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EPIDEMIOLOGIA História da Epidemiologia De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde/Opas (2010), a história da epidemiologia pode ser dividida em três fases distintas: 1. Estatística sanitária/paradigma miasmático; 2. Epidemiologia das doenças infecciosas/paradigma microbiano; 3. Epidemiologia de doenças crônicas/paradigma dos fatores de risco. Conceitos e Aplicações da Epidemiologia Epidemiologia pode ser conceituada como um estudo que inclui a vigilância, a observação, o teste de hipóteses e pesquisas analíticas e experimentais, que analisa a distribuição quanto ao tempo, pessoas, lugares e grupos de indivíduos afetados, sobre os fatores determinantes do estado de saúde (biológicos, químicos, físicos, sociais, culturais, econômicos, genéticos e comportamentais). Os estados ou eventos de saúde estão relacionados com as doenças, as causas de óbito, os hábitos comportamentais, os aspectos positivos em saúde, as reações a medidas preventivas, a utilização e a oferta de serviços de saúde, entre outros. Dessa forma, o enfoque epidemiológico considera que a doença na população não ocorre por acaso nem está distribuída de forma homogênea. Há fatores associados que, para serem causais, cumprem com os seguintes critérios: Temporalidade = toda causa precede a seu efeito, o chamado princípio do determinismo causal; Força de Associação Consistência da Observação Especificidade da causa, o gradiente biológico (efeito dose-resposta) e a plausibilidade biológica. Os fatores de risco referem-se aos aspectos de hábitos pessoais ou de exposição ambiental, que estão associados ao aumento da probabilidade de ocorrência de alguma doença. Uma vez que os fatores de risco podem ser modificados, as medidas que os atenuem podem diminuir a ocorrência de doenças. O impacto dessas intervenções pode ser determinado por meio de medidas repetidas, utilizando-se os mesmos métodos e definições. Os agentes podem ser infecciosos ou não infecciosos (químicos ou físicos) e são necessários, mas nem sempre suficientes, para causar a doença. Os fatores do hospedeiro são os que determinam a exposição de um indivíduo, sua suscetibilidade e capacidade de resposta e suas características de idade, grupo étnico, constituição genética, gênero, situação socioeconômica e estilo de vida. Por último, os fatores ambientais englobam o ambiente social, físico e biológico. Na atualidade, é reconhecido que a epidemiologia trata de qualquer evento relacionado a saúde ou a doença da comunidade. Suas aplicações variam desde a descrição das condições de saúde da população, da investigação dos fatores determinantes de doenças, da avaliação do impacto das ações para alterar a situação de saúde até a avaliação da utilização dos serviços de saúde, incluindo custos de assistência. Contribui para o melhor entendimento da saúde da população e parte do conhecimento profundo das causas e dos fatores que a determinam, gerando subsídios para o planejamento a fim de prevenir e controlar as doenças. De forma sucinta, as atividades desenvolvidas pela Epidemiologia podem ser assim agrupadas: Vigiar as tendências de mortalidade, morbidade e risco e monitorar a efetividade dos serviços de saúde; Identificar determinantes, fatores e grupos de risco na população; Priorizar problemas de saúde na população; Proporcionar evidências para a seleção racional de políticas, intervenções e serviços de saúde, bem como para a alocação eficiente de recursos; Avaliar medidas de controle e intervenções sanitárias e respaldar o planejamento dos serviços de saúde; História Natural da Doença Conceito de Saúde e Doença: Diversos estudiosos evidenciaram que não existe um pensamento de saúde separada da doença, e sim um complexo processo saúde-doença, que envolve várias manifestações da população, sendo um campo propício para a atuação da saúde pública. Nessa perspectiva, o que surge é um conceito ampliado de saúde, que engloba todas as manifestações sociais. Dessa forma, a saúde não é a mera ausência da doença, e sim a garantia de acesso a serviços de saúde e condições dignas de vida, saúde é ter qualidade de vida, é ter uma vida digna e saudável. Período Pré-Patogênico e Patogênico: A história natural da doença pode ser dividida em dois períodos: 1. Pré-patogênico ou pré-patogênese, que se subdivide em: a. Fase inicial ou de susceptibilidade: nesse período, ainda não existe a doença, mas podem estar presentes as condições que favorecem seu desenvolvimento. Dependendo da existência de fatores de risco ou de proteção, alguns indivíduos estarão mais ou menos propensos a determinadas doenças do que outros. b. Fase patológica pré-clínica: a doença não é evidente, mas já está instalada. 2. Período patogênico: corresponde ao desenvolvimento da doença. Subdivide-se em: a. Fase clínica: é o período em que ocorrem manifestações evidentes da doença. b. Fase de incapacidade residual: por último, se a doença não evoluir para a morte nem for curada, ocorrem as sequelas. Níveis de Prevenção: Os níveis de prevenção são diferentes, de acordo com os períodos de desenvolvimento da doença, e dividem-se em: 1. Prevenção primordial: o objetivo é evitar o surgimento e o estabelecimento de padrão de vida social, econômica e cultural que contribua para um elevado risco de doença. No caso de doenças crônicas, deveria incluir políticas nacionais e programas sobre nutrição, envolvendo setores da agricultura, indústria alimentícia e de importação e exportação de alimentos, aliadas a programas de incentivo à prática regular de atividade física. 2. Prevenção primária: são medidas de proteção da saúde, em geral por meio de esforços pessoais e comunitários; têm por objetivo limitar a incidência de doenças por meio do controle das causas específicas e dos fatores de risco. Desenvolve-se a partir de atividades dirigidas a toda comunidade para reduzir o risco médio, conhecidas como estratégias de massa/populacional. Na prevenção primária, podem ser adotadas medidas gerais de promoção à saúde e proteção específica, como saneamento básico e vacinas, respectivamente. 3. Prevenção secundária: seu objetivo é a redução das consequências mais graves da doença, por meio do diagnóstico precoce e do tratamento. Estão incluídas medidas individuais e coletivas que permitem diagnóstico precoce e intervenção imediata e efetiva. Suas ações são dirigidas ao período compreendido entre o início da doença e o momento em que normalmente seria feito o diagnóstico. Seu objetivo não é reduzir a incidência da enfermidade, e sim sua prevalência, gravidade e duração, complicações e a letalidade. Exemplo: campanhas massivas de exame de colpocitologia oncótica, autoexame das mamas e triagem neonatal. 