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Conceitos Fundamentais sobre Ética e 
Cidadania
Ética e Cidadania
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ANA LUCIA GUIMARÃES
AUTORIA
Ana Lucia Guimarães
Olá! Sou doutora em Ciências Humanas e tenho mais de 20 anos 
de atuação como professora na Educação Superior. Além disso, tenho 12 
anos de militância como dirigente sindical da causa dos professores, o que 
me agrega conhecimentos e experiências para ser autora desta disciplina. 
Portanto, atuar e defender a causa da educação laica, democrática e de 
qualidade é mais do que um princípio em minha formação e trajetória 
profissional, é um compromisso de ofício. Por isso, fui convidada pela 
Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou 
muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. 
Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Fundamentos de Ética e Cidadania ..................................................... 10
Conceitos, Objetivos e Princípios da Ética e da Moral ......................................... 10
Conceito de Cidadania .............................................................................. 18
Ética Social e Política ................................................................................26
A Ética e a Moral na Contemporaneidade ........................................ 32
7
UNIDADE
01
Ética e Cidadania
8
INTRODUÇÃO
Você sabia que estudar ética e cidadania tem uma importância 
significativa nos tempos atuais? Isto porque os indivíduos estão cada vez 
mais confusos em relação à construção de suas atitudes e pensamentos 
quanto às rápidas e volumosas transformações de nossa sociedade. Trata-
se de entender como e de que forma devemos interagir com os diferentes 
sujeitos sociais e seus diferentes pertencimentos culturais e políticos. 
Enquanto a ética imprime uma ideia de valores e normas sociais 
construídos historicamente de acordo com as diferentes demandas 
sociais dos grupos que integram a sociedade, a ideia de cidadania nos 
remete ao pertencimento a uma localidade e ao compartilhamento de 
valores e normas sociais dela. Portanto, tanto a questão da cidadania 
quanto a ideia da ética fornecem mapas referenciais para nossas ações e 
interações, com o objetivo de identificar a qual conceito de moral estamos 
submetidos. Entendeu? Vamos explorar mais este debate ao longo desta 
unidade. 
Ética e Cidadania
9
OBJETIVOS
Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar você no 
desenvolvimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o término 
desta etapa de estudos:
1. Diferenciar os conceitos de ética e moral.
2. Identificar o conceito de cidadania.
3. Demonstrar o conceito de ética social e sua relação com a ética 
política.
4. Ponderar a relação entre ética e moral em tempos contemporâneos.
Então, preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho!
Ética e Cidadania
10
Fundamentos de Ética e Cidadania
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você deverá dominar os 
conceitos de ética e moral, sabendo diferenciá-los e 
identificar sua importância para a vida em sociedade. Na 
atualidade, quando os indivíduos não sabem identificar 
situações de caráter moral, podem emitir julgamentos e 
agir de forma a serem julgados negativamente pela ordem 
social constituída. Vamos lá?.
Conceitos, Objetivos e Princípios da Ética 
e da Moral
Iniciamos nossos estudos sobre ética e moral procurando entender 
a definição desses conceitos e a diferença entre eles. 
Para Cortella (2009), a ética é o princípio orientador de nossa 
conduta em sociedade, ela nos permite distinguir e definir nossas ações 
e pensamentos em relação a diferentes experiências no mundo social. A 
ética está em nosso dia a dia. Em qualquer situação ou acontecimento, 
vemos várias inferências dos moralistas a solicitar necessidade de 
afirmação ética. Realmente, há um desgaste em falar de ética em tempos 
atuais, mas ainda é muito necessário entender o conceito e valorizar sua 
aplicação.
Pode-se ousar dizer que é impossível avançar no conceito de ética 
sem abordar o conceito de valores. O que são valores, então? Desde 
que nascemos, somos ensinados sobre o que é certo e errado, a partir 
daí, vamos direcionando nosso olhar, bem como disseminamos valores 
impostos pela sociedade. Se considerarmos que o valor moral é uma 
necessidade para a sobrevivência em sociedade, estaremos começando 
a entender mais sobre ética, moral e vida social, no sentido relacional — 
ou seja, de interação de uns com os outros. 
Ética e Cidadania
11
Figura 1 - Ética e vida coletiva
Fonte: Pixabay 
Por isso, Cortella (2009) afirma que a ética é compreendida no bojo 
dos estudos da filosofia e tem relação com a construção da moralidade, 
pois, a partir dessa relação, nasce a ideia de um “exercício de condutas”. 
Isso significa para o autor que, a partir da concepção ética, espera-se de 
um indivíduo que ele aja de uma forma previsível em uma determinada 
situação, pois entende-se que incorporou as regras morais para compor 
seu comportamento social.
Com essa definição pode-se inferir que a ética é a vida pensada, 
isto é, uma proposta de ação a partir do que a moral estabelece. Nesse 
sentido, precisamos compreender que a ética está no centro da construção 
de relações sociais harmônicas e benéficas para a preservação do todo 
social, isso porque ela aponta a ideia de uma ação que leva em conta o 
outro e que se fundamenta na forte presença dos valores morais.
DEFINIÇÃO:
Ética: define-se como um modo de agir a partir de uma 
norma moral incorporada, refere-se à uma orientação de 
vida que deve, supostamente, levar em consideração a 
preservação positiva da vida em sociedade.
Ética e Cidadania
12
Ainda explorando o conceito de ética como parte da Filosofia, a 
qual fundamentalmente implica em entendimento do comportamento 
moral, vejamos de forma ágil como os clássicos filósofos consideravam 
esse conceito.
Nos estudos de Chauí (2010), encontramos que, para os sofistas, a 
ética era relativista, pois, em suas concepções, não havia normas universais 
de definição para a vida social. Sócrates, tanto quanto Kant, buscava o 
entendimento da ética a partir da compreensão da alma humana, pois 
acreditava que nela residiriam fundamentos da moral. Já nos ideais de 
Platão, vemos a separação entre corpo e alma, para ele, o corpo sujeito 
a paixões poderia desviar-se do bem, por isso, o Homem só conseguiria 
desenvolver a ética para o bem comum na Pólis. 
Ainda em Chauí (2010), vemos que, para os estoicos, a ética constituía 
uma ideia de autocontrole que levava a uma aceitação da realidade, uma 
clara noção de destino traçado sob a égide de uma razãouniversal, o que 
levava à imperturbabilidade da alma. Em contrapartida, os epicuristas ao 
falarem de ética e imperturbabilidade da alma mostravam que esta era 
uma finalidade dela. 
Entretanto, os epicuristas adotavam quatro princípios para o 
entendimento da ética: o primeiro era que o homem não devia temer aos 
deuses; o segundo indicava que o homem não devia temer a morte; o 
terceiro apontava que a felicidade era possível de ser alcançada; e, por 
fim, o quarto princípio dizia que qualquer dor pode ser suportada. Com 
essas ideias, esses filósofos pretendiam afirmar que a ética, enquanto 
bem fundamental, é a defesa do prazer, não o prazer sexual, mas o prazer 
relacionado ao sentimento de amizade. Em Aristóteles veremos, mais 
adiante, que a ética está relacionada à busca pela felicidade, que deve 
ser encontrada no bem comum e na ação do homem na Pólis. 
Ética e Cidadania
13
Figura 2 - Reflexão sobre ética
Fonte: Freepik 
Falamos muito sobre o conceito de ética, e não podemos deixar 
de nos aprofundar sobre o conceito de moral. Portanto, o que é a moral? 
Podemos inferir que a moral é um conjunto de regras, normas de uma 
sociedade ou localidade, tornando-se relevante pela proporção do 
desrespeito das pessoas às leis. A moral funciona como um conjunto 
de condutas que devem direcionar as diferentes formas de agir dos 
indivíduos. 
DEFINIÇÃO:
Moral: o conjunto de condutas e normas que os indivíduos 
costumam aceitar como válidas. Essas regras são adquiridas 
na educação, por meio da cultura e das tradições dos 
diferentes grupos sociais. Cada grupo tem suas regras e 
concepções morais. 
Para Chauí Kant (1921), que foi quem mais discutiu a ética formal, 
a moral do comportamento reside na vontade e nos motivos do agente 
considerado. 
Ética e Cidadania
14
IMPORTANTE:
É importante entender que aquilo que não é moral, pode 
ser: 
IMORAL: com conotação de tudo aquilo a que se opõe 
a moral, por exemplo, o questionamento da atuação dos 
políticos no Brasil. 
AMORAL: um homem que se comporta de forma 
independente dos juízos sobre o bem e o mal, ele não 
considera qualquer parâmetro de moral para sua conduta.
Figura 3 - Perspectivas da ética
Ética e Cidadania
15
Fonte: Pixabay 
Figura 4 - Regras morais para o erro ou acerto social
Fonte: Freepik 
EXPLICANDO MELHOR:
A ética e a moral andam de mãos dadas, mas são 
essencialmente conceitos diferentes. É preciso saber que 
a ética é importante porque revela o respeito aos outros 
e à dignidade humana. Todos nós temos ética, só temos 
que desenvolver e acreditar no bem. A ética orienta-nos e 
ajuda-nos para que tenhamos uma vida boa.
Observe o quadro abaixo sobre as diferenças entre esses conceitos: 
Quadro 1 - Ética e moral: apontamentos diferenciais
ÉTICA MORAL
Princípio teórico-reflexivo Regras de condutas específicas 
Ética é temporal Moral é temporária
Ética é universal Moral é cultural
Fonte: Elaborado pela autora (2021).
Ética e Cidadania
16
Assim, a ética pode ser entendida como um parâmetro, a lei do 
que seja ato moral, o controle de aplicação da moral. Dessa forma, são os 
códigos de ética que devem ser exercidos para os diferentes conjuntos de 
grupos dentro do sistema social mais abrangente. Já a moral, por sua vez, 
de acordo com Kant em Chauí (2010), “é tudo aquilo que precisa ser feito, 
independentemente das vantagens ou prejuízos que possa trazer”. Se 
praticarmos um ato moral, podemos até sofrer consequências negativas, 
já que o que é moral para uns pode ser amoral ou imoral para outros.
Quadro 2 - Diferenças entre ética e moral
ÉTICA MORAL
Lida com o CERTO e o 
ERRADO.
Lida com o CERTO e o ERRADO.
Modo social de agir: implica 
no consenso e na adesão da 
sociedade.
Modo pessoal de agir: é adquirida 
e formada ao longo da vida por 
experiências.
Normas e regras sociais: 
é guiada pela cultura da 
sociedade.
Normas e regras pessoais: é guiada 
pela consciência.
Coletivo: se constrói a partir do 
consenso de várias morais.
Individual: é o que fundamentada 
a ética.
Fonte: Elaborada pela autora (2021).
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso 
ao vídeo “Moral e ética: conceitos e diferenças”, o qual traz 
uma boa discussão sobre a diferença entre ética e moral. 
Disponível aqui.
Ética e Cidadania
https://www.youtube.com/watch?v=dzX88EsmHr0
17
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu um 
pouco mais? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
que ética e moral são conceitos complementares, porém, 
diferentes em sua essência. Procuramos marcar que 
ética é a reflexão e a teoria da internalização dos valores 
morais, que são específicos para cada grupo ou sociedade. 
Cada grupo social possui suas normas e orientações de 
conduta. Ao escolhermos orientar nossa ação pensando na 
preservação positiva da interação social e no bem do outro, 
estamos atuando de forma ética. Nem sempre, durante a 
história, a ideia de ética foi pensada como o conceito que 
hoje devemos adotar. A ética nos faz discernir entre certo 
e errado, mas com foco na organização e preservação do 
social e da manutenção do bem-estar alheio.
Ética e Cidadania
18
Conceito de Cidadania
Pensar em um conceito de cidadania nos remete a um sentimento 
de pertencimento a um Estado, uma nação ou um Estado-nação. Devemos 
entender que esse conceito vem a ser um grande ponto de referência 
para extrairmos a compreensão de direitos, obrigações e deveres de 
cada indivíduo mediante o todo social que, a partir de uma representação 
política, pode direcionar ou não os interesses de um grupo de indivíduos 
em um sistema político. Esses indivíduos podem, ou não, constituírem-se 
como cidadãos. O que é ser cidadão? O que podemos entender sobre 
cidadania?
Para Carvalho (2002), o conceito de cidadania foi relacionado a um 
costume de desdobrar esta em direitos civis, políticos e sociais. Nesse 
olhar, segundo o autor, o cidadão pleno seria aquele que tivesse os três 
direitos, mas ainda teríamos os cidadãos incompletos, cujos direitos se 
resumiriam em alguns poucos; já aqueles que não tivessem direitos 
seriam considerados não cidadãos.
Para ele, ao se resumir o conceito de cidadania a posse e gozo de 
direitos civis, políticos e sociais, também é preciso compreender o que 
significa cada um desses direitos. Nesse sentido, de acordo com o autor, 
vemos que: 
 • Direito civil – aquele que garante o ir e vir, bem como o 
agrupamento em movimentos, como sindicatos, a realização de 
greve etc.; possuir seus próprios bens (propriedade privada); livre 
organização religiosa ou mesmo ideológica. 
 • Direito político – realiza-se no ato de votar e ser votado, na 
participação da vida política do país. O indivíduo pode ser 
candidato à representação e também pode escolher quem quer 
que o represente. 
 • Direito social – refere-se a ações governamentais e da sociedade 
civil organizada em prover serviços ao cidadão, como saúde, 
educação e políticas sociais.
Ética e Cidadania
19
Figura 5 – Cidadania e relação com os direitos e deveres
Fonte: Elaborada pela autora. (2021).
Marshall (2002), ao desenvolver a discussão sobre o conceito de 
cidadania, mostra que essa foi construída na Inglaterra antes da Revolução 
Industrial, em contexto de necessidade de afirmação de direitos, uma 
vez que o reconhecimento de direitos aos nobres, e posteriormente aos 
burgueses e até à classe trabalhadora, mostrou-se uma tarefa primordial 
à organização das relações de produção, que se consolidariam mais tarde 
na sociedade moderna. 
Para o autor, a evolução da cidadania só se concretiza com a 
conquista de direitos ao longo da história. A cidadania é pensada por ele 
considerando aspectos civis, políticos e sociais.
Então, se buscarmos a origem histórica do conceito, com-
preenderemos que sua origem como palavra vem do latim “civitas”,que significa cidade. Essa palavra, “cidadania”, era comumente utilizada 
no contexto da Roma Antiga para identificar a situação política de uma 
pessoa e os direitos que essa pessoa poderia usufruir. 
Com esse histórico de debates e conceitos, vemos que a ideia de 
cidadania não é algo estável, definido ou adquirido sem um entendimento 
de ação. Com isso, destaca-se que não é a conquista de um direito que 
significa que ele vá de fato ser efetivado. A cidadania é um exercício de 
saber e agir que é preciso ser incluído e desejar participar da construção 
de novas relações e consciências de efetivação de direitos. 
Ética e Cidadania
20
VOCÊ SABIA?
É muito comum acharmos que a ideia de cidadania pode 
ser resolvida apenas com a efetivação de direitos para cada 
indivíduo ou grupo social? Pois é, seria necessário destacar 
que a cidadania envolve uma compreensão dos deveres 
de cada um para com a sua cidade, estado ou localidade 
onde habita. Ter deveres é assumir que há uma relação de 
troca recíproca entre receber, obter ou conquistar direitos e 
praticar a realização de deveres. Exercitar o cumprimento 
de um papel social que possui tarefas para continuamente 
fortalecer e ressignificar a vida social. 
Figura 6 – Direitos e deveres do cidadão brasileiro
DIREITOS CIVIS DIREITOSSOCIAIS
DIREITOS
POLÍTICOS DEVERES
Direito à vida Educação
Garantia de voto 
direto e secreto, 
com igual valor 
para todos.
Participar 
das eleições, 
escolhendo e 
votando nos seus 
candidatos.
Direito à liberdade 
de expressão
Saúde
Direito a ser 
candidato a 
um cargo nas 
eleições.
Estar atento ao 
cumprimento das 
leis do país.
Liberdade de ir e vir. Alimentação __________
Pagar os impostos 
devidos.
Igualdade entre 
homens e mulheres
Trabalho __________
Participar da 
escolha das 
políticas públicas.
Proteção da 
intimidade e da vida 
privada
Moradia __________
Respeitar os 
direitos dos outros 
cidadãos.
Liberdade para 
exercer sua 
profissão.
Transporte __________
Proteger o 
patrimônio público.
Direito à propriedade Lazer __________
Proteger o meio 
ambiente.
Fonte: Elaborada pela autora. com base em Lenzi ([s. d.]).
Ética e Cidadania
21
Figura 7 – Cidade e cidadania
Fonte: Freepik 
IMPORTANTE:
Com toda a discussão apresentada, é possível lembrar de 
uma obra de Dimenstein (1994), O cidadão de papel, que 
aborda o fato de que, no Brasil, a cidadania está no papel, 
mas não existe de verdade. Isso é perceptível, uma vez que 
o autor destaca a violência social e a juventude dos anos 
1990, a ausência de projetos de educação, informação e 
a pobreza. De lá para cá, muitas situações se atualizaram, 
mas, de todo modo, essa obra nos faz refletir o quanto 
ainda temos por conquistar com atitudes verdadeiramente 
de participação e reclamação de nossos direitos. Vale a 
pena conhecer mais esse debate. 
Ética e Cidadania
22
Figura 8 – Obra O cidadão de papel
Fonte: Reprodução de Oliveira (2014).
DEFINIÇÃO:
Cidadania: refere-se a um conjunto de ações com caráter 
de reivindicação que se volta para o interesse coletivo. É 
em seu exercício que se aprimoram práticas de convivência 
melhores e tratam a qualidade de vida dos habitantes da 
cidade.  É um conceito diretamente ligado a uma ideia 
de aprendizagem social, que busca a culminância do 
atendimento de direitos e a compreensão de compromisso 
e deveres a cumprir. 
SAIBA MAIS:
Saber que as possibilidades de debate para a compreensão 
do conceito de cidadania e como podemos alcançá-lo é 
um privilégio, vamos ler mais um pouco? Então, clique aqui.
Ética e Cidadania
https://www.cafecomsociologia.com/o-que-e-cidadania/
23
É muito importante entender também a relação entre o conceito de 
cidadania e a educação, pois, com o processo educativo, desenvolvem-
se valores e consciência da preocupação com o outro, além da questão 
da responsabilidade para com a vida social. Nesse sentido, no Brasil 
e na América Latina, a partir das décadas de 1980 e 1990, a discussão 
sobre cidadania, direitos humanos e democracia ganha muito destaque, 
sobretudo nos exercícios da educação formal e informal. Dessa forma, 
foram criados documentos formais para orientar a educação para a 
formação da cidadania. Exemplos claros dessas iniciativas encontram-se 
nos documentos listados a seguir:
 • Constituição de 1988. 
 • Lei de Diretrizes e Bases (LDB) - 1996. 
 • Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - 1990. 
 • Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) - 1996.
 • Propostas de Políticas Educacionais. 
É notável que existem sentimentos e valores educacionais que 
podem ser desenvolvidos e aprendidos na família ou na escola, na 
educação formal ou informal, e que podem colaborar para o despertar da 
cidadania. São eles: cooperação, perdão, respeito, sinceridade, diálogo, 
solidariedade, combate à violência e bondade. A princípio podem parecer 
valores presentes em nossa humanidade, mas de fato o são, e, quando 
bem trabalhados, podem otimizar responsabilidades e aptidões para o 
fortalecimento de relações sociais pautadas na garantia recíproca de 
efetivação de direitos e deveres. 
