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DIREITO PENAL – PARTE GERAL 2 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 1. TEORIA DO ERRO Ainda dentro do campo da conduta, situação que gera boa discussão sobre o tema é a teoria do erro, prevista no art. 20 do CP, que traz a seguinte redação: “o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”. No caput do art. 20, nós temos a figura do erro de tipo, onde o agente ignora ou tem uma falsa percepção da realidade. O erro de tipo pode ser desmembrado em: essencial e acidental. O erro de tipo essencial recai sobre os dados principais do crime, e pode ser inevitável ou evitável. Inevitável/Escusável/Justificável/Invencível: é o erro imprevisível, que exclui o dolo (ausência de consciência) e a culpa (sem previsibilidade do resultado). Evitável/Inescusável/Injustificável/Vencível: erro previsível. Exclui somente o dolo (falta de consciência) e pune-se a culpa, se prevista em lei. Já o erro acidental, recai sobre dados secundários do crime. Pode se dar de seis formas: A) ERRO SOBRE O OBJETO: O agente confunde o objeto material. A consequência, é que o agente responde de acordo com o bem jurídico efetivamente atingido. Não há que se falar em exclusão do dolo nem da culpa. B) ERRO SOBRE A PESSOA: Aqui, há o erro com relação à pessoa sobre qual recai a conduta. Aqui, existe uma vítima real (que recebe a con- duta), e uma virtual (a que deveria receber). A consequência, conforme ensina o art. 20, §3º do CP é que o agente responde pelo crime de acordo com as condições da vítima a que se pretendia atingir. C) ERRO NA EXECUÇÃO/ABERRATIO ICTUS: ART. 73, CP Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que preten- dia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. D) RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO/ABERRATIO CRIMINIS OU DELICTI Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. DIREITO PENAL – PARTE GERAL 3 E) ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO Art. 20, § 2º, CP - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. F) ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL Erro sobre o nexo causal é aquele em que o resultado almejado pelo agente é alcançado, mas se produz com nexo causal diverso, de maneira não quista pelo agente. Divide-se em duas espécies: a) a primeira é o erro sobre o nexo causal em sentido estrito: Ocorre quando o agente, mediante um só ato, pro- voca o resultado visado, porém com outro nexo de causalidade. Ex.: “A” empurra “B” de uma montanha para que ele morra afogado, porém, durante a queda, “B” bate a cabeça contra uma rocha e morre em razão das múltiplas lesões; b) a segunda é o dolo geral ou aberratio causae: nesta situação, o agente realiza uma pluralidade de atos, provo- cando o resultado pretendido, porém com outro liame (nexo causal). Ex.: Caio, com intenção de matar, desfere três tiros contra seu desafeto, Getúlio, acreditando tê-lo matado. Ato contínuo, desova o cadáver em uma distante lagoa da região, porém, Getúlio acaba morrendo por afogamento. Dessa forma, o agente será responsa- bilizado por crime único onde irá ser considerado, o nexo ocorrido (e não o pretendido inicialmente).
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