4. Prevenção terciária: visa à redução do progresso e das sequelas da doença estabelecida, mediante a adoção de medidas para reduzir sequelas e deficiências, minimizar o sofrimento e facilitar a adaptação dos pacientes a seu ambiente, objetivando a manutenção da qualidade de vida e o retorno às atividades sociais. Modelos Explicativos do Processo Saúde-Doença: Consistem em formas para explicar o processo saúde‑doença; dividem-se em: A. Mágico-religioso: modelos dominantes entre os povos da antiguidade e também responsáveis pela manutenção da coesão social e pelo desenvolvimento inicial da prática médica. Esse modelo mantém um forte encaixamento histórico nas mais diferentes culturas; a visão mágico-religiosa ainda exerce muita influência nas formas de pensar o processo saúde-doença na contemporaneidade. Não é incomum encontrarmos o uso de chás, o recurso das rezas, benzedeiras, simpatias, oferendas e os ritos de purificação, presentes nas diversas crenças e religiões – católica, evangélica, espírita, candomblé, entre outras. B. Teoria miasmática:Entendia a saúde como homeostase (equilíbrio entre o homem e o ambiente) e a doença como um desequilíbrio dos quatro humores fundamentais do organismo: sangue, linfa, bile amarela e bile negra. A partir desses postulados, propôs medidas higiênicas e sanitárias para o controle das doenças. C. Unicausalidade: o modelo unicausal de compreensão da doença estava baseado na existência de apenas uma causa para um agravo ou doença. Nos primeiros anos do século XX, foram desvendadas a participação de vetores na transmissão de doenças e o papel dos portadores sadios na manutenção da cadeia epidemiológica. Dessa forma, estava posta a possibilidade de aplicar o princípio da imunidade ativa e passiva às doenças infecciosas (febre tifoide, tuberculose, febre amarela, poliomielite, difteria, tétano, envenenamento por picada de animais peçonhentos etc.) Essa concepção permitiu o sucesso na prevenção de diversas doenças infecciosas. Contudo, reduziu o processo saúde-doença à ação única de um agente específico, foi incapaz de responder a todas as questões inerentes ao adoecimento dos indivíduos e das comunidades. D. Modelo de multicausalidade: Esse modelo trabalha com o conceito desenvolvido na história natural da doença, também conhecido como modelo ecológico, e seus níveis de prevenção abrangem a ocorrência das doenças em domínios: o meio externo onde atuam determinantes e agentes exteriores (natureza física, biológica, política e sociocultural) e o meio interno onde se desenvolve a doença (mudanças bioquímicas, fisiológicas e histológicas), e atuariam os fatores hereditários, congênitos, as alterações orgânicas consequentes. E. Modelo Diderichsen et al. – estratificação social e produção de doenças: Enfatiza a criação da estratificação social pelo contexto social, delega aos indivíduos posições sociais distintas, determina suas oportunidades de saúde. F. Modelo de Mackenbach: inclui o ambiente na infância, os fatores culturais e psicológicos, demonstra os mecanismos que geram as desigualdades na saúde: seleção versus causa, tanto como fator de seleção como causal. G. Modelo de Brunner, Marmot e Wilkinson – múltiplas influências no decorrer da vida: utilizado como forma de ilustrar como as desigualdades socioeconômicas interferem na saúde, são consequência direta das diferenças de exposição ao risco ambiental, psicológico e comportamental no decorrer da vida. Inicialmente havia sido desenvolvido para unir as perspectivas da saúde clínica (curativa) às perspectivas da saúde pública (preventiva); posteriormente foi aplicado ao processo social para avaliar as desigualdades na saúde. Relaciona o padrão social à saúde e à doença por caminhos materiais, psicossociais, comportamentais, fatores genéticos, de infância e culturais H. Modelo de Dahlgren e Whitehead: esse foi o modelo que a Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde escolheu para utilizar no Brasil, por sua simplicidade e fácil compreensão para vários tipos de público e clara visualização gráfica dos diversos determinantes sociais da saúde. As condições de vida e trabalho, o gradiente social da saúde nos países, as desigualdades sanitárias dentre e dentro dos países são provocados pela distribuição desigual (mundial/nacional/regional), por consequentes injustiças nas condições de vida (não é um fenômeno natural, mas, sim, uma determinação social), de forma imediata e visível. A equidade tem como objetivo corrigir as desigualdades injustas, como uma questão de justiça social; nessa perspectiva deve ser compreendia como um imperativo ético e seu alcance deve ser estruturado em três linhas de ação: melhorar as condições de vida; lutar contra a distribuição desigual de poder e recursos; medir a magnitude do problema; avaliar as intervenções; ampliar a base de conhecimentos e dotar de pessoal capacitado em determinantes sociais da saúde Indicadores de Saúde Aplicações no Diagnóstico de Saúde: Os indicadores de saúde são utilizados para analisar objetivamente a situação sanitária de uma população, assim como na descrição da evolução da situação de saúde da população brasileira e com subsídio para programação das ações de saúde baseadas nas evidências levantadas. Espera-se que possam ser analisados e interpretados com facilidade; sua qualidade dependerá das propriedades dos componentes utilizados em sua formulação e precisão dos sistemas de informação empregados. Seu grau de excelência pode ser definido por sua validade (capacidade de medir o que se pretende) e confiabilidade (reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em condições similares). E sua validade é determinada pela sensibilidade (capacidade de detectar o fenômeno analisado), necessita ser mensurável (baseado em dados disponíveis), deve ser relevante (responder a prioridades de saúde) e custo-efetivo –justificar o investimento de tempo e recursos. Principais Índices, Proporções e Taxas: Esperança de vida/expectativa de vida: mede o estado geral de saúde de uma população, definida como o número médio de anos que se espera viver. Mortalidade: representa o risco, a probabilidade ou a morte de qualquer pessoa na população, em decorrência de determinada doença, acidentes, tabagismo ou outras causas. Geralmente é apresentada por números absolutos, proporções ou taxas por idade, sexo e causas específicas. Curva de Nelson Moraes: é uma representação gráfica da mortalidade proporcional por idade. A curva em N invertido significa condições de vida e saúde MUITO baixas, a curva em L ou J invertido significam condições de vida e saúde baixas, já a curva em V ou U indica condições de vida e saúde regulares e a curva em J significa condições de vida e saúde elevadas. Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP): anos de vida perdidos em decorrência de morte prematura (antes de uma idade arbitrariamente determinada); calcula-se a partir do número de mortes de cada idade multiplicado pela expectativa de vida global padronizada por idade em que a morte ocorreu. Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade (AVAIs): um AVAI significa um ano saudável de vida perdido, refere-se à diferença entre o estado atual de saúde da população e aquele de uma situação ideal, em que todos vivem até uma idade avançada e livres de incapacidade. O AVAI foi designado para orientar as políticas de investimento do Banco Mundial no setor saúde e para informar prioridades globais em pesquisa e programas internacionais em saúde. Doenças Não infecciosas, Demografia e Perfil de Morbidade: Morbidade é um termo genérico usado para designar o conjunto de casos de uma doença ou agravos à saúde que atingem um grupo de indivíduos, em um intervalo de tempo, em uma comunidade específica, de forma a indicar o comportamento das doenças e dos agravos à saúde na população. Os indicadores de morbidade medem a frequência de problemas de saúde específicos frequentemente estudados segundo quatro indicadores básicos: incidência, prevalência, taxa de ataque e distribuição proporcional. Medidas de frequência (morbidade): A medida da morbidade, ou seja, a mensuração da frequência de eventos relacionados à saúde em populações específicas, está entre o objeto