Buscar

E-Book Completo_Ética e Cidadania

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 121 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 121 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 121 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Autora: Ana Lúcia Guimarães
ÉTICA E CIDADANIA
Ética e Cidadania
© by Ser Educacional
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro 
tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia 
autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional.
Imagens e Ícones: ©Shutterstock, ©Freepick, ©Unsplash.
Diretor de EAD: Enzo Moreira.
Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato.
Coordenadora de projetos EAD: Jennifer dos Santos Sousa.
Equipe de Designers Instrucionais: Gabriela Falcão; José Carlos Mello; Lara 
Salviano; Leide Rúbia; Márcia Gouveia; Mariana Fernandes; Mônica Oliveira 
e Talita Bruto.
Equipe de Revisores: Camila Taís da Silva; Isis de Paula Oliveira; José Felipe 
Soares; Nomager Fabiolo Nunes.
Equipe de Designers gráficos: Bruna Helena Ferreira; Danielle Almeida; 
Jonas Fragoso; Lucas Amaral, Sabrina Guimarães, Sérgio Ramos e Rafael 
Carvalho.
Ilustrador: João Henrique Martins.
G963e Guimarães, Ana Lúcia.
Ética e cidadania [recurso eletrônico]:
Recife: Telesapiens, 2022.
120 p.: pdf
ISBN: 978-85-54921-12-5
1.Ética II. Título.
CDU 172
(Bibliotecário responsável: Nelson Oliveira da Silva – CRB 10/854)
Grupo Ser Educacional
Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro
CEP: 50100-160, Recife - PE
PABX: (81) 3413-4611
E-mail: sereducacional@sereducacional.com
Iconografia
Estes ícones irão aparecer ao longo de sua leitura:
ACESSE
Links que 
complementam o 
contéudo.
OBJETIVO
Descrição do conteúdo 
abordado.
IMPORTANTE
Informações importantes 
que merecem atenção.
OBSERVAÇÃO
Nota sobre uma 
informação.
PALAVRAS DO 
PROFESSOR/AUTOR
Nota pessoal e particular 
do autor.
PODCAST
Recomendação de 
podcasts.
REFLITA
Convite a reflexão sobre 
um determinado texto.
RESUMINDO
Um resumo sobre o que 
foi visto no conteúdo.
SAIBA MAIS
Informações extras sobre 
o conteúdo.
SINTETIZANDO
Uma síntese sobre o 
conteúdo estudado.
VOCÊ SABIA?
Informações 
complementares.
ASSISTA
Recomendação de vídeos 
e videoaulas.
ATENÇÃO
Informações importantes 
que merecem maior 
atenção.
CURIOSIDADES
Informações 
interessantes e 
relevantes.
CONTEXTUALIZANDO
Contextualização sobre o 
tema abordado.
DEFINIÇÃO
Definição sobre o tema 
abordado.
DICA
Dicas interessantes sobre 
o tema abordado.
EXEMPLIFICANDO
Exemplos e explicações 
para melhor absorção do 
tema.
EXEMPLO
Exemplos sobre o tema 
abordado.
FIQUE DE OLHO
Informações que 
merecem relevância.
SUMÁRIO
UNIDADE 1
Fundamentos de ética e cidadania � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 11
Conceitos, objetivos e princípios da éticae da moral � � � � � � � � � � 11
Conceito de cidadania � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 18
A ética social e a política � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 27
A ética e a moral na contemporaneidade � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 33
UNIDADE 2
A ética no mundo do trabalho � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 43
A ética e a sociedade globalizada � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 43
Problemas éticos nas profissões � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 49
Código de ética das profissões: conceitose finalidades � � � � � � � � � � � 53
UNIDADE 3
A ética em profissões não regulamentadas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �58
A ética nas relações humanas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �65
Diversidade cultural, étnica, religiosae de gênero � � � � � � � � � � � 65
Ética e cidadania na sociedade tecnológica � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �76
A intolerância, o racismo e a xenofobia � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �79
O ensino da ética nas instituições � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �85
UNIDADE 4
Direitos humanos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 91
Conceituação e princípios dos direitos humanos � � � � � � � � � � � � �91
Ação comunitária e participaçãodemocrática � � � � � � � � � � � � � � � � � � 94
Ética, direitos humanos e violência � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 99
Cenário atual e tendências da éticae da cidadania � � � � � � � � � � � � � �102
Ética e política � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 104
Ética na saúde � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 105
Ética as redes sociais � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 106
Educação, ética e cidadania hoje � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �110
Autoria
Ana Lúcia Guimarães.
Olá, meu nome é Ana Lúcia Guimarães. Sou 
Doutora em Ciências Humanas e possuo 
mais de vinte anos de atuação como pro-
fessora na Educação Superior. Além disso, 
tenho doze anos de militância como diri-
gente sindical da causa dos professores, 
o que me agrega conhecimentos e experiências para localizar-me 
como autora nesta disciplina. Portanto, atuar e defender a causa da 
educação, laica, democrática e de qualidade é mais que um princípio 
em minha formação e trajetória profissional, é um compromisso de 
ofício. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu 
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar 
você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
UN
ID
AD
E
1
Objetivos
Seja muito bem-vindo(a) à disciplina Ética e Cidadania. 
Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento dos seguintes 
objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos:
1. Diferenciar os conceitos de ética e moral.
2. Identificar o conceito de cidadania.
3. Demonstrar o conceito de ética social e sua relação com a ética 
política.
4. Ilustrar a relação entre ética e moral em tempos contempo-
râneos.
10
Introdução
Olá! Seja bem-vindo(a) à disciplina Ética e Cidadania. A partir de 
agora, daremos início a uma nova etapa de estudos e este vídeo in-
trodutório foi preparado para orientar a sua trajetória na trilha da 
aprendizagem que será percorrida por você ao longo das quatro 
unidades letivas que estão por vir. Assista!
Você sabia que estudar ética e cidadania possui uma impor-
tância significativa nos tempos atuais? Isto porque os indivíduos 
estão cada vez mais confusos em relação a construção de suas atitu-
des e pensamentos quanto às rápidas e volumosas transformações 
de nossa sociedade. Trata-se de entender como e de que forma de-
vemos interagir com os diferentes sujeitos sociais e seus diferentes 
pertencimentos culturais e políticos. Enquanto a ética nos imprime 
uma ideia de valores e normas sociais construídos historicamente 
de acordo com as diferentes demandas sociais dos grupos que inte-
gram a sociedade, a ideia de cidadania nos remete ao pertencimento 
a uma localidade e ao compartilhamento de valores e normas sociais 
da mesma. Portanto, tanto a questão da cidadania quanto a ideia da 
ética nos fornecem mapas referenciais para nossas ações e intera-
ções, com o objetivo de identificar a qual conceito de moral estamos 
submetidos. Entendeu? Vamos explorar mais este debate ao longo 
desta Unidade.
11
Fundamentos de ética e cidadania
Ao término deste capítulo você deverá estar dominando os con-
ceitos de ética e moral, sabendo diferenciá-los e identificando sua 
importância para a vida em sociedade. Na atualidade, quando os in-
divíduos não conseguem perceber situações de caráter moral, eles 
acabam sendo capazes de manifestar posicionamentos ou formas 
de agir que podem acarretar em julgamentos negativos pela ordem 
social constituída. Vamos lá?
Conceitos, objetivos e princípios da ética 
e da moral
Iniciamos os nossos estudos sobreética e moral procurando enten-
der a definição desses conceitos e as diferenças existentes entre eles.
Para o educador Mário Sergio Cortella (2009), a ética é o 
princípio orientador de nossa conduta em sociedade, ela nos per-
mite distinguir e definir nossas ações e pensamentos em relação as 
diferentes experiências no mundo social. A ética está em nosso dia 
a dia e, em qualquer situação ou acontecimento, percebemos várias 
inferências dos moralistas ao solicitarem uma maior necessidade 
de afirmação ética. Realmente há um desgaste em falar de ética em 
tempos atuais, mas ainda é muito necessário entender o conceito 
e valorizar a sua aplicação.
Pode-se ousar dizer que é impossível avançar na compreensão 
do conceito de ética sem abordar a concepção de valores. Mas então, 
o que são valores? Desde quando nascemos somos ensinados sobre 
o que é certo e errado, a partir daí vamos direcionando nosso olhar 
e também disseminando valores impostos pela sociedade. Se con-
OBJETIVO
12
siderarmos que o valor moral é uma 
necessidade para a sobrevivência em 
sociedade, estaremos começando a 
entender mais sobre ética, moral e vida 
social, no sentido relacional – ou seja, 
de interação de uns com os outros.
Ademais, Cortella (2009) também 
vai afirmar que a ética é compreen-
dida no bojo dos estudos da filosofia e 
ela tem uma ligação com a construção 
da moralidade, pois a partir dessa relação nasce a ideia de um “exer-
cício de condutas”. Isto significa, para o autor, que a partir da con-
cepção ética espera-se que um indivíduo aja de forma previsível em 
uma determinada situação, pois entende-se que ele já incorporou as 
regras morais que irão compor o seu comportamento social.
Por meio destas considerações podemos inferir que a ética é 
a vida pensada, isto é, uma proposta de ação a partir do que a moral 
estabelece. Nesse sentido, precisamos reconhecer que a ética está 
no centro da construção de relações sociais harmônicas e benéficas 
para a preservação do todo social, isso porque ela aponta a ideia de 
uma ação que leva em conta o outro e que se fundamenta na forte 
presença dos valores morais.
ÉTICA: define-se como um modo de agir a partir de uma norma 
moral incorporada, refere-se à uma orientação de vida que deve, 
supostamente, levar em consideração a preservação positiva da vida 
em sociedade.
Ainda explorando o conceito de ética como parte da Filosofia, 
a qual fundamentalmente implica em um entendimento do com-
portamento moral, vejamos de forma panorâmica como os clássicos 
filósofos consideravam este conceito.
