
presentes as condições que favorecem seu desenvolvimento. Dependendo da existência de 
fatores de risco ou de proteção, alguns indivíduos estarão mais ou menos propensos a 
determinadas doenças do que outros. 
b. Fase patológica pré-clínica: a doença não é evidente, mas já está instalada. 
2. Período patogênico: corresponde ao desenvolvimento da doença. Subdivide-se em: 
a. Fase clínica: é o período em que ocorrem manifestações evidentes da doença. 
b. Fase de incapacidade residual: por último, se a doença não evoluir para a morte nem for curada, 
ocorrem as sequelas. 
Níveis de Prevenção: Os níveis de prevenção são diferentes, de acordo com os períodos de desenvolvimento 
da doença, e dividem-se em: 
1. Prevenção primordial: o objetivo é evitar o surgimento e o estabelecimento de padrão de vida social, 
econômica e cultural que contribua para um elevado risco de doença. No caso de doenças crônicas, 
deveria incluir políticas nacionais e programas sobre nutrição, envolvendo setores da agricultura, 
indústria alimentícia e de importação e exportação de alimentos, aliadas a programas de incentivo à 
prática regular de atividade física. 
2. Prevenção primária: são medidas de proteção da saúde, em geral por meio de esforços pessoais e 
comunitários; têm por objetivo limitar a incidência de doenças por meio do controle das causas 
específicas e dos fatores de risco. Desenvolve-se a partir de atividades dirigidas a toda comunidade para 
reduzir o risco médio, conhecidas como estratégias de massa/populacional. Na prevenção primária, 
podem ser adotadas medidas gerais de promoção à saúde e proteção específica, como saneamento básico 
e vacinas, respectivamente. 
3. Prevenção secundária: seu objetivo é a redução das consequências mais graves da doença, por meio do 
diagnóstico precoce e do tratamento. Estão incluídas medidas individuais e coletivas que permitem 
diagnóstico precoce e intervenção imediata e efetiva. Suas ações são dirigidas ao período compreendido 
entre o início da doença e o momento em que normalmente seria feito o diagnóstico. Seu objetivo não 
é reduzir a incidência da enfermidade, e sim sua prevalência, gravidade e duração, complicações e a 
letalidade. Exemplo: campanhas massivas de exame de colpocitologia oncótica, autoexame das mamas 
e triagem neonatal. 
4. Prevenção terciária: visa à redução do progresso e das sequelas da doença estabelecida, mediante a 
adoção de medidas para reduzir sequelas e deficiências, minimizar o sofrimento e facilitar a adaptação 
dos pacientes a seu ambiente, objetivando a manutenção da qualidade de vida e o retorno às atividades 
sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Modelos Explicativos do Processo Saúde-Doença: Consistem em formas para explicar o processo 
saúde‑doença; dividem-se em: 
A. Mágico-religioso: modelos dominantes entre os povos da antiguidade e também responsáveis pela 
manutenção da coesão social e pelo desenvolvimento inicial da prática médica. Esse modelo mantém 
um forte encaixamento histórico nas mais diferentes culturas; a visão mágico-religiosa ainda exerce 
muita influência nas formas de pensar o processo saúde-doença na contemporaneidade. Não é incomum 
encontrarmos o uso de chás, o recurso das rezas, benzedeiras, simpatias, oferendas e os ritos de 
purificação, presentes nas diversas crenças e religiões – católica, evangélica, espírita, candomblé, entre 
outras. 
B. Teoria miasmática:Entendia a saúde como homeostase (equilíbrio entre o homem e o ambiente) e a 
doença como um desequilíbrio dos quatro humores fundamentais do organismo: sangue, linfa, bile 
amarela e bile negra. A partir desses postulados, propôs medidas higiênicas e sanitárias para o controle 
das doenças. 
C. Unicausalidade: o modelo unicausal de compreensão da doença estava baseado na existência de apenas 
uma causa para um agravo ou doença. Nos primeiros anos do século XX, foram desvendadas a 
participação de vetores na transmissão de doenças e o papel dos portadores sadios na manutenção da 
cadeia epidemiológica. Dessa forma, estava posta a possibilidade de aplicar o princípio da imunidade 
ativa e passiva às doenças infecciosas (febre tifoide, tuberculose, febre amarela, poliomielite, difteria, 
tétano, envenenamento por picada de animais peçonhentos etc.) Essa concepção permitiu o sucesso na 
prevenção de diversas doenças infecciosas. Contudo, reduziu o processo saúde-doença à ação única de 
um agente específico, foi incapaz de responder a todas as questões inerentes ao adoecimento dos 
indivíduos e das comunidades. 
D. Modelo de multicausalidade: Esse modelo trabalha com o conceito desenvolvido na história natural da 
doença, também conhecido como modelo ecológico, e seus níveis de prevenção abrangem a ocorrência 
das doenças em domínios: o meio externo onde atuam determinantes e agentes exteriores (natureza 
física, biológica, política e sociocultural) e o meio interno onde se desenvolve a doença (mudanças 
bioquímicas, fisiológicas e histológicas), e atuariam os fatores hereditários, congênitos, as alterações 
orgânicas consequentes. 
E. Modelo Diderichsen et al. – estratificação social e produção de doenças: Enfatiza a criação da 
estratificação social pelo contexto social, delega aos indivíduos posições sociais distintas, determina 
suas oportunidades de saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
F. Modelo de Mackenbach: inclui o ambiente na infância, os fatores culturais e psicológicos, demonstra 
os mecanismos que geram as desigualdades na saúde: seleção versus causa, tanto como fator de seleção 
como causal. 
 
 
 
 
 
 
 
