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AVALIAÇÃO DE 
INVESTIMENTOS
Wellington Rodrigues Silva Souza
Depreciação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Relacionar as aplicações tributária e contábil da depreciação.
  Reconhecer os métodos de depreciação.
  Aplicar o método de avaliação de ativos pela exaustão.
Introdução
Depreciação é a perda de valor dos bens contabilizados no ativo imobi-
lizado de uma empresa. Como ativo imobilizado, entende-se o conjunto 
de bens físicos adquiridos para que a empresa se mantenha em funcio-
namento, como edifícios e terrenos. A perda de valor desses bens pode 
ocorrer em consequência do uso, de ações da natureza ou obsolescência, 
ou seja, quando o bem se torna ultrapassado, sem utilidade. Para calcular 
a depreciação, existem legislações para fins fiscais e normas de caráter 
contábil. 
Neste capítulo, você vai estudar as aplicações tributária e contábil 
da depreciação, conhecendo o conceito de ativo imobilizado e como 
contabilizá-lo. Também vai ler sobre os métodos de depreciação contábil 
e tributária e de exaustão.
Aplicações tributária e contábil da depreciação
Os ativos representam os bens e direitos de uma empresa. Para fi ns de apre-
sentação desses bens e direitos, há divisões específi cas na estrutura do balanço 
patrimonial de acordo com as normas de apresentação das demonstrações 
contábeis. Dentre as divisões inclui-se o subgrupo ativo imobilizado, que 
compõe o grupo ativo não circulante. A norma contábil que rege o ativo 
imobilizado é o CPC 27, que o defi ne como item tangível que (COMITÊ DE 
PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a, p. 3): “(a) é mantido para uso na 
produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, 
ou para fi ns administrativos; e (b) se espera utilizar por mais de um período”.
O item a apresenta as finalidades do ativo que o enquadram como imobi-
lizado. Por exemplo, em uma indústria, uma máquina é um ativo imobilizado, 
pois é utilizada na produção. Já no caso de uma empresa comercial, todos os 
bens de armazenagem, como paletes, são ativos imobilizados, pois viabilizam o 
fornecimento de mercadorias. Em uma empreiteira de serviços de jardinagem, 
as máquinas de cortar grama são ativos imobilizados, uma vez que são recursos 
mantidos para a prestação de serviços de jardinagem. Em uma entidade cuja 
atividade é alugar veículos para terceiros, os veículos componentes da frota 
disponível para locação são ativos imobilizados, pois são mantidos para alugar 
a outros. Por fim, mesas, cadeiras e armários utilizadas pelo back office são 
exemplos de ativos imobilizados, porque servem para fins administrativos.
No que diz respeito ao item b, para enquadramento de um bem como ativo 
imobilizado, é necessário que se pretenda utilizar o recurso por mais de um 
período. Embora a norma não especifique por qual período, considera-se, 
normalmente, 12 meses.
O que categoriza um bem como ativo imobilizado, portanto, não é a sua 
natureza (tipo do ativo), mas a sua finalidade. Isso significa, por exemplo, 
que uma máquina, sendo usada pela indústria, é ativo imobilizado, mas essa 
mesma máquina, para a empresa que a produz com a finalidade de vendê-la, 
é um ativo denominado estoque.
O imóvel é um bom exemplo para compreender a classificação de um bem de acordo 
com sua finalidade. Veja a seguir as possíveis classificações contábeis para um edifício 
(COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a; 2009b; 2009c; 2009d).
1. Estoque: mantido para venda no ciclo normal das atividades; é o caso das empresas 
de construção civil.
2. Imobilizado: fábrica, ponto de comércio ou de armazenagem ou prédio 
administrativo.
3. Propriedade para investimento: mantido para renda de aluguel ou valorização 
de capital.
4. Mantido para venda: disponível para venda, sem que isso faça parte da atividade-
-fim da empresa.
Depreciação2
Edifícios e terrenos mantidos para renda de aluguel (sem que essa seja a atividade-fim 
da empresa) ou valorização de capital para venda no longo prazo com ganho são pro-
priedades para investimento, e não ativo imobilizado. Contudo, se a locação a terceiros 
faz parte da atividade-fim da empresa, ou é meramente para suporte às suas atividades 
(locação de imóveis para funcionários, por exemplo), trata-se de ativo imobilizado.