de estudo da Epidemiologia. O termo frequência necessita ser mais bem definido em epidemiologia. Daí a distinção que se faz entre incidência e prevalência. A morbidade de uma doença reflete o número de casos de uma doença em população de determinado território (país, estado, município, distrito municipal, bairro), em dado intervalo do tempo. É definida como o comportamento das doenças e dos agravos à saúde em uma população, e é frequentemente estudada utilizando- se de quatro indicadores básicos: incidência e prevalência; indicadores amplamente utilizados; taxa de ataque e de distribuiçãoproporcional. A incidência de uma doença, em determinado local e período, é o número de casos novos dela surgidos no mesmo local e período. Alta incidência significa alto risco coletivo de adoecer. A prevalência mede a proporção da população que apresenta a doença, por isso representa o estoque de casos, e também depende diretamente da incidência (casos novos). E também aumenta com os casos novos e decresce com o número de cura e óbitos. A incidência e a prevalência expressam a relação entre casos e a população, mas medem aspectos diferentes da morbidade. A incidência denota a intensidade com que acontece uma doença numa população e mede a frequência ou probabilidade de ocorrência de casos novos dela na população. Reflete também a dinâmica com que os casos aparecem no grupo; por exemplo, permite conhecer em um grupo de sadios quantos se tornam doentes em determinado período de tempo ou quantos evoluíram ao óbito na mesma situação. Letalidade: Mede a severidade de uma doença, ou seja, quanto mais grave é a doença, maior a taxa de letalidade. Processo Epidêmico: Epidemia e Doenças Endêmicas: Epidemia é a situação em que o número de casos de uma doença supera o número de casos esperado. Para caracterizar uma epidemia é importante especificar o período (dias, semanas ou meses), a região geográfica e outras particularidades da população em que os casos ocorreram. Para a identificação de uma epidemia, deve-se realizar uma análise da frequência usual da doença na região, no mesmo grupo populacional, durante a mesma estação do ano. Dessa forma, um pequeno número de casos de uma doença pode ser considerado uma situação de epidemia, desde que essa situação não tenha ocorrido anteriormente na região. Na epidemiologia surto e epidemia são sinônimos. Todos os países são obrigados a informar a Organização Mundial da Saúde os casos de doenças potenciais à saúde pública, de acordo com os termos do Regulamento Sanitário Internacional. Endemia é a taxa elevada de incidência ou prevalência da doença, e pandemia significa doença muito difundida, muitas vezes global. Investigação e Controle de Epidemias: Segundo a OMS (2010), a investigação de uma epidemia de doença transmissível visa a identificar a causa da epidemia, bem como a melhor maneira de controlá-la. Para tanto, a condução da investigação e do controle da epidemia deverá ser sistemática e detalhada, envolvendo os seguintes passos, que poderão ser realizados sequencialmente ou simultaneamente: Investigação – verificar o diagnóstico dos casos suspeitos, confirmar a epidemia e formular hipóteses sobre a fonte e disseminação da doença, e, se possível, realizar as primeiras intervenções. Identificação e notificação dos casos – criar uma definição clara do que vem a ser um caso. Coleta e análise dos dados – coletar informações detalhadas de pelo menos uma amostra dos casos é importante, assim como a contagem criteriosa de todos os casos para permitir uma descrição completa da extensão da epidemia. Manejo e controle – o manejo envolve o tratamento dos casos, prevenindo a propagação da doença e a monitoração dos efeitos das medidas de controle. A imunização é uma ferramenta poderosa no controle e manejo das doenças infecciosas. Os programas de vacinação sistemática podem ser muito efetivos. De acordo ainda com a OMS (2010), as doenças transmissíveis tidas como endêmicas são aquelas que apresentam um padrão de ocorrência relativamente estável, com elevada incidência ou prevalência em uma mesma área geográfica ou grupo populacional, podem se tornar epidêmicas se houver mudanças nas condições do hospedeiro, do agente ou do ambiente. Doenças Infecciosas Cadeia do Processo Infeccioso: O agente etiológico nas doenças infecciosas é um ser vivo denominado de patógeno. O estímulo à doença pode ser estabelecido por três formas: Infecção: consiste na penetração e multiplicação de um agente no organismo; Infestação: alojamento, com ou sem desenvolvimento, e reprodução de artrópodes na superfície do corpo ou nas vestes; Absorção: refere-se aos casos em que não ocorre por infecção, mas pelas toxinas produzidas fora do hospedeiro. O termo doença transmissível não deve ser utilizado como sinônimo de doença infecciosa, Temos como exemplo algumas doenças infecciosas, mas não transmissíveis, ou seja, não são transmitidas do doente para outra pessoa, como o tétano, a malária e a leptospirose. Toda doença contagiosa é infecciosa, mas nem toda doença infecciosa é contagiosa. Para que a doença infecciosa ocorra, é necessário que haja a interação de vários fatores: a) Existência de um agente infeccioso em número suficiente; b) Via de acesso ao hospedeiro; c) Porta de entrada; d) Hospedeiro suscetível. Na cadeia do processo infeccioso, devemos considerar os seguintes fatores: Reservatório: corresponde ao hábitat onde o agente infeccioso vive, cresce e multiplica-se, e difere da fonte de infecção, tendo como principal característica o fato de ser indispensável para a perpetuação do agente. Fonte de Infecção: a fonte de infecção (ou infestação) é a responsável pela eventual transmissão do agente. o Período de incubação = trata-se do intervalo de tempo entre a exposição ao agente infeccioso e o aparecimento dos sinais e sintomas da doença. Nesse período, os sinais clínicos e os sintomas da doença ainda são inespecíficos. Como manifestações, temos a febre, a coriza e a congestão nasal, além de náuseas, vômitos, dor de cabeça e tosse. o Período de transmissibilidade = corresponde ao período em que o agente etiológico pode ser transferido ou eliminado de um indivíduo infectado ou de um animal a outro indivíduo ou animal, de forma direta ou indireta. o Período prodrômico = corresponde ao período em que o indivíduo apresenta sinais e sintomas inespecíficos da doença, e muitas vezes ele antecede o período em que há manifestação dos sinais e sintomas característicos da doença em curso. Neste caso temos dois tipos de apresentação: I. Doentes típicos – aqueles que apresentam as manifestações típicas da doença. II. Doentes atípicos – apresentam a doença em decorrência da infecção, mas as manifestações são mais brandas do que nos casos típicos. Também podem ser definidos como casos subclínicos. o Portadores ou não doentes = são aqueles que não apresentam sinais e sintomas da doença, mas podem transmitir o agente, representam uma fonte de infecção em potencial. Podem ser divididos em categorias: I. Em incubação - não estão doentes, mas estão em período de incubação e manifestarão a doença após esse período. II. Convalescentes - não estão doentes, mas já tiveram a doença. Esses portadores podem ainda ser classificados como temporários e crônicos (ou permanentes). o As doenças infecciosas podem se manifestar de diferentes formas no hospedeiro, como: I. Doença manifesta – é aquela que apresenta todas as características típicas de uma doença; II. Forma fulminante da doença – é aquela que se apresenta de forma grave e com alto índice de letalidade; III. Forma inaparente ou subclínica da doença – é quando o hospedeiro não apresenta sinais ou sintomas da doença. IV. Sãos – aqueles que nunca estiveram e nunca estarão doentes. Vias de Eliminação: Trata-se do trajeto percorrido pelo agente etiológico, do reservatório ou fonte de infecção até alcançar o ambiente. As principais vias são: os tratos respiratórios e digestório, por meio de secreções e excreções como: secreções nasobucofaríngeas; fezes; genitourinária; sangue; secreções, exsudatos e descamações do tecido epitelial; leite; placenta; pele (lesões superficiais, picadas, mordidas, perfurações...). Fatores do Agente: Os agentes etiológicos possuem características que regem a relação com o hospedeiro, as quais podem ser determinantes para a ocorrência das doenças, como: o Infectividade:é definida como a capacidade do agente etiológico de penetrar, desenvolver-se ou multiplicar-se no hospedeiro, ocasionando a infecção. o Patogenicidade: representa a capacidade do patógeno de, quando instalado no organismo do hospedeiro, homem ou animal, produzir sintomas em maior ou menor intensidade. o Virulência: é definida como a capacidade de o agente etiológico provocar casos graves ou fatais de infecção, e está relacionada a algumas características do agente, como a capacidade de produzir toxinas e multiplicar-se no organismo do hospedeiro. o Imunogenicidade (ou poder imunogênico): representa a capacidade de o agente induzir o hospedeiro à imunidade. Modo de Transmissão: Entende-se por transmissão a transferência de um agente etiológico do reservatório ou fonte de infecção para um novo hospedeiro suscetível. A classificação das vias de transmissão considera o tempo entre a eliminação do agente pela fonte de infecção e a sua entrada em outro hospedeiro. Via de transmissão em que a permanência do agente no meio externo é curta ou nula também pode ser denominada de transmissão direta. A via de transmissão que exige exposição mais prolongada do agente no meio exterior também pode ser denominada de transmissão indireta. Nesse caso, é essencial que os agentes consigam sobreviver fora do organismo durante certo tempo, além da presença de veículos (insetos, por exemplo) que transportem os micro-organismos ou parasitas de um lugar a outro. o Contágio imediato: o tempo de exposição do agente ao meio externo é nulo, como nos casos de transferência do agente por meio de relações sexuais. o Contágio mediato: o tempo de exposição do agente ao meio externo é relativamente curto, o que assegura sua sobrevida. As formas de contágio mediato ocorrem por: I. Gotículas; II. Fômites: são representados por objetos, como talheres; III. Por meio das mãos/boca o Transmissão por vetores: podem ser divididos em: I. Biológicos - é aquele vetor essencial, ou obrigatório, na disseminação da doença. Portanto, se erradicarmos o vetor biológico, a doença que ele transmite desaparecerá. II. Mecânicos - é um vetor acidental e representa mais uma modalidade de transmissão do agente etiológico. Sua erradicação retira apenas um dos componentes da transmissão da doença. Exemplo: as moscas. Vias de Penetração: As portas de saída e entrada nem sempre são as mesmas. Temos como exemplo as intoxicações alimentares por estafilococos, em que o agente entra no novo hospedeiro, por meio de alimentos contaminados com secreção da lesão, e é eliminado por uma lesão aberta da pele. Aspectos Estruturais e Funcionais na Prevenção e na Exposição às Doenças: O corpo humano possui alguns aspectos estruturais e funcionais que podem atuar tanto como mecanismo de defesa como para aumentar a suscetibilidade do hospedeiro em desenvolver doenças. A pele e as membranas mucosas proporcionam ao corpo uma barreira de proteção, as membranas mucosas são mais permeáveis do que a pele intacta, o que muitas vezes acaba servindo de porta de entrada a vários patógenos. Os reflexos, a tosse e o espirro, por exemplo, representam uma tentativa de limpar as vias respiratórias de substâncias nocivas. As secreções mucosas, como as lágrimas e a saliva, possuem uma ação limpante e também podem conter anticorpos específicos contra micro-organismos patogênicos. As secreções gástricas (acidez gástrica), o peristaltismo e os anticorpos inespecíficos: os micro‑organismos, ao invadirem o corpo, enfrentam uma série de mecanismos de defesa imunológica, tanto do tipo celular (linfócitos T, macrófagos e outras células que apresentam antígenos) como do tipo humoral (linfócitos B, anticorpos e outras substâncias). A idade é um aspecto importante, uma vez que a gravidade de muitas doenças no indivíduo relaciona- se a ela. O gênero também pode influenciar na suscetibilidade de certas infecções, mas essas diferenças relacionadas intrinsecamente ao sexo são mais difíceis de demonstrar. A etnia e o grupo familiar também podem ser relevantes para o hospedeiro. Esse fato se deve às características genéticas que compartilham, além do fator genético fatores culturais podem influenciar ou não a ocorrência de doenças. As infecções estão intimamente relacionadas com o estado nutricional do hospedeiro. O sistema imunológico pode ser deteriorado pala desnutrição grave, tornando o hospedeiro mais suscetível às doenças bacterianas. Conceitos e Tipos de Imunidades: O sistema imunológico é o conjunto de células, tecidos, órgãos e moléculas utilizado para a eliminação de antígenos, com a finalidade de manter a homeostasia orgânica. Os mecanismos fisiológicos desse sistema consistem numa resposta coordenada dessas células e moléculas diante dos antígenos, o que leva ao aparecimento de respostas específicas e seletivas, inclusive com o desenvolvimento de memória imunológica contra patógenos específicos, que também pode ser criada artificialmente por meio das vacinas1. A imunidade pode ser definida como o estado de resistência conferida pelo sistema imune, que geralmente está associada à presença de anticorpos com ação específica sobre os micro-organismos patogênicos ou suas toxinas. Já resistência, é o conjunto de mecanismos que serve de defesa contra a invasão ou multiplicação de agentes infecciosos, ou contra os efeitos nocivos de seus produtos tóxicos. A pessoa imune possui anticorpos protetores específicos e/ou imunidade celular, como consequência de uma infecção ou imunização anterior. A imunidade pode ser classificada de formas diferentes: 1. Imunidade inata: determinada geneticamente, está presente desde o nascimento, sem especificidade; é a primeira linha de defesa contra antígenos. Divide-se em: a. Humoral: principal função das células B e dos plasmócitos, que secretam anticorpos na corrente circulatória e em outros líquidos corpóreos, resultando em efeitos protetores. Os anticorpos são moléculas agrupadas em uma classe de substâncias denominadas imunoglobulinas (IgA, IgD, IgE, IgG e IgM). A resposta humoral conduz à destruição dos micro-organismos extracelulares e seus produtos nocivos ao ser humano. b. Celular: linfócitos T, macrófagos, neutrófilos, eosinófilos, mastócitos e células NK. Diferente das imunoglobulinas e não são secretados, precisam migrar até as áreas de lesão para exercer seus efeitos protetores, por meio do contato direto com a célula-alvo ou para influenciar as atividades de outras células do sistema imune. 2. Imunidade adquirida: também conhecida como específica ou adaptativa, está ausente no nascimento, é decorrente da exposição a antígenos específicos, o que pode aumentar sua intensidade. Essa característica é conhecida como efeito de memória. 