SAIBA MAIS:
Veja como a LDB nº 9394/96 direciona suas diretrizes para 
uma educação voltada à formação de um sujeito cidadão 
acessando-a aqui. Em seguida, assista ao vídeo sobre 
educação e formação do cidadão clicando aqui. 
Ética e Cidadania
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=P8FW5KKZnWI
24
Sacristan (2000) infere que a distância entre os direitos no papel e 
a efetiva cidadania só é possível quando os envolvidos tomam para si a 
atitude de fomentar ideias práticas. 
Almeida e Soares (2010) apontam que a ligação entre vida individual 
e comunitária só ocorre quando há um reconhecimento mútuo da 
relevância recíproca entre os dois. Este, para os autores, é o verdadeiro 
sentido da cidadania, sem exclusões sociais.
Sobre a relação cidadania e educação, Freire (2011) orienta que o 
homem deve ser o sujeito da sua ação, criando e transformando o mundo. 
Em seu olhar, a escola deve funcionar como um espaço que tende a 
oferecer ao indivíduo exercício da cidadania e possibilidade de redefinição 
da realidade. 
Figura 9 – Escola e cidadania
 
Fonte: Freepik
Ética e Cidadania
25
RESUMINDO:
E então, como foi a experiência de aprendizagem com 
o conceito de cidadania? Vamos resumir um pouquinho 
sobre o que vimos para que você realmente possa fixar 
mais o estudo deste capítulo. Você deve ter aprendido 
que é muito importante compreender que cidadania é um 
conceito que articula nossos direitos e deveres, bem como 
que o exercício dela torna a coletividade ativa e integrada 
para uma harmonia social. A cidadania destaca a liberdade 
e a convivência comunitária muito mais do que qualquer 
questão de relações de poder ou governo constituído. Ser 
cidadão é participar de forma ativa da realidade social em 
que se está inserido, protagonizando a busca de qualidade 
de vida para seus membros pela via da efetivação de 
direitos. No entanto, não devemos esquecer de que 
também possuímos deveres com a nossa comunidade. 
Por fim, vimos o importante papel que a educação ocupa 
na formação do cidadão. Por meio da educação formal 
e a informal, é possível transmitir os valores da formação 
à cidadania, oferecendo liberdade e autonomia para os 
indivíduos atuarem na sociedade de forma digna.
Ética e Cidadania
26
Ética Social e Política
Iniciamos nossos estudos sobre a ética e a política considerando 
o pensamento de Arendt (2003), que nos mostra que política é ação e, 
portanto, nenhuma questão política pode, segundo ela, estar submetida 
a subjetividade. Na visão dessa autora, o entendimento da ideia de práxis 
é a mola mestra para a compreensão de seu conceito de ética, que muito 
está relacionado com o que já vimos aqui. Para ela, ética envolve-se com 
o cuidado com o mundo, com o espaço das relações humanas e também 
com o local que permite avida e a singularidade humanas.
Arendt (2003) preocupa-se não com a subjetividade do homem, mas 
sim com os homens em pluralidade. Assim, percebemos que o conceito 
de ética social está direcionado para este olhar. Arendt (2003) nos aponta 
que as atividades humanas são o resultado da produção desenvolvida 
no mundo da vida ativa, é no mundo (na práxis) que o homem transita e 
desenvolve atividades que ele condiciona sua existência. O cuidado com 
o mundo é, por conseguinte, o cuidado com a singularidade humana, 
para a autora. 
Permanecendo nesse raciocínio, colabora para nosso conhe-
cimento sobre a questão política, pois ela define que a política não deve 
se submeter às questões morais. Ela se contrapõe ao pensamento de 
Maquiavel, ao afirmar que a política não deve ser guiada para atingir meios 
e fins. Como sabemos, Maquiavel, clássico da política, aponta que os fins 
justificam os meios. Já Arendt (2003) acredita que se a praticidade é o agir, 
então a forma instrumentalizada que o autor traz de calcular formas para 
atingir objetivos em política acabam por se configurarem em pré-ação 
e teoria para controlar a ação. Segundo ela, a política não deve seguir 
qualquer natureza ou espírito, mas sim ter o compromisso com o “espírito 
correto”, algo que se define em si mesmo, sem qualquer teleologia 
ou previsibilidade. A ação política informa a distinção articular de cada 
homem.
Ainda seguindo seu pensamento, a ética é a pluralidade humana 
constitutiva do mundo, o que faz a ideia de uma ética social ser mais 
forte e presente para que as relações humanas se processem de forma 
operativa. Visto dessa forma, Arendt (2003) mostra que a ética varia de 
acordo com o espaço político. O agir é livre de qualquer determinação. 
Ética e Cidadania
27
A discussão que trouxemos até aqui serve para evidenciar que a 
experiência coletiva das pessoas e sua respectiva construção cultural têm 
em si mesmas um valor significativo para a compreensão do conceito de 
ética social. Isso pois, ao abordarmos tal conceito, estamos, na verdade, 
no campo de pensar, o que pode ou não ser aceitável socialmente, 
isso se deve ao próprio princípio que o conceito traz consigo: a ideia de 
que os membros de uma comunidade precisam de cuidados de forma 
homogênea. 
DEFINIÇÃO:
Ética social: conjunto de regras e diretrizes que balizam 
escolhas e comportamentos de uma sociedade que 
resolveu adotar aqueles padrões de conduta. Ela 
funciona como um roteiro, um código de conduta. Não há 
necessidade de dizer o que se deve ou não seguir, apenas 
fundamentalmente seguir. 
A ética social apresenta princípios que precisamos conhecer: a 
dignidade da pessoa, o direito de propriedade, a primazia do trabalho, a 
primazia do bem comum, a solidariedade e subsidiariedade.
Sá (2010) desenvolve a ideia de que existem hábitos dignos de 
louvor, isto é, existe uma conduta virtuosa padrão que serve de referência 
quando pensamos no respeito a todos os seres humanos. O autor busca 
em Aristóteles a lógica da virtude. Para ele, se um homem adota uma 
conduta virtuosa em um local onde não há a prática comum dessa 
conduta, então este seria um homem virtuoso. 
Em Aristóteles (1997), vemos também uma iniciativa em considerar 
que o verdadeiro sentido da ética é voltar-se para a comunidade na 
amplitude desta e no exercício da cidadania, objetivando a formação e 
organização da consciência política humana. Para ele, “o homem é um 
animal político”.
Ética e Cidadania
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Figura 10 – Obra de Aristóteles
Fonte: Reprodução de Livraria da Travessa.
Dessa forma, é possível traçar imediatamente uma relação entre a 
ética social e a política. A política é o campo da busca do bem comum, 
conforme Aristóteles demarca em seus estudos. Nesse sentido vale a 
ideia de que ética e política devem caminhar lado a lado, uma vez que 
ambos os conceitos apresentam um viés corporativo, aquele que conduz 
ao bem-estar da comunidade, do coletivo, do social. 
Dissecando sobre a palavra política, observamos que ela é originária 
do grego pólis (politikós) e seu significado diz respeito ao urbano, ao civil, 
ao que é da cidade (da pólis). 
Weffort (1987) mostra que os clássicos da política podem nos guiar 
muito mais sobre o conceito de política que consideramos fundamental 
para sustentar a relação ética e a política, já iniciada anteriormente. 
Segundo o autor, para Thomas Hobbes a humanidade vivia em estado 
Ética e Cidadania
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de anarquia e, ao criar a sociedade, por meio do pacto social, criou 
conjuntamente a chamada sociedade política. Segundo ele, os homens, 
mediante seu estado de guerra, abriram mão de suas decisões e escolhas 
mais individuais para constituírem o estado soberano, que não permitiria a 
volta ao estado de natureza. Tal movimento fez com que a representação 
política desses homens fosse delegada ao soberano, que deveria garantir 
o grupo ao exercer seu poder em favor do bem comum. 
O autor também revela que, em John Locke, vemos que o estado 
de natureza não teria significado de caos, mas ordem e razão. Segundo 
ele, o Estado surgiu para assegurar a lei natural, bem como para manter 
a harmonia entre os homens. Locke não destaca que houve uma cessão 
dos direitos naturais ao Estado, pelo contrário, acredita que a soberania é 
um valor e que deve ser exercido pela maioria, assim como o respeito aos 
direitos à vida, à liberdade, à propriedade.
Weffort (1987) apresenta, ainda, a teoria de Jean Jacques Rousseau, 
que parte do princípio de que houve um estado de natureza que não se 
constituía no caos de Hobbes e nem no mundo ordeiro e racional, como 
assegurava John Locke. Os homens viviam em caráter de desigualdades, 
mas eram livres e felizes. A sociedade política surge, então, como um mal 
necessário para manter a ordem e evitar o retorno das desigualdades. 
Assim, na criação do Estado a partir do contrato social, o indivíduo cedeu 
parte de seus direitos naturais para a criação de uma entidade detentora 
de uma vontade geral, portanto, a soberania do Estado é a incorporação 
da vontade geral de todos. 
NOTA:
Os clássicos da política, John Locke, Thomas Hobbes e 
Jean Jacques Rousseau integram os teóricos que discutem 
a criação do Estado a partir de um pacto social fomentado 
pelos homens. Para saber mais sobre tais teorias, leia: 
WEFFORT, Francisco. Os clássicos da política. São Paulo: 
Editora Ática, 1989.
Ética e Cidadania
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Figura 11 – Clássicos da política
Fonte: Sabedoria Política. 
A questão é que todos esses pensadores falam de política como 
um lugar de representação de todos, e essa possibilidade de ação está 
diretamente vinculada à concepção de ética social. Isso porque quando se 
analisa a criação do contrato social, a organização da sociedade política e 
a soberania da vontade geral, deve-se considerar o princípio de comando 
político com referência da orientação ética, do governar para o outro. 
Semelhante a como pensamos, a questão da ética social nas 
empresas na atualidade, vemos que na sociedade empresarial existem 
comportamentos de valorização e dimensionamento da preservação 
ambiental. Ideias e projetos ecológicos que, inclusive, fundem-se com 
perspectivas de responsabilidade social, muitos líderes corporativos 
precisam, por normas éticas, doar uma porcentagem dos lucros 
anuais para instituições de caridade. Essa pode ser uma ação que está 
diretamente vinculada com a real necessidade de ajuste para condutas 
que são aceitas, valorizadas e instituídas socialmente. Temos muitos 
padrões que fortalecem a ética social e que se incluem nos valores 
familiares, nas crenças religiosas, na moralidade e na integridade. 
Ética e Cidadania
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Figura 12 – Problemas para a ética social
Fonte: Elaborada pela autora (2021).
Os desafios para a ética social, aliada a representação política, 
são desafios do mundo atual. Com base neles, é preciso rever práticas e 
condutas de gestão de comunidades, recursos e da própriaconcepção 
de coletividade e bem comum.
SAIBA MAIS:
Para saber mais, assista ao vídeo: “Aristóteles: Ética e 
política” clicando aqui.
RESUMINDO:
Entendeu um pouco da relação entre ética social e política? 
Neste capítulo, procuramos demonstrar como os conceitos 
de ética social e política devem estar associados para a prática 
do bem comum. Pois reforçamos que a ética consiste em 
uma regra usada para focar na construção do relacionamento 
com os outros. O sentido e o conceito de ética social foram 
desenvolvidos como verdadeiros códigos de conduta que são 
aceitos e praticado pelos membros de um grupo social. Falamos 
dos clássicos da política, Hobbes, Locke, Rousseau, com o 
intuito de mostrar que, em meio ao caos social, os homens 
criam a ordem, delegam sua concepção de representação 
ao estado, acreditando que este pode gerir suas vontades 
comuns. Cada uma com sua teoria, mas no bojo conceitual, o 
principal é entender que a política deveria conduzir a sociedade 
pela lente da ética, já que em sua originalidade conceitual, elas 
podem voltar-se para o bem comum.
Ética e Cidadania
https://www.youtube.com/watch?v=eRPhNiqbsgk
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A Ética e a Moral na Contemporaneidade
Chegamos até uma reflexão que será muito importante para o olhar 
sobre diferentes situações nos tempos atuais que vivemos. Devemos 
abordar a relação ética e moral na sociedade contemporânea para que 
possamos entender mais sobre diferentes posicionamentos em diferentes 
culturas e grupos sociais. 
Vimos no tópico anterior que existem desafios impostos à nossa 
análise da ética social, vinculada à política, mas, a partir de agora, 
precisamos pensar na generalidade da concepção de ética e moral já 
aprendidas para o entendimento de tais desafios. 
Vamos iniciar escolhendo um dos grandes desafios da humanidade, 
cuja dimensão nos entristece: a fome mundial. A fome é uma questão 
social. Mas observe que podemos eleger a relação que os países de 
primeiro mundo têm em relação ao trato da questão. Você poderá 
entender melhor acionando os conceitos de ética e moral para pensar 
sobre as reportagens a seguir.
PRIMEIRA REPORTAGEM
Fome extrema atinge mais de 113 milhões no mundo
África é o continente mais afetado
Influenciado por conflitos armados
Mais de 113 milhões de pessoas em 53 países sofreram “insegurança alimentar 
aguda” em 2018, afirma um relatório global da ONU sobre a crise alimentar 
divulgado nesta terça-feira (02/04).
O relatório apresentado pela União Europeia (UE), Organização das Nações 
Unidas  para  Alimentação  e  Agricultura  (FAO)  e  o  Programa  Alimentar 
Mundial  (PAM),  entre  outras  organizações,  destaca  que  o  problema  afeta 
principalmente o continente africano.
Os  países  que  atravessaram  as mais  graves  crises  alimentares  são:  Iêmen, 
República Democrática do Congo, Afeganistão, Etiópia, Síria, Sudão, Sudão 
do Sul e o norte da Nigéria.
Dominique Burgeon, chefe de emergências da FAO, afirmou que os países 
Ética e Cidadania
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africanos são atingidos de  forma “desproporcional” pela  fome aguda, com 
quase 72 milhões de pessoas afetadas. Segundo o documento, nos últimos três 
anos, cerca de 50 países vivem dificuldades cada vez maiores para alimentar 
a suas populações.
A  principal  causa  da  insegurança  alimentar  em  todo  o  mundo  foram  as 
guerras. Cerca de 74 milhões de pessoas, ou seja, dois terços da população 
que enfrenta a fome aguda, estavam em 21 países ou territórios localizados 
em zonas de conflito, assim como já havia ocorrido em 2017.
“Nesses países, até 80% das populações afetadas dependem da agricultura”, 
afirmou Burgeon.  “Estas  pessoas precisam  receber  assistência humanitária 
de  emergência  para  poder  se  alimentar  e  condições  para  impulsionar  a 
agricultura.”
Em 2018, o número  total de pessoas que sofreram fome aguda apresentou 
leve redução em comparação a 2017 (124 milhões). Isso pode ter ocorrido em 
razão de alguns países estarem menos expostos a riscos climáticos violentos, 
como secas, inundações ou chuvas.
“Este  recuo  no  valor  absoluto  é  um  epifenômeno”,  minimizou  Burgeon. 
A  redução  ocorreu  “devido  à  ausência  do  fenômeno  climático  ‘El  Nino’, 
que  afetou muito  as  culturas  na África Austral  e  no  Sudeste Asiático  em 
2017”. “Por causa dos violentos ciclones e tempestades em Moçambique e 
no Malawi este ano, já sabemos que esses países estarão no relatório do ano 
que vem”, observou.
José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO, avalia que, apesar da ligeira 
queda em 2018 no número de pessoas com insegurança alimentar aguda, a 
forma mais extrema de fome, “o número ainda é alto demais”.
Ele  diz  que  é  preciso  investimentos  de  grande  porte  no  desenvolvimento, 
ajuda humanitária  e na construção da paz “para construir  a  resiliência das 
populações afetadas e pessoas vulneráveis”, acrescentando que “para salvar 
vidas, também temos que salvar os meios de subsistência”.
O diretor-executivo do PAM, David Beasley, observou que para erradicar a 
fome é necessário atacar suas causas fundamentais. “Conflitos, instabilidade, 
impacto dos choques climáticos. Rapazes e moças precisam ser bem nutridos 
e  educados,  as  mulheres  precisam  ser  verdadeiramente  fortalecidas,  a 
infraestrutura rural deve ser fortalecida para conseguirmos esse objetivo de 
fome zero”, destacou.
Ética e Cidadania
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O relatório pede o fortalecimento da cooperação entre a prevenção, preparação 
e reação no atendimento às necessidades humanitárias urgentes e às causas 
profundas,  que  incluem  as  mudanças  climáticas,  choques  econômicos, 
conflitos e deslocamentos.
Fonte: WELLE, D. Fome extrema atinge mais de 113 milhões no mundo. Poder 360. 2019. 
Disponível aqui. Acesso em: 10 ago. 2021.
SEGUNDA REPORTAGEM
Saiba quem é a brasileira que doou R$ 88 milhões a Notre-
Dame
Viúva de banqueiro, ela tem sala em sua homenagem no Louvre
Uma brasileira está  entre os bilionários que doaram grandes  somas para a 
reconstrução da Catedral de Notre-Dame, de Paris, atingida por um grande 
incêndio  na  segunda-feira  (15).  Lily  Safra,  81  anos,  viúva  do  banqueiro 
Edmond Safra, enviou para a campanha de reconstrução um cheque de 20 
milhões de euros - cerca de R$ 88 milhões. Segundo o Glamurama, ela tem 
fortuna estimada em 1,3 bilhão de dólares (R$ 5,1 bilhões). 
A bilionária atualmente se divide entre casas que tem na Europa - vive entre 
Mônaco, Londres, Nova York e a própria Paris. Ela já recebeu uma Légion 
d’Honneur, uma medalha de honra dada para pessoas que contribuíram com 
a França. Uma sala no Museu do Louvre, a Galeria Edmond et Lily Safre, 
é batizada  em homenagem a  ela  e  ao  falecido marido. O ambiente  é  todo 
decorado com mobiliário do século 18 doado pelo casal. 
Um livro da jornalista canadense Isabel Vincent chama a bilionária de “Lily 
Dourada”, nome da biografia. A escritora, que era na ocasião repórter do New 
York Post,  passou  cerca  de  um  ano  no Brasil  entrevistando pessoas  sobre 
o casal. A publicação  traz detalhes sobre o suicídio do segundo marido de 
Lily, o empresário Alfredo Monteverde. No almoço antes da morte, Lily e o 
marido discutiram detalhes do divórcio. Quando ela saiu, ele tirou a própria 
vida.
O pai de Lily era um inglês do ramo de ferrovias que chegou ao Brasil no 
início  do  século XX.  Ela  nasceu  em Canoas,  no Rio Grande  do  Sul.  Seu 
primeiro marido, o argentino Mario Cohen, era um milionário fabricante de 
meias de náilon. O casal viveu no Brasil, Argentina  e Uruguai  e  teve  três 
filhos - o mais novo, Claudio, morreu em 1986 em um acidente de carro. A 
relação com Monteverde veio depois - ela se divorciou para ir morar no Rio 
Ética e Cidadania
https://www.poder360.com.br/internacional/fome-extrema-atinge-mais-de-113-milhoes-no-mundo/
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com a nova paixão, que era empresário e foi fundador da rede Ponto Frio. 
Monteverde tirou a própria vida em 1969. Eles tiveram dois filhos.