G. Modelo de Brunner, Marmot e Wilkinson – múltiplas influências no decorrer da vida: utilizado como 
forma de ilustrar como as desigualdades socioeconômicas interferem na saúde, são consequência direta 
das diferenças de exposição ao risco ambiental, psicológico e comportamental no decorrer da vida. 
Inicialmente havia sido desenvolvido para unir as perspectivas da saúde clínica (curativa) às 
perspectivas da saúde pública (preventiva); posteriormente foi aplicado ao processo social para avaliar 
as desigualdades na saúde. Relaciona o padrão social à saúde e à doença por caminhos materiais, 
psicossociais, comportamentais, fatores genéticos, de infância e culturais 
H. Modelo de Dahlgren e Whitehead: esse foi o modelo que a Comissão Nacional sobre Determinantes 
Sociais da Saúde escolheu para utilizar no Brasil, por sua simplicidade e fácil compreensão para vários 
tipos de público e clara visualização gráfica dos diversos determinantes sociais da saúde. As condições 
de vida e trabalho, o gradiente social da saúde nos países, as desigualdades sanitárias dentre e dentro 
dos países são provocados pela distribuição desigual (mundial/nacional/regional), por consequentes 
injustiças nas condições de vida (não é um fenômeno natural, mas, sim, uma determinação social), de 
forma imediata e visível. A equidade tem como objetivo corrigir as desigualdades injustas, como uma 
questão de justiça social; nessa perspectiva deve 
ser compreendia como um imperativo ético e 
seu alcance deve ser estruturado em três linhas 
de ação: melhorar as condições de vida; lutar 
contra a distribuição desigual de poder e 
recursos; medir a magnitude do problema; 
avaliar as intervenções; ampliar a base de 
conhecimentos e dotar de pessoal capacitado 
em determinantes sociais da saúde 
Indicadores de Saúde 
Aplicações no Diagnóstico de Saúde: Os indicadores de saúde são utilizados para analisar objetivamente a 
situação sanitária de uma população, assim como na descrição da evolução da situação de saúde da população 
brasileira e com subsídio para programação das ações de saúde baseadas nas evidências levantadas. Espera-se 
que possam ser analisados e interpretados com facilidade; sua qualidade dependerá das propriedades dos 
componentes utilizados em sua formulação e precisão dos sistemas de informação empregados. 
 Seu grau de excelência pode ser definido por sua validade (capacidade de medir o que se pretende) e 
confiabilidade (reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em condições similares). E sua validade é 
determinada pela sensibilidade (capacidade de detectar o fenômeno analisado), necessita ser mensurável 
(baseado em dados disponíveis), deve ser relevante (responder a prioridades de saúde) e custo-efetivo –justificar 
o investimento de tempo e recursos. 
Principais Índices, Proporções e Taxas: 
 Esperança de vida/expectativa de vida: mede o estado geral de saúde de uma população, definida como 
o número médio de anos que se espera viver. 
 Mortalidade: representa o risco, a probabilidade ou a morte de qualquer pessoa na população, em 
decorrência de determinada doença, acidentes, tabagismo ou outras causas. Geralmente é apresentada 
por números absolutos, proporções ou taxas por idade, sexo e causas específicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Curva de Nelson Moraes: é uma representação gráfica da mortalidade proporcional por idade. A curva 
em N invertido significa condições de vida e saúde MUITO baixas, a curva em L ou J invertido 
significam condições de vida e saúde baixas, já a curva em V ou U indica condições de vida e saúde 
regulares e a curva em J significa condições de vida e saúde elevadas. 
 Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP): anos de vida perdidos em decorrência de morte prematura 
(antes de uma idade arbitrariamente determinada); calcula-se a partir do número de mortes de cada 
idade multiplicado pela expectativa de vida global padronizada por idade em que a morte ocorreu. 
 Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade (AVAIs): um AVAI significa um ano saudável de 
vida perdido, refere-se à diferença entre o estado atual de saúde da população e aquele de uma situação 
ideal, em que todos vivem até uma idade avançada e livres de incapacidade. O AVAI foi designado 
para orientar as políticas de investimento do Banco Mundial no setor saúde e para informar prioridades 
globais em pesquisa e programas internacionais em saúde. 
 
Doenças Não infecciosas, Demografia e Perfil de Morbidade: Morbidade é um termo genérico usado para 
designar o conjunto de casos de uma doença ou agravos à saúde que atingem um grupo de indivíduos, em um 
intervalo de tempo, em uma comunidade específica, de forma a indicar o comportamento das doenças e dos 
agravos à saúde na população. Os indicadores de morbidade medem a frequência de problemas de saúde 
específicos frequentemente estudados segundo quatro indicadores básicos: incidência, prevalência, taxa de 
ataque e distribuição proporcional. 
Medidas de frequência (morbidade): 
A medida da morbidade, ou seja, a 
mensuração da frequência de eventos 
relacionados à saúde em populações 
específicas, está entre o objeto de 
estudo da Epidemiologia. O termo 
frequência necessita ser mais bem 
definido em epidemiologia. Daí a 
distinção que se faz entre incidência e 
prevalência. 
A morbidade de uma doença 
reflete o número de casos de uma 
doença em população de determinado 
território (país, estado, município, distrito municipal, bairro), em dado intervalo do tempo. É definida como o 
comportamento das doenças e dos agravos à saúde em uma população, e é frequentemente estudada utilizando-
se de quatro indicadores básicos: incidência e prevalência; indicadores amplamente utilizados; taxa de ataque e 
de distribuiçãoproporcional. 
 A incidência de uma doença, em determinado local e período, é o número de casos novos dela 
surgidos no mesmo local e período. Alta incidência significa alto risco coletivo de adoecer. 
 A prevalência mede a proporção da população que apresenta a doença, por isso representa o 
estoque de casos, e também depende diretamente da incidência (casos novos). E também 
aumenta com os casos novos e decresce com o número de cura e óbitos. 
A incidência e a prevalência expressam a relação entre casos e a população, mas medem aspectos 
diferentes da morbidade. A incidência denota a intensidade com que acontece uma doença numa população e 
mede a frequência ou probabilidade de ocorrência de casos 
novos dela na população. Reflete também a dinâmica com que 
os casos aparecem no grupo; por exemplo, permite conhecer 
em um grupo de sadios quantos se tornam doentes em 
determinado período de tempo ou quantos evoluíram ao óbito 
na mesma situação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Letalidade: Mede a severidade de uma doença, ou seja, quanto mais grave é a doença, maior a taxa de 
letalidade. 
 
 
Processo Epidêmico: Epidemia e Doenças Endêmicas: Epidemia é a situação em que o número de casos de 
uma doença supera o número de casos esperado. Para caracterizar uma epidemia é importante especificar o 
período (dias, semanas ou meses), a região geográfica e outras particularidades da população em que os casos 
ocorreram. Para a identificação de uma epidemia, deve-se realizar uma análise da frequência usual da doença 
na região, no mesmo grupo populacional, durante a mesma estação do ano. Dessa forma, um pequeno número 
de casos de uma doença pode ser considerado uma situação de epidemia, desde que essa situação não tenha 
ocorrido anteriormente na região. Na epidemiologia surto e epidemia são sinônimos. 
Todos os países são obrigados a informar a Organização Mundial da Saúde os casos de doenças 
potenciais à saúde pública, de acordo com os termos do Regulamento Sanitário Internacional. 
Endemia é a taxa elevada de incidência ou prevalência da doença, e pandemia significa doença muito 
difundida, muitas vezes global. 
Investigação e Controle de Epidemias: Segundo a OMS (2010), a investigação de uma epidemia de doença 
transmissível visa a identificar a causa da epidemia, bem como a melhor maneira de controlá-la. Para tanto, a 
condução da investigação e do controle da epidemia deverá ser sistemática e detalhada, envolvendo os seguintes 
passos, que poderão ser realizados sequencialmente ou simultaneamente: 
 Investigação – verificar o diagnóstico dos casos suspeitos, confirmar a epidemia e formular hipóteses 
sobre a fonte e disseminação da doença, e, se possível, realizar as primeiras intervenções. 
 Identificação e notificação dos casos – criar uma definição clara do que vem a ser um caso. 
 Coleta e análise dos dados – coletar informações detalhadas de pelo menos uma amostra dos casos é 
importante, assim como a contagem criteriosa de todos os casos para permitir uma descrição completa 
da extensão da epidemia. 
 Manejo e controle – o manejo envolve o tratamento dos casos, prevenindo a propagação da doença e a 
monitoração dos efeitos das medidas de controle. A imunização é uma ferramenta poderosa no controle 
e manejo das doenças infecciosas. Os programas de vacinação sistemática podem ser muito efetivos. 
De acordo ainda com a OMS (2010), as doenças transmissíveis tidas como endêmicas são aquelas que 
apresentam um padrão de ocorrência relativamente estável, com elevada incidência ou prevalência em uma 
mesma área geográfica ou grupo populacional, podem se tornar epidêmicas se houver mudanças nas condições 
do hospedeiro, do agente ou do ambiente. 
 