1 As vacinas fazem parte das medidas de prevenção primária à saúde como ações de proteção específica, que dentro da história natural da doença devem ser adotadas no período pré-patogênico. a. Passiva: tem efeito de curta duração, alguns dias a vários meses; é obtida naturalmente por transmissão materna (via transplacentária/vertical) ou artificialmente, por inoculação de anticorpos protetores específicos prontos (soros); b. Ativa: tem ação, em geral, duradoura; pode ser adquirida naturalmente como consequência de uma infecção clínica ou subclínica ou artificialmente por inoculação de frações ou produtos de um agente infeccioso ou do mesmo agente, morto, atenuado ou recombinado – vacinas Massa/rebanho: imunização de grande parcela da população, fazendo com que o agente etiológico infeccioso tenha menor probabilidade de disseminação no ambiente. Seria desejável saber exatamente que proporção da população deve ser imune para que a disseminação de uma infecção seja altamente improvável. Ainda que não seja fácil contarmos com informação precisa a esse respeito, dispomos de estimativasrazoáveis para algumas doenças. Por exemplo, estima‑se que para interromper a transmissão da difteria na população, requer-se de 75 a 85% de população imune. Contexto Epidemiológico das Doenças Infecciosas Transmissíveis: O desafio para os profissionais de saúde é o uso de métodos epidemiológicos na investigação e no controle das doenças transmissíveis; entretanto, as investigações frequentemente se limitam pela escassez de recurso. Apesar da redução significativa na mortalidade pelas doenças transmissíveis, o impacto sobre a morbidade, principalmente por aquelas doenças que não contam com mecanismos eficazes de prevenção, está associado a outras causas – ambientais, sociais e econômicas. A situação das doenças transmissíveis no Brasil é complexa e pode ser resumida em três grandes tendências: 1. Doenças transmissíveis com tendência descendente: a. Difteria – trata-se de uma doença infecciosa aguda causada por bacilo que se aloja mais frequentemente nas vias aéreas superiores: nariz, faringe e amídalas. Devido ao aumento da cobertura vacinal da tríplice bacteriana (DTP), o número de casos da doença no Brasil vem decrescendo progressivamente. b. Coqueluche – intensificação da vigilância epidemiológica, a detecção precoce dos casos e o bloqueio vacinal imediatamente ao ser detectado algum foco de surto, além da manutenção de cobertura vacinal, em todos os municípios, de 95% para crianças menores de 1 ano com a vacina pentavalente (DTP + Hib + HB). c. Tétano – é uma doença transmissível, mas não contagiosa, que apresenta duas formas de ocorrência: acidental e neonatal. As estratégias utilizadas na redução do tétano acidental consistem no uso da vacina DTP na infância e na dupla adulto (dT) em adultos, além do reforço que deve ser realizado a cada dez anos. A vacina apresenta uma eficácia de 100%. Entre as estratégias de prevenção do tétano neonatal, a mais eficaz consiste na vacinação das gestantes durante o pré-natal, e também a realização de parto asséptico ou limpo e o tratamento correto do coto umbilical. d. Poliomielite (paralisia infantil) – é uma doença que pode deixar graves sequelas e evoluir ao óbito. Estratégias para a manutenção da erradicação da doença, como a vacinação homogênea em todo o território nacional e a vigilância das paralisias flácidas, ainda vêm sendo utilizadas. A manutenção dessas estratégias se deve à persistência da poliomielite em outros continentes, o que leva ao permanente risco de importação do vírus. e. Sarampo – Após a interrupção da transmissão do vírus nos país, em outubro de 2000, não houve mais registros de mortes. Desde então, alguns casos da doença vêm sendo confirmados, mas provenientes de outros países, como Japão, Alemanha e França. f. Rubéola – Uma das estratégias adotadas para o controle dessa doença foi realização de campanha de vacinação em massa em todo o país entre 1998 e 2002, para mulheres em idade fértil, com cobertura vacinal de 95%, acarretando a redução na ocorrência da síndrome da rubéola congênita (SRC). g. Raiva humana – é uma doença infecciosa viral aguda transmitida por mamíferos. Pode ser urbana ou silvestre, tem letalidade 100%, ou seja, todas as pessoas que a contraem evoluem ao óbito. Está aí justificada a grande importância de atenção pela saúde pública. Entre as estratégias de controle, estão o monitoramento da circulação viral e a intensificação da vacinação antirrábica canina nas áreas de maior risco. h. Doença de Chagas – é transmitida principalmente por insetos hematófagos – os barbeiros. Atualmente, está controlada graças às estratégias utilizadas, como a identificação e o combate do vetor com inseticidas específicos e as melhorias habitacionais nas áreas endêmicas. i. Hanseníase – A estratégia para diminuir a incidência está voltada para a atenção básica, por meio do diagnóstico e do tratamento precoce, impedindo a cadeia de transmissão. 2. Doenças transmissíveis com quadro de persistência: tuberculose e as hepatites virais, especialmente as B e C, fazem parte desse grupo. Essa denominação se dá em função das altas prevalências, da ampla distribuição geográfica e do potencial evolutivo para formas graves que podem levar a óbito. A leptospirose, por apresentar grande número de casos nos meses mais chuvosos e pela alta letalidade, assume relevância para a saúde pública. Por sua vez, as meningites também se inserem nesse grupo de doenças, principalmente as infecções causadas pelos meningococos B e C, que apresentam níveis importantes de transmissão e taxas médias de letalidade acima de 10%. Algumas doenças, como as leishmanioses (visceral e tegumentar) e a esquistossomose, ainda mantêm índices elevados de prevalência, em decorrência das modificações ambientais provocadas pelo homem, pelos deslocamentos populacionais originados de áreas endêmicas e também pela infraestrutura na rede de água e esgoto precária. A malária apresentava níveis de incidência persistentemente elevados na região amazônica. Outra doença é a febre amarela, Grande parte dos fatores de endemicidade dessa doença está voltada para as questões externas ao setor da saúde, que são as alterações ambientais sofridas ao longo dos anos, os processos migratórios e as grandes obras de infraestrutura. a. Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) – é uma doença originalmente silvestre que acometia as pessoas, ocasionalmente, quando em contato com a doença. Entretanto, os estudos epidemiológicos realizados a respeito nos últimos anos indicam mudanças no comportamento da doença, que começou a se expandir geograficamente para áreas rurais desmatadas e para as regiões periféricas das cidades, com ocorrência de novos casos praticamente em todos os estados brasileiros. De difícil controle pois há a constante mudança no padrão epidemiológico da doença. Para o controle efetivo da LTA, é importante que as estratégias utilizadas sejam específicas para a situação epidemiológica de cada área. E, para isso, é fundamental o conhecimento dos casos suspeitos e da área de transmissão, a realização do diagnóstico, o tratamento precoce e a adoção de medidas específicas que reduzam a exposição do homem ao vetor, o que é possível pelo uso de inseticidas, entre outras medidas. 