Depois, Lily se mudou para o ReinoUnido, onde morou por 10 anos. Ela 
chegou a casar em 1972 com um inglês, mas o casamento foi posteriormente 
anulado. Então conheceu Safra, na época o brasileiro mais rico do mundo. Os 
dois se aproximaram durante uma disputa em um leilão, segundo a revista 
Joyce Pascowitch. Edmond, já quarentão, ganhou e comprou a escultura, mas 
presenteou Lily com a obra. Libanês naturalizado brasileiro, era um homem 
muito  discreto.  Viveram  muitos  anos  em  Nova  York,  em  uma  cobertura 
repleta de pinturas e esculturas - arte era uma paixão de ambos.
O casamento durou 23 anos, até que em 1999 Safra morreu. Em Mônaco, 
onde  passavam  temporadas,  Edmond  Safra  foi  vítima  de  um  incêndio. 
Seu corpo foi achado na banheira de uma suíte, próximo ao de sua enfermeira. 
O  julgamento  sobre  o  caso  considerou  culpado  pelo  incêndio  um  de  seus 
enfermeiros, Ted Mahrer, que teria ateado fogo a uma lixeira para salvar o 
patrão, como herói, depois. Trancado no banheiro por seis horas, o empresário 
morreu asfixiado pela fumaça. Safra lutou nos últimos anos de vida contra o 
Mal de Parkinson e tinha acompanhamento especializado em casa. Em 1998, 
ao revelar que sofria a doença, ele fez doação de 50 milhões de dólares a uma 
instituição de pesquisa sobre o tema. 
Desde a morte do marido, Lily passou a se desfazer de parte dos bens e se 
envolver mais  com ações filantrópicas,  com a Fundação Edmond J. Safra. 
Em 2004, ela doou 10 milhões de dólares à Universidade Harvard e o mesmo 
valor  para  uma  entidade  criada  pelo  ator Michael  J.  Fox  para  pesquisar  a 
origem do Mal de Parkinson. Em 2005, colocou à venda 800 peças de sua 
coleção particular de arte pela casa de leilão Sotheby’s. “Minha vida e meus 
interesses mudaram, e já não tenho tempo nem escala nas casas para apreciar 
a coleção como fazíamos antes. Tive então que tomar uma decisão difícil: é 
hora de transferir aos outros o prazer de possuir estes tesouros”.
Arrecadação. A  campanha  para  reformar Notre-Dame  arrecadou  até  agora 
quase  1  bilhão  de  euros.  Entre  os  doadores  famosos  está  François-Henri 
Pinault, marido da atriz Salma Hayek, do grupo Kering, que afirmou que vai 
contribuir com 100 milhões de euros. O grupo LVMH, da bilionária família 
Arnault, também doou € 200 milhões (R$860 milhões).
A empresa francesa de cosméticos, L’Oréal, dará 200 milhões de euros, um 
valor agregado aos 200 milhões doados pelo grupo LVMH e aos 100 milhões 
prometidos respectivamente pela família Pinault e pela petrolífera Total.
Ética e Cidadania
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O presidente francês Emmanuel Macron disse que a França iria contar com 
ajuda de “talentos” para reconstruir a torre mais alta da construção, que ficou 
destruída. Ela afirmou que em 5 anos o local estará  totalmente renovado e 
“ainda mais bonito” [...]
Fonte: SAIBA quem é a brasileira que doou R$ 88 milhões a Notre-Dame. Correio 24 horas. 
2019. Disponível aqui. Acesso em 10 ago. 2021. 
Vejamos possíveis análises para a questão da fome. 
Sob a ética do bem comum, quando comparamos as duas 
reportagens, logo nos vêm uma ideia de que a bilionária que doou 
milhões para a reconstrução da Catedral de Notre-Dame, na França, não 
está apresentando uma preocupação ética em relação aos números da 
fome africana, apresentada na segunda reportagem. 
Esse tipo de reflexão, na verdade, é importantíssimo para nossa 
compreensão sobre ética e moral. Pois vemos que, devido à bilionária 
ter tanto dinheiro e pensar na reconstrução de um patrimônio histórico 
da humanidade, a Catedral de Notre-Dame, poderíamos compreender 
que para sua moral (a moral que a formou e a cultura que pertence) há 
um sentido de nobreza em tal atitude. No entanto, podemos conceber 
como imoral a atitude dela em relação a não se disponibilizar para doar 
qualquer dinheiro para o combate à fome na África. Esta é só uma forma 
de debatermos questões contemporâneas com o olhar da ética e da 
moral.
Semelhante a essa reflexão, vemos também a situação da violência 
que invade as escolas no mundo inteiro. Há diversos casos de jovens 
e adultos que cometeram atentados sem qualquer melindre, fazendo 
alunos e alunas inocentes vítimas fatais de suas ações, de forma que nos 
colocamos perplexos, sem palavras, transtornados e tristes diante dessas 
notícias.
Ética e Cidadania
https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/saiba-quem-e-a-brasileira-que-doou-r-88-milhoes-a-notre-dame/
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Figura 13 - Bullying
Fonte: Pixabay 
Tal fenômeno suscita nossas reflexões sobre a moralidade do 
contexto em que ocorre, sobre nossas próprias crenças éticas e sobre se 
é possível explicar tais atitudes assassinas por uma suposta situação de 
violência que o assassino tenha sofrido na infância ou uma situação de 
bullying, por exemplo. Isso serviria para explicar que as escolas precisam 
estar atentas na formação de seus alunos, fortalecendo valores morais de 
bem comum, de promoção pessoal de cada aluno.
Ética e Cidadania
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IMPORTANTE:
O importante em todas essas ideias e reflexões é 
compreender a relatividade das situações, além da 
profundidade e contextualização dos conceitos de ética e 
moral. Com isso, não estamos aqui a defender assassinos, 
indivíduos negligentes com a questão social, estamos 
mostrando que matar não é ético, mas a qual moral pertence 
àquele que o pratica. Dessa forma, consideramos que, na 
atualidade, com as situações desafiadoras trazidas pela 
era da globalização, a crise das representações políticas, 
a recessão econômica, a individualização, a tendência 
ao xenofobismo, o avanço das tecnologias digitais e os 
estudos das possibilidades de mutações genéticas, vemos 
a grande importância da educação para a formação da 
moralidade nos indivíduos. 
Bencostta (2007) afirma que as instituições educacionais são 
fundamentais para a aprendizagem de conhecimentos específicos 
na formação de indivíduos autônomos capazes de interagir com as 
diferentes situações que podem vivenciar no mundo contemporâneo. 
Vázquez (2003) nos lembra bem que a função social da moral deve ser 
a de regulamentação das relações entre os homens para contribuir na 
manutenção e garantia da sociedade. Além disso, a ética é uma prática 
diretamente relacionada à ação humana.
Bencostta (2017) fala do trabalho de Svitras (2017), que reforça 
que a atividade em sala deve ser capaz de desenvolver habilidades e 
competências que colaborem e definam soluções para dilemas sociais. É 
na escola que se pode criar um ambiente ideal para prática e aprendizagem 
da ética e a formação do caráter; é possível falar de respeito, justiça, 
solidariedade e moral. 
Ética e Cidadania
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O autor relaciona propostas de trabalho para que isso aconteça na 
escola: 
 • Trabalhar conceitualmente – definir o conceito de ética e promover 
o debate criativo. Aceitar e mediar as opiniões das turmas.
 • Construir uma atividade relacional – fornecer desafios para que os 
alunos e alunas convivam com a diferença. 
 • Incentivar a tomada de decisões – Levar alunos e alunas a pensar 
nas situações concretas e como seria decidir pelo certo ou errado 
naquela situação. Como exemplo, desde contar uma mentira para 
sair mais cedo da escola a até mesmo pensar a corrupção na 
política.
 • Jogar com situações limítrofes – apresentar situações em que o 
aluno é levado a pensar como se um familiar ou amigo estivesse 
em situação de risco, por exemplo.
 • Criação de regras com a turma – essa situação leva a debates 
quanto ao que os alunos querem para suas rotinas em termos de 
normas de conduta e o que realmente fazem, uma reflexão de 
pensamento e ação. 
Figura 14 - Discussão sobre ética na sala de aula
Fonte: Freepik. 
Ética e Cidadania
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SAIBA MAIS:
Para você se aprofundar ainda mais neste tema, leia o 
artigo Moral e ética no mundo contemporâneo, de Yves de 
La Taille. Disponível aqui.
RESUMINDO:
Neste tópico, fomos capazes de revisar nossos conceitos 
de ética e moral, você percebeu? Pensando sobresituações 
do contexto contemporâneo, vimos que a ética está sempre 
ligada à nossa formação moral. Ética e moral são conceitos 
que devem ser trabalhados na educação formal, na escola. 
Não se pode prescindir de considerar que na crise de 
valores, os indivíduos deixem de agir desconsiderando a 
moral e a ética vigentes. 
Ética e Cidadania
https://www.revistas.usp.br/revusp/article/download/125319/122350/237788 
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Claudia C. MariaM.; SOARES, Keila K. Cristina C. Dambinski. 
Pedagogo Escolar: as funções supervisora e orientadora. Curitiba: Ibpex, 
2010.
ARANHA, Maria M. Lúcia. de Arruda.; & MARTINS, Maria M. Helena . 
P.. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2009.
ARENDT, HannahH. A condição humana. Editora Forense. Rio de 
Janeiro, 2003.
ARISTÓTELES. Política. 3. ed. Brasília: UnB, 1997.
BENCOSTTA, M. L. (org.) Culturas escolares, saberes e práticas 
educativas: itinerários históricos. São Paulo: Cortez, 2007.
CARVALHO, José J. Murilo M. de. Cidadania no Brasil: o longo 
caminho. 11.ª ed. - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2010.
CORTELLA, M. S. Qual é a tua obra? Inquietações, propositivas 
sobre gestão, liderança e ética. Petrópolis: Vozes, 2009.
DIMENSTEIN, G. O cidadão de papel: a infância, a adolescência e 
os direitos humanos no Brasil. São Paulo: Ática, 1994.
FREIRE. Paulo. Educação e mudança. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 
2011.
LENZI, T. Quais os direitos e deveres do cidadão? Toda Política. 
([s. d.]). Disponível em: https://www.todapolitica.com/direitos-deveres-
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LIVRARIA DA TRAVESSA. A Política. Aristóteles. Disopnível em: 
https://www.travessa.com.br/a-politica-2-ed-2009/artigo/7aa2381e-
5e88-46b4-8fab-316e9a3b657a. Acesso em: 10 ago. 2021.
Ética e Cidadania
http://marcosmucheroni.pro.br/blog/wp-content/uploads/2017/07/EticaMoral-300x205.jpg
http://marcosmucheroni.pro.br/blog/wp-content/uploads/2017/07/EticaMoral-300x205.jpg
https://www.travessa.com.br/a-politica-2-ed-2009/artigo/7aa2381e-5e88-46b4-8fab-316e9a3b657a
https://www.travessa.com.br/a-politica-2-ed-2009/artigo/7aa2381e-5e88-46b4-8fab-316e9a3b657a
42
MARSHALL, T. H. Cidadania e Classe Social [Ed. atual trad. e rev. 
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SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. 
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SAIBA quem é a brasileira que doou R$ 88 milhões a Notre-Dame. 
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notre-dame/aqui. Acesso em: 25 abr. 2019.
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WEFFORT, F. Os clássicos da política. São Paulo: Editora Ática, 
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WELLE, D. Fome extrema atinge mais de 113 milhões no 
mundo. Poder 360. 2019. Disponível em: https://www.poder360.com.br/
internacional/fome-extrema-atinge-mais-de-113-milhoes-no-mundo/
aqui. Acesso em: 10 ago. 2021
Ética e Cidadania
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http://files.sabedoriapolitica.com.br/system_preview_detail_200002470-0c2160e149-public/Hobbes%20Locke%20Rousseau.jpg
http://files.sabedoriapolitica.com.br/system_preview_detail_200002470-0c2160e149-public/Hobbes%20Locke%20Rousseau.jpg
https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/saiba-quem-e-a-brasileira-que-doou-r-88-milhoes-a-notre-dame/
https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/saiba-quem-e-a-brasileira-que-doou-r-88-milhoes-a-notre-dame/
https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/saiba-quem-e-a-brasileira-que-doou-r-88-milhoes-a-notre-dame/
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Ética Profissional
Ética e Cidadania
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ANA LUCIA GUIMARÃES
AUTORIA
Ana Lucia Guimarães
Olá! Sou doutora em Ciências Humanas e tenho mais de 20 anos 
de atuação como professora na Educação Superior. Além disso, tenho 12 
anos de militância como dirigente sindical da causa dos professores, o que 
me agrega conhecimentos e experiências para ser autora desta disciplina. 
Portanto, atuar e defender a causa da educação laica, democrática e de 
qualidade é mais do que um princípio em minha formação e trajetória 
profissional, é um compromisso de ofício. Por isso, fui convidada pela 
Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou 
muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. 
Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Ética no Mundo do Trabalho .................................................................. 10
A Ética e a Sociedade Globalizada..................................................................................... 10
Problemas Éticos nas Profissões .......................................................... 17
Código de Ética das Profissões: Conceitos e Finalidades ..........22
Ética em Profissões não Regulamentadas .......................................27
7
UNIDADE
02
Ética e Cidadania
8
INTRODUÇÃO
Você sabia que pensar sobre ética em tempos atuais nos leva a ter 
de compreender cada vez mais as transformações sociais, econômicas 
e políticas em nossas vidas? No cenário de agudas mudanças trazidas 
pela globalização, vemos uma acentuada necessidade de atuar com ética 
para que a sociedade e as relações humanas possam acontecer de forma 
íntegra. 
Temos, ainda, a reflexão sobre nossa conduta e atuação no 
mundo profissional. Portanto, precisamos saber como o conceito de 
ética colabora para definir determinados olhares e ações em diferentes 
profissões. O mundo do trabalho mudou, as situações que se apresentam 
são inovadoras, mas, e quanto aos códigos de conduta no ambiente de 
trabalho? Será que eles possuem sua validade?Vamos lá! Este é um 
convite para aprimorarmos mais esses temas. 
Ética e Cidadania
9
OBJETIVOS
Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você no 
desenvolvimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o término 
desta etapa de estudos:
1. Distinguir e compreender como o conceito de ética tem sido 
utilizado na sociedade contemporânea.
2. Interpretar como problemas éticos podem se apresentar nas 
profissões em cenários atuais.
3. Explicar a importância do código de ética para as diferentes 
profissões.
4. Demonstrar como se desenvolvem princípios éticos em profissões 
não regulamentadas.
Então, preparado para imergir nos estudos sobre ética e trabalho? 
Vamos juntos ao conhecimento!
Ética e Cidadania
10
Ética no Mundo do Trabalho 
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você deverá distinguir e 
compreender como o conceito de ética tem sido utilizado 
na sociedade contemporânea. Sobretudo, ser capaz de 
avaliar diferentes situações que ocorrem no dia a dia de 
nossas rotinas de trabalho e que suscitam frequentemente 
uma ação fundada no conceito de ética, que aprendemos 
na unidade passada. .Vamos lá! 
A Ética e a Sociedade Globalizada
Bauman (1999) nos apresenta a ideia de que a globalização é um 
processo do qual não conseguimos fugir, ela está em toda parte, seja 
financeira ou culturalmente, invadindo nossas vidas e intensificando as 
trocas comerciais, culturais, sociais e políticas. Todo esse movimento, para 
o autor, gera mudanças nos costumes, tradições e valores. Ele aponta que 
a globalização tem o mérito de aproximar e distanciar culturas e mundos 
diferentes. Essa dinâmica, em seu olhar, pode gerar exclusões e/ou 
segregações de indivíduos e grupos. Segundo ele, não há fixidez para os 
centros de produção de significado e valor, pois estes são extraterritoriais 
e emancipados de restrições locais. É a condição humana que dá sentido 
a esses valores. 
Complementando essa visão, vemos em Forrester (1997) que a 
evolução tecnológica e a globalização trazem, além da crise de emprego, 
uma profunda redefinição da humanidade civilizada, revelando um 
mundo em que uma minoria de indivíduos passa a ter valor na vida social 
e produtiva. Os desempregados são os excluídos, e o capitalista não se 
preocupa com mais nada além do lucro, o que agrava a questão dos 
problemas sociais.
Iniciamos nossos estudos sobre ética e moral procurando entender 
a definição desses conceitos e a diferença entre eles. 
Ética e Cidadania
11
Figura 1 - Globalização
Fonte: Freepik. 
Essa introdução marca bem o cenário da globalização que 
vivenciamos nos dias atuais. A globalização como processo dinâmico não 
se manifesta igualmente em todos os lugares, observe as características 
deste fenômeno:
 • Homogeneização de centros urbanos e hibridização cultural - 
tendência a considerar países e comunidades como uma aldeia 
global. Tendência a padronizar gostos e preferências culturais. Por 
isso, a globalização é também conhecida como mundialização. 
Diferentes movimentos de aculturação e transculturação, gerando 
hibridização, apontando novas culturas que surgem pelo profundo 
e intenso contato que os países iniciam e investem. 
 • Amplitude de corporações para regiões fora de seus núcleos 
geopolíticos - as trocas comerciais se intensificam e, por conta 
disso, as corporações passam a ter sedes, matrizes e pontos de 
negócios em várias localidades em nível mundial.
Ética e Cidadania
12
 • “Boom” da tecnologia nas comunicações e na eletrônica - a 
chegada da internet torna mais fácil comunicar-se, além de facilitar 
a geração de informações e dados sobre diferentes campos da 
vida e da Ciência. O advento das redes sociais. 
 • Redefinição geopolítica do mundo em blocos comerciais - o 
mundo passa a ser considerado a partir das alianças comerciais e 
financeiras que os países conseguem formar.
Figura 2 - Hibridização cultural
Fonte: Pixabay.
Ética e Cidadania
13
DEFINIÇÃO:
Hibridização cultural: processo de troca entre culturas 
em contato, que gera uma cultura “nova” em um grupo, 
diferente dos valores, hábitos e tradições que antes definiam 
as culturas que entraram em contato. Como se uma cultura 
em contato com a outra gerasse influência para mudanças. 
Forte presença de aculturação e transculturação.
Podemos nos perguntar que tipos de problemas éticos surgem com 
todas essas transformações. Logo, identificaremos uma sucessão deles. 
Enfim, a ética no contexto de globalização nunca esteve tão suscitada, 
isso pois, com as redefinições socioculturais, misturas de valores e trocas 
de rotinas culturais, é comum que os indivíduos se confundam. Porém, é 
preciso atentar que a ética continua a informar sobre o bem comum, sobre 
a preservação do outro e da sociedade em que se situa. Na verdade, é 
muito mais que isso, trata-se de considerar a saúde mundial. 
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso 
ao vídeo: “Contraponto | Ética e Globalização”, o qual traz 
uma boa discussão sobre a transformação das culturas. 
Disponível aqui. 
Pensar sobre a globalização pela ótica moral é pensar e situar-
se no bojo da velocidade de informações e intensidade das trocas 
comunicacionais, pois nada escapa das inferências e postagens trazidas 
pela facilidade da internet em nosso dia a dia. O neoliberalismo e a 
liberdade de mercado, do ponto de vista econômico da globalização, 
nos leva a uma realidade em que poucos usufruem da riqueza geral do 
planeta e muitos vivem em condições de necessidades extremas. 