Figura 1: Ética e vida coletiva
Fonte: Pixabay
DEFINIÇÃO
13
Nos estudos da pesquisadora Marilena Chauí (2010) encon-
tramos que, para os sofistas, a ética era relativista, pois em suas 
concepções não haviam normas universais de definição para a vida 
social. Sócrates, tanto quanto Kant, buscavam o entendimento da 
ética a partir da compreensão da alma humana, eles acreditavam 
que nela residiria os fundamentos da moral. Já nos ideais de Platão, 
vemos a separação entre corpo e alma, para ele o corpo estava su-
jeito as paixões e poderia desviar-se do bem, por isso o homem só 
conseguiria desenvolver a ética para o bem comum na Pólis.
Ainda em Chauí (2010) vemos que, para os estóicos, a ética 
constituía uma ideia de autocontrole que levava à uma aceitação da 
realidade, uma clara noção de destino traçado sob a égide de uma 
razão universal, o que levava a um estado de serenidade da alma. 
Por outro lado, os epicuristas ao falarem de ética e da imperturba-
bilidade da alma mostravam que esta era uma finalidade da mesma.
Entretanto, estes pensadores adotavam quatro princípios 
para entendimento da ética: o primeiro era que o homem não devia 
temer aos deuses; o segundo indicava que o homem não devia te-
mer a morte; o terceiro apontava que a felicidade era possível de ser 
alcançada; e, finalmente, o quarto princípio dizia que qualquer dor 
pode ser suportada. Por meio destas ideias os filósofos pretendiam 
afirmar que a ética enquanto bem fundamental é a defesa do prazer, 
não o prazer sexual, mas, sobretudo, o prazer relacionado ao sen-
timento de amizade. Ademais, em Aristóteles veremos que a ética 
está relacionada à busca pela felicidade, que deve ser encontrada no 
bem comum e na ação do homem na Pólis.
Figura 2 - Reflexão sobre Ética
Fonte: Freepik.
14
Anteriormente falamos sobre o conceito de ética, mas não 
podemos deixar de trazer considerações sobre o conceito de moral. 
Portanto, o que é a moral? Podemos inferir que a moral é um con-
junto de regras, normas de uma sociedade ou localidade, tornando-
-se relevante pela proporção do desrespeito das pessoas às leis. A 
moral funciona como um conjunto de condutas que devem direcio-
nar as diferentes formas de agir dos indivíduos.
MORAL - o conjunto de condutas e normas que os indivíduos costu-
mam aceitar como válidas. Essas regras são adquiridas na educação, 
através da cultura e das tradições dos diferentes grupos sociais. Cada 
grupo tem suas regras e concepções morais.
Para Chauí (2010), o filósofo Immanuel Kant (1921) foi quem 
mais discutiu a ética formal, compreendendo que a moral do com-
portamento reside na vontade e nos motivos do agente considerado.
É importante entender que aquilo que não é moral, pode ser:
IMORAL: com conotação de tudo aquilo que se opõe a moral, por 
exemplo, o questionamento da atuação dos políticos no Brasil.
AMORAL: um homem que se comporta de forma independente dos 
juízos sobre o bem e o mal, ele não considera qualquer parâmetro de 
moral para sua conduta.
DEFINIÇÃO
IMPORTANTE
15
Figura 3 - Regras morais para o erro ou acerto social
Fonte: Pixabay.
A ética e a moral andam de mãos dadas, apesar disso, elas essen-
cialmente possuem conceitos diferentes. É preciso saber que a éti-
ca é importante porque revela o respeito aos outros e a dignidade 
humana. Todos nós possuímos ética, mas temos que desenvolver e 
acreditar no bem, pois ela tanto nos orienta quanto nos ajuda para 
termos uma vida boa.
A seguir, observe o quadro com as principais diferenças entre 
os conceitos de ética e moral:
Tabela 1 - Ética e Moral: apontamentos diferenciais
Fonte: Elaborada pela autora.
Assim, a ética pode ser entendida como um parâmetro, 
a lei do que seja ato moral, o controle de aplicação da morali-
dade. Ou seja, são os códigos de ética que devem ser exercidos 
para os diferentes conjuntos de grupos dentro do sistema social 
EXPLICANDO
ÉTICA
Princípio teórico-reflexivo
Ética é temporal
Ética é universal
MORAL
Regras de condutas específicas
Moral é temporária
Moral é cultural
16
mais abrangente. Já a moral, por sua vez, de acordo com as ideias 
de Kant e sistematizadas por Chauí (2010), é tudo aquilo que precisa 
ser feito, independentemente das vantagens ou prejuízos que pos-
sa trazer. Se praticarmos um ato moral, podemos até sofrer conse-
quências negativas, já que o que é moral para uns pode ser amoral 
ou imoral para outros.
Figura 4 - Diferenças entre Ética e Moral
Fonte: Editorial Telesapiens.
ÉTICA
Lida com o CERTO e o ERRADO
Modo social de agir: implica no 
consenso e na adesão da socie-
dade.
Norma e regras pessoais: é 
guiada pela cultura da socieda-
de.
Coletivo: se constrói a partir do 
consenso de várias morais.
MORAL
Lida com o CERTO e o ERRADO
Modo pessoal de agir: é adqui-
rida e formada ao longo da vida, 
por experiências.
Normas e regras pessoais: é 
guiada pela consciência.
Individual: é o que fundamenta 
a ética.
17
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu um pouco mais? 
Agora, para reforçarmos o tema de estudo desta primeira parte da 
Unidade 1 e termos a certeza de sua fixação, vamos resumir tudo o 
que vimos até aqui. Você deve ter aprendido que ética e moral são 
conceitos complementares, porém, diferentes em sua essência. 
Além disso, procuramos destacar que a ética é uma reflexão e a in-
ternalização dos valores morais, que são específicos para um grupo 
ou sociedade, pois cada grupo social possui suasnormas e orienta-
ções de conduta. Ao escolhermos orientar a nossa ação pensando na 
preservação positiva da interação social e no bem do outro, estamos 
atuando de forma ética. Nem sempre, durante a história, a ideia de 
ética foi pensada e empregada da mesma forma que adotamos nos 
dias de hoje. A ética nos faz discernir entre certo e errado, mas com 
foco na organização e preservação do social, da manutenção do bem 
estar alheio.
RESUMINDO
18
Conceito de cidadania
Pensar em um conceito de cidadania nos remete a um sentimen-
to de pertencimento a um Estado, uma nação ou um Estado-nação. 
Devemos entender que este conceito vem a ser um grande ponto de 
referência para extrairmos a compreensão de direitos, obrigações 
e deveres de cada indivíduo mediante o todo social que, a partir de 
uma representação política, pode direcionar ou não os interesses de 
um grupo de indivíduos em um sistema político. Estes indivíduos 
podem, ou não, se constituírem como cidadãos. A partir destas con-
siderações, levantamos duas questões: o que é ser cidadão? O que 
podemos entender sobre cidadania?
Para o cientista político e historiador brasileiro José Murilo de 
Carvalho (2002), o conceito de cidadania foi relacionado a um cos-
tume de desdobrar a cidadania em direitos civis, políticos e sociais. 
Por meio desta ideia, ele defenderá que o cidadão pleno seria aque-
le que possuísse os três direitos. Contudo, ainda teria os cidadãos 
incompletos, cujos direitos estariam reduzidos em alguns poucos, 
como também aqueles que não teriam nenhum dos direitos, sendo 
considerados não-cidadãos.
Para ele Carvalho (2002), ao resumir o conceito de cidada-
nia a posse e o gozo de direitos civis, políticos e sociais, também é 
preciso compreender o que significa cada um desses direitos. Neste 
sentido, de acordo com o autor, vemos que:
 • Direito civil: é aquele que garante o ir e vir, além da possi-
bilidade de agrupar-se em movimentos, como sindicatos, de 
realizar greve etc; possuir seus próprios bens (propriedade 
privada); livre organização religiosa ou mesmo ideológica.
 • Direito político: é aquele que se realiza no ato de votar e ser 
votado, na participação da vida política do país. O indivíduo 
pode ser candidato à representação e também pode escolher 
quem quer que o represente.
 • Direito social: é aquele que se refere às ações governamentais 
e da sociedade civil organizada em prover serviços ao cidadão, 
como: saúde, educação e políticas (assistências) sociais.
19
Figura 5 - Cidadania e a relação com os direitos
Fonte: Wikimedia Commons.
O sociólogo britânico Thomas Humphrey Marshall (2002), ao 
desenvolver a discussão sobre o conceito de cidadania, mostra que 
essa concepção foi construída na Inglaterra, antes da Revolução In-
dustrial e em um contexto de necessidade de afirmação de direitos, 
uma vez que o reconhecimento de garantias legais aos nobres, pos-
teriormente aos burgueses e até à classe trabalhadora, mostrou-se 
como uma tarefa primordial à organização das relações de produ-
ção, que se consolidariam mais tarde na sociedade moderna.
Para o teórico, a evolução da cidadania só se concretiza com a 
conquista de direitos ao longo da história. A cidadania é pensada por 
ele considerando aspectos civis, políticos e sociais. Por outro lado, 
se nos voltarmos à origem histórica do conceito, partindo da gêne-
se do seu vocábulo, percebemos que ele vem do latim “civitas”, que 
significa cidade. Esta palavra, cidadania, era comumente utilizada 
no contexto da Roma antiga para identificar a situação política de 
uma pessoa e os direitos que ela poderia usufruir.
Com esse histórico de debates e conceitos, vemos que a ideia 
de cidadania não é algo estável, definido ou adquirido sem um en-
tendimento de ação. Com isso, faz-se necessário destacar que não é 
20
a conquista de um direito que significa que ele vá de fato ser efeti-
vado. A cidadania é um exercício de saber agir da forma necessária 
para ser incluído socialmente, ela também se relaciona com o desejo 
do cidadão em participar da construção de novas relações, da sua 
consciência de direitos e a busca por suas possíveis efetivações.
É muito comum acharmos que a ideia de cidadania pode se resumir 
apenas com a efetivação de direitos para cada indivíduo ou grupo 
social. Entretanto, é necessário destacar que a cidadania envolve 
também uma compreensão dos deveres de cada um para com o seu 
país, estado ou a cidade onde habita. Ter deveres é assumir que há 
uma relação de troca recíproca entre receber, obter ou conquistar 
direitos e praticar a realização de deveres. Ao indivíduo cabe exerci-
tar o cumprimento de um papel social que possui tarefas para con-
tinuamente fortalecer e ressignificar a vida social.
