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Apostila Direito penal parte geral 3

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DIREITO PENAL – 
PARTE GERAL
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DIREITO PENAL – PARTE GERAL
1. TEORIA DO ERRO
Ainda dentro do campo da conduta, situação que gera boa discussão sobre o tema é a teoria 
do erro, prevista no art. 20 do CP, que traz a seguinte redação: “o erro sobre elemento constitutivo 
do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”.
No caput do art. 20, nós temos a figura do erro de tipo, onde o agente ignora ou tem uma 
falsa percepção da realidade.
O erro de tipo pode ser desmembrado em: essencial e acidental.
O erro de tipo essencial recai sobre os dados principais do crime, e pode ser inevitável ou 
evitável.
 Inevitável/Escusável/Justificável/Invencível: é o erro imprevisível, que exclui o dolo (ausência de consciência) e 
a culpa (sem previsibilidade do resultado).
 Evitável/Inescusável/Injustificável/Vencível: erro previsível. Exclui somente o dolo (falta de consciência) e 
pune-se a culpa, se prevista em lei.
Já o erro acidental, recai sobre dados secundários do crime. Pode se dar de seis formas:
A) ERRO SOBRE O OBJETO:
O agente confunde o objeto material. A consequência, é que o agente responde de acordo com o bem jurídico 
efetivamente atingido. Não há que se falar em exclusão do dolo nem da culpa.
B) ERRO SOBRE A PESSOA:
Aqui, há o erro com relação à pessoa sobre qual recai a conduta. Aqui, existe uma vítima real (que recebe a con-
duta), e uma virtual (a que deveria receber). A consequência, conforme ensina o art. 20, §3º do CP é que o agente 
responde pelo crime de acordo com as condições da vítima a que se pretendia atingir.
C) ERRO NA EXECUÇÃO/ABERRATIO ICTUS: ART. 73, CP
Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que preten-
dia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se 
ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia 
ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
D) RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO/ABERRATIO CRIMINIS OU 
DELICTI
Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, 
sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como 
crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 3
E) ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO
Art. 20, § 2º, CP - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
F) ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL
Erro sobre o nexo causal é aquele em que o resultado almejado pelo agente é alcançado, mas se produz com 
nexo causal diverso, de maneira não quista pelo agente.
Divide-se em duas espécies:
a) a primeira é o erro sobre o nexo causal em sentido estrito: Ocorre quando o agente, mediante um só ato, pro-
voca o resultado visado, porém com outro nexo de causalidade. Ex.: “A” empurra “B” de uma montanha para que 
ele morra afogado, porém, durante a queda, “B” bate a cabeça contra uma rocha e morre em razão das múltiplas 
lesões;
b) a segunda é o dolo geral ou aberratio causae: nesta situação, o agente realiza uma pluralidade de atos, provo-
cando o resultado pretendido, porém com outro liame (nexo causal). Ex.: Caio, com intenção de matar, desfere 
três tiros contra seu desafeto, Getúlio, acreditando tê-lo matado. Ato contínuo, desova o cadáver em uma 
distante lagoa da região, porém, Getúlio acaba morrendo por afogamento. Dessa forma, o agente será responsa-
bilizado por crime único onde irá ser considerado, o nexo ocorrido (e não o pretendido inicialmente).

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