Ética e Cidadania
https://www.youtube.com/watch?v=1E2Tx48J5vQ
14
Dessas primeiras situações, indagamos que seria ético pensar 
cada vez mais em amplitude de lucros para uma minoria e precarização 
e exclusão social para a grande maioria diante de um cenário neoliberal 
da economia global. Quanto às redes sociais, as criações e divulgações 
de notícias tornam-se verdades absolutas para quem as lê e que, 
muitas vezes, não tem acesso à educação crítica que permita escrutinar, 
investigar e debater aquela informação, em busca da verdade.
Figura 3 - Redes sociais e questões éticas
Fonte: Pixabay. 
Santos (2003) afirma que a globalização mostra a face de um 
mundo mágico, em que todos podem ter tudo na palma da mão. Existem 
diferenças locais profundas que não se encaixam em homogeneização 
geopolítica de forma alguma. Há um incentivo ao consumo exagerado, o 
que leva as pessoas a passarem umas por cima das outras para adquirir 
coisas e valores que, muitas vezes, não estão ao seu alcance financeiro, 
por exemplo. Essa reflexão do autor nos leva a entender que o conceito 
de ética balança e fragiliza-se diante de tantas solicitações fantasiosas. 
Ética e Cidadania
15
O autor avança em seus estudos e ainda procura demonstrar que 
há um desemprego estrutural, profissões extinguem-se, e a questão 
da ocupação profissional é crônica e aguda, uma vez que os indivíduos 
batem cabeça para inserirem-se e reinserirem-se no mercado de trabalho 
em transformação.
DEFINIÇÃO:
Desemprego estrutural: aquele que é dado pelas 
transformações na estrutura econômica mundial ou local. 
As novas tecnologias inovam na criação de empregos. 
No caso da globalização, vemos que muitas profissões 
acabam e outras são criadas, mas há um distanciamento 
entre a criação de novos postos de trabalho e a preparação 
de recursos humanos para ocupá-los.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso 
ao vídeo: “Aprendi Mais Essa... Desemprego Estrutural”, o 
qual traz uma boa discussão sobre a questão moral e ética 
no mundo globalizado. Disponível aqui. 
O vídeo é uma boa referência de aprendizagem, sendo assim, 
conforme o vídeo, ficam muitas reflexões sobre a questão moral, a ética 
que deve prevalecer em nosso mundo globalizado. O que precisamos 
entender é que a ética a ser trabalhada hoje é a ética do consenso, da boa 
vontade, da gentileza e da solidariedade. O sentimento deindividualismo 
trazido por esse cenário colabora para um pensamento de que “cada 
um deve ser por si e Deus por todos”. Assim, os indivíduos isentam-se 
da responsabilidade de cuidar do outro. A solução para os problemas de 
ordem moral que emanam da globalização está no diálogo e no reforço 
de que ainda podemos sustentar um mundo de respeito e cuidado uns 
com os outros.
Ética e Cidadania
https://www.youtube.com/watch?v=sm45WbQ1ZXI
16
O próprio respeito ao ecossistema planetário é uma discussão 
ética muito longa, pois exige das empresas e dos indivíduos um olhar 
de sustentabilidade e responsabilidade social com o planeta, isto é, 
não deveria ser possível avançar economicamente sem impor limites à 
degradação da natureza. Um caso recente, no Brasil, que nos evidencia 
essa realidade foi o que ocorreu em 2019 em Brumadinho, MG.
SAIBA MAIS:
Em seguida, assista ao vídeo: “Profissão Repórter - 
Brumadinho”, o qual traz uma boa discussão sobre o 
respeito ao ecossistema planetário. Disponível aqui.
Concluindo, a globalização é o resultado das relações humanas 
e precisa, então, haver uma tomada de consciência para a busca de 
soluções mais próprias, diferenciais, para os problemas recorrentes e 
emergentes que se desenvolvem diante das mudanças e propostas da 
mundialização. Se não tomarmos consciência da necessidade do bem 
comum, a humanidade terá de pagar um preço pelas ações irracionais e 
fora do terreno ético que vem propagando. 
RESUMINDO:
Nos estudos apresentados neste tópico, tratamos de 
apresentar o cenário da globalização, seus conceitos e suas 
perspectivas diante do conceito de ética. Falamos sobre 
avanço econômico e sustentabilidade humana, procuramos 
debater que a ética é um princípio fundamental para um 
mundo em que a revolução tecnológica e a redefinição das 
mudanças no mundo do trabalho são um fato e velozes. E 
você, como enxerga essa relação ética e a globalização? 
Ética e Cidadania
https://globoplay.globo.com/v/7565666/
17
Problemas Éticos nas Profissões
OBJETIVO:
Pensar em um problema ético nos remete a um problema 
de desvio de conduta. Nesse sentido, iniciamos o debate 
ressaltando que a ética, presente na nossa vida e na sociedade, 
como um todo, é de vital importância também no mundo do 
trabalho. Por isso, os valores éticos devem ser ensinados, 
processados e praticados para a preservação da sociedade. .
Como campo de Filosofia, a ética interpõe-se na relação entre os 
indivíduos. O que pretendemos ensinar é que todo e qualquer profissional 
deve estar atento para manter sua integridade ética em qualquer ambiente 
de trabalho, porque certamente irá se encontrar com indivíduos que não 
comungam da boa ética. Com isso, a chamada “boa ética” nos informa 
que, no mundo do trabalho, é preciso ser honestamente íntegro e um fiel 
seguidor das regras de conduta expressas nas leis, códigos e documentos 
normativos de sua profissão e de seu ambiente de trabalho. 
Faleiros (2006), teórico do Serviço Social, ao refletir sobre inclusão 
social e cidadania, conceitos-chave para nosso olhar sobre ética 
profissional, orienta que ambos se tratam de processos complexos, 
históricos, diversificados, de mobilidade, de redução da desigualdade, 
da polarização, da assimetria, de formas desiguais de implicação dos 
sujeitos e de afirmação da identidade, da segurança, do trabalho, da 
efetivação dos direitos, da criação de oportunidades, da formação de 
conhecimentos, competências e habilidades, do fortalecimento dos laços 
sociais, do respeito, da vida digna e da justiça. Ou seja, conceitos que 
pesam a presença de uma ida coletiva respeitosa. 
Também Silveira (2005) atribui as transformações sociais ao 
resultado da interação de pessoas, sujeitos da sua própria história que 
desejam essa transformação. Por isso elas mesmas devem desejar 
mudanças de atitudes e comportamentos para atingir esse fim. No 
ambiente de trabalho, em nossa consideração, é um princípio a tomada 
de consciência para práticas e atitudes éticas.
Ética e Cidadania
18
Figura 4 - Pensando ética nas profissões
Fonte: Freepik. 
 Se formos criar um tipo ideal de profissional virtuoso para destacar a 
ideia de virtude aristotélica, esse profissional seria o exemplar, aquele que 
busca atingir suas metas com zelo em sua moral, conforme nos mostra 
Cortina (2005). O autor chama a atenção para o fato de que, em contexto 
de trabalho, é mesmo necessário exigir que a competência se dê não só 
em relação às atividades materiais a serem desenvolvidas, mas também 
em relação às aptidões envolvidas nelas. Isso, segundo ele, pode levar 
a uma concorrência desenfreada, mas que precisamos ter em destaque 
o profissional virtuoso, que alcança as finalidades internas projetadas. 
Para tanto, é necessário que, apesar da concorrência desenfreada, 
sejam preservados os valores morais presentes no pluralismo social, em 
detrimento de valores e códigos particulares. 
Ética e Cidadania
19
SAIBA MAIS:
Para saber que a ética faz parte das ações cotidianas, vamos 
ler mais pouco? Acesse o texto: A concepção de felicidade 
na Ética aristotélica. Disponível aqui: 
A ética das profissões precisa guardar em si, enquanto manual e 
roteiro de orientação às diferentes profissões, os valores universais, como 
igualdade, justiça, solidariedade, colaboração, honestidade, respeito, 
entre outros. Práticas profissionais diversas precisam considerar todos os 
ângulos dos envolvidos na profissão dentro e fora de seu ambiente de 
trabalho, bem como as perspectivas e aprendizagens da moral social.
DEFINIÇÃO:
Ética na profissão: agir em seu ambiente de trabalho de 
acordo com os valores morais universais, bem como 
considerando o código de conduta específico dele. A 
conduta profissional virtuosa é aquela em que se observa 
o cumprimento de projetos e metas profissionais com 
observância da moral social e da profissão em questão..
Vamos passar agora a examinar alguns problemas éticos no mundo 
do trabalho. 
Morgan (1996) sinaliza, em seus estudos, que empregados podem 
trazer para o ambiente de trabalho visões particulares de seus projetos de 
ascensão de carreira, mas que, por buscar um alvo futuro de progresso na 
carreira, as aspirações individuais do empregado podem alinhar-se com 
as aspirações coletivas do ambiente em que trabalha. 
Sá (2001) afirma que a utilidade individual de quem exerce uma 
profissão é superada pelas características sociais e morais desta. Como 
ideias suas, ele lista os fatores que reforçam essa visão: a profissão provê 
destaque e realização aos indivíduos; o homem eleva seu nível moral a 
partir do exercício profissional; na profissão, o homem torna-se útil à sua 
comunidade.
Ética e Cidadania
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-concepcao-felicidade-na-Etica-aristotelica.htm
20
Finalizando este debate, por ora, vemos, em Lisboa e colaboradores 
(1997), os quatro elementos necessários à conduta ética nas profissões 
e que, portanto, devem constar nos manuais normativos das empresas: 
competência, sigilo, integridade e objetividade.
Figura 5 - Ética e profissões: dilemas
Fonte: Pixabay. 
Podemos vislumbrar alguns problemas éticos nas profissões:
1. Se eu trabalho com transporte público, devo considerar o semáforo 
e suas orientações. Entretanto, na prática vemos esses veículos 
avançarem o sinal.
2. Um funcionário vê uma situação prejudicial à Empresa, mas o 
colega envolvido o corrompe em troca do seu silêncio.
3. O profissional que fica olhando o relógio e enrolando para passar 
seu horário de trabalho, sem produzir.
4. O médico que fica falando no celular e deixa o paciente aguardando 
na sala de espera.
5. O professor que libera alunos antes do horário de término da aula 
e bate o ponto no horário correto.
6. O vendedor que vende “gato por lebre” e engana o cliente com 
produto de má qualidade. 
Ética e Cidadania
21
Esses são apenas alguns exemplos básicos de condutas antiéticas 
em diferentes meios de trabalhoe profissões. 
Figura 6 - Condutas profissionais
Fonte: Freepik. 
ACESSE:
Para saber que é necessário um comprometimento no 
ambiente profissional, vamos ler mais pouco? Acesse o 
texto: “Comprometimento e ética profissional: Um estudo 
de suas relações junto aos contabilistas”. Disponível aqui. 
RESUMINDO:
Neste capítulo, vimos como é importante associar as 
condutas pessoal e profissional para manter nosso 
emprego e aspirações de projeção profissional. Vimos 
que não é possível acreditar que, em um ambiente 
profissional, nossos gostos e desejos devem imperar. A 
moral coletiva deve ser preservada. Assim, destacamos o 
quanto é importante preservar valores de solidariedade e 
companheirismo nas práticas profissionais. O profissional da 
atualidade é constantemente exposto a situações em que 
precisa reforçar sua conduta ética. Você percebeu o quanto 
a ética no ambiente de trabalho pode abrir ou fechar portas?
Ética e Cidadania
http://www.scielo.br/pdf/rcf/v18n44/a06v1844.pdf
22
Código de Ética das Profissões: Conceitos 
e Finalidades
OBJETIVO:
Para pensar sobre o valor da conduta ética nas profissões, 
trataremos agora da normatividade que está presente no 
universo profissional, a discussão e a apresentação do 
código de ética. .
Um campo da Filosofia que aborda diretamente o conjunto de 
normas éticas na sociedade é a Deontologia. 
DEFINIÇÃO:
Deontologia: surge das palavras gregas “déon, déontos” que 
significam “dever” e “lógos”, que se traduzem por discurso 
ou tratado. Sendo assim, a Deontologia seria o tratado 
do dever ou o conjunto de deveres, princípios e normas 
adotadas por um determinado grupo profissional.  (Fonte: 
Portal Educação. Disponível aqui).
A importância do código de ética para os profissionais e para as 
empresas localiza-se no fato de que há um princípio universal que 
devemos usar: bom senso para tomar decisões sem ignorar o bem-estar 
do outro. Nesse sentido, as empresas, na atualidade, organizam seus 
códigos de conduta a partir de seu pensamento de visão e missão a 
serem desenvolvidos em suas atividades. 
Piaget (1996) destaca que a importância das regras é algo vital, pois 
as regras funcionam como se fossem intangíveis, imutáveis, a moral que 
impõe a coerção. Levam a um respeito único. No entanto, se dependerem 
de costumes, precisam da cooperação de todos para se efetivarem. 
Ética e Cidadania
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/definicao-de-etica/33305
23
Freire (1996) afirma que o respeito ao outro, a coerência, a 
convivência com a diferença, o evitar a antipatia e o mal-estar ao outro 
devem ocupar um lugar especial na ação dos indivíduos em qualquer 
espaço. Para o autor, quem promove intrigas, desavenças e atritos não 
está no terreno da ética.
Assim, vemos em Chauí (1999) que a existência da conduta ética 
pressupõe a agência consciente do indivíduo, pois só ele tem a capacidade 
de discernir entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, o permitido e 
proibido, a virtude e o vício.
Com essas primeiras reflexões, imaginamos o porquê de as 
empresas adotarem códigos de ética. Vejamos alguns motivos:
 • Dar um parâmetro de segurança para a condução das relações.
 • Homogeneizar o tratamento de encaminhar as diferentes questões 
profissionais.
 • Incentivar a integração de seus funcionários.
 • Criar um ambiente de trabalho harmonioso que incremente mais 
a produção.
 • Desenvolver nos funcionários a sensação de que convivem em 
bem-estar e precisam oferecer esse mesmo bem-estar aos 
clientes e fornecedores.
 • Consolidar práticas de comprometimento profissional.
 • Investir em lealdade e fidelidade do cliente.
 • Agregar valor à empresa e garantir a existência sustentável dela.
DEFINIÇÃO:
Código de ética: define-se como um instrumento de 
síntese normativa da filosofia da  empresa, de como ela 
pensa e constrói sua visão e seus valores. Funciona como 
um verdadeiro roteiro normativo para orientar as ações dos 
funcionários e as ações corporativas em relação ao mundo 
exterior na representação da empresa.
Ética e Cidadania
24
Chanlat (1999) apresenta a real necessidade de se pensar a 
questão ética no interior das empresas, ele cita o conceito de ética das 
responsabilidades de Weber para dizer que esta leva os indivíduos a 
refletirem sobre as consequências de sua ação em relação aos outros.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar nesse tema? Recomendamos o acesso 
ao Vídeo: “A importância de se ter e praticar um Código de 
Conduta Ética na empresa”. Disponível aqui. 
Heemann (1993) avalia que, ao pensar nas atitudes envolvendo o 
que é certo e o que é errado, os padrões de discernimento dos indivíduos, 
sejam privados ou sociais, consideram três grupos: o teleológico, voltado 
para consequências; o deontológico, em que o padrão da decisão moral 
se volta para o bem produzido e sua dimensão coletiva; o relativista, 
envolvendo a recusa de princípios relativistas por conta de estar 
vivenciando um mundo instável. 
Figura 7 - Código de ética e diretrizes profissionais
Fonte: Freepik. 
Ética e Cidadania
https://www.youtube.com/watch?v=JKlqqRmg73U
25
Com isso, faz-se primordial dizer que os códigos de ética 
das diferentes profissões, bem como das organizações, direcionem 
profissionais para atuações morais e que elevem o padrão de existência 
de seus campos de atuação.
Um código de ética profissional guarda em si normas éticas, que 
devem servir de baliza para profissionais no exercício de seu trabalho. 
Ele  é elaborado pelos conselhos, os quais podem fiscalizar o exercício 
da profissão.
Veja a seguir quais são os deveres éticos dos representantes: 
 • No âmbito de suas obrigações profissionais, na realização dos 
interesses que lhe forem confiados, deve agir com a mesma 
diligência que qualquer comerciante ativo e probo costuma 
empregar na direção de seus próprios negócios. 
 • Zelar pela existência e finalidade do Conselho Federal e Conselho 
Regional a cuja jurisdição pertença, cumprindo e cooperando para 
fazer cumprir suas recomendações.
 • •Prestar suas contas na forma legal, com exatidão, clareza, 
dissipando as dúvidas que surgirem, sem obstáculos ou dilações. 
 • Informar e advertir o representado dos riscos, incertezas e demais 
circunstâncias desfavoráveis de negócios que lhe forem confiados, 
sobretudo em atenção às momentâneas variações de mercado 
locais. 
 • Envidar esforços para que suas relações com o representado sejam 
contratadas por escrito, com todos os requisitos legais bem definidos. 
 • Conduzir-se sempre com lealdade nas suas relações com os 
colegas (PORTAL EDUCAÇÃO, s. d.).
É de fundamental importância que se esclareça que o não 
cumprimento de uma regra, seja ela do código de ética de uma empresa 
na qual se trabalha, ou da profissão que se exerce, implica em punições 
e sanções que podem ir do desligamento do funcionário até a cassação 
de sua licença para atuar em determinada profissão. Em alguns casos, se 
estende a uma grande celeuma jurídica. 
Ética e Cidadania
26
Figura 8 - Julgamento de infração ao Código de Ética
Fonte: Freepik. 
Compreender que a garantia do cumprimento da lei é verdadeira 
em questões em que uma das partes se sente lesada é uma necessidade. 
Quando o contratante percebe, ou percebeu, que o trabalhador 
não cumpriu sua função especificamente com o que está dito na 
regulamentação ou, ainda, quando o contratado, aquele que solicitou os 
serviços, rompe com o cumprimento de algum dos direitos do profissional 
previstos em lei.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar nesse tema? Recomendamos a leitura 
da Reportagem sobre Emissão de Atestado médico falso. 
Disponível aqui. 
RESUMINDO:
Neste capítulo, você aprendeu mais sobre códigos de ética 
nas profissões e empresas. Como destaque, fizemos um 
relevo mostrando a capacidade de ajuste que o funcionário 
deve ter para trabalhar de acordo com a questão normativa 
de conduta que cada empresa demanda. Além disso, 
mostramos osprincípios dos códigos das profissões. É 
muito importante conhecer o código de ética da profissão 
que você escolheu seguir, a fim de evitar consequências 
desagradáveis no não cumprimento das normas. 
Ética e Cidadania
https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=25633:2015-07-28-15-18-07&catid=46
27
Ética em Profissões não Regulamentadas
OBJETIVO:
Agora que aprendemos sobre código de ética e seus 
desdobramentos, é preciso compreender que existem 
profissões que não possuem regulamentação por 
conselhos e órgãos oficiais do Governo, mas elas existem e 
é importante saber como se dá a ética nesses casos.
Sobre essa situação de regulamentação e não regulamentação, 
podemos entender que todas as profissões possuem direitos e obrigações 
tanto para patrões quanto para empregados. Quando uma profissão é 
regulamentada, pode ser que exista uma legislação específica própria, 
que nomeamos a seguir:
 • Carteira profissional.
 • Cédula profissional e piso salarial.
 • Piso de honorário.
 • Jornada de trabalho.