SAIBA MAIS
21
Tabela 2 - Direitos e deveres do cidadão brasileiro
Fonte: Tabela elaborada pela autora e baseada nas informações de Tié Lenzi (Toda 
Política/Cidadania).
Direitos civis
direito à vida;
direito à 
liberdade de 
expressão;
liberdade de ir 
e vir;
igualdade 
entre homens e 
mulheres;
proteção da 
intimidade e da 
vida privada;
liberdade para 
exercer sua 
profissão;
direito à 
propriedade.
Direitos 
sociais
educação;
saúde;
alimentação;
trabalho;
moradia;
transporte;
lazer.
Direitos 
políticos
garantia de voto 
direto e secreto, 
com igual valor 
para todos;
direito a ser 
candidato a 
um cargo nas 
eleições.
—
—
—
—
—
Deveres
participar 
das eleições, 
escolhendo e 
votando nos seus 
candidatos;
estar atento ao 
cumprimento 
das leis do país;
pagar os 
impostos 
devidos;
participar 
da escolha 
das políticas 
públicas;
respeitar os 
direitos dos 
outros cidadãos;
proteger o 
patrimônio 
público;
proteger o meio 
ambiente.
22
Figura 6 - Cidade e cidadania
Fonte: Pixabay.
Com toda a discussão apresentada, é importante lembrar da obra “O 
Cidadão de Papel”, do escritor brasileiro Gilberto Dimenstein, pu-
blicada e vencedora do Prêmio Jabuti de Literatura em 1994. O livro 
aborda o fato de que no Brasil a cidadania está no papel, ou seja, não 
existe de verdade. Isso é perceptível uma vez que o autor destaca 
a violência social e a juventude dos anos 90, além da ausência de 
projetos voltados para educação, informação e a pobreza. De lá pra 
cá muitas situações se atualizaram, mas de todo modo esta obra é 
bastante atual e nos faz refletir sobre o quanto ainda temos por con-
quistar por meio da participação e reinvindicação de nossos direitos. 
Vale a pena lê-lo.
IMPORTANTE
23
Figura 7 – Capa da obra “O Cidadão de Papel”, de Gilberto Dimenstein
Fonte: Editora Ática.
CIDADANIA: refere-se a um conjunto de ações com caráter de rei-
vindicação que se volta para o interesse coletivo. É em seu exercí-
cio que se aprimoram práticas de convivência melhores e tratam da 
qualidade de vida dos habitantes da cidade. Ademais, trata-se de 
um conceito diretamente ligado a uma ideia de aprendizagem so-
cial, que busca em sua culminância o atendimento de direitos, como 
também a compreensão dos compromissos e deveres a cumprir.
É muito importante também entender sobre a relação entre o 
conceito de cidadania e a educação. Pois durante o processo educa-
tivo se desenvolvem valores e uma maior consciência com relação 
a preocupação com o outro, além da responsabilidade para com a 
vida social. Nesse sentido, no Brasil e na América Latina, a partir das 
décadas de 80 e 90, as discussões sobre cidadania, direitos huma-
nos e democracia ganham muito destaque, sobretudo nos exercícios 
da educação formal e informal. Em decorrência disso, foram criados 
documentos formais com o objetivo de orientar a educação para à 
DEFINIÇÃO
24
formação da cidadania. Exemplos claros dessas iniciativas encon-
tram-se nos documentos listados abaixo:
 • Constituição Federal (1988);
 • Lei de Diretrizes e Bases – LDB (1996);
 • Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (1990);
 • Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH (1996);
 • Propostas de Políticas Educacionais.
É notável que existemsentimentos e valores educacionais 
que podem ser desenvolvidos e aprendidos na família ou na escola, 
tanto pela educação formal quanto pela informal, capazes de cola-
borar para o despertar da cidadania. Neste contexo, destacamos os 
valores da cooperação, perdão, respeito, sinceridade, diálogo, soli-
dariedade, combate à violência, bondade, etc. Tratam-se de valores 
presentes em nossa humanidade e quando eles são bem trabalhados 
podem otimizar responsabilidades e aptidões para o fortalecimento 
de relações sociais pautadas na garantia recíproca de efetivação de 
direitos e deveres.
Veja como a LDB 9.394/96 direciona as suas 
diretrizes para uma educação nacional voltada 
à formação do cidadão, disponível no link ou 
no QR Code ao lado:
O professor José Gimeno Sacristán (2000) infere que a dis-
tância entre os direitos no papel e a efetiva cidadania só é possível 
ser estreitada quando os envolvidos tomam para si a atitude de fo-
mentar ideias práticas.
SAIBA MAIS
25
As autoras Claudia Mara de Almeida e Kátia Cristina Dambiski 
Soares (2010) apontam que a ligação entre a vida individual e a co-
munitária só ocorre quando há um reconhecimento mútuo da rele-
vância recíproca entre os dois. Este, para os autores, é o verdadeiro 
sentido da cidadania, sem exclusões sociais.
Já sobre a relação entre cidadania e educação, o educador 
Paulo Freire (2011) orienta que o homem deve ser o sujeito da sua 
ação, criando e transformando o mundo. Em seu olhar, a escola deve 
funcionar como um espaço que tende a oferecer ao indivíduo o exer-
cício da cidadania e a possibilidade de redefinição da realidade.
Figura 8 - Escola e Cidadania
Fonte: Pixabay.
Saiba mais sobre a cidadania em contexto escolar através do artigo 
acadêmico “Cidadania em contexto escolar: concepções e práticas” 
escrito pelas pesquisadoras Francielle Barrinuevo Zambon e Francieli 
Araujo (Universidade Estadual de Londrina).
SAIBA MAIS
26
E então? Como foi a experiência de aprendizagem com o conceito de 
cidadania? Vamos resumir um pouco do que vimos até aqui, ,para 
que você possa fixar o assunto desta parte da Unidade. Você deve 
ter aprendido que é muito importante compreender que a cidadania 
é um conceito que articula nossos direitos e deveres. Além disso, o 
exercício da mesma torna a coletividade ativa e integrada para uma 
harmonia social. A cidadania destaca a liberdade e a convivência co-
munitária muito mais do que qualquer questão de relações de poder 
ou governo constituído. Ser cidadão é participar de forma ativa da 
realidade social em que se está inserido, protagonizando a busca 
de qualidade de vida para seus membros, pela via da efetivação de 
direitos. No entanto, não devemos esquecer que também possuí-
mos deveres com a nossa comunidade. Por fim, vimos o importante 
papel que a educação ocupa na formação do cidadão, uma vez que 
através da educação formal e informal é possível transmitir os valo-
res para a formação cidadã, oferecendo liberdade e autonomia para 
os indivíduos atuarem na sociedade de forma digna.
RESUMINDO
27
A ética social e a política
Iniciamos nossos estudos sobre a ética e a política considerando 
o pensamento da filósofa alemã Hannah Arendt (2003) que nos 
mostra que política é ação e, portanto, nenhuma questão política 
pode, segundo ela, estar submetida a subjetividade. Na visão des-
ta autora, o entendimento da ideia de práxis é a mola mestra para 
a compreensão de seu conceito de ética, que muito está relacionado 
com o que já vimos aqui. Para ela, a ética envolve-se com o cuidado 
com o mundo, com o espaço das relações humanas e também com 
o local que permite a vida e a singularidade humana.
Arendt (2003) preocupa-se não com a subjetividade do 
homem, mas sim com os homens em pluralidade. Assim, perce-
bemos que o conceito de ética social está direcionado para este 
olhar. A filósofa aponta que as atividades humanas são o resultado 
da produção desenvolvida no mundo da vida ativa, além disso, é no 
mundo (na práxis) que o homem transita e desenvolve atividades 
que condicionam sua existência. O cuidado com o mundo é, por con-
seguinte, o cuidado com a singularidade humana, para a autora.
Permanecendo neste raciocínio, as reflexões de Hannah 
Arendt colaboram para o nosso conhecimento sobre a questão 
política, pois ela define que esta atividade não deve se submeter 
às questões morais, contrapondo-se as ideias do pensador italia-
no e renascentista Nicolau Maquiavel ao afirmar que a política não 
deve ser guiada para atingir meios e fins. Popularmente é atribuída 
a Maquiavel, um dos clássicos da política, a frase de que os fins jus-
tificam os meios, contudo, Arendt (2003) acredita que se a pratici-
dade é o agir, então a forma instrumentalizada de calcular formas 
para atingir objetivos em política acabam por se configurarem em 
pré-ação e teoria para controlar a ação. Segundo a filósofa alemã, 
a política não deve seguir qualquer natureza ou espírito, mas sim ter 
o compromisso com o “espírito correto”, algo que se define em si 
mesmo, sem qualquer teleologia ou previsibilidade. A ação política 
informa a distinção articular de cada homem.
Ainda seguindo o pensamento de Arendt (2003), a ética é a 
pluralidade humana constitutiva do mundo, o que faz a ideia de uma 
28
ética social ser mais forte e presente para que as relações humanas 
se processem de forma operativa. Visto dessa forma, a pensadora 
mostra que a ética varia de acordo com o espaço político e o agir 
é livre de qualquer determinação.
 A discussão que trouxemos até aqui serve para evidenciar 
que a experiência coletiva das pessoas e sua respectiva construção 
cultural têm em si mesmas um valor significativo para a compreen-
são do conceito de ética social. Inclusive, ao abordarmos tal conceito 
estamos, na verdade, no campo do pensamento sobre o que pode 
ou não ser aceitável socialmente. Ademais, isso se deve ao próprio 
princípio que o conceito traz consigo: a ideia de que os membros 
de uma comunidade precisam de cuidados de forma homogênea.
ÉTICA SOCIAL: conjunto de regras e diretrizes que balizam as es-
colhas e comportamentos de uma sociedade que resolveu adotá-los 
como padrões de conduta. Ela funciona como um roteiro, um código 
de práticas, mas sem que haja uma necessidade de dizer o que se 
deve ou não seguir, ou seja, tratam-se dos modelos que são funda-
mentalmente seguidos socialmente.