Como mensurar o ativo imobilizado
De acordo com o CPC 27 — Ativo Imobilizado (COMITÊ DE PRONUN-
CIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a), o elemento classifi cado como ativo 
imobilizado deve ser mensurado inicialmente pelo custo. O custo engloba 
o preço pago pelo ativo, acrescido de quaisquer outros gastos atribuíveis que 
tenham sido necessários para colocar o ativo em condição de uso. Quaisquer 
descontos comerciais obtidos ou abatimentos (ou seja, que tenham minorado 
o preço) devem ser excluídos do valor bruto do ativo. Por exemplo, o preço 
inicial de um item é R$ 1.000, mas a empresa obteve um desconto de R$ 100. 
Além disso, há o valor de frete, de R$ 80, e de instalação, de R$ 150. Será 
contabilizado, então, o valor de R$ 1.130 (R$ 1.000 − R$ 100 + R$ 80 + R$ 150).
Após a mensuração inicial, o CPC 27 — Ativo Imobilizado (COMITÊ 
DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a) prevê duas formas de 
mensuração subsequente: 
1. método do custo;
2. método da reavaliação (se permitido legalmente). 
Pelo método do custo, a empresa mantém o custo inicial contabilizado e o 
diminui por depreciação e eventual redução ao valor recuperável (impair-
ment). Pelo método da reavaliação, a empresa ajusta o valor do ativo pelo seu 
valor justo (valor que seria recebido pela venda do ativo), seja superior seja 
inferior ao custo mensurado no momento inicial. Entretanto, no Brasil, a Lei 
nº. 11.638, de 28 de dezembro de 2007 (BRASIL, 2007) veta a reavaliação. 
Por isso, atualmente, as empresas são obrigadas a mensurar seus ativos imo-
bilizados subsequentemente pelo método do custo.
3Depreciação
A empresa deve verificar se consegue recuperar o valor de um ativo pela venda ou 
pelo uso, para obter, com esse ativo, um valor igual ou superior ao valor contábil. Caso 
não consiga, deve contabilizar uma redução no valor do ativo para que seja refletido 
o seu valor recuperável.
Por exemplo, um ativo tem saldo contábil igual a R$ 5.000, e o seu valor recuperável 
é R$ 6.000. Nenhuma redução ao valor recuperável deve ser reconhecida (e também 
nenhum aumento, pois a reavaliação é vetada). No entanto, se o valor recuperável for 
R$ 4.600 (inferior ao saldo contábil atual de R$ 5.000), a empresa deve reduzir o ativo 
ao seu valor recuperável; isto é, diminuí-lo em R$ 400 (de R$ 5.000 para R$ 4.600).
Para saber mais sobre o tema, leia o capítulo 13, especificamente o item 13.3.3, do 
Manual de Contabilidade Societária e o CPC 01 (R1) — Redução ao valor recuperável de ativos.
Métodos de depreciação
O uso dos ativos (com específi cas exceções) repercute, naturalmente, em perda 
de valor ao longo do tempo. Essa perda de valor é chamada de depreciação 
e, de acordo com Gelbcke et al. (2018), se dá pelo desgaste físico, perda de 
utilidade, ação da natureza ou obsolescência do bem.
Os terrenos são exceções quando se trata de depreciação. Por mais que 
sejam usados, eles não sofrem desgaste; no máximo, desvalorizam-se (ou 
valorizam-se) não pelo uso, mas por fatores externos, como oscilação no valor 
de mercado. Isso significa que o terreno é registrado pelo custo e, consequen-
temente, não sofre depreciação. No entanto, esse ativo segue a regra de todos 
os demais ativos imobilizados no que diz respeito ao teste de impairment: caso 
seja identificado que o valor recuperável do terreno é inferior ao seu saldo 
contábil, deve-se efetuar a redução do saldo contábil ao valor recuperável do 
terreno oportunamente levantado.
Existem dois tipos de depreciação que, conceitualmente, representam a 
mesma coisa — perda de valor do ativo imobilizado ao longo do tempo —, 
mas que podem ter cálculos diferentes, pois se prestam a finalidades diferentes: 
depreciação para fins contábeis e depreciaçãopara fins tributários. 
Depreciação4
Depreciação contábil
A depreciação contábil é aquela que refl ete, nas demonstrações contábeis da 
empresa (Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício — 
DRE), a redução no valor do bem ao longo do tempo pelo uso.