 • Exames médicos.
 • Órgãos reguladores.
 • Licença.
Figura 9 - Ética nas profissões
Fonte: Freepik. 
Ética e Cidadania
28
IMPORTANTE:
É fundamental destacar que o fato de não ser 
regulamentada não significa que não existe preocupação 
com a qualidade da formação e com o reconhecimento 
da atividade profissional. O que de fato garante a inserção 
e a continuidade de um profissional no mercado não é 
somente a sua regulamentação ou não, mas sobretudo sua 
competência para atuar na profissão que escolheu.
Figura 10 - Debate da regulamentação
Fonte: Pixabay. 
Por que algumas profissões são regulamentadas e outras não? Na 
verdade, a explicação para essa situação volta-se para o fato de que o 
Estado sempre regulamenta uma profissão quando considera que seu 
exercício indiscriminado pode colocar em risco a sociedade. Por isso, 
existem os conselhos profissionais, autarquias federais de direito público, 
para fiscalizar o exercício profissional. 
Quando uma profissão ainda não é regulamentada, não há uma 
observância normativa direta sob seu exercício, no entanto, em relação à 
questão ética, os profissionais devem se pautar na moral vigente como um 
todo. As profissões em si constroem suas rotinas e atribuições enquanto 
se organizam de forma corporativa e acadêmica. No próprio aparato 
legal da sociedade, podemos encontrar a capacidade de poder julgar e 
condenar pelo olhar de um mal exercício de um serviço ou profissão em 
relação ao mundo social. 
Ética e Cidadania
29
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar nesse tema? Recomendamos a leitura 
da “Reportagem sobre a regulamentação de profissões”. 
Disponível aqui. 
Figura 11 - Diferentes profissões
Fonte: Freepik. 
Pesquisando o artigo 5º, inciso XIII da Constituição Federal de 1988, 
vemos que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, 
exceto as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Observamos, 
ainda, que a legislação abre a possibilidade de, no interesse da sociedade, 
criar restrições em situações especiais por meio de uma regulamentação. 
Portanto, anteriormente ao fato de se regulamentar qualquer profissão, 
deve ser considerado se o exercício profissional da área pode causar 
danos sociais ou expor vidas humanas, conforme já abordamos aqui.
Ética e Cidadania
https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2011&ac=161946
30
Figura 13 - Mundo de profissões
Fonte: Freepik. 
A questão da regulamentação das profissões é também muito 
complexa no Brasil. Afinal, existem muito mais do que 300 profissões 
no mundo do trabalho. Sem falar nas novas que surgem de tempos em 
tempos. Podemos nos referir ao campo de tecnologia e também da 
internet. Hoje já se fala, por exemplo, em regulamentar a profissão de 
Youtuber. Ou seja, terão que estabelecer seu código de ética também. 
Uma discussão grande sobre o risco que esse profissional pode trazer 
à sociedade é a disseminação e produção de informações e verdades 
absolutas falsificadas da realidade. 
Ética e Cidadania
31
SAIBA MAIS:
Para saber que existem profissões que ainda não são 
regulamentadas e poder entender como ocorrem esses 
procedimentos, vamos assistir ao vídeo: “Regulamentação 
do Youtuber”, Disponível aqui. 
RESUMINDO:
Neste capítulo, aprendemos a diferença entre uma 
profissão regulamentada e uma não regulamentada. 
Entendemos, ainda, que não é porque a profissão não é 
regulamentada que deixa de ser importante ou passa a ser 
menos valorizada. Avançamos sobre a inserção profissional 
sem regulamentação e concluímos que o que mantém 
o indivíduo com sua profissão no mundo do trabalho e 
reconhecido é muito mais sua competência e referência 
ética, que pode não estar em um código, mas está em sua 
moral de origem e sua preocupação com o bem do outro. 
E você, percebeu como é um sujeito ético no mundo das 
profissões? 
Ética e Cidadania
http://g1.globo.com/globo-news/estudio-i/videos/v/entenda-como-e-o-projeto-de-lei-que-quer-regulamentar-a-profissao-de-youtuber/7145021/
32
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Z. Globalização: As consequências humanas. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar, 1999. 
CASTEL, R. As Metamorfoses do Trabalho. In: FIORI, J. L. et al. 
Globalização: o fato e o mito. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 1998.
CHANLAT, J. Ciências sociais e management: reconciliando o 
econômico e o social. São Paulo: Atlas, 1999.
CORTINA, A. Cidadãos do mundo. Petrópolis; RJ: Vozes, 2005.
FALEIROS, V. de P. Palestra proferida na ICSW32. Brasília, 2006.
FORRESTER, V. O Horror Econômico. São Paulo: Ed. Unesp, 1997.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
HEEMANN, A. Natureza e ética. Curitiba: Editora da UFPR, 1993.
LISBOA, L. P. et al. Ética Geral e Profissional e Contabilidade. São 
Paulo: Atlas, 1997.
MORGAN, G. Imagens da organização. Tradução de Cecília Wiltaker 
Bergamini, Roberto Coda. São Paulo: Atlas, 1996.
PIAGET, J. O juízo moral na criança. São Paulo: Summus, 1994. 
PORTAL EDUCAÇÃO. Código de ética da profissão. [s. d.] Disponível 
em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/
codigo-de-etica-da-profissao/62000. Acesso em: 28 jul. 2019.
SÁ, A. L. de. Ética profissional. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à 
consciência universal. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
SILVEIRA, M. C.; REIS, C. L. Expo Brasil Desenvolvimento Local. 
Ultra-Set Editora, 2005.
Ética e Cidadania
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/definicao-de-etica/33305
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/definicao-de-etica/33305
Ética nas Relações Interpessoais e na 
Educação 
Ética e Cidadania
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ANA LUCIA GUIMARÃES
AUTORIA
Ana Lucia Guimarães
Olá! Sou doutora em Ciências Humanas e tenho mais de 20 anos 
de atuação como professora na Educação Superior. Além disso, tenho 12 
anos de militância como dirigente sindical da causa dos professores, o que 
me agrega conhecimentos e experiências para ser autora desta disciplina. 
Portanto, atuar e defender a causa da educação laica, democrática e de 
qualidade é mais do que um princípio em minha formação e trajetória 
profissional, é um compromisso de ofício. Por isso, fui convidada pela 
Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou 
muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. 
Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDOMELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Ética nas Relações Humanas ................................................................. 10
Diversidade Cultural, Étnica, Religiosa e de Gênero ............................................ 10
Ética e Cidadania na Sociedade Tecnológica ................................ 21
Intolerância, Racismo e Xenofobia ...................................................... 25
Ensino da Ética nas Instituições ............................................................ 31
7
UNIDADE
03
Ética e Cidadania
8
INTRODUÇÃO
Iniciamos mais uma etapa para pensar a questão da ética nas 
relações humanas. Em nosso debate e aprendizagem, temos muitos 
temas para abordar, desde a diversidade cultural até a xenofobia. Falamos 
tanto em considerar o bem comum, em construir uma cidadania de 
liberdade e respeito ao outro e, agora, chegamos ao momento de saber 
se estamos entendendo sobre como estão e como devemos considerar 
as relações humanas do ponto de vista moral. 
Será que ser de uma religião ou cultura diferente nos faz tratar 
nossos vizinhos, parentes e amigos de forma hostil ou segregadora? 
Vamos estudar e conhecer mais estas realidades e apostar no conceito 
de ética que nos trouxe até aqui. Vamos adiante!
Ética e Cidadania
9
OBJETIVOS
Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar você no 
desenvolvimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o término 
desta etapa de estudos:
1.Explicar os estudos sobre diversidade cultural, étnica, religiosa e de 
gênero.
2.Interpretar as questões éticas e a relação com os princípios de 
cidadania na sociedade tecnológica.
3.Identificar questões vinculadas ao debate sobre intolerância, 
racismo e xenofobia.
4.Demonstrar a importância do ensino da ética nas instituições.
Então, preparado para aprofundar os estudos da ética nas relações 
humanas? Seguimos juntos na aventura do conhecimento!
Ética e Cidadania
10
Ética nas Relações Humanas
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você deverá estar dominando 
a possibilidade de explicar os estudos sobre diversidade 
cultural, étnica, religiosa e de gênero, além de perceber que 
é possível conviver com a diferença de forma respeitosa e 
harmônica. Você conceberá a ética como um conceito-
chave para as relações humanas. Vamos lá, temos muito 
a aprender!.
Diversidade Cultural, Étnica, Religiosa e 
de Gênero
Nada mais oportuno do que entender cultura e diversidade cultural 
após termos debatido muito as demandas do conceito de ética. Assim, 
vamos iniciar tecendo a definição de cultura. Lembrando logo de início 
que cada um tem a sua, e a vida segue rica e bem fecunda porque somos 
diferentes, mas podemos comunicar nossas diferenças e construir novas 
possibilidades de viver. 
Geertz (1989), ao abordar os estudos sobre cultura, refere que a 
atividade do antropólogo é interpretar, cada cultura pode ser entendida 
como um texto. Cada texto é uma interpretação. Para ele, a cultura 
constitui-se como formas de ações significativas, simbólicas. A cultura 
parece estar oculta na mente dos homens e se expressa em suas ações. 
Ele afirma que é possível enxergar a cultura de um povo porque ela está 
expressa em suas relações sociais.
O autor mostra que a cultura se revela a partir de uma descrição 
densa, pois são as ações produzidas, percebidas e interpretadas que a 
definem. Geertz (1989) está, então, atrás da teia de significados de cada 
sociedade. Ele não defende a ideia de ter que “se tornar um nativo” para 
conhecer a fundo uma cultura, mas sim estar familiarizado com o grupo 
que se pretende compreender.
Ética e Cidadania
11
Figura 1 - Cultura como teia de significados
Fonte: Freepik. 
É importante o destaque trazido pelo antropólogo sobre a cultura 
ser compreendida pela teia de significados, isso porque, se as relações 
se traçam com interligações de valores e símbolos e tradições, tudo o 
que dá sentido dinâmico à cultura vemos com olhos de necessidade de 
compreensão do que vem a ser a diversidade cultural. 
O autor mostra que o ponto de vista do nativo é sempre uma 
construção cultural que se dá após a pesquisa. Cada cultura define o 
que é “ser humano”. O antropólogo só tem acesso a isso a partir desses 
símbolos. Para Geertz (1989), as situações universais são sempre descritas 
de forma singular, seu enfoque privilegia as situações particulares.
Dessa forma, a cultura é única para cada grupo e singular em cada 
indivíduo. No mundo, existem milhares de trações culturais, símbolos, 
pensamentos, manifestações e identidades culturais, tal diversidade 
enriquece nosso mundo social.
Para Cuche (2012), o conceito de identidade ganha destaque com 
o nascimento do multiculturalismo, o qual nos mostra a face de que os 
imigrantes e as diversas minorias buscam o direito da diferença, o direito 
de ter uma identidade própria digna de respeito. Em contrapartida, os 
grupos maioritários colocam em debate tal pretensão, temendo, entre a 
expansão de múltiplas identidades que competiriam para enfraquecer e 
fragmentar a identidade nacional, a própria sustentação do Estado.
Ética e Cidadania
12
DEFINIÇÃO:
Cultura: Conjunto de pensamentos, sentimentos, atitudes, 
trações, símbolos, hábitos e valores que pertencem a um 
grupo. Dão sentido à sua identidade cultural, sua marca 
como grupo.
Diversidade cultural: É o reconhecimento de diferentes 
culturas para diferentes grupos sociais. 
Figura 2 - Diversidade cultural
Fonte: Pixabay. 
Para Bergamaschi (2008), a diversidade cultural e a presença de 
inúmeros povos indígenas, com suas tradições e línguas marcam nossa 
diversidade étnica e cultural. 
Alves e Barros (2009) definem que a diversidade cultural está 
relacionada aos aspectos distintivos de uma cultura para outra, uma 
riqueza dada pela capacidade dos humanos de criar e transformar o 
legado que receberam. As identidades culturais aparecem a partir das 
manifestações culturais.
O debate sobre a questão da diversidade cultural, que abre para 
todo um feixe de outros debates importantíssimos, nos faz pensar que, 
com a educação, podemos formar indivíduos que entendam que ser 
Ética e Cidadania
13
diferente é poder trazer algo novo na troca cultural. A fundamentação do 
respeito da ética está no bojo dessa compreensão.
Em meio aos pensamentos sobre a diversidade, podemos pensar 
também a diversidade étnica, religiosa e de gênero.
Quanto à diversidade étnica, temos muito a comemorar desde que 
superamos a explicação da existência de diferentes culturas pelo conceito 
de raça, para o conceito de etnia, uma vez que se concluiu que falar em 
raça é apontar diferenças puramente biológicas, físicas, sem considerar 
as questões de fundo cultural para a compreensão dos diferentes povos. 
Com o conceito de etnia, vemos um alargar dessa possibilidade de 
entendimento do outro.
Gomes (2004) mostra que o uso de etnia se ampliou para referências 
a povos diferentes, como judeus, índios, negros, entre outros, enfatizando 
seus processos históricos e culturais.
No Brasil, o termo relações étnico-raciais é muito utilizado para 
debater as questões de relações raciais e étnicas, que estão muito além 
da cor da pele e das origens culturais. Há um misto desses olhares naalocação e na interpretação dos lugares sociais que os indivíduos ocupam 
na sociedade. Portanto, falar de raça ou de etnia em nossa cultura vai trazer 
um apanhado de significações de quem fala, como fala e por que fala, o 
chamado “lugar de fala”. É também com essas construções que nascem 
conceitos e alocações culturais denominadas racismo, preconceito 
e discriminação. Estes podem ser de raça ou etnia, mas tendem a ser 
explicados pela questão racial.
Enquanto o preconceito é definido como uma percepção sobre 
as coisas, muitas vezes herdada por conta da socialização recebida, a 
discriminação é a própria prática do preconceito. Assim, o racismo trata-
se de uma construção ideológica de que existem raças diferentes e que 
estão submetidas a uma hierarquia de classificação como inferiores e 
superiores. Nesse caso, essa teoria sempre acaba por delegar aos negros 
Ética e Cidadania
14
os mais baixos graus de status social na sociedade. O racismo é uma 
teoria perversa, que separa e agride os indivíduos que pertencem ao 
grupo discriminado. 
Figura 3 - Racismo e preconceito
Fonte: Pixabay. 
A diversidade étnico-racial deve ser pensada por toda a comunidade 
escolar, pelos gestores educacionais, que são importantes na formação 
dos indivíduos. 
Compreender que negros e brancos têm sua importância e valor 
cultural é colaborar para o entendimento da diversidade cultural e étnica. 
É importante saber que a cultura afrobrasileira compõe nossa trajetória 
de formação de nação. Não é possível falar de diversidade étnica sem 
considerar que o Brasil, após a abolição da escravatura, atravessou 
grandes lutas pelo reconhecimento dessa cultura que inclui as lutas 
sociais, a miscigenação, a discriminação, o sincretismo.
Ética e Cidadania
15
SAIBA MAIS:
Para saber que a diversidade tem sua importância para 
a cultura e como podemos compreendê-la, vamos ler 
mais um pouco? Acesse o texto: Diversidade étnico-racial, 
inclusão e equidade na educação brasileira: desafios, 
políticas e práticas. Disponível aqui.
Vemos no Brasil, de forma muito clara, a existência de um 
preconceito racial contra negros e mulatos. A igualdade de oportunidades 
é divulgada e tolerada. Com isso, temos legislação contra o Racismo, que 
é a Lei n° 7.176, de 5 de janeiro de 1998, que define os crimes resultantes 
de preconceito de raça ou de cor. 
Entretanto, ainda assim, as ligações íntimas com pessoas de cor não 
são vistas com bons olhos. Os mulatos passam por menor discriminação 
que os negros, mas também são discriminados e sofrem preconceito. 
Constantemente presenciamos discussões que envolvem o preconceito 
racial e a discriminação étnica dos indivíduos, com falas, como “você é 
negro”, “você é indígena”, “por isso não conseguiram obter êxito em nada…”. 
Por aí vai.
A discriminação e o preconceito ocorrem também em relação às 
questões religiosas, normalmente há uma perseguição e preconceito com 
as religiões de matrizes africanas. Incrível que normalmente entendemos 
que a religião deve trazer coisas boas aos indivíduos, pois nelas eles 
depositam sua fé espiritual e dedicam-se professando. No entanto, por 
ignorância, ou mesmo maldade, muitos indivíduos constroem guerras, 
matam e perseguem religiões diferentes das suas. O etnocentrismo 
predomina nesses casos e faz com que a religião de uma pessoa seja 
considerada a melhor ou a que tem mais pureza etc. 
Ética e Cidadania
https://seer.ufrgs.br/rbpae/article/view/19971/11602
16
ACESSE:
A reportagem da Comissão de Combate à Intolerância 
Religiosa aborda sobre a diversidade religiosa. Disponível 
aqui. 
A superação deste fenômeno de pejoração negativa das dife-
rentes religiões só acontece quando os indivíduos estão disponíveis para 
conhecer a diversidade religiosa. Conhecer é importante para melhor 
conviver. Isso não significa converter-se.
Quando estudamos um pouco, vemos que o catolicismo tradicional 
também teve influência africana no culto de santos de origem africana, 
como São Benedito, Santo Elesbão, Santa Efigênia e Santo Antônio de 
Noto (Santo Antônio do Categeró ou Santo Antônio Etíope); no culto 
de santos, também há aqueles que podem ser associados aos orixás 
africanos, como São Cosme e Damião. O próprio São Jorge (Ogum no Rio 
de Janeiro), Santa Bárbara (Iansã), além daqueles oriundos da criação de 
santos populares, como a Escrava Anastácia.
Figura 4 - Diversidade religiosa
Ética e Cidadania
https://extra.globo.com/noticias/religiao-e-fe/comissao-de-combate-a-intolerancia-religiosa/diversidade-religiosa-2621952.html
https://extra.globo.com/noticias/religiao-e-fe/comissao-de-combate-a-intolerancia-religiosa/diversidade-religiosa-2621952.html
17
Fonte: Freepik. 
É comum ver que igrejas pentecostais do Brasil, que são contra as 
religiões de origem africana, na realidade têm várias influências destas, 
como se nota em práticas, como o batismo do Espírito Santo e crenças 
como a de incorporação de entidades espirituais (vistas como maléficas). 
O Catolicismo nega a existência de orixás e guias, já as igrejas pentecostais 
os denominam como demônios.
A ideia de sincretismo religioso, a transculturação das religiões, 
como ocorre na umbanda, por exemplo, tem origem nos fatores histórico-
culturais da história do Brasil. Por isso, é preciso compreender que a 
diversidade religiosa existe e precisa ser respeitada.
No cenário relativo à compreensão das relações de gênero e 
sua diversidade, também não encontramos eco no respeito, pois, na 
atualidade, vemos que a conceituação que acrescenta nessa polêmica 
é a de que orientação sexual e identidade de gênero são diferentes e 
precisam ser compreendidas.
Ética e Cidadania
18
DEFINIÇÃO:
Orientação sexual refere-se à atração e à afetividade que 
um indivíduo sente por outro.
Diversidade de gênero refere-se ao gênero com o qual o indivíduo 
se identifica que pode ter, ou não, relação com o seu sexo biológico.
Quadro 1 - Orientações sexuais e suas definições
ORIENTAÇÕES 
SEXUAIS DEFINIÇÕES
HETEROSSEXUAL Indivíduo que sente atração pelo sexo oposto.