A ética social apresenta princípios que precisamos conhecer: 
à dignidade da pessoa; o direito de propriedade; a primazia do tra-
balho; a primazia do bem comum; à solidariedade e subsidiariedade.
Em continuidade, o escritor Antônio Lopes de Sá (2009) de-
senvolve a ideia de que existem hábitos dignos de louvor, isto é, 
existe uma conduta virtuosa padrão que serve de referência quan-
do pensamos no respeito a todos os seres humanos. O autor bus-
ca em Aristóteles a lógica da virtude já que, para o filósofo grego, 
se um homem adota uma conduta virtuosa em um local onde não há 
a prática comum desta atitude, então este seria um homem virtuoso.
DEFINIÇÃO
29
Em Aristóteles (1997) vemos também 
uma iniciativa em considerar que o verdadei-
ro sentido da ética é voltar-se para a comuni-
dade na amplitude da mesma e no exercício 
da cidadania, objetivando a formação e or-
ganização da consciência política humana. 
Para ele, “o homem é um animal político”.
Dessa forma, é possível traçar ime-
diatamente uma relação entre a ética social 
e a política, pois, conforme Aristóteles de-
marca em seus estudos, a política é o campo 
da busca do bem comum. Nesse sentido, vale 
a ideia de que ética e política devem caminhar 
lado a lado, uma vez que ambos os conceitos 
apresentam um viés corporativo, aquele que 
conduz ao bem-estar da comunidade, do co-
letivo, do social.
Analisando a etimologia da palavra política, observamos 
que ela é derivada do termo grego pólis (politikós) e seu signifi-
cado diz respeito ao urbano, ao civil, ao que é da cidade (da pólis).
O cientista político Francisco Correia Weffort(2001) mos-
tra que os pensadores clássicos podem nos guiar na compreensão 
do conceito fundamental de política, como também na sustenta-
ção da sua relação com a ética, já iniciada acima. Segundo o autor, 
para Thomas Hobbes a humanidade vivia em estado de anarquia 
e ao criar a sociedade, através do pacto social, formou-se conjunta-
mente a chamada sociedade política. Para o filósofo clássico inglês, 
os homens mediante seu estado de guerra abriram mão de suas de-
cisões e escolhas mais individuais para constituírem o Estado sobe-
rano, que não permitiria a volta ao Estado de natureza (estágio en-
tendido com a ausência de sociedade). Tal movimento fez com que 
a representação política desses homens fosse delegada ao soberano, 
que deveria exercer o seu poder em favor do bem comum, garantin-
do o perfeito funcionamento de todo grupo social.
Em sua obra, o cientista político também revela que em John 
Locke vemos que no Estado de natureza não teria um significado 
Figura 9 – Capa da 
obra “A Política”, de 
Aristóteles
Fonte: Edipro.
30
de caos, mas de ordem e razão. Segundo o filósofo empirista inglês, 
o Estado surgiu para assegurar a lei natural, bem como para man-
ter a harmonia entre os homens. Locke destaca que não houve uma 
transmissão dos direitos naturais ao Estado, pelo contrário, ocorreu 
um cessão temporária deles, pois o pensador acredita que a sobe-
rania é um valor e que deve ser exercido pela maioria, assim como 
o respeito aos direitos à vida, à liberdade, à propriedade.
Weffort (2001) apresenta, ainda, a teoria de Jean Jacques 
Rousseau, que parte do princípio de que houve um Estado de na-
tureza que não se constituía no caos de Hobbes e nem no mundo 
ordeiro e racional, como assegurava John Locke. Os homens viviam 
em caráter de desigualdades, mas eram livres e felizes. A sociedade 
política surge, então, como um mal necessário para manter a ordem 
e evitar o retorno das desigualdades. Assim, na criação do Estado 
a partir do contrato social, o indivíduo cedeu parte de seus direitos 
naturais para a criação de uma entidade detentora de uma vontade 
geral, portanto, a soberania do Estado é a incorporação da vontade 
geral de todos.
John Locke, Thomas Hobbes e Jean Jacques Rousseau integram 
os teóricos do volume 1 da obra “Os clássicos da política”, organi-
zado por Francisco Correia Weffort. Os filósofos clássicos discutem 
a criação do Estado a partir de um pacto social, fomentado pe-
los homens. Para saber mais sobre tais teorias, leia: WEFFORT, 
Francisco Correia (Org.). Os clássicos da política: Maquiavel, 
Hobbes, Locke, Montesqueu, Rousseau, “O federalista”. v. 1. 13 ed. 
São Paulo: Ática, 2001.
Uma questão que merece ser ressaltada é a de que todos es-
ses pensadores falam de política como um lugar de representação 
de todos e essa possibilidade de ação está diretamente vinculada 
à concepção de ética social. Isso pois, quando se analisa a criação 
DICA
31
do contrato social, a organização da sociedade política e a soberania 
da vontade geral, deve-se considerar o princípio de comando polí-
tico com referência da orientação ética, do governar para o outro.
Semelhante ao que pensamos, temos visto nos dias atuais 
a questão da ética social nas empresas e, no interior das socieda-
des empresariais, já existem comportamentos de valorização e di-
mensionamento da preservação ambiental, por exemplo. Ideias 
e projetos ecológicos que, inclusive, fundem-se com perspectivas 
de responsabilidade social, além disso, muitos líderes corporati-
vos precisam, por normas éticas, doar uma porcentagem dos lucros 
anuais para instituições de caridade. Essa pode ser uma ação que 
está diretamente vinculada com a real necessidade de ajuste para 
condutas que são aceitas, valorizadas e instituídas socialmente. 
Temos muitos padrões que fortalecem a ética social e que se in-
cluem nos valores familiares, nas crenças religiosas, na morali-
dade e na integridade.
Figura 10 - Problemas para a Ética Social
Fonte: Elaborada pela autora (2019).
Os desafios para a ética social, aliada a representação políti-
ca, são obstáculos ainda vigentes no mundo atual. Com base neles, 
é preciso rever práticas e condutas de gestão de comunidades, re-
cursos e da própria concepção de coletividade e bem comum.
CLONAGEM 
HUMANA
ECONOMIA
POBREZA
IMIGRAÇÃO
FOME
32
Entendeu um pouco sobre a relação entre ética social e política? Nes-
ta parte da Unidade procuramos demonstrar como os conceitos de 
ética social e política devem estar associados para a prática do bem 
comum. Reforçamos que a ética consiste em uma regra usada para 
focar na construção do relacionamento com os outros, além disso, 
destacamos que. o sentido e conceito de ética social foi desenvolvi-
do como um verdadeiro código de conduta que é aceito e praticado 
pelos membros de um grupo social. Falamos também dos clássicos 
da política: Hobbes, Locke e Rousseau, com o intuito de mostrar que 
em meio ao caos social os homens criaram a ordem e delegaram sua 
concepção de representação ao Estado, acreditando que este pode 
gerir suas vontades comuns. Vimos cada pensador com a sua teoria, 
mas no bojo conceitual, o principal é entender que a política deveria 
conduzir a sociedade pela lente da ética, já que em sua originalidade 
conceitual, ela pode se voltar para o bem comum.
RESUMINDO
33
A ética e a moral na contemporaneidade
Chegamos na parte desta Unidade em que será possível estabe-
lecer uma reflexão muito importante e capaz de promover novos 
olhares sobre as diferentes situações em que vivemos nos tempos 
atuais. Devemos observar a relação sobre ética e moral na sociedade 
contemporânea para que possamos entender melhor os diversos 
posicionamentos em diferentes culturas e grupos sociais.
Anteriormente vimos que existem desafios impostos à aná-
lise da ética social, vinculada à política, mas a partir de agora pre-
cisamos pensar na generalidade das concepções de ética e moral 
já aprendidas e que podem ser utilizadas para o entendimento 
dos diversos desafios.
Vamos iniciar nossa reflexão escolhendo um dos grandes 
problemas da humanidade, cuja dimensão nos entristece: a fome 
mundial. A fome é uma questão social, mas atente-se para a relação 
com que os países de primeiro mundo têm no que se refere ao tra-
to desta problemática. Você poderá entendê-la melhor ao acionar 
os conceitos de ética e moral, aplicando-os tanto para analisar 
quanto para refletir sobre as informações das duas reportagens 
apresentadas abaixo:
 • Primeira reportagem:
Fome extrema atinge mais de 113 milhões no mundo
África é o continente mais afetado Influenciado por conflitos armados
DEUTSCHE WELLE 
02.abr.2019 (terça-feira) - 18h32 
atualizado: 03.abr.2019 (quarta-feira) - 7h12
Mais de 113 milhões de pessoas em 53 países sofreram “insegurança 
alimentar aguda” em 2018, afirma um relatório global da ONU sobre 
a crise alimentar divulgado nesta terça- feira (02/04).
O relatório apresentado pela União Europeia (UE), Orga-
nização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) 
e o Programa Alimentar Mundial (PAM), entre outras organizações, 
destaca que o problema afeta principalmente o continente africano.
34
Os países que atravessaram as mais graves crises alimentares 
são: Iêmen, República Democrática do Congo, Afeganistão, Etiópia, 
Síria, Sudão, Sudão do Sul e o norte da Nigéria.
Dominique Burgeon, chefe de emergências da FAO, afirmou 
que os países africanos são atingidos de forma “desproporcional” 
pela fome aguda, com quase 72 milhões de pessoas afetadas. Segun-
do o documento, nos últimos três anos, cerca de 50 países vivem 
dificuldades cada vez maiores para alimentar a suas populações.
A principal causa da insegurança alimentar em todo o mundo 
foram as guerras. Cerca de 74 milhões de pessoas, ou seja, dois ter-
ços da população que enfrenta a fome aguda, estavam em 21 países 
ou territórios localizados em zonas de conflito, assim como já havia 
ocorrido em 2017.
“Nesses países, até 80% das populações afetadasdependem 
da agricultura”, afirmou Burgeon. “Estas pessoas precisam receber 
assistência humanitária de emergência para poder se alimentar e con-
dições para impulsionar a agricultura.”
Em 2018, o número total de pessoas que sofreram fome aguda 
apresentou leve redução em comparação a 2017 (124 milhões). Isso 
pode ter ocorrido em razão de alguns países estarem menos expos-
tos a riscos climáticos violentos, como secas, inundações ou chuvas.