O CPC 27 — Ativo Imobilizado (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS 
CONTÁBEIS, 2009a) estipula que, para calcular a depreciação, a empresa deve 
adotar o método que melhor reflita o padrão de consumo do ativo ao longo do 
tempo. Há alguns métodos mais usuais, como o método das unidades produ-
zidas, o método dos saldos decrescentes e o método linear. A referida norma 
indica que quando a empresa não consegue estipular um método específico, 
deve adotar o método linear. Por isso, muitas empresas (pelo menos as de 
capital aberto, que divulgam publicamente as suas demonstrações contábeis) 
adotam o método linear. Esse método pressupõe que a depreciação é constante 
ao longo da vida útil do bem, isto é, tem sempre o mesmo valor. Para calcular 
a depreciação pelo método linear, em conformidade com o CPC 27 — Ativo 
Imobilizado (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009a), 
deve ser utilizada a seguinte fórmula:
O custo corresponde ao valor inicial do ativo, e o valor residual representa o 
valor estimado de venda do ativo ao fim da sua vida útil. Esse valor é deduzido 
do custo, pois normalmente a empresa ainda consegue vender o ativo quando não 
tem mais a intenção de usá-lo. Então, deduz-se o valor residual do custo para não o 
depreciar 100%. Isso faz com que, na data em que a empresa pare de usar o ativo 
(fim da vida útil) e coloque-o para venda, haja valor contábil para baixar o ativo.
Já a vida útil corresponde ao tempo pelo qual a empresa espera usar o ativo 
até que ele não tenha mais valor ou que seja vendido. Note-se que vida útil é 
diferente de vida econômica. A vida econômica corresponde ao tempo total de 
duração do ativo, ao passo que a vida útil representa o tempo que a empresa 
espera utilizar o ativo. Um carro, por exemplo, pode durar cerca de 20 a 30 anos; 
essa é a sua vida econômica. Porém, a empresa pode ter a intenção de usá-lo por 
5 anos apenas; essa é a vida útil. No cálculo da depreciação, utiliza-se a vida útil.
5Depreciação
Veja um exemplo prático de cálculo de depreciação pelo método linear.
Uma máquina para produção foi adquirida por R$ 140.000. A empresa gastou mais 
R$5.000 de frete e R$ 35.000 de instalação. Foi estimada uma vida útil de 6 anos. A 
empresa projeta que, após os 6 anos de uso, a máquina será vendida por um valor 
equivalente a 30% do custo. O custo é R$ 180.000 (R$ 140.000 de compra + R$ 5.000 
de frete + R$ 35.000 de instalação). O valor residual corresponde a 30% do custo, ou 
seja: R$ 54.000. Logo, o valor depreciável do ativo (diferença entre o custo e o valor 
residual) é R$ 126.000. O cálculo da depreciação anual é o seguinte:
A seguir, no Quadro 1, estão representados a depreciação anual, a depreciação 
acumulada e o saldo contábil da máquina.
Quadro 1. Depreciações anual, acumulada e saldo contábil.
Ano Depreciação anual Depreciação acumulada Saldo contábil
0 0 0 180.000
1 (21.000) (21.000) 159.000
2 (21.000) (42.000) 138.000
3 (21.000) (63.000) 117.000
4 (21.000) (84.000) 96.000
5 (21.000) (105.000) 75.000
6 (21.000) (126.000) 54.000
Observa-se, no Quadro 1, que, anualmente, o saldo da máquina vai decaindo 
R$ 21.000 de forma linear. A coluna de depreciação acumulada registra o quanto 
de perda acumulada foi apurada ano após ano. No terceiro ano, por exemplo, o 
saldo da máquina já havia sido reduzido em R$ 63.000. O saldo contábil repre-
senta o saldo contábil anterior menos a depreciação no ano (ou o custo inicial 
Depreciação6
do imobilizado menos a depreciação acumulada). Note que, ao fim de 6 anos, 
quando cessa a depreciação, remanesceu um saldo de R$ 54.000 (exatamente 
o valor residual estimado). Esse valor é baixado na contabilidade pela venda 
do ativo ou, se por algum motivo a empresa não conseguir vender o ativo, deve 
verificar periodicamente seu valor recuperável e reduzi-lo, se apropriado.
Depreciação tributária
Na depreciação para fi ns contábeis, a própria administração da empresa de-
termina a vida útil dos ativos e o seu valor residual (se houver) com base 
em dados históricos e expectativas futuras de uso. Em termos contábeis, a 
depreciação do ativo refl ete uma redução no valor contábil do ativo depreciado 
e, em contrapartida, uma despesa pela perda de valor do bem. A despesa com 
depreciação impacta o lucro, reduzindo-o, e o lucro é passível de tributação. 