Doenças Infecciosas 
Cadeia do Processo Infeccioso: O agente etiológico nas doenças infecciosas é um ser vivo denominado de 
patógeno. O estímulo à doença pode ser estabelecido por três formas: 
 Infecção: consiste na penetração e multiplicação de um agente no organismo; 
 Infestação: alojamento, com ou sem desenvolvimento, e reprodução de artrópodes na superfície do 
corpo ou nas vestes; 
 Absorção: refere-se aos casos em que não ocorre por infecção, mas pelas toxinas produzidas fora do 
hospedeiro. 
O termo doença transmissível não deve ser utilizado como sinônimo de doença infecciosa, Temos como 
exemplo algumas doenças infecciosas, mas não transmissíveis, ou seja, não são transmitidas do doente para 
outra pessoa, como o tétano, a malária e a leptospirose. Toda doença contagiosa é infecciosa, mas nem toda 
doença infecciosa é contagiosa. 
Para que a doença infecciosa ocorra, é necessário que haja a interação de vários fatores: 
a) Existência de um agente infeccioso em número suficiente; 
b) Via de acesso ao hospedeiro; 
c) Porta de entrada; 
d) Hospedeiro suscetível. 
Na cadeia do processo infeccioso, devemos considerar os seguintes fatores: 
 Reservatório: corresponde ao hábitat onde o agente infeccioso vive, cresce e multiplica-se, e difere da 
fonte de infecção, tendo como principal característica o fato de ser indispensável para a perpetuação do 
agente. 
 Fonte de Infecção: a fonte de infecção (ou infestação) é a responsável pela eventual transmissão do 
agente. 
o Período de incubação = trata-se do intervalo de tempo entre a exposição ao agente infeccioso e 
o aparecimento dos sinais e sintomas da doença. Nesse período, os sinais clínicos e os sintomas 
da doença ainda são inespecíficos. Como manifestações, temos a febre, a coriza e a congestão 
nasal, além de náuseas, vômitos, dor de cabeça e tosse. 
o Período de transmissibilidade = corresponde ao período em que o agente etiológico pode ser 
transferido ou eliminado de um indivíduo infectado ou de um animal a outro indivíduo ou 
animal, de forma direta ou indireta. 
o Período prodrômico = corresponde ao período em que o indivíduo apresenta sinais e sintomas 
inespecíficos da doença, e muitas vezes ele antecede o período em que há manifestação dos 
sinais e sintomas característicos da doença em curso. Neste caso temos dois tipos de 
apresentação: 
I. Doentes típicos – aqueles que apresentam as manifestações típicas da doença. 
II. Doentes atípicos – apresentam a doença em decorrência da infecção, mas as 
manifestações são mais brandas do que nos casos típicos. Também podem ser definidos 
como casos subclínicos. 
o Portadores ou não doentes = são aqueles que não apresentam sinais e sintomas da doença, mas 
podem transmitir o agente, representam uma fonte de infecção em potencial. Podem ser 
divididos em categorias: 
I. Em incubação - não estão doentes, mas estão em período de incubação e manifestarão 
a doença após esse período. 
II. Convalescentes - não estão doentes, mas já tiveram a doença. Esses portadores podem 
ainda ser classificados como temporários e crônicos (ou permanentes). 
o As doenças infecciosas podem se manifestar de diferentes formas no hospedeiro, como: 
I. Doença manifesta – é aquela que apresenta todas as características típicas de uma 
doença; 
II. Forma fulminante da doença – é aquela que se apresenta de forma grave e com alto 
índice de letalidade; 
III. Forma inaparente ou subclínica da doença – é quando o hospedeiro não apresenta sinais 
ou sintomas da doença. 
IV. Sãos – aqueles que nunca estiveram e nunca estarão doentes. 
 Vias de Eliminação: Trata-se do trajeto percorrido pelo agente etiológico, do reservatório ou fonte de 
infecção até alcançar o ambiente. As principais vias são: os tratos respiratórios e digestório, por meio 
de secreções e excreções como: secreções nasobucofaríngeas; fezes; genitourinária; sangue; secreções, 
exsudatos e descamações do tecido epitelial; leite; placenta; pele (lesões superficiais, picadas, mordidas, 
perfurações...). 
 Fatores do Agente: Os agentes etiológicos possuem características que regem a relação com o 
hospedeiro, as quais podem ser determinantes para a ocorrência das doenças, como: 
o Infectividade:é definida como a capacidade do agente etiológico de penetrar, desenvolver-se 
ou multiplicar-se no hospedeiro, ocasionando a infecção. 
o Patogenicidade: representa a capacidade do patógeno de, quando instalado no organismo do 
hospedeiro, homem ou animal, produzir sintomas em maior ou menor intensidade. 
o Virulência: é definida como a capacidade de o agente etiológico provocar casos graves ou fatais 
de infecção, e está relacionada a algumas características do agente, como a capacidade de 
produzir toxinas e multiplicar-se no organismo do hospedeiro. 
o Imunogenicidade (ou poder imunogênico): representa a capacidade de o agente induzir o 
hospedeiro à imunidade. 
 Modo de Transmissão: Entende-se por transmissão a transferência de um agente etiológico do 
reservatório ou fonte de infecção para um novo hospedeiro suscetível. A classificação das vias de 
transmissão considera o tempo entre a eliminação do agente pela fonte de infecção e a sua entrada em 
outro hospedeiro. Via de transmissão em que a permanência do agente no meio externo é curta ou nula 
também pode ser denominada de transmissão direta. A via de transmissão que exige exposição mais 
prolongada do agente no meio exterior também pode ser denominada de transmissão indireta. Nesse 