“Este recuo no valor absoluto é um epifenômeno”, minimizou 
Burgeon. A redução ocorreu “devido à ausência do fenômeno climáti-
co ‘El Nino’, que afetou muito as culturas na África Austral e no Sudeste 
Asiático em 2017”. “Por causa dos violentos ciclones e tempestades em 
Moçambique e no Malawi este ano, já sabemos que esses países estarão 
no relatório do ano que vem”, observou.
José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO, avalia que, ape-
sar da ligeira queda em 2018 no número de pessoas com insegurança 
alimentar aguda, a forma mais extrema de fome, “o número ainda 
é alto demais”.
Ele diz que é preciso investimentos de grande porte no de-
senvolvimento, ajuda humanitária e na construção da paz “para 
construir a resiliência das populações afetadas e pessoas vulneráveis”, 
acrescentando que “para salvar vidas, também temos que salvar 
os meios de subsistência”.
35
O diretor-executivo do PAM, David Beasley, observou que 
para erradicar a fome é necessário atacar suas causas fundamen-
tais. “Conflitos, instabilidade, impacto dos choques climáticos. Rapazes 
e moças precisam ser bem nutridos e educados, as mulheres precisam 
ser verdadeiramente fortalecidas, a infraestrutura rural deve ser forta-
lecida para conseguirmos esse objetivo de fome zero”, destacou.
O relatório pede o fortalecimento da cooperação entre a pre-
venção, preparação e reação no atendimento às necessidades hu-
manitárias urgentes e às causas profundas, que incluem as mudan-
ças climáticas, choques econômicos, conflitos e deslocamentos.
RC/afp/lusa/dpa
Fonte: Poder360. Acesso em 04 de julho de 2022.
 • Segunda reportagem:
Saiba quem é a brasileira que doou R$ 88 milhões a Notre-Dame
Viúva de banqueiro, ela tem sala em sua homenagem no Louvre
Da Redação 
17.04.2019, 18:32:00 
Uma brasileira está entre os bilionários que doaram grandes somas 
para a reconstrução da Catedral de Notre-Dame, de Paris, atingida 
por um grande incêndio na segunda-feira (15). Lily Safra, 81 anos, 
viúva do banqueiro Edmond Safra, enviou para a campanha de re-
construção um cheque de 20 milhões de euros - cerca de R$ 88 
milhões. Segundo o Glamurama, ela tem fortuna estimada em 1,3 
bilhão de dólares (R$ 5,1 bilhões).
A bilionária atualmente se divide entre casas que tem na Eu-
ropa - vive entre Mônaco, Londres, Nova York e a própria Paris. 
Ela já recebeu uma Légion d’Honneur, uma medalha de honra dada 
para pessoas que contribuíram com a França. Uma sala no Museu 
do Louvre, a Galeria Edmond et Lily Safre, é batizada em homena-
gem a ela e ao falecido marido. O ambiente é todo decorado com mo-
biliário do século 18 doado pelo casal.
Um livro da jornalista canadense Isabel Vincent chama a bi-
lionária de “Lily Dourada”, nome da biografia. A escritora, que era 
36
na ocasião repórter do New York Post, passou cerca de um ano no 
Brasil entrevistando pessoas sobre o casal. A publicação traz deta-
lhes sobre o suicídio do segundo marido de Lily, o empresário Alfre-
do Monteverde. No almoço antes da morte, Lily e o marido discuti-
ram detalhes do divórcio. Quando ela saiu, ele tirou a própria vida.
O pai de Lily era um inglês do ramo de ferrovias que che-
gou ao Brasil no início do século XX. Ela nasceu em Canoas, no Rio 
Grande do Sul. Seu primeiro marido, o argentino Mario Cohen, era 
um milionário fabricante de meias de náilon. O casal viveu no Bra-
sil, Argentina e Uruguai e teve três filhos - o mais novo, Claudio, 
morreu em 1986 em um acidente de carro. A relação com Monte-
verde veio depois - ela se divorciou para ir morar no Rio com a nova 
paixão, que era empresário e foi fundador da rede Ponto Frio. Mon-
teverde tirou a própria vida em 1969. Eles tiveram dois filhos.
Depois, Lily se mudou para o Reino Unido, onde morou por 10 
anos. Ela chegou a casar em 1972 com um inglês, mas o casamento 
foi posteriormente anulado. Então conheceu Safra, na época o bra-
sileiro mais rico do mundo. Os dois se aproximaram durante uma 
disputa em um leilão, segundo a revista Joyce Pascowitch. Edmond, 
já quarentão, ganhou e comprou a escultura, mas presenteou Lily 
com a obra. Libanês naturalizado brasileiro, era um homem mui-
to discreto. Viveram muitos anos em Nova York, em uma cobertura 
repleta de pinturas e esculturas — arte era uma paixão de ambos.
O casamento durou 23 anos, até que em 1999 Safra morreu. 
Em Mônaco, onde passavam temporadas, Edmond Safra foi víti-
ma de um incêndio. Seu corpo foi achado na banheira de uma suíte, 
próximo ao de sua enfermeira. O julgamento sobre o caso consi-
derou culpado pelo incêndio um de seus enfermeiros, Ted Mahrer, 
que teria ateado fogo a uma lixeira para salvar o patrão, como herói, 
depois. Trancado no banheiro por seis horas, o empresário morreu 
asfixiado pela fumaça. Safra lutou nos últimos anos de vida contra 
o Mal de Parkinson e tinha acompanhamento especializado em casa. 
Em 1998, ao revelar que sofria a doença, ele fez doação de 50 mi-
lhões de dólares a uma instituição de pesquisa sobre o tema.
Desde a morte do marido, Lily passou a se desfazer de parte 
dos bens e se envolver mais com ações filantrópicas, com a Fun-
37
dação Edmond J. Safra. Em 2004, ela doou 10 milhões de dólares 
à Universidade Harvard e o mesmo valor para uma entidade criada 
pelo ator Michael J. Fox para pesquisar a origem do Mal de Parkin-
son. Em 2005, colocou à venda 800 peças de sua coleção particu-
lar de arte pela casa de leilão Sotheby’s. “Minha vida e meus inte-
resses mudaram, e já não tenho tempo nem escala nas casas para 
apreciar a coleção como fazíamos antes. Tive então que tomar uma 
decisão difícil: é hora de transferir aos outros o prazer de possuir 
estes tesouros”.
Arrecadação
A campanha para reformar Notre-Dame arrecadou até ago-
ra quase 1 bilhão de euros. Entre os doadores famosos está Fran-
çois-Henri Pinault, marido da atriz Salma Hayek, do grupo Kering, 
que afirmou que vai contribuir com 100 milhões de euros. O grupo 
LVMH, da bilionária família Arnault, também doou € 200 milhões 
(R$860 milhões).
A empresa francesa de cosméticos, L’Oréal, dará 200 milhões 
de euros, um valor agregado aos 200 milhões doados
pelo grupo LVMH e aos 100 milhões prometidos respectiva-
mente pela família Pinault e pela petrolífera Total.
O presidente francês Emmanuel Macron disse que a França 
iria contar com ajuda de “talentos” para reconstruir a torre mais 
alta da construção, que ficou destruída. Ela afirmou que em 5 anos o 
local estará totalmente renovado e “ainda mais bonito”.
[...]
Fonte: Correio 24 horas. Acesso em 04 de julho de 2022.
A seguir, observe uma possível análise para à questão da fome, 
em face das circunstâncias expostas nas reportagens anteriormente.
Sob a ética do bem comum, quando comparamos as duas 
reportagens, logo nos vêm uma ideia de que a bilionária que doou 
milhões para a reconstrução da Catedral de Notre Dame, na Fran-
ça, supostamente não está apresentando uma preocupação ética em 
relação aos números da fome africana, problemática apresentada 
na primeira reportagem.
38
Esse tipo de reflexão, na verdade, é um importante exercício 
para a nossa compreensão sobre ética e moral. Em nossa observa-
ção, é possível perceber que devido a bilionária, com toda a sua ri-
queza, em se disponibilizar para ajudar nos custos da reconstrução 
de um patrimônio histórico da humanidade, a Catedral de Notre 
Dame, poderíamos compreender que para sua moral (a moral que 
a formou e a cultura da qual ela pertence) há um sentido de nobreza 
em tal gesto. No entanto, podemos conceber como “imoral” a ati-
tude dela em relação a não se disponibilizarpara doar uma quantia 
similar para o combate à fome na África. Note que esta situação é só 
um exemplo ou uma forma de debatermos questões contemporâ-
neas sob a perspectiva da ética e da moral.
Semelhante a esta reflexão, vemos também a situação da vio-
lência que invade as escolas no mundo inteiro. Há diversos casos de 
jovens e adultos que cometeram atentados sem qualquer escrúpu-
lo, fazendo alunos e alunas inocentes vítimas fatais de suas ações. 
De forma que nos colocamos perplexos, sem palavras, transtorna-
dos e tristes diante destas notícias.
Figura 11 - Violência nas escolas
Fonte: R7.
O fenômeno da violência nas escolas suscita reflexões sobre 
a moralidade presente no contexto em que ocorre, como também 
nos provoca a pensar acerca das nossas crenças éticas e se é possí-
vel traçar explicações para a ocorrência de tais atitudes por parte 
de alguns indivíduos. Tal conduta pode ser uma consequência de 
uma suposta situação de violência vivida na infância ou em decor-
39
rência dos atos de bullying sofridos na adolescência, por exemplo. 
Diante destas circunstâncias violentas é imprescindível que cada 
escola esteja atenta e preparada para acolher e formar os seus alu-
nos, fortalecendo os valores morais de bem comum e de promoção 
pessoal com cada aluno.
O importante em todas essas ideias e reflexões é compreen-
der a relatividade das situações, além da profundidade e contextua-
lização dos conceitos de ética e moral. Com isso, não estamos aqui 
para defender criminosos ou indivíduos negligentes com a questão 
social, pelo contrário, mostramos que matar não é ético, mas bus-
camos pensar sobre qual moral pertence aquele que pratica tal ato. 