No Brasil, os tributos incidentes sobre o lucro são o Imposto de Renda da 
Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
No entanto, na depreciação para fins fiscais, quem determina a vida útil é o 
Governo, em regulamentos tributários específicos, para calcular a despesa de 
depreciação deduzida do lucro no cálculo dos tributos. Isso significa que pode haver 
diferença entre a depreciação para fins contábeis e a depreciação para fins fiscais.
Máquinas e equipamentos têm vida útil de 5 anos, de acordo com a legisla-
ção tributária. Então, a depreciação do ativo que custou R$ 180.000 (exemplo 
do tópico anterior), para fins tributários, seria calculada da seguinte forma:
As alíquotas tributárias atuais no Brasil são de 25% para IRPJ, corres-
pondente a 15% mais 10% adicional sobre o lucro tributável que exceder R$ 
20.000 por mês ou R$ 240.000 por ano, e 9% para CSLL, perfazendo uma 
alíquota total de 34%. Dessa forma, considerando o ativo imobilizado cujo 
custo foi de R$ 180.000, o qual gera uma despesa de depreciação tributária 
de R$ 36.000 por ano, e que é vendido no sexto ano por R$ 54.000, a empresa 
apresentaria o seguinte impacto tributário (Quadro 2).
7Depreciação
Ano
Depreciação 
anual (a)
Receita 
(economia) 
tributária 
[(a) × 34%]
Venda do 
ativo (b)
Despesa 
(gasto) 
tributária 
[(b) × 34%]
Impacto 
tributário 
líquido
1 (36.000) 12.240 — — 12.240
2 (36.000) 12.240 — — 12.240
3 (36.000) 12.240 — — 12.240
4 (36.000) 12.240 — — 12.240
5 (36.000) 12.240 — — 12.240
6 — — 54.000 (18.360) (18.360)
Total (180.000) 61.200 54.000 (18.360) 42.840
Quadro 2. Exemplo de impacto tributário pela depreciação tributária
Como pode ser visto, ao longo dos 5 anos a empresa paga menos R$ 12.240 
de IRPJ e CSLL em virtude da despesa dedutível com depreciação. Entretanto, 
como o ativo foi 100% depreciado ao longo dos 5 anos (ou seja, para fins fiscais 
o seu saldo ao fim do 5º ano é igual a zero), no 6º ano, a empresa apura o valor 
total da venda como ganho, uma vez que vendeu por R$ 54.000 um ativo que 
já tinha valor igual a zero, pagando R$ 18.360 de imposto. O impacto líquido 
final é uma economia tributária de R$ 42.840 (R$ 61.200 de receita tributária 
pela depreciação menos R$ 18.360 de despesa tributária pela venda do ativo).
A legislação tributária permite que a empresa utilize para fins tributários 
a mesma depreciação contábil, desde que seja preparado um laudo idôneo 
por entidade especializada no qual sejam documentadas todas as premissas 
utilizadas na definição da vida útil e valor residual. Então, se a empresa 
elaborasse laudo de avaliação de vida útil e valor residual e tomasse dedutibi-
lidade tributária da despesa de depreciação pelo seu valor contábil, o impacto 
tributário seria o seguinte (Quadro 3):
Depreciação8
Ano
Depreciação 
anual (a)
Receita 
(economia) 
tributária 
[(a) × 34%]
Venda do 
ativo (b)
Despesa 
(gasto) 
tributária 
[(b) × 34%]
Impacto 
tributário 
líquido
1 (21.000) 7.140 — — 7.140
2 (21.000) 7.140 — — 7.140
3 (21.000) 7.140 — — 7.140
4 (21.000) 7.140 — — 7.140
5 (21.000) 7.140 — — 7.140
6 (21.000) 7.140 — — 7.140
Total (126.000) 42.840 — — 42.840
Quadro 3. Exemplo de impacto tributário pela depreciação contábil
No cenário em que a empresa utiliza a depreciação contábil para fins 
fiscais, a receita (economia) tributária é calculada sobre o valor contábil da 
depreciação. Comoa empresa depreciou apenas R$ 126.000 de um bem cujo 
custo foi R$ 180.000, ao final de 6 anos de depreciação remanesce um saldo 
contábil de R$ 54.000, correspondente ao valor residual do ativo. Ao vender o 
ativo por R$ 54.000, não há qualquer impacto de imposto a pagar, pois ainda 
existe um saldo contábil para ser baixado. Por isso, na coluna venda do ativo, 
foi considerado valor zero, não significando que o ativo foi perdido, mas que, 
para fins tributários, não houve nenhum ganho, uma vez que a empresa não 
depreciou todo o custo do ativo, deixando o valor residual para a baixa do 
bem quando da venda.