caso, é essencial que os agentes consigam sobreviver fora do organismo durante certo tempo, além da 
presença de veículos (insetos, por exemplo) que transportem os micro-organismos ou parasitas de um 
lugar a outro. 
o Contágio imediato: o tempo de exposição do agente ao meio externo é nulo, como nos casos de 
transferência do agente por meio de relações sexuais. 
o Contágio mediato: o tempo de exposição do agente ao meio externo é relativamente curto, o 
que assegura sua sobrevida. As formas de contágio mediato ocorrem por: 
I. Gotículas; 
II. Fômites: são representados por objetos, como talheres; 
III. Por meio das mãos/boca 
o Transmissão por vetores: podem ser divididos em: 
I. Biológicos - é aquele vetor essencial, ou obrigatório, na disseminação da doença. 
Portanto, se erradicarmos o vetor biológico, a doença que ele transmite desaparecerá. 
II. Mecânicos - é um vetor acidental e representa mais uma modalidade de transmissão 
do agente etiológico. Sua erradicação retira apenas um dos componentes da transmissão 
da doença. Exemplo: as moscas. 
 Vias de Penetração: As portas de saída e entrada nem sempre são as mesmas. Temos como exemplo as 
intoxicações alimentares por estafilococos, em que o agente entra no novo hospedeiro, por meio de 
alimentos contaminados com secreção da lesão, e é eliminado por uma lesão aberta da pele. 
Aspectos Estruturais e Funcionais na Prevenção e na Exposição às Doenças: O corpo humano possui alguns 
aspectos estruturais e funcionais que podem atuar tanto como mecanismo de defesa como para aumentar a 
suscetibilidade do hospedeiro em desenvolver doenças. A pele e as membranas mucosas proporcionam ao corpo 
uma barreira de proteção, as membranas mucosas são mais permeáveis do que a pele intacta, o que muitas vezes 
acaba servindo de porta de entrada a vários patógenos. 
Os reflexos, a tosse e o espirro, por exemplo, representam uma tentativa de limpar as vias respiratórias 
de substâncias nocivas. As secreções mucosas, como as lágrimas e a saliva, possuem uma ação limpante e 
também podem conter anticorpos específicos contra micro-organismos patogênicos. As secreções gástricas 
(acidez gástrica), o peristaltismo e os anticorpos inespecíficos: os micro‑organismos, ao invadirem o corpo, 
enfrentam uma série de mecanismos de defesa imunológica, tanto do tipo celular (linfócitos T, macrófagos e 
outras células que apresentam antígenos) como do tipo humoral (linfócitos B, anticorpos e outras substâncias). 
A idade é um aspecto importante, uma vez que a gravidade de muitas doenças no indivíduo relaciona-
se a ela. O gênero também pode influenciar na suscetibilidade de certas infecções, mas essas diferenças 
relacionadas intrinsecamente ao sexo são mais difíceis de demonstrar. A etnia e o grupo familiar também podem 
ser relevantes para o hospedeiro. Esse fato se deve às características genéticas que compartilham, além do fator 
genético fatores culturais podem influenciar ou não a ocorrência de doenças. 
As infecções estão intimamente relacionadas com o estado nutricional do hospedeiro. O sistema 
imunológico pode ser deteriorado pala desnutrição grave, tornando o hospedeiro mais suscetível às doenças 
bacterianas. 
Conceitos e Tipos de Imunidades: O sistema imunológico é o conjunto de células, tecidos, órgãos e moléculas 
utilizado para a eliminação de antígenos, com a finalidade de manter a homeostasia orgânica. Os mecanismos 
fisiológicos desse sistema consistem numa resposta coordenada dessas células e moléculas diante dos antígenos, 
o que leva ao aparecimento de respostas específicas e seletivas, inclusive com o desenvolvimento de memória 
imunológica contra patógenos específicos, que também pode ser criada artificialmente por meio das vacinas1. 
A imunidade pode ser definida como o estado de resistência conferida pelo sistema imune, que 
geralmente está associada à presença de anticorpos com ação específica sobre os micro-organismos patogênicos 
ou suas toxinas. Já resistência, é o conjunto de mecanismos que serve de defesa contra a invasão ou 
multiplicação de agentes infecciosos, ou contra os efeitos nocivos de seus produtos tóxicos. A pessoa imune 
possui anticorpos protetores específicos e/ou imunidade celular, como consequência de uma infecção ou 
imunização anterior. A imunidade pode ser classificada de formas diferentes: 
1. Imunidade inata: determinada geneticamente, está presente desde o nascimento, sem especificidade; é 
a primeira linha de defesa contra antígenos. Divide-se em: 
a. Humoral: principal função das células B e dos plasmócitos, que secretam anticorpos na corrente 
circulatória e em outros líquidos corpóreos, resultando em efeitos protetores. Os anticorpos são 
moléculas agrupadas em uma classe de substâncias denominadas imunoglobulinas (IgA, IgD, 
IgE, IgG e IgM). A resposta humoral conduz à destruição dos micro-organismos extracelulares 
e seus produtos nocivos ao ser humano. 
b. Celular: linfócitos T, macrófagos, neutrófilos, eosinófilos, mastócitos e células NK. Diferente 
das imunoglobulinas e não são secretados, precisam migrar até as áreas de lesão para exercer 
seus efeitos protetores, por meio do contato direto com a célula-alvo ou para influenciar as 
atividades de outras células do sistema imune. 
2. Imunidade adquirida: também conhecida como específica ou adaptativa, está ausente no nascimento, é 
decorrente da exposição a antígenos específicos, o que pode aumentar sua intensidade. Essa 
característica é conhecida como efeito de memória. 
 