HOMOSSEXUAL Indivíduo que sente atração pelo mesmo sexo.
BISSEXUAL Indivíduo que sente atração pelos dois sexos.
ASSEXUAL Indivíduo que não sente desejo sexual.
PANSEXUAL Indivíduo que aprecia todos os gêneros sexuais.
Fonte: Elaborada pela autora com base em Stoodi (2020).
Gonçalves (1999) fala, em seus estudos, a respeito de como a sociedade 
Paresí, do grupo indígena denominado Aruak, localizado no Estado de Mato 
Grosso, constrói simbólica e culturalmente o dimorfismo sexual, tendo como 
foco de análise sua mitologia e seu complexo ritual. Ele demonstra como a 
categoria diferença é algo construído, tal qual nos indica a ideia de gênero 
sobre os indivíduos na vida social. Em outros termos, analisa-se a diferença 
e a construção de gênero como fenômeno englobado por um pensamento 
geral sobre o que significa a diferença no mundo. 
Assim, segundo o autor, a diferença de gênero informa, ao mesmo 
tempo que produz e é produzida por essa ideia da diferença, que não é 
universal, mas sim construída culturalmente. Dessa forma, são as posições 
culturais construídas por homens e mulheres, a partir do olhar que eles 
têm do compromisso com suas escolhas pautadas na orientação sexual 
Ética e Cidadania
19
e na diversidade de gênero, que dão sentido às suas histórias e aos seus 
lugares nessa discussão. É importante entender como os indivíduos têm 
se referenciado a partir desse olhar.
Quadro 2 - Diversidade de gênero e suas definições
DIVERSIDADE 
DE GÊNERO DEFINIÇÕES
CISGÊNERO
Indivíduo que se identifica com seu sexo biológico. 
Masculino é homem. 
Feminino é mulher.
TRANSGÊNERO
Indivíduo que tem uma  identidade diferente do 
seu sexo biológico. 
Transexuais ― um homem que se enxerga como 
mulher ou uma mulher que se enxerga como 
homem. 
Transgênero — deve assumir definitivamente 
o corpo com o qual se identifica e, em muitos 
casos, pode desejaratravessar procedimentos de 
redesignação sexual ou terapias hormonais.
NÃO BINÁRIO
Indivíduo que  oscila entre masculino e feminino. 
Por exemplo, uma mulher que se identifica com o 
gênero masculino, mas não realiza procedimentos 
de readequação física (apenas assume um 
comportamento condizente com seu gênero).
Fonte: Elaborada pela autora com base em Stoodi (2020).
SAIBA MAIS:
Esses conhecimentos são importantes, pois levam as 
discussões de práticas de preconceito e discriminação, 
fundamentados em ideologias homofóbicas e de 
violências de gênero. Vamos ler um pouco mais? Acesse o 
Texto: Educação, relações de gênero e diversidade sexual. 
Disponível aqui. 
Em seguida, assista aos vídeos: “IFSCTV | Diversidade 
de gêneros”, disponível aqui e “Gênero e Diversidade”, 
disponível aqui. 
Ética e Cidadania
http://www.scielo.br/pdf/es/v29n103/09.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=bd1Af5GHwUU
https://www.youtube.com/watch?v=dTyDB8EeXyw
20
RESUMINDO:
Neste capítulo, trabalhamos com o conhecimento e o 
debate das diversidades cultural, étnica, religiosa e de 
gênero. Marcamos bem a questão da diferença entre 
discriminação, preconceito e racismo. Vimos que existem 
várias religiões, e que a pesquisa delas, o conhecimento 
e a forma de olhar fazem com que possamos conviver 
com elas, ainda que diferentes, de forma respeitosa. Da 
mesma forma, apresentamos as conceituações inerentes 
à discussão sobre diversidade de gênero. Com esses 
saberes, esperamos que você possa ter aprendido que ser 
diverso é rico, e que o respeito em seu contexto próprio é 
fundamental. 
Ética e Cidadania
21
Ética e Cidadania na Sociedade 
Tecnológica 
OBJETIVO:
Iniciaremos agora toda uma reflexão e conceituação sobre 
a relação ética e a sociedade tecnológica que estamos 
vivendo. Morin (2000) nos apresenta às demandas da 
educação e da sociedade do conhecimento em tempos 
atuais, mostrando que esta impõe aos indivíduos uma 
escola que lhes faça sentido, que lhes seja capaz de resgatar 
a formação do ser completo. Em sua visão, a escola de hoje 
deve oferecer aos indivíduos além do ensino básico com 
cálculos, língua escrita e falada, precisa trazer também as 
interfaces com as ferramentas e inovações tecnológicas 
trazidas pela era da comunicação e da informação. .
É importante marcar que o conhecimento e a informação estão no 
centro do mundo atual. O perfil de indivíduo que se exige, mediante estas 
demandas, é de quem consegue ser flexível, polivalente, empreendedor 
e altamente adaptável. Alguém que é criativo, inovador e está sempre 
sendo desafiado por questões profissionais e pessoais. Um mundo em que 
se fala o tempo todo a respeito de busca de soluções viáveis. Os próprios 
modelos educacionais voltam-se para essa perspectiva. Isso significa que o 
aluno a ser formado tem que ser preparado para enfrentar este aparato de 
necessidades impostas pela sociedade do conhecimento e da informação. 
Figura 5 - Sociedade do conhecimento
Fonte: Freepik. 
Ética e Cidadania
22
Nessa sociedade digital, educar um indivíduo para desenvolver 
sua cidadania plena também envolve construir valores de respeito, 
responsabilidade e participação colaborativa com a comunidade. 
SAIBA MAIS:
Assistimos a uma era em que a tecnologia está no bojo de 
todas as coisas que realizamos no mundo social, conforme 
o vídeo: Educação na Sociedade do Conhecimento. 
Disponível aqui.
Levy (1999) traz à cena os conceitos de cibercultura e ciberespaço 
para mostrar a amplitude de nossas trocas de conhecimento e 
aprendizagem na era digital. Nesse sentido, o autor ainda produz, 
associado ao pensamento de Kerckhove (1995), o conceito de inteligência 
coletiva, constituindo-se em inteligências conectadas, isto é, o uso 
colaborativo das várias inteligências mediante processos de comunicação 
e tecnologias em rede. Este novo desenho pedagógico de formação dos 
indivíduos propõe uma revisão da forma tradicional de ensinar e aprender, 
a construção de saberes e as trocas comunicacionais ganham uma 
dimensão mais personalizada.
DEFINIÇÃO:
Cibercultura: Cultura que emerge com o advento das trocas 
comunicacionais advindas do computador. Conhecimentos, 
valores, informações e saberes que se constroem a partir do 
mundo virtual. Ciberespaço é virtual, as redes de conexão.
O que precisamos entender é como funcionam, nesse caso, os 
princípios da ética e da cidadania em um contexto de valorização da 
comunicação virtual.
Com o exposto acima, focamos em mostrar que a ética passa a ser 
uma questão central no contexto das trocas e construções virtuais tanto 
no âmbito da vida pública como na vida privada. Nesse sentido, ser ético é 
pensar no que fazemos, na medida de nossas ações, considerando quem 
somos e com quem nos relacionamos, além da ênfase na reflexão sobre 
o outro e o planeta em que habitamos.
Ética e Cidadania
https://www.youtube.com/watch?v=vqkUWJINT_k
23
Figura 6 - Ética e tecnologia
 
Fonte: Freepik. 
Para Dewey (1979), é a partir da reflexão que emerge a dúvida, a 
perplexidade, o ato de pensar. Ela também envolve o ato de pesquisar, 
para resolver a dúvida e esclarecer a tal perplexidade. Dessa forma, o autor 
nos aponta o caminho para nossas questões éticas contemporâneas. 
Além dele, também Castoriadis (1979) diz que a reflexão deve 
sinalizar o conhecimento para investigar, explicitar e questionar os 
conteúdos sociais e culturais. 
SAIBA MAIS:
Saber que das possibilidades de debate para a 
compreensão do conceito de ética e cidadania e como 
podemos alcançá-lo é um privilégio. Vamos ler mais um 
pouco? Assista ao vídeo: Renato Janine Ribeiro debate 
ética, política e os desafios da Educação. Disponível aqui.
Ética e Cidadania
https://www.youtube.com/watch?v=UbZXkj93Zrs
24
Olivé (2000), em seus estudos, colabora com nossa reflexão 
sobre deveres morais do cientista e do tecnólogo em nossos tempos. 
Para ele, cientistas devem ter a consciência da responsabilidade e das 
consequências do trabalho que realizam. Essa responsabilidade inclui 
informar a sociedade com precisão sobre seus experimentos e resultados. 
Também, os tecnólogos devem avaliar com cautela e seriedade as 
tecnologias produzidas e suas amplitudes. Avaliar não só a eficiência, 
mas, sobretudo, os impactos nos meios social e natural.
O autor ainda ressalta que os cidadãos, a grosso modo, também 
têm responsabilidade na avaliação das tecnologias e em sua aceitação e 
propagação. Assim, eles devem buscar informações adequadas sobre a 
natureza da ciência e da tecnologia que estão propagando, bem como de 
seu uso e consequências.
SAIBA MAIS:
Esses conhecimentos são importantes, pois levam as 
discussões sobre a ética e a tecnologia na atualidade. Vamos 
ler um pouco mais? Acesse a reportagem: O dilema ético 
dos bebês geneticamente modificados. Disponível aqui.
Em seguida, assista ao vídeo: A Engenharia Genética Mudará 
Tudo Para Sempre. Disponível aqui.
Com tantas discussões no terreno da ética, é preciso focar que 
ser cidadão é estar situado na ordem social de forma participativa, mas 
considerando que, apesar da evolução tecnológica, é preciso pontuar nossas 
ações locais e globais, presenciais e virtuais, de forma eticamente responsável. 
RESUMINDO:
Neste tópico, vimos como é importante associar ética e 
cidadania na atualidade, com a tecnologia para as trocas de 
conhecimento e aprendizagem de acordo com a cibercultura 
no ciberespaço. Vimos que é necessário ter responsabilidade 
na divulgação dos conteúdos nos ambientes virtuais. Assim, 
destacamos o quanto é importante fazer avaliação das 
tecnologias para buscar informações adequadas, pois, neste 
universo, existem assuntos de vários tipos. Você percebeu o 
quanto a ética na internet é importante?
Ética e Cidadania
https://tecnoblog.net/209799/bebes-geneticamente-modificados-dilema-etico/
https://youtu.be/jAhjPd4uNFY
25
Intolerância, Racismo e Xenofobia
OBJETIVO:
É muito comum, diante do que vimos até aqui, 
presenciarmos na sociedade globalizadae tecnológica 
sentimentos de exclusão social, violência e intolerância. 
No ano de 2001, realizou-se a Conferência Mundial contra o 
Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Conexa, na cidade 
de Durban, África do Sul. Essa conferência foi um culminar das demandas 
mundiais para o enfrentamento de um cenário sociopolítico extremamente 
grave em nível mundial: o combate ao racismo e à intolerância. 
Trata-se de compreender que indivíduos, povos e nações estavam 
cada vez mais praticando e incentivando realidades de exclusão e 
segregação social, que, em muitos casos, levam ao extermínio. 
Mesmo diante de outros instrumentos legais e históricos para esse 
fim, foi necessário organizar a Conferência de 2001.
Listamos aqui alguns dos instrumentos que foram implementados 
sob a égide das Organizações das Nações Unidas, com intuito de 
promover a igualdade e combater a intolerância:
 • Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio (1948).
 • Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (1966).
 • Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais (1966).
 • Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra as Mulheres (1979).
 • Convenção sobre os Direitos da Criança (1989).
Apesar do aparato legal acima referido, os dados mundiais 
seguiram apontando que seres humanos ainda são vítimas de ideologias 
e tratamento racista e segregacionista, principalmente com o surgimento 
de novas tecnologias e o advento da globalização, que trouxeram próprios 
Ética e Cidadania
26
de seus campos. Por isso, a urgência de novas medidas e esforços focados 
em nível nacional e internacional. 
Figura 7 - Intolerância racial
Fonte: Freepik. 
Para avançarmos, consideramos que é preciso definir o que vem a 
ser racismo, xenofobia e intolerância, objetos de nossa discussão.
DEFINIÇÃO:
Racismo: Significa preconceito e discriminação de indivíduos 
e grupos fundamentados em percepções sociais baseadas 
em diferenças biológicas entre os povos. 
Xenofobia: Sentimento de desconfiança, antipatia, receio de pessoas 
que não são familiares ao meio de quem julga, ou ainda daqueles que não 
são do país de quem julga. 
Intolerância: Capacidade mental de não desejar reconhecer e 
respeitar diferentes valores, sentimentos, opiniões de grupos e pessoas 
que não pertencem a quem avalia.
Ética e Cidadania
27
Para seu melhor entendimento, vamos pensar a seguinte situação: 
em uma sala de aula de uma escola particular, com alunos brasileiros, 
encontramos um aluno muçulmano, que se veste tal qual sua cultura, 
um aluno com autismo e apenas duas crianças negras. Todos os dias, 
as crianças negras são isoladas das brancas, mas a convivência se dá de 
forma regular. Ao observar essa situação, uma professora de Sociologia 
começou a incentivar a integração desses alunos, crianças de 12 a 14 anos. 
Então, em conversa com uma do grupo de crianças brancas, ela falou que 
não gostaria de sentar-se com seus colegas negros para fazer trabalho de 
grupo porque seus pais disseram que os negros são menos competentes 
que os brancos. A professora teve que fazer toda uma explicação sobre 
a história dos negros no Brasil e as teorias racistas para seus alunos, pois 
estava diante de um caso de racismo. 
Mas não parou por aí, a professora ainda observou o tratamento 
de exclusão que aquela turma dava ao aluno muçulmano. Não satisfeita 
com aquela situação, chamou um grupo de alunos que praticavam a 
segregação do aluno muçulmano para uma conversa. Então, descobriu 
falas sobre a ideia de que os estrangeiros que vem do Oriente Médio 
podem ser homens-bomba e, ainda, que “vem tirar onda aqui no nosso 
país”, fala de uma criança durante a conversa com a professora. Nesse 
caso, a referida professora estava diante de xenofobia, intolerância. Assim, 
ela tratou de construir as suas próximas aulas baseadas em vídeos e textos 
que pudessem ensinar sobre a cultura oriental, a respeito de convivência 
e respeito.
Por fim, não precisamos dizer que o aluno autista era ali um invisível, 
nenhum aluno preocupava-se com sua presença, fato este que levou a 
mesma professora a organizar atividades em que ele pudesse ser incluído 
nas relações sociais daqueles alunos. Além disso, a professora escreveu 
um projeto e propôs à escola a realização de oficinas e reuniões que 
incluíssem as temáticas apresentadas, com os pais.
Ética e Cidadania
28
Figura 8 - Ética na sala de aula
Fonte: Pixabay. 
Diante de tal conceituação, podemos avaliar o peso negativo dessas 
atitudes e práticas em nossa sociedade. Daí a necessidade de sabermos 
que importantes decisões saíram da Conferência de Durban, que, em 
linhas gerais, foram:
 • Problemas enfrentados pelas vítimas de tais flagelos (com 
destaque para as mulheres, pessoas de origem africana e asiática, 
povos indígenas, migrantes, refugiados e minorias nacionais) e 
medidas específicas para aliviar o seu sofrimento.
 • Problema da discriminação múltipla.
 • Importância da educação e sensibilização pública no combate ao 
racismo.
 • Problemas particulares colocados pela globalização. 
 • Aspectos positivos e negativos das novas tecnologias.
 • Importância da coleta de dados, da pesquisa e do desenvolvimento 
de indicadores no domínio da discriminação.
Ética e Cidadania
29
 • Previsão de medidas destinadas para garantir a igualdade nas 
áreas do emprego, da saúde e do ambiente.
 • Importância de garantir o acesso das vítimas às vias de recurso 
eficazes e de assegurar a sua reparação pelos danos sofridos.
 • Papel dos partidos políticos e da sociedade civil, nomeadamente ONG 
e juventude, na luta contra o racismo (MINISTÉRIO PÚBLICO, 2007).
Ainda temos muito a saber sobre os conceitos de racismo e 
xenofobia que são processados de forma estrutural, fundamentando 
guerras santas e étnicas, como ocorre no Oriente Médio na atualidade. Tal 
situação de desumanidade tem tirado a vida de muitas famílias, mulheres, 
homens, jovens e crianças.
SAIBA MAIS:
Esses conhecimentos são importantes, pois levam às 
discussões sobre a ética na sala de aula. Vamos ler um 
pouco mais? Acesse o texto: Combates à xenofobia, ao 
racismo e à intolerância. Disponível aqui. Em seguida, leia a 
reportagem: A história por trás da foto do menino sírio que 
chocou o mundo. Disponível aqui. 
Figura 9 - O menininho sírio
Fonte: BBC (2015). 
Ética e Cidadania
https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/1-Paulo-Daniel-Farah.pdf
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150903_aylan_historia_canada_fd
30
Santos (2016), ao descrever motivos pelos quais se pratica a 
xenofobia, mostra que o migrante é visto como “de fora” em um território 
que é dominado por alguém que acredita “ser seu”, o que leva a imputar 
ao migrante a aceitação de suas práticas e sua submissão a seu modo 
de vida. Caso isso não venha a ocorrer, ou seja, quando o migrante se 
percebe e busca estabelecer-se como um ser de direitos, o qual estando 
presente naquela comunidade sente o desejo de participar das decisões 
da vida política, social etc., o dominante começa a se sentir incomodado e 
busca nas práticas racistas e xenofóbicas uma forma de coação e reação 
a esse migrante. 
Fanon (2008), sobre o entendimento do racismo, colabora com a 
ideia de que uma sociedade tende a ser racista como um todo, pois, em 
seu olhar, não existem “meios racismos”. Pode ter, também, uma parte 
da sociedade mais racista que a outra. De fato, ainda existem muitas 
pessoas que pensam que o migrante que chega em outra terra —isso 
vale para o Brasil também —, consiste em uma ameaça para o trabalhador 
no mundo do trabalho local, o que pode reforçar a xenofobia reproduzida 
pela população.
De qualquer forma, é preciso que, por meio da educação e da 
formação de valores morais e éticos, os indivíduos possam receber o 
antídoto para este mal do século XXI: a segregação de pessoas, que se 
redefine como uma realidadede afastamento, isolamento.
RESUMINDO:
Neste tópico, vimos como é importante ter cuidado para 
não praticar a intolerância, a racismo e a xenofobia. Vimos 
um exemplo de situação real que acontece na sala de 
aula. Assim, destacamos que esses conceitos ocorrem de 
forma estrutural. Você percebeu o quanto é importante 
se apropriar dos valores morais e éticos para uma boa 
convivência?
Ética e Cidadania
31
Ensino da Ética nas Instituições
OBJETIVO:
Para que alcancemos a proposta que já abordamos, uma 
formação educacional em nível local e global, que alcance 
a tolerância das diferenças culturais, das perspectivas 
de fluxo migratório, da liberdade de se exercer como 
ser humano portador de direitos em qualquer região do 
planeta, é importante consolidar matrizes curriculares que 
incluam conceitos e ensinamentos sobre ética, sobretudo 
abordagens práticas de vida que possibilitem a reflexão 
com base na moral e na ética.