Dessa forma, consideramos que na atualidade, com as situações 
desafiadoras trazidas pela era da globalização, a atual crise das re-
presentações políticas, a recessão econômica, a individualização, 
a tendência ao xenofobismo, a intolerância às diferenças, o avanço 
das tecnologias digitais e os estudos das possibilidades de mutações 
genéticas, vemos a grande importância da educação para a forma-
ção ética e da moralidade nos indivíduos.
O professor Marcus Levy Bencostta (2007) afirma que as ins-
tituições educacionais são fundamentais para o aprendizado de co-
nhecimentos específicos na formação de indivíduos autônomos ca-
pazes de interagir com as diferentes situaçsões que podem vivenciar 
no mundo contemporâneo. Ademais, o professor espanhol Adolfo 
Sánchez Vázquez (2003) nos lembra bem que a função social da mo-
ral deve ser a de regulamentação das relações entre os homens para 
contribuir com a manutenção e garantia da sociedade. Da mesma 
forma que é importante relembrar que a ética é uma prática direta-
mente relacionada à ação humana.
Bencostta (2007), em suas considerações, ainda reforça que 
a atividade em sala deve ser capaz de desenvolver habilidades 
e competências que colaborem para a definição de soluções para di-
lemas sociais. Pois é na escola que se pode criar um ambiente ideal 
para o aprendizado e a prática da ética, como também para a for-
mação do caráter e a possibilidade de falar sobre respeito, justiça, 
solidariedade e moral.
40
Por fim, o autor relaciona algumas propostas de trabalho 
para que tudo isso aconteça na escola. Observe:
 • Trabalhar conceitualmente – definir o conceito de ética e pro-
mover o debate criativo. Aceitar e mediar as opiniões das tur-
mas;
 • Construir uma atividade relacional – fornecer desafios para 
que os alunos e alunas convivam com a diferença;
 • Incentivar a tomada de decisões – Levar alunos e alunas a 
pensar nas situações concretas e como seria decidir pelo certo 
ou errado naquela situação. Por exemplo, desde contar uma 
mentira para sair mais cedo da escola até mesmo pensar a 
corrupção na política;
 • Jogar com situações limítrofes – apresentar circunstâncias 
em que o aluno é levado a pensar como se um familiar ou ami-
go estivesse em uma situação de risco, por exemplo;
 • Criação de regras com a turma – essa situação leva a debates 
quanto ao que os alunos querem para suas rotinas em termos 
de normas de conduta e o que realmente fazem, uma reflexão 
sobre o pensamento e ação.
Neste último tópico da Unidade 1 fomos capazes de revisar e exer-
citar a aplicação dos conceitos de ética e moral, você percebeu? 
Pensando sobre situações do contexto contemporâneo, vimos que a 
ética está sempre ligada a nossa formação moral. Compreendemos 
que ética e moral são conceitos que devem ser trabalhados na edu-
cação formal, ou seja, na escola. Além disso, não se pode prescindir 
de considerar que em situações afetadas por uma crise de valores os 
indivíduos podem deixar de agir conforme a moral e a ética social-
mente vigentes.
RESUMINDO
UN
ID
AD
E
2
Objetivos
1. Debater e compreender como o conceito de ética tem sido uti-
lizado na sociedade contemporânea.
2. Exprimir como problemas éticos podem apresentar-se nas 
profissões em cenários atuais.
3. Debater e entender a importância do Código de Ética para as 
diferentes profissões.
4. Demonstrar como se desenvolvem os princípios éticos em 
profissões não regulamentadas.
42
Introdução
Você sabia que pensar sobre ética em tempos atuais nos leva a ter 
que compreender cada vez mais as transformações sociais, econô-
micas e políticas em nossas vidas? No cenário de agudas mudanças 
trazidas pela globalização, vemos uma acentuada necessidade de 
atuar com ética para que a sociedade e as relações humanas possam 
acontecer de forma íntegra. Temos, ainda, a reflexão sobre nossa 
conduta e atuação no mundo profissional, portanto, precisamos 
saber como o conceito de ética colabora para definir determinados 
olhares e ações em diferentes profissões. O mundo do trabalho mudou, 
as situações que se apresentam são inovadoras, mas e quanto aos 
códigos de conduta no ambiente de trabalho? Será que eles possuem 
sua validade? Vamos lá! Esse é um convite para nos aprofundarmos 
nesses temas.
43
A ética no mundo do trabalho
Ao término desta Unidade você deverá estar debatendo e compreen-
dendo como o conceito de ética tem sido utilizado na sociedade con-
temporânea. Além disso, será capaz de avaliar diferentes situações 
que ocorrem no dia a dia das nossas rotinas de trabalho e que susci-
tam frequentemente uma ação fundamentada em uma visão ética, 
que aprendemos anteriormente. Vamos lá! Temos muito a aprender!
A ética e a sociedade globalizada
O filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1999) nos apre-
senta a ideia de que a globalização é um processo do qual não 
conseguimos fugir, ela está em toda parte, seja financeira ou cul-
turalmente, invadindo nossas vidas e intensificando as trocas 
comerciais, culturais, sociais e políticas. Todo esse movimento, 
para o autor, gera mudanças nos costumes, tradições e valores. Ele 
aponta que a globalização tem o mérito de aproximar e distanciar 
culturas e mundos diferentes. Essa dinâmica, em seu olhar, pode 
gerar exclusões e/ou segregações de indivíduos e grupos. Segundo 
o teórico, não há fixidez para os centros de produção de significado 
e valor, pois estes são extraterritoriais e emancipados de restrições 
locais. É a condição humana que dá sentido a esses valores.
Complementando esta visão, vemos em Viviane Forrester 
(1997) que a evolução tecnológica e a globalização trazem além da 
crise de emprego, uma profunda redefinição da humanidade civili-
zada, revelando um mundo em que uma minoria de indivíduos passa 
a ter valor na vida social e produtiva. Os desempregados são os ex-
cluídos e o capitalista não se preocupa com mais nada além do lucro, 
o que agrava a questão dos problemas sociais.
OBJETIVO
44
Figura 1- Globalização
Fonte: Freepik.
Essa introdução marca bem o cenário de expansão econômi-
ca, política e cultural a nível global que vivenciamos nos dias atuais. 
A globalização como processo dinâmico não se manifesta igualmen-
te em todos os lugares, observe as características deste fenômeno:
Homogeneização de centros urbanos e hibridização cultural:uma tendência a considerar países e comunidades como uma al-
deia global, além de uma inclinação a padronizar gostos e prefe-
rências culturais. Por isso, a globalização é também conhecida como 
mundialização, em que há diferentes movimentos de aculturação e 
transculturação, gerando hibridização, apontando novas culturas 
que surgem pelo profundo e intenso contato que os países iniciam 
e investem.
Amplitude de corporações para regiões fora de seus núcleos geo-
políticos: as trocas comerciais se intensificam e, por conta disso, as 
corporações passam a ter sedes, matrizes e pontos de negócios em 
várias localidades em nível mundial.
“Boom” da tecnologia nas comunicações e na eletrônica: a che-
gada da internet torna mais fácil comunicar-se, além de facilitar a 
geração de informações e dados sobre diferentes campos da vida e 
da Ciência com o advento das redes sociais.
IMPORTANTE
45
Redefinição geopolítica do mundo em blocos comerciais: o mundo 
passa a ser considerado a partir das alianças comerciais e financei-
ras que os países conseguem formar.
Figura 2 - Hibridização cultural
Fonte: Freepik.
HIBRIDIZAÇÃO CULTURAL: processo de trocas culturais entre gru-
pos em contato, que gera uma “nova” cultura neles, com diferenças 
nos valores, hábitos e tradições que antes definiam as culturas que 
entraram em contato. Em geral, é como se uma cultura em contato 
com a outra influenciasse na geração de mudanças. Neste processo, 
há uma forte presença de aculturação e transculturação.
Nos perguntamos quais são os tipos de problemas éticos que 
surgem com todas essas transformações. Logo, identificaremos 
uma sucessão deles, já que a ética, dentro de uma perscpectiva glo-
bal, nunca esteve tão evidente, em virtude das redefinições socio-
culturais, misturas de valores e trocas de rotinas culturais que fre-
quentemente confundem os indivíduos. Mas, é preciso atentar que 
a ética continua a informar acerca do bem comum, sobre a preser-
vação do outro e da sociedade em que se situa. Na verdade, é muito 
DEFINIÇÃO
46
mais que isso, trata-se de considerar o bem-estar mundial Pensar 
sobre a globalização pela ótica moral é refletir e situar-se no bojo 
da velocidade de informações, como também da intensidade das 
trocas comunicacionais, pois nada escapa das inferências e posta-
gens trazidas pela facilidade da internet em nosso dia a dia. O neo-
liberalismo e a liberdade de mercado, do ponto de vista econômico 
da globalização, nos leva à uma realidade em que poucos usufruem 
da riqueza geral do planeta e muitos vivem em condições de neces-
sidades extremas. Destas primeiras situações, indagamos que seria 
ético pensar cada vez mais na amplitude de lucros para uma mino-
ria e a precarização ou exclusão social para a grande maioria diante 
de um cenário neoliberal da economia global. Além do mais, quan-
to às redes sociais, as criações e divulgações de notícias, tornam-se 
verdades absolutas para quem as lê e que, muitas vezes, não tem 
acesso a uma educação crítica que permita escrutinar, investigar 
e debater as informações veiculadas, em busca da verdade.
Figura 3 - Social media
Fonte: Freepik.
O professor e geógrafo Milton Santos (2003) afirma que a glo-
balização mostra a face de um mundo mágico em que todos podem 
ter tudo na palma da mão. Contudo, há diferenças locais profun-
das que não se encaixam em homogeneização geopolítica de for-
ma alguma. Existe um incentivo ao consumo exagerado, o que leva 
às pessoas a passarem umas por cima das outras para adquirir coi-
sas e valores que, muitas vezes, não estão ao seu alcance financeiro, 
47
por exemplo. Essa reflexão do autor nos leva a entender que o conceito 
de ética balança e se fragiliza diante de tantas solicitações fantasiosas.