1 As vacinas fazem parte das medidas de prevenção primária à saúde como ações de proteção específica, que dentro da história 
natural da doença devem ser adotadas no período pré-patogênico. 
a. Passiva: tem efeito de curta duração, 
alguns dias a vários meses; é obtida 
naturalmente por transmissão materna 
(via transplacentária/vertical) ou 
artificialmente, por inoculação de 
anticorpos protetores específicos prontos 
(soros); 
b. Ativa: tem ação, em geral, duradoura; 
pode ser adquirida naturalmente como 
consequência de uma infecção clínica ou subclínica ou artificialmente por inoculação de frações 
ou produtos de um agente infeccioso ou do mesmo agente, morto, atenuado ou recombinado – 
vacinas 
Massa/rebanho: imunização de grande parcela da população, fazendo com que o agente etiológico 
infeccioso tenha menor probabilidade de disseminação no ambiente. Seria desejável saber exatamente que 
proporção da população deve ser imune para que a disseminação de uma infecção seja altamente improvável. 
Ainda que não seja fácil contarmos com informação precisa a esse respeito, dispomos de estimativasrazoáveis 
para algumas doenças. Por exemplo, estima‑se que para interromper a transmissão da difteria na população, 
requer-se de 75 a 85% de população imune. 
 
Contexto Epidemiológico das Doenças Infecciosas Transmissíveis: O desafio para os profissionais de saúde 
é o uso de métodos epidemiológicos na investigação e no controle das doenças transmissíveis; entretanto, as 
investigações frequentemente se limitam pela escassez de recurso. Apesar da redução significativa na 
mortalidade pelas doenças transmissíveis, o impacto sobre a morbidade, principalmente por aquelas doenças 
que não contam com mecanismos eficazes de prevenção, está associado a outras causas – ambientais, sociais e 
econômicas. 
A situação das doenças transmissíveis no Brasil é complexa e pode ser resumida em três grandes 
tendências: 
1. Doenças transmissíveis com tendência descendente: 
a. Difteria – trata-se de uma doença infecciosa aguda causada por bacilo que se aloja mais frequentemente 
nas vias aéreas superiores: nariz, faringe e amídalas. Devido ao aumento da cobertura vacinal da tríplice 
bacteriana (DTP), o número de casos da doença no Brasil vem decrescendo progressivamente. 
b. Coqueluche – intensificação da vigilância epidemiológica, a detecção precoce dos casos e o bloqueio 
vacinal imediatamente ao ser detectado algum foco de surto, além da manutenção de cobertura vacinal, 
em todos os municípios, de 95% para crianças menores de 1 ano com a vacina pentavalente (DTP + Hib 
+ HB). 
c. Tétano – é uma doença transmissível, mas não contagiosa, que apresenta duas formas de ocorrência: 
acidental e neonatal. As estratégias utilizadas na redução do tétano acidental consistem no uso da vacina 
DTP na infância e na dupla adulto (dT) em adultos, além do reforço que deve ser realizado a cada dez 
anos. A vacina apresenta uma eficácia de 100%. Entre as estratégias de prevenção do tétano neonatal, a 
mais eficaz consiste na vacinação das gestantes durante o pré-natal, e também a realização de parto 
asséptico ou limpo e o tratamento correto do coto umbilical. 
d. Poliomielite (paralisia infantil) – é uma doença que pode deixar graves sequelas e evoluir ao óbito. 
Estratégias para a manutenção da erradicação da doença, como a vacinação homogênea em todo o 
território nacional e a vigilância das paralisias flácidas, ainda vêm sendo utilizadas. A manutenção dessas 
estratégias se deve à persistência da poliomielite em outros continentes, o que leva ao permanente risco 
de importação do vírus. 
e. Sarampo – Após a interrupção da transmissão do vírus nos país, em outubro de 2000, não houve mais 
registros de mortes. Desde então, alguns casos da doença vêm sendo confirmados, mas provenientes de 
outros países, como Japão, Alemanha e França. 
f. Rubéola – Uma das estratégias adotadas para o controle dessa doença foi realização de campanha de 
vacinação em massa em todo o país entre 1998 e 2002, para mulheres em idade fértil, com cobertura 
vacinal de 95%, acarretando a redução na ocorrência da síndrome da rubéola congênita (SRC). 
g. Raiva humana – é uma doença infecciosa viral aguda transmitida por mamíferos. Pode ser urbana ou 
silvestre, tem letalidade 100%, ou seja, todas as pessoas que a contraem evoluem ao óbito. Está aí 
justificada a grande importância de atenção pela saúde pública. Entre as estratégias de controle, estão o 
monitoramento da circulação viral e a intensificação da vacinação antirrábica canina nas áreas de maior 
risco. 
h. Doença de Chagas – é transmitida principalmente por insetos hematófagos – os barbeiros. Atualmente, 
está controlada graças às estratégias utilizadas, como a identificação e o combate do vetor com inseticidas 
específicos e as melhorias habitacionais nas áreas endêmicas. 
i. Hanseníase – A estratégia para diminuir a incidência está voltada para a atenção básica, por meio do 
diagnóstico e do tratamento precoce, impedindo a cadeia de transmissão. 
2. Doenças transmissíveis com quadro de persistência: tuberculose e as hepatites virais, especialmente as 
B e C, fazem parte desse grupo. Essa denominação se dá em função das altas prevalências, da ampla 
distribuição geográfica e do potencial evolutivo para formas graves que podem levar a óbito. A 
leptospirose, por apresentar grande número de casos nos meses mais chuvosos e pela alta letalidade, 
assume relevância para a saúde pública. Por sua vez, as meningites também se inserem nesse grupo de 
doenças, principalmente as infecções causadas pelos meningococos B e C, que apresentam níveis 
importantes de transmissão e taxas médias de letalidade acima de 10%. Algumas doenças, como as 
leishmanioses (visceral e tegumentar) e a esquistossomose, ainda mantêm índices elevados de 
prevalência, em decorrência das modificações ambientais provocadas pelo homem, pelos 
deslocamentos populacionais originados de áreas endêmicas e também pela infraestrutura na rede de 
água e esgoto precária. A malária apresentava níveis de incidência persistentemente elevados na região 
amazônica. Outra doença é a febre amarela, Grande parte dos fatores de endemicidade dessa doença 
está voltada para as questões externas ao setor da saúde, que são as alterações ambientais sofridas ao 
longo dos anos, os processos migratórios e as grandes obras de infraestrutura. 
a. Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) – é uma doença originalmente silvestre que acometia as 
pessoas, ocasionalmente, quando em contato com a doença. Entretanto, os estudos epidemiológicos 
realizados a respeito nos últimos anos indicam mudanças no comportamento da doença, que começou a 
se expandir geograficamente para áreas rurais desmatadas e para as regiões periféricas das cidades, com 
ocorrência de novos casos praticamente em todos os estados brasileiros. De difícil controle pois há a 
constante mudança no padrão epidemiológico da doença. Para o controle efetivo da LTA, é importante 
que as estratégias utilizadas sejam específicas para a situação epidemiológica de cada área. E, para isso, 
é fundamental o conhecimento dos casos suspeitos e da área de transmissão, a realização do diagnóstico, 
o tratamento precoce e a adoção de medidas específicas que reduzam a exposição do homem ao vetor, o 
que é possível pelo uso de inseticidas, entre outras medidas. 
 
3. Doenças transmissíveis emergentes e reemergentes: Doenças transmissíveis emergentes são as que 
surgiram, ou foram identificadas, em período recente ou aquelas que assumiram novas condições de 
transmissão, seja devido a modificações das características do agente infeccioso, seja passando de 
doenças raras e restritas para constituírem problemas de saúde pública. As reemergentes, por sua vez, 
são as que ressurgiram, como problema de saúde pública, após terem sido controladas no passado. Aids, 
cólera, dengue, hantaviroses (a infecção no homem ocorre, na maioria das vezes, pela inalação de 
aerossóis formados a partir de secreções e excreções dos reservatórios, que são roedores silvestres. A 
doença pode se manifestar de duas formas clínicas principais, a renal, mais frequente na Europa, e a 
cardiopulmonar, presente apenas no continente americano). 
 
Vigilância Epidemiológica: 
Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a 
detecção ou prevenção 
de qualquer mudança 
nos fatores 
determinantes e 
condicionantes de 
saúde individual ou 
coletiva, com a 
finalidade de 
recomendar e adotar as 
medidas de prevenção e 
controle das doenças ou 
agravos. 
 