Como mostramos na Unidade 1, Chauí (2004) destaca a importância 
de ensinar ética por conta da convivência em espaços grupais. Para 
Carvalho (1999), nas organizações, ensinar e aprender sobre ética 
fundamenta a regulação e garante qualidade nas relações humanas, 
servindo também como indicativo do desenvolvimento organizacional. 
Olhando mais de perto a inserção da ética nos currículos da 
educação superior, vemos que nos anos 1970, no Brasil, ela passa a fazer 
parte do currículo de Administração e Negócios, um momento em que 
se inicia uma ampla iniciativa social e educacional para discussão de 
responsabilidade social, trocas internacionais e desafios éticos regionais 
do ponto de vista de estratégias econômicas. 
SAIBA MAIS:
Esses conhecimentos são importantes, pois levam às 
discussões sobre o ensino da ética nas instituições. Vamos 
ler um pouco mais? Acesse o Texto: Ética, Instituições e 
Desenvolvimento. Disponível aqui. Acesso em: 29 jul. 2020.
Ética e Cidadania
http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2011/CdVjornada/JORNADA_EIXO_2011/QUESTAO_AMBIENTAL_DESENVOLVIMENTO_E_POLITICAS_PUBLICAS/ETICA_INSTITUICOES_E_DESENVOLVIMENTO.pdf
32
Capra (2002) destaca que as instituições universitárias precisam 
reformular currículos que contemplem a formação ética pois, segundo 
ele, elas têm o papel de formar os novos profissionais. Já Sequeiros (2000) 
prima pelo ensino da ética da solidariedade na educação como um todo, 
pois acredita que a criança desde cedo deve conhecer a consciência 
ética. No entanto, Vallaeys (2003) infere que os valores dominantes das 
universidades atuais são o individualismo, a posse, a competência e a 
dominação.
A partir da década de 1990 e com a massificação da educação 
superior, uma grande amplitude de oportunidades de cursos e disciplinas 
com ênfase mercadológica, muitas instituições viram a possibilidade de 
agregar à sua missão, por meio da propaganda, os valores de formação 
ética e responsabilidade social, conforme nos mostra Calderon (2005).
Figura 10 - Ética e instituições
Fonte: Freepik. 
Em uma sociedade capitalista selvagem, em que muitos 
comportamentos não prezam pelas relações éticas, é muito comum 
ouvirmos várias reclamações de falta de ética na política e na sociedade 
como um todo. Nesse caso, a inclusão da ética nos currículos, sobretudo 
Ética e Cidadania
33
universitários, torna-se uma urgência acadêmica, para que continue a se 
constituir como um elemento fundamental nas relações humanas. 
Cuvillier (1947) marcou os seguintes pontos a serem observados na 
formação ética dos profissionais:
a. Por meio da profissão, o indivíduo se realiza plenamente, provando 
sua capacidade, habilidade, sabedoria, inteligência e formando 
sua personalidade para vencer obstáculos.
b. O nível moral dos homens é elevado pelo seu exercício profissional.
c. Na profissão, os homens mostram sua utilidade à comunidade.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o vídeo: 
Mario Sergio Cortella - Educação, Convivência e Ética. 
Disponível aqui. 
RESUMINDO:
Neste tópico, aprendemos muito sobre diversidade 
cultural, racismo, intolerância e xenofobia. Vimos que 
esses conceitos precisam ser absorvidos e entendidos 
para que as relações entre os seres humanos sejam 
mais respeitosas, solidárias e colaborativas. A sociedade 
tecnológica e global traz desafios de enfrentamento moral 
e ético, mas, por meio da educação, podemos fortalecer 
nossa capacidade de cuidar e zelar pela boa convivência 
social, dessa forma, sustentaremos um mundo viável para 
as gerações presentes e futuras. É preciso ter um ensino 
de ética do que precisa ser recusado, mas também do que 
precisa ser reforçado para a preservação social. 
Ética e Cidadania
https://www.youtube.com/watch?v=8YUduNMVVG4
34
REFERÊNCIAS
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Ética, Redes Sociais e Direitos Humanos
Ética e Cidadania
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ANA LUCIA GUIMARÃES
AUTORIA
Ana Lucia Guimarães
Olá! Sou doutora em Ciências Humanas e tenho mais de 20 anos 
de atuação como professora na Educação Superior. Além disso, tenho 12 
anos de militância como dirigente sindical da causa dos professores, o que 
me agrega conhecimentos e experiências para ser autora desta disciplina. 
Portanto, atuar e defender a causa da educação laica, democrática e de 
qualidade é mais do que um princípio em minha formação e trajetória 
profissional, é um compromisso de ofício. Por isso, fui convidada pela 
Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou 
muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. 
Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Direitos Humanos ........................................................................................ 10
Conceituação e Princípios Dos Direitos Humanos ................................................. 10
Ação Comunitária e Participação Democrática ............................. 14
Ética, Direitos Humanos e Violência .................................................................................. 18
Cenário Atual e Tendências da Ética e da Cidadania ........................................... 21
Ética e Política ................................................................................................................23
Ética na Saúde ................................................................................................................24
Ética nas Redes Sociais ............................................................................26
Educação, Ética e Cidadania Hoje ........................................................ 31
7
UNIDADE
04
Ética e Cidadania
8
INTRODUÇÃO
Nesta unidade de ensino de nossa disciplina, aprenderemos sobre 
Direitos Humanos. Veremos o que são os direitos humanos, como o direito 
à vida, à educação, ao trabalho, à liberdade de opinião etc. Veremos que 
é possível construir nossa cidadania zelando pelos nossos direitos e de 
nossos vizinhos. Veremos, ainda, a responsabilidade de governos de 
garantirem esses direitos. 
Entenderemos que só é possível participar das decisões políticas 
de um país a partir do exercício da cidadania plena, ancorada na ética, se 
temos condições democráticas para essa participação. Enfim, faremos 
uma reflexão sobre ausência de direitos e perpetuação da violência para 
entendermos o que está acontecendo hoje com as práticas de ética e 
cidadania. Você também está curioso para debater esses temas? Vamos lá!
Ética e Cidadania
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OBJETIVOS
Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é dar suporte a 
você no desenvolvimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Explicar o conceito e os princípios dos Direitos Humanos.
2. Relacionar ação comunitária com participação democrática.
3. Ponderar questões e situações ligadas a ética, direitos humanos 
e violência.
4. Identificar o cenário atual e as tendências da ética e cidadania. 
Então, preparado para conhecer os Direitos Humanos e sua relação 
com os conceitos de ética e cidadania? Seguimos juntos na aprendizagem 
desses importantes temas!
Ética e Cidadania
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Direitos Humanos
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você deverá ter todo 
conhecimento sobre Direitos Humanos, princípios 
e relações com ações comunitárias de participação 
democrática. Deverá compreender que só é possível atuar 
de forma cidadã e ética se existem garantias de efetivação 
dos direitos que possuímos. Vamos lá! A aprendizagem e o 
debate nos esperam!
Conceituação e Princípios Dos Direitos 
Humanos
O conhecimento dos Direitos Humanos acende uma chama de 
luta social, coletiva e ao mesmo tempo individual. É importante destacar 
que os Direitos Humanos envolvem a proteção de nossa cidadania em 
nível mundial. Por isso, não podemos colaborar para que discriminações, 
intolerância e opressão aconteçam com qualquer indivíduo.
Mas o que são Direitos Humanos? Inicialmente, convém destacar 
que são a base de uma relação respeitosa entre iguais e diferentes no 
mundo social. Nossa Constituição de 1988, por exemplo, a Declaração 
Universal de Direitos Humanos de 1948, definida e divulgada pela ONU — 
Organização das Nações Unidas, já preconizava no art. 1º que: “[...] todos 
os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. 
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros 
em espírito de fraternidade”.
DEFINIÇÃO:
Direitos Humanos: são aqueles constituídos pelos direitos 
naturais, garantidos a todos os cidadãos e que devem ser 
estendidos a todos osindivíduos, sem distinção de gênero, 
classe social, posição política, etnia, religião ou nacionalidade.
Ética e Cidadania
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Figura 1 - Dia Internacional dos Direitos Humanos — 10 de dezembro
Fonte: Freepik. 
Segundo Franzoi (2003), é no contexto pós-Segunda Guerra Mundial 
(1939-1945) que houve a publicação, em 10 de dezembro de 1948, da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU. O autor remonta 
que tal documento se fez necessário para que pudéssemos lembrar, 
combater e exterminar todo e qualquer ato de atrocidade, violência, 
semelhantes aos que aconteceram durante o conflito. Esse documento 
é o resultado das lutas por direitos historicamente constituídos e traz a 
perspectiva de igualdade e liberdade entre homens e mulheres. 
Mas é preciso compreender o significado desses direitos, no sentido 
de valorizar sua existência e aplicabilidade. Nesse sentido, para Piovesan 
(2005), a efetivação dos Direitos Humanos refere-se a uma aspiração e 
necessidade universal de reconhecermos a nós mesmos como seres 
humanos, únicos, que não são julgados pelas suas diferenças para 
acessar espaços e culturas. Tal movimento dá respeito à valorização da 
dignidade da pessoa humana.
Ética e Cidadania
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SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do texto Ética e Direitos Humanos. 
Disponível aqui.
De maneira geral, devemos destacar que os três princípios 
fundamentais dos Direitos Humanos são: 
 • Inviolabilidade da pessoa - não sacrificar um indivíduo com o 
motivo de que será para o benefício de outro.
 • Autonomia da pessoa - assegura a liberdade de ação para 
qualquer indivíduo desde que este não prejudique outros.
 • Dignidade da pessoa - os indivíduos devem ser julgados e tratados 
conforme seus atos, unicamente.
Depreende-se que os Direitos Humanos são os direitos e a liberdade 
de todos os seres humanos. Assim, ressaltamos algumas características 
desses direitos, sendo:
 • Universalidade – todo e qualquer ser humano é sujeito ativo desses 
direitos, independente de credo, raça, sexo, cor, nacionalidade e 
convicções.
 • Inviolabilidade – esses direitos não podem ser descumpridos por 
nenhuma pessoa ou autoridade.
 • Indisponibilidade – esses direitos não podem ser renunciados. 
Não cabe ao particular dispor dos direitos conforme a própria 
vontade, devem ser sempre seguidos.
 • Imprescritibilidade – eles não sofrem alterações com o decurso 
do tempo, pois têm caráter eterno.
 • Complementaridade – os direitos humanos devem ser 
interpretados em conjunto, não havendo hierarquia entre eles.
Ética e Cidadania
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832003000100015
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SAIBA MAIS:
Esses conhecimentos são importantes, pois trazem 
reflexões sobre os direitos humanos. Recomendamos 
assistir ao vídeo: Direitos Humanos - Teoria Geral: Conceito 
e Premissas Filosóficas. Disponível aqui.
Em seguida, indicamos a leitura da Declaração Universal 
dos Direitos Humanos. Disponível aqui.
RESUMINDO:
Neste capítulo vimos o conceito de Direitos Humanos, 
bem como seus princípios fundamentais. Conhecemos a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos realizada pela 
ONU e vimos algumas características desses direitos.
Ética e Cidadania
https://www.youtube.com/watch?v=A7eTybbqFCc
https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf
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Ação Comunitária e Participação 
Democrática
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você será capaz saber o que é 
comun idade e quais são os canais de participação pelos 
quais ela pode atuar na sociedade. Veremos também sobre 
ética, direitos humanos e violência e qual é o cenário atual 
e as tendências da ética e da cidadania, tanto na política 
como na saúde.
O ser humano imagina-se incluído em dois grupos societais: 
um deles mostra-se como alguém que sente a necessidade de ser 
conduzido, aceita e espera confortavelmente aquilo que o Estado oferece, 
como políticas públicas, ou decisões políticas, sociais e econômicas. O 
outro grupo busca constantemente a chama acesa do questionamento, 
da participação, da vontade de transformar e de estar construindo as 
decisões acima referidas.
Dessa forma, consideramos significativo destacar o conceito de 
comunidade para pensarmos seu papel no âmbito democrático.
DEFINIÇÃO:
Comunidade: sociologicamente é um grupo de indivíduos 
que além de possuírem a residência em comum do ponto 
de vista geográfico, compartilham cultura e tomam parte 
de uma história compartilhada, têm objetivos e metas 
comuns, partem das demandas comuns..
Ética e Cidadania
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Figura 2 - Comunidade
Fonte: Freepik. 
Paul (1987) aponta que uma comunidade, para alcançar um 
excelente grau de participação em um projeto comunitário, por exemplo, 
deve se voltar aos seguintes objetivos:
 • Empoderamento — alto nível de consciência coletiva e de força 
política. O autor mostra que precisa de uma forte iniciativa com 
ações e organização que possam influenciar processos de 
mudanças. 
 • Capacity building — compartilhamento de tarefas relacionadas à 
administração do projeto de transformação. Também diz respeito 
a monitoramento e construção da sustentação do projeto.
 • Eficácia — quando o projeto caminha junto com as demandas da 
comunidade. Corresponde e atende essas demandas.
 • Eficiência — a procura de consenso com interação e cooperação 
para avanços e não atrasos. Cumprindo metas e prazos. Intensa 
participação comunitária.
 • Compartilhamento de custos — compartilhamento de gastos do 
projeto a ser desenvolvido, com a finalidade de baratear o projeto.
Quando falamos em ”democracia participativa”, estamos lidando 
com a situação de uma participação popular na tomada de decisões, 
sobretudo políticas. Esse conceito evoca a ideia de proporcionar a 
oportunidade de participação às pessoas, criando canais de debate que 
incentivem o pensar sobre questões políticas diretamente ligadas ao 
exercício de sua cidadania. 
Ética e Cidadania
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Uma proposta de entendimento e clareza sobre a ideia de ação da 
comunidade em uma perspectiva democrática volta-se para a situação 
do conceito de gestão democrática presente nas escolas. 
Nascimento (2012) afirma que o trabalho em equipe voltado à 
qualidade de ensino é a grande base para uma gestão democrática e 
participativa nas escolas. Paro (2002) considera fundamental que a gestão 
escolar tenha a consciência de que precisa estar sujeita a mecanismos de 
controle e fiscalização pela própria comunidade na qual se insere. 
Fortalecendo essas ideias, Gadotti (1995) nos lembra que 
descentralização e autonomia devem andar lado a lado. A luta pela 
conquista da autonomia na escola é reflexo da luta na própria sociedade.
Assim, tal qual apresentamos aqui, é necessário que o entendimento 
da condução democrática esteja presente, favorecendo o estado de 
participação da comunidade. Na escola, bem como no Estado, uma gestão 
participativa e democrática deve envolver participação propriamente dita, 
descentralização e transparência. Sobre o cenário dessa concepção se 
realizar na escola, Freire (1995) mostra que a participação política das 
classes populares deve ocorrer por meio de seus representantes, seja na 
tomada de decisões, seja na definição de um projeto de ação.
Figura 3 - Gestão democrática
Fonte: Freepik.
Ética e Cidadania
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É notável que tanto na escola quanto na sociedade são necessários 
canais democráticos que possibilitem a participação dos indivíduos no 
processo de tomada de decisões. 
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do Texto: A gestão participativa na 
escola pública: tendências e perspectivas. Disponível aqui.
Para que a participação da comunidade aconteça de forma efetiva, 
é preciso também que ela conheça os canais que existem para sua 
atuação, que são:
 • Conselhos municipais – formulam, acompanham e avaliam as 
políticas públicas. Neles, qualquercidadão pode participar, 
apresentar projetos e dar sua opinião.
 • Audiências públicas – são obrigatórias para a discussão da Lei de 
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e podem ser requisitadas para o 
debate de problemas que afetem a cidade.
 • Ouvidoria Pública Municipal – Atende reclamações de problemas 
relacionados à Prefeitura.
 • Ação popular – permite que o cidadão proponha uma ação contra 
ato que lese o patrimônio público.
 • Iniciativa popular – com o aval de 5% dos eleitores do município, 
qualquer cidadão pode apresentar um projeto de lei na Câmara 
Municipal.
 • Representações – ao Ministério Público, possibilita a abertura 
de procedimentos de investigação de supostos atos irregulares 
praticados contra o interesse público. Caso seja ao Tribunal de 
Contas, o cidadão pode denunciar irregularidades ou ilegalidades 
na administração pública.
Ética e Cidadania
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/SU3onzBiYiLUhza_2013-6-28-15-24-32.pdf
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Dessa forma, vemos que cada grupo representado nos diálogos 
recebe a oportunidade de apresentar suas ideias e prováveis soluções 
para os entraves. Isso supera, com certeza, o fato de ter uma visão 
unilateral, em que somente uma classe, ou grupo, toma decisões e 
avaliam ações, pois todos os níveis envolvidos podem contribuir para a 
melhoria da qualidade de vida no coletivo.
Ética, Direitos Humanos e Violência
A temática dos direitos humanos apresenta relevância na 
constituição da lógica jurídica do século XXI. Nesse sentido, mostra-se 
com traços do passado e uma perspectiva de futuro. Sobre os direitos 
humanos, vemos a necessidade de uma ampla análise histórico-filosófica, 
além de um grande conhecimento jurídico. 
A questão da violência está na ordem do dia. Como podemos nos 
posicionar do ponto de vista ético em relação às diferentes situações que 
saltam aos nossos olhos diariamente. Temos assistido a muitas cenas 
de desrespeito aos direitos humanos. Muitas atitudes de violência e 
precarização da ordem social. 
Figura 4 - A questão da violência
Fonte: Freepik. 
Ética e Cidadania
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Schilling (2007) destaca que a violência em nossa sociedade está 
presente desde a fala das pessoas no dia a dia, até mesmo na mídia e 
nos discursos políticos. Para a autora, existem diversos tipos de violência, 
desde a que acontece na família até a que configura a criminalidade. 
Violência física, psicológica, social e emocional. 
Nesse sentido, viver em um estado democrático de direito como 
o nosso é experimentar práticas de respeito às diferenças e direitos 
humanos. Tudo isso é muito significativo e completo na letra fria do papel, 
pois, na prática, assistimos a violência contra a mulher, violência contra 
o idoso, violência contra a orientação sexual, crimes de ódio, corrupção, 
violência policial, entre outras. 
DEFINIÇÃO:
Estado democrático de direito  é aquele em que os 
governantes seguem o que está previsto nas leis, isto é, 
deve ser respeitado e cumprido o que é definido pela lei.
Figura 5 - Estado democrático de direito
Fonte: Pixabay. 
Ética e Cidadania
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Como entendemos a violência em relação aos Direitos Humanos? 
Vemos, por exemplo, que a educação é direito de todos e dever do 
Estado, tendo por princípios a igualdade de condições para o acesso e 
permanência na escola; a liberdade de aprender, de ensinar, pesquisar 
e ampliar o pensamento, a arte e o saber; o pluralismo de ideias e de 
vertentes pedagógicas; a coexistência de instituições públicas e privadas 
de ensino; a gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; a 
valorização dos profissionais do ensino; a gestão democrática do ensino 
público e a garantia do padrão de qualidade.
Nesse caso, a infração ao respeito dos direitos humanos está 
diretamente vinculada à impunidade. No Brasil, existe a Emenda 
Constitucional 45 de 2004, que federaliza crimes contra os Direitos 
Humanos. Assim, quando ocorre a violação a um direito humano, esta é 
logo transferida para o sistema de justiça nacional. Mas o ideal seria criar 
políticas públicas que se voltassem ao combate direto à violência. Como 
o Estado apresenta dificuldades nesse projeto, assistimos, na maioria das 
vezes, aos pobres sendo mais vitimados pela violência, pois, no fundo, 
há uma inércia para estabelecer punições, bem como a conivência com 
ações de violência física e simbólica.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do texto: Cidadania e violência: 
um desafio para os direitos humanos. Disponível aqui.