3. Doenças transmissíveis emergentes e reemergentes: Doenças transmissíveis emergentes são as que surgiram, ou foram identificadas, em período recente ou aquelas que assumiram novas condições de transmissão, seja devido a modificações das características do agente infeccioso, seja passando de doenças raras e restritas para constituírem problemas de saúde pública. As reemergentes, por sua vez, são as que ressurgiram, como problema de saúde pública, após terem sido controladas no passado. Aids, cólera, dengue, hantaviroses (a infecção no homem ocorre, na maioria das vezes, pela inalação de aerossóis formados a partir de secreções e excreções dos reservatórios, que são roedores silvestres. A doença pode se manifestar de duas formas clínicas principais, a renal, mais frequente na Europa, e a cardiopulmonar, presente apenas no continente americano). Vigilância Epidemiológica: Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. Os tipos de vigilância que podem ser realizados nos serviços de saúde são: Passiva: cada nível de saúde envia informações, de forma rotineira e periódica, sobre os eventos sujeitos à vigilância ao nível imediatamente superior; é fácil, de baixo custo e mais sustentável no tempo. Ativa: os profissionais de saúde buscam diretamente os dados objetos de vigilância, revisando até mesmo os registros rotineiros do serviço de saúde e os registrosdiários de atenção às pessoas. Garante maior integridade ao sistema, reduz a probabilidade de não detectar casos que efetivamente estejam ocorrendo, está indicada nas situações onde a integridade das informações é o mais importante: como nas doenças em fase de erradicação e eliminação (sarampo etc.); danos de alta prioridade sanitária (mortalidade infantil e materna etc.); após uma exposição ambiental da comunidade (dejetos tóxicos, poluição no sistema de abastecimento de água etc.); ou durante e imediatamente depois de uma epidemia. Sentinela: baseia-se na informação proporcionada por um grupo selecionado como fonte de notificação do sistema. As unidades sentinelas comprometem-se a estudar uma amostra preconcebida de indivíduos e/ou grupo populacional específico, no qual é avaliada a presença de evento de interesse para a vigilância. Notificação e Controle de Doenças: A notificação é um procedimento importante para a vigilância epidemiológica, pois consiste na obrigatoriedade das instituições de saúde em informar à autoridade sanitária a suspeita da doença, antes da confirmação do caso. A espera pode implicar perda da oportunidade de adotar as medidas de prevenção e controle indicadas em tempo hábil, antes de evitar a propagação e/ou consequência mais grave. Essa notificação deve ser sigilosa e não pode ser divulgada fora do âmbito das instituições de saúde, para a preservação do direito do sigilo das informações dos usuários dos serviços de saúde. Quando não forem registrados casos de doenças notificáveis no decorrer do período, deve-se proceder à notificação negativa, ou seja, da não ocorrência de doenças de notificação compulsória na área de abrangência da unidade de saúde, o que demonstra que o sistema de vigilância e os profissionais da área estão alerta para a ocorrência de tais eventos. Os casos podem se dividir em: a) Caso suspeito – apresenta sinais e sintomas compatíveis da doença, sem evidência de laboratório (ausente pendente ou negativa); b) Caso provável – apresenta sinais e sintomas compatíveis com a doença, sem evidência definitiva de laboratório (ex.: realização de exames inespecíficos); c) Caso confirmado – apresenta evidência definitiva de laboratório, com ou sem sinais e/ou sintomas compatíveis com a doença. Vigilância Sanitária: No Brasil, as ações da Vigilância Sanitária foram definidas por meio da Lei Orgânica da Saúde, nº 8080/90: § 1º — Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde (...) (BRASIL, 1990). Posteriormente, em 1999, foi criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pela Lei nº 9.782, substituindo a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, definindo suas atividades em: [...] promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à Vigilância Sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos e fronteiras (BRASIL, 1999). Riscos que a população está exposta: a) Ambientais: provenientes do consumo de água; decorrentes do esgoto; resíduos (doméstico, industrial, hospitalar); vetores de doenças (insetos, artrópodes, animais sinantrópicos e domésticos); poluição do ar, do solo e de recursos hídricos, transporte de produtos perigosos etc. b) Ocupacionais: decorrentes do processo de produção; manipulação de substâncias tóxicas; intensidade, ritmo e ambiente de trabalho. c) Latrogênicos: decorrentes de tratamento de saúde e uso de serviços, medicamentos, sangue, hemoderivados, radiações ionizantes e tecnologias médico-sanitárias. d) Institucionais: os que podem ocorrer em ambientes onde exista a circulação de várias pessoas, como creches, escolas, clubes, hotéis, motéis, portos, aeroportos, fronteiras, estações ferroviárias e rodoviárias, salão de beleza, saunas etc. Cabe a Vigilância Sanitária controlar os bens de consumo, prestação de serviços, possuindo poder de polícia sanitária. Inspeciona matérias primas, estruturas e operações (técnicas utilizadas na produção de bens de consumo, como na prestação de serviços à comunidade). Atua em portos, aeroportos, área de fronteiras, lojas, áreas de lazer, industrias, laboratórios, bancos de sangue, indústria e postos de vendas de agrotóxicos, locais públicos (escolas, hospitais, estúdios de tatuagem...). Fiscaliza produtos e serviços. Interdita locais que violam a legislação pertinente ou de risco iminente à saúde. Emiti documentos necessários para o desenvolvimento das atividades de vigilância. Analisa projetos arquitetônicos de estabelecimentos considerados de alto risco sanitário. Autoriza o funcionamento de empresas de fabricação, distribuição e importação dos produtos. Dispensa registros de produtos. Fomenta estudos na área. Epidemiologia Epidemiologia Molecular: é definida como uma subespecialidade da Epidemiologia que investiga a distribuição e os fatores determinantes das doenças nas populações humanas. Seu objetivo primordial é fornecer subsídios para a intervenção na promoção, na prevenção e no controle dos agravos à saúde. Tem papel importante na epidemiologia genética e nos estudos sobre a interação gene/ambiente como determinantes de doenças. E ela também pode ser empregada no estudo de diversos agravos à saúde, como doenças nutricionais e infecciosas e neoplasias. Quando se conhece o subtipo do micro-organismo associado à doença infecciosa, é possível classificar os pacientes de acordo com o subtipo do micro-organismo causador da doença, como, por exemplo, separar os pacientes acometidos pela dengue de acordo com o subtipo: Den-1, Den-2, Den-3 e Den-4 (entrou em circulação mais recentemente). Essa estratificação na análise do caso permite a criação de novas definições de caso e identificar possíveis fatores associados a subtipos específicos. Outros tipos de estudos, definidos como estudos de filogenia, empregam as técnicas moleculares em micro-organismos, visando à identificação da linhagem de descendência ou o entendimento da evolução desse micro-organismo. As finalidades das técnicas de Biologia Molecular aplicadas em estudos de doenças infecciosas são: 1) Permitir o diagnóstico da doença; 2) confirmar a ocorrência de surtos; 3) identificar surtos entre os que parecem casos endêmicos ou esporádicos; 4) identificar fatores de risco; 5) determinar