Os tipos de vigilância que podem ser realizados nos serviços de saúde são: 
 Passiva: cada nível de saúde envia informações, de forma rotineira e periódica, sobre os eventos 
sujeitos à vigilância ao nível imediatamente superior; é fácil, de baixo custo e mais sustentável no 
tempo. 
 Ativa: os profissionais de saúde buscam diretamente os dados objetos de vigilância, revisando até 
mesmo os registros rotineiros do serviço de saúde e os registrosdiários de atenção às pessoas. 
Garante maior integridade ao sistema, reduz a probabilidade de não detectar casos que efetivamente 
estejam ocorrendo, está indicada nas situações onde a integridade das informações é o mais 
importante: como nas doenças em fase de erradicação e eliminação (sarampo etc.); danos de alta 
prioridade sanitária (mortalidade infantil e materna etc.); após uma exposição ambiental da 
comunidade (dejetos tóxicos, poluição no sistema de abastecimento de água etc.); ou durante e 
imediatamente depois de uma epidemia. 
 Sentinela: baseia-se na informação proporcionada por um grupo selecionado como fonte de 
notificação do sistema. 
As unidades sentinelas 
comprometem-se a 
estudar uma amostra 
preconcebida de 
indivíduos e/ou grupo 
populacional 
específico, no qual é 
avaliada a presença de 
evento de interesse 
para a vigilância. 
 
Notificação e Controle de Doenças: A notificação é um procedimento importante para a vigilância 
epidemiológica, pois consiste na obrigatoriedade das instituições de saúde em informar à autoridade 
sanitária a suspeita da doença, antes da confirmação do caso. A espera pode implicar perda da oportunidade 
de adotar as medidas de prevenção 
e controle indicadas em tempo 
hábil, antes de evitar a propagação 
e/ou consequência mais grave. 
Essa notificação deve ser sigilosa e 
não pode ser divulgada fora do 
âmbito das instituições de saúde, 
para a preservação do direito do 
sigilo das informações dos usuários 
dos serviços de saúde. Quando não 
forem registrados casos de doenças 
notificáveis no decorrer do 
período, deve-se proceder à 
notificação negativa, ou seja, da 
não ocorrência de doenças de notificação compulsória na área de abrangência da unidade de saúde, o que 
demonstra que o sistema de vigilância e os profissionais da área estão alerta para a ocorrência de tais 
eventos. 
 Os casos podem se dividir em: 
a) Caso suspeito – apresenta sinais e sintomas compatíveis da doença, sem evidência de laboratório 
(ausente pendente ou negativa); 
b) Caso provável – apresenta sinais e sintomas compatíveis com a doença, sem evidência definitiva de 
laboratório (ex.: realização de exames inespecíficos); 
c) Caso confirmado – apresenta evidência definitiva de laboratório, com ou sem sinais e/ou sintomas 
compatíveis com a doença. 
Vigilância Sanitária: No Brasil, as ações da Vigilância Sanitária foram definidas por meio da Lei Orgânica 
da Saúde, nº 8080/90: § 1º — Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, 
diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, 
da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde (...) (BRASIL, 1990). 
Posteriormente, em 1999, foi criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pela Lei nº 
9.782, substituindo a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, definindo suas atividades em: [...] 
promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e da 
comercialização de produtos e serviços submetidos à Vigilância Sanitária, inclusive dos ambientes, dos 
processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos 
e fronteiras (BRASIL, 1999). 
Riscos que a população está exposta: 
a) Ambientais: provenientes do consumo de água; decorrentes do esgoto; resíduos (doméstico, industrial, 
hospitalar); vetores de doenças (insetos, artrópodes, animais sinantrópicos e domésticos); poluição do 
ar, do solo e de recursos hídricos, transporte de produtos perigosos etc. 
b) Ocupacionais: decorrentes do processo de produção; manipulação de substâncias tóxicas; intensidade, 
ritmo e ambiente de trabalho. 
c) Latrogênicos: decorrentes de tratamento de saúde e uso de serviços, medicamentos, sangue, 
hemoderivados, radiações ionizantes e tecnologias médico-sanitárias. 
d) Institucionais: os que podem ocorrer em ambientes onde exista a circulação de várias pessoas, como 
creches, escolas, clubes, hotéis, motéis, portos, aeroportos, fronteiras, estações ferroviárias e 
rodoviárias, salão de beleza, saunas etc. 
Cabe a Vigilância Sanitária controlar os bens de consumo, prestação de serviços, possuindo poder de 
polícia sanitária. Inspeciona matérias primas, estruturas e operações (técnicas utilizadas na produção de 
bens de consumo, como na prestação de serviços à comunidade). Atua em portos, aeroportos, área de 
fronteiras, lojas, áreas de lazer, industrias, laboratórios, bancos de sangue, indústria e postos de vendas de 
agrotóxicos, locais públicos (escolas, hospitais, estúdios de tatuagem...). Fiscaliza produtos e serviços. 
Interdita locais que violam a legislação pertinente ou de risco iminente à saúde. Emiti documentos 
necessários para o desenvolvimento das atividades de vigilância. Analisa projetos arquitetônicos de 
estabelecimentos considerados de alto risco sanitário. Autoriza o funcionamento de empresas de fabricação, 
distribuição e importação dos produtos. Dispensa registros de produtos. Fomenta estudos na área. 
Epidemiologia 
Epidemiologia Molecular: é definida como uma subespecialidade da Epidemiologia que investiga a 
distribuição e os fatores determinantes das doenças nas populações humanas. Seu objetivo primordial é fornecer 
subsídios para a intervenção na promoção, na prevenção e no controle dos agravos à saúde. Tem papel 
importante na epidemiologia genética e nos estudos sobre a interação gene/ambiente como determinantes de 
doenças. E ela também pode ser empregada no estudo de diversos agravos à saúde, como doenças nutricionais 
e infecciosas e neoplasias. 
Quando se conhece o subtipo do micro-organismo associado à doença infecciosa, é possível classificar 
os pacientes de acordo com o subtipo do micro-organismo causador da doença, como, por exemplo, separar 
os pacientes acometidos pela dengue de acordo com o subtipo: Den-1, Den-2, Den-3 e Den-4 (entrou em 
circulação mais recentemente). Essa estratificação na análise do caso permite a criação de novas definições 
de caso e identificar possíveis fatores associados a subtipos específicos. Outros tipos de estudos, definidos 
como estudos de filogenia, empregam as técnicas moleculares em micro-organismos, visando à 
identificação da linhagem de descendência ou o entendimento da evolução desse micro-organismo. 
As finalidades das técnicas de Biologia Molecular aplicadas em estudos de doenças infecciosas são: 1) 
Permitir o diagnóstico da doença; 2) confirmar a ocorrência de surtos; 3) identificar surtos entre os que 
parecem casos endêmicos ou esporádicos; 4) identificar fatores de risco; 5) determinar desfechos em estudos 
prospectivos; e 6) determinar a dinâmica da transmissão espacial e temporal de doenças. 
 
Epidemiologia Clínica: é definida como um ramo da Epidemiologia que estuda os determinantes e os efeitos 
das decisões clínicas. A prática de MBE compreende o uso consciente das melhores evidências disponíveis para 
a tomada de decisão acerca de cuidado do paciente. É fundamental que a tomada de decisão baseie-se nas 
melhores evidências disponíveis e avalie benefícios, riscos ambientais e sociais, custos, entre outros. 
O novo cenário da medicina é referido como Medicina Baseada em Evidências (MBE), com base em 
evidências que implicam a análise crítica das provas levantadas, integrando-as à experiência individual, a fim 
de chegar à melhor decisão em saúde. Entretanto, para que isso se torne viável, é importante seguir alguns 
passos: 1) identificar problemas relevantes e convertê-los em questões que conduzam a respostas; 2) pesquisar 
formas eficientes de obter evidências que conduzam a repostas às questões levantadas; 3) analisar de forma 
crítica a qualidade da evidência, avaliando o valor de uma determinada conduta como positiva ou negativa; 4) 
avaliar as situações específicas buscando a melhoria dos cuidados de saúde. 
 