No que tange ao campo da ética, vemos que ela e a violência 
caminham para lados diferentes. Já que violência remete a tudo o que 
age usando a força para ir contra a natureza de algum ser, esmagando-o, 
torturando-o, desorganizando-o. Nesse sentido, podemos afirmar que a 
sociedade aponta que uma atitude violenta em nada colabora para uma 
vida justa e solidária. Dessa forma, afirmamos que violência se opõe à 
ética porque não considera o respeito e o compromisso de manter a 
integridade física e moral dos indivíduos. 
Ética e Cidadania
http://www.esedh.pr.gov.br/arquivos/File/Cidadania.pdf
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SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura da reportagem: Pelo menos três 
mulheres são assassinadas, vítimas de feminicídio, todos os 
dias no Brasil. Disponível aqui.
Cenário Atual e Tendências da Ética e da 
Cidadania
A realidade social não está pré-concebida, e os indivíduos podem 
atuar sobre os processos coletivos. Assim, é possível que os homens 
criem e recriem novas propostas de convivência que esbarram em 
amplas discussões acerca dos conceitos de ética e cidadania. Sobretudo, 
as questões que envolvem os estudos de robótica, as investigações 
científicas sobre células-tronco, a própria possibilidade de instituição do 
poder de certos grupos e pessoas poderem deter o porte de arma. 
Assim, para Singer (2002), uma pessoa vive dentro de uma esfera 
do ético quando se preocupa com a justificativa de sua ação, já que só o 
fato da pessoa querer justificar, podendo estar certa ou errada, demonstra 
que há uma pauta ética.
Valls (2000) mostra que a moral está diretamente ligada às ações 
práticas dos seres humanos. Ele chama a atenção para o fenômeno 
da massificação e do autoritarismo dos meios de comunicação e das 
políticas, pois, segundo ele, os homens, mesmo cientes de seu papel 
fundamental como executores da moral, conseguem agir eticamente. 
Ele traz o questionamento de que até que ponto é possível o homem 
escolher entre o bem e o mal.
Ética e Cidadania
https://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2019/05/16/pelo-menos-tres-mulheres-sao-assassinadasvitimas-de-feminicidio-todos-os-dias-no-brasil.ghtml
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Figura 6 - Ética na atualidade
Fonte: Pixabay. 
Em tempos atuais, a educação ocupa um lugar importante para a 
formação do cidadão participativo e solidário, consciente de seus deveres 
e direitos e sem falar em propostas de educação com direitos humanos. 
Dessa forma, pode-se construir a base para uma amplitude maior do 
que vem a ser uma educação democrática, apontando o caminho para a 
democracia como o regime da soberania popular, com pleno respeito aos 
direitos humanos.
No que se refere ao mundo do trabalho, por exemplo, Solomon 
(2006) destaca que o estudo da ética se faz primordial pelas infrações 
que aparecem em jornais no mundo dos negócios. Tal proposta deveria 
ocorrer a partir da compreensão profunda das experiências práticas.
Bauman (2011) também colabora com as reflexões entre a “Era 
da Ética”, típica da modernidade, e a “Era da Moral”, peculiar da pós-
modernidade. Ele apresenta a ideia de “ser junto com o outro”. A 
ética e a moral da pós-modernidade, para ele, relacionam-se com a 
responsabilidade moral incondicional que cada pessoa pode desenvolver 
por meio de suas atitudes ao “estar junto com o outro” na vida pregressa.
Ética e Cidadania23
Segundo o autor, diferentes sujeitos devem ser capazes de decisões 
próprias sem serem coagidos por um sistema normativo. Eles constroem 
o senso de responsabilidade que os auxilia para lidar com situações que 
exigem consenso, instituindo a questão ética.
A moral, no olhar de Bauman (2011), consiste em categoria 
contingente e incontível. Para ele, a relação com o desconhecido traz a 
possibilidade de reconhecimento de uma humanidade. Vejamos algumas 
situações em que a ética e a cidadania aparecem, e os sujeitos devem 
usar esse senso de racionalidade.
Ética e Política
Um problema que tem incomodado muito a realidade social 
brasileira está relacionado com a questão da corrupção na política. Será 
que aqueles que são eleitos democraticamente, com o voto direto, com 
a perspectiva de representar a vontade geral e que governam voltados 
para seus interesses pessoais estão agindo de forma ética?  Há uma falta 
de ética no exercício da política no meio social? Como fica a questão da 
cidadania relacionada à questão ética em tempos atuais?
“O Analfabeto Político. O pior analfabeto é o analfabeto 
político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos 
acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, 
o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do 
sapato e do remédio, depende das decisões políticas. O 
analfabeto...” (Bertolt Brecht)
Para Bittar (2010), a questão ética presente no mundo das atividades 
políticas pode ser traduzida como a saúde político-institucional se 
traduz na saúde social, deve-se aceitar que a estrutura da éthos de 
uma sociedade fica, em grande parte, na dependência de ocorrências e 
atitudes políticas. 
Farah (2000) adverte que um agente público (o eleitor, mas sobretudo 
os eleitos) recebe esse impacto de corrupção do corruptor, torna-se um 
forte elo de captação de recursos pessoais para suas vaidades e fantasias 
próprias e de sua família, deixando de lado sua função pública.
Ética e Cidadania
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Morin (2001) destaca que o ensino da ética é um dos saberes 
necessários à educação. Para ele, a reflexão no campo da ação do 
homem, em nível das decisões da ação moral dos indivíduos, deve ganhar 
espaço em diferentes níveis da educação.
A corrupção pode ser compreendida como um fenômeno social, 
ela consiste em um reflexo da cultura formada sem princípios éticos e 
valores morais. Trata-se de um fenômeno ético cultural. No Brasil, vemos 
que a raiz da corrupção é histórica e cultural. 
Ética na Saúde
O comportamento ético em atividades de saúde deve considerar 
um enfoque de responsabilidade social e também a expansão dos direitos 
da cidadania, pois sem cidadania, não há saúde.
A ética da responsabilidade e a bioética envolvem o cuidado do 
outro, portanto, compete ter consciência em desenvolver essa postura. 
Dessa forma, vemos que a ética deve reconhecer o valor de todos os 
seres vivos e encarar os humanos como um dos pontos que formam a 
base da vida. 
Clotet (2003) aponta que a bioética é uma ética aplicada que está 
preocupada com o uso adequado das novas tecnologias na área das 
ciências médicas e das soluções pertinentes aos dilemas morais que 
sejam apresentados.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do texto: Princípios da bioética e o 
cuidado na enfermagem. Disponível aqui.
Ética e Cidadania
http://cifmp.ufpel.edu.br/anais/1/cdrom/mesas/mesa4/02.pdf
25
Figura 7 - Bioética
Fonte: Pixabay. 
RESUMINDO:
Neste capítulo, vimos como os direitos humanos são 
importantes, bem como seus princípios para a sua 
participação democrática na sociedade e que essas 
ações estão presentes em todos os âmbitos. Vimos que a 
questão da violência ocorre nas relações e em diferentes 
situações de desrespeito ao ser humano, por isso, é 
necessário ter amparo legal às vítimas. Assim, destacamos 
o quanto é possível que os homens se apropriem da ética 
e da cidadania para ter uma boa convivência na sociedade, 
pois, neste universo, a moral está relacionada com a 
racionalidade. Você percebeu o quanto a legislação dos 
direitos humanos é importante?
Ética e Cidadania
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Ética nas Redes Sociais
OBJETIVO:
As redes sociais também têm se mostrado como um 
importante canal de informação e trocas comunicacionais. 
Ao mesmo tempo que informam, também desinformam. 
Relacionando com a questão ética, temos a grande 
dor de cabeça do momento, as chamadas fake news. 
Estas provocam desequilíbrio, afetações emocionais e 
transtornos, principalmente naqueles que são os alvos 
dessas notícias falsas. 
As fake news reforçam preconceitos, ódio contra indivíduos ou 
grupos sociais. Imaginem o impacto que a sociedade teve sobre a falsa 
notícia da existência de um “Kit Gay” imposto nas escolas. Essa ideia partiu 
de um projeto verdadeiro que fazia parte de um dos programas do Governo 
Federal, mas foi manipulada e disseminada totalmente desvirtuada, com 
a perspectiva de dizer que haveria uma suposta ideologia de gênero e 
sexualidade firmada para as escolas. A questão ética aparece fortemente 
no fato de que antes de compartilhar essas notícias que causam impacto, 
bem como todas as outras que compartilhamos ou postamos, é sempre 
preciso checar a veracidade da informação. 
Schudson (2017) afirma que a notícia falsa pode interferir no cotidiano 
do cidadão e das redações jornalísticas. Segundo ele, no jornalismo, por 
exemplo, é preciso ter responsabilidade com a questão da reprodução 
de notícias falsas, exageradas ou até mesmo corrompidas. Kunczik (2001) 
aplica o termo disfunção quando ocorre as notícias servirem de ameaça 
à estabilidade social. Pois, conforme Wolf (1987), a circulação de notícias 
falsas destrói a cidadania de forma severa. Ainda, em seu olhar, os meios 
de comunicação têm a função de trazer a possibilidade de alertar o 
cidadão e apresentar instrumentos para definição de ações diárias.
Ética e Cidadania
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Como detectar notícias falsas, segundo Kieky e Robertson (2017):
 • Considere a fonte — veja se tem credibilidade.
 • Considere o autor — faça uma breve pesquisa sobre ele.
 • Confirme a data.
 • Fontes de apoio — encontre bases de informações; as fontes que 
se relacionam ou tratam do assunto — é preciso identificá-las.
 • Considere todos os lados — ser contra uma ideologia não quer 
dizer que a notícia é falsa.
 • Verifique se é piada — há sites que fazem piadinhas com 
determinados temas.
 • Leia mais — é preciso ler sobre o assunto. Quando você pesquisa 
e lê mais sobre um assunto, percebe se a informação a ser 
compartilhada tem ou não veracidade.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do texto: O impacto das fake news 
e o fomento dos discursos de ódio na sociedade em rede: 
a contribuição da liberdade de expressão na consolidação 
democrática. Disponível aqui. 
Ética e Cidadania
http://coral.ufsm.br/congressodireito/anais/2017/1-12.pdf
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Figura 8 - Fake news
Fonte: Freepik.
Enfim, a discussão sobre ética e cidadania, levando em consideração 
o que estamos vivendo em uma sociedade que precisa da convivência 
harmônica, é preciso haver compatibilidade entre o ideal da sociedade 
almejada e o estilo de vida construída, sem isso, não é possível pensar em 
uma sociedade ética como realidade.
Na atualidade, o sujeito que possui a cidadania é aquele detentor 
de direitos, mas também de deveres. Deve ter ciência de sua participação 
na sociedade e que precisa contribuir coletivamente. A cidadania deve 
perpassar interesse e participação, precisa haver interesse pelo bem 
comum. 
Ética e Cidadania
29
Uma outra perspectiva tem a ver com a sociedade de risco que 
estamos vivendo. Isso significa que, pensando sobre o crescimento da 
civilização tecnológica, vemos um número muito grande de difusão e 
proliferação dos riscos, que afetam as sociedades em conjunto, revelando 
a crise da sociedade industrial.
Para Giddens (1991), a sociedademoderna organiza-se levando 
em conta o distanciamento tempo–espaço, diferentemente das 
sociedades pré-modernas, nas quais as relações entre os indivíduos 
estavam construídas nas referências locais. Nesse caso, a explicação para 
situações e fenômenos que ali se processavam, eram situadas na lógica 
do conhecimento e interação cotidianos que, por sua vez, promoviam 
a organização social com base nas redes de confiança, depositada nos 
laços de parentesco e alianças. 
Caso qualquer coisa perturbasse o equilíbrio daquela ordem 
social, o grupo encontraria resolução para aquele problema, valorizando 
a confiança localizada. Já nas sociedades atuais, conforme deriva do 
pensamento de Giddens, estas constroem seu esquema de funcionamento 
e racionalização social fundamentadas em uma relação de confiança 
dos indivíduos em sistemas abstratos, fichas simbólicas, que podem 
ser entendidos como o progresso do conhecimento técnico e científico. 
Portanto, vivemos riscos de acreditar nos sistemas simbólicos, no virtual 
e, a partir dessas crenças, também construímos nossas posições éticas e 
cidadãs. 
Ética e Cidadania
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Figura 9 - Sociedade e crenças nos sistemas simbólicos
Fonte: Freepik.
RESUMINDO:
Neste tópico, vimos como os direitos humanos são 
importantes e estão relacionados, também, com as redes 
sociais. Com o avanço da tecnologia, surgiram informações 
que não são verdadeiras e podem atingir as pessoas. Vimos 
que a sociedade moderna, apesar do distanciamento 
tempo–espaço, o crescimento da tecnologia pode 
trazer riscos. Assim, destacamos o quanto é importante 
desenvolver uma convivência harmônica, para viver em 
uma sociedade ética como realidade. Você percebeu o 
quanto é importante o sujeito ser o detentor de direitos?
Ética e Cidadania
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Educação, Ética e Cidadania Hoje
OBJETIVO:
Compreender a criação de novos desenhos de sujeito 
pensante e participativo, em uma sociedade em que as 
tecnologias da informação e das comunicações são cada 
vez mais reais e oferecem um mapa cognitivo das relações 
e saberes sociais que indicam o progresso da humanidade 
é fundamental para se estabelecer um diálogo entre 
indivíduo, cultura e educação.
No texto que segue, temos algumas reflexões importantes sobre 
ensinar a pensar para a vida. Tal reflexão traz em si a própria valorização 
da educação para o bem coletivo.
Para refletir:
Ensinar a pensar
Immanuel Kant
Espera-se que o professor desenvolva no seu aluno, em 
primeiro lugar, o homem de entendimento, depois, o 
homem de razão, e, finalmente, o homem de instrução. 
Este procedimento tem esta vantagem: mesmo que, como 
acontece habitualmente, o aluno nunca alcance a fase 
final, terá mesmo assim beneficiado da sua aprendizagem. 
Terá adquirido experiência e ter-se-á tornado mais 
inteligente, se não para a escola, pelo menos para a vida. 
Se invertermos este método, o aluno imita uma espécie 
de razão, ainda antes de o seu entendimento se ter 
desenvolvido. Terá uma ciência emprestada que usa não 
como algo que, por assim dizer, cresceu nele, mas como 
algo que lhe foi dependurado. A aptidão intelectual é tão 
infrutífera como sempre foi. Mas ao mesmo tempo foi 
corrompida num grau muitíssimo maior pela ilusão de 
sabedoria. É por esta razão que não é infrequente deparar-
se-nos homens de instrução (estritamente falando, pessoas 
que têm estudos) que mostram pouco entendimento. É 
por esta razão, também, que as academias enviam para 
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o mundo mais pessoas com as suas cabeças cheias de 
inanidades do que qualquer outra instituição pública. 
[...]Em suma, o entendimento não deve aprender 
pensamentos, mas a pensar. Deve ser conduzido, se assim 
nós quisermos exprimir, mas não levado em ombros, de 
maneira a que no futuro seja capaz de caminhar por si, e 
sem tropeçar. 
A natureza peculiar da própria filosofia exige um método 
de ensino assim. Mas visto que a filosofia é, estritamente 
falando, uma ocupação apenas para aqueles que já 
atingiram a maturidade, não é de espantar que se levantem 
dificuldades quando se tenta adaptá-la às capacidades 
menos exercitadas dos jovens. O jovem que completou a 
sua instrução escolar habituou-se a aprender. Agora pensa 
que vai aprender filosofia. Mas isso é impossível, pois agora 
deve aprender a filosofar. [...] Para que pudesse aprender 
filosofia teria de começar por já haver uma filosofia. Teria 
de ser possível apresentar um livro e dizer: «Veja-se, aqui 
há sabedoria, aqui há conhecimento em que podemos 
confiar. Se aprenderem a entendê-lo e a compreendê-
lo, se fizerem dele as vossas fundações e se construírem 
com base nele daqui para a frente, serão filósofos». Até 
me mostrarem tal livro de filosofia, um livro a que eu 
possa apelar, [...] permito-me fazer o seguinte comentário: 
estaríamos a trair a confiança que o público nos dispensa 
se, em vez de alargar a capacidade de entendimento 
dos jovens entregues ao nosso cuidado e em vez de os 
educar de modo a que no futuro consigam adquirir uma 
perspectiva própria mais amadurecida, se em vez disso 
os enganássemos com uma filosofia alegadamente já 
acabada e cogitada por outras pessoas em seu benefício. 
Tal pretensão criaria a ilusão de ciência. Essa ilusão só 
em certos lugares e entre certas pessoas é aceite como 
moeda legítima. Contudo, em todos os outros lugares é 
rejeitada como moeda falsa. O método de instrução próprio 
da filosofia é zetético, como o disseram alguns filósofos da 
antiguidade (de zhtein). Por outras palavras, o método da 
filosofia é o método da investigação. Só quando a razão 
já adquiriu mais prática, e apenas em algumas áreas, é 
que este método se torna dogmático, isto é, decisivo. Por 
exemplo, o autor sobre o qual baseamos a nossa instrução 
não deve ser considerado o paradigma do juízo. Ao invés, 
deve ser encarado como uma ocasião para cada um de 
nós formar um juízo sobre ele, e até mesmo, na verdade, 
Ética e Cidadania
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contra ele. O que o aluno realmente procura é proficiência 
no método de refletir e fazer inferências por si. E só essa 
proficiência lhe pode ser útil. Quanto ao conhecimento 
positivo que ele poderá talvez vir a adquirir ao mesmo 
tempo — isso terá de ser considerado uma consequência 
acidental. Para que a colheita de tal conhecimento seja 
abundante, basta que o aluno semeie em si as fecundas 
raízes deste método.
Immanuel Kant (Tradução de Desidério Murcho). 
Figura 10 - Educação, ética e sociedade
Fonte: Pixabay.
SAIBA MAIS:
Estes conhecimentos são importantes, pois trazem 
reflexões sobre educação, ética e cidadania na atualidade. 
Para aprofundamento, recomendamos assistir aos vídeos a 
seguir: 
A Fraude – o caso Bahrings (com Ewan Mc Gregor)
Ameaça virtual (Com Tim Robbins e Ryan Philiphe)
Com o dinheiro dos outros (Com Danny de Vito e Gregory 
Peck)
Erin Brockovich (Julia Roberts e Albert Finney)
Minority Report: a nova lei (Com Tom Cruise)
O Náufrago (Com Tom Hanks e Helen Hunt)
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RESUMINDO:
Neste capítulo, vimos que existem situações e questões 
na atualidade que precisam estar pautadas pelo olhar da 
ética e da cidadania, afinal, ser cidadão é colaborar para a 
garantia de que o respeito e a preservação das relações 
sejam fundamentais. Vimos, ainda, que tanto na política 
quanto na saúde e nas trocas via redes sociais, é preciso 
ter compromisso com a moralidade das participações e 
atuações. Por fim, destacamos o papel que a educação tem 
na formação de indivíduos pensantes e responsáveis por 
suas ações no seio da sociedade. 
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REFERÊNCIAS
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Tradução de Alexandre Werneck. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2011.
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