desfechos em estudos prospectivos; e 6) determinar a dinâmica da transmissão espacial e temporal de doenças. Epidemiologia Clínica: é definida como um ramo da Epidemiologia que estuda os determinantes e os efeitos das decisões clínicas. A prática de MBE compreende o uso consciente das melhores evidências disponíveis para a tomada de decisão acerca de cuidado do paciente. É fundamental que a tomada de decisão baseie-se nas melhores evidências disponíveis e avalie benefícios, riscos ambientais e sociais, custos, entre outros. O novo cenário da medicina é referido como Medicina Baseada em Evidências (MBE), com base em evidências que implicam a análise crítica das provas levantadas, integrando-as à experiência individual, a fim de chegar à melhor decisão em saúde. Entretanto, para que isso se torne viável, é importante seguir alguns passos: 1) identificar problemas relevantes e convertê-los em questões que conduzam a respostas; 2) pesquisar formas eficientes de obter evidências que conduzam a repostas às questões levantadas; 3) analisar de forma crítica a qualidade da evidência, avaliando o valor de uma determinada conduta como positiva ou negativa; 4) avaliar as situações específicas buscando a melhoria dos cuidados de saúde. EpidemiologiaAmbiental e Saúde Ocupacional: Epidemiologia Ambiental é o “estudo de distribuição de eventos relacionados com o estado de saúde em populações humanas que tenham na sua determinação fatores ambientais, sejam físicos, biológicos ou químicos”. Os fatores ambientais compreendem tudo aquilo que não é genética, como alimentação, tabagismo, atividade física, entre outros. Contudo, a Epidemiologia Ambiental tem uma conotação mais restrita, referindo-se apenas aos fatores ambientais que estão fora do controle imediato. Fumar, portanto, não seria incluído como fator na Epidemiologia Ambiental, mas o efeito da fumaça do cigarro colocado no ar seria. Os estudos na área têm enfatizado a compreensão de como o ambiente pode promover a sobrevivência humana e contribuir para o adoecimento ou levar à morte precoce de populações humanas. Entre as aplicações da Epidemiologia Ambiental, estão: água e esgoto; qualidade do ar; solo e contaminantes alimentares; Sistemas de Informação em Saúde (SIS) São conjuntos de informações sistematizadas para a correta tomada de decisões em todos os níveis dos serviços de saúde. Devido aos inúmeros fatores causais dos agravos à saúde, a avaliação qualitativa realizada por meio de programas informatizados facilita o manuseio e a análise de dados para a compreensão dos fatores determinantes da saúde. Com os avanços no controle das doenças infecciosas e a mudança de paradigma sobre a compreensão do processo saúde-doença, a análise da situação sanitária passou a incorporar outras dimensões do estado de saúde, sendo incluídos análise dos indicadores de morbidade, incapacidade, acesso a serviços, qualidade da atenção, condições de vida e fatores ambientais. Os sistemas de informação em saúde necessitam, para a construção dos indicadores de saúde, dos registros que são realizados por diversas instituições públicas ou privadas, com o objetivo de registrar regularmente a ocorrência dos eventos como nascimentos, óbitos, hospitalizações, imunizações, acidentes de trânsito, poluição ambiental, assistência escolar e ocupacional, entre outros. Programas Nacionais: Ficou determinada, na cláusula oitava do planejamento da saúde integrado (Contrato Organizativo da Ação Pública (Coap)), que os signatários se comprometerão a manter atualizados os sistemas de informação em saúde de base nacional. a) Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab): acompanhamento das ações e dos resultados das atividades realizadas pelas equipes do Programa Saúde da Família – PSF, atual Estratégia de Saúde da Família (ESF). Por meio do Siab, obtêm-se informações sobre cadastros de famílias, condições de moradia e saneamento, situação de saúde, produção e composição das equipes de saúde. O Siab incorporou em sua formulação conceitos como território, problema e responsabilidade sanitárias, estando completamente inserido no contexto de reorganização do SUS. b) Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação (Sinan): é alimentado pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória, mas é facultado aos Estados e municípios incluírem outras doenças e/ou agravos de saúde importantes epidemiologicamente em sua região. O Sistema contribui para a democratização da informação, pois permite que todos os profissionais de saúde tenham acesso à informação e as tornem disponíveis para a comunidade, sendo um dispositivo relevante para auxiliar o planejamento da saúde, definir prioridades de intervenção e, concomitantemente, permite avaliar o impacto das intervenções das ações de saúde. c) Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI): tem por objetivo possibilitar aos gestores do programa uma avaliação dinâmica do risco quanto à ocorrência de surto ou epidemias, a partir do registro dos imunobiológicos aplicados e da taxa de cobertura vacinal da população; além disso, possibilita o controle do estoque dos imunobiológicos necessários, as informações geradas por faixa etária, período de tempo e área geográfica. O SI-PNI é composto por um conjunto de sistemas: i. Avaliação do Programa de Imunização (API) – registra, por faixa etária, as doses de imunobiológicos aplicadas e calcula a cobertura vacinal, fornece informações sobre vacinação de rotina e campanhas, taxa de abandono e envio de boletins de imunização. ii. Estoque e Distribuição de Imunobiológicos (EDI); iii. Eventos Adversos Pós-Vacinação (EAPV) iv. Apuração dos Imunobiológicos Utilizados (AIU): permite realizar o gerenciamento das doses utilizadas e das perdas físicas para calcular as perdas técnicas a partir das doses aplicadas. v. Entre outros d) Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc): objetivo de reunir informações epidemiológicas referentes aos nascimentos informados em todo território nacional. As informações do Sinasc, bem como o acompanhamento da evolução de suas séries históricas, permite a identificação de prioridades de intervenção, o que contribui para efetiva melhoria do sistema de saúde, na medida em que possibilita subsidiar intervenções relacionadas à saúde materna e do recém-nascido (RN), em todos os níveis do SUS. e) Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM): reúne dados quantitativos e qualitativos sobre óbitos ocorridos na nação. Possui variáveis que permitem, a partir da causa do óbito atestada, construir indicadores e processar análises epidemiológicas que contribuam para a eficiência da gestão em saúde. Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa): é constituída por um grupo de trabalho multidisciplinar de diversas instituições com o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento da capacidade nacional de produção e o uso de informações para as políticas de saúde, estruturadas em indicadores específicos que se referem aos determinantes sociais, econômicos e organizacionais de saúde da população. IDB = Indicadores e Dados Básicos para a Saúde, compreende um conjunto de indicadores construídos a partir de bases de dados e pesquisas nacionais sobre diversos aspectos da situação da saúde no país. Classificação Internacional de Doenças, Traumatismos e Causas de Morte (CID): É utilizada para classificar doenças e outros problemas de saúde em diferentes tipos de registros, como atestados de óbito e registros hospitalares, o que permite resgatar informações clínicas e epidemiológicas e compará-las com estatísticas nacionais de morbimortalidade. Nos atestados de óbito é importante se atentar ao preenchimento. Pesquisa Epidemiológica A melhor forma de começar a pesquisa é procurando conhecer, de forma aprofundada, uma doença específica ou os problemas de saúde pública. O saber epidemiológico deve ser complementado pela revisão da literatura em livros, artigos científicos, teses, entre outros materiais, a fim de obter conhecimento relacionado à patologia, ao tratamento clínico, à farmacologia, reabilitação e ao impacto econômico da doença. Também pode ser necessário conhecimento mais detalhado de aspectos de prevenção, impacto econômico ou mudança no padrão ou perfil epidemiológico. Além de focar numa doença específica, também é possível escolher um fator de risco a ser pesquisado, como exposição ao fumo, entre outros. Ao iniciar a pesquisa, deve estar claro qual será o assunto pesquisado; depois, como primeiro passo, é necessário definir os objetivos do estudo, ou seja, a questão que se deseja abordar ou a hipótese que se deseja testar. Deve-se, também, questionar se os resultados serão relevantes para o trabalho, para daí, então, prosseguir com a leitura dos artigos. O método de pesquisa ou o tipo de estudo também deverão ser estabelecidos, a fim de responder aos objetivos ambicionados. Na avaliação final do estudo, considere alguns pontos; por exemplo se a pesquisa forneceu sugestão para ação; se a questão do estudo foi respondida;se melhoraria o delineamento do estudo; se faltou alguma informação que impedisse uma adequada avaliação; se foram considerados os resultados de estudos prévios sobre o mesmo assunto; se está satisfeito com o estudo, se ele lhe forneceu informações válidas e relevantes. Projeto de Pesquisa: Entre as etapas envolvidas no planejamento de um projeto de pesquisa, temos: escolha do projeto, redação do protocolo, aprovação do comitê de ética, condução do projeto, análise de dados e apresentação dos resultados. Análise dos Dados: na escolha de um software, você deve avaliar como o programa trabalha com a entrada de dados e com variáveis com valores desconhecidos, qual a capacidade do programa para atualizar e juntar bancos de dados, os tipos de análise que pode realizar e a possibilidade de editar textos e produzir figuras, gráficos etc. Existem vários programas para análise estatística e de epidemiologia. Há um catálogo de recursos epidemiológicos, disponível gratuitamente ou por um custo mínimo, produzido pelo Epidemiology Monitor (http://www.consort-statement.org/evidence.htm#quorom). O programa Rothman Episheet pode ser baixado do endereço http://77www.oup-usa.org/epi/rothman. Há também alguns programas considerados de domínio público e distribuídos livremente, como OpenEpiou o Epi Info™ do Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Estudos Epidemiológicos: Os estudos epidemiológicos são divididos em dois ramos da Epidemiologia distintos: a Epidemiologia descritiva, que descreve como o agravo se distribui na população, e a Epidemiologia analítica, que analisa como e de que forma o agravo atinge a população. Os estudos epidemiológicos podem também ser classificados como: a) Estudo observacional: não existe nenhuma manipulação do fator estudado, pode ser i. Observacional Descritivo – seu objetivo é informar sobre a distribuição de um evento (ex. doença) na população, de forma quantitativa e de acordo com as diversas exposições ou características da população observada (sexo ou gênero, idade, raça, nível socioeconômico), do local (hospital, escola, bairro, cidade, país etc.) e tempo. Ele avalia a morbidade de um evento ou agravo à saúde e pode ser de incidência ou prevalência. Os estudos descritivos identificam os grupos de risco, visando a estabelecer uma relação com as medidas de prevenção e o planejamento em saúde. Eles são especialmente úteis para conhecer a frequência de um evento, a história natural ou os determinantes de uma doença. ii. Observacional Analítico – seu objetivo é avaliar, além de descrever, se a ocorrência de um determinado evento é diferente entre grupos expostos e não expostos a um determinado fator. O objetivo específico desse tipo de estudo é testar hipóteses. b) Estudo transversal (ou de prevalência): Nesse estudo, cada indivíduo é avaliado quanto ao fator de exposição à doença em determinado momento, a fim de determinar a prevalência de uma doença ou agravo à saúde. A causa (exposição) e o efeito (doença) são observados no mesmo momento. A análise é feita por meio da identificação dos grupos de interesse, os expostos, os não expostos, os doentes e os sadios, de modo a investigar a associação entre exposição e doença. c) Estudo de Coorte: também parte da causa em direção ao efeito. A diferença é que, neste caso, os grupos são formados por observação das situações na vida real, e não por alocação aleatória da exposição. E também se compara a incidência de casos nos grupos de expostos e não expostos. d) Estudo Caso-Controle: parte-se do efeito (doença) e se vai em direção à causa (fator de risco). Por essa razão, os estudos são muitas vezes referidos como retrospectivos. Os participantes são selecionados de acordo com a presença ou ausência da doença e separados em dois grupos, o grupo de pessoas (casos) com a doença e outro sem a doença (controles). Esses grupos são, então, comparados para determinar a presença de riscos específicos ou fatores de risco. A relação entre a exposição e o desfecho em um estudo de caso controle é quantificado pelo cálculo do odds ratio. e) Estudo experimental ou de intervenção: parte-se da causa em direção ao efeito. Nos estudos experimentais, as diferentes etapas ficam teoricamente sob um “controle maior” do investigador. Os estudos experimentais em seres humanos podem ser subdivididos em: i. Experimentos laboratoriais em humanos – os indivíduos são geralmente expostos a uma intervenção por um período curto (minutos, horas ou poucos dias) e se limitam ao enfoque terapêutico/preventivo. ii. Ensaio clínico randomizado – mais comumente para testar o efeito de um medicamento, vacinas, alguma intervenção ou procedimento, ou alguma medida ou programa de prevenção. Nesse ensaio, os participantes são colocados aleatoriamente para formar os grupos: o de estudo e o de controle, objetivando formar grupos com características semelhantes. Procede-se à intervenção em apenas um deles (o de estudo), o outro (controle) serve para comparação dos resultados. iii. Intervenção (ensaio) comunitária(o) – nesse a intervenção é feita ao nível da comunidade. Ex.: comparar a taxa de cáries dentárias em comunidades que tiveram flúor adicionado à água com comunidades que não tiveram. f) Estudos ecológicos: Nesse estudo, a unidade de observação é um conjunto de indivíduos que pode ser comparado por áreas geográficas. Permite comparar as populações em diferentes lugares ao mesmo tempo ou, ainda, a mesma população pode ser observada em diferentes momentos (estudo de série temporal). A vantagem do estudo de série temporal é minimizar o efeito de confusão causado pelo nível socioeconômico, que é um grande problema nos estudos ecológicos. São úteis para gerar hipóteses. Normalmente, são fáceis de realizar, mas frequentemente difíceis de interpretar, uma vez que raramente é possível encontrar explicações para os resultados obtidos.
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