EpidemiologiaAmbiental e Saúde Ocupacional: Epidemiologia Ambiental é o “estudo de distribuição de 
eventos relacionados com o estado de saúde em populações humanas que tenham na sua determinação fatores 
ambientais, sejam físicos, biológicos ou químicos”. Os fatores ambientais compreendem tudo aquilo que não é 
genética, como alimentação, tabagismo, atividade física, entre outros. Contudo, a Epidemiologia Ambiental tem 
uma conotação mais restrita, referindo-se apenas aos fatores ambientais que estão fora do controle imediato. 
Fumar, portanto, não seria incluído como fator na 
Epidemiologia Ambiental, mas o efeito da fumaça do 
cigarro colocado no ar seria. Os estudos na área têm 
enfatizado a compreensão de como o ambiente pode 
promover a sobrevivência humana e contribuir para o 
adoecimento ou levar à morte precoce de populações 
humanas. 
Entre as aplicações da Epidemiologia Ambiental, 
estão: água e esgoto; qualidade do ar; solo e 
contaminantes alimentares; 
 
Sistemas de Informação em Saúde (SIS) 
São conjuntos de informações sistematizadas para a correta tomada de decisões em todos os níveis dos 
serviços de saúde. Devido aos inúmeros fatores causais dos agravos à saúde, a avaliação qualitativa realizada 
por meio de programas informatizados facilita o manuseio e a análise de dados para a compreensão dos fatores 
determinantes da saúde. 
Com os avanços no controle das doenças infecciosas e a mudança de paradigma sobre a compreensão 
do processo saúde-doença, a análise da situação sanitária passou a incorporar outras dimensões do estado de 
saúde, sendo incluídos análise dos indicadores de morbidade, incapacidade, acesso a serviços, qualidade da 
atenção, condições de vida e fatores ambientais. 
Os sistemas de informação em saúde necessitam, para a construção dos indicadores de saúde, dos 
registros que são realizados por diversas instituições públicas ou privadas, com o objetivo de registrar 
regularmente a ocorrência dos eventos como nascimentos, óbitos, hospitalizações, imunizações, acidentes de 
trânsito, poluição ambiental, assistência escolar e ocupacional, entre outros. 
Programas Nacionais: Ficou determinada, na cláusula oitava do planejamento da saúde integrado (Contrato 
Organizativo da Ação Pública (Coap)), que os signatários se comprometerão a manter atualizados os sistemas 
de informação em saúde de base nacional. 
a) Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab): acompanhamento das ações e dos resultados das 
atividades realizadas pelas equipes do Programa Saúde da Família – PSF, atual Estratégia de Saúde da 
Família (ESF). Por meio do Siab, obtêm-se informações sobre cadastros de famílias, condições de 
moradia e saneamento, situação de saúde, produção e composição das equipes de saúde. O Siab 
incorporou em sua formulação conceitos como território, problema e responsabilidade sanitárias, 
estando completamente inserido no contexto de reorganização do SUS. 
b) Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação (Sinan): é alimentado pela notificação e 
investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação 
compulsória, mas é facultado aos Estados e municípios incluírem outras doenças e/ou agravos de saúde 
importantes epidemiologicamente em sua região. O Sistema contribui para a democratização da 
informação, pois permite que todos os profissionais de saúde tenham acesso à informação e as tornem 
disponíveis para a comunidade, sendo um dispositivo relevante para auxiliar o planejamento da saúde, 
definir prioridades de intervenção e, concomitantemente, permite avaliar o impacto das intervenções 
das ações de saúde. 
c) Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI): tem por objetivo possibilitar 
aos gestores do programa uma avaliação dinâmica do risco quanto à ocorrência de surto ou epidemias, 
a partir do registro dos imunobiológicos aplicados e da taxa de cobertura vacinal da população; além 
disso, possibilita o controle do estoque dos imunobiológicos necessários, as informações geradas por 
faixa etária, período de tempo e área geográfica. O SI-PNI é composto por um conjunto de sistemas: 
i. Avaliação do Programa de Imunização (API) – registra, por faixa etária, as doses de 
imunobiológicos aplicadas e calcula a cobertura vacinal, fornece informações sobre vacinação 
de rotina e campanhas, taxa de abandono e envio de boletins de imunização. 
ii. Estoque e Distribuição de Imunobiológicos (EDI); 
iii. Eventos Adversos Pós-Vacinação (EAPV) 
iv. Apuração dos Imunobiológicos Utilizados (AIU): permite realizar o gerenciamento das doses 
utilizadas e das perdas físicas para calcular as perdas técnicas a partir das doses aplicadas. 
v. Entre outros 
d) Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc): objetivo de reunir informações epidemiológicas 
referentes aos nascimentos informados em todo território nacional. As informações do Sinasc, bem 
como o acompanhamento da evolução de suas séries históricas, permite a identificação de prioridades 
de intervenção, o que contribui para efetiva melhoria do sistema de saúde, na medida em que possibilita 
subsidiar intervenções relacionadas à saúde materna e do recém-nascido (RN), em todos os níveis do 
SUS. 
e) Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM): reúne dados quantitativos e qualitativos sobre óbitos 
ocorridos na nação. Possui variáveis que permitem, a partir da causa do óbito atestada, construir 
indicadores e processar análises epidemiológicas que contribuam para a eficiência da gestão em saúde. 
 
Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa): é constituída por um grupo de trabalho 
multidisciplinar de diversas instituições com o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento da capacidade 
nacional de produção e o uso de informações para as políticas de saúde, estruturadas em indicadores específicos 
que se referem aos determinantes sociais, econômicos e organizacionais de saúde da população. 
IDB = Indicadores e Dados Básicos para a Saúde, compreende um conjunto de indicadores construídos 
a partir de bases de dados e pesquisas nacionais sobre diversos aspectos da situação da saúde no país. 
 
Classificação Internacional de Doenças, Traumatismos e Causas de Morte (CID): É utilizada para 
classificar doenças e outros problemas de saúde em diferentes tipos de registros, como atestados de óbito e 
registros hospitalares, o que permite resgatar informações clínicas e epidemiológicas e compará-las com 
estatísticas nacionais de morbimortalidade. 
Nos atestados de óbito é importante se atentar ao preenchimento. 
 