O autor avança em seus estudos e ainda procura demonstrar 
que há um desemprego estrutural, já que algumas profissões se ex-
tinguem e a questão da ocupação profissional tem sido bastante 
problemática, uma vez que os indivíduos entram em um exaustivo 
embate para poder ocupar uma vaga ou conseguir uma reinserção no 
mercado de trabalho com uma alta concorrência e em transformação.
DESEMPREGO ESTRUTURAL: é aquele resultante das transfor-
mações na estrutura econômica mundial ou local, com a intro-
dução de novas tecnologias que inovam e promovem a criação de 
empregos. No caso da globalização, vemos que muitas profissões 
acabam e outras são criadas, mas há um distanciamento entre 
a criação de novos postos de trabalho e a preparação de recursos 
humanos para ocupá-los.
O vídeo acima, é uma boa referência de aprendizagem, por 
trazer algumas reflexões sobre a questão moral, a ética que deve 
prevalecer em nosso mundo globalizado. O que precisamos enten-
der é que a ética a ser trabalhada hoje, é a ética do consenso, da boa 
vontade, da gentileza e da solidariedade. O sentimento de indivi-
dualismo, trazido por este cenário, colabora para um pensamento 
de que “cada um deve ser por si e Deus por todos”. Assim, os indi-
víduos passam a se isentar da responsabilidade de cuidar uns dos 
outros. A solução para os problemas de ordem moral que emanam 
da globalização está no diálogo e reforço de que ainda podemos sus-
tentar um mundo de respeito e cuidado coletivo.
O próprio respeito ao ecossistema do planeta é uma dis-
cussão ética muito longa, pois exige das empresas e dos indiví-
duos, um olhar de sustentabilidade e responsabilidade social com 
o mundo. Isto é, não deveria ser possível avançar economicamente 
DEFINIÇÃO
48
sem impor limites à degradação da natureza. Um caso recente, no 
Brasil, que nos evidencia esta realidade, foi o que ocorreu em 2019, 
em Brumadinho, Minas Gerais.
Concluindo, a globalização é o resultado das relações huma-
nas e precisa então, haver uma tomada de consciência para a busca 
de soluções mais próprias, diferenciais, para os problemas recor-
rentes e emergentes que se desenvolvem em decorrencia das mu-
danças e propostas da mundialização. Se não tomarmos consciên-
cia da necessidade do bem comum, a humanidade terá que pagar 
um preço bastante caro pelas ações irracionais e fora das perspec-
tivas éticas que deveriam ser propagadas.
Sobre o desafio ético na era da globalização, leia o artigo “Um de-
safio (ético) na era da globalização: a Informação” de Paulo Antunes 
e Sara Vargas (2016).
Nos estudos apresentados acima, tratamos de apresentar 
o cenário da globalização e trazer considerações sobre o seu concei-
to e as perspectivas em diálogo com a concepção de ética. Falamos 
sobre o avanço econômico e a sustentabilidade humana, como tam-
bém procuramos perceber que a ética é um princício fundamental 
para este mundo que se transforma em virtude da revolução tecno-
lógica, promovendo de fato uma redefinição e mudanças no mer-
cado de trabalho cada vez mais velozes. E você, como enxerga essa 
relação entre a ética e globalização?
DICA
49
Problemas éticos nas profissões
Iniciaremos o nosso estudo destacando que um problema ético é 
um problema de desvio de conduta. Nesse sentido, ressaltamos 
que a ética, presente em nossa vida e na sociedade como um todo, 
é de vital importância também no mundo do trabalho. Por isso, 
os valores éticos devem ser ensinados, processados e praticados 
para a preservação da sociedade.
Como campo da Filosofia, a ética interpõe-se na relação entre 
os indivíduos e o que pretendemos ensinar é que todo e qualquer 
profissional deve estar atento para manter sua integridade ética 
em qualquer ambiente de trabalho, porque certamente irá encon-
trar com indivíduos que não compartilham da boa ética. Com isso, 
a chamada “boa ética” nos orienta que, no mundo do trabalho, 
é preciso ter honestidade, ser íntegro e um fiel seguidor das regras 
de conduta expressas nas leis, códigos e documentos normativos 
da sua profissão e do seu ambiente de trabalho.
O professor emérito da Universidade de Brasília Vicente 
de Paula Faleiros (2006), teórico do Serviço Social, ao refletir so-
bre inclusão social e cidadania, conceitos chaves para nosso olharsobre ética profissional, orienta que ambos tratam-se de “proces-
sos complexos, históricos, diversificados, de mobilidade, de re-
dução da desigualdade, da polarização, da assimetria, de formas 
desiguais de implicação dos sujeitos e de afirmação da identidade, 
da segurança, do trabalho, da efetivação dos direitos, da criação 
de oportunidades, da formação de conhecimentos, competên-
cias e habilidades, do fortalecimento dos laços sociais, do respeito, 
da vida digna e da justiça, do empoderamento, do acesso a ativos 
e à renda, do respeito à diversidade, à cultura e à vida social e co-
munitária” (FALEIROS, 2006, p. 12). Isto é, conceitos que pensam 
na presença de uma vida coletiva respeitosa.
Os pesquisadores Silveira e Costa (2001) compreendem que 
as modificações sociais são resultantes da interação das pessoas, 
dos sujeitos da sua própria história e que desejam essa transforma-
ção. Desta forma, ao desejarem mudanças de atitudes e de compor-
tamentos, os indivíduos conseguem atingir esse fim. Além disso, 
50
no ambiente de trabalho, consideramos que é um princípio basilar 
a tomada de consciência para práticas e atitudes éticas.
Figura 4 - Pensando ética nas profissões
Fonte: Freepik.
Conforme nos mostra a filósofa espanhola Adela Corti-
na (2005), se formos criar um tipo ideal de profissional virtuoso, 
para destacar a ideia de virtude aristotélica, esse profissional se-
ria o exemplar, aquele que busca atingir suas metas com zelo em 
sua moral. A autora chama atenção para o fato de que, em contexto 
de trabalho, é mesmo necessário exigir que a competência se dê 
não só em relação às atividades materiais a serem desenvolvidas, 
mas também em relação às aptidões envolvidas nelas. Isso, segundo 
a pensadora, pode levar à uma disputa descontrolada, mas que pre-
cisamos ter em destaque o profissional virtuoso que alcança as fina-
lidades internas projetadas. Para tanto, é necessário ter consciência 
que, apesar da concorrência desenfreada, devem ser preservados 
os valores morais presentes no pluralismo social, em detrimento 
de valores e códigos particulares.
A ética das profissões precisa guardar em si, enquanto ma-
nual e roteiro de orientação às diferentes profissões, os valores 
universais como: igualdade, justiça, solidariedade, colaboração, 
honestidade, respeito, entre outros. Da mesma forma que as di-
versas práticas profissionais precisam considerar todos os ângulos 
51
dos envolvidos na profissão, dentro e fora do seu ambiente de tra-
balho, bem como as perspectivas e aprendizagens da moral social.
ÉTICA NA PROFISSÃO: é agir em seu ambiente de trabalho de acordo 
com os valores morais universais e, também, considerando o código 
de conduta específico do mesmo. A conduta profissional virtuosa é 
aquela em que se observa o cumprimento de projetos e metas profis-
sionais com observância da moral social e da profissão em questão.
Na sequência, vamos listar e examinar alguns problemas éti-
cos que ocorrem no mundo do trabalho.
O teórico britânico Gareth Morgan (1996), em seus estudos, 
sinaliza que os empregados podem trazer para o ambiente de traba-
lho visões particulares acerca dos seus projetos de ascensão de car-
reira, mas que por buscar um alvo futuro de progresso profissional, 
as aspirações individuais do empregado podem alinhar-se com as 
aspirações coletivas do ambiente em que trabalha.
Ademais, o escritor Antônio Lopes de Sá (2001), afirma que 
a utilidade individual de quem exerce uma profissão é superada 
pelas características sociais e morais da mesma. Em suas refle-
xões, ele lista os fatores que reforçam esta visão: a profissão provê 
destaque e realização aos indivíduos; o homem eleva seu nível mo-
ral a partir do exercício profissional; na profissão, o homem torna-
-se útil à sua comunidade.
Finalizando estas considerações, vemos em Lisboa et al 
(1997) os quatro elementos necessários à conduta ética nas profis-
sões e que, portanto, devem constar nos manuais normativos das 
empresas: competência, sigilo, integridade e objetividade.
Vislumbrando alguns problemas éticos nas profissões, observe 
os listados a seguir:
DEFINIÇÃO
52
1. Se eu trabalho com transporte público devo considerar o se-
máforo e suas orientações. Entretanto, na prática vemos esses 
veículos avançarem o sinal.
2. Um funcionário vê uma situação prejudicial à empresa, mas o 
colega envolvido o corrompe em troca do seu silêncio.
3. Profissional que fica olhando o relógio e enrolando para pas-
sar seu horário de trabalho, sem produzir.
4. Médico que fica falando no celular e deixa o paciente aguar-
dando na sala de espera.
5. Professor que libera alunos antes do horário de término da aula 
e bate o ponto no horário correto.
6. Vendedor que vende “gato por lebre”, engana o cliente com 
produto de má qualidade.
Esses são apenas alguns exemplos básicos de condutas antié-
ticas em diferentes meios de trabalho e profissões.
Figura 5- Condutas profissionais
Fonte: Freepik.
Nesse tópico da Unidade 2, vimos como é importante combi-
nar a conduta pessoal com a profissional para manter uma harmonia 
tanto no emprego quanto nas aspirações de projeção profissional. 
53
Observamos que não é possível acreditar que em um ambiente pro-
fissional somente os nossos ideais, gostos e desejos devem impe-
rar, pelo contrário, a moral coletiva deve ser mantida e preservada. 
Assim, destacamos a importância em manter os valores de solida-
riedade e companheirismo nas práticas profissionais, uma vez que 
o profissional da atualidade é constantemente exposto a situações 
em que precisa reforçar sua conduta ética.
Então, você percebeu o quanto a ética no ambiente de traba-
lho pode abrir ou fechar portas?
Código de ética das profissões: conceitos 
e finalidades
Tendo aprendido anteriormente sobre o valor da conduta ética 
nas profissões, trataremos agora da normatividade que está pre-
sente no universo profissional, através da discussão e apresentação 
acerca do código de ética.