O impacto tributário final é o mesmo (economia líquida de R$ 42.840), 
porém as distribuições dos valores ao longo dos 6 anos são diferentes se 
utilizada a depreciação tributária ou contábil. A Figura 1 apresenta o gráfico 
comparativo do impacto tributário.
9Depreciação
Figura 1. Gráfico comparativo entre depreciação contábil e depreciação fiscal na apuração 
dos tributos sobre o lucro.
A empresa deve decidir o que é mais vantajoso. Usar a depreciação tributária, 
neste exemplo, é mais vantajoso para os fluxos de caixa, pois a empresa econo-
miza mais em tributos nos 5 primeiros anos e posterga o pagamento do tributo 
sobre o valor da venda do ativo para o 6º ano. Entretanto, a necessidade de dois 
controles de depreciação (um contábil e um tributário) é um ponto negativo. A 
depreciação contábil é vantajosa em termos de controle, porque não é preciso 
produzir duas informações, uma contábil e uma tributária. No entanto, existem 
os pontos negativos de se produzir uma menor economia tributária ao longo dos 
5 primeiros anos, além de gerar um custo para a empresa devido à necessidade 
de contratação de uma consultoria especializada para elaborar laudo de avaliação 
que suporte o uso da depreciação contábil para fins tributários.
Método de avaliação pela exaustão
O art. 183 da Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que trata dos critérios 
de avaliação dos ativos, registra, em seu parágrafo segundo que:
A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado e intangível será re-
gistrada periodicamente nas contas de: (Redação dada pela Lei nº. 11.941, de 2009)
a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm 
por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação 
da natureza ou obsolescência;
b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado 
na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer 
Depreciação10
outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam 
bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado;
c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua explo-
ração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens 
aplicados nessa exploração (BRASIL, 1976, documento on-line).
Observa-se que o termo depreciação se refere aos ativos imobilizados (bens 
físicos) em geral (máquinas e equipamentos, móveis e utensílios, veículos). Já 
o termo exaustão é aplicável a recursos minerais (jazidas de petróleo, mina 
de ouro) ou florestais (lotes de terras com plantações de árvores). O termo 
amortização diz respeito aos ativos intangíveis (bens incorpóreos). Apesar 
da diferença entre os termos, o cálculo da depreciação, da amortização e da 
exaustão seguem os mesmos princípios.
Um ponto que merece destaque quanto aos recursos minerais e florestais 
é o fato de que um método específico normalmente é mais apropriado que o 
linear. Por exemplo, a exploração de ouro em uma mina pode ter a exaustão 
calculada em função da extensão (metragem) da mina que vai sendo explorada. 
Já a exploração de uma floresta pode ter a exaustão calculada em função da 
proporção de árvores exploradas periodicamente em relação à quantidade 
total de árvores plantadas no local.
Em síntese, conhecer as normas de contabilidade, neste caso, em especial 
a norma de ativo imobilizado, é extremamente importante para a adequada 
avaliação das demonstrações contábeis de uma empresa. Também é crucial o 
conhecimento sobre a legislação tributária a fim de maximizar as oportunidades 
de economia de imposto, ainda que temporal, como no caso do impacto da 
depreciação na apuração dos tributos sobre o lucro.
BRASIL Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial [da] República Federativa 
do Brasil, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L6404consol.htm. Acesso em: 13 out. 2019.
BRASIL. Lei nº. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial [da] República Fede-
rativa do Brasil, Brasília, DF, 28 dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm. Acesso em: 13 out. 2019.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 01 (R1): redução ao valor recuperável 
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11Depreciação
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 16 (R1): estoques. Brasília: CPC, 2009b. 
Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/243_CPC_16_R1_rev%2013.
pdf. Acesso em: 13 out. 2019.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 27: ativo imobilizado. Brasília: CPC, 
2009a. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/316_CPC_27_
rev%2013.pdf. Acesso em: 13 out. 2019.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 28: propriedade para investimento. 
Brasília: CPC, 2009c. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/320_
CPC_28_rev%2013.pdf. Acesso em: 13 out. 2019.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 31: ativo não circulante mantido para 
venda e operação descontinuada. Brasília: CPC, 2009d. Disponível em: http://static.
cpc.aatb.com.br/Documentos/336_CPC_31_rev%2012.pdf. Acesso em: 13 out. 2019.
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
Depreciação12

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