 
 
 
 
Pesquisa Epidemiológica 
 
A melhor forma de começar a pesquisa é procurando conhecer, de forma aprofundada, uma doença 
específica ou os problemas de saúde pública. O saber epidemiológico deve ser complementado pela revisão da 
literatura em livros, artigos científicos, teses, entre outros materiais, a fim de obter conhecimento relacionado à 
patologia, ao tratamento clínico, à farmacologia, reabilitação e ao impacto econômico da doença. Também pode 
ser necessário conhecimento mais detalhado de aspectos de prevenção, impacto econômico ou mudança no 
padrão ou perfil epidemiológico. Além de focar numa doença específica, também é possível escolher um fator 
de risco a ser pesquisado, como exposição ao fumo, entre outros. 
Ao iniciar a pesquisa, deve estar claro qual será o assunto pesquisado; depois, como primeiro passo, é 
necessário definir os objetivos do estudo, ou seja, a questão que se deseja abordar ou a hipótese que se deseja 
testar. Deve-se, também, questionar se os resultados serão relevantes para o trabalho, para daí, então, prosseguir 
com a leitura dos artigos. O método de pesquisa ou o tipo de estudo também deverão ser estabelecidos, a fim de 
responder aos objetivos ambicionados. Na avaliação final do estudo, considere alguns pontos; por exemplo se 
a pesquisa forneceu sugestão para ação; se a questão do estudo foi respondida;se melhoraria o delineamento do 
estudo; se faltou alguma informação que impedisse uma adequada avaliação; se foram considerados os 
resultados de estudos prévios sobre o mesmo assunto; se está satisfeito com o estudo, se ele lhe forneceu 
informações válidas e relevantes. 
 
Projeto de Pesquisa: Entre as etapas envolvidas no planejamento de um projeto de pesquisa, temos: escolha 
do projeto, redação do protocolo, aprovação do comitê de ética, condução do projeto, análise de dados e 
apresentação dos resultados. 
Análise dos Dados: na escolha de um software, você deve avaliar como o programa trabalha com a entrada de 
dados e com variáveis com valores desconhecidos, qual a capacidade do programa para atualizar e juntar bancos 
de dados, os tipos de análise que pode realizar e a possibilidade de editar textos e produzir figuras, gráficos etc. 
Existem vários programas para análise estatística e de epidemiologia. Há um catálogo de recursos 
epidemiológicos, disponível gratuitamente ou por um custo mínimo, produzido pelo Epidemiology Monitor 
(http://www.consort-statement.org/evidence.htm#quorom). O programa Rothman Episheet pode ser baixado do 
endereço http://77www.oup-usa.org/epi/rothman. Há também alguns programas considerados de domínio 
público e distribuídos livremente, como OpenEpiou o Epi Info™ do Centers for Disease Control and Prevention 
(CDC). 
Estudos Epidemiológicos: Os estudos epidemiológicos são divididos em dois ramos da Epidemiologia 
distintos: a Epidemiologia descritiva, que descreve como o agravo se distribui na população, e a Epidemiologia 
analítica, que analisa como e de que forma o agravo atinge a população. Os estudos epidemiológicos podem 
também ser classificados como: 
a) Estudo observacional: não existe nenhuma manipulação do fator estudado, pode ser 
i. Observacional Descritivo – seu objetivo é informar sobre a distribuição de um evento (ex. 
doença) na população, de forma quantitativa e de acordo com as diversas exposições ou 
características da população observada (sexo ou gênero, idade, raça, nível socioeconômico), do 
local (hospital, escola, bairro, cidade, país etc.) e tempo. Ele avalia a morbidade de um evento 
ou agravo à saúde e pode ser de incidência ou prevalência. Os estudos descritivos identificam 
os grupos de risco, visando a estabelecer uma relação com as medidas de prevenção e o 
planejamento em saúde. Eles são especialmente úteis para conhecer a frequência de um evento, 
a história natural ou os determinantes de uma doença. 
ii. Observacional Analítico – seu objetivo é avaliar, além de descrever, se a ocorrência de um 
determinado evento é diferente entre grupos expostos e não expostos a um determinado fator. 
O objetivo específico desse tipo de estudo é testar hipóteses. 
b) Estudo transversal (ou de prevalência): Nesse estudo, cada indivíduo é avaliado quanto ao fator de 
exposição à doença em determinado momento, a fim de determinar a prevalência de uma doença ou 
agravo à saúde. A causa (exposição) e o efeito (doença) são observados no mesmo momento. A análise 
é feita por meio da identificação dos grupos de interesse, os expostos, os não expostos, os doentes e os 
sadios, de modo a investigar a associação entre exposição e doença. 
c) Estudo de Coorte: também parte da causa em 
direção ao efeito. A diferença é que, neste caso, os 
grupos são formados por observação das situações 
na vida real, e não por alocação aleatória da 
exposição. E também se compara a incidência de 
casos nos grupos de expostos e não expostos. 
d) Estudo Caso-Controle: parte-se do efeito (doença) 
e se vai em direção à causa (fator de risco). Por 
essa razão, os estudos são muitas vezes referidos como retrospectivos. Os participantes são selecionados 
de acordo com a presença ou ausência da doença e separados em dois grupos, o grupo de pessoas (casos) 
com a doença e outro sem a doença (controles). Esses grupos são, então, comparados para determinar 
a presença de riscos específicos ou fatores de risco. A relação entre a exposição e o desfecho em um 
estudo de caso controle é quantificado pelo cálculo do odds ratio. 
e) Estudo experimental ou de intervenção: parte-se da causa em direção ao efeito. Nos estudos 
experimentais, as diferentes etapas ficam teoricamente sob um “controle maior” do investigador. Os 
estudos experimentais em seres humanos podem ser subdivididos em: 
i. Experimentos laboratoriais em humanos – os indivíduos são geralmente expostos a uma 
intervenção por um período curto (minutos, horas ou poucos dias) e se limitam ao enfoque 
terapêutico/preventivo. 
ii. Ensaio clínico randomizado – mais comumente para testar o efeito de um medicamento, 
vacinas, alguma intervenção ou procedimento, ou alguma medida ou programa de prevenção. 
Nesse ensaio, os participantes são colocados aleatoriamente para formar os grupos: o de estudo 
e o de controle, objetivando formar grupos com características semelhantes. Procede-se à 
intervenção em apenas um deles (o de estudo), o outro (controle) serve para comparação dos 
resultados. 
iii. Intervenção (ensaio) comunitária(o) – nesse a intervenção é feita ao nível da comunidade. Ex.: 
comparar a taxa de cáries dentárias em comunidades que tiveram flúor adicionado à água com 
comunidades que não tiveram. 
f) Estudos ecológicos: Nesse estudo, a unidade de observação é um conjunto de indivíduos que pode ser 
comparado por áreas geográficas. Permite comparar as populações em diferentes lugares ao mesmo 
tempo ou, ainda, a mesma população pode ser observada em diferentes momentos (estudo de série 
temporal). A vantagem do estudo de série temporal é minimizar o efeito de confusão causado pelo nível 
socioeconômico, que é um grande problema nos estudos ecológicos. São úteis para gerar hipóteses. 
Normalmente, são fáceis de realizar, mas frequentemente difíceis de interpretar, uma vez que raramente 
é possível encontrar explicações para os resultados obtidos.

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