Um campo da Filosofia que aborda diretamente o conjunto 
de normas éticas na sociedade é a Deontologia.
DEONTOLOGIA: etimologicamente o termo surge das palavras gre-
gas “déon, déontos” que significa dever e “lógos” que se traduz por 
discurso ou tratado. Sendo assim, a deontologia seria o tratado do 
dever ou o conjunto de deveres, princípios e normas adotadas por 
um determinado grupo profissional.
A importância do código de ética para os profissionais e para 
as empresas situa-se no fato de que há um princípio universal que 
devemos usar: bom senso para tomar decisões sem ignorar o bem-
-estar do outro. Nesse sentido, as empresas na atualidade organi-
EXPLICANDO
54
zam os seus códigos de conduta a partir dos pensamentos, valores, 
visão e missão a serem desenvolvidos em suas atividades e no am-
biente de trabalho.
O teórico suíço Jean Piaget (1994) destaca que a importância 
das regras é algo vital, pois as regras funcionam como se fossem 
intangíveis, imutáveis, a moral que impõe a coerção, levando a um 
respeito único. No entanto, se depender de costumes, elas precisam 
da cooperação de todos para se efetivarem.
Segundo Paulo Freire (1996), o respeito ao outro, a coerência, 
a convivência com a diferença, o evitar a antipatia e o mal-estar ao 
outro devem ocupar um lugar especial na ação dos indivíduos em 
qualquer espaço. Para o educador, quem promove intrigas, desa-
venças, atritos, não está no terreno da ética.
Além disso, vemos em Marilena Chauí (2010), que a existên-
cia da conduta ética pressupõe a agência consciente do indivíduo, 
pois só ele tem a capacidade de discernir entre o bem e o mal, entre 
o certo e o errado, o permitido e proibido, a virtude e o vício.
Com estas primeiras reflexões, imaginamos o porquê das 
empresas adotarem códigos de ética. Vejamos alguns dos princi-
pais motivos:
 • Dar um parâmetro de segurança para a condução das relações;
 • Homogeneizar o tratamento de encaminhar as diferentes 
questões profissionais;
 • Incentivar a integração de seus funcionários;• Criar um ambiente de trabalho harmonioso que incremente 
mais a produção;
 • Desenvolver nos funcionários a sensação de que convivem em 
bem-estar e precisam oferecer esse mesmo bem-estar aos 
clientes e fornecedores;
 • Consolidar práticas de comprometimento profissional;
 • Investir em lealdade e fidelidade do cliente;
55
 • Agregar valor à empresa e garantir a existência sustentável 
da mesma.
CÓDIGO DE ÉTICA: define-se como um instrumento de síntese nor-
mativa da filosofia da empresa, de como ela pensa e constrói sua vi-
são e seus valores. Funciona como um verdadeiro roteiro normativo 
para orientar as ações dos funcionários e as ações corporativas em 
relação ao mundo exterior na representação da empresa.
O professor Jean-François Chanlat (1999) apresenta a real 
necessidade de se pensar à questão ética no interior das empre-
sas, ele cita o conceito de ética das responsabilidades do sociólogo 
Max Weber para dizer que esta leva os indivíduos a refletirem sobre 
as consequências de sua ação em relação aos outros.
Além disso, o historiador Ademar Heemann (1993), avalia 
que ao pensar nas atitudes envolvendo o que é certo e o que é er-
rado, os padrões de discernimento dos indivíduos, sejam privados 
ou sociais, consideram três grupos: o teleológico, voltado para 
consequências; o deontológico, o padrão da decisão moral que se 
volta para o bem produzido e sua dimensão coletiva; o relativista, 
envolvendo a recusa de princípios relativistas por conta de estar 
vivenciando um mundo instável.
Figura 6 - Código de Ética e 
as diretrizes profissionais
Fonte: Freepik.
DEFINIÇÃO
56
Com isso, faz-se necessário dizer que os códigos de ética 
das diferentes profissões, bem como das organizações, direcionam 
profissionais para atuações morais no intuito de elevar o padrão 
de existência de seus campos de atuação.
Um código de ética profissional guarda em si normas éticas, 
que devem servir de baliza para profissionais no exercício de seu tra-
balho. Ele é elaborado pelos conselhos das intituições, os quais podem 
fiscalizar o exercício da profissão e de suas respectivas atividades.
A seguir, observe alguns pontos do Capítulo I, Art. 1º sobre 
os “deveres éticos do representante comercial”, presente no código 
de ética e disciplina da referida categoria profissional: 
 • zelar pela existência e finalidade do Conselho Federal e Con-
selho Regional a cuja jurisdição pertença, cumprindo e coope-
rando para fazer cumprir suas recomendações;
 • no âmbito de suas obrigações profissionais, na realização dos 
interesses que lhe forem confiados, deve agir com a mesma 
diligência que qualquer comerciante ativo e probo costuma 
empregar na direção de seus próprios negócios;
 • conduzir-se sempre com lealdade nas suas relações com os 
colegas;
[...]
 • envidar esforços para que suas relações com o representado 
sejam contratadas por escrito, com todos os requisitos legais 
bem definidos;
 • informar e advertir o representado dos riscos, incertezas e de-
mais circunstâncias desfavoráveis de negócios que lhe forem 
confiados, sobretudo em atenção às momentâneas variações 
de mercado local;
 • prestar suas contas na forma legal, com exatidão, clareza, dis-
sipando as dúvidas que surgirem, sem obstáculos ou dilações.
57
É de fundamental importância que se esclareça que o não cumpri-
mento de uma regra, seja ela do código de ética de uma empresa 
na qual se trabalha ou da profissão que se exerce, implica em puni-
ções e sanções que podem ressultar desde o desligamento do fun-
cionário até à cassação de sua licença para atuar em determinada 
profissão. Em alguns casos, a infração pode se estender para uma 
grande celeuma jurídica.
Figura 7 - Julgamento de infração ao código
Fonte: Freepik.
Devemos compreender que o verdadeiro cumprimento da lei 
é uma necessidade e, sobretudo, uma garantia assegurada a todos 
os trabalhadores que se sentem lesados. Nesse sentido, compete aos 
responsáveis pelas tratativas jurídicas observar se o funcionário não 
cumpriu especificamente com a sua função, conforme o que está 
dito na regulamentação da mesma ou, ainda, se a empresa empre-
gadora descumpriu com algum dos direitos do profissional previs-
tos em lei.
Neste tópico, você aprendeu mais sobre Códigos de Ética nas 
profissões e empresas. Como destaque, fizemos um relevo mos-
trando a capacidade de ajuste que o funcionário deve ter para tra-
balhar de acordo com a questão normativa de conduta que cada em-
IMPORTANTE
58
presa demanda. Além disso, mostramos os princípios dos Códigos 
das profissões. É muito importante conhecer o código de Ética da 
profissão que você escolheu seguir, a fim de evitar consequências 
desagradáveis no não cumprimento das normas.
A ética em profissões não 
regulamentadas
Agora que aprendemos sobre o código de ética e seus desdobra-
mentos no cenário profissional, é preciso compreender que existem 
profissões que não possuem uma regulamentação por conselhos 
e órgãos oficiais do governo. Reconhecendo que elas existem, é im-
portante saber como se dá a prática ética nesses casos.
Sobre esta situação de regulamentação e não regulamenta-
ção, podemos entender que todas as profissões possuem direitos 
e deveres tanto para os empregadores quanto para os empregados. 
Ademais, quando uma profissão é regulamentada, pode existir 
uma legislação específica para a sua categoria, como também é ne-
cessário que ela venha a atender algumas demandas trabalhistas, 
conforme as que nomeamos abaixo:
 • Carteira profissional;
 • Cédula profissional e piso salarial;
 • Piso de honorários;
 • Jornada de trabalho;
 • Exames médicos;
 • Órgãos reguladores;
 • Licença.
59
Figura 8 - Ética nas Profissões
Fonte: Freepik.
É fundamental destacar que o fato de uma profissão não ser regu-
lamentada não significa uma inexistência de preocupações com a 
qualidade da formação e com o reconhecimento da atividade profis-
sional. O que garante a inserção e continuidade de um trabalhador no 
mercado não é somente a sua regulamentação ou não, mas a forma 
com ele atua e, sobretudo, a sua competência para atuar na profis-
são que escolheu.
Por que algumas profissões são regulamentadas e outras não? 
Na verdade, a explicação para essa situação volta-se para o fato de 
que o Estado sempre regulamenta uma profissão quando considera 
que seu exercício indiscriminado pode colocar em risco à sociedade. 
Por isso existem os conselhos profissionais, autarquias federais de 
direito público para fiscalizar o exercício profissional. Quando uma 
profissão ainda não é regulamentada não há uma observância nor-
mativa direta sob seu exercício, no entanto, em relação à questão éti-
ca os profissionais devem pautar-se na moral vigente como um todo. 
IMPORTANTE
60
As profissões em si constroem suas rotinas e atribuições enquanto 
se organizam de forma corporativa e acadêmica. No próprio apa-
rato legal da sociedade podemos encontrar a capacidade de julgar 
e condenar pelo olhar o mal exercício de um serviço ou profissão 
em relação ao mundo social.
Na Constituição brasileira, de 1988, identificamos que no capí-
tulo I, artigo 5º, inciso XIII, temos a premissa de que “é livre o exercício 
de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer” (BRASIL, 1988, s. p.). Observamos, 
ainda, que a legislação abre a possibilidade de, no interesse da so-
ciedade, criar restrições em situações especiais por meio de uma 
regulamentação. Pois, anteriormente ao fato de se regulamentar 
qualquer profissão, deve ser considerado se o exercício profissional 
da área pode causar danos sociais ou expor vidas humanas, confor-
me apontamos anteriormente.
A questão da regulamentação das profissões é também muito 
complexa no Brasil. Afinal, existem muito mais de 300 profissões 
no mundo do trabalho, sem falar das novas demandas profissionais 
que surgem de tempos em tempos.
Podemos nos referir ao campo da tecnologia e também 
da internet. Atualmente, por exemplo